sábado, 4 de outubro de 2008

Eu desconfio

Eu desconfio dessa gente. Quando vejo Guido Mantega ou Henrique Meireles na televisão e no jornal falando que o Brasil vai saber enfrentar os efeitos da crise econômica nos Estados Unidos eu fico meio receoso. Meio? Eu fico receoso e meio. Parece que o Brasil se transformou numa ilha. Nada nos atinge e somos mais fortes do que todo mundo. Tenho medo das reservas acabarem logo. Ninguém sabe até quando vai durar a crise ou mesmo se o pacote de Bush vai ter mesmo efeito desejado. Eles estão tranqüilos demais. Eles estão gozando da cara dos americanos. Se a crise atravessar o Caribe e desembarcar por aqui não digam que eu não avisei. Tirem a tranqüilidade daqueles que dão risadas da desgraça alheia.

Decidir o futuro?

Detesto esta coisa de decidir o futuro. Quem quer decidir o futuro são os marxistas. A propaganda do TSE quer mostrar ao eleitor que o voto amanhã vai decidir o futuro da cidade. É mesmo? Se a gente pegar as eleições de 2004 e comparar com as deste ano será que o futuro mudou mesmo? Não! O futuro não será decidido amanhã. Nenhum prefeito, vereador ou mesmo marxista tem este direito. Com certeza muitos candidatos vagabundos serão eleitos ou reeleitos e terão também os ingênuos que acham que vão fazer tudo o que prometeram. Quando chegarem ao Paço Municipal perceberão que não será bem assim. Não, minha gente. Um prefeito ou um vereador não tem o direito de decidir o futuro de ninguém. Tem sim que cumprir a Lei, fazer valer o que diz a Constituição. E nada de pensar em mudar o futuro. Deixem o futuro nas mãos de Deus. Estará em boas e limpas mãos.

"Uma reforma mais radical" por Diogo Mainardi

Eu sou um ardoroso defensor da reforma ortográfica. A perspectiva de ser lido em Bafatá, no interior da Guiné-Bissau, da mesma maneira que sou lido em Carinhanha, no interior da Bahia, me enche de entusiasmo. Eu sempre soube que a maior barreira para o meu sucesso em Bafatá era o C mudo. Aguarde-me, Bafatá!
Nossa linguagem escrita está repleta de letras inúteis. A rigor, todas elas. Abolir o trema ou o acento agudo de alguns ditongos deveria ser apenas o primeiro passo para abolir o resto do alfabeto. Se os italianos decidissem abolir a linguagem escrita, perderiam Dante Alighieri. Se os brasileiros decidissem abolir a linguagem escrita, conseguiriam libertar-se de José Sarney.
José Sarney idealizou a reforma ortográfica em 1990. Ela foi escanteada por praticamente duas décadas, até a semana passada, quando Lula a sancionou. A posteridade se recordará da reforma ortográfica como a grande obra de José Sarney, ao lado da emenda parlamentar que permitiu ampliar o aeroporto internacional do Amapá para o atendimento de 700 000 passageiros.
Para os brasileiros, a reforma ortográfica tem um efeito nulo. Ninguém sabia escrever direito antes dela, ninguém saberá escrever direito depois. O caso dos portugueses é mais complicado. Eles concordaram em abrasileirar sua ortografia. Isso acarretou a necessidade de abdicar de um monte de consoantes duplas herdadas do latim. Alguém ainda se lembra de José de Anchieta? Quando ele desembarcou no Brasil, abdicou do latim e passou a rezar em tupi, para poder se comunicar com os canibais. Foi o que os portugueses, mais uma vez, concordaram em fazer agora: para poder se comunicar com os canibais – Quem? Eu? –, adotaram sua língua.
Eu entendo perfeitamente o empenho dos brasileiros em deslatinizar a língua escrita. De certo modo, o latim representa tudo o que rejeitamos: os valores morais, o rigor poético, o conhecimento científico, o respeito às leis, a simetria das formas, o pensamento filosófico, a harmonia com o passado, o estudo religioso. Ele encarna todos os conceitos da cultura ocidental que conseguimos abandonar. Eliminando o C e o P de certas palavras, Portugal poderá se desgrudar da Europa e ancorar na terra dos tupinambás.
Eu já enfrentei outra reforma ortográfica. Em 1971, durante a ditadura militar, Jarbas Passarinho, por decreto, cancelou uma série de acentos. Além do Brasil, só a China de Mao Tsé-tung pensou em fazer duas reformas ortográficas em menos de quarenta anos. Quando a reforma ortográfica de Jarbas Passarinho foi implementada, eu acabara de me alfabetizar. O resultado desse abuso foi despertar em mim uma salutar ojeriza pela escola. Nos anos seguintes, a única tarefa didática que desempenhei com interesse foi me lambuzar com cola Tenaz e, depois de seca, despelá-la aos pedacinhos. Meus amigos fizeram o mesmo. O analfabetismo causado pela reforma ortográfica de 1971 – e pela cola Tenaz – impediu que muitos de nós nos transformássemos em algo parecido com José Sarney. Espero que a reforma ortográfica de 2008 tenha um resultado semelhante. Em Carinhanha e em Bafatá.

Uma vaga para três desesperados

Por Ana Paula Verly, Carlos Braga e Fernanda Thurler
no Jornal do Brasil

A disputa por um lugar no segundo turno está cada vez mais acirrada entre Fernando Gabeira (PV), Jandira Feghali (PCdoB) e Marcelo Crivella (PRB). A dois dias da eleição, os três candidatos – que nas últimas pesquisas de intenção de voto brigam pela segunda posição, atrás de Eduardo Paes (PMDB) – mostraram sinais de que estão desesperados para continuar na corrida para a Prefeitura do Rio. O candidato verde, que até então garantia que os cargos administrativos seriam ocupados apenas por técnicos, abriu a guarda e admitiu a possibilidade de empregar aliados políticos. Jandira e Crivella tiraram da manga a mesma carta. Ambos apresentaram novos resultados de pesquisas, de institutos diferentes, divulgadas no site do jornal O Dia e que apontavam a candidata comunista em segundo e o senador em primeiro lugar.
Marcelo Crivella chegou a Bonsucesso (Zona Norte) comentando números de uma pesquisa do Ibope que o colocava à frente do candidato peemedebista: 29% contra 27%. Gabeira e Jandira apareciam empatados com 10%.
– Essa é a realidade que nós encontramos nas ruas. Trabalhamos com um número acima de 25 pontos – comemorou Crivella.
Durante os 30 minutos que o senador ficou no bairro, o locutor oficial da campanha anunciava no microfone:
– Está aí o candidato líder das pesquisas, Marcelo Crivella.
Segundo a assessoria do candidato, a pesquisa fora divulgada na quinta-feira à noite no site de notícias. O JB entrou em contato com a equipe do site, que confirmou o erro, mas informou que a correção foi feita minutos depois.
Certo de que disputará o segundo turno com Eduardo Paes, Crivella insinuou alianças com o PT e voltou a tachar o peemedebista de candidato dos ricos e definiu-se como o representante dos pobres e melhor candidato para os eleitores daquela região.
– Quero o apoio do índio ao cardeal. Seria muito bom contar com o Alessandro Molon no segundo turno – ressaltou. – Mas, sobre o segundo turno, como numa final de Fla-Flu, o técnico não diz como vai ganhar o jogo, nem como vai escalar o time. Portanto, terão de esperar até domingo.

Medida judicial

Outra pesquisa, do Datafolha, que teria sido divulgada no mesmo site e dava Jandira Feghali com 19%, atrás apenas de Eduardo Paes, com 29%, deixou a candidata e militantes do PCdoB eufóricos e revoltados. A alegria vinha da posição mais confortável na disputa, com um pé no segundo turno. A raiva se devia ao pouco tempo que a pesquisa foi exposta no site. Segundo Jandira, a notícia teria ficado pouquíssimo tempo no ar e foi retirada de forma repentina, rapidez que ela considerou suspeita. Na suposta pesquisa, Gabeira aparecia com 17% e Crivella com 10%.
– Vamos entrar na Justiça para exigir a divulgação dessa pesquisa. Ela foi retirada do ar, mas nós tivemos tempo de imprimi-la – garantiu a candidata.
O Datafolha, porém, informou que sua pesquisa mais recente foi divulgada na quarta-feira. Nela, Jandira Feghali está em terceiro lugar, com 12%, atrás de Gabeira (17%); Crivella (19%); e Paes, (29%). O site admitiu erro também neste caso.

Gabeira com aliados

Com a possibilidade de estar no segundo turno, Fernando Gabeira (PV) começa a mudar o tom do discurso. Pela primeira vez na campanha, admitiu, ontem, a possibilidade de ocupar os cargos públicos de seu governo com aliados políticos, desde que mostrem competência. A dança-das-cadeiras deverá começar já a partir do resultado de amanhã, caso o candidato saia vitorioso.
– A negociação de cargos acontecerá com as pessoas que tenham competência técnica e honradez, que podem ser ou não do partido – adiantou Gabeira, sem revelar os nomes cotados.

PMDB, PSDB e PT projetam eleger mais prefeitos; DEM deve perder municípios

Por Fernando Rodrigues
na Folha de São Paulo

Projeções dos partidos para as eleições de amanhã indicam uma alteração no grupo dos quatro maiores partidos em número de prefeitos. O G4 perde o DEM (ex-PFL) e pode assistir à entrada do PP -partido de Paulo Maluf, que aderiu ao governo Lula no plano federal e espera ter sucesso em dezenas de cidades pequenas no interior. PMDB, PSDB e PT, pela ordem, ficam nas três primeiras colocações.As projeções obtidas pela Folha nem sempre são expressas em público pelos dirigentes partidários, mas são esses os números que orientam os políticos. O PT é o mais otimista ao estimar o avanço percentual que pretende eleger.A avaliação do partido de Lula é sair dos 411 eleitos em 2004 para algo próximo de 700, uma alta de 70%. A imensa maioria dessas possíveis novas cidades petistas está localizada no Nordeste e em regiões onde o partido nunca se firmou eleitoralmente no passado.Os petistas sabem, entretanto, que é limitado o efeito político de conquistar muitas cidades nos "grotões do país", como Tancredo Neves (1910-1985) costumava se referir às localidades muito afastadas. Há um certo temor de que o eventual fracasso em capitais como São Paulo, Salvador e Porto Alegre tire todo o brilho do aumento nominal de prefeitos da sigla.Já o DEM passa por cenário inverso ao do PT. Oposição ao governo federal, a sigla está em franca decadência em cidades pequenas. Elegeu 790 prefeitos em 2004 e hoje já caiu para 670.Nas previsões dos seus dirigentes, deve sair das urnas ainda pior, com algo em torno de 430 prefeitos -uma queda não desprezível de 45,6%.Apesar dessa razia nos seus domínios municipais, o clima entre os democratas é de euforia pelo ineditismo da candidatura de Gilberto Kassab na disputa paulistana. Se ele tiver sucesso passando ao segundo turno amanhã, o DEM acredita que o feito compensará com folga a quase expulsão de seus políticos dos grotões -para onde estaria caminhando o PT, em parte por causa da alta popularidade presidencial e de programas de distribuição de renda como o Bolsa Família.O PSDB pela primeira vez em muitos anos poderá assistir a um segundo turno sem nenhum candidato próprio com chance de vitória nas capitais do chamado "Triângulo das Bermudas" da política brasileira: São Paulo, Rio e Belo Horizonte. O cenário menos dramático é o de Minas Gerais, onde os tucanos apóiam Márcio Lacerda (PSB), o favorito.Mas essa é apenas uma parte do cenário tucano. O partido projeta sair da eleição maior do que entrou em número de cidades governadas. Em 2004, elegeu 871 prefeitos. Pelas contas da sigla, pode chegar agora a 1.000 -alta de 14,8% sobre o obtido quatro anos atrás.Líder absoluto em número de cidades, o PMDB espera ampliar a vantagem. Na base da infidelidade partidária, a legenda já inflou seus 1.057 prefeitos eleitos em 2004 para 1.212 agora. A expectativa dos dirigentes é manter 1.200 -aumento de 13,5% sobre quatro anos atrás.
Surpresa
A possível surpresa na parte de cima do quadro de prefeitos pode ser o PP -um partido derivado diretamente da Arena, legenda de sustentação da ditadura militar (1964-1985).Os pepistas vinham perdendo posições de maneira constante desde 1996. Em 2004, conquistaram 552 prefeitos.Agora, aliados a Lula, esperam subir para 700. O comando do Ministério das Cidades nas mãos da agremiação é apontado como o fator principal do sucesso projetado para amanhã.

PF acusa filho de Sarney de traficar influência em estatal

Por Elvira Lobato
na Folha de São Paulo

A Polícia Federal do Maranhão acusa o empresário Fernando Sarney -filho do ex-presidente José Sarney- de tráfico de influência no Ministério de Minas e Energia, na Eletrobrás, na Eletronorte, na Valec (estatal do Ministério dos Transportes responsável pela construção da Ferrovia Norte-Sul) e na Caixa Econômica Federal, para favorecer negócios privados. Fernando Sarney diz ser um homem do setor privado e atribui as acusações a "interesses políticos".O inquérito policial começou em 2006 para investigar a suposta utilização de recursos de caixa dois na campanha de Roseana Sarney ao governo do Estado, quando disputou e perdeu a eleição para Jackson Lago (PDT). A operação foi batizada de Boi Barrica, grupo folclórico maranhense.A investigação migrou do financiamento da campanha para a influência de Fernando Sarney e de dois empresários ligados a ele -Gianfranco Vitorio Artur Perasso e Flávio Barbosa Lima- na intermediação de negócios privados com estatais. Os dois empresários foram sócios de Fernando Sarney e se formaram engenheiros na mesma turma da USP.Em agosto, a PF pediu a prisão preventiva de Fernando Sarney e do agente da Polícia Federal Aluisio Guimarães Mendes Filho, de Brasília, que teria lhe repassado informações sobre a investigação.O juiz da 1ª Vara Federal Criminal de São Luiz, Neian Milhomem Cruz, negou o pedido de prisão. Porém, antes da negativa, Fernando Sarney já havia obtido habeas corpus preventivo no Superior Tribunal de Justiça para não ser preso.
Ex-ministro
O ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau é apontado pela PF como integrante ativo do esquema. O atual ministro, Edison Lobão, também é citado como alvo de influência. Os dirigentes de estatais abordados pelo grupo, mencionados no relatório, são maranhenses, e com ligações históricas com a família Sarney.Astrogildo Quental, diretor financeiro da Eletrobrás, foi secretário estadual de Infra-Estrutura do Maranhão no governo de Roseana. Ulisses Assad, diretor de engenharia da Valec, responsável pelas licitações para construção da ferrovia Norte-Sul, foi diretor da Caema (Cia. de Águas e Esgoto do Maranhão), também no governo de Edison Lobão (1991-1994).A investigação foi conduzida pelos delegados Márcio Adriano Anselmo e Thiago Monjardim Santos, ambos de São Luís. Fernando Sarney, sua mulher, Tereza Murad Sarney, e Ana Clara Sarney, uma das filhas do casal, tiveram os sigilos telefônico, fiscal e bancário quebrados. Fernando Sarney teve os telefones grampeados por autorização judicial em dois momentos: no início do inquérito, em 2006, e neste ano.A PF pediu o bloqueio das contas bancárias de Fernando Sarney, da mulher e da filha. A mesma providência foi pedida em relação ao ex-ministro Silas Rondeau, ao diretor da Valec Ulisses Assad, ao diretor da Eletrobrás, Astrogildo Quental, e aos empresários Flávio Lima e Gianfranco Perasso.A polícia pediu o rastreamento de bens e o bloqueio de contas bancárias de 14 pessoas e de 13 empresas, que fariam parte do suposto esquema.
Negócios
Ao monitorar telefonemas e e-mails de Fernando Sarney, Flávio Lima e Gianfranco Perasso, a PF afirma ter flagrado um pagamento de R$ 160 mil efetuado pela construtora EIT (Empresa Industrial Técnica) à PBL Construtora -de Gianfranco e Flávio Lima-, supostamente como compensação por ter sido subcontratada para obras na Ferrovia Norte Sul, por intermediação de Fernando Sarney.O relatório da PF transcreve telefonemas recheados de palavrões, em que Flávio Lima pressiona a EIT a efetuar o pagamento, sob risco de não ser contratada para um outro lote da Norte-Sul cujo contrato já estaria com Fernando Sarney.Em conversa com um funcionário da EIT identificado como Rodrigo, ele ameaça retaliar a empresa na Petrobras e na Eletrobrás. Diz que iria se encontrar com Silas Rondeau, que é conselheiro da Petrobras, e com Astrogildo Quental, diretor da Eletrobrás.Depois de ameaçar a empresa, ele diz que iria vistoriar a obra da EIT na Ferrovia Norte-Sul com Fernando (Sarney) e o diretor da Valec.""Sabe quem vai chegar com Fernando e com Ulisses para fazer a porra da vistoria na sexta-feira? Sou eu!" O pagamento, segundo a PF, foi efetuado duas semanas depois do telefonema descrito.
Nomeação
Além de intermediar encontros entre empresas privadas da área de energia elétrica com o diretor financeiro da Eletrobrás, Fernando Sarney, segundo a Polícia Federal, indicou pelo menos um diretor para a Eletrobrás: Ronaldo Braga, diretor comercial da área de distribuição, que reúne as empresas estaduais energéticas que foram federalizadas (Piauí, Rondônia, Acre, Alagoas e Amazonas).Segundo relatório da PF, Astrogildo Quental ligou para o celular de Fernando Sarney, no dia 21 de maio último, e comunicou a "boa notícia" da nomeação de Braga. "Astrogildo fala que foi uma conquista boa" e que havia acordado a indicação com o ministro Edison Lobão naquela manhã. Ato contínuo, Braga envia o currículo para que Gianfranco o examine, para ser entregue ao governo. No mesmo dia, a PF grava ligação de Gianfranco em que ele diz que a diretoria que Braga passou a ocupar "é o principal cargo para os nossos pleitos".

Lula elogia o Proer, programa feito por FHC

Por João Domingos
no Estado de São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou o Proer, programa econômico feito pelo antecessor Fernando Henrique Cardoso, para ajudar bancos em dificuldades. Lula disse também que em seu governo jamais baixará um pacote econômico. Apenas vigiará a crise "com lupa", para se antecipar a qualquer ameaça de tempestade econômica que aparecer. Lula atribuiu ainda à sua "competência" e não ao fator sorte o fato de o Brasil estar, segundo ele, imune à crise econômica que começou nos Estados Unidos e se alastrou para a Europa. Lula fez as declarações na cerimônia de 70 anos do Sindicato dos Químicos do ABC, realizada ontem, em Santo André. Ao se referir ao Proer, lembrou que a iniciativa custou U$ 24 bilhões, enquanto que o pacote de salvação dos bancos norte-americanos é de U$ 850 bilhões e ninguém sabe ainda ao certo o que vai acontecer. Para Lula, o Brasil tem condições de enfrentar a crise atual porque hoje seu comércio com os Estados Unidos representa 15% e não mais 40%, como antes. "Hoje temos outros parceiros e os países emergentes têm dólar estocado", disse. Apesar dos elogios ao Proer, Lula criticou a gestão de Fernando Henrique Cardoso. Disse que durante a crise asiática, da Rússia e do México, infinitamente menor do que a atual, o Brasil quebrou duas vezes. Tudo isso aconteceu, segundo o presidente, porque outros dirigentes não tiveram coragem de tomar iniciativas. Ele, pelo contrário, afirnou, fez de tudo para se preparar para eventuais problemas. "Em 2003, apostei minha credibilidade política para consertar a política econômica. Cortei na veia".O resultado, disse Lula, pode ser comprovado agora. "Nos últimos cinco anos, só emprego com carteira assinada, foram 10 milhões, contra 8 milhões de desempregos há 10 anos". Ele atacou os "palpiteiros". "Alguns podem dizer: ''é sorte, a economia estava boa quando ele entrou. Não foi nada disso. Foi graças a esses sacrifícios que fizemos que agora estamos comemorando. Fico pensando quanta gente gostaria de estar na minha pele agora. Tudo está crescendo. Até os jornais estão contratando mais gente. Tem jornal agora até de R$ 0,50", disse Lula.Lula aproveitou para anunciar uma série de investimentos: quatro refinarias em Pernambuco, Maranhão, Ceará e Rio Grande do Norte e cinco novas siderúrgicas no País. Disse que conversou com a Vale para que passe a processar minérios no Brasil, em vez de só exportar a matéria-prima.

Obama e McCain pedem benefícios a cidadão comum

Por Daniel Bergamasco
na Folha de São Paulo

Depois de aprovado o pacote de socorro a Wall Street, os candidatos Barack Obama e John McCain, que o apoiaram, pediram ontem cautela para o governo americano no manejo dos US$ 700 bilhões que serão usados para impedir a quebra de instituições financeiras.Tanto Obama, do Partido Democrata, quanto McCain, do Partido Republicano, afirmam ter se empenhado no convencimento dos legisladores, mas que agora é preciso tomar medidas para que cidadãos comuns sejam beneficiados.Obama, candidato da oposição, pediu "maturidade" ao secretário do Tesouro, Henry Paulson. "Agora o Tesouro tem autoridade para trabalhar com a modificação de crédito imobiliário para prevenir execuções das hipotecas. Ele tem de vir com projetos para fazer isso."McCain -que é apoiado por Bush, mas tenta se distanciar da imagem desgastada de sua gestão, cuja aprovação caiu para 27%- ponderou que a aprovação do pacote não é a solução para a crise americana. "Nossa economia ainda está nos afligindo, afligindo muito. Ações futuras são necessárias e não deverá ser preciso uma crise para fazer o país agir."

Muitas dúvidas sobre o plano de socorro

Por Osmar Freitas Júnior
no Jornal do Brasil

A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou por 263 votos contra 171, o pacote de estímulos para recuperação econômica do país. Com versão original rejeitada na segunda-feira passada, coube ao Senado alterar o conteúdo das medidas, aprová-lo na quarta-feira, e remeter a nova versão para outra votação na Assembléia. A princípio, o Tesouro americano pedia US$ 700 bilhões em um plano apresentado em três folhas de papel.
Entre as idas e vindas pelo Congresso, o documento ganhou mais de 400 páginas, e sofreu inflação de US$ 110 bilhões no custo final. O valor agregado provém de incentivos, que nada têm a ver com o combate à crise monetária. Serviram, porém, para mudar os votos de deputados contrários ao primeiro projeto.

Incentivos supérfluos

Na conta final, incluíram-se, por exemplo, incentivos fiscais à indústria de flechas de brinquedo, e à produção de rum em Porto Rico – país que nunca pareceu desencorajado no trato com este tipo de bebida. De todo modo, a sanção gerou alívio geral, ainda que a maioria dos analistas não acredite que esta seja a solução final para para o problema.
A importância do plano já era sentida pelo fato de merecer agora nome próprio de batismo: Troubled Asset Relief Plan (Tarp) ( algo como plano de alívio para patrimônios prejudicados). O presidente George W. Bush, no mesmo dia, deu chancela ao decreto. O Tesouro deve começar imediatamente leilões de compras de papéis de empréstimos podres: primeiro de bancos regionais com problemas, depois de empresas de investimento.
– Trata-se de um band-aid para quem está com hemorragia, mas foi necessário. Sem ele o paciente morreria mais cedo – sentienciou o megainvestidor George Soros, do Soros Found Management.
O professor de finanças Jacob Yarrof, da Universidade da Califórnia, usou para o JB, imagem didática original sobre a situação.
– É como se um herói de filme tivesse sido jogado para fora de um avião. Estava em queda livre, com velocidade aumentando rapidamente. Se ninguém tomasse providências, ele se esborracharia no chão. Mas lhe jogaram um pára-quedas. O corpo continua caindo, só que poderá fazê-lo mais devagar – avalia Yarrof.
Neste primeiro momento, o instrumento ainda não foi vestido e, portanto, o que se tem é apenas uma esperança. Assim que se ativar o pára-quedas, será preciso controlá-lo muito bem.
Na opinião do professor de finanças, o herói deseja pousar de maneira suave. Se for destrambelhado, não agir com inteligência, ele pode chocar-se contra uma árvore e quebrar o pescoço. Ou, ainda, machucar os pés numa aterrissagem acidentada, o que o impediria de sair dali e procurar escalar uma montanha para chegar numa cidade e resumir sua vida normal.
Outro analista econômico, Paul Kedrosky, ao prever o futuro, dispensa fabulário e vai direto ao ponto:
– O enxugamento do crédito no mercado vai acalmar um pouco, mas os spreads vão continuar gigantescos, com taxas devastadoras para os tomadores de empréstimos. O Fed vai baixar as taxas de juros ainda mais, levando-as a um território igual ao japonês, com percentagem zero. Não mudará a situação, apenas aliviará a pressão – sentencia Kedrosky. – Algum tempo depois das eleições presidenciais, com o mercado de crédito ainda caótico, bancos caindo por todos os lados, e sem vislumbre de final da crise no horizonte, o novo presidente terá de arquitetar um Tarp II.
O analista acredita que, no topo da agenda, constarão os itens mais estímulos fiscais e recapitalização do sistema bancário, com o governo escolhendo os beneficiários favoritos.
A antecipação de novas medidas já começará, do outro lado do Atlântico, no sábado, quando autoridades econômicas do Reino Unido, França, Itália e Alemanha se reunirão em Paris. A meta é a confecção de pacote próprio para proteger a União Européia e ajudar a aliviar a crise também nos Estados Unidos. Mas o próximo presidente americano só assumirá em cerca de quatro meses, e antes disso o mercado globalizado não sabe ao certo, com que filosofia de tratamento poderá recuperar a economia doente.

Dinheiro do pacote será liberado em parcelas

No Estado de São Paulo

O dinheiro do pacote será liberado em partes: primeiro US$ 250 bilhões, seguidos de US$ 100 bilhões, a pedido do presidente Bush, e os restantes US$ 350 bilhões precisam ser aprovados pelo Congresso. Parte desse dinheiro pode ser recuperado quando o governo vender os papéis, se os preços até lá tiverem se recuperado. O projeto inclui limites para remuneração de executivos de bancos participantes, possibilidade de o governo ganhar participação acionária nas instituições. Também foi adotada uma medida de recuperação de perdas: se o Tesouro, ao vender os títulos adquiridos dos bancos, tiver prejuízo depois de cinco anos, o Congresso deve desenvolver um programa para que as instituições financeiras reembolsem o governo.

Plano passa, mas pessimismo persiste

Por Sérgio Dávila
na Folha de São Paulo

Quinze dias depois de o secretário do Tesouro levar ao Congresso dos EUA duas páginas e meia com um plano que dava plenos poderes ao governo para fazer a maior intervenção nos mercados financeiros da história do país, o projeto foi aprovado e virou lei.Mas, numa medida do pessimismo em relação à economia dos EUA e global, as Bolsas fecharam o dia em queda, embaladas por dados negativos sobre a economia não-financeira.A versão que o Legislativo mandou de volta à mesa do presidente George W. Bush, que a assinou às 14h48 locais de ontem, tinha 451 páginas e incluía limitações e salvaguardas.Ainda assim, o principal da foi mantido: nos próximos dias, semanas e meses, e por até dois anos, o titular do Tesouro poderá gastar até US$ 700 bilhões na compra de títulos ligados a empréstimos hipotecários ruins de empresas com dificuldades financeiras, papéis chamados de "podres" ou "tóxicos". Com isso, espera-se, o mercado financeiro será recapitalizado, num efeito dominó que desengessaria a economia.É o testamento econômico de um governo que tem mais 30 dias de poder de fato e a Guerra do Iraque no currículo. "Sei que alguns americanos estão preocupados com essa lei, especialmente quanto ao papel do governo e o custo total", disse Bush, ao saudar a aprovação. "Como forte apoiador do livre mercado, acredito que intervenção governamental deva ocorrer só quando necessária. Nessa situação, a ação era claramente necessária."No momento da aprovação da lei pela Câmara dos Deputados, a Bolsa de Nova York subia 200 pontos. Mas, no fim do dia, recuou 1,5%, encerrando sua pior semana desde os ataques de 11 de setembro de 2001.A queda foi embalada pela divulgação dos números do desemprego, o nono mês seguido de redução de vagas. Esse e outros índices recentes sinalizam que a chamada "economia real" já foi atingida pela crise financeira, o que significa que o plano pode ter saído tarde demais para ter o efeito desejado."Isso não é uma panacéia", disse o megainvestidor Warren Buffett. "Não resolve todos os nossos problemas. Só que teria sido um desastre completo se não tivesse passado.""O pacote vai encerrar o pânico alimentado deliberadamente pelo governo Bush para conseguir passar sua operação-resgate pelo Congresso", disse Dean Baker, do Centro para Pesquisa de Políticas Econômicas. "Fora isso, vai fazer muito pouco para conter a recessão."A lei foi aprovada por 263 votos a favor, ante 171 contra. Foi o fim de uma novela legislativa, em que líderes dos dois partidos majoritários negociaram ferozmente com suas bases e o governo republicano e foram surpreendidos pelo efeito da reação popular contrária nos votos.

É só dar dindin que eles calam

Começo de 2007. O governador Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, começa o seu governo (seu mesmo, afinal, assumira o cargo em abril de 2006) falando que o Estado estava quebrado, que não tinha dinheiro no cofre. Como assim? O Tempo Novo não tinha dado um jeito na enorme dívida que o Tempo Velho havia deixado? Pois é. Cidinho disse que seria necessário fazer uma reforma administrativa, colocar as coisas no lugar e acabar com o estado paquidérmico. E a reforma não saía do papel. Cidinho dizia que amanhã sairia. O amanhã era hoje e nada de reforma. E da-lhe editoriais e colunas pedindo a reforma, questionando a falta de grana. Fomos enganados pela propaganda temponovista.
O começo do governo Cidinho foi difícil. A imprensa pegava no pé. Queria saber das coisas, da reforma administrativa que nunca saía do papel. De repente a reforma sai. Cargos são cortados, secretarias eliminadas. Tempos depois as pessoas que saíram foram sendo recolocadas em outros órgãos. E a imprensa goiana foi se calando. As críticas quanto a reforma foram ficando nos arquivos.
Cadê a imprensa que cobrava ação do governo? Cadê os editoriais e as colunas que pediam ação imediata para tapar os buracos nos cofres públicos? Cadê o dinheiro? O gato comeu? Cidinho agora tem grana. E mesmo brigado com Marconi Perillo faz que nem ele: dá dinheiro para a imprensa através de publicidade estatal. E a imprensa agradece. Nada de cobranças. Só fotos de Cidinho inaugurando obras. É só dar dindin que eles calam. Espera só a torneira secar de novo. É só ler a chiadeira nos editoriais e nas colunas e saberá que alguma coisa não saiu lá do Palácio das Esmeraldas. Aqui a imprensa não fica de olho nos políticos. Prefere passar o boné.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A diversão de Guido Mantega

Guido Mantega está achando o maior barato os Estados Unidos estarem enfrentando esta crise financeira. Ele disse a empresários que a robustez da economia dos países emergentes comparado com a economia dos países desenvolvidos é a “vingança dos colonizados”. É mesmo! O Brasil sempre pensa como se fosse ainda uma colônia. O Brasil sempre se acha vítima de tudo e de todos. Nós nunca seremos livres, independentes. Sempre seremos estes colonizados que se divertem quando o colonizador tropeça. Mas tem aquele velho ditado: Quem ri por último ri melhor. Vamos ver que rirá e quem se divertirá por último nas próximas reuniões do FMI.

Bush sanciona lei que prevê US$ 700 bilhões contra a crise

No Estadão online

SÃO PAULO - O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, assinou nesta sexta-feira, 3, a lei que autoriza a utilização de US$ 700 bilhões para que o Tesouro compre ativos podres de instituições financeiras e mais US$ 150 bilhões em incentivos fiscais e garantias a pequenos e médios bancos. O projeto foi aprovado nesta tarde pela Câmara dos Representantes por 263 votos a 171. Em discurso na Casa Branca, porém, Bush afirmou que os "americanos devem também esperar que leve algum tempo para que a legislação tenha seu total impacto sentido em nossa economia". O presidente aplaudiu a aprovação do pacote de resgate pela Câmara dos Representantes, que"é essencial para ajudar a economia a enfrentar a crise financeira".

Ele reconheceu a ampla preocupação sobre usar o dinheiro do contribuinte para salvar bancos, mas disse que o custo final será "bem menor" do que o gasto inicial do governo, uma vez que o plano é vender os ativos problemáticos de volta para o mercado assim que este se recuperar.

O Departamento do Tesouro dos EUA tem agora 45 dias para elaborar a regulamentação do pacote. Lobistas do setor já tentam influenciar esse processo. "A lei é muito vaga e, por isso, uma de nossas preocupações é que agora é que o trabalho vai começar", disse o presidente da associação Independent Community Bankers of America, Camden Fine. Para ele, a maneira como os funcionários do Tesouro vão interpretar a lei "determinará em grande parte como o sistema inteiro vai funcionar".

Entre as dúvidas a serem resolvidas pelo Tesouro estarão a definição dos tipos de ativos "podres" que o governo vai comprar, o mecanismo de definição de preços, como as operações de compra serão estruturadas e se empresas que não sejam norte-americanas poderão participar.

A diretora executiva de operações da American Bankers Association, Diane Casey-Landry, disse que sua organização já conversou com funcionários do Tesouro e com autoridades reguladoras e que espera que as normas sejam elaboradas "muito rapidamente".

Segundo Casey-Landry, os bancos comerciais estão preocupados com a forma de precificação dos ativos a serem comprados pelo Tesouro em comparação com créditos. "A formação de preço é absolutamente crítica. Os preços não poderão ficar no piso do mercado, mas estabelecer o próprio mercado", acrescentou.

Rejeição

Na segunda-feira passada, 29, a Câmara havia rejeitado a primeira versão do pacote por 228 votos a 205. Depois que o Senado ampliou a proposta com medidas de caráter popular, vários deputados disseram que mudariam seus votos.

O pacote revisado incluiu "agrados" aos republicanos, principais responsáveis pelo veto à primeira versão da lei. O novo projeto prevê mais de US$ 150 bilhões em incentivos fiscais a empresas. Entre as mudanças no texto, está também o aumento no limite do seguro federal para contas correntes, de US$ 100 mil para US$ 250 mil, válido por um ano; a prorrogação de vários incentivos fiscais para empresas e mudanças em impostos.

Também foi inserida na lei medida obrigando seguradoras a cobrirem tratamento de doenças mentais e outra que prevê incentivos fiscais para energia renovável, como eólica e solar, além de deduções no imposto para vítimas de furacão e enchente, e auxílio a escolas rurais.

A primeira versão do pacote, apresentada pelo secretário do Tesouro, Henry Paulson, tinha apenas 3 páginas. A versão rejeitada pela Câmara tinha 110 páginas e o projeto aprovado na quarta no Senado tem mais de 450.

Câmara aprova pacote bilionário para setor financeiro nos EUA

Na Folha online

A Casa dos Representantes (deputados) aprovou nesta sexta-feira o plano de ajuda bilionária ao setor financeiro proposto pelo governo americano, endossando assim a decisão do Senado tomada na quarta-feira (1). A aprovação coloca na mão do secretário do Tesouro, Henry Paulson, US$ 700 bilhões para tentar reverter a crise que começou nos Estados Unidos e abala o mercado financeiro mundial.
O pacote recebeu 263 votos a favor (sendo 91 republicanos e 172 democratas) e 171 votos contra (108 republicanos e 63 democratas).
Assim que o presidente George W. Bush sancionar o texto, o projeto vira lei. Mais cedo, os deputados haviam decidido que o pacote iria à votação
sem sofrer emendas, o que evita a necessidade de nova discussão.
Os deputados mudaram de opinião --a proposta foi rejeitada na última segunda-feira por 228 votos contra e 205 a favor-- depois de acrescentados itens que "adoçaram" o remédio que parecia apenas destinado a salvar o setor financeiro. Entre os itens incluídos pelo Senado estão US$ 150 bilhões em isenções e benefícios fiscais para a classe média, pequenos empresários e famílias atingidas por acidentes naturais.
Paulson agora tem a anuência do Congresso para comprar um artigo conhecido por um nome pouco atraente: títulos "podres", ou papéis cujo resgate é muito improvável --conseqüentemente, cujo risco de calote é alto. A maioria destes ativos são ligados às hipotecas "subprime" (de alto risco), raiz da crise financeira que atinge os EUA.
Ainda que muito aguardado, o pacote aparentemente não bastou para convencer o mercado financeiro. Um dia depois do "sim" do Senado, a maior parte das
Bolsas asiáticas fecharam em queda; as européias subiram ao longo do dia, mas fecharam em baixa.
Em Wall Street, a quinta-feira foi de forte retração, influenciada por dados sobre o setor industrial e pedidos de seguro-desemprego. O temor é que o pacote não tenha chegado a tempo para evitar a "R-word" (a forma como o mercado financeiro se refere à recessão). No Brasil, a Bovespa fechou ontem em baixa de mais de 7%.
Além disso, ontem o
FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgou documento no qual considera que o que começou como uma turbulência financeira há pouco mais de um ano, se tornou uma "crise intensa", que deve atingir duramente a economia dos EUA.
"[É] particularmente crucial que os poderes públicos adotem medidas enérgicas para favorecer o restabelecimento dos fundos próprios no sistema financeiro", diz o documento, que teve trechos divulgados ontem. "A reviravolta da conjuntura dos EUA pode ser mais violenta e pode evoluir para uma recessão."

Dólar vai a R$ 2,02 com temor de asfixia no crédito e recessão global

Por Fernando Dantas
no Estado de São Paulo

Nada parece aliviar os mercados. A aprovação pelo Senado dos Estados Unidos, na noite da quarta-feira, do pacote de US$ 700 bilhões para sanear o sistema bancário não acalmou nem um pouco os mercados mundiais. A aprovação ainda pendente na Câmara dos Representantes, os temores de uma recessão global e a percepção crescente de que a crise bancária atinge também a Europa e até o Japão fizeram da quinta-feira outro dia negro, com fortes quedas nas bolsas, alta do dólar ante outras moedas e a continuidade da crescente asfixia do crédito interbancário. "O pacote do Senado americano pode ajudar, mas ainda temos de ver como eles vão operacionalizá-lo; de qualquer maneira, como a avalanche foi muito longe, não se deve esperar uma cura milagrosa", analisou Armínio Fraga, sócio e fundador da Gávea Investimentos, e ex-presidente do Banco Central (BC).No Brasil, a quinta-feira foi particularmente ruim, com alta de 5,37% do dólar comercial, que fechou em R$ 2,021, superando o nível de R$ 2 pela primeira vez desde 29 de agosto de 2007. O Índice Bovespa caiu 7,34%, para 46.145 pontos, depois de ter perdido até 9,41% (chegando perto dos 10% que acionam o circuit breaker, o sistema que paralisa temporariamente as negociações). A ansiedade atingiu até os juros, que subiram, depois de terem caído de forma comportada durante alguns dias. Temores sobre novas perdas de grandes empresas com operações de derivativos e a preocupação com a liquidez de bancos pequenos (apesar do consenso sobre a solidez do sistema financeiro nacional) compuseram o quadro de mal-estar.No exterior, as notícias ruins vieram tanto do setor financeiro quanto da economia real. O site do jornal Financial Times informou que, em uma semana, houve queda de US$ 95 bilhões no volume de investimentos em "commercial papers" (CP) nos Estados Unidos - a maior queda semanal desde que o indicador começou a ser divulgado em 2001. Os CPs são uma fonte vital de crédito de curto prazo para empresas e bancos, e o aperto reflete a intensa retração do crédito interbancário.Na economia real americana, como nota Luís Fernando Lopes, sócio e economista-chefe da gestora de recursos Pátria Investimentos, "os indicadores são todos muito ruins, no desemprego, nos imóveis, na produção industrial". Ontem, foi divulgado que o índice de gerentes de compras da atividade industrial caiu de 49,9 em agosto para 43,5 em setembro, muito mais do que a projeção média de 49,5, e o nível mais baixo desde outubro de 2001. "O problema é que a economia pode já estar bem fraca, antes mesmo de que esta última fase mais violenta da crise se transmita à atividade", diz Gino Olivares, economista-chefe do Opportunity Asset Management. Outra preocupação é a disseminação da crise. "Caiu a ficha agora de que o negócio é muito sério e não se limita aos Estados Unidos, é global", acrescenta Olivares. Para Lopes, do Pátria, "os problemas são os mesmos nos Estados Unidos, na Europa Ocidental e no Japão, como a presença de investidores entupidos de derivativos dos quais ninguém sabe o valor".Ontem, o Índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, recuou 3,22%. A perda de valor de 1.240 empresas americanas acompanhadas pela Economática foi de US$ 560 bilhões. No Brasil, houve uma redução de R$ 91,6 bilhões no valor de mercado das ações das empresas que compõem o Ibovespa. A desvalorização do real ante o dólar em setembro, de 18,5%, perdeu para poucas moedas do mundo, como a coroa da Islândia (25%) e o dólar do Zimbábue (83%). Para Lopes, "o dólar não pode continuar a valorizar 5,5% num dia". Ele teme o efeito inflacionário e espera que o BC tenha uma estratégia para conter a desvalorização do real.

Biden e Palin escapam de gafes em debate

Por Sérgio Dávila
na Folha de São Paulo

O senador Joe Biden procurou ligar John McCain a George W. Bush, como havia sido instruído, e a governadora do Alasca, Sarah Palin, atacou Barack Obama e reforçou a imagem de independência de sua chapa, conforme o combinado. Mas os candidatos a vice da corrida presidencial norte-americana surpreenderam ao fazer o debate da noite de ontem sem fugir do figurino nem cometer nenhuma gafe grave.A surpresa pela ausência de derrapadas mais significativas revela a expectativa em relação ao encontro, que reuniria pela primeira e única vez uma neófita no cenário político nacional que vem causando má impressão por seu despreparo nas poucas interações com a imprensa e um senador veterano com conhecimento sólido em política externa, mas famoso por sua verborragia.A impressão foi confirmada por pelo menos um instantâneo, a pesquisa feita com telespectadores pela emissora CNN, divulgada no fim do debate.Para 84% dos ouvidos, Sarah Palin saiu-se melhor do que o esperado, ante 64% dos que tiveram a mesma opinião em relação a Biden. Os altos índices demonstram a baixa expectativa em relação a ambos. Para 51% dos ouvidos, o senador foi o vencedor, ante 36% que consideraram a governadora a melhor. Dos eleitores independentes, 46% consideraram que Biden venceu, 33% disseram que houve empate e 21% que Palin foi a vencedora.Biden começou repetindo o mantra de seu cabeça-de-chave, de que a crise atual é o testamento do republicano Bush e que a diferença fundamental entre a chapa democrata e a governista era uma mudança completa na política econômica. "Nós vamos focar na classe média, porque, quando a ela cresce, a economia cresce e todo mundo vai bem, não só ricos e grandes empresas", disse.Já Sarah abriu a noite imprimindo o tom "gente como a gente" que manteria até o final, se apresentando ao senador e pedindo para chamá-lo de "Joe" e dizendo que o verdadeiro barômetro da economia era um jogo de futebol num sábado de manhã, um programa típico de pais e filhos da classe média americana. "Aposto como você vai ouvir alguma apreensão" se for a um, disse.Na seqüência, diria que McCain era um verdadeiro independente. "Agora, Barack Obama, é claro, só votou praticamente com seu partido", atacou. "De fato, 96% de seus votos foram com os democratas, o que faz com que deixe de provar ao povo americano seu compromisso de colocar o partidarismo de lado, os interesses especiais de lado e resolver os problemas do povo."
Pontos decorados
A governadora do Alasca de 44 anos se saia melhor quando falava de improviso, sorrindo e olhando para o oponente. Foram poucas vezes. Logo olhava para a câmara e recitava pontos aparentemente decorados -a candidata chegou a se isolar no que foi apelidado de "acampamento de debate", no Arizona, para aperfeiçoar a técnica.Em seus piores momentos, quando o assunto era política externa, parecia insegura e por vezes recorria abertamente às fichas que trazia diante de si, que lia. Pronunciou de maneira errada os nomes dos países Irã e Iraque, do comandante norte-americano no Afeganistão, e repetiu um erro que popularizou Bush: dizer a palavra nuclear como "nucular".Já Biden, 65, se exprimia com mais segurança e naturalidade em assuntos de política externa, ao qual se dedica há décadas no Senado. Ele parecia menos simpático em geral, com expressão imóvel. Também engasgou por três vezes antes de dizer o nome de seu companheiro de chapa -a quem já chamou em uma ocasião de "Barack América". Em outro momento, suspirou alto.Palin fez uso freqüente de palavras ou expressões de uso popular e deu escorregadelas populistas, como quando disse: "Eu posso não responder o que a moderadora perguntou ou o que você [Joe Biden] quer ouvir, mas eu vou falar direto ao povo americano".Biden também procurou se aproximar da classe média, ao contar a história de um eleitor que não sabia quanto custava para encher o tanque de seu carro porque nunca tinha dinheiro para tanto. Ao reivindicar que, como homem, também sabia da dificuldade de criar filhos, emocionou-se -o senador perdeu sua primeira mulher e um filho num acidente e criou dois filhos sozinho.

Lacerda pediu a Lula para ficar no caso Dantas

Por Christiane Samarco, Sônia Filgueiras e Tânia Monteiro
no Estado de São Paulo

Antes de assumir o comando da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em outubro de 2007, o delegado Paulo Lacerda fez um pedido especial, em tom de apelo, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Numa audiência, no Planalto, Lacerda disse que, apesar de ter de deixar a direção-geral da Polícia Federal (PF) para assumir o novo cargo, "fazia questão de continuar na coordenação das investigações do banqueiro Daniel Dantas". A audiência e o pedido do delegado foram confirmados por três fontes do governo.Em depoimento no Ministério Público Federal, no mês passado, o delegado Protógenes Queiroz, que chefiou a Operação Satiagraha, disse textualmente que a investigação do banqueiro Daniel Dantas era uma "missão presidencial ao Paulo Lacerda". O depoimento foi colhido porque a Procuradoria abriu uma investigação para apurar supostos excessos e ilegalidades de Protógenes no comando da operação Satiagraha. As informações confirmando o teor do depoimento de Protógenes foram dadas ao Estado pela assessoria de imprensa do Ministério Público.A Satiagraha começou em outubro de 2004, com Lacerda na chefia da PF.Em 8 de julho foi executada uma série de mandados judiciais, quando 24 pessoas tiveram a prisão decretada e foram presos Dantas, Naji Nahas, Celso Pitta entre outros. A operação foi um desdobramento de outras duas investigações: a primeira, em 2003, montada para apurar fraudes bancárias no processo falimentar da Parmalat; durante essa apuração apareceram indícios da atuação da Kroll, a serviço de Dantas, quando a polícia chegou ao Banco Opportunity e aos HDs que deram origem à Satiagraha. Na investigação da guerra dos grampos travada entre Dantas e seus sócios nos negócios de telecomunicações, ele aparece como suspeito de ter até mesmo grampeado ministros do governo Lula.Na audiência, no Planalto, o presidente não fez nenhuma objeção ao pedido de Lacerda. Àquela altura, o ex-diretor da PF já havia escolhido o delegado Protógenes para levar adiante o inquérito contra Dantas, e deu ciência de sua escolha ao governo. Um assessor do presidente disse ao Estado que o delegado "tinha mesmo muita gana para pegar o Dantas" por causa de uma reportagem da revista Veja. Ele se referiu à edição de 17 de maio de 2006, em que a revista, usando informações de um dossiê de Dantas, diz que o presidente Lula, quatro de seus ministros à época (Luiz Gushiken, José Dirceu, Márcio Thomaz Bastos e Antônio Palocci), o senador Romeu Tuma (SP) e o próprio Lacerda tinham contas bancárias no exterior. Todos negaram.Por causa do envolvimento do nome de Lula na reportagem, com base em informações de Dantas, é que Lacerda teria dito ao delegado Protógenes que se tratava de uma "missão presidencial". O presidente, tanto quanto Lacerda, "também queria investigar de uma vez por todas o banqueiro", disse a fonte.A Abin, por meio da assessoria de imprensa, disse que a primeira vez que o delegado Paulo Lacerda ouviu falar que a investigação era de interesse do presidente da República foi quando as investigações da PF chegaram à empresa Kroll - que foi contratada por Dantas para investigar seus adversários. "Esse sempre foi último parágrafo da defesa do Dantas, que é um pobre banqueiro vítima de grupos do governo." Segundo a Abin, Lacerda "teve uma reunião com o diretor-geral da PF para pedir muita atenção na investigação (Satiagraha), que era a maior, a mais complexa, que poderia dar mais trabalho. Ele fez essa observação ao sucessor dele (Luiz Fernando Corrêa). Jamais conversou com o presidente ou recebeu orientação do presidente sobre esse assunto. Ele não trata de investigações com o presidente".

Novela sem final feliz para todos

Por Marcelo Migliaccio
no Jornal do Brasil

Os programas de Eduardo Paes (PMDB) e Fernando Gabeira (PV) para o horário eleitoral da TV foram considerados os melhores pelos cientistas políticos ouvidos pelo JB. O público, no entanto, parece não ter gostado de nenhum, como mostram os números de audiência do Ibope aferidos em São Paulo, mas que, segundo a assessoria de imprensa da Rede Globo, são semelhantes aos do Rio. Na transmissão da tarde, a quantidade de aparelhos ligados caiu 17% e, nas noturnas, 12%.
– A propaganda na TV perdeu um pouco da importância no cenário político – analisa o cientista político da Uerj Manuel Sanshes. – Como os discursos e as propostas se parecem muito, o atrativo passou a ser mais a forma que o conteúdo.
Para a sua colega da Uerj Alessandra Aldé, no entanto, a televisão ainda tem peso considerável nas eleições majoritárias. Ela lembra, porém, outros aspectos.
– A TV influi, mas o eleitor está mais morno, não vemos muitos adesivos em carros, por exemplo. Não há grandes paixões – ressalta.
Paulo Baía, sociólogo e professor da UFRJ, achou os programas de Paes e de Gabeira os mais eficazes. O segundo, porém, apenas nos últimos 30 dias.
– Quando Paes, o único que foi competente desde o início, cresceu, Gabeira, Jandira e Crivella mudaram o tom – opina. – Exibiram as propostas com clareza, tentaram se diferenciar.
Alessandra diz que Paes acertou na receita do bolo:
– Ele deu ênfase à sua qualificação pessoal, à união com os governos estadual e federal. O eleitor municipal é muito pragmático, quer saber de melhorias no seu dia-a-dia.

As decepções

Baía diz que sua expectativa era maior em relação ao programa de Alessandro Molon (PT):
– Ele tinha um tempo razoável (4m04s), mas não foi bem na linguagem de TV, nem na do rádio. A eleição se profissionalizou, e a televisão tanto pode ajudar como prejudicar o candidato.
Alessandra acha que outro que saiu-se mal foi Marcelo Crivella.
– Mesmo os que são simpáticos à sua candidatura precisavam de argumentos. Isso já havia acontecido na campanha dele de 2006.
Baía concorda:
– Crivella, que domina o meio televisivo, começou meio deprimido, centrando muito na sua relação com o vice-presidente da República, José Alencar, e com o próprio presidente Lula. Depois, ficou mais desperto.
Alessandra diz que a candidata do PCdoB e o do PT também não aproveitaram bem seus tempos.
– Jandira e Molon tiveram dificuldade com a linguagem televisiva e apostaram nos argumentos éticos e em suas qualidades pessoais. Também usaram muita gravação em estúdio, centrada na imagem do candidato. O problema é que o eleitor acha os discursos muito parecidos e quer que os concorrentes se diferenciem.
Contra Solange Amaral (DEM), Alessandra diz que pesou o continuísmo da administração Cesar Maia.
– O grupo dela está há 16 anos no poder. As pesquisas de intenção de voto mostram que apostar na vinculação com o prefeito não foi uma boa estratégia.
Baía acha que os chamados nanicos também não arriscaram grandes saltos.
– O Chico Alencar fez um programa quase leninista-trotskista. Se ele usasse a visão humanista e uma dinâmica semelhante a dos seus livros, se sairia melhor – argumenta. – Já os candidatos do PCO e do PCB apresentaram na TV um programa de rádio da década de 20.

Folclore da vereança

A campanha para vereador na TV atraiu mais pelo inusitado do que pelas propostas.
– Com a fragmentação do tempo, o eleitor tende a depreciar os candidatos e a se incomodar por achar as aparições e as mensagens rápidas meio ridículas – diz Alessandra. – Vale uma reflexão sobre esse sistema, tanto dos partidos quanto da Justiça Eleitoral.

Ah, Protógenes Queiroz

Ah, Protógenes Queiroz... Se hoje o maldito banqueiro Daniel Dantas está livre, leve e solto, se deve a este senhor. Ele está nem aí se a operação que ele comandou foi ilegal. O negócio dele é colocar uzricu na cadeia. Ele acha que fazendo isso estará colaborando e muito para melhorar a vida duzoprimidu.
O delegado maluquinho não pára de receber homenagens. Ora, se até os honrosos comandantes do serviço aéreo brasileiro receberam homenagens dias depois do acidente com o Airbus da TAM em São Paulo por que privar o porta voz duzoprimidu de tal solenidade?

Para Protógenes, críticas ajudam os criminosos

Na Folha de São Paulo

O delegado Protógenes Queiroz recebeu ontem em Brasília a medalha "aspirante mega", entregue pela Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira da regional de Pernambuco, por "lutar pela liberdade" e aos "bons serviços prestados à nação".Afastado do inquérito da Operação Satiagraha da PF, o delegado rebateu as críticas que pesam sobre a investigação chefiada por ele e que levou à prisão do banqueiro Daniel Dantas.Protógenes criticou os "conflitos e escândalos" fabricados para favorecer os "criminosos". "Assisto o assassinato da reputação de pessoas e instituições sem que nosso trabalho fosse compreendido por aqueles que tinham o dever de preservá-lo."

Eleição combina voto local com articulações para 2010

Por Melchiades Filho
na Folha de São Paulo

O domingo deverá confirmar a máxima de que a oposição não ganha eleições -a situação é que as perde. Segundo as pesquisas, o prefeito bem avaliado se reelegerá ou fará o sucessor.A hipótese de que prevalecem as demandas cotidianas, as queixas do eleitor e sua opinião sobre a administração que encara as urnas explica a tendência continuísta. O brasileiro em geral se diz satisfeito -com a situação econômica (o crash dos EUA nem respingou nas campanhas), com a inclusão social e de consumo dos anos recentes e, também, com a atuação obreira e eficiente de muitos prefeitos neste quadriênio, anabolizada pela injeção orçamentária no Fundo de Participação dos Municípios.Pode parecer descabido, diante disso, falar da influência de Lula, da euforia mineira por Aécio Neves ou de qualquer outra força eleitoral que não diga respeito às questões locais.Fosse decisivo o dedo de Lula, afinal, o Rio não veria subir nas pesquisas justamente os candidatos menos identificados com o presidente (Eduardo Paes e Fernando Gabeira). Fosse automática a transferência dos votos aecistas, também, o PSDB mineiro não estaria na pindaíba, com horizonte de vitória em 7 (e olhe lá) das 28 principais cidades do Estado.Mas raramente as chapas municipais são montadas como parte de estratégias de manutenção ou tomada de poder restritas às cidades. A razão do voto pode ser local, mas a da articulação política não é.O Planalto, por exemplo, operou em todo o país para enfraquecer as lideranças nacionais da oposição -e manter sob controle os aliados com ambição majoritária daqui a dois anos. E como desconsiderar a "onda vermelha" se, mesmo que o PT não venha a confirmá-la, ela já pauta os movimentos de todos os partidos?Não é exagero ou erro, portanto, "federalizar" a análise ou fazer projeções para 2010. As eleições nos municípios fazem parte de alianças ou projetos que poderão pegar embalo ou não -a teia de interesses que a Folha procura retratar aqui.

Maluf no Planalto, Maluf no restaurante

Quer dizer que Dona Supla quer associar Gilberto Kassab a Paulo Maluf. Beleza! Como a campanha do candidato a reeleição não é a do Geraldo Alckmin, espero que lembre o eleitor que Maluf é lulista e sempre está presente em eventos no Palácio do Planalto causando nenhum constrangimento para o Apedeuta.
Sem falar que no ano passado o petralha Cândido Vaccareza, um dos principais aliados de Dona Supla, foi fotografado num restaurante em São Paulo junto com... Paulo Maluf. Isso mesmo! Que Dona Supla associe Kassab com Maluf, mas que explique as ligações dela com o dito cujo.

Marta e Kassab recolhem munição pesada para usar no segundo turno

Por Ana Paula Scinocca, Vera Rosa e Marcelo de Moraes
no Estado de São Paulo

Prováveis adversários no segundo turno da sucessão paulistana, Gilberto Kassab (DEM) e Marta Suplicy (PT) preparam munição pesada para a próxima rodada da disputa. O comando das duas campanhas já trabalha com a perspectiva de recrudescimento dos ataques, terminada a votação do domingo.Convencida de que o PT vai explorar o episódio em que Kassab expulsa de uma unidade de saúde o autônomo Kaiser Celestino da Silva, aos gritos de "vagabundo", a equipe do prefeito já organiza a reação. Coordenadores de sua campanha mandaram selecionar a gravação do bate-boca ocorrido em fevereiro de 2004 quando Marta, à época prefeita, discutiu com a dentista Simone Corrêa, que reclamava das freqüentes enchentes do Córrego Pirajuçara.A cena da ríspida discussão foi usada na campanha de 2004 contra a petista. Na ocasião, Marta perdeu a disputa para José Serra (PSDB), que tinha Kassab como vice. Apesar de alegar que só pretende apresentar propostas, o prefeito também mandou seus assessores deixarem reservada a fita em que Marta, então ministra do Turismo, deu um inusitado conselho aos viajantes.Questionada sobre o que os passageiros deveriam fazer para enfrentar o caos aéreo, em junho de 2007, ela respondeu: "Relaxa e goza." A frase infeliz foi amplamente divulgada, no primeiro turno, pelo programa de Paulo Maluf, candidato do PP.Do outro lado do ringue, o arsenal petista contra Kassab também é bastante variado. A primeira providência do comitê de Marta será associá-lo a Maluf, na tentativa de colar no prefeito os altos índices de rejeição do candidato do PP - hoje na casa dos 53%, segundo o Ibope. Secretário de Planejamento na gestão de Celso Pitta (1997-2000), Kassab apressou-se ontem em minimizar a exploração de seu passado malufista. "Se eu for para o segundo turno, minha preocupação é mostrar minhas realizações e propostas", desconversou.Na nova escalada de ataques, a propaganda de Marta na TV deverá acusar o prefeito de não usar os recursos federais disponíveis para São Paulo, já aprovados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Serão apresentados vários exemplos do que os petistas chamam de "inoperância".O principal trunfo do PT contra o candidato do DEM é o Bolsa-Família, considerado a vitrine de Lula. Dados do governo federal recebidos pelo comitê de Marta indicam que 30% das famílias aptas a receber o dinheiro do programa, na capital paulista, não conseguem ser cadastradas, por falta de técnicos da prefeitura. Atualmente, 11 milhões de famílias, em todo o País, são beneficiadas. Elas recebem, em média, R$ 85, mas o valor pode chegar a R$ 182 mensais."Vamos mostrar como os recursos do Bolsa-Família são aplicados na cidade", disse o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), coordenador da campanha de Marta. "Além disso, lembraremos que o prefeito Kassab não fez corredores de ônibus e o investimento em metrô é uma ficção."Outro programa que enfrenta problemas na capital, segundo o PT, é o ProJovem. São Paulo teria direito a qualificar 20 mil jovens, mas também não conseguiu cadastrá-los. Mais: o Programa de Mobilidade Urbana, que tem o objetivo de promover a articulação das políticas de transporte e trânsito, não saiu do papel.
TERCEIRIZAÇÃO
Tanto no PT como no DEM a ordem é "terceirizar os torpedos", para preservar os candidatos. O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), ainda duvida que Marta nacionalize demais o debate, mas tem estratégia para reagir."O eleitor local não quer discutir taxas de juros. Quer saber do buraco de sua rua", afirmou Maia. "De qualquer forma, se Marta nacionalizar a discussão, podemos trazer a crise internacional da economia para o debate: como isso vai refletir na vida do cidadão, como vai aumentar o custo de vida, como vai prejudicar a classe média", completou. "Essa seria uma discussão para depois, mas podemos antecipá-la."O comitê de Kassab também teme a eventual utilização de denúncia contra ele e o secretário da Desburocratização, Rodrigo Garcia. Eles foram investigados pelo Ministério Público Estadual por suposta incompatibilidade entre seus patrimônios e rendas.As investigações abrangeram Kassab, Garcia e as empresas R&K Indústria Gráfica e Editora Ltda., R&K Comércio e Participação Ltda., R&K Engenharia e Empreendimentos Ltda e Centroeste Agropecuária do Brasil Ltda., que já não existem mais. De acordo com as investigações, o patrimônio de Kassab aumentou 316% entre 1994 e 1998.

Kassab diz que, se for reeleito, manterá tucanos no governo

Por Cátia Seabra
na Folha de São Paulo

Disposto a atrair o eleitorado do PSDB num eventual segundo turno, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) acenou ontem com a manutenção dos secretários tucanos em seu governo, caso seja reeleito. O gesto traz uma tentativa de aplacar a desconfiança de que venha a desvirtuar, num segundo mandato, as diretrizes desenhadas pelo hoje governador José Serra.Ao responder a um eleitor, que o questionara exclusivamente sobre a permanência do secretário Andrea Matarazzo (Coordenação de Subprefeituras), Kassab disse que não tem também a intenção de substituir os tucanos nas pastas da Saúde, Educação e Esportes.Já na véspera, o prefeito admitira apenas "mudanças rotineiras": "Se a equipe está fazendo um excelente trabalho, não há por que mudar".Embora funcione com antídoto contra o assédio dos petistas ao eleitorado do PSDB -hoje em disputa-, o afago de Kassab contraria seus aliados de palanque: PMDB, PR e PV.O presidente nacional do PV, José Luiz Penna, afirma, por exemplo, que a aliança pressupõe ampliação do espaço do partido, hoje com uma secretaria e duas subprefeituras.Segundo ele, o partido ambiciona uma outra subprefeitura e outra secretaria, como Cultura, Esportes e SPTuris - as duas últimas ocupadas por tucanos. "São áreas que têm a ver com o nosso perfil. O espaço vai depender da nossa performance [eleitoral]", planeja.O presidente estadual do PMDB, Orestes Quércia, disse acreditar em mudanças na estrutura da prefeitura: "Vamos conversar sobre isso depois".Já o presidente municipal do partido, Bebeto Haddad, disse que esse seria um novo governo: "Quem vai montar é ele [o prefeito Kassab]. Mas ele não vai se eleger sozinho".Presidente da Câmara Municipal, o vereador Antônio Carlos Rodrigues lembra que o acordo político incluiu a possibilidade de participação no governo. "A coligação é também para participação no governo. O PSDB está no coração e no pulmão da prefeitura. Aí, não sobra nada", avaliou.Ontem, após vistoriar as obras do viaduto Jaraguá, no extremo norte, Kassab afirmou que a reedição da aliança PSDB/DEM "é a solução natural para o segundo turno"."O PSDB e o Democratas são aliados na cidade de São Paulo, governam o Estado juntos, fazem oposição ao governo federal. Mas, diante da impossibilidade de caminharmos juntos no primeiro turno, agora é natural que caminhemos juntos, qualquer que seja o candidato que vá para o segundo turno."Apostando na participação de Serra no segundo turno, Kassab afirmou que as realizações são "de um governo que é do PSDB e do DEM".O candidato -que reproduziu passos percorridos por Serra na reta final de 2004, do almoço num restaurante na Freguesia do Ó à missa de Marcelo Rossi- afirmou que investirá na comparação com Marta Suplicy num segundo turno."A rejeição a qualquer candidato está associada, para aqueles que ocuparam cargos públicos, também a sua atuação no Executivo", alfinetou.

Não teve graça

Não assisti ao debate na íntegra entre os candidatos a Prefeito de Goiânia ontem na TV Anhanguera. Só umas partes. Fui visitar uma amiga que sofreu acidente. Iris Rezende não foi. Ele justificou dizendo que seus adversários fariam acusações e não discussões de propostas. Bem, sem Iris na arena não teve graça nenhuma. Ver Sandy Júnior perguntando para Gilvane Felipe que depois perguntou para Martiniano Cavalcante que, por sua vez, perguntou para Sandy Júnior desanima qualquer interessado no debate. Em 1998, Iris Rezende reclamou da ausência de Marconi Perillo nos debates do segundo turno. Em 2006, os candidatos presidenciais reclamaram da ausência de Lula nos debates do primeiro turno. Adianta reclamar da ausência de quem lidera as pesquisas? Isto não é tudo e não define uma eleição. Se bem que uma puxadinha de orelha da emissora organizadora do debate valeria alguma coisa. Iria além dos discursos previamente preparados pelos candidatos presentes.
Mas uma coisa me chamou atenção. Martiniano disse achar incoerência Sandy Júnior, do partido de Paulo Maluf, o PP, reclamar de corrupção. Bem, mais uma vez perdemos a oportunidade de ver um socialista que diz amar o próximo ter que responder os crimes cometidos pelos líderes esquerdopatas como Fidel, Che, Mao, Stálin e Lênin. Os crimes da esquerda são deixados debaixo do tapete. Preferem fazer de tudo para juntar socialismo como liberdade ou socialismo com amor.
A Globo puxou a orelha de Lula pela sua ausência no debate do primeiro turno. Willian Bonner, o então mediador do debate, relembrou que uma das regras do debate era a proibição de calúnias contra os candidatos, fato apontado pelo Apedeuta para não comparecer. Será que a TV Anhanguera puxou ou vai puxar a orelha de Iris Rezende?
Para os três candidatos a prefeito presentes no debate Goiânia vive o caos e cada um deles tem um projeto que será implantado em quatro anos e todos os seus problemas acabaram.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Metáforas futebolísticas

Geraldo Alckmin quer fazer metáforas futebolísticas. Disse que ontem o Palmeiras se classificou para as oitavas-de-final da Copa Sul Americana nos 43 minutos do segundo tempo. Isso quer dizer que, nos 43 minutos do primeiro turno, Alckmin marcará um gol em Gilberto Kassab e irá para o segundo turno contra Dona Supla. É mesmo? Então vamos continuar nas metáforas futebolísticas. Acho que foi no ano 2000 (eu não tenho uma memória igual a do Paulo Vinícius Coelho), mas o Palmeiras estava jogando a final da Copa Mercosul contra o Vasco da Gama no Palestra Itália. Foi para os vestiários ganhando por 3 a 0. Era o título! Era só segurar o adversário, esperar o apito final e correr pra torcida. E não é que o Vasco da Gama não só empatou a partida como virou o marcado no segundo tempo? Este jogo sim parece muito com a campanha de Alckmin. No começo, o picolé de chuchu paulista estava empatado com Dona Supla na dianteira das pesquisas. Foi só ele começar a bater em Gilberto Kassab e falar “o Lula, tudo bem, o problema é o PT” para o chuchu cair para a terceira posição, oito pontos atrás de Kassab na última pesquisa Datafolha. É, Geraldo, o futebol é uma caixinha de surpresas, usando outra metáfora.

Pânico por crise externa faz Bovespa desabar quase 8%

No Estadão online

SÃO PAULO - Incertezas sobre a aprovação da nova versão do pacote de ajuda ao sistema financeiro nos EUA e o temor com um período de recessão nos Estados Unidos e, conseqüentemente, no mundo todo, fizeram a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) desabar 7,34%. Nos Estados Unidos, o dia também foi de forte queda. O índice Dow Jones recuou 3,22% e a Nasdaq caiu 4,48%; O dólar comercial fechou pela primeira vez acima de R$ 2,00 desde agosto de 2007. No encerramento dos negócios, a moeda norte-americana foi vendida a R$ 2,0210, em alta de 5,37%. A aprovação no Senado do plano de ajuda às instituições financeiras norte-americanas não conseguiu restaurar a confiança dos investidores, derrubando as bolsas de valores em todo o mundo. Na Europa, os índices das principais bolsas terminaram em baixa, pressionados pelo aumento no pedido de auxílios-desemprego nos EUA e pela diminuição das encomendas para a indústria.

Em Londres, o índice FTSE 100 fechou em baixa de 89,30 pontos, ou 1,80%, para 4.870,3 pontos. O índice DAX, na Bolsa de Frankfurt, recuou 145,70 pontos, ou 2,51%, para 5.660,63. Em Paris, o índice CAC-40 teve declínio de 91,26 pontos, ou 2,25%, para 3.963,28 pontos. Os papéis dos setores de mineração, químicos e automóveis foram especialmente prejudicados pelos dados da economia norte-americana, que sugerem contração da economia.

A percepção de que o pacote não vai livrar a economia dos EUA de uma recessão e o receio quanto ao resultado da votação na Câmara, onde o plano foi rejeitado na segunda-feira, mantêm os investidores pessimistas. Segundo um assessor do partido democrata, a nova votação na Câmara terá início às 13h30 de sexta-feira. Contudo, a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, disse que não levará o pacote à votação antes de assegurar os votos necessários para sua aprovação.

Pessimismo

Os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA subiram para 497 mil - maior nível desde 29 de setembro de 2001 -, enquanto as encomendas para a indústria recuaram para o menor valor em dois anos. Após a aprovação do pacote de auxílio ao mercado financeiro pelo Senado norte-americano, na noite de quarta-feira, os investidores mostraram mais cautela.

Na zona do euro, o Banco Central Europeu (BCE) manteve a taxa de juros em 4,25%. Contudo, na entrevista coletiva que se segue ao anúncio da decisão de política monetária, o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, reconheceu que houve discussões sobre um corte na taxa durante a reunião do conselho.

A suavização da política monetária de curto prazo do BCE impulsionou os bancos europeus. As ações do Fortis avançaram 12%, enquanto as do Allied Irish Banks subiram 8%. ING subiu 2,5%. O banco suíço UBS disse que terá um lucro modesto no terceiro trimestre deste ano em decorrência de um corte substancial nas posições relacionadas a hipotecas. As ações subiram 8,12%.

Nos EUA, a Securities and Exchange Commission (SEC, a CVM norte-americana) decidiu prorrogar sua medida de emergência temporária que proíbe as operações de vendas a descoberto em ações de companhias financeiras. A medida foi anunciada no final da noite de quarta-feira. A SEC disse que a proibição sobre as vendas a descoberto, que deveria vencer nesta quinta, permanecerá em vigor para dar tempo para o Congresso trabalhar sobre o pacote de socorro para o setor financeiro, mas não irá se estender para além da meia-noite do dia 17 de outubro.

Mais preocupados com o nome

E finalmente o governo vai fazer alguma coisa para evitar que a crise econômica nos Estados Unidos atravesse o Caribe (e não o Atlântico) e chegue até aqui. Como tenho dito em posts anteriores, enquanto o mundo inteiro está com medo da crise, nossos ilustres comandantes (tanto da área política como da área econômica) exaltam o país como se estivéssemos preparados para tudo.
O Jornal do Brasil de hoje mostra que o governo finalmente vai fazer alguma coisa para defender o país caso a crise se aproxime. Mas a matéria mostra que nossos ilustres comandantes estão mais preocupados com o nome das medidas a serem tomadas. Eles não querem que a defesa brasileira contra a crise se chame “pacote”. Segundo eles, isso relembra as crises que o Brasil enfrentou na década de 1990. Por falar em crises do passado, é visível um certo sorrisinho nos lábios dos petralhas. Eles dizem: “Estão vendo? O mundo está em crise econômica e o nosso chefe está dando conta do recado”. É mesmo? E como conseguimos esta defesa, esta força? Ora, negando o que os petralhas disseram sobre a economia nos últimos anos. Concordo com Reinaldo Azevedo: “O que é bom para o PT é ruim para o Brasil”. Imagine se o Apedeuta seguisse a risca o que ele e seus radicais pregaram num passado não muito distante? Será que os petralhas sorririam bem de leve ao ver a economia do inimigo esfarelar e isso não provocar nenhuma alergia por aqui?
O problema é que a gente sempre acha que ninguém segurará o nosso país. Mas sempre tem alguma coisa que nos impede de ir para frente. Com certeza os Estados Unidos se recuperarão desta crise. O capitalismo sairá fortalecido. E nós continuaremos escolhendo um nome para as medidas econômicas.

Senado dos EUA expande e aprova pacote

Por Sérgio Dávila
na Folha de São Paulo

Por 74 votos a favor e 25 contra, o Senado norte-americano aprovou ontem à noite com folga o pacote de resgate do mercado financeiro proposto pelo governo norte-americano, o maior da história do país. Com as mudanças acrescentadas pelos políticos para ajudar que a medida passasse, o total previsto do plano pula dos US$ 700 bilhões originalmente pedidos para US$ 850 bilhões.Agora, deve ir à Câmara dos Representantes (deputados federais), onde será votado amanhã. A aprovação no Senado melhorou as perspectivas de passagem do projeto por essa Casa, que o rejeitou na segunda-feira, derrubando o mercado mundial. Se todos os que foram a favor então mantiverem sua opinião na sexta, o governo precisa virar a posição de apenas 12 congressistas.Se aprovada, vai para sanção do presidente George W. Bush e vira lei. Se modificada, terá de passar por uma comissão bipartidária das duas Casas. Se rejeitada, o processo é reiniciado ou mesmo interrompido. "Essa não é uma lei para a Baixa Manhattan, mas para todo o país", disse o líder democrata do Senado, Harry Reid, ao anunciar a passagem, referindo-se à localização de Wall Street. A frase seria repetida com variação pelo líder republicano, Mitch McConnell.Ambos os candidatos majoritários à sucessão de Bush, o democrata Barack Obama e o republicano John McCain, voltaram a Washington apenas para participar da sessão e votar a favor. "Não podemos correr o risco de ver as economias dos EUA e do mundo caírem num buraco profundo", disse Obama. A única ausência entre os cem senadores foi de Ted Kennedy, que passa por tratamento por um câncer.Bush saudou o resultado: "Com as melhorias que o Senado fez, acredito que membros de ambos os partidos da Câmara possam apoiar a medida". A votação é parte da manobra política do governo Bush e líderes dos dois partidos majoritários para aumentar a pressão sobre a Câmara. Para tanto, foram incluídos dois itens que agradariam a republicanos conservadores e democratas progressistas, principais opositores.Um deles é um corte generalizado nos impostos da classe média, de pequenos empresários e de famílias vítimas de acidentes naturais, num total de mais de 25 milhões de beneficiados, a um custo adicional de US$ 150 bilhões na próxima década para o pacote. Nessa soma, entram ainda incentivos fiscais a empresas que investirem em energia alternativa e em pesquisa e desenvolvimento.O outro é o aumento da garantia federal de depósitos bancários individuais dos atuais US$ 100 mil para US$ 250 mil -e a derrubada do limite de empréstimo que o FDIC, órgão que garante as operações do setor bancário nos EUA, pode pedir ao Tesouro para garantir esses depósitos.O objetivo é acalmar o cliente e evitar não só uma corrida aos caixas como a transferência de depósitos de pequenas instituições para grandes, o que acabaria por quebrar as primeiras. Era ponto de honra da poderosa associação de pequenos e médios bancos, de grande influência sobre republicanos.As alterações se somam às feitas antes do envio à Câmara, no domingo, que incluíram parcelamento da liberação do dinheiro, limites de pagamento a executivos das empresas que forem auxiliadas pelo governo, possibilidade de participação nessas empresas por meio de ações e a criação de órgão subordinado ao Congresso que vigiará as ações do Tesouro.O plano original pulou de 2,5 páginas para 110 na Câmara e as 451 de ontem no Senado -o salto entre as Casas se deve também ao fato de a medida ter sido incluída como emenda de uma legislação sobre direitos de aposentados já votada pela Câmara, como maneira de atravessar a burocracia.O governo passou o dia inteiro em negociações com o Congresso, que viu o vento da pressão popular mudar de lado, de ostensivamente contra a aprovação para parcialmente favorável à medida (leia texto ao lado). Foi auxiliado na pressão por entidades empresariais e de comércio e lobistas. À tarde, pela sexta vez em seis dias, Bush voltou ao assunto."É importante fazer o crédito voltar a circular para que pequenos negócios em nossas comunidades possam financiar suas operações", disse, "para que pequenas municipalidades tenham dinheiro para cuidar da necessidade de seus cidadãos e para que Estados respondam suas necessidades."A Casa Branca mudou o tom de defesa de seu plano, que prevê a maior intervenção federal no mercado financeiro da história do país. Segundo a nova retórica oficial, em jogo agora não estão mais as instituições financeiras de Wall Street, mas o crédito para o norte-americano médio, os pequenos empresários -a classe média.A guinada veio depois da derrota de segunda-feira, em que tanto os líderes republicanos quanto os democratas não anteciparam o peso que a rejeição popular ao pacote teria na decisão do baixo clero da Câmara dos Representantes. A totalidade das cadeiras dessa Casa está em jogo nas eleições de 4 de novembro, ante apenas um terço das do Senado.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Sobre as dívidas

Uma senhora meio revoltada relembrou as denúncias contra o PMDB na última propaganda de Sandy Júnior. Falou que o partido deixou uma grande dívida para o Tempo Novo que começava em 1999. É mesmo? E será que os temponovistas não vão explicar para gente a dívida que Marconi Perillo deixou para Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, bem como a reforma administrativa que atrasou dias e dias para sair do papel?

Eles na TV

Os candidatos abusaram da emoção. Um monte de gente foi chamado para falar do seu candidato. Parece que os quatro que disputam a Prefeitura de Goiânia nunca cometeram nenhum pecado. Que coisa, não? Mas a eleição, infelizmente, será garantida já no dia cinco de outubro. Infelizmente Iris vencerá e Sandy Júnior outra vez aparecerá dizendo que seu sonho de ser prefeito não acabou. E ele hoje, de novo, relembrou as denúncias contra o PMDB. Só gostaria de saber se ele vai dar prosseguimento nas investigações.
Iris Rezende mostrou o que fez e o que vai fazer mais. Mais para mostrar em 2010 quando for candidato ao governo. O problema não mora no desconhecido Paulo Garcia, vice de Iris, e sim no PT que voltará a mamar diretamente nas tetas da prefeitura.
A única coisa boa da campanha de Gilvane Felipe foi Lara Brito. Quero ela como apresentadora de algum programa de alguma emissora.
É lamentável ver Martiniano Cavalcante confundindo as coisas no final da campanha eleitoral. Estava indo tudo tão bem, o capitalismo não era mais o grande mal de Goiânia. Mas, no último programa eleitoral, ele desliza. Socialismo não combina com liberdade e nem com amor ao próximo. Vejam as biografias de Che, Fidel, Mao, Stálin e Lennin para ver se eles defendiam um socialismo com liberdade e amor. Com certeza não achará.

E o Gabeira está chegando

Acompanhei não tão atentamente a campanha eleitoral no Rio de Janeiro. Lá vai dar segundo turno. É o brincalhão Eduardo Paes contra um embolado de candidatos que estão tecnicamente empatados no segundo lugar. Marcelo Crivela, Fernando Gabeira e Jandira Feghai disputam uma vaga para o último turno. Gabeira cresceu muito. Nas suas propagandas eleitorais ele dizia que muitos aprovavam sua conduta como político, mas não votavam nele porque não tinha chance nas pesquisas. Gabeira disse que agora seus admiradores poderiam votar tranquilamente nele porque desta vez ele tem chances. Pelo que mostra a pesquisa Datafolha, as chances estão aumentando.

Crivella e Gabeira disputam vaga no 2º turno

Na Folha de São Paulo

Às vésperas do fim da campanha pela Prefeitura do Rio, pesquisa Datafolha mostra o candidato do PMDB, Eduardo Paes, na liderança com 29% das intenções de voto -dez pontos a mais que o adversário mais próximo- e registra um acirramento na disputa por uma vaga no segundo turno contra ele.Marcelo Crivella (PRB) oscilou positivamente um ponto, atingindo 19%, contra 17% de Fernando Gabeira (PV), que oscilou positivamente dois pontos em relação à pesquisa anterior, acumulando crescimento de seis pontos nas duas últimas semanas. Jandira Feghali (PC do B) oscilou negativamente um ponto, passando de 13% para 12% dos votos.Como a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, Crivella pode ter entre 16% e 22%, Gabeira, entre 14% e 20%, e Jandira, entre 9% e 15%. Assim, o candidato do PRB está tecnicamente empatado com o do PV, que está tecnicamente empatado com a candidata do PC do B, mas Jandira não tem chances estatísticas de estar no mesmo patamar de Crivella.Em um bloco bem mais abaixo, aparecem Solange Amaral (DEM) com 5%, Alessandro Molon (PT) com 4%, Chico Alencar (PSOL), 2%, e Paulo Ramos (PDT), 1%. Os demais postulantes à prefeitura obtiveram menos de 1% das menções dos entrevistados.Nas três simulações de segundo turno em que está envolvido, Eduardo Paes lidera. Pela primeira vez, o Datafolha realizou uma simulação entre os candidatos do PMDB e do PV. Paes venceria Gabeira por 53% a 33%, uma diferença de 20 pontos percentuais. O confronto mais apertado na simulação de segundo turno seria contra Jandira, com uma vantagem do peemedebista de 14 pontos (51% a 37%). Na disputa contra Crivella, Paes vence por 58% a 29%, diferença de 29 pontos.Considerando-se apenas os votos válidos (quando são retirados da conta os votos em branco ou nulo), Paes tem 33%, Crivella, 21%, Gabeira, 19% e Jandira, 13%. A divulgação oficial dos resultados eleitorais é feita por meio de votos válidos.Entre o eleitorado de maior renda, Gabeira disparou em primeiro, com 14 pontos à frente de Paes. O candidato do PV atinge 41% dos votos contra 27% do peemedebista. Nessa faixa, com eleitores com renda superior a dez salários mínimos, Jandira tem 13% e Crivella, apenas 4%. Na faixa dos que ganham até dois mínimos, Paes tem 32%; Crivella, 31%; Jandira, 12%, e Gabeira atinge 9%.O contraste se repete na avaliação dos eleitores por nível de escolaridade. Entre os que têm nível superior, Gabeira atinge 35% contra 31% de Paes, 14% de Jandira e 7% de Crivella. Entre os que têm só ensino fundamental, Paes chega a 34%, contra 28% de Crivella, 14% de Jandira e 7% de Gabeira.

É burrice mesmo

Desde o final das eleições presidenciais de 2006 que eu venho falando para deixarem Geraldo Alckmin de escanteio. Vejam no arquivo do blog a quantidade de vezes que falei para deixarem de lado. Naquele ano, Alckmin entregou as eleições para Lula, deixou os petralhas pautarem os debates e não soube defender o que o seu partido fez quando estava na presidência.
Dias atrás eu disse que Alckmin era um petralha infiltrado no ninho tucano. Pois é. Vejam a pesquisa Datafolha mostrando Gilberto Kassab oito pontos a frente do picolé de chuchu paulista. O que Kassab fez? Ora essa, ele está focado em Dona Supla. Direto a desafia a comparar as administrações dos dois. E Alckmin, ou melhor, o Geraldo? Ataca... Kassab!!! Foi na propaganda tucana que vimos a já famosa frase: “O Lula tudo bem, o problema é o PT”. Ora, quer dizer que Lula é uma coisa e o PT e outra coisa?
Tem um ditado que diz o seguinte: errar é humano, permanecer no erro é burrice. Alckmin permanece no erro. Que o leitor tire suas próprias conclusões sobre o candidato baseado no ditado popular.

Kassab se isola em segundo com 8 pontos sobre Alckmin

Por Cátia Seabra
na Folha de São Paulo

A cinco dias das eleições, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) abre oito pontos de vantagem sobre o adversário do PSDB, Geraldo Alckmin, e assume a segunda colocação na disputa pela Prefeitura de São Paulo, revela o Datafolha.Kassab está oito pontos atrás da ex-prefeita Marta Suplicy. Segundo pesquisa Datafolha realizada ontem e anteontem, a petista lidera a corrida com 35% das intenções de voto. Kassab tem 27% e Alckmin conta com 19% da preferência.Em comparação com a pesquisa anterior, realizada nos dias 25 e 26, a vantagem de Kassab sobre Alckmin passou de quatro para oito. Antes com 24%, Kassab ganhou três pontos. Alckmin, por sua vez, oscilou de 20% para 19%.Como Marta sofreu oscilação negativa de dois pontos, sua vantagem sobre Kassab caiu de 13 para oito pontos. O Datafolha ouviu 1.954 eleitores.Diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino afirma que "Kassab polarizou a disputa com Marta". Como a margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, essa é a primeira vez que Kassab se descola de Alckmin."Kassab assumiu a segunda posição fora da margem de erros. Se a eleição fosse hoje, Kassab disputaria o segundo turno com Marta", afirmou Paulino.Segundo o Datafolha, o ex-prefeito Paulo Maluf (PP) conta com 7% das intenções de voto, e Sonia Francine, a Soninha (PPS), com 4%.A pesquisa mostra que Marta teria 38% dos votos válidos. Kassab atingiria 29% e Alckmin, 20%. Para o resultado oficial da eleição, a Justiça leva em conta os votos válidos, excluídos brancos, nulos e abstenções. Já o Datafolha excluiu também os indecisos.Pelos números da pesquisa, Kassab começa a "roubar" votos de Marta. Entre eleitores de 16 a 24 anos, por exemplo, a petista perdeu nove pontos, caindo para 35%. Kassab herdou oito, chegando a 27%.Ainda segundo o Datafolha, o índice de aprovação da administração Kassab é de 49%. O percentual dos que classificam seu desempenho ruim ou péssimo passou de 15% para 13%, enquanto 36% avaliaram a gestão como regular.Da semana passada para cá, Kassab subiu três pontos na pesquisa espontânea -realizada antes da apresentação dos nomes dos candidatos-, passando de 19% para 22%. Marta oscilou de 29% para 28% e Alckmin se manteve com 14%.Segundo a pesquisa, 16% dos entrevistados afirmam que ainda podem mudar de voto. Entre os eleitores de Alckmin, 19% admitem rever a posição, sendo que 9% optariam por Kassab e 5% por Marta. Dos eleitores de Kassab, 14% podem mudar: 9% votariam em Alckmin; enquanto Marta herdaria 4%.A chegada de Kassab ao segundo lugar exige do PSDB uma ginástica para evitar que os ânimos se acirrem no segundo turno. O próprio governador José Serra tem pedido que tucanos tranqüilizem os alckmistas mais inflamados.Mais da metade -52% dos eleitores- diz que Serra deve apoiar Alckmin. De julho para cá, a taxa caiu 11 pontos. No período, subiu de 24% para 36% o percentual dos que defendem o apoio de Serra a Kassab.

As diferenças de 1998, 2004 e 2006

Os temponovistas adoram lembrar as eleições de 1998 e 2006. Foram os anos em que os candidatos do tal do Tempo Novo derrotaram os candidatos do PMDB de virada. Em 1998, Marconi Perillo derrotou Iris Rezende nas eleições estaduais. Iris era o favorito e foi perdendo pontos para Marconi que subia a cada pesquisa. Assim foi em 2006 quando o desconhecido Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, derrotou Maguito Vilela que até já sonhava em ganhar aquela eleição no primeiro turno. Quem quase a levou foi Cidinho.
Sandy Júnior foi sabatinado ontem no Jornal do Meio Dia da TV Serra Dourada. Ao ser questionado sobre a sua estagnação nas pesquisas, Sandy Júnior relembrou as eleições de 1998 e 2006. O jornalista Jordevá Rosa foi correto ao lembrar que naquelas eleições os candidatos do Tempo Novo estavam crescendo nas pesquisas. Já Sandy Júnior... O candidato também lançou dúvidas sobre as pesquisas. É mesmo. Lembremos de 2004. Muita gente imaginava que o segundo turno das eleições municipais daquele ano seria entre Iris Rezende e Sandy Júnior, os dois primeiros colocados nas pesquisas. Quem foi de fato para o segundo turno? Pedro Wilson que estava em terceiro. Sim, as pesquisas erram. As eleições passadas têm mostrado que os institutos erraram feio. Mas 1998 não é 2006 que é totalmente diferente de 2004 e que 2008 é um outro ano.

As eleições chegando e nenhuma novidade

Realmente esta campanha eleitoral aqui em Goiânia está um tédio. Nem na reta final está prevista uma emoçãozinha. Sandy Júnior apela para os bois piratas de Iris Rezende. Este não responde a nenhuma acusação na sua propaganda eleitoral demonstrando que “o que vem debaixo não me atinge”. Talvez Iris respondesse se as acusações de Sandy Júnior tirassem alguns pontos das pesquisas. A queda do prefeito está dentro da margem de erro assim como a ascendência de Sandy Júnior. Dia 5 de outubro já está chegando. Pelo visto, Goiânia continuará com o retrato do velho na parede.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

TSE mantém candidatura de Maguito Vilela à Prefeitura de Aparecida de Goiânia (GO)

Na Folha online

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) negou nesta terça-feira o recurso apresentado pela coligação "Aparecida Nossa Gente Nossa Força" e manteve a candidatura do ex-governador de Goiás Maguito Vilela (PMDB) à Prefeitura de Aparecida de Goiânia. A decisão é do ministro Felix Fischer.
A coligação "Aparecida Nossa Gente Nossa Força" é formada pelo PTB, PR, PSDB, PT, PRTB, PTN, PSDC, PRB, PSB, PRP e PSL e tem como candidato a prefeito Marlúcio Pereira da Silva (PTB).
No recurso, a coligação questionou o registro de candidatura de Vilela alegando que teriam ocorrido irregularidades na convenção do PMDB que escolheu o ex-governador para a disputa.
Ao rejeitar o recurso, o ministro ressaltou que a coligação não tem legitimidade para questionar as deliberações tomadas na convenção do PMDB.
A Justiça Eleitoral de Aparecida de Goiânia e a o TRE-GO (Tribunal Regional Eleitoral) de Goiás também já tinham rejeitado recurso da coligação.

Mais uma reunião do foro

Em Manaus não acontece um encontro de líderes sul-americanos e sim mais um encontro do Foro de São Paulo. Lula, Hugo Chávez e Evo Morales fazem parte do foro esquerdopata. Se eles se reúnem não significa apenas uma reuniãozinha de líderes de países da América do Sul e sim o encontro de integrantes do foro que apóia as Farc e a bagunça que a esquerda está provocando.

Usando a mesma tática

Em 2006, o então candidato a reeleição Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, foi acusado pelo seu adversário (e hoje grande amigo) Maguito Vilela de não ter pago o IPVA do seu carro. Cidinho criticou a denúncia. No final, como todos sabem, o PMDB perdeu mais uma eleição que mais uma vez imaginava que ganharia facilmente.
Ontem, o candidato do PP, mesmo partido de Cidinho, Sandy Júnior, acusou o atual candidato a reeleição Iris Rezende de não declarar um monte de cabeças de gado ao TRE. Sandy Júnior usa a mesma tática de Maguito em 2006. Muito atrás nas pesquisas, vai jogando denúncia. Aqui, a maioria é contra o tal do denuncismo. Eu sou a favor do investiguismo. Que toda denúncia seja investigada. Será que Sandy Júnior topa levar a denúncia dos bois piratas de Iris a diante ou ficará só nesta eleição? Será que Maguito Vilela sabe se Cidinho já pagou o IPVA do carro? Toda denúncia deve ser investigada e não esquecida no final da campanha eleitoral. É a mesma tática de sempre: as denúncias acabam quando a Justiça Eleitoral decreta o vencedor.

Todo mundo é parceiro de Lula

Quer dizer que a aprovação de Lula chegou aos 80%? Também, todo mundo se diz parceiro dele. Lá no Rio de Janeiro todo mundo quer entrar na onda lulista. Eduardo Paes (ele seria o Brincalhão da Semana passada se eu tivesse acesso à internet no sábado) sempre disse nos seus programas eleitorais que, se for eleito prefeito do Rio de Janeiro, vai trabalhar com o governador Sérgio Cabral e o presidente Lula. Isso mesmo! O antigo valente contra o mensalão quer se unir ao grande beneficiado do esquema. É um cara de pau. É um brincalhão. Mas não é só o Eduardo Paes que é lulista lá no Rio. Alessandro Molon também é. Ele é o candidato do PT. Jandira Fegali do PC do B disse estar com Lula tanto nas vitórias como nas derrotas. Solange Amaral é a candidata do atual prefeito César Maia. Prefere colar sua imagem na atual administração. Pelo visto a administração César Maia não está muito bem. Se analisarmos o desempenho da candidata dele nas pesquisas... Solange está lá trás, não me lembro a porcentagem exata agora. Claro, César Maia culpa a metodologia das pesquisas.
Vamos voltar para Goiânia. Vamos nos focar nos dois principais candidatos, aqueles que estão (se é que eu posso dizer isso) mais bem colocados nas pesquisas. Tanto Iris Rezende como Sandy Júnior falam que são parceiros de Lula. Quem seria mais parceiro: Iris ou Sandy Júnior? Todo mundo é parceiro do Apedeuta. Tanto a oposição como a situação se julgam as melhores amigas do metalurgicozinho. Se Lula é tão bom assim, se ele é disputado desse jeito é porque é bom. E também porque a economia está bem. Bem, aí eu já não sei até quando a nossa economia estará bem. Enquanto todo mundo for lulista a onda de popularidade do Apedeuta passará em muitas praias. O problema é que isso favorece os mais espertalhões, os que não têm vergonha na cara e os caras de pau de invadir a onda alheia. E invadir coisa alheia é ilegal. Mas o que é ilegal num país apaixonado pelo seu presidente e seus parceiros? Estamos perdidos. Quando a ressaca do mar vir eu quero estar longe.

''República da polícia'' vira cruzada de Mendes

Por Fausto Macedo
no Estado de São Paulo

O ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a advertir ontem, após conferência em São Paulo sobre os 20 anos da Constituição, para os riscos do que chamou de "república da polícia, república do juiz, do promotor". Em sua cruzada contra abusos de investigações patrocinadas por órgãos oficiais sob o manto do combate ao crime organizado e à corrupção, ele incluiu em seu libelo excessos e desobediências de comissões parlamentares de inquérito."Já tivemos exemplos em que havia um consórcio entre Ministério Público e um dado juiz e a partir daí se imaginava que se tinha fundado uma república. Vivemos isso em algum momento. Agora, em tempos mais recentes, temos vivido um tipo de república da polícia e também, às vezes, o consórcio com juiz e promotor."Mendes reiterou a necessidade de enfrentar a "ditadura do grampo telefônico". "Aqui talvez seja um processo de devido controle dos principais setores envolvidos, seja o próprio Judiciário, o próprio Ministério Público, mas aí são dissintonias que não têm nenhum significado no sistema macro estrutural da Constituição. São questões que podem ser corrigidas sem nenhuma alteração constitucional. Uma mera alteração legislativa, às vezes, ou uma mera reinterpretação por parte do Judiciário já pode fazer essas correções." Ele condenou "tribunais de exceção" e as seguidas incursões de segmentos da máquina pública pela soberania.Recorreu às investigações sobre o atentado a Carlos Lacerda e a morte de Getúlio Vargas, em 1954, para reforçar sua argumentação."Tivemos em algum momento uma tentativa de autonomização até de CPIs e tivemos no passado a história da chamada República do Galeão. Então, podemos ter problemas de autonomização de processos de investigação. Quaisquer que eles sejam precisamos ter cuidados para que andem dentro dos marcos institucionais."
DISTORÇÃO
Mendes declarou que "num Estado de Direito não há soberanos, todos estão submetidos à lei". "Quando alguém, quando algum setor começa a se autonomizar é porque estamos tendo alguma distorção no modelo de Estado de Direito", ressaltou o presidente do Supremo. "Várias CPIs, em algum momento, se autonomizaram. Tivemos a CPI dos Bingos, não faz muito tempo. E a dos Correios (mensalão).""Podemos falar em algum momento que tivemos medo de que as comissões de inquérito se exacerbassem", insistiu o ministro, dirigindo-se às CPIs. "Tivemos caso, por exemplo, em que uma decisão do Supremo, do ministro Cezar Peluso, foi descumprida por uma CPI, aquela CPI da Pirataria. Disseram não à ordem, alegaram que a orientação era para que não houvesse audiência no período da manhã e que estavam realizando a audiência à tarde. Veja, é o tipo de situação que preocupa. Quer dizer, os órgãos decolam de modelos institucionais."Para ele, tribunal de exceção não é uma definição que se aplica exclusivamente a magistrados que agem em parceria com delegados e procuradores. "Em geral, são órgãos que se autonomizam, quaisquer que sejam eles".O presidente do STF voltou a mirar a "república da polícia", recado direto à Polícia Federal, que tem responsabilidade de investigar corrupção e fraudes na administração pública. "Podemos ter excessos com inquéritos policiais, não é? E assim por diante. Então, é preciso ter cuidado nesse processo para que as instituições funcionem. E quando elas não funcionam é bom que o Judiciário se articule."

Marta diz que PSDB maltrata Alckmin

Por Ranier Bragon
na Folha de São Paulo

A seis dias do primeiro turno das eleições, a candidata do PT à Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, iniciou ontem uma ofensiva sobre o eleitorado tucano ao dizer que o "peessedebista de coração" estaria contrariado com a, segundo ela, "fritura" da candidatura de Geraldo Alckmin pelo PSDB."Eles estão fritando o candidato antes da hora. Eu nem sei quem eu vou enfrentar no segundo turno, mas parece que o PSDB já tem o prato feito. Isso provavelmente pode agradar ao [governador José] Serra e ao [Gilberto] Kassab, mas certamente vai desagradar, e muito, aos peessedebistas de coração", disse Marta durante evento em São Miguel Paulista (extremo leste da cidade).Embora afirme respeitar os dois candidatos e desautorizar declarações de seus aliados sobre quem ela espera enfrentar no segundo turno, a fala de Marta sobre o suposto "descontentamento" do eleitorado de Alckmin reflete o que, nos bastidores da campanha petista, é visto como o cenário mais provável: a ida de Gilberto Kassab (DEM) ao segundo turno."O que está acontecendo [no PSDB] não é digno. Eu acho que o que está acontecendo não me parece uma coisa de compostura. Se eu, que não tenho nada a ver com a história, acho isso, imagina o que estão pensando os eleitores. Surpreende-me que o PSDB frite seu candidato sem ter razão para fazê-lo", acrescentou a petista.
Ligações
Entre petistas, há quem defenda que, caso se confirme a vitória de Kassab sobre Alckmin, os primeiros programas do PT no segundo turno já abordem as antigas ligações do democrata com o ex-prefeito Celso Pitta (1997-2000) e com Paulo Maluf (PP), e a atual aliança com o ex-governador Orestes Quércia (PMDB). Com isso, dizem, Kassab iniciaria o segundo turno na defensiva.No cenário ideal para o PT, a tentativa seria repetir a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006, contra Alckmin. No segundo turno, o PT explorou as privatizações tucanas, deixando o adversário na defensiva.Ontem Marta participou de eventos de rua na zona leste. Em favela do bairro Belém, ela chegou a dançar uma mistura de funk e rap durante apresentação de crianças da comunidade. Antes, em São Miguel Paulista, pediu votos para os vereadores do PT, já que, segundo ela, ser eleita prefeita sem uma bancada de apoio é "programa de índio". A campanha de Marta deve se encerrar no sábado com uma caminhada no centro da cidade.