sábado, 1 de janeiro de 2011

E agora?

Pronto! Lula é mais uma página virada. Acabou! Agora vem Dilma Rostock. E agora?

Posse de Dilma Rostock

Dilma Rostock já é presidente do Brasil e Lula é mais um ex-presidente. Vejo o Congresso Nacional aplaudindo-a, mas nós sabemos que não será sempre assim. E José Sarney? Tudo passa, mas ele sempre fica.

Desafios da presidente

Editorial da Folha de hoje.


A presidente Dilma Rousseff assume hoje o governo de um país promissor, que pode alimentar com realismo a ambição de se tornar nas próximas décadas uma nação rica e socialmente justa.
Contribuir de maneira decisiva para esse triunfo histórico é o grande repto que se apresenta à nova mandatária. Não bastará, para tanto, dar continuidade às políticas de seu antecessor.
Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva beneficiou-se da consolidação dos alicerces da democracia e da estabilidade econômica, sua sucessora terá de destacar-se da etapa que se conclui e lançar as bases de novo ciclo de conquistas.
Na área econômica é hora de reduzir o chamado custo Brasil, trazer a taxa de juros a patamares compatíveis com os de nações desenvolvidas e aumentar a capacidade pública e privada de investir. São indispensáveis reformas para disciplinar o caos tributário, eliminar obstáculos burocráticos e facilitar a vida das empresas.
É inadiável o esforço para reduzir a parcela do PIB consumida pelo Estado e elevar o padrão de eficiência do funcionalismo, por meio de mecanismos de cobrança e premiação por mérito.
Portos, ferrovias, rodovias e aeroportos precisam ser ampliados e modernizados. É preciso que o poder público faça a sua parte e convoque a iniciativa privada para atuar em parcerias.
Na política industrial, a pesquisa inovadora e os setores de alta tecnologia esperam por estímulos. O país não pode se contentar em ser apenas fornecedor mundial de produtos primários.
Na saúde, em vez de insuflar apelos por aumento de tributos, a presidente deve trabalhar para obter ganhos com o aperfeiçoamento da gestão. Fonte de problemas endêmicos, a precariedade do saneamento básico é inaceitável. Basta dizer que um terço da população não tem acesso a nenhuma forma de coleta de esgotos.
É na educação, contudo, em que pesem as melhorias pregressas, que mais se precisa avançar. O conhecimento é a principal ferramenta de redução de desigualdades. Dados recentes indicam que apenas 43% dos engajados no mercado de trabalho concluíram o ensino médio. E somente 11% têm diploma de nível superior. Cerca de 15% dos jovens de 15 a 17 estão fora da escola, que oferece ensino ruim, como provam as notas de jovens brasileiros em testes internacionais.
A presidente Dilma Rousseff deveria assumir metas como a garantia de que antes de 2014 todas as crianças sejam alfabetizadas até a idade de 8 anos. É preciso levar à escola todos os que têm entre 4 e 17 anos e responder à demanda por creches. Cabe ainda ao governo federal liderar um movimento de reciclagem do professorado e de melhoria de sua péssima situação salarial.
Por fim, mas não menos importante, é imperioso que o novo governo recupere o tempo perdido numa área em que o presidente Lula definitivamente falhou -a do combate à corrupção, aos maus costumes políticos e ao aparelhamento da máquina estatal. Já é tempo de promover uma regeneração ética e republicana da esfera pública.

Comentário
Eu acrescentaria algumas coisas aos desafios que Dilma Rostock deveria enfrentar. Deveria respeitar a oposição. Compreender o papel do contrário na democracia. Não permitir que nenhum petralha enfezado aponte o dedo para este ou para aquele que discorde das ações da presidente. Que Dilma cumpra o que manda a Constituição, a defenda e jamais deboche ou deixe que debochem como Lula fez nestes ultimos oito anos. 

É mais do que necessário combater a corrupção. Lula passou a mão na cabeça de várias salafrários. Lula ressuscitou Fernando Collor de Melo e Jader Barbalho. Lula disse que José Sarney era uma pessoa incomum no meio da pior crise do Senado Federal. Dilma deveria a cada denúncia, cobrar explicações dos acusados e, comprovada a culpa, demiti-los o mais rápido possível. Como Lula agora é só um objeto do passado a partir de hoje está mais do que na hora de deixar de lado o costume lulista de defender aqueles que tiram proveito do bem público. 

Outro desafio que incluiria no editorial da Folha é evitar a briga entre PT e PMDB. Quando Dilma estava montando seu ministério nós vimos petistas e peemedebistas rangendo os dentes e latindo um contra o outro na luta pelo cargo e/ou ministério por onde passa mais verba. 

Supremo não tem prazo para libertar italiano

Na Folha online



Os ministros do Supremo Tribunal Federal deverão libertar Cesare Battisti, mas não há prazo para que isso ocorra. Responsável por decretar a prisão do italiano, em 2007, o tribunal é que vai emitir o alvará de soltura.
O presidente do STF, Cezar Peluso, confirmou anteontem que o tribunal deverá analisar os argumentos usados por Lula para manter Battisti no Brasil a partir de fevereiro, quando termina o recesso do Judiciário.

Para o ministro Marco Aurélio Mello, contudo, Battisti deve ser solto imediatamente e a decisão de Lula não deve ser revista pela Corte.
Em 2009, o STF decidiu que a palavra final seria de Lula, limitando, porém, sua atuação ao Tratado de Extradição entre Brasil e Itália.
Caberá ao relator do caso, ministro Gilmar Mendes, produzir uma análise sobre o ato e levar a discussão ao plenário. Em 2009, Mendes foi favorável à extradição.
Os ministros estão divididos em duas linhas: a primeira, de que Lula não poderia argumentar que Battisti corre risco de ser perseguido, pois o STF já descartou a hipótese.
A segunda, que deve prevalecer, afirma que a decisão de Lula é política, não importando se ela contradiz o Supremo. Ou seja, basta que ele cite o tratado --como de fato foi feito-- para que sua palavra seja validada. 

Primeiro post

Olha eu aqui! Feliz ano novo!
Primeiro post de 2011 e da segunda década do século XXI.
O lulismo agora já era. E vamos ficar de olho na Dilma Rostock.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Feliz ano novo, Charlie Brown

Parte 1



Parte 2



Parte 3

Mais um terrorista entre nós ou A Itália é perigosa

Matéria publicada no Estadão online:


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acaba de decidir, depois de uma reunião, nesta sexta-feira, 31, com o Advogado Geral da União, Luis Inácio Adams, que o ex-ativista Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua por quatro assassinatos na década de 70, vai continuar no País, não sendo, portanto, extraditado para a Itália. Leia mais aqui.

Comentário
No último dia do seu mandato, Lula decidiu que um terrorista esquerdopata continue aqui no Brasil. Se Cesare Battisti fosse um terrorista direitista ou um dissidente cubano com certeza já estaria no seu país de origem. Mas como Battisti é da esquerda merece toda a proteção do governo brasileiro. 
Ora, se Lula acha que a volta do terrorista esquerdopata para a Itália colocaria a vida do mesmo em risco ninguém do governo brasileiro vai protestar contra a Itália? A Itália é mais perigosa que o Brasil. É melhor deixa Cesare Battisti por aqui. Tem muito cupanheiro de armas dele que vão dar todo apoio e proteger sua vida. 

PMDB perde para o PT comando dos Correios

Por João Domingos, Karla Mendes e Leandro Colon
no Estadão



O PT passou mais uma rasteira no PMDB na disputa pelos cargos das estatais. O sindicalista Wagner Pinheiro, filiado ao PT, será o novo presidente dos Correios. Ligado ao ex-ministro Luiz Gushiken, desde 2003 Pinheiro é presidente do Petros, o fundo de pensão da Petrobrás, e foi alvo de investigação da CPI dos Correios, em 2005.
Os Correios têm orçamento anual de cerca de R$ 12 bilhões, dos quais R$ 500 milhões para investimentos. Partidos aliados do governo, como o PMDB e o PTB, passaram a deter seu controle desde 2004. A partir daí, a estatal, uma instituição secular que gozava de grande credibilidade, acabou sendo envolvida numa série de escândalos.
Estes começaram com um vídeo em que o ex-funcionário Maurício Marinho recebia propinas, seguiram pelo escândalo do mensalão e pela CPI dos Correios, até a queda de Erenice Guerra do comando da Casa Civil. Seu filho Israel Guerra está sendo investigado pela Polícia Federal por lobby a favor de uma empresa que mantinha contrato com os Correios. Não bastasse isso, começou a haver falhas na entrega das correspondências e encomendas.
Por coincidência, o futuro presidente da estatal foi investigado pela CPI dos Correios, criada no Congresso em 2005 para apurar o esquema do mensalão no governo do PT. O relatório final da comissão, aprovado em 2006, mencionou Pinheiro e levantou suspeitas em transações financeiras do Petros, mas não pediu seu indiciamento. Leia mais aqui.

Patético

Patético! É assim que defino o fim do governo Alcides Rodrigues aqui em Goiás. Ele começou o mandato criticando seu antecessor e até então aliado Marconi Perillo e termina o governo criticando seu antecessor e hoje adversário Marconi Perillo. Alcides acha que o povo é besta, que não se lembra dos louvores que ele fez a Marconi em 2006. Aliás, Cidinho só foi eleito por causa de Marconi.

Alcides Rodrigues assumiu o governo em abril de 2006. Ele era vice-governador. Marconi saira do Palácio das Esmeraldas no dia 31 de março daquele ano para disputar uma cadeira no Senado. Cidinho sabia muito bem como estava o governo. Ele sabia muito bem o estado do carro que ia dirigir. E, de acordo com a sua propaganda eleitoral, era uma Ferrari. Até hoje Cidinho nunca explicou os motivos do rompimento com Marconi. Dívidas? Uai, mas durante a propaganda eleitoral Cidinho dizia que, se Goiás tinha dívidas a culpa  era do PMDB. E, quatro anos depois, lá estava Alcides de braços dados com Iris Rezende e Maguito Vilela, dois ex-governadores do PMDB que, segundo Alcides teriam deixado muitas dívidas. Vale lembrar sempre que Marconi e Alcides compunham o Tempo Novo que viria substituir o Tempo Velho representado pelo PMDB de Iris e Maguito.

Hoje, dia 31 de dezembro de 2010, percebemos que Alcides Rodrigues vai deixar o Palácio das Esmeraldas pelas portas dos fundos. Não terá coragem de olhar nos olhos de Marconi que, segundo ele, teria deixado dívidas milionárias. Cidinho foi o pior governador que tivemos. Ao invés de fazer Goiás avançar preferiu descosntruir um governo que ele ajudou a construir. Ou como diz o ditado popular: Alcides cuspiu no prato que comeu.

Alcides dizia que Lula era um grande amigo de Goiás. Pois é. O governo federal, até hoje, não liberou o dinheiro que acabaria com as dívidas da Celg. E olha que Lula dizia quando passava por aqui que Cidinho trabalhava caladinho. Imagine se o homem falasse muito? O plano cidista gorou. Ele recebeu a promessa da bufunfa para a Celg se apoiasse a candidatura de Iris Rezende, abençoada por Lula. Nem o dinheiro e nem a candidatura deram certo. 

A saída de Alcides Rodrigues do Palácio das Esmeraldas representa o fim do Tempo Novo. E acaba de forma patética. Vamos ver como Marconi Perillo vai denominar o tempo que se inicia a partir de amanhã. Do jeito que ele adora uma propaganda Goiás vai entrar num outro momento, num outro tempo. O tempo do governador das propagandas voltou. 

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Caiado pede ação contra Lula por novo nome de Tupi

Por Gustavo Porto e Ayr Aliski
no Estadão online


O deputado federal e vice-presidente do DEM, Ronaldo Caiado (GO), defendeu nesta quarta-feira, 29, que o Ministério Público Federal (MPF) peça na Justiça uma ação de improbidade administrativa contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela mudança do nome do poço Tupi, da Petrobras, para "Lula", anunciada hoje pela estatal. Leia mais aqui.

Comentário
O deputado goiano Ronaldo Caiado está coberto de razão. Tem que ir à Justiça evitar que estes puxa-sacos do lulismo rasguem a Constituição. 

Só no deboche

Foi gostoso passar pela Presidência da República e terminar o mandato vendo os Estados Unidos em crise, vendo a Europa em crise, vendo o Japão em crise, quando eles sabiam tudo para resolver os problemas da crise brasileira, da crise da Bolívia, da crise da Rússia, da crise do México.

Você já sabe quem disse isso. E ele sai da Presidência da República com 83% de aprovação.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Férias só a partir do dia 06

Os três leitores que sempre me acompanham podem ficar tranquilos. Só paro no dia 06 de janeiro. Vou visitar minhas avós. Enquanto a viajem não chega e minhas avós não me recebe com um grande abraço (e eu retribuo com um grande beijo) vou continuar labutando aqui. Saio dia 06 e volto na segunda dia 10. 

E agora Iris? E agora PMDB?

Um fato político mexeu muito na política goiana neste final de ano. O convite feito pelo governador eleito Marconi Perillo (PSDB) para o deputado federal eleito Thiago Peixoto (PMDB) ser secretário da Educação do próximo governo. O que mais mexeu não foi o convite, mas a aceitação do convite. Thiago aceito de prima. E o PMDB rachou. Uns apoiam, outros condenam.

Como se não bastasse a derrota nas eleições estaduais deste ano, o PMDB perde uma figura importante que teria um bom futuro dentro do partido. Mas o PMDB goiano está nas mãos de Iris Rezende. Ele é centralizador, não permite que outras figuras surjam dentro do partido. Com a saída de Thiago Peixoto para o governo Marconi Perillo o PMDB precisa repensar. Precisa andar com a próprias pernas e não depender das pernas de Iris. 

Prefiro aguardar. Quero ver como Thiago Peixoto vai se portar como secretário da Educação. Quero ver como o PMDB vai enxergar sua atuação na secretaria. Quero ver o que Iris Rezende vai fazer a partir do ano que vem. Quero ver como ficará a aliança PMDB-PT a partir de 2011. São tantos questionamentos. É melhor perguntar para eles: E agora Iris? E agora PMDB? O que fazer?

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Lula e a imprensa (outra vez) Parte 2

Eu sei que esse assunto já foi discutido em vários lugares, mas quando Lula fala sobre a imprensa precisamos ficar atentos. Nunca vi um presidente odiar tanto a imprensa como Lula. Nunca vi um presidente criticar tanto o trabalho dos jornalistas como Lula. 
Faltando três dias para dar adeus à presidência, Lula mostra todo o seu rancor, toda a sua raiva, todo o seu ódio à imprensa. Vai ver Lula e Franklin Martins queiram que o Brasil seja igual Cuba no quesito imprensa: um só jornal publicado pelo governo e quem ousar publicar alguma coisa contra vai para a cadeia. Engraçado Lula massacrar a imprensa aqui no Brasil e quando abraça os Irmãos Castro em Cuba não pedir uma imprensa plural por lá.

Digo e repito: Não quero que um presidente ou um ministro da Comunicação Social diga como a imprensa deve se comportar. Não quero que um bando de peleguinhos dite o que deve ser escrito nas redações dos jornais. Quem deve controlar a imprensa somos nós, telespectadores e leitores. Não é nenhum paga-pau do lulismo que deve impor o que devo ou não ler, qual revista ou jornal e assinar e qual site devo acessar. 

Lula sempre cita o episódio do mensalão para soltar os cachorros contra a imprensa. Esquece o seletivo Lula que a mesma imprensa mostrou que o PSDB também pegou dinheiro sujo de Marcos Valério para financiar a campanha de reeleição de Eduardo Azeredo para o governo de Minas Gerais em 1998. Aliás, tem jornal e revista que sempre procura algum tropeço dos tucanos quando os petistas beijam a lona.

O próprio Lula usou a imprensa diversas vezes para criticar políticos e governantes. O PT mesmo já usou jornais, revistas e televisões para cobrar ética na política. Quando eles tropeçam nesta mesma ética que tanto pregaram querem amordaçar um antigo aliado. 

Recomendo ao querido leitor que veja as edições anteriores dos jornais e das revistas. Veja como a imprensa tratou Fernando Henrique Cardoso, Itamar Franco, Fernando Collor de Melo e José Sarney. Nestas edições veremos vários petistas pedindo investigações para denúncias feitas pela imprensa. Ou seja, a imprensa só é boa quando denuncia algum inimigo do PT. Quando é o PT que está sendo denunciado aí sim a imprensa comete um erro que, se dependesse de Lula, deveria ser severamente punido.

Daqui três dias Lula estará indo embora. Dilma Rostock já disse em vários discursos que vai defender a liberdade de imprensa. Vamos ver até quando se dará esta defesa. Se ela seguir a risca o que Lula fez fiquemos atentos quando Dilma falar sobre a imprensa. 

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Tomando conta do pedaço

A reportagem postada logo abaixo e publicada na Folha de São Paulo de hoje só mostra o peleguismo dos sindicalistas. Nunca antes na história destêpaiz os sindicalistas mamaram tanto nas tetas do Estado como nestes oito anos de governo Lula. Agora nós podemos entender por que Lula não enfrentou nenhum protesto contra seu governo. Se tinha paralisação ou cobranças, os sindicalistas só exibiam cartazes com os dizeres: "Lula, olha pra nóis!" Não vi em nenhuma manifestação sindical nenhuma fala, nenhum cartaz, nada contra Lula. Eles cobravam isso e aquilo, mas culpar Lula ninguém culpava. Ao contrário de anos e governos anteriores quando tudo era culpa do Presidente da República.

Agora também fica comprovado o medo que os sindicatos tinham das privatizações feitas pelos dois governos tucanos. Fica comprovado também o terrorismo propagado por eles e Dilma Rostock sobre uma possível onda de privatizações que aconteceria se o tucano José Serra ganhasse as eleições de outubro passado. Se privatizar mais uma estatal será uma teta a menos a ser aproveitada.

Mas ninguém sabe os rumos que o governo Dilma trilhará. Sim, é continuidade do lulismo, mas e as tetas dos sindicalistas? Dizem que Dilma Rostock vai fechar as torneiras. Com as torneiras fechadas a vida não vai ser fácil para quem viveu oito anos bebendo de águas tão refrescantes.

Sindicalistas detêm 43% da elite dos cargos de confiança

Por Silvio Navarro
na Folha



Ao receber a faixa das mãos do presidente Lula, no próximo dia 1º, Dilma Rousseff herdará a máquina federal com quase a metade da cúpula dos cargos de confiança, sem concurso público, tomada por sindicalistas.
Sem vínculo umbilical com o sindicalismo, ao contrário do antecessor, Dilma terá de administrar a pressão das centrais sindicais para manter e ampliar a cota desses cargos, os chamados DAS 5 a 6 (Direção e Assessoramento Superiores) e NES (Natureza Especial).
De acordo com dados do Ministério do Planejamento, há hoje 1.305 cargos dessa natureza. A remuneração chega a R$ 22 mil mensais.
O controle da maioria dos cargos é atribuição da Casa Civil, que será chefiada por Antonio Palocci.
Segundo estudo da cientista política Maria Celina D'Araújo, da PUC-RJ, autora de "A Elite Dirigente do Governo Lula", quase metade (42,8%) dos ocupantes desses cargos atualmente são filiados a sindicatos. Desse total, 84,3% são petistas.
Os principais ramos que conseguiram cargos são os bancários, a área dos professores e os petroleiros.
"Esse negócio de república sindical é bobagem porque o PT e a CUT [Central Única do Trabalhador] têm a mesma raiz. O próprio Palocci foi dirigente da CUT e ninguém fala dele", diz o presidente da central, Artur Henrique. "Seria absurdo se fossem tucanos", emendou.
Ao todo, o governo federal tem cerca de 22 mil cargos de confiança, mas esses 1.305 são a elite do batalhão de comissionados.

PETROBRAS
Desde o início do primeiro governo do presidente Lula, vários dirigentes sindicais ganharam cargos.
Wilson Santarosa, ex-presidente do Sindicato dos Petroleiros de Campinas, por exemplo, tornou-se gerente de comunicação da Petrobras e é membro do Conselho Deliberativo da Petros (fundo de pensão da estatal).
Em Itaipu Binacional, dois representantes da CUT detêm cargos influentes: João Vaccari Neto, atual tesoureiro do PT, é membro do conselho de administração. Assessor da central para assuntos internacionais, Gustavo Codas tem assento na diretoria-geral paraguaia.
Fernando Paes de Carvalho, dirigente do Sindipetro do Norte Fluminense, é coordenador do gabinete da presidência da Petrobras.
Também houve crescimento do domínio "cutista" nos três principais fundos de pensão: Petros (Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Funcef (Caixa Econômica).
No segundo mandato de Lula, 66,6% dos indicados para chefias e conselhos nos fundos são sindicalistas.
No meio sindical, outro alvo é conseguir assento em conselhos de administração, numa espécie de complementação salarial.
A remuneração varia de acordo com o órgão, mas raramente é inferior a R$ 3.000. CUT e Força Sindical, por exemplo, têm espaço no conselho do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

ABC
O grupo de ex-dirigentes do ABC paulista também assumiu postos, como é o caso do presidente do Conselho Nacional do Sesi, Jair Meneguelli, e do presidente do Sebrae, Paulo Okamoto.
Amigo de Lula, esse último deverá seguir para o instituto que levará o nome do presidente em São Paulo.
Tanto Força como CUT admitem relativa "apreensão" com a nova gestão. Ambas, entretanto, elogiam a escolha de Gilberto Carvalho, atual chefe de gabinete de Lula, para a Secretaria-Geral da Presidência, canal de diálogo com as centrais.

domingo, 26 de dezembro de 2010

"À espera de Dilma" por Nivaldo Cordeiro

Publicado no site Mídia Sem Máscara.


O que esperar o novo governo de Dilma Rousseff? Em tudo e por tudo teremos o continuísmo petista, juntamente com seus aliados. Mas o movimento em espiral descendente continuará no rumo aos ideais jacobinos dos revolucionários, pois estes jamais se satisfazem com a mera chegada ao poder. Precisam implantar sua ordem revolucionária.
Dois indicadores foram dados a público, sublinhando essa realidade terrífica. Em entrevista dada à Folha de São Paulo no último domingo o futuro ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, que é o secretário geral do PT, disse que a primeira ação da pasta sob seu comando será fazer a reforma política. Falou pouco em que consistiria essa reforma, enfatizando apenas o aspecto do financiamento público das campanhas. Nas suas palavras:
"Ela é imprescindível para o país e é a tendência da presidente eleita, Dilma Rousseff. Tenho uma série de convicções a respeito, mas, como ministro da Justiça, vou construir o que for possível. Estou absolutamente convencido de que o governo sozinho, sem diálogo com o Congresso e a sociedade, jamais fará uma reforma política. É tarefa inadiável. Defendo com vigor o financiamento público".
O que significa o financiamento público de campanha? A completa autonomia da classe política em relação à sociedade civil, dando poder desmesurado aos partidos políticos vis-à-vis aos empresários e outros agentes não estatais. Os partidos já funcionam como verdadeiras máfias; com o financiamento público teriam o modelo de sonhos: quem estivesse no poder dificilmente seria dele apeado. Estaríamos a meio do caminho andado para que o Estado adquirisse completa autonomia em relação à população, fazendo desaparecer mesmo o problema da representação política.
O segundo ponto não mencionado nesta entrevista, mas que está em outros documentos partidários, é acabar com o Senado Federal, instituindo o sistema unicameral. Cardozo não pôs a mão no vespeiro, pois sabe que qualquer decisão deste quilate envolve a concordância do próprio Senado, que jamais dará o seu endosso. O Senado é o feudo do PMDB, lócus de sua própria fonte de poder. É a reforma dos sonhos do PT. Penso que algo assim só será possível obter pela força, pelo golpe de Estado, e o PT não tem ainda essa força.
Outro indicador da agenda imediata da presidente eleita está no Estadão de hoje, na entrevista de Franklin Martins. Chega a me enternecer a candura do ex-perigoso guerrilheiro. Ele, como Cardozo e toda a cúpula do PT, sentem-se tão à vontade que não têm mais o cuidado de esconder suas más intenções. Franklin anuncia que o PT quer mesmo controlar o conteúdo da mídia, isto é, acabar com a liberdade de imprensa.
Essa é a nefanda agenda preliminar de Dilma para o exercício do poder em seus primeiro meses. O que cabe a nós, os amantes da liberdade, fazer? Temos que dizer como o personagem Durandarte, desde o fundo da Cova de Montesinos, no fabuloso Dom Quixote: "E quando assim não seja - respondeu o tristeDurandarte, com voz desmaiada e baixa - quando assim não seja, paciência, e toca a baralhar as cartas".
Paciência e baralhar! Aguardemos o que nos aguarda o destino. O mal jamais terá a vitória final. Vamos baralhar, pois eles tropeçarão nos próprios pés e cometerão erros fatais.