sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Olha eu aqui

Estou aqui na livraria Saraiva do shopping Rio Sul. Pois é, aqui tem computador. Não sei se vai ter jeito de postar alguma coisa amanhã. O dia vai ser corrido. É o meu último dia completo aqui no Rio de Janeiro. Aos meus cinco leitores digo que estou muito feliz, revigorado, pronto pra luta, sempre no ataque. Eu precisava desta viagem. Muito! Bem, eu disse que tavez amanhã eu não poderia postar aqui, né? Mas eu num sei não. É bem capaz de ter alguma coisa amanhã. Sei não. Caso contrário volto domingo pra Goiânia, na reta final da campanha. Uma campanha que Iris Rezende está levando com um pé nas costas. Ah, que tristeza é esta oposição...

Méquisbéqui

Muitos colocam a culpa nos republicanos pela não aprovação ontem no Congresso do pacote econômico proposto por George W. Bush. Muitos dizem que os republicanos querem se aproveitar para tentar beneficiar a campanha de John McCain. Será? Mas a campanha do republicano não está suspensa? Ele fez a coisa certa.
Nesta crise, o mais importante não está sendo perguntado: Será que Barack Obama (líder nas pesquisas mais recentes) terá capacidade de enfrentar a crise que o governo Bush deixará? Eu creio que não. Mas os americanos estão botando fé no homem. E daí se tem terrorista o apoiando? E daí se ele não tem experiência? O mais importante é seu discurso. É, vai ver falta isso mesmo. Falta fazer um discurso motivador para renovar os ânimos dos bancos americanos.
Isso tudo vai passar. É só o capitalismo sacudindo a poeira e dando a volta por cima. O melhor será McCain na presidência e Obama ganhando experiência no Senado (e quem sabe aprendendo a escolher os colaboradores da sua campanha).
Acham que John McCain já perdeu as eleições? Só fiz acima uma previsão de um possível governo Obama. Não se esqueçam que McCain era quase uma carta fora do baralho no começo das prévias republicanas. Não se assustem se daqui algumas semanas as vozes que hoje querem a cabeças dos investidores espertalhões mudarem para: "Méquisbéqui!"

Pra valer só em 2010

Como não tenho a senha para acessar o Popular daqui da internet eu vou me virando com as manchetes da capa. Iris Rezende disse que pode sim se candidatar ao governo em 2010. Alguma novidade? É claro que ele vai. A certeza é tão grande que até os petralhas se uniram ao velhinho. São espertos os cupanheros. Sabem que em 2010 voltarão a comandar a cidade. Meu Deus, ver a companheirada de novo mamando nas tetas da prefeitura vai ser dose.
No ano passado, quando alguém perguntava para Iris se ele disputaria a reeleição sempre desconversava. Olha o velhinho aí fazendo carreatas e adesivaços. Era o povo que queria, não é mesmo? Iris dirá que este mesmo povo o quer em 2010 no Palácio das Esmeraldas.
Como meus cinco leitores sabem, não tenho fontes, nem informantes em nenhum lugar. Tudo o que escrevo é opinião minha, impressões minhas. Sei não, mas sinto um certo enfraquecimento de Marconi Perillo. Ele já deixou Sandy Júnior com seu João Atento e está correndo o interior. Talvez porque sabe que em Goiânia e Aparecida o PMDB já está tomando conta. Quero ver em 2010. Será que teremos outro embate Iris Rezende x Marconi Perillo? Ah, em 2010 nós teremos o fator Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, que está mais próximo do PT e do PMDB do que dos desanimados do tal do Tempo Novo. É como eu disse antes mesmo de começar esta campanha: eleição pra valer mesmo será 2010. E quem sabe em 2010 Cidinho não nos conta os motivos do Estado ter quebrado na virada do ano de 2006 para 2007?

O entusiasmo de Cristovam

Em 2006 eu votei em Cristovam Buarque para presidente. O Brasil não se preocupa com educação e ele perdeu. Vejo hoje no Diário da Manhã que o senador pediu voto para Tatiana Lemos, filha de Isaura Lemos e Euler Ivo. Os dois comandam o PDT há muito tempo e ninguém fala nisso. Diz a matéria que Cristovam pediu votos para Tatiana com entusiasmo. Sei... Se um candidato a vereador de Nova Iguaçu (falo isso porque estou aqui no Rio e os candidatos de uhu é Nova Iguaçu aparecem na TV) for até o Senado Federal pedir para Cristovam gravar algumas palavrinhas ele grava. E dirá com "entusiasmo". Aí eu fico me perguntando: até quando o PDT vai deixar Isaura Lemos e Euler Ivo mandarem no partido? Será que alguém vai ter entusiasmo de pedir renovação no partido?

Um goiano em terras cariocas - 3

Como eu imaginava o blog não teve post ontem. Quando eu o criei em outubro do ano passado (nossa, está perto de fazer um ano) eu queria postar todo dia. Mas, estou no Rio de Janeiro e a cidade me oferece tanta coisa que nem tem jeito de colocar tudo aqui. Não ganho nada com o blog (e não me vanglorio por isso), ou melhor, gasto com ele. Estou numa lanhouse em frente a Praça Tiradentes. Já, já eu dou uma olhada no Diário da Manhã para ver como anda a campanha aí. Aqui só se fala do debate entre os candidatos realizado pelo Jornal do Brasil. O debate foi transmitido ao vivo via internet (debate assim não é só uma exclusividade do portal do Batista Custódio).
Ontem caminhei por Copacabana. Sim, eu vi a lendária e tão destruída estátua de Carlos Drummond de Andrade. Não, não fiz como os outros turistas tentando dialogar com ele. Simplesmente tirei uma foto. Queria ver o nosso poeta ali, de pernas cruzadas, pensando no próximo poema ou na crônica que teria que entregar no outro dia.
Fui até Ipanema. Como não? Caminhei por lá também. Vi a Rua Vinícius de Moraes, o bar onde Vinícius e Tom Jobim viram uma menina cheia de graça passando a caminho do mar. Fui também às ruas Barão da Torre e Nascimento Silva no número 107. São as ruas onde Tom Jobim morou. Para a minha tristeza, a casa da rua Barão da Torre virou uma escola, mas, para a minha alegria, a casa da rua Nascimento Silva tem uma placa lembrando que ali morou o nosso maestro maior.
O Rio de Janeiro continua lindo. E o curso enfadonho. Meu Deus, História Antiga não é a minha praia mesmo. Minha praia é Ipanema. Mas, este goiano do pé rachado terá que voltar no Domingo. Estou feliz aqui, tranquilo, em paz. Só falta o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor, a Casa Rui Barbosa e a Academia Brasileira de Letras para completar minha passagem por aqui. Tudo sem esquecer do certificado do curso. Apesar de enfadonho, tenho que agradecer que foi realizado aqui.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Ai, que preguiça!

Dei uma passada rapidinha pelo Diário da Manhã de hoje. Pelo visto, as eleições aí não mudaram nada. Sandy Júnior continua atacando Iris Rezende e insiste que o João Atento é o mais novo Nerso da Capetinga. Ai que preguiça. Aqui no Rio de Janeiro os demais candidatos atacam Eduardo Paes. Ele prefere não falar nada. Igualzinho Iris Rezende. Ai que preguiça.
Estou numa lanhouse. Hoje tem debate entre os candidatos organizado pelo Jornal do Brasil. A transmissão será pela internet e meu tempo e dinheiro são curtos demais para assistir daqui. Amanhã comento. Mas Sandy Júnior insistindo no João Atento... Ai, que preguiça!

Um goiano em terras cariocas - 2

Acabei de chegar da Igreja da Candelária. O trânsito aqui está um caos. E 0lha que aqui tem metrô, Sandy Júnior.
Ontem vi a campanha dos vereadores. Vi a Carla Jerominho pedindo votos. Isso mesmo, a amiga dos milicianos que está presa. Vi cada figura! Aqui não tem candidato só do Rio, mas sim de São Gonçalo, Niterói, Nova Iguaçu... Aí em Goiânia só tem candidato que farão de tudo para fazer uma Goiânia melhor. Não tem um candidato que apareça na TV dizendo que vai fazer uma Inhumas melhor, uma Trindade melhor, uma Senador Canedo melhor. Ah, e a maioria dos candidatos apóia Lula. É por isso que o Apedeuta está tão popular. Ninguém é do contra. Até César Maia não pega no pé do homi.
Vou voltar magrinho. Estou andando muito. Meu coração agradece.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Eles na TV (versão carioca)

É estranho assistir ao horário político e não ver Iris Rezende, Sandy Júnior, Gilvane Felipe e Martiniano Cavalcante. Aqui são mais candidatos. Tem Eduardo Paes, Marcelo Crivela, Chico Alencar e Fernando Gabeira. E uns outros que eu nunca vi na vida, mas que prometem fazer do Rio de Janeiro a cidade mais bela que existe. Se ela já é maravilhosa imagine se não tiver problema nenhum?
Quase todos os candidatos apóiam Lula. Eles falam que Lula vai ajudar o Rio a fazer isso e aquilo. Finalmente vi in loco Eduardo Paes se juntando ao lulismo. Xinguei-o. Em pensar que em 2005 o então deputado tucano dizia que o governo Lula era o mais corrupto. É um cara de pau mesmo.
E Marcelo Crivela? Ele estava mansinho de mais para quem se diz inconformado com as injustiças sociais. E o Gabeira? Ele está empolgadíssimo com as pesquisas que mostram sua candidatura crescendo entre o eleitorado. Será que ele vai para o segundo turno? Acho que não. São promessas e mais promessas. É o que eu disse mais acima: se o Rio de Janeiro já é a cidade maravilhosa, imagine se ela não tiver problema nenhum.
Ah, os candidatos falam do UPA. Nã0, não tem nada a ver com "upa, upa, cavalinho". É a Unidade de Pronto Atendimento. Pela propaganda é uma maravilha. Até Lula está incluido nisso. Por falar em UPA, a popularidade do Apedeuta anda tão em alta que ele monta em quase todos os candidatos cariocas e diz sorridente: "Upa, upa, cavalinho".

Um goiano em terras cariocas

Olha eu aqui. Estou no Rio de Janeiro. Escrevi um texto ontem a noite para postar aqui, mas acabei esquecendo de trazer. Estou numa lanhouse. O hotel que estou hospedado fica quase em frente à Praça Tiradentes. Sabe o que aconteceu nesta praça? Simplesmente foi o local onde o mais fomoso dos inconfidentes foi morto. Caminhando um pouco pela Avenida Visconde de Rio Branco chega-se ao Campo de Santana ou Praça da República. Foi ali que Deodoro da Fonseca decretou o fim do Império e o Brasil assistia bestializado a instauração da República. Mais a frente, já na Avenida Presidente Vargas, tem a Central do Brasil. Não me lembrei do filme homônimo, mas sim do local onde João Goulart fez o tradicional "Discurso da Central do Brasil" no dia 13 de março de 1964. Discurso este que prometia as reformas de base. Jango discursava bem ao lado do Comando Militar do Leste, hoje Palácio Deodoro da Fonseca. Fotografei tudo. Quando chegar em Goiânia coloco aqui.
Estou sozinho nesta viagem. Estou achando muito bom. O curso de História Antiga é enfadonho, mas o mais importante é que estou aqui no Rio de Janeiro. Ainda não fui á praia. É que só hoje fez Sol. Eu ainda vou lá, afinal, quem vai ao Rio e não entra no mar é a mesma coisa de ir a Roma e não ver o Papa.
Encontrei vários sebos. Comprei alguns livros. Me disseram que as coisas aqui eram caras, mas vejo que não é bem assim. Muito livro bom e barato. Ah, por falar em coisas que disseram sobre o Rio de Janeiro gostaria de tranquilizar meus cinco leitores. Não escrevi ontem por falta de tempo. Não achei (e nem quero achar) nenhuma bala perdida e que nenhuma pessoa de má índole cruze o meu caminho.
O sotaque carioca ainda me é estranho. Estou acostumado a puxar o erre e dizer "trem", "bão", "sô" e outras goianidades. Que meus cinco leitores fiquem tranquilos: não voltarei falando o carioquês.
Ah, ontem eu vi a propaganda eleitoral daqui. Mas isso só conto no próximo post.

domingo, 21 de setembro de 2008

Fui...

Vou me aprontar agora. Meu vôo sai às 9:05 da manhã. Faço uma conexão em São Paulo, no Aeroporto de Congonhas. De lá parto finalmente para o Galeão. Espero poder publicar pelo menos um post por dia. Se uma lan house estiver aberta perto do hotel prometo que manterei meus cinco leitores informados não somente sobre as belezas cariocas como os delírios dos candidatos a Prefeitura do Rio de Janeiro. Fui...

Campanha fria no Rio

Por Idelina Jardim
no Jornal do Brasil

Apesar de faltarem duas semanas para a votação, a campanha para prefeito do Rio ainda não esquentou. A frieza é atribuída especialmente à falta de debates ­ até agora dois deles, marcados por emissoras de TV, foram cancelados por discordância do candidato do PDT, Paulo Ramos. ­ Falta discussão, e os eleitores estão desmotivados pela sucessão de eleições ­ analisa o professor de opinião pública da Uerj, Herich Ulrich. Especialista em marketing, o publicitário Rodrigo Ganem diz que o problema só ocorre na capital: ­ Na Baixada está a todo o vapor e nos bairros da periferia tende a esquentar cada vez mais, com a participação ativa da população ­ acredita. ­ Na capital, o carioca está cansado de tantas histórias e maus tratos por parte dos políticos. Para o cientista político, Marcus Figueiredo, a eleição municipal este ano está mesmo "sem graça", com pouco calor se comparadas às campanhas anteriores: ­ A ultima eleição que valeu a pena discutir na rua foi a de 1992: César Maia contra Benetita. De lá para cá, a política perdeu espaço, e entrou no seu lugar a disputa pela administração eficiente. A entrada do Exército em comunidades dominadas por tráfico e milícia contribui para o descredito, acredita o publicitário Ganem: ­ Ter que chamar a força nacional para garantir a segurança é muito feio para o Rio e preocupante. Traz um pouco desse cansaço.
Candidatos têm esperança
Os candidatos a prefeito acham que, nesta reta final, a tendência é esquentar. Para a candidata Solange Amaral (DEM) isso se dará quando os indecisos decidirem seus votos. ­ Em algum momento vai esquentar. Quando as pessoas começarem a conversar umas com as outras, o alto índice de indecisos vai se transformar em decisão de voto. Neste momento, as pessoas ainda estão vendo quem está com quem. Segundo pesquisa induzida do Datafolha realizada entre os dias 17 e 18 de setembro, o Rio tem 6% de indecisos. Uma queda significativa, em relação ao levantamento anterior, feito entre os dias 4 e 5 de setembro, que registrava 47%. Nas cidades de São Paulo e Porto Alegre o percentual de indecisos é de 4% , enquanto Recife registra 3%. A última pesquisa Ibope, feita entre os dias 9 e 11 de setembro, no entanto diz que a porcentagem de indecisos na capital é de 11%. A linha estratégica de Solange, também vale para Alessandro Molon (PT), que aposta todas suas fichas nos indecisos. ­ A partir desta semana, o eleitor carioca começa a decidir o seu voto. Essa eleição está em aberto ­ enfatiza o candidato Fernando Gabeira (PV), através de sua assessoria, afirma que espera radicalizações no processo. ­ A tendência nessas duas últimas semanas é de que haja um tom mais emocional, com mais calor e acusações, Por outro lado, Jandira Feghali (PC do B) justifica a importância do debate para aquecer de vez o período eleitoral. ­ A campanha no Rio de Janeiro ainda não teve nenhum debate, e isso é muito prejudicial para a formação da opinião do eleitor. Ainda mais quando, de repente, todo mundo é Lula desde pequenininho e alguns candidatos fazem campanhas milionárias para conquistar eleitores ­ desabafa. Chico Alencar (PSOL) atribui o clima frio à mídia, que, segundo ele, não cede espaço suficiente. ­ Os principais meios de comunicação de massa não realizaram debates entre os candidatos. Isso sempre permite confrontar, polemizar. Assim, claro, fica uma eleição de iguais, porque só a propaganda eleitoral pasteuriza, uniformiza. Desse modo todos os gatos são pardos e todos os ratos são lindos.
Máquinas atuantes
O candidato Marcelo Crivella (PRB) foi o único que considerou a campanha normal. Destacou que os candidatos estão se respeitando e tentando mostrar aos eleitores suas propostas políticas. Mas alfinetou os concorrentes ao dizer que "em toda campanha existe aquele candidato que tem o apoio da máquina do Estado ou do municipio". Paulo Ramos (PDT) diz que a campanha está fria porque os que preferidos dos meios de comunicação e dos órgãos de pesquisa têm basicamente os mesmos projetos. ­ Aí não tem conflito. Está faltando um espaço igualitário ­ critica o pedetista. Para Vinícius Cordeiro (PTdoB), a campanha teve dois momentos: antes e depois da TV. ­ O que me causa frustração é a natureza da cobertura dos grandes órgãos de comunicação e a falta de espaço para debates para que as propostas divergentes dos candidatos ficassem mais claras.

Em comício de Marta, Lula diz que adversários agem como ''hipócritas''

Por Vera Rosa

Irritado com os constantes ataques do DEM e do PSDB, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu entrar na briga. Ao participar ontem de comício da candidata do PT à Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, Lula chamou os adversários da petista e do Planalto de "hipócritas" e "oportunistas". Foi além: disse que a oposição copia as propostas de Marta e, apesar de criticá-lo em público, simula seu apoio na campanha eleitoral em vários municípios."Eu viajo o Brasil inteiro e até o pessoal do DEM está com fotografia minha", afirmou Lula, durante comício em Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte. "De dia me xingam na Câmara e no Senado e de noite distribuem santinhos do Lula na rua da cidade onde moram. Vejam onde chegou a hipocrisia! Eles não têm lado porque são oportunistas", acrescentou.No palanque, Lula não dirigiu as estocadas apenas ao DEM do prefeito Gilberto Kassab, que concorre à reeleição. Lembrou a disputa de 2006, quando enfrentou o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), para desconstruir o discurso do tucano, por quem não esconde a antipatia. Mesmo sem citar nominalmente Alckmin e Kassab, ele não deixou dúvidas sobre quem se referia."Na campanha presidencial, esses mesmos que hoje copiam todas as propostas que a Marta faz eram aqueles que iam para a TV me achincalhar, me ofender e dizer que o governo não fazia nada", acusou Lula. Para que a referência a Alckmin ficasse bem clara, recordou até mesmo um comercial do tucano. "Hoje até eles dizem: ?Ah, o Lula tudo bem, mas o PT é que não sei das quantas...? Eles estão brincando com a nossa inteligência", gritou, para comemoração da platéia, que agitava bandeiras coloridas.Em tom intimista, o presidente disse que alguns setores da oposição têm "ódio, preconceito e raiva" de seu governo e do PT, mas sofrem metamorfose na campanha para pegar carona em sua popularidade. "Nós temos lado, nós temos cara, nós temos rosto e nos apresentamos como somos", insistiu.Para o deputado Rodrigo Maia (RJ), presidente nacional do DEM, a declaração de Lula foi "muito desrespeitosa". "Acho que a arrogância dele foi causada por efeitos da altitude da viagem de avião até São Paulo", provocou. Seu colega Édson Aparecido (PSDB-SP), coordenador da campanha de Alckmin, reagiu com mais acidez: "A maior demonstração de hipocrisia foi Lula se eleger criticando a política econômica do governo do PSDB e depois não fazer nada diferente."
BAIANINHO
Embora saiba que a eleição em São Paulo só terá desfecho no segundo turno, Lula cobrou empenho dos militantes para liqüidar a fatura no dia 5 de outubro. Disse que Marta está "muitos degraus" à frente de seus rivais e chegou a afirmar que a eleição da petista vai ajudá-lo em Brasília.Em conversas reservadas, o presidente tem avaliado que a disputa na capital paulista é uma prévia da campanha de 2010 ao Planalto, quando haverá duro confronto entre petistas e tucanos. Além de emblemática, a vitória de Marta é considerada fundamental pelo governo para consolidar o projeto de poder do PT."Vamos conversar com os nossos companheiros e dizer: ?Gente, ajude aquele baianinho que está governando o Brasil elegendo Marta prefeita", apelou Lula, provocando gargalhadas na platéia. Detalhe: embora seu apelido seja "Baiano", o presidente é pernambucano.Apesar de ter dito que evitaria entrar nos embates municipais no primeiro turno, Lula não só quebrou a promessa como demonstrou ontem, no comício ao lado de Marta, que não consegue ficar longe dos palanques.Em pouco mais de uma hora, distribuiu broncas, acenos, sorrisos, explicou programas do governo, falou da descoberta de petróleo na camada pré-sal e até ganhou um terço. Afirmou estar muito feliz porque "as coisas estão dando certo" e não conteve o tom ufanista ao dizer que "Deus assumiu publicamente que é brasileiro".Uma mistura de jingles das campanhas de Marta e Lula embalou o comício. "É Lula lá, Marta aqui e lá também", disseram candidatos a vereador que se revezaram no palanque, numa alusão ao desejo de algumas alas do PT de ver a petista alojada no Planalto em 2011. Até agora, porém, a favorita de Lula para ocupar a vaga é a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT).Na tentativa de associar cada vez mais seu nome aos índices de aprovação do governo federal, Marta procurou adotar o mesmo estilo coloquial do presidente e conversou com a platéia. "Tenho certeza de que a senhora pode agora trocar sua geladeira, dona Malvina", disse ela. Aos rivais, porém, sobraram ataques.Depois do comício, Lula visitou o vice-presidente, José Alencar, que recebeu alta do Hospital Sírio Libanês após cirurgia para retirada de três tumores na região abdominal. O presidente também gravou mensagem de apoio para ir ao ar no programa eleitoral de Marta. No início da noite, Lula fez comício em Mauá em apoio ao candidato Oswaldo Dias (PT). Lá ele também protestou contra o uso de sua imagem por adversários. "Que não usem meu nome em vão", afirmou. No local, uma faixa ligava Lula a Chiquinho do Zaíra (PSB), rival do candidato petista.

Polícia apura elo de morte em GO com "crime da motosserra

Por Cíntia Acayba e Matheus Pichonelli
na Folha de São Paulo

O assassinato, no interior de Goiás, de uma quarta testemunha dos crimes envolvendo o ex-deputado Hildebrando Pascoal, 56, levou a Polícia Civil do Estado a instaurar inquérito para investigar se há relação entre o homicídio e a ação do grupo de extermínio que atuou no Acre nos anos 90.A 2.517 quilômetros de Rio Branco, onde atuou como policial militar, Manoel Décio de Lima, 42, foi encontrado morto no último dia 28 numa lavoura em Chapadão do Céu (GO). Ele havia deixado o Acre, seis anos atrás, por segurança. O caso é investigado pela Polícia Civil de Jataí, cidade vizinha.O assassinato ocorreu 12 anos após o chamado "crime da motosserra" -Agilson Firmino, o "Baiano", motorista de um suspeito de ter matado o irmão de Hildebrando, foi torturado e teve o corpo serrado em suposta ação do grupo liderado pelo ex-deputado, em 1996.O julgamento do caso, cujo processo tem 1.869 páginas, deve ocorrer no final deste ano.Ex-coronel da Polícia Militar no Acre, Hildebrando está preso em Rio Branco desde 1999 e já foi condenado a mais de 70 anos de prisão em pelo menos cinco processos, entre homicídios, crime eleitoral e tráfico internacional de drogas.Segundo o procurador Sammy Lopes, coordenador do grupo de atuação especial de prevenção e repressão às organizações criminosas do Ministério Público do Acre, a morte em Goiás do ex-policial, que estava sob medida de proteção isolada a testemunhas e já havia deposto em dez casos envolvendo o grupo de Hildebrando, teve características semelhantes aos assassinatos anteriores -Décio levou oito tiros de pistola no corpo e na cabeça.Um policial civil, um bombeiro e um caseiro que haviam deposto ou iriam depor à Justiça foram mortos como "queima de arquivo", afirma Lopes.Os dois primeiros foram mortos antes de formalizarem pedido para integrar o programa de proteção; o caseiro se recusou a entrar no programa.Segundo Lopes, Décio ajudou a esclarecer casos de mortes sob encomenda ou contra desafetos de Hildebrando.A delegada Paula Ruza, responsável pelo inquérito, não descarta a hipótese de "queima de arquivo", mas afirma que Décio, presidente do sindicato rural local, colecionou brigas na cidade, de 5.289 habitantes.Décio morava com a mulher e dois filhos em Chapadão do Céu, para onde a família se mudou há dois anos, e entrou para o programa de proteção à testemunha em 2004.Ele teve ajuda para se mudar e escolta policial quando se deslocava para audiências na Justiça -recebeu o benefício por determinação do conselho estadual do programa e optou pela proteção isolada. Se tivesse optado pela proteção integral, ficaria incomunicável até mesmo com familiares em seu Estado de origem.Advogado de Hildebrando, Sanderson Moura afirma que a suspeita sobre o cliente é "coisa de mente insana".Segundo a Folha apurou, Décio já havia sido advertido pela coordenação do programa no Acre por causa do envolvimento com o sindicato.Em novembro de 2007, 561 pessoas faziam parte do programa no país. Segundo a secretaria, entre 1998 e 2006, foram atendidas 2.265 pessoas -74% delas foram desligadas por não correrem mais riscos, e 16%, excluídas por rejeitarem normas. Não há registro de mortes entre eles no período.

"Aloprados" do caso dossiê seguem soltos

Na Folha de São Paulo

Dois anos depois do escândalo que marcou a eleição presidencial, a investigação sobre o R$ 1,7 milhão apreendido com petistas em um hotel em São Paulo está parada. Ninguém foi acusado formalmente à Justiça e a possibilidade de se descobrir a origem do dinheiro é, a cada dia, mais remota."É uma investigação tormentosa, difícil. E, quanto mais o tempo passa, pior", afirma em tom pessimista o procurador da República Mario Lúcio Avelar, que acompanha o caso desde a noite de 15 de setembro de 2006, quando a Polícia Federal prendeu dois petistas com uma pilha de reais e de dólares.Detidos em flagrante num quarto de hotel, Valdebran Padilha e o então assessor da campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gedimar Passos, disseram que se encontraram para negociar um dossiê contra tucanos.Para muitos, o episódio foi determinante para a ida da eleição para o segundo turno, o que levou o presidente Lula a batizar os petistas que atuaram na operação de "aloprados".
Parado
O inquérito hoje não avançou nada em relação a dezembro de 2006, quando foi concluído pelo delegado da PF Diógenes Curado Filho -atual secretário de Segurança de Mato Grosso.Depois de 96 dias de investigação, Curado concluiu que o dinheiro apreendido saiu do caixa dois da campanha do senador Aloizio Mercadante (PT), que disputava o governo de São Paulo. O policial indiciou o senador, os dois detidos no hotel e outras quatro pessoas por crime eleitoral.Como Mercadante foi citado, o caso subiu para o STF (Supremo Tribunal Federal), único que pode investigar um senador. A corte anulou o indiciamento por ausência de provas. Em maio, depois de passar um ano e cinco meses no STF, o inquérito retornou para a Justiça Federal de Cuiabá (MT).Desde então, a investigação está com o procurador da República, que deverá pedir novas provas à PF. "O inquérito ficou muito tempo no Supremo. Várias diligências que pedimos à época foram negadas pela Justiça. Agora tudo é mais difícil. É como num assassinato. Quanto mais o tempo passa, mais as provas esfriam", disse Avelar.Uma segunda investigação foi aberta à época, desta vez no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a pedido do PSDB, que acusou o presidente e outros cinco petistas de abuso de poder econômico na eleição.O ministro relator da representação, o hoje presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Cesar Asfor Rocha, mandou arquivar o caso. Ele entendeu que não era possível vincular o dinheiro apreendido à campanha eleitoral, e concluiu que o principal prejudicado com o dossiegate foi Lula. O PSDB recorreu ao STF.
Personagens
Seguindo a lógica do caso, pouco mudou também na vida dos personagens do dossiegate.Valdebran Padilha, que intermediou a venda do dossiê entre a família Vedoin, dona do material, e o PT, segue em Cuiabá, onde administra uma construtora que vive de contratos públicos.Hamilton Lacerda, que foi apontado pela PF como o transportador do dinheiro para o hotel, se desfiliou do partido, mas ainda participa de reuniões do PT e do lançamento de candidaturas petistas.Também citado no escândalo, Freud Godoy, ex-segurança de Lula, não tem mais cargo no governo, mas presta serviço de segurança ao partido.Já Jorge Lorenzetti, ex-coordenador da área de inteligência da campanha e quem determinou a análise do dossiê, trabalha hoje em uma lanchonete que montou com a família.

PT investe na Grande SP para formar "cinturão vermelho"

Na Folha de São Paulo

A DUAS semanas do primeiro turno das eleições, o PT paulista investe na tentativa de formar um "cinturão vermelho" no entorno da capital do Estado -região metropolitana e cidades em um raio de até 100 km.O partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de olho na disputa pela sucessão do governador José Serra (PSDB), está em desvantagem em metade das 12 cidades do interior e do litoral do Estado em que há possibilidade de segundo turno, de acordo com as pesquisas. Mas lidera nas quatro cidades com mais eleitores do ABC e está na frente em Osasco e Carapicuíba, além de ter boas chances em São José dos Campos.Em Campinas, o partido integra a coligação do atual prefeito Dr. Hélio (PDT), favorito na disputa até agora. Juntas, as cidades correspondem a 3,3 milhões de eleitores. O PT pretende gastar por eleitor, só no ABC, cinco vezes o que a campanha paulistana gastará.