quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Ah, esta euforia

Vi no Jornal Nacional a euforia mundo a fora pela vitória de Barack Obama nas eleições presidenciais norte americanas. Todo mundo está esperando. Todo mundo está aguardando ansiosamente o dia que Obama deixar de ser presidente eleito para ser presidente de fato. Ah, esta euforia...
De repente, de uma hora para outra, brancos, negros, latinos, judeus, muçulmanos, quenianos e bolivarianos se uniram para gritar: “Yes, We can!”. Crise? Que crise? A euforia toma conta das ruas do mundo inteiro. Ninguém mais se lembra de que estamos atravessando a pior crise financeira desde 1929. O melhor a fazer é bater um tambor e fazer um samba com o grito “Yes, We can!”. Já que o Olodum não cantou no campeonato de Lewis Hamilton conquistado domingo passado em Interlagos, bem que eles poderiam fazer um ritmo bem batucado o refrão da campanha de Obama.
Vocês podem pensar: “Pô, deixa de ser ranzinza e vem comemorar com a gente!”. Eu não! Desta euforia não quero participar. O mundo está muito complicado para sair pelas ruas e gritar o nome de Obama. Ninguém sabe a que ele veio. Ninguém sabe direito suas propostas. Só sabem que o cara fala bem e levantou a moral dos americanos. Oh, malditos americanos! Escolheram Barack Obama e nem sacaram que George W. Bush, o mais odiado do mundo, está arrumando as malas e mudando definitivamente para seu rancho no Texas. Alguém sabe quando Hugo Chávez vai passar o poder para seu sucessor eleito democraticamente? Alguém sabe se vai ter democracia em Cuba? Obama quer acabar com o embargo econômico sem cobrar de Raúl Castro democracia e liberdade. Obama quer conversar com o doidinho lá do Irã e nem cobrar relatórios que comprovem que o país não está enriquecendo urânio para conseguir a bomba atômica.
É tempo de euforia, não é mesmo? Talvez falte na minha medicação para emagrecer o componente anfepramona. Mas este componente foi proibido. Anfepramona te deixa eufórico, mas depois bate uma depressão. Vou aguardar a euforia obamística passar para depois ver a que nível chega a depressão daqueles que batiam o tambor cantando “Yes, We can!”.

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