quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Voto latino cresce e protagoniza a decisão

Por Marsílea Gombata
no Jornal do Brasil

Este é o ano do voto latino. Um número sem precedentes de imigrantes que se tornaram cidadãos e se registraram alerta para mudança significativa e mostra que, mais do que nunca, os latinos têm um papel crucial na escolha do próximo presidente.
O estudo O novo eleitorado americano, do Centro de Política Imigratória, explica: há 3 milhões de cidadãos naturalizados a mais que nas eleições passadas. Enquanto eleitores latinos somavam 7,2 milhões, hoje são mais de 9 milhões.
– O voto de latino-americanos que vivem nos EUA é crucial para esta eleição – analisa Allan Lichtman, da Universidade Americana, em Washington. – Trata-se da maior e mais crescente minoria no país, superando os afro-americanos.
O caminho à Casa Branca, inevitavelmente, passa portanto por Estados onde concentra-se essa minoria. Flórida, Nevada, Colorado, Novo México e até mesmo Arizona e Califórnia podem decidir a sucessão.
– São na maioria mexicanos, mas também cubanos, porto-riquenhos, venezuelanos, nicaraguenses, dominicanos, equatorianos, peruanos, bolivianos, argentinos e até brasileiros – explica Paco Fabian, do America’s Voice, grupo ativista em prol da reforma imigratória.
No dia das eleições, uma sondagem da Univision/Reuters/Zogby dizia que 78% destes eleitores estavam inclinados a votar no Senador pelo Illinois e apenas 13% preferiam o rival John McCain, senador pelo Arizona. Na sondagem, realizada entre 30 de outubro e 2 de novembro, foi perguntado aos entrevistados o que gostariam de ver resolvidos pelo próximo líder. Para 54%, eram questões relacionadas a economia e emprego, seguidas da saúde e da imigração, com 12% e 11%, respectivamente.
– Economia é um assunto que importa porque as pessoas com pouco recursos sentem os efeitos mais rapidamente – avalia Fabian.
O tema também divide os cubanos que vivem nos EUA. Diferentemente de quem fugiu da ilha há mais tempo, que é tradicionalmente republicano, aqueles que chegaram mais recentemente ou são mais jovens estão interessados em poder mandar dinheiro para Cuba e nas propostas mais favoráveis à ilha, e apoiam Obama.
Mas com o crescente debate sobre imigração nos últimos anos, latinos estão atentos sobre como os candidatos se engajam. Para eles, "não é apenas uma questão de vistos, mas também se terão direitos de seus parentes serem bem-vindos aos EUA", explica o estudo O poder do voto imigrante e latino na eleição de 2008, do America’s Voice.

Em quem votar?

Os problemas de imigração são vistos como assunto decisivo na hora de escolher um candidato.
Este é um dos motivos pelo qual McCain perdeu apoio durante a corrida. Fabian conta que o senador mudou seu apóio histórico a uma reforma integral – que inclui a legalização dos imigrantes que ali trabalham sem permissão. A recente posição veio no verão do ano passado, quando percebeu que não poderia apoiar seu próprio projeto de reforma enquanto lutava pela nomeação do partido para concorrer.

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