sábado, 10 de novembro de 2007

Eu já vi esse filme (Parte 2)

Marconi Perillo fez as mesmas coisas que Cidinho pretende fazer na sua reforma administrativa. Não deu certo. Segue abaixo uma reportagem que saiu no Jornal Opção no comecinho de 2003, primeiro ano do segundo mandato do Tempo Novo. A matéria é assinada por Afonso Lopes:
O segundo mandato do governador Marconi Perillo tem algo em comum com os primeiros dias de 1999, quando foi dada a largada para o Tempo Novo. Naquela época, como agora, a palavra de ordem é cuidar de cada centavo para não permitir furos no cofre. A diferença está nas intenções. Em 99, o objetivo declarado era o de colocar ordem na casa. Hoje, é manter a casa em ordem. Em outras palavras, passada a fase de euforia pela vitória nas eleições do final do ano passado, Marconi mostra aos aliados e, principalmente, à população, que não pretende se descuidar da difícil gestão da economia do Estado, herança de décadas de gastança sem freios (e não se veste esta frase como crítica, até porque muitos recursos da chamada dívida histórica criaram uma boa infra-estrutura viária que hoje permite um incremento generalizado da produção agrícola), para não colocar furos no cofre das finanças. Até porque Goiás não é uma ilha isolada, imune aos maremotos que atingem a economia nacional nos últimos meses. E o pior é que as previsões mais otimistas mostram um quadro francamente pessimista para o decorrer deste ano.
Tempo Novo — Vive-se, portanto, a lógica do abismo. Se há possibilidade de surgir um imenso buraco logo à frente, cuida-se ao máximo para não tropeçar nas próprias pernas e despencar rumo ao fundo que ninguém conhece. Se o abismo não aparecer, melhor. Curiosamente, essa mentalidade é quase a essência do denominado Tempo Novo, criado por Marconi. Sem perder a inclusão social de vista, toca-se como pode a carruagem das obras físicas. Quando é possível andar a todo vapor, anda-se. Quando é necessário prudência, observa-se com mais atenção o fluxo do caixa. No meio da semana, em entrevista à imprensa, o secretário da Fazenda, Giuseppe Vecci anunciou o tamanho do corte nas despesas. Não é brincadeira. Pelas suas palavras, pode-se deduzir que o talho será muito mais abrangente do que se imaginou a princípio. O ritmo de reajustes salariais dos servidores públicos, por exemplo, vai ser reduzido. É uma conseqüência direta da política adotada no primeiro mandato, quando se concedeu mais reajustes do que nos 10 anos anteriores. Vecci não disse que os servidores ficarão sem novos avanços na massa salarial. Ele explicou apenas que o andor vai ser carregado de forma mais lenta. Nos cargos comissionados, o corte na carne será muito mais abrangente. Hoje, o governador pode lotar 9 mil servidores de confiança. Esse batalhão será reduzido praticamente à metade. As obras em andamento deverão continuar, mas poderão necessitar de novas datas para serem inauguradas. Apenas aquelas consideradas fundamentais e urgentes manterão o ritmo. E isso quando são exclusivamente erguidas com recursos do próprio Estado. Muitas dependem de uma contra-partida do governo federal (e aí não se sabe ao certo se haverá ou não um abismo).
Veja que Marconi tentou fazer as mesmas coisas que Cidinho está tentando fazer: cortar gastos, demitir comissionados, equilibrar as finanças. Todos nós sabemos que as medidas tomadas por Marconi não surtiram efeito.
Tenho lido na imprensa goiana que muita gente acredita nas propostas apresentadas por Cidinho. Eu fico com um pé atrás. Esta reforma não vai dar em nada. Quando chegar as eleições do ano que vem Cidinho terá que alegrar seus aliados dando cargos no governo aqui e acolá, acalmar os servidores dando aumentos de salários aqui e acolá. E, pensando bem, um governador que não dá exemplo de economia, que viaja pra Suíça só pra ver o anúncio do Brasil ser sede da Copa de 2014 mesmo que fosse candidato único não merece nenhum crédito para organizar as finanças do estado. Aliás, até agora não vi ninguém perguntando para o governador de onde veio o dinheiro para pagar a viagem.
Marconi queria organizar as finanças do estado logo nos primeiros dias do seu segundo mandato. Não deu certo. Cidinho demorou 10 meses para anunciar sua reforma. Pelo jeito estamos a caminho do abismo.

Simples e direto

No plenário da reunião da Cúpula Ibero-Americana o rei da Espanha Juan Carlos foi simples e direto, curto e grosso com as lorotas bolivarianas do ditadorzinho Hugo Chávez: “Por que você não se cala”! Era isso que um governante deveria fazer há muito tempo na cara do fascista (sim, Chávez é o fascista) venezuelano. Foi preciso um rei falar a verdade na cara do ditadorzinho. Cala a boca, Chávez! Vida longa ao Rei!

E o conselho da ONU?

A “descoberta” de petróleo e gás na bacia de Santos deixou Lula eufórico. Uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU não é suficiente para ele. Lula quer mais. Lula quer um lugar na OPEP. É sonho demais para um presidente que faz festa de uma descoberta anunciada há algum tempo e que seu governo não teve capacidade de furar com um prego o solo da região de Santos rico em petróleo e gás.

Propaganda enganosa

O Tempo Novo acabou? Ué, mas não foi para dar continuidade às maravilhas deste tempo que o governador de Goiás Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, foi reeleito? Nas eleições do ano passado Cidinho só começou a se aproximar de Maguito Vilela nas pesquisas depois que Marconi Perillo começou a aparecer mais na sua campanha.
Se agora nós vemos os fracassos dos dois governos de Marconi, não podemos nos esquecer que Cidinho era seu vice. Em outras palavras: Cidinho deu apoio à Marconi nos oito anos de glória do Tempo Novo que, agora, vemos que não passou de uma propaganda enganosa. O Tempo Novo pode-se resumir a isso: propaganda. O que seria de Marconi Perillo em 1998 se Nerso da Capetinga não tivesse deixado a Escolinha do Professor Raimundo, colocado uma panela na cabeça e sair por aí fazendo piada sobre o governo do PMDB, do governo de Íris Rezende e de Maguito Vilela? O que seria de Cidinho se Marconi não aparecesse na sua campanha e dissesse: “Este é o meu candidato”? Para ampliar um pouco este leque: o que seria de Lula em 2002 se não fosse a maquiagem que Duda Mendonça desenhou no rosto do Apedeuta transformando o “Sapo Barbudo” no “Lulinha paz e amor”?
Ouço por aí que a reforma administrativa sepultou o Tempo Novo. Será? Ainda não vi este reforma na prática. Ainda não vi secretarias extintas ou incorporadas a outras. Não vi a choradeira dos comissionados e o desespero dos seus padrinhos correndo atrás do prejuízo. Esta reforma não seria mais uma pegadinha do Tempo Novo? Mais uma armação do marqueteiro Jorcelino Braga? Eu não aplaudo esta reforma. Cidinho está no cargo há mais de um ano e só agora resolveu denunciar o estado paquidérmico e anunciar uma reforma “agora vai”. De propaganda enganosa já estou cheio. Veja o caso do leite. Aqui em Goiás passava direto na televisão várias propagandas incentivando o consumo do leite. Foi só fazer uma fiscalização um pouco mais séria no produto anunciado para encontrar de soda cáustica à coliformes fecais passando pela água oxigenada. O Tempo Velho já está empoeirado. O Tempo Novo é apenas uma propaganda enganosa. Não tem Nerso da Capetinga nenhum que me faça acreditar nesta reforma “agora vai”. Marconi e Cidinho nos enganaram. Eles não consertaram a cagada deixada por Íris e Maguito. Eles jogaram merda no ventilador. É só uma fiscalização mais séria para mostrar não somente que o leite está estragado como que a propaganda do Tempo Novo não conseguiu esconder os coliformes fecais que estão impregnados no estado paquidérmico. Paquidérmico! Um nome que chama atenção. Vai ver isso seja uma idéia do marqueteiro Jorcelino para a propaganda da reforma “agora vai”.

Por que ele só fala agora?

Epa! Como assim? Chega agora e já quer sentar na janela? O marqueteiro e secretário da Fazenda Jorcelino Braga resolveu abrir a boca. Concede entrevistas para quem quiser ouvir suas explicações sobre a reforma administrativa. Depois de meses calado, seguindo sua majestade Rei Cid, Jorcelino fala, fala e continua falando depois da quinta feira passada. Mas por que razões o secretário ficou tanto tempo calado? Por que ele só fala agora?

Que vergonha, Leréia!

O deputado federal Carlos Alberto Leréia foi o único goiano que retirou a sua assinatura do requerimento que pedia a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre as irregularidades no futebol brasileiro. Talvez na mente deste goiano apaixonado pelo futebol e sonhando que o estádio Serra Dourada vai sediar alguma coisa na Copa de 2014 ele resolveu beijar a mão do Rei Ricardo Teixeira. Deve explicações este nosso glorioso representante do estado de Goiás no Congresso Nacional. Que vergonha, Leréia!

Político quer distância da camisinha

O PT que comanda o governo do Acre tinha montado um palanque para Lula participar da inauguração de uma fábrica de camisinhas (ver post abaixo). Mas Lula não compareceu ao evento. Seria interessante se Lula mandasse Renan Calheiros o representar na inauguração da fábrica.

Procurador prepara envio de novas provas do mensalão

Por Felipe Recondo
no Estado de São Paulo

O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, encaminha, nas próximas semanas, oito petições ao Supremo Tribunal Federal (STF) contendo novas provas da existência do mensalão - o esquema de pagamento de mesadas a parlamentares em troca de apoio ao governo. Durante o julgamento, o procurador avisou que, depois de publicado o acórdão do julgamento, encaminharia as novas provas. O acórdão foi publicado ontem. Do acervo de novas provas faz parte o resultado de uma perícia da Polícia Federal que comprovaria o uso de recursos do fundo Visanet, do Banco do Brasil, para alimentar o esquema do mensalão. O BB teria pago antecipadamente R$ 73 milhões à empresa DNA, de Marcos Valério, por ordem do então ministro Luiz Gushiken.Por conta desses repasses, Gushiken e o ex-diretor de Marketing do BB Henrique Pizzolato respondem a ação penal aberta pelo Supremo por peculato - desvio de dinheiro praticado por funcionário público. O ministro do STF que relata o processo, Joaquim Barbosa, ainda não definiu a partir de quando começa a enviar as cartas de ordem para a citação dos réus. Depois que eles forem oficialmente informados da ação penal começarão os interrogatórios.Para apressar o processo, o relator designará juízes federais para promover os interrogatórios dos réus que não moram em Brasília. Esses juízes ficarão responsáveis por marcar dia e hora dos interrogatórios.
PASSOS
Durante todo o processo, serão ouvidas também testemunhas de acusação e de defesa e serão produzidas provas. Depois desses passos, o ministro pode pedir novas provas ou dar a instrução processual como encerrada. Os réus então serão levados a julgamento e os ministros decidirão quem deve ser condenado e quem deve ser absolvido. Não há prazo ou estimativa de quando os réus serão julgados, mas o processo precisará ser rápido para evitar que alguns crimes prescrevam.Na lista dos réus estão, por exemplo, os ex-ministros José Dirceu e Luiz Gushiken, os deputados José Genoino (PT-SP), João Paulo Cunha (PT-SP), Paulo Rocha (PT-PA) e Valdemar Costa Neto (PR-SP), além dos ex-deputados José Janene, Pedro Corrêa e João Magno. No rol de crimes estão corrupção ativa, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, evasão de divisas, peculato e formação de quadrilha.Além das novas provas, o procurador-geral da República deve encaminhar, ainda, o resultado das investigações sobre o mensalão mineiro, que envolveria o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e o ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia. O esquema montado em Minas, de acordo com o procurador, foi o embrião do mensalão petista. Esse caso também será relatado pelo ministro Joaquim Barbosa.

Deputado chavista era um dos armados

Por Fabiano Maisonnave
na Folha de São Paulo

Armado com uma pistola, o deputado chavista José Félix Valera participou dos distúrbios ocorridos na Universidade Central da Venezuela (UCV) que deixaram nove estudantes opositores feridos, quatro a bala, na última quarta-feira.Horas depois, ele participou do programa "Contragolpe", da emissora estatal VTV, onde culpou a oposição pela violência no campus.Valera, que também é estudante da Faculdade de Estudos Internacionais da UCV, aparece em vídeos e fotos segurando uma pistola -não há imagens em que ele dispara. Seu rosto estava descoberto."Atuei como estudante e como mediador político para resgatar as pessoas seqüestradas no edifício da Escola de Trabalho Social (ETS) da UCV", justificou Valera, em entrevista ao jornal "Últimas Notícias".
Duas versões
Deputado estadual de Vargas, um pequeno Estado litorâneo na região de Caracas, Valera alega que arrancou a arma de um suposto estudante que tentou agredi-lo e que levou três pontos no braço. Na noite de quarta-feira, Valera participou ao vivo do programa televisivo, onde se identificou apenas como estudante e culpou a oposição pelos disparos."Escutamos os tiros e as explosões e fomos para lá com a intenção de mediar, de buscar uma saída para que as pessoas que estavam no edifício não se desesperassem", disse. "A resposta que conseguimos foi terrível, foi a das armas, nos agrediram, nos bateram."De acordo com a versão dos estudantes chavistas, a violência no campus da UCV, a maior e mais importante universidade do país, começou quando universitários opositores começaram a atacar o prédio da Escola de Trabalho Social, localizado na entrada principal do campus e considerado o principal "território" chavista dentro da instituição.Na versão dos estudantes da oposição, o ataque ao prédio ocorreu depois que um aluno foi baleado no campus ao voltar de uma marcha liderada por grêmios estudantis contra a reforma constitucional, que vai a referendo no próximo dia 2 e inclui a reeleição ilimitada para presidente. O autor do disparo teria se refugiado na ETS.A estudante de sociologia chavista Ivanova Luzoti, 23, que ficou cercada durante três horas dentro do prédio da ETS na tarde de quarta, disse que Valera ajudou a "resgatar" os cerca de 30 estudantes presos dentro do prédio."Eles tentaram pôr fogo no prédio, nos jogaram bombas de gás lacrimogêneo e se vestem de camisa vermelha para disfarçar. O que ocorreu foi um ato fascista", disse Luzoti à Folha, diante do prédio da ETS, com quase todos os vidros quebrados e coberto com faixas de apoio a Chávez.O campus principal da UCV voltou a ter aulas ontem, com a exceção da ETS, cujo prédio permaneceu fechado.Pela manhã, as diretoras da escola, que também ficaram dentro do prédio atacado pelos estudantes da oposição, deram uma entrevista coletiva para dar a sua versão da violência.A coordenadora acadêmica, Yudi Chaudiary, disse que viu pelo menos dois estudantes armados e que um deles pediu por telefone a ajuda de motoqueiros durante a confusão. Vários foram fotografados no campus empunhando armas."Um estudante nosso agarrou o telefone e disse: "Mande 50 motorizados'", disse Chaudiary, que foi interrompida por palavras de ordem de estudantes chavistas durante a coletiva. "Educação primeiro para filho de "obrero" (trabalhador), depois para filho de burguês", bradavam cerca de 20 estudantes, que ontem levaram fotos à Procuradoria-Geral da República mostrando o ataque ao prédio. A cerca de 50 metros da ETS, estudantes oposicionistas também entregavam provas da violência chavista. "O que ocorreu na escola foi porque dispararam contra nós", disse um aluno de oposição.
Policiais feridos
Na cidade de Mérida, quatro policiais e um jovem de 17 anos foram feridos a bala, no fim da tarde de ontem, durante mais um protesto estudantil contra a reforma constitucional. Os policiais tentavam apartar um confronto entre jovens pró e contra Chávez quando um dos manifestantes, não identificado, deu 12 tiros.

Acre faz palanque de R$ 100 mil para Lula, que desmarca viagem

Por Kátia Brasil
na Folha de São Paulo

O governo do PT no Acre construiu um palanque de madeira, feito com árvores retiradas da floresta amazônica, ao custo de R$ 99.051,67 para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fazer o discurso de inauguração da fábrica de camisinhas em Xapuri (183 km de Rio Branco), terra do líder seringueiro e ambientalista Chico Mendes, morto em 1988.Mas a inauguração, marcada para a última segunda, foi adiada em razão da agenda do presidente, segundo a assessoria do governador Binho Marques, e não há previsão de nova data.O extrato de contrato do palanque foi publicado em 1º de novembro no "Diário Oficial" do Estado. A Secretaria de Infra-Estrutura assinou o contrato, no dia 28 de outubro, para empresa NEO Construção e Comércio Ltda. construir o palanque em dez dias.O custo do palanque repercutiu na Câmara Municipal de Rio Branco. A vereadora Beth Pinheiro (PPS) questionou os gastos e sugeriu que o governo doe a madeira a famílias pobres de Xapuri antes que o material se deteriore -segundo ela, tanto o governo estadual quanto o Palácio do Planalto não confirmam uma nova data para a inauguração da fábrica, que ficou pronta em agosto.O palanque tem 32 m2 e comporta cerca de 30 autoridades. Uma empresa de eventos de Rio Branco disse à reportagem que um palanque do mesmo tamanho custaria R$ 3.000.A assessoria do Palácio do Planalto disse que Lula nunca chegou a confirmar sua presença em eventos em Xapuri. O secretário estadual da Infra-Estrutura, Eduardo Vieira, afirmou que, desde agosto, a inauguração foi adiada quatro vezes. Afirmou que o palanque não será desmontado até que o Planalto marque nova data.Quanto ao custo da obra, justificou: "O palco tem assoalho de madeira e barras metálicas, que podem ser reutilizados em outros eventos. Copiamos o modelo do Pan".A reportagem não localizou Íris de Carvalho Viga, da NEO Construção e Comércio Ltda.

Dos seus processos, Renan só teme parecer de Jefferson Péres

Por Andreza Matais e Silvio Navarro
na Folha de São Paulo

A condenação do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) vai depender do senador Jefferson Péres (PDT-AM), pois os relatores dos outros dois processos contra ele no Conselho de Ética já avisaram a senadores que não irão propor punição ao colega.O senador Almeida Lima (PMDB-SE), relator de denúncia de que Renan montou esquema de corrupção em ministérios do PMDB, disse que vai pedir o arquivamento do processo: "Já poderia ter considerado o processo inepto. Não há acusação contra Renan".O senador João Pedro (PT-AM) sinaliza que não há provas para condenar Renan. Ele relatou denúncia de que o senador teria trabalhado para reverter dívida de R$ 100 milhões da Schincariol junto ao INSS depois que a empresa comprou uma fábrica de seu irmão.Contudo, Renan já teria sido informado por interlocutores de que Péres irá pedir sua cassação no processo em que é acusado de usar laranjas para comprar rádios e um jornal. O pedetista diz que não irá adiantar sua posição, mas que vai considerar no relatório que "tudo o que arranha a honra e a reputação de alguém é falta de decoro".Valdir Raupp (RO), líder do PMDB no Senado, disse que há um esforço para que os processos sejam votados no dia 22 -a licença da presidência termina no dia 25.

O ditadorzinho tá de olho no negócio do Brasil

Por Rodrigo Rotzsch
na Folha de São Paulo

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse ontem ao seu colega Luiz Inácio Lula da Silva que as descobertas de novas reservas no Brasil o transformaram em um "magnata petroleiro" e propôs a criação de uma "Petroamazônia" unindo as petroleiras de ambos países. As declarações foram feitas na 17ª Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e Governo, em Santiago do Chile, que acaba hoje. Lula não respondeu aos comentários, porque, por falta de tempo, não fez o discurso que tinha previsto. Em seu discurso de pouco mais de 20 minutos, Chávez abordou quatro vezes a descoberta da Petrobras. A primeira foi quando falava do tema da cúpula -coesão social: "Podia haver um caminho muito coeso [para a Ibero-América], de terra, de asfalto e desse petróleo que o Brasil acaba de conseguir, tomara que seja verdade. Que pode permitir ao Brasil entrar na Opep [Organização dos Países Exportadores de Petróleo]". Depois disse que a Venezuela está formando a "Petroamérica" com países da região, e agregou: "Com o Lula, agora que tem tanto petróleo, podemos fazer uma Petroamazônia". Em seguida, afirmou que "Lula está muito feliz" porque o "petróleo agora está a US$ 100 [o barril]". Por fim, propôs que Brasil e Venezuela vendessem petróleo mais barato a países necessitados: "Lula, agora que você é um magnata petroleiro, temos que nos unir para ajudar aos países que não têm tanto petróleo, vender mais barato". O presidente brasileiro riu das brincadeiras do venezuelano. A insistência de Chávez com o tema mostrou um certo tom de preocupação com a concorrência do Brasil no campo energético, maior trunfo do venezuelano para exercer sua liderança sobre países da região.
Sem inveja
O assessor especial para Assuntos Internacionais de Lula, Marco Aurélio Garcia, negou que as declarações de Chávez mostrem despeito pela descoberta brasileira. "Como Chávez vai ter inveja se a Venezuela é o único grande produtor petroleiro na região?", questionou. "Eu conversei com o Chávez há pouco e ele disse: "Isso para nós é ótimo. Nós vamos dar muito mais força à América do Sul". E ainda brincou: "Eu vou propor na semana que vem, na próxima reunião da Opep na Arábia Saudita, o ingresso do Brasil". É bobagem, porque nós antes vamos ter que extrair esse petróleo", afirmou. Marco Aurélio disse que a proposta da Petroamazônia não significa a criação de uma só empresa unindo a Petrobras e a venezuelana Pdvsa. "Antes disso já havia uma outra proposta, que associava a Enarsa (Argentina), Petrobras e a Pdvsa na chamada Petrosur. A idéia não é formar uma só companhia, de maneira nenhuma. Em realidade não precisaria propor uma Petroamazônia, até porque o petróleo não é na Amazônia. A Petrosur é muito mais uma espécie de acordo petroleiro entre os três países." Sobre a venda de petróleo mais barato à região, disse que isso "não está em discussão". Segundo Marco Aurélio, o novo petróleo encontrado é importante não só pela sua quantidade, mas pela qualidade. "Nós vamos ter um petróleo de altíssima qualidade. Um petróleo tipo Arábia Saudita, tipo Líbia. Evidentemente é um trunfo econômico muito grande." Marco Aurélio afirmou que a descoberta de mais petróleo não fará o Brasil abandonar o desenvolvimento de biocombustíveis. "Não vamos abandonar nosso programa de biocombustíveis, muito pelo contrário, vamos aprofundá-lo. Posso contar uma piada. O Chávez me disse: "Agora vamos produzir biocombustíveis na Venezuela, se vocês estão produzindo tanto petróleo"."

"Autoridade é uma coisa, eficácia é outra", por Roberto Pompeu de Toledo

O ministro dos Desastres Aéreos, Nelson Jobim, explicou assim, na semana passada, a questão da fiscalização das condições em que operam os aviões no país: "A fiscalização existe. A eficácia dessa fiscalização é que é o problema. O problema da existência da fiscalização é uma coisa, e outra coisa é a eficácia dessa fiscalização". Jobim freqüenta já há algum tempo a cena nacional, mas nunca esteve tão exposto. Com isso, vamos nos familiarizando com o seu jeitão seguro de dizer as coisas, temperado por um certo enfado, como se cansado de ter de explicar questões tão óbvias. O ministro, da altura de mais de 1,90 metro às proeminências do nariz e do abdome, tem o perfil do general De Gaulle. Recortem-se as silhuetas de um e de outro e elas se encaixarão como uma peça de quebra-cabeça em seu molde. Da semelhança física, o modelo gaullista expandiu-se para o espírito do ministro. Ele fala do alto, e não apenas pela vantagem que lhe dá a estatura. Tal qual as do francês, suas sentenças, mesmo que ditas na pista de um aeroporto, ou na floresta, com uma sucuri entre os braços, soam como vindas da cátedra, do púlpito, ou, caso se ache pouco, do Olimpo, do assento etéreo onde se acomoda.
Jobim é dado à propedêutica. A palavra é difícil, e pede esclarecimento. Propedêutica é o ensino que precede o ensino. É a definição das preliminares que devem balizar o estudo das questões. Assim, antes de mais nada, ao comentar o acidente aéreo do Campo de Marte, em São Paulo, no qual morreram oito pessoas, ele ensinou a diferença entre fiscalização e eficácia da fiscalização. O propedeuta que nele habita já atacara antes. No dia 4 de outubro: "Precisamos caminhar para uma percepção de segurança. Uma coisa é ter segurança, e outra é que as pessoas percebam isso. Temos agora a segurança do sistema, mas não conseguimos fazer ainda com que as pessoas percebam isso". No dia 24 de outubro: "O problema aéreo é composto de três patamares: segurança, regularidade e pontualidade. Com a equação dos problemas de pistas, a questão da segurança está resolvida. Agora, a regularidade e a pontualidade dependem de uma série de medidas (...)".
O propedeuta impressiona. O interlocutor sente-se diminuto, diante de tão zeloso cultor da lógica e do rigor do pensamento. Só os fatos é que, teimosos, não se curvam. Oito dias depois de o ministro decretar que "a questão da segurança está resolvida", três helicópteros caíram em São Paulo. Mais três dias, e deu-se o desastre do Campo de Marte. Quanto à regularidade e à pontualidade – os outros "patamares" do problema –, a espera dos passageiros nos saguões dos aeroportos foi transferida para o interior dos aviões, estacionados longo tempo, antes de obter autorização de decolar. E as companhias aéreas encontraram uma deslavada forma de burlar a proibição de viagens superiores a 1.000 quilômetros a partir do Aeroporto de Congonhas: pegam um vôo, digamos, São Paulo–Salvador, e desdobram-no em dois, São Paulo–Rio e São Paulo–Salvador. Nas burlas deslavadas em grau máximo, os passageiros nem precisam descer do avião, na escala do Rio. Nas burlas de deslavagem média, mas de absurdo máximo, descem e minutos depois são convocados a subir no mesmo avião.
O ministro não se abala. Foi nesse quadro, com as coisas funcionando desse jeito, que, das alturas de seu etéreo assento, estabeleceu a distinção entre fiscalização e eficácia de fiscalização. Grande Jobim! Não faria muita diferença se dissesse: "A fiscalização existe. O problema é que a fiscalização não fiscaliza". Por extensão, os galhofeiros poderiam repicar: "Ministro existe. O problema é que não administra". Ou: "Governo existe. O problema é que não governa". Como o ministro é forte na propedêutica, deu um nó na questão para interpor-lhe uma preliminar, ensinando que é preciso analisar bem, e com cuidado, antes de dizer que não há fiscalização.
Só numa coisa o ministro é mais forte do que na propedêutica: na exibição de autoridade. Memorável foi o brado do seu discurso de posse, desferido como golpe de bodurna na testa do dócil antecessor: "Aja ou saia, faça ou vá embora". Era o fantasma do general De Gaulle a revirar-se em suas entranhas. De Gaulle tresandava autoridade pelos poros da pele, pelas grossas narinas, até pelos fios do cabelo. Da aparência de autoridade, assim como da aparência de De Gaulle, Jobim está bem servido. O problema é fazer a autoridade traduzir-se em medidas práticas. Ou, posto de outra forma: "A autoridade existe. A eficácia dessa autoridade é que é o problema". O ministro é um especialista em disparar ordens pela imprensa. Na seqüência do desastre do Campo de Marte, intimou as companhias a prover a manutenção de seus aviões e arrematou: "Cobraremos isso com muita força". Grande Jobim! Pode até não conseguir transferir a dureza de suas ordens para o terreno da eficácia, infelizmente tão necessária. Há um campeonato, porém, que lidera mais disparado do que o São Paulo no futebol: o da simulação de autoridade.

Tem algum procurador aí?, por Diogo Mainardi

– Para tratar com um bandido, é preciso outro bandido.
A frase consta do depoimento do chefe do aparato de espionagem da Telecom Italia, Giuliano Tavaroli, ao juiz Giuseppe Gennari, do Tribunal de Milão. Giuliano Tavaroli atribuiu-a a Marco Tronchetti Provera, o maior acionista da empresa. O primeiro bandido, de acordo com o homem da Telecom Italia, seria Daniel Dantas, que infernizava os italianos com seus métodos de faroeste. O segundo bandido seria Naji Nahas, contratado por Marco Tronchetti Provera para dar um metafórico tiro no peito de Daniel Dantas.
O Brasil é um lugar sem lei. A Itália, pelo menos nesse ponto, é melhorzinha. A magistratura milanesa continua a escarafunchar os negócios da Telecom Italia no Brasil e a prender os membros de seu bando. Quem é preso costuma falar. Alguns dias atrás, revelou-se que Naji Nahas recebeu 25,4 milhões de euros da Telecom Italia. Até agora ninguém informou de onde saiu o dinheiro nem para onde ele foi. O que se sabe é que a empresa pagou propina no Brasil, conforme confessaram seus próprios diretores. O que se sabe também é que a maior parte dos pagamentos a Naji Nahas foi realizada entre 2002 e 2003. No detalhe: 7,26 milhões de euros em 2002 e 11,28 milhões de euros em 2003. Lembre-se de que, na época, o euro estava cotado acima de 3 reais. Mas o que realmente importa – muito mais do que o valor – é a data. Em 2002, houve a campanha eleitoral mais cara da história do Brasil. Em 2003, os petistas passaram a correr atabalhoadamente atrás de dinheiro para sustentar os mensaleiros. Pelo que declarou Giuliano Tavaroli ao juiz Giuseppe Gennari, a principal área de influência de Naji Nahas era o Ministério da Fazenda. Eu acrescento dois dados. Primeiro: em 2002, o coordenador da campanha de Lula era Antonio Palocci. Segundo: em 2003, ele assumiu a pasta da Fazenda, podendo contar com os conselhos desinteressados de Delfim Netto, amigo íntimo – de quem? – de Naji Nahas. Talvez Antonio Palocci possa ajudar a esclarecer o elo entre Naji Nahas e o Ministério da Fazenda. Tem algum procurador aí? Apresente-se! Tem algum tucano aí? Xô!
Um dos homens de Giuliano Tavaroli, Marco Bernardini, em depoimento prestado no fim de outubro ao Ministério Público italiano, declarou que, de acordo com seu chefe, alguém conhecido como "Chinês" teria embolsado dinheiro da Telecom Italia. Marco Bernardini chegou até a dizer quem poderia ser o tal "Chinês". Tem algum procurador aí? Ainda estou esperando. O que posso afirmar com certeza é que, nesse interminável spaghetti western trotskista, em que os italianos viram um bandido em duelo com o outro, um bandido comprando o outro, o lulismo entrou com todos os seus pistoleiros. E o melhor de tudo é que eles deixaram um rastro.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Lula sabia sim

Vejam só. Lula não é aquele bobão que não sabia de nada. Segundo o site Estadão online o governador de Minas Gerais Aécio Neves disse que Lula havia comentado com ele sobre a retirada de alguns lotes da rodada da Agência Nacional de Petróleo do leilão em função da “descoberta” de petróleo na bacia de Santos ocorrido ontem. Um dia antes da “descoberta” ser anunciada pela presidenciável Dilma Rousseff. Quer dizer, Lula sabe sim de muitas coisas que estão acontecendo no país. Lula sabe de muita coisa. O problema é que muita gente acredita que o bobão do Lula não sabia de nada. Será que muita gente sabe que esta “descoberta” da Petrobrás já havia sido anunciada há algum tempo? Eu lembro do Joelmir Betting falando da bacia de Santos no Jornal da Band. Se eu não estiver enganado, Joelmir falava disso na época em que o Carlos Nascimento ainda apresentava o telejornal da Bandeirantes. Nota: Hoje, Nascimento está no SBT.

Só falta a Dança do Siri

Depois deste pulo só falta Lula dançar a "Dança do Siri". Vai lá, Lula, dança a "Dança do Siri"

Eu já vi este filme

Copiando o Blog do Reinaldo Azevedo que desmascara este anúncio esplendoroso do governo sobre a descoberta de uma grande reserva de petróleo e gás na bacia de Santos, uma reportagem da Folha online do dia 11 de janeiro de 2006, ou seja, há quase dois anos:
A Petrobras informou nesta quarta-feira ter aprovado plano diretor para desenvolvimento da produção de gás natural e petróleo na bacia de Santos em investimentos de aproximadamente US$ 18 bilhões para os próximos dez anos.O plano diretor prevê um acréscimo de cerca de 12 milhões de m3/dia no fornecimento de gás ao mercado do Sudeste, a partir do segundo semestre de 2008. Até o final de 2010, esse volume deverá elevar-se, segundo os cálculos da Petrobras, para aproximadamente 30 milhões de m3/dia de gás.Segundo a estatal, o desenvolvimento do plano na bacia de Santos é dividido em cinco pólos de produção.Eles são: Merluza, que produz atualmente 1,2 milhão de m3/dia de gás e 1.600 barris por dia de condensado; Mexilhão, que deve adquirir capacidade para produzir até 15 milhões de m3/dia de gás e 20 mil barris de petróleo e condensado; BS-500, que prevê a instalação de sistemas de produção de gás e óleo; Sul, que produz, atualmente, 9 mil barris de petróleo por dia; Centro, que pode ser utilizada para envio do gás para a plataforma de Mexilhão.
Bacia de Santos
A bacia de Santos está localizada numa área de cerca de 352 mil km2 e se estende pelo litoral sul do Estado do Rio de Janeiro, passando por toda a costa de São Paulo e do Paraná, e pela parte norte do litoral de Santa Catarina.A Petrobras informa que, junto com seus parceiros, detém 40.663 km2 de concessões exploratórias nessa bacia. Cerca de 52% da área sob concessão localizam-se no Estado de São Paulo. O restante está situado nos Estados do Rio de Janeiro (35%), Santa Catarina (7%) e Paraná (6%).

E o fanfarrão anunciou a reforma

E não é que o governador de Goiás Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, anunciou ontem a tão aguardada reforma administrativa? Quando peguei a edição de hoje do jornal O Popular não acreditei na manchete principal que falava do anúncio.
Resumindo a reforma: Cidinho vai acabar com algumas secretarias o que implica automaticamente na demissão de funcionários comissionados. Ou seja, vai ter gente da base aliada grilada com o Rei Cid porque vai ter que aturar choro dos seus afilhados.
Pela primeira vez, depois de sete meses no cargo, o secretário da Fazenda Jorcelino Braga deu sua primeira entrevista coletiva. Você acredita? O cara que tem a chave do cofre do estado não tinha dado nenhuma palavrinha para a imprensa desde que assumira a pasta.
Como eu já havia dito aqui no blog: não acredito nesta reforma. Enquanto a imprensa nacional criticava o bonde dos governadores liderados por Lula que foram até a sede da Fifa na Suíça acompanhar o anúncio do Brasil como anfitrião da Copa de 2014. A nossa imprensa nem perguntou para o governador quem pagou suas despesas. Ora, se o próprio governador gasta dinheiro (ninguém sabe de onde veio) para ir num evento cujo resultado todo mundo já sabia, como pode ele querer cortar gastos se não dá exemplo? Nesta crise financeira danada, como é que Goiás poderá sediar alguma coisa da Copa de 2014? E quem me garante que os cargos cortados e as secretarias extintas ou incorporadas a outras não voltarão a funcionar novamente? E os aliados que perderem as eleições do ano que vem vão sair com as mãos abanando?
Eu não acredito na reforma do fanfarrão Cidinho. Ainda mais pensando que o seu secretário da Fazenda foi o marqueteiro da sua campanha eleitoral no ano passado. Vai que essa reforma é só uma, como posso dizer, jogada de marketing, só vitrine para os bobos acreditarem.

Na moita com o MST

Editorial do Estado de São Paulo

No mesmo dia em que o Movimento dos Sem-Terra (MST) radicalizava sua ação criminosa contra a Companhia Vale do Rio Doce, no Pará, ocupando pela enésima vez a Ferrovia de Carajás, bloqueando a saída de trens, depredando duas locomotivas, mantendo quatro funcionários da companhia em cárcere privado e praticando outras violências que lhe são rotineiras, na Granja do Torto, em Brasília, numa reunião à sorrelfa (ou na moita, para usar termo mais adequado ao caso), o presidente da República recebia o Estado-Maior dessa força badernosa de forma quase secreta - visto que o encontro nem constava da agenda presidencial, que indicava apenas reunião com o secretário-geral da Presidência. Certamente, nem o vandalismo do MST nem a recepção presidencial a uma organização fora da lei (pois o MST até hoje não regularizou sua existência para continuar não se submetendo a controles legais, como os referentes aos subsídios oficiais que recebe) constituem novidade, a não ser pela coincidência do dia e algumas circunstâncias. Quanto à agressão à Vale do Rio Doce, trata-se da segunda ocupação, em 30 dias, da estrada de ferro da companhia, em desrespeito total à liminar da Justiça Federal, de 17 de outubro (por ocasião da primeira invasão), que determinava a retirada dos invasores. Mais uma vez a Vale suspendeu as operações da ferrovia, pediu a intervenção do Ministério da Justiça e da governadora do Pará - para que se cumprisse a ordem judicial. O resultado disso, até agora, foi o aumento da violência, a depredação dos trens e a tomada de reféns. Apesar do brutal desrespeito à Justiça, às leis e à ordem pública praticado por esse movimento, o ministro do Desenvolvimento Social ainda entrou em contato com suas lideranças “pedindo tempo” para avaliar suas reivindicações. Mas os manifestantes não aceitaram o pedido do ministro e decidiram só negociar com a presença de autoridades no local. Pouco se lixando com a ordem judicial de desocupação, o coordenador do MST já disse que os invasores pretendem continuar no local até que os governos federal e estadual atendam às suas “reivindicações” - entre as quais a construção de escolas e o asfaltamento de estradas vicinais de acesso a assentamentos. Quanto à reunião do presidente da República com os fora-da-lei do MST, aí também não há qualquer novidade - a não ser o fato de ser a primeira no segundo mandato presidencial e de ser quase clandestina, para não atrair para o presidente a animosidade da bancada ruralista, num momento em que se trava a complicada negociação em torno da prorrogação da CPMF (no que a relatora do projeto no Senado, senadora Kátia Abreu, é da bancada ruralista e tem posição contrária à do governo). Entende-se por isso que essa reunião Lula-MST - a quarta, desde 2003 - também tenha sido a primeira sem fotos. Bem diversa, por exemplo, da primeira reunião, em que houve a famosa cena do chefe de Estado e governo colocando na cabeça um boné com o logotipo de uma organização ilegal.Mas a reunião quase secreta não impediu que chegasse à mídia um momento de constrangimento do presidente, quando ouvia as reivindicações dos sem-terra e recebeu um telefonema, de um assessor, com um recado do Gabinete de Segurança Institucional, dando conta de que o MST invadira as instalações ferroviárias da Vale do Rio Doce. Antes Lula tinha se declarado “chocado com algumas das questões” cobradas pelo MST, que julgava já resolvidas. As informações que lhe chegaram sobre os acontecimentos no Pará serviram para lembrá-lo de que tinha outra reunião urgente para comparecer...De forma alguma se justifica a reunião de um chefe de Estado e governo com uma organização que tem como prática usual o esbulho da propriedade privada, afora outras violências contra pessoas e bens. Mas já que o presidente se dá tão bem com seus companheiros emessetistas, como se explica que não tenha procurado convencê-los, até agora, a tornarem-se uma organização não-governamental legalizada, de objetivos claros e formas de operação não contrárias às leis do País?

Novo protesto em Caracas: 14 feridos

No Estado de São Paulo

Estudantes da Universidade Central da Venezuela (UCV), da Universidade Metropolitana (Unimet) e da Universidade Monteávila realizaram ontem diversos protestos em Caracas para condenar os atos de violência cometidos na quarta-feira contra alunos da UCV, que exigiam o adiamento do referendo sobre a reforma constitucional proposta pelo governo do presidente Hugo Chávez. De acordo com o jornal El Universal, 14 estudantes da Unimet ficaram feridos em confronto com a polícia de Caracas. Segundo a assessoria de imprensa da Unimet, os feridos passam bem. A maioria sofreu ferimentos leves após a polícia tentar dispersar a multidão utilizando gás lacrimogêneo.As manifestações ocorreram nos arredores das instituições acadêmicas porque uma grande marcha que havia sido convocada para ontem foi cancelada por dirigentes estudantis. A decisão foi tomada para evitar novos confrontos entre partidários e opositores de Chávez. Outro motivo foi que os estudantes não conseguiram permissão da prefeitura para realizar o protesto.A manifestação tinha como ponto de partida a UCV, e seu destino final era a sede da Procuradoria-Geral, onde os manifestantes tinham previsto entregar vídeos e outras supostas provas de que os conflitos da quarta-feira - nos quais oito pessoas ficaram feridas - haviam sido causados por chavistas.Os estudantes também pedem a renúncia do ministro do Interior, Pedro Carreño, pelas declarações que deu após o incidente de anteontem. Carreño acusou manifestantes que voltavam da marcha na quarta-feira de atacar estudantes pró-governo “reunidos pacificamente”. Ontem à noite, antes de embarcar para a cúpula ibero-americana no Chile (ler abaixo), Chávez liderou em Charallave, perto de Caracas, uma caravana de milhares de pessoas a favor da reforma constitucional.O protesto de quarta-feira tinha como objetivo pedir ao Supremo Tribunal o adiamento do referendo de 2 de dezembro, alegando que a maioria da população não conhece o alcance da reforma e, portanto, não está capacitada a tomar uma decisão consciente no referendo popular.O projeto, apresentado por Chávez em agosto e aprovado pela Assembléia Nacional na semana passada, prevê mudanças em 69 dos 350 artigos da Constituição de 1999. Entre as mudanças mais polêmicas estão a extensão do mandato presidencial de 6 para 7 anos, o fim da autonomia do Banco Central e as reeleições indefinidas - que permitiriam a Chávez perpetuar-se no poder. Ainda ontem, a presidente da Assembléia, Cilia Flores, disse que pedirá ao Poder Eleitoral que investigue a propaganda da oposição pelo “não” à reforma no referendo do dia 2. Para Cilia, a oposição estaria pregando um golpe de Estado.

PF apreende documentos em ONG de SC

Por Thiago Reis
na Folha de São Paulo

A Polícia Federal em Chapecó (SC) apreendeu ontem na sede da Fetraf-Sul (Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul), entidade sindical suspeita de desviar verbas repassadas pela União e investigada pela CPI das ONGs, 120 caixas com documentos e 48 HDs (discos rígidos) de computadores.Segundo o delegado Misael Mazzetti, os documentos podem auxiliar a PF a "vincular" as supostas fraudes cometidas pela Fetraf-Sul com a campanha do deputado estadual Dirceu Dresch (PT-SC), que era coordenador-adjunto para Santa Catarina na entidade.Desde abril, a PF investiga os supostos desvios da entidade sindical, ligada ao grupo da senadora Ideli Salvatti (PT-SC). O dinheiro era repassado por órgãos federais para o financiamento de cursos da Fetraf nos três Estados do Sul."Já há prova testemunhal robusta e outros elementos e irregularidades que levam a crer [que houve caixa dois direcionado à campanha do petista]", disse o delegado. "Há pessoas que constam dos doadores na declaração [de Dresch ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Santa Catarina], mas não doaram. Existe um indício fortíssimo", complementou.No inquérito, há planilhas sobre os cursos que apresentam itens como "gasto real" (com valores mais baixos do que o recebido em recursos) e "saldo Fetraf" (com a diferença entre "gasto real" e o que foi recebido). Uma das planilhas tem o nome de "Cx II". Os dados aparecem em DVDs.A Fetraf nega as suspeitas e não reconhece como seus os documentos gravados nos DVDs, que foram obtidos pelo Ministério Público Federal e repassados à PF. A federação diz que documentos foram furtados de sua sede, em Chapecó, e que as planilhas podem ser versões adulteradas.De acordo com o delegado Mazetti, as movimentações financeiras da Fetraf-Sul são "estranhas". "Ela não fecha. Não bate com a declarada."A suspeita é que o dinheiro possa ter sido enviado para a campanha de Dresch.Diretores, assessores e funcionários da Fetraf-Sul que doaram dinheiro para a campanha dele a deputado estadual constam dos beneficiários de recibos emitidos pela federação. Os recibos podem ter sido emitidos para cobertura de gastos que só ocorreram no papel.O delegado disse ainda que "várias testemunhas" confirmaram não ter doado ao petista, apesar de estarem na relação do TRE-SC.Segundo a investigação da PF, as fraudes podem chegar a R$ 6,4 milhões, com dinheiro dos ministérios do Trabalho e do Desenvolvimento Agrário e de outros órgãos federais.Parte do valor (R$ 1,2 milhão) é relativo à Cooperhaf (Cooperativa de Habitação dos Agricultores Familiares dos Três Estados do Sul) -órgão que é ligado à Fetraf. Para a Procuradoria, há provas de crimes de "desvio, estelionato e peculato".

Para petistas, Zeca do PT fez dossiê falso e quis incriminá-los

Por Hudson Corrêa
na Folha de São Paulo

O senador Delcídio Amaral (PT-MS) e o deputado federal Antônio Carlos Biffi (PT-MS) afirmam na Justiça que o livro do suposto caixa dois do ex-governador de Mato Grosso do Sul Zeca do PT (1999 a 2006) é uma espécie de dossiê falso, montado pelo próprio governo petista, para incriminá-los.A razão "da manobra", segundo Delcídio e Biffi, é que eles "não se curvaram ao corporativismo partidário", além de, "apesar de filiados ao PT, serem do grupo oposto ao do ex-governador".A acusação sobre a manobra está no processo movido na Justiça de Mato Grosso do Sul por Delcídio e Biffi, na última terça-feira, no qual pedem a Raufi Marques, ex-secretário de Governo e braço direito de Zeca do PT, explicação sobre o livro do suposto caixa dois."A única conclusão plausível para a vinculação dos nomes nos manuscritos do ex-secretário de Governo Raufi Marques é envolvê-los nas investigações do Ministério Público para suplantar a competência e o foro estadual, bem como desviar o foco das investigações."Delcídio reclamou, por meio de nota, ser vítima de perseguição por sua atuação como presidente da CPI dos Correios que, em 2005, investigou o mensalão do governo Lula.Apreendido pelo Ministério Público na casa da ex-secretária de Raufi, o livro-caixa contém anotações de supostos pagamentos com dinheiro de caixa dois, no período de agosto de 2004 a abril de 2005.O nome de Delcídio e o de Biffi estão anotados no livro como se os dois tivessem recebido R$ 25 mil por mês.Também aparece o nome do deputado federal Vander Loubet (PT-MS), sobrinho e aliado de Zeca do PT. Ele foi candidato derrotado a prefeito de Campo Grande em 2004 e teria, conforme as anotações do livro, recebido recursos do suposto esquema montado pelo ex-governador no período.Raufi admite que mandou fazer as anotações no livro e que se referiam a campanhas eleitorais, mas não fornece detalhes. Na ação judicial, na qual pedem explicação ao ex-secretário de Governo, Delcídio e Biffi acusam Raufi de falsificar o livro-caixa para prejudicá-los. Dizem que a "referência ao nome deles evidencia a ocorrência de manobra a qual, em tese, configura o delito de falsidade ideológica, previsto no artigo 299 do Código Penal, o qual é punido com a severa pena de até três anos de reclusão".Ainda no processo judicial, os dois parlamentares afirmam que "a única conclusão plausível" sobre as anotações de Raufi "é [a de] envolvê-los nas investigações do Ministério Público (...) para desviar o foco".Delcídio e Biffi dizem ainda ser "evidente que o propósito é manchar a biografia política" deles porque "jamais se curvaram aos interesses pessoais ou ao corporativismo partidário".O senador petista argumenta que não poderia ter recebido dinheiro do ex-governador, pois pertence a um grupo político adversário ao dele no PT.

Congresso autoriza a contratação de 9.000

Por Gabriela Guerreiro e Renata Giraldi
na Folha de São Paulo

O plenário do Congresso Nacional aprovou ontem alteração no Orçamento da União de 2007 que autoriza a criação de 9.388 vagas no serviço público federal. Do total de vagas, 9.000 serão destinadas à área de educação do Poder Executivo -com 7.800 cargos a serem preenchidos por meio de concurso público e outros 1.200 comissionados.Apesar do projeto alterar a lei orçamentária deste ano, os órgãos federais poderão abrir editais para a realização de concursos públicos ou contratações por meio de cargos de confiança, o que na prática permite que as contratações ocorram em 2008.Além de cargos na área da educação, o projeto autoriza a contratação de 262 servidores para o STF (Supremo Tribunal Federal) e outros 126 para o CNJ (Conselho Nacional de Justiça).O Ministério da Educação informou que "fará a distribuição das vagas entre as universidades de acordo com os projetos apresentados pelos reitores. A partir daí, cada universidade lança seu próprio edital. Nos processos mais rápidos, as novas vagas podem ser preenchidas em cerca de três meses."Segundo o MEC, uma parte expressiva das vagas "corresponde à reposição de professores e funcionários que se aposentaram ou pediram demissão para irem para a iniciativa privada."A aprovação de mais de 9.000 cargos públicos recebeu críticas da oposição, apesar do projeto ter sido votado de forma simbólica em sessão conjunta da Câmara e do Senado, junto com outros projetos de liberação de créditos extraordinários do Executivo."O governo só enxerga as ações de administração por meio de gastos. Mesmo sendo por concurso público, é um aparelhamento da máquina partidária", disse o líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP).Segundo o tucano, a criação dos cargos pode gerar falta de recursos para áreas que o governo julga essenciais, o que no futuro poderia provocar aumento de tributos.O vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), criticou a reação da oposição. Segundo o líder, a maioria dos cargos vai abastecer déficit na área de educação, como a contratação de novos professores. "É uma grande besteira falar em aparelhamento. Como aparelhar o Estado por meio de concurso? Isso não faz sentido", afirmou.Albuquerque disse, ainda, que o governo federal tem na educação o seu principal foco de investimentos. "Não se faz educação sem gente especializada. Por isso, os cargos dizem respeito ao ensino profissionalizante e universitário", disse.

De novo "O petróleo é nosso"

Por Janaina Lage
na Folha de São Paulo

A confirmação de uma descoberta de grande reserva de petróleo e gás na bacia de Santos eleva o Brasil para a elite mundial dos produtores, na avaliação do governo federal.A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou que os testes já realizados indicam que o país poderá se tornar exportador de petróleo e dispor de volume de óleo similar ao dos dez maiores produtores mundiais. Hoje, o país é o 24º produtor de petróleo e gás.Segundo a Petrobras, o campo de Tupi, na bacia de Santos, tem um volume estimado de 5 bilhões a 8 bilhões de barris de petróleo e gás natural. O volume pode representar até 60% das reservas atuais, de 14,4 bilhões de barris de óleo equivalente (petróleo e gás).O anúncio fez com que as ações da Petrobras subissem 14% ontem, elevando seu valor de mercado em US$ 28 bilhões num único dia, chegando a um valor total de US$ 221,9 bilhões, passando gigantes americanas como o Google e o Bank of America, um dos maiores bancos do planeta.A exploração experimental do campo pode ocorrer a partir de 2010 ou 2011 com 100 mil barris por dia, e a comercial, talvez, em 2014.O anúncio ocorre após a crise no abastecimento de gás ter elevado temores de um apagão energético no país e num momento de forte aumento da demanda global por energia, que levou o barril de petróleo a atingir quase US$ 100.Em razão da descoberta, o governo anunciou a exclusão da 9ª Rodada de Licitações de 41 blocos de exploração vizinhos ao local da grande reserva no leilão do final do mês.A exclusão foi anunciada ontem, após reunião do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), na sede da Petrobras, no Rio, que contou com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sete ministros de Estado.Lula não participou do anúncio público da confirmação da descoberta. Coube à ministra Dilma Rousseff -apontada como possível candidata do PT à Presidência em 2010- capitalizar a boa notícia e dar o tom nacionalista da cerimônia, ofuscando o ministro interino Nelson Hubner (Minas e Energia).Rousseff afirmou que a decisão do governo de excluir áreas próximas da reserva tinha como foco a preservação do interesse nacional e negou que a atitude tenha um viés estatizante. Segundo ela, não há motivo para comparar a decisão do governo com as ações de nacionalização de reservas de países vizinhos, como a Bolívia.Com base na descoberta anunciada ontem e outros testes, existem indicações de que há muito mais petróleo e gás do que se estima atualmente."Esse campo é uma das indicações mais fortes de que, além dele, existem vários outros campos numa área de 800 quilômetros com 200 quilômetros de largura", afirmou Rousseff. A área vai do litoral do Estado do Espírito Santo até Santa Catarina.
Ganho tecnológico
A descoberta pode trazer também ganho tecnológico porque se encontra na chamada camada pré-sal, em profundidades maiores que as vigentes. Para explorá-la, serão necessários mais investimentos e tecnologia. Segundo a Petrobras, o petróleo abaixo da camada de sal é de boa qualidade, óleo leve de maior valor comercial. "O que nós descobrimos é que abaixo da camada de sal havia um volume significativo de petróleo aprisionado", afirmou o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli.A Petrobras, isolada ou em parcerias, perfurou 15 poços e testou oito deles na área pré-sal, entre 5.000 e 7.000 metros de profundidade.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Cidinho é um fanfarrão

Desta vez não olhei no site de informações oficial do governo de Goiás. Olhei nos sites dos jornais O Popular e Diário da Manhã. Nada! Não teve nada! Nenhum dos sites informava se o governador de Goiás Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, divulgou no dia de hoje os itens da reforma administrativa que transformariam o estado paquidérmico naquela potência tão divulgada nas propagandas da Era Marconi Perillo.
Já que está na moda usar os bordões do filme Tropa de Elite se eu ouvisse Cidinho falando que a reforma sairá no outro dia eu diria: “GOVERNADOR ALCIDES, O SENHOR É UM FANFARRÃO”

O poderoso Ricardo Teixeira

Vocês viram como o presidente da CBF Ricardo Teixeira é poderoso. Nunca antes na história destêpaiz nós vimos alguém derrubar uma CPI em tão pouco tempo. Começamos bem a preparação para a Copa de 2014. Se a CBF não permite que se faça investigações sobre as irregularidades nos times de futebol imagine quando começar a surgir denúncias de superfaturamento nas obras dos estádios? Isto é se a gente ficar sabendo das irregularidades nestes sete anos que nos separam da Copa. Ricardo Teixeira é mais poderoso do que um presidente da República. Enquanto chefe do executivo tem que liberar verbas para emendas individuais, ouvir as críticas da oposição, Ricardo Teixeira conseguiu acabar com uma CPI tirando assinaturas do requerimento dos dois lados. Já percebemos que a transparência não será vocabulário obrigatório na comissão que organiza a Copa de 2014 sob o mando de Ricardo Teixeira.

Pressão da CBF derruba instalação da CPI do Corinthians

Por Gabriela Guerreiro
na Folha online

A pressão da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) conseguiu derrubar nesta quinta-feira a instalação da CPI Mista do Corinthians no Congresso Nacional. O requerimento que pedia a instalação da comissão chegou a ser protocolado com assinaturas de 209 deputados. Momentos antes de sua leitura no plenário do Congresso, entretanto, o texto reunia somente 168 assinaturas --três a menos que o número necessário para a instalação da CPI.
Sem o número mínimo de assinaturas, a CPI acabou arquivada pelo Congresso. Os deputados favoráveis à comissão acusam a CBF de pressionar diretamente os deputados a retirarem assinaturas porque o órgão teme investigações em contratos firmados pela entidade.
"A única ação da CBF em relação a isso foi tentar sufocar uma CPI do futebol que ela administra. O que se constatou é que o Congresso foi utilizado para uma manipulação sem precedentes", disse o deputado Sílvio Torres (PSDB-SP).
Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), o Congresso se "agachou e amesquinhou" diante de interesses da entidade que administra o futebol brasileiro. Ele afirmou que a CBF teme as investigações porque sabe que a CPI poderá identificar irregularidades praticadas pela entidade --já que se propõe a investigar irregularidades não apenas no Corinthians, mas em todos os clubes de futebol brasileiros.
"Essa pressão que vem de fora amesquinha o Senado. Que tempos são esses? Por que um parlamentar sucumbir à pressão de um cartola?", questionou Dias.
A pressão da CBF ocorreu desde o início das articulações pró-CPI. Um dos dirigentes da entidade chegou a percorrer o plenário do Senado na tarde de hoje na tentativa de convencer deputados a retirarem assinaturas.
O deputado José Rocha (PR-BA) --um dos deputados contrários à instalação da CPI-- disse que a Copa de 2014 no país poderia ser prejudicada caso a comissão fosse instalada. "Eu acho que a moralização do futebol não precisa de CPI para ser investigada. Governadores que não desejam a CPI acham que seus Estados podem ser prejudicados na Copa de 2014 caso a comissão fosse instalada", afirmou.
Apesar de não conseguir reunir as 171 assinaturas de deputados necessárias para a instalação da CPI Mista, no Senado os parlamentares favoráveis à comissão conquistaram a assinatura de 39 senadores --contra as 27 necessárias para a sua criação.
Dias não descarta, agora, voltar a coletar assinaturas de senadores para reapresentar o pedido de criação da CPI somente no Senado. "Vou pensar no assunto. Preciso ver o interesse dos senadores em participarem desta CPI", afirmou.

Investigações

A CPI teria como objetivo apurar crimes contra o sistema financeiro e contra a ordem tributária no contrato firmado entre o Corinthians e a empresa MSI (Media Sports Investiment), além de outras irregularidades em transações financeiras de clubes de futebol.
A comissão queria investigar se o clube cometeu crimes como sonegação fiscal, evasão de divisas e lavagem de dinheiro em meio ao contrato com a MSI.
Outro objetivo da CPI seria apurar o envolvimento de dirigentes, jogadores e empresários do setor esportivo em eventuais irregularidades decorrentes da sociedade entre 2000 e 2007.

Cadê a reforma?

Acabei de entrar no site de informações oficiais do Estado de Goiás. Nenhuma vírgula sobre reforma administrativa, quando ela vai ser anunciada, a que horas, em que lugar. Nada! Assim, mais uma vez, nós vamos percebendo o quanto o estado paquidérmico incomoda o Rei Cid.

Ninguém sabe o que ele vai fazer

Ninguém sabe o que o governador de Goiás Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, vai fazer nesta reforma administrativa. Cidinho só soube adiar qualquer medida que mexe no estado paquidérmico. Nestes onze meses do segundo mandato Cidinho só falou que amanhã ou depois de amanhã a reforma seria anunciada e colocada em prática. Nestes onze meses só escuto Cidinho falar que o estado precisa de ajustes, precisa de mudanças. Nestes onze meses não vi e não li em nenhum lugar Cidinho colocando em prática as tão esperadas e tão faladas mudanças no estado para que a dívida fosse solucionada.
O Tempo Novo joga a culpa no Tempo Velho que joga a culpa no Tempo Novo. Ninguém sabe como surgiu esta dívida. Mas na época em que Marconi Perillo governava o estado não estava tudo uma maravilha? Não foi ele que batia no peito e dizia que foi o seu governo que acabou com a dívida deixada pelo Tempo Velho? Por que agora Maconi fala que herdou uma dívida astronômica do governo anterior ao seu e não fala o que ele fez realmente para melhorar a situação financeira do estado. E Cidinho? Por que nestes onze meses de governo não tratou de colocar em prática as mudanças que ele sempre fala que estão prontas, mas que nunca saem do papel?
Ninguém sabe o que acontece neste governo. Só se sabe dos lambe botas que assinam cheque em branco para o Palácio das Esmeraldas sem nem desconfiar para que o seu cheque será usado.
Ano que vem tem eleição. Alguém já parou para pensar que Cidinho será pressionado no final do ano que vem para abrigar os derrotados da base aliada? Lula e Marconi Perillo inventaram pastas para que seus colegas pudessem retornar ao poder depois de uma derrota eleitoral. E Cidinho? Qual pasta ele vai inventar para abrigar seus colegas do Tempo Novo que perderem as eleições? Ninguém fala desta possibilidade. Fazer o que? Aqui em Goiás a gente só chora depois do leite derramado, mesmo que este leite esteja misturado com coliformes fecais e água oxigenada.

Nova aventura na Bolívia

Editorial do Estado de São Paulo

O presidente Evo Morales é incorrigível. Sem poder produzir gás para cumprir os compromissos que assumiu - faltam-lhe recursos financeiros e capacidade técnica para isso -, mandou a Brasília emissários que fizeram ao governo brasileiro juras de bom comportamento, se a Petrobrás voltar a investir na Bolívia. Bastou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva - que também é incorrigível - concordasse com o pleito e mandasse o presidente da Petrobrás a La Paz, para discutir em que termos a estatal voltará a pesquisar e produzir gás naquele país, para que Evo Morales roncasse grosso: “Se quiser investir, é bem-vindo”, mas a Petrobrás terá de “respeitar as normas bolivianas.” O tom é de quem atende a um pedido, mas sob condições.Ora, o problema não é se a Petrobrás obedecerá às leis da Bolívia. Isso ela sempre fez, mesmo quando foi espoliada de reservas e instalações, inclusive duas refinarias expropriadas a preço vil, e se viu esfolada por um torniquete tributário que levou 85% do valor produzido. A questão central é saber se o presidente Evo Morales se aterá às leis vigentes ou se, uma vez feitos os investimentos que ele pediu à Petrobrás, ele inventará nova legislação confiscatória. Capaz disso ele já mostrou que é.O fato é que Evo Morales está com a corda no pescoço. Com a nacionalização do gás e do petróleo, conseguiu receitas extraordinárias que, não tendo sido aplicadas na exploração da maior riqueza da Bolívia, mas em programas assistenciais, logo se esvaíram. Sem novos investimentos, a produção de gás está declinando. A Bolívia deveria iniciar 2008 produzindo 51 milhões de m³/dia. Mal está conseguindo manter-se na faixa dos 40 milhões de m³/dia.Em resumo, Evo Morales, fiando-se numa capacidade financeira e técnica que a Bolívia nunca teve, e nas promessas vazias de seu mentor ideológico Hugo Chávez, vendeu mais gás do que a Bolívia produz. Trata-se de aritmética elementar. Contratou com a Argentina um aumento do fornecimento de 7,7 milhões de m³/dia para 27,7 milhões de m³/dia; prometeu entregar 10 milhões de m³/dia à siderúrgica indiana Jindal; tem de abastecer o gasoduto Bolívia-Brasil com 30 milhões de m³/dia e a termoelétrica de Cuiabá com 2,2 milhões de m³/dia; e garantir o consumo doméstico, que é de 6,5 milhões de m³/dia. Mas o fato é que a Bolívia não está produzindo nem mesmo para atender aos compromissos firmes com Brasil e Argentina: está exportando para a Argentina apenas 5 milhões de m³/dia - e isso porque a Petrobrás concordou em reduzir em 2 milhões de m³/dia a sua cota - e interrompeu o fornecimento para a usina de Cuiabá.É com um parceiro desse tipo - que não respeita contratos e vende o que não pode entregar - que a Petrobrás, por ordens do presidente Lula, voltará a fazer negócios. O presidente da estatal, cumprindo a missão que lhe foi atribuída pelo acionista controlador da empresa, declara que as condições atuais são diferentes daquelas que quase determinaram a completa retirada da Petrobrás da Bolívia, havendo garantias para novos investimentos. Na verdade, a situação na Bolívia continua tão precária quanto antes.Só teria sentido assumir esse tipo de risco se a Bolívia fosse a única saída para a crise energética brasileira que, mais do que anunciada, na semana passada passou por um ensaio geral. Mas tanto o presidente da República como o presidente da Petrobrás já deixaram claro que os investimentos na Bolívia não serão feitos para resolver o problema da escassez do insumo no Brasil. Pela legislação boliviana, a Petrobrás atuará como simples prestadora de serviços. O gás extraído pertencerá à estatal boliviana, que dará ao produto o uso que lhe convier. Daí o presidente Lula falar em ajudar... a Argentina.Empresários e especialistas brasileiros temem a iminência de um apagão energético. Só o governo está tranqüilo. O susto da semana passada, quando a Petrobrás teve de cortar 17% do fornecimento de gás para o Rio e São Paulo para suprir termoelétricas, foi substituído, em poucos dias, pelo alívio provocado pelo início da estação chuvosa. As autoridades acreditam que a ameaça está conjurada. Não está. E é por isso que, em vez de mandar a Petrobrás se arriscar novamente na Bolívia, o governo deveria acelerar os programas de produção nacional de gás e de importação de gás liquefeito de fornecedores confiáveis.

Maioria dos Estados descumpre Lei Fiscal

Por Sérgio Gobetti
no Estado de São Paulo

Levantamento feito pelo Estado mostra que em mais da metade dos 27 Estados há pelo menos um dos Poderes locais - Executivo, Judiciário e Legislativo - ou Ministério Público descumprindo o limite de gasto com pessoal fixado pela Lei de Responsabilidade Fiscal. São 16 deles com problemas. Em alguns Estados, a situação é tão séria que o Banco Mundial (Bird) instituiu um “prêmio” para o governador que controlar as despesas dos demais Poderes. Projeto de lei enviado pelo governo nesta semana altera o artigo 23 da Lei Fiscal. Hoje, os governadores ficam impedidos de contrair novos empréstimos se qualquer Poder, no âmbito estadual, estourar seu limite de gasto com pessoal. Com a mudança, a punição só valerá se o próprio Executivo estourar o teto.Nos Estados, o teto de gasto com pessoal é de 60% da receita. O cálculo é feito assim: 49% para o Executivo, 6% para o Judiciário, 3% para o Legislativo e 2% para o Ministério Público. São esses limites que, segundo o levantamento do Estado, estão sendo ultrapassados pelas 16 unidades da Federação, número quatro vezes maior do que o reconhecido pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN).Em média, os Estados estão gastando 10,2% de suas receitas com a folha dos demais Poderes - o limite é de 11% . Em nove Estados, o somatório do Judiciário, Legislativo e Ministério Público supera o teto e em outros sete o porcentual está abaixo disso, mas o limite do Legislativo (3%) foi ultrapassado.São Paulo é, ao lado do Acre, o Estado que gasta a menor fatia de sua receita com a folha dos outros Poderes - 6,85%, metade do porcentual verificado no Rio Grande do Sul (13,17%).Muitos governos e Poderes ainda escondem ilegalidades, alterando as fórmulas de cálculo dos gastos e burlando a Lei Fiscal. “A falta de estabilização das regras de contabilidade é fonte potencial de futuros esqueletos fiscais”, diz o economista Fernando Blanco, do Banco Mundial, que participa de inúmeras missões nos Estados.Sete governos - SP, RS, MG, CE, PE, AC e DF - negociam com o Bird novas operações de crédito. Para conseguir aval do Tesouro, no entanto, precisam provar que os gastos com pessoal de todos os Poderes e do Ministério Público estão ajustados. É justamente isso que o governo quer amenizar, com o projeto que muda a Lei Fiscal. No Rio Grande do Sul, o descontrole no Judiciário, Legislativo e Ministério Público é tão grave que o Bird promete dobrar o empréstimo de US$ 500 milhões para a reestruturação da dívida do Estado, se o pacote fiscal da governadora Yeda Crusius (PSDB) for aprovado na Assembléia Legislativa. “Não estamos impondo condição prévia, mas oferecendo um prêmio”, diz Blanco.

Bolívia rompe diálogo sobre Constituinte

Por Fabiano Maisonnave
na Folha de São Paulo

Em pronunciamento anteontem à noite, o vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, anunciou o fim das conversas entre o governo e a oposição para retomar os trabalhos da Assembléia Constituinte, que não aprovou um artigo sequer depois de 15 meses de sua instalação.García Linera, considerado o principal articulador político do presidente Evo Morales, disse ainda que a Assembléia funcionará apenas com os governistas, que têm a maioria simples, e tomará medidas "radicais" em relação à propriedade privada."A minoria que hoje aplaude feliz as dificuldades desse cenário democrático logo não terá direito a reclamar que a maioria tome decisões radicais sobre temas da propriedade privada", disse García Linera.As declarações de Linera foram uma reação a mais um fracasso nas negociações entre o governo e líderes do departamento (Estado) de Chuquisaca, cuja capital, Sucre, abriga a sede da Assembléia.Organizações regionais têm exigido que a capital do país seja transferida para Sucre na nova Constituição. A mudança é rejeitada pelo governo, que ofereceu um pacote de medidas, como a instalação de algumas atividades do Legislativo em Sucre, mas a contraproposta foi rechaçada pelos oposicionistas anteontem. Ontem, havia a expectativa de que o MAS (Movimento ao Socialismo) anunciasse unilateralmente a mudança da sede da Assembléia para Oruro, o que acabou não se concretizando.A oposição criticou as declarações de García Linera, acusando-o de interromper o diálogo, e prometeu manifestações para os próximos dias.A Constituinte foi uma das principais promessas da campanha presidencial de Evo Morales, no final de 2005. Entre as propostas dos governistas para a nova Carta estão a reeleição sem limites para presidente, a autonomia administrativa das comunidades indígenas e o "Estado comunitário", com as organizações sociais como controladoras e fiscalizadoras.A oposição quer maior autonomia para os departamentos (Estados), a mudança da capital de La Paz para Sucre e rejeita a reeleição sem limites.

Bolívia rompe diálogo sobre Constituinte

Por Fabiano Maisonnave
na Folha de São Paulo

Em pronunciamento anteontem à noite, o vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, anunciou o fim das conversas entre o governo e a oposição para retomar os trabalhos da Assembléia Constituinte, que não aprovou um artigo sequer depois de 15 meses de sua instalação.García Linera, considerado o principal articulador político do presidente Evo Morales, disse ainda que a Assembléia funcionará apenas com os governistas, que têm a maioria simples, e tomará medidas "radicais" em relação à propriedade privada."A minoria que hoje aplaude feliz as dificuldades desse cenário democrático logo não terá direito a reclamar que a maioria tome decisões radicais sobre temas da propriedade privada", disse García Linera.As declarações de Linera foram uma reação a mais um fracasso nas negociações entre o governo e líderes do departamento (Estado) de Chuquisaca, cuja capital, Sucre, abriga a sede da Assembléia.Organizações regionais têm exigido que a capital do país seja transferida para Sucre na nova Constituição. A mudança é rejeitada pelo governo, que ofereceu um pacote de medidas, como a instalação de algumas atividades do Legislativo em Sucre, mas a contraproposta foi rechaçada pelos oposicionistas anteontem. Ontem, havia a expectativa de que o MAS (Movimento ao Socialismo) anunciasse unilateralmente a mudança da sede da Assembléia para Oruro, o que acabou não se concretizando.A oposição criticou as declarações de García Linera, acusando-o de interromper o diálogo, e prometeu manifestações para os próximos dias.A Constituinte foi uma das principais promessas da campanha presidencial de Evo Morales, no final de 2005. Entre as propostas dos governistas para a nova Carta estão a reeleição sem limites para presidente, a autonomia administrativa das comunidades indígenas e o "Estado comunitário", com as organizações sociais como controladoras e fiscalizadoras.A oposição quer maior autonomia para os departamentos (Estados), a mudança da capital de La Paz para Sucre e rejeita a reeleição sem limites.

Senado recua e vai divulgar gastos da verba indenizatória

Por Silvio Navarro e Andreza Matais
na Folha de São Paulo

Quinze dias depois de vetar a divulgação dos gastos da verba indenizatória, a Mesa Diretora do Senado recuou ontem e anunciou que, pela primeira vez, os parlamentares serão obrigados a exibir publicamente como gastam os R$ 15 mil que recebem por mês.A prestação de contas sobre o uso da verba será feita via internet, como já ocorre na Câmara dos Deputados desde 2004. Mas, segundo o presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), a data de início para que isso ocorra ainda depende de um entendimento com os líderes dos partidos.Os dados deverão ser divulgados a partir da data do acordo com os líderes, ou seja, não deverá haver publicação retroativa ao tempo de mandato."Foi um avanço consistente da Mesa. Tenho certeza de que os líderes concordarão", disse Tião. "Nos dias atuais não há razão para que [os gastos] não sejam colocados de maneira transparente como exige a sociedade e a imprensa cobra."A verba de R$ 15 mil mensais é destinada a bancar custos dos parlamentares nos escritórios que mantêm nos Estados, gasolina, aluguel de imóveis e contratar assessoria. Caso o congressista não gaste toda a cota num determinado mês, o valor se acumula para o mês seguinte -por exemplo, se ele usou R$ 13 mil em outubro, poderá despender R$ 17 mil em novembro. Apesar da publicação da discriminação de valores gastos, não haverá divulgação das notas fiscais. Na Câmara também não há acesso às notas.Os senadores ainda têm direito a outras cotas de gabinete, para passagens aéreas, telefone, correio e material gráfico para divulgação do mandato. Os valores dessas cotas e a prestação de contas são sigilosos.Durante a crise que envolveu o presidente licenciado, Renan Calheiros (PMDB-AL), senadores adversários do peemedebista o acusaram de fazer ameaças de divulgar supostas irregularidades na prestação de contas das verbas -uso de notas frias. Ele negou.Nos bastidores, senadores governistas afirmaram que, apesar do discurso de que não é candidato à sucessão de Renan, Tião tenta passar a imagem de que deu transparência ao Senado nos 45 dias que esteve à frente da Casa. Essa bandeira poderia ser usada, senão agora, numa próxima eleição para a presidência do Senado.Na reunião da Mesa do Senado também foi acertado que Tião irá procurar o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), para negociar o fim da verba indenizatória. A portas fechadas, o primeiro-secretário do Senado, Efraim Morais (DEM-PB), propôs levar a Chinaglia a idéia de aumentar o salário dos senadores para R$ 24.500 em troca do fim da verba indenizatória.A extinção da verba é um tema polêmico. Em 2006, no auge da crise gerada pelo reajuste dos salários dos deputados, a Câmara encomendou estudo à Fundação Getúlio Vargas que recomendava a fusão de cotas para gerar economia, o que acabaria com a verba indenizatória. O estudo custou cerca de R$ 140 mil e segue engavetado.Um dos defensores da extinção da verba é o próprio Tião Viana. "Existe um sentimento contrário à verba, mascarar salário é ruim para a instituição [...] Essa verba nunca deveria ter existido", disse.

O encontro da turma do Foro de São Paulo

Por Eduardo Scolese
na Folha de São Paulo

Um encontro às escondidas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a cúpula do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) terminou em clima de mal-estar ontem pela manhã, na residência oficial da Granja do Torto.O motivo do estresse veio por telefone. Nos minutos finais da reunião, um assessor levou a Lula o recado, transmitido pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência, segundo o qual integrantes do MST tinham acabado de invadir a estrada de ferro da Vale do Rio Doce, no sudeste do Pará (leia texto nesta página).Segundo relato à Folha de participantes do encontro, Lula fechou a cara e questionou o movimento sobre mais uma invasão na área da companhia, a segunda em menos de um mês. O presidente ouviu uma rápida resposta e, já atrasado para um evento no Palácio do Planalto, aproveitou para encerrar o encontro. Não houve bate-boca.Logo após a primeira invasão, o governo foi cobrado pela Vale para que tentasse conter as ações do MST, que, em setembro, liderou um plebiscito favorável à reestatização da empresa e, no mês seguinte, invadiu a ferrovia da mineradora.Na reunião, Lula mais ouviu do que falou. Por uma hora e meia, dirigentes do MST cobraram dele o assentamento de acampados, a atualização dos índices de produtividade, a reestruturação dos assentamentos e uma atenção ao avanço das monoculturas, como cana e soja, e dos transgênicos.Lula mostrou-se surpreso com as cobranças: "Estou chocado com algumas dessas questões. Pensei que estivessem resolvidas, mas não estão", disse.Houve espaço para brincadeiras. Ao entrar na sala, Lula interrompeu uma conversa de ministros e sem-terra sobre tendências políticas no governo. "Quem está mais à esquerda no governo é o [Henrique] Meirelles [presidente do BC]", disse Lula, provocando risos. Mais adiante, Lula ouviu críticas ao modelo econômico.Do governo, participaram os ministros Luiz Dulci (Secretaria Geral), Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) e Dilma Rousseff (Casa Civil) e o presidente do Incra, Rolf Hackbart. Do MST, oito dirigentes nacionais, entre eles João Pedro Stedile, Jaime Amorim e Marina dos Santos.O MST cobrava uma conversa com Lula desde o ano passado -a última havia sido em maio de 2005, após uma marcha entre Goiânia e Brasília. Em maio, um encontro às escondidas, nos mesmos moldes do ocorrido ontem, havia sido agendado para a residência da ministra Dilma, mas foi adiado em cima da hora por conta da crise da Operação Navalha.Ontem, o Planalto tentou esconder a reunião. O encontro não constava da agenda oficial de Lula e só foi confirmado quando estava em andamento. Questionado, Cassel disse: "Essas reuniões são muito informais mesmo. São reuniões de conversas, reuniões longas".

Sem apoio do PSDB, governo faz corpo-a-corpo por CPMF

Por Sílvio Navarro, Andrezza Matais e Letícia Sander
na Folha de São Paulo

Um dia depois de ouvir a recusa do PSDB, o governo decidiu ontem que somente um "corpo-a-corpo" intenso no Senado conseguirá reverter o cenário desfavorável para aprovar a prorrogação da CPMF (o imposto do cheque).Em cerimônia no Palácio do Planalto, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que o governo conseguirá prorrogar o imposto e que os "percalços" nas negociações são "absolutamente normais". Insistiu, ainda, que o PSDB não fechou questão. "Vamos conseguir aprovar com diálogo, com corpo-a-corpo, conversando com todos os senadores", disse. Sobre a resistência dos tucanos, ironizou: "Deve ter havido algum "tilt" ali que desagradou".A ordem dos governistas, a partir de agora, é buscar "votos no varejo", inclusive os supostos quatro senadores do PSDB propensos ao diálogo: Tasso Jereissati (CE), Sérgio Guerra (PE), Lúcia Vânia (GO) e Eduardo Azeredo (MG)."Ninguém acredita que vamos votar sozinhos. Se o PSDB não fechar questão contra, contamos com pelo menos quatro votos", disse Renato Casagrande (PSB-ES).Outra estratégia do Planalto agora será pedir a interferência dos governadores, especialmente os tucanos Aécio Neves (MG), José Serra (SP) e Yeda Crusius (RS). Ontem, Aécio esteve com o presidente Lula na capital mineira. "O equilíbrio fiscal do governo garante a continuidade de programas em parceria com Estados e municípios", disse Paulo Bernardo.
PMDB
A longa negociação com os tucanos suscitou a reação de aliados, que ameaçaram "ampliar a fatura" para votar em bloco. Ontem, a bancada do PMDB fechou questão a favor da prorrogação. Porém, condicionou o voto a uma série de exigências, entre elas a aplicação de redutor da alíquota.Ainda assim, a bancada daria 18 dos seus 20 votos, por haver duas dissidências certas: Mão Santa (PMDB-PI) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). "O redutor é o que todo mundo quer", afirmou o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO).Na reunião, o presidente licenciado da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), se absteve de votar. "Foi um gesto político para evitar interpretações de que influenciei na discussão."Outros dois votos na base são considerados perdidos: Expedito Júnior (PR-RO) e Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR).Nesse cenário, os 53 votos "nominais" da base se reduziriam a 49 - número limite para aprovar a emenda que estende a CPMF até 2011. Mas não há segurança sobre outros quatro votos: Pedro Simon (PMDB-RS), Valter Pereira (PMDB-MS), Osmar Dias (PDT-PR) e Romeu Tuma (PTB-SP).O PDT também fez exigências. "O PDT tem cinco votos, parece que não tem importância. Não queremos barganhar cargos, nem obter favores. Pretendemos discutir onde está sendo aplicado o dinheiro da CPMF. Continuando assim, votaremos contra", ameaçou o senador Osmar Dias.O presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), voltou a alertar sobre o risco. "Sempre sou muito cauteloso porque sei dos riscos que o governo enfrenta aqui quando o assunto é a obtenção de 49 votos. O ambiente está difícil para o governo. Insisto que haverá muita dificuldade", disse.Outra preocupação do governo é com a margem apertada para derrubar o relatório da senadora Kátia Abreu (DEM-TO) na Comissão de Constituição e Justiça. A votação seria um teste, inclusive dos votos de Jarbas e Simon. A leitura do parecer está marcada para segunda-feira e a votação na terça.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

O Brasil sem gás

Por Leonardo Godoy
no Estadão online

BRASÍLIA - O ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, afirmou nesta quarta-feira, 7, que não aconselha os motoristas a fazerem novas conversões de seus veículos para que possam rodar por meio de gás natural veicular (GNV). "Eu não aconselharia", disse Hubner, em entrevista coletiva à imprensa. Segundo o ministro, a prioridade é garantir o gás para as usinas termelétricas. "Isso é uma questão de segurança energética para o País".

Ainda segundo o ministro, também é necessário garantir o suprimento de gás para a indústria e manter o abastecimento dos veículos que já rodam atualmente com GNV. "Não poderíamos abandonar aquelas pessoas que por boa fé transformaram seus veículos para rodarem a gás. O governo tem uma responsabilidade com eles", disse Hubner.

Segundo ele, o que o governo quer é que o consumo do GNV não se expanda. "A gente pode ter uma política no sentido de, pelo menos, não expandir muito fortemente a questão do GNV. Seria uma alternativa que está sendo estudada. Nunca foi prioridade nossa o desenvolvimento da indústria de GNV".

Hubner negou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha incentivado o consumo de gás para veículos. Segundo ele, foi o governo anterior do Rio de Janeiro, na gestão Rosinha Mateus, que incentivou o uso de GNV nos carros. Segundo Hubner o governo federal vai discutir com os Estados e as distribuidoras a definição de prioridades para o uso do gás. "O que nós queremos é que só haja expansão no momento em que houver garantia de fornecimento".

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, que também participou da entrevista, disse que na sua opinião "o uso do gás natural para veículos não é o melhor para esse combustível". Ele, entretanto, ressaltou que essa não é uma responsabilidade da Petrobras. "A Petrobras não vende GNV, ela vende gás para as distribuidoras que vendem o GNV para os postos".

Os chavistas com armas na mão

Vejam como os fãs de Hugo Chávez tratam aqueles que não concordam com suas idéias: metem bala. Os lulistas bolivarianos apóiam essa gente. Os lulistas bolivarianos apóiam Hugo Chávez. Só há uma diferença: enquanto os chavistas metem bala, os lulistas bolivarianos descem a bandeira na cabeça daqueles que não concordam com Lula. Os chavistas estão com armas na mão. Enquanto isso, aqui no Brasil, Lula apóia o golpe de Chávez o que significa apoiar as práticas anti-democráticas dos fãs do ditadorzinho.

A violência bolivariana

Do Estadão online

CARACAS - Manifestantes pro-Chávez entraram em confronto no fim da tarde desta quarta-feira, 6, com estudantes que são contra a reforma constitucional na Venezuela. Os conflitos aconteceram na Universidade Central da Venezuela, em Caracas, logo após uma marcha pacífica de estudantes que pediram ao Supremo a prorrogação do referendo sobre a reforma constitucional.
Segundo o jornal venezuelano El Nacional, ao menos oito pessoas ficaram feridas, nenhuma delas em estado grave. Tiros haviam sido ouvidos no local. Dois dos feridos teriam sido baleados.

A briga teria começado quando os estudantes voltavam para a universidade. Segundo um professor de direito ouvido pelo periódico, um grupo de homens, supostamente chavistas, estaria aguardando na porta da instituição a chegada dos jovens. Quando estes apareceram, foram recebidos a tiros.

Deus salve o Rei

Quando vai ser a coroação? A Assembléia Legislativa de Goiás deu carta branca para o governador de Goiás Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, fazer a reforma administrativa do jeito que ele quiser. Desta vez foi a última votação. Durante os próximos seis meses o Rei Cid vai comandar Goiás do Palácio das Esmeraldas. Até agora ninguém sabe o que se trata esta reforma. Até agora ninguém sabe como Cidinho vai arrumar o estado paquidérmico. Mas, mesmo assim, a Assembléia gritou: “Deus salve o Rei”. Agora só falta saber quando será a coroação. E, como toda coroação, tem que ter festa. E como toda festa real tem que ser luxuosa. E como todo luxo custa caro lá vai o estado paquidérmico bancar a coroação do Rei Cid. Que privilégio! Goiás não tem um governador e sim um Rei dando ordens nos próximos seis meses. Ninguém sabe o que ele vai fazer, mas mesmo assim a gente grita: “Deus salve o Rei!”

Renan reaparece, com mais filosofia que poder

Por Ana Paula Scinocca e Rosa Costa
no Estado de São Paulo

Na volta ao plenário ontem, o presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), manifestou-se a favor da prorrogação da CPMF e não descartou a possibilidade de reassumir o posto. A licença do cargo termina no dia 26. “Cada dia com sua agonia. Eu tenho amigos e essas discussões acontecem paralelamente”, disse, referindo-se às negociações para aprovar a prorrogação da CPMF e tentar conseguir sua absolvição nos processos no Conselho de Ética. “Mas as paralelas não se encontram”, ironizou.Ele não aprova a articulação do líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), para a sucessão à presidência do Senado. Ontem, Raupp avaliou a possibilidade de fazer a eleição no mês que vem: “Com os processos concluídos até o fim de novembro, a eleição pode ser em dezembro”. As negociações prevêem que a CPMF seja aprovada até dezembro e, paralelamente, os governistas ajudem a salvar o mandato de Renan, que voltou à Casa na segunda-feira, depois de tirar uma licença médica de 10 dias.A sucessão foi discutida abertamente em plenário ontem pela primeira vez. Mão Santa (PMDB-PI) afirmou, em discurso, que se Pedro Simon (PMDB-RS) ou Gerson Camata (PMDB-ES) não se candidatarem, ele vai entrar na disputa. “Só abro mão para vocês (Simon e Camata). Senão, estou na fila. Os outros todos não são melhores do que eu. Os outros vão disputar aqui”, disse. No momento do discurso, Renan não estava no plenário.Até agora, dentro do PMDB apenas Garibaldi Alves (RN) se lançou candidato oficialmente, durante uma reunião da bancada. Outros nomes, porém, correm por fora. Um deles é o de José Maranhão (PB).Ao ouvir Mão Santa falar em sucessão, Osmar Dias (PDT-PR) disse que o assunto pode estar “proibido” no PMDB, mas não no PDT. “Nós já estamos discutindo a sucessão no Senado dentro do PDT. E os nomes que vossa excelência colocou nós apoiamos, inclusive o seu”, disse. De bate-pronto, Mão Santa avisou: “Mas eu e o Garibaldi somos camisas azuis. Verde e amarela é o Simon e o Camata”.Em conversa com jornalistas, Renan não quis comentar como sua volta está sendo recebida. “Essa avaliação é sempre de vocês (repórteres). Vocês é que avaliam. Voltei para trabalhar. As pessoas que me elegeram querem que eu trabalhe.” Ele contou que aproveitou a licença do mandato para fazer exames médicos e os resultados foram satisfatórios. Também disse que não está acompanhando os quatro processos no Conselho de Ética. “Isso está entregue aos advogados. Minha prioridade é trabalhar para que minha inocência fique comprovada.”

Peleguismo ressurrecto

Editorial do Estado de São Paulo

Foi tamanha a intensidade com que o lobby sindicalista avançou e “tomou conta” do Senado, na quinta-feira, para manter a cobrança compulsória do imposto sindical - que havia sido derrubada na Câmara dos Deputados, por emenda do deputado Augusto Carvalho (PPS-DF), no bojo do Projeto de Lei 1990/07, que regulamenta as centrais sindicais -, que o senador Paulo Paim (PT-RS), relator do projeto na Comissão de Assuntos Sociais, cometeu o ato falho de chamar aquela reunião de “assembléia” (como se estivesse numa assembléia sindical), quando bradou: “Não vamos aceitar uma única vírgula que prejudique a organização dos trabalhadores.” Certamente o senador gaúcho aí se esqueceu de que seu partido, além das principais centrais sindicais - a CUT e a Força Sindical -, sempre usou carradas de vírgulas para condenar a “contribuição” que tunga um dia de salário por ano de cada trabalhador, mesmo contra sua vontade. Os outros dois relatores - Lucia Vânia (PSDB-GO), da Comissão de Constituição e Justiça, e Francisco Dornelles, da Comissão de Assuntos Econômicos - também prometeram fazer um relatório conjunto e “em defesa dos trabalhadores”, ressuscitando a obrigatoriedade da cobrança do imposto sindical. Nas mais de três horas de debate sobre o projeto que extingue a obrigatoriedade do imposto sindical, os sindicalistas lotaram o auditório Petrônio Portela, do Senado, e fizeram um lobby aberto, como nunca se vira na Câmara Alta, para reverter a decisão da Câmara dos Deputados.Como não poderia deixar de ser, os líderes das principais centrais sindicais - que não se conformam em perder a “boquinha” que só no próximo ano lhes renderá R$ 125 milhões, se o imposto sindical for ressuscitado - foram os mais enfáticos defensores de suas rendas.A representante da CUT, sua secretária nacional de organização, Denise Motta Dau, apesar de defender posição contrária à histórica da entidade e propugnar a manutenção do imposto, até que demonstrou mais ponderação e equilíbrio em suas palavras, limitando-se a dizer que “retirar a contribuição sem que haja um período de transição é acabar com os sindicatos” (é claro que não explicou se esse período de transição deveria ser de 1 ou de 100 anos). O presidente da UGT, Francisco Canindé Pegado, não revelou muito respeito à representatividade da Casa Legislativa, quando afirmou: “Não tenho dúvidas de que nós vamos impor aqui no Senado a derrubada da emenda” (grifo nosso). Mas foi o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), que tem desempenhado, nos últimos dias, o lobismo mais intenso para derrubar no Senado o fim do imposto sindical obrigatório, o que usou verdadeiro terrorismo em defesa da contribuição, falando despropósitos do tipo: “Querem tirar da gente as conquistas que muitos de nós morreram defendendo”, e insinuando que o fim da obrigatoriedade do imposto sindical pode significar também o fim das férias ou o da licença-maternidade! É lamentável que um sindicalista, tendo se tornado representante com mandato popular perante a Casa Legislativa federal, tenha adquirido um dos piores vícios da classe política cabocla, que é a demagogia desbragada, que parece zombar da inteligência do distinto público eleitoral. Aliás, numa demonstração do “espírito democrático” daquela “assembléia” síndico-legislativa, os circunstantes reagiram com vaias e gritos de “traidor”, de “farsante”, de “inimigo do trabalhador” contra o único parlamentar que, junto com 20 servidores federais, ali estava para apoiar a emenda que derrogara o imposto sindical obrigatório - o mesmo deputado Augusto Carvalho. Completamente avessos a qualquer diálogo, os sindicalistas tentaram, mas não conseguiram calar o deputado, que dizia, convicto: “Esse imposto é ilegítimo. Os sindicalistas precisam dele para meter a mão no bolso do trabalhador. O imposto é uma excrescência.”Como efeito, não será, mesmo, uma excrescência, essa herança tipicamente peleguista do Estado Novo? Numa coisa, porém, os sindicalistas têm razão: não tem sentido acabar-se apenas com a contribuição obrigatória dos empregados, mantendo-se a contribuição obrigatória dos patrões. As duas obrigatoriedades são excrescências.

Estudo diz que há risco maior de racionamento de energia

Por Raquel Abrantes
na Folha de São Paulo

De 2005 a 2007, as restrições de gás natural reduziram em 12% a oferta firme de geração de energia do Brasil, afirma o Programa Energia Transparente, em estudo trimestral do Instituto Acende Brasil.Considerando um incremento de 4,8% do PIB (Produto Interno Bruto), o risco de racionamento em 2008 sobe para 9% -número acima do nível de segurança de abastecimento aceitável de 5%, que foi registrado no levantamento anterior-, considerando o cumprimento do cronograma de investimentos da Petrobras.A oferta de energia elétrica denominada firme -que reflete a capacidade de geração das usinas- prevista para 2008 passou de 57.000 MW (megawatts) médios, segundo dados do Plano Mensal de Operação do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) de setembro de 2004, para 51.000 MW médios em setembro de 2007.O motivo para a redução de 6.000 MW médios na estimativa são as dificuldades de suprimento de gás natural na Argentina, na Bolívia e no Brasil.As restrições de abastecimento na Argentina prejudicaram a exportação de gás e o uso do insumo na produção e exportação de energia.Isso levou à interrupção do fornecimento da Ciem (interconexão Brasil-Argentina), com 2.000 MW médios, e à redução da usina térmica de Uruguaiana em aproximadamente 300 MW médios.Na Bolívia, o descompasso entre a capacidade de produção local e os compromissos de suprimento ao Brasil e à Argentina resultou na interrupção de fornecimento para a térmica de Cuiabá. O ONS retirou essa térmica da configuração de oferta em 2007 e 2008, com perda adicional de 400 MW médios de energia firme neste ano e de 200 MW médios em 2008.O aumento da capacidade de geração térmica de 2008 para 2009 depende da entrada de 20 milhões de metros cúbicos/dia de GNL (gás em estado líquido), prevista para começar no último quadrimestre de 2008.A Petrobras, conforme afirma o estudo, anunciou a contratação de regaseificação do GNL apesar de ainda não ter a confirmação do suprimento de gás nos pontos de produção e de liquefação.Segundo o Programa Energia Transparente, os investimentos da Petrobras em nova produção e logística equilibrariam oferta e demanda até 2011, pelas projeções da estatal. Mas a expectativa para Argentina e Bolívia é que as dificuldades na produção de gás natural continuem até 2010 ou 2011, quando o risco de racionamento no Brasil seria de 8% e 14%, respectivamente.

BRA suspende todos os vôos e demite 1.100

Por Janaina Lage e Marina Faleiros
na Folha de São Paulo

A empresa aérea BRA anunciou ontem a suspensão de todos os seus vôos a partir de hoje. A companhia já tinha passagens vendidas até janeiro, mas não informou o número de bilhetes. Ontem, seus 1.100 funcionários foram demitidos.A BRA justificou a decisão de interromper as operações por falta de dinheiro para pagar fornecedores e honrar compromissos. A situação se agravou nos últimos meses e culminou na saída de Humberto Folegatti, seu presidente, na semana passada. A empresa precisava de cerca de US$ 30 milhões para voltar a operar no azul.Oficialmente, a BRA informou que está "procurando concretizar novo aporte financeiro". Na prática, especialistas afirmam que ela dificilmente voltará a operar. A BRA fazia 26 rotas nacionais e 3 internacionais, com 35 vôos domésticos de segunda a sexta.Segundo a BRA, quem comprou seus bilhetes não deve se dirigir aos aeroportos ou às lojas antes de entrar em contato pelo telefone 0/xx/11/3583-0122 para obter informações sobre a reacomodação em outras companhias aéreas ou sobre o reembolso da passagem.A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) procurou outras empresas para reacomodar passageiros. A TAM informou que, a partir de hoje, vai receber os passageiros da BRA para vôos domésticos e internacionais, de acordo com a disponibilidade. Até ontem à noite, a Gol e a Varig não haviam decidido se endossariam bilhetes.Nos aeroportos, passageiros que iriam embarcar ontem ou que tinham passagens compradas reclamaram dos balcões fechados e da falta de orientação (leia texto nesta página).A BRA é a terceira maior empresa do país: em setembro respondeu por 4,6% do mercado doméstico. De janeiro a setembro, transportou mais de 2 milhões de passageiros.Criada em 1999, a BRA tinha sua imagem ligada ao perfil de baixo custo e baixa tarifa. Começou a fazer vôos regulares em 2005. No ano passado, a empresa conseguiu atrair investidores estrangeiros e anunciou como sócia, em dezembro, a Brazil Air Partners, composta por diversos fundos de investimento, como o Gávea, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga.A entrada dos fundos foi divulgada à época como o início de uma gestão profissional, mas o choque de estilos acabou por arrefecer o ânimo dos fundos, que exigiram a saída de Folegatti. Segundo especialistas, eles chegaram a investir cerca de US$ 70 milhões."A situação vinha se deteriorando. Gastaram todo o dinheiro dos fundos, não pagavam combustível nem tarifas aeroportuárias", disse Paulo Bittencourt Sampaio, consultor em aviação. Na semana passada, a empresa demitiu comissários de vôos internacionais. Já havia reduzido seu número de aviões para seis. Do total, um deles ficava de reserva.Segundo Graziela Baggio, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, a expectativa dos funcionários é que o governo decida intervir na empresa. "Essa crise da BRA poderá causar transtornos monstruosos, aumentando ainda mais a concentração do mercado", disse. TAM e Gol têm hoje cerca de 90% do mercado.Segundo uma funcionária que não quis ser identificada, anteontem houve reunião às pressas com investidores para tentar manter a BRA de pé. Ela disse que foi avisada pelo chefe de que o salário, a ser pago hoje, tinha sido cancelado.A BRA chegou a ter planos ambiciosos de expansão, como a compra de aviões da Embraer. Marcou reunião no BNDES para pedir financiamento, mas não compareceu. O problema, segundo executivos do setor, era a dificuldade para dar garantias financeiras.