sábado, 20 de setembro de 2008

Por que este ódio contra a oposição?

Lula esteve presente hoje num comício de campanha da Dona Supla. E, para não deixar de ser, criticou o DEMO de Gilberto Kassab. Aí eu fico me perguntando: por que Lula bate tanto na oposição se a oposição não é capaz de tirar essa quantidade imensa de popularidade dele? É que Lula quer o consenso, quer todo mundo no seu barco. É que o petralhismo dividiu o país: os bons estão com Lula e os maus querem segurar estêpaiz. É aquele velho e já surrado jogo do bem contra o mal. Mas isso não será para sempre.

"O mal-estar dos "progressistas"" por Reinaldo Azevedo

A exemplo de todo mundo e do mundo todo, considero Barack Obama o favorito nas eleições presidenciais americanas – desconfio que até o republicano John McCain pense o mesmo. Com o tsunami que colheu a economia, a todos parece impensável, e a mim também, que o democrata perca a disputa. Até o dia em que escrevo este artigo, as pesquisas indicam, no entanto, um empate técnico entre ambos. Na contagem dos delegados, dada a tendência dos estados, McCain leva ligeira vantagem. O chamado "pensamento progressista" tem reagido de modo um tanto estranho aos fatos – especialmente depois da indicação de Sarah Palin para vice na chapa republicana.
O mal-estar dos "progressistas" com o persistente McCain chega a relativizar o valor da própria democracia – que só provará a sua força se Obama vencer. As virtudes e fraquezas dos postulantes deixam de ser debatidas na terra. O confronto é transferido para uma esfera abstrata, que o poeta Bruno Tolentino (1940-2007) chamava de "o mundo como idéia" – título de um formidável livro seu. Nesse lugar-nenhum, dá-se, então, o choque entre o velho e o novo, a mudança e a reação, os modernos e os reacionários. Como um dos lados da disputa advoga uma natural e intrínseca superioridade moral, resta evidente que uma eventual vitória de McCain poria em dúvida as virtudes do próprio sistema.
Há dias, um articulista do jornal inglês The Guardian escreveu que, por enquanto, considera injusto o antiamericanismo presente em boa parte do mundo. Mas, alertou, se Obama não for eleito, ele começará a achar que o ódio faz sentido. E aqui lhes deixo uma dica do que eu chamaria "modo de ler": percebam como o candidato democrata, com alguma freqüência, é apresentado como a chance que os americanos têm de se redimir perante a história, de se desculpar por todos os seus malfeitos, de fazer um ato de contrição. Bem, eu não creio que eles devam desculpas a ninguém.
Esse "mundo como idéia" pode, eventualmente, recorrer à trapaça e mesmo à mentira em nome do futuro. No dia 11 de setembro, Sarah concedeu uma entrevista a Charlie Gibson, da ABC News (disponível no site abcnews.go.com), e foi indagada sobre o que poderia acontecer se a Geórgia, uma vez integrante da Otan – aliança militar integrada por países ocidentais, liderados pelos EUA –, sofresse um ataque da Rússia. Gibson fez uma pergunta indutiva: "A gente não teria de partir para a guerra?". E Sarah respondeu o óbvio: um tratado supõe a proteção mútua dos países que o integram. Noto: ela já havia dispensado generosas palavras de paz à Rússia, que chamou de "vizinho de porta" – afinal, ela governa o Alasca. Inútil. Foi tratada como uma cretina beligerante, para quem uma guerra com os russos é uma trivialidade – além de ser favorável à exploração do petróleo e contra o aborto...
Jamais se deve duvidar da fé de Obama, a menos que o sujeito seja um porco reacionário e fundamentalista. Mas a de Sarah pode ser objeto de chicanas e chacotas as mais diversas. A sua firme posição contrária ao aborto – e convenham que boa parte da América está com ela – é apresentada como uma das mais claras evidências de seu atraso mental, suposta manifestação de um país que nega as conquistas do mundo contemporâneo. Na entrevista a que me referi, foi indagada: "Acredita que os EUA estão numa guerra santa?". A resposta foi boa. Ela citou o presidente Lincoln (1809-1865), um republicano: "Não devemos rezar para Deus estar ao nosso lado numa guerra ou em outra hora qualquer; devemos é rezar para estar ao lado de Deus". Mais: "Eu acredito que a luta contra o terrorismo islâmico é o lado certo (...). Eu odeio a guerra, e, hoje, Charlie, é o dia em que envio meu filho mais velho (...), com outros 4 000 mulheres e homens americanos admiráveis, para lutar pelo nosso país, pela democracia e por nossas liberdades". Sarah não é boba. E isso pode ser muito irritante.
Obama é o favorito. Todos os analistas estão certos. Raramente as condições objetivas, para lembrar um fraseado antigo da teoria política, concorreram tanto a favor de um nome. Bush é o presidente mais impopular da história; os americanos rejeitam a guerra do Iraque; e já se sabe que a crise econômica está longe do fim – culpar a Casa Branca por ela requer certa torção da realidade, mas não importa. Governos arcam com o peso das crises e são beneficiados por ciclos virtuo-sos. Embora tudo esteja a seu favor, por que Obama não dispara nas intenções de voto? Vim respondendo a essa questão ao longo do texto.
No dia 7 de janeiro deste ano, escrevi no meu blog um pequeno artigo em que indagava: "Que diabo se passa com o Partido Democrata americano, que tem como favoritos uma mulher e um negro com sobrenome islâmico e nenhum homem branco para enfrentá-los?". Em tempos em que as pessoas preferem parecer justas a ser inteligentes, fui alvo de uma saraivada: "Machista!". "Racista!". "Machista e racista!".
Eu apenas tomava o par "homem branco" como "um apelo simbólico à tradição, à conservação de um modelo que, inegavelmente, deu certo e fez a maior, mais importante e mais rica democracia do mundo; que venceu, por exemplo, o embate civilizatório com o comunismo". É evidente que esse sistema só demonstra mais virtudes à medida que se deixa renovar. Mas essa evidência não respondia à minha curiosidade: "Quem encarna, no Partido Democrata, o elogio da tradição, da conservação?". A que chegava mais perto era Hillary Clinton. E foi fuzilada justamente por isso.
A famosa frase "É a economia, idiota", com que um assessor de Bill Clinton definiu a estratégia para vencer George Bush, o pai, brutalizou um tanto a percepção política. Ela é verdadeira apenas quando não falha... Além das condições objetivas de um país, há as subjetivas, plasmadas em valores, em memórias histórica e afetiva, nas crenças, nas religiões. Elas dizem respeito ao "homem moral", não ao "homem econômico". A militância e o pensamento engajado quase nunca representam a média das opiniões – o corriqueiro é que haja um divórcio entre essas duas instâncias. A média das opiniões, aliás, pode ser visualizada no excelente site Real Clear Politics (www.realclearpolitics.com), que mantém atualizado um mapa com a situação eleitoral nos estados americanos: neles se elegem os delegados que escolherão o presidente.
Por enquanto, Obama lidera nos extremos "progressistas" do país, literalmente nas margens dos Estados Unidos. McCain está com o "meião". Se fosse para fazer literatura, diria que o democrata tem a parcela que olha para fora, e McCain, a que olha para dentro; Obama fica com a que quer ser influente em Berlim; McCain, com aquela cujas mães levam os filhos para o jogo de hóquei. Obama pode estar de frente para o mundo, onde transitam os personagens retratados pelo artista pop Andy Warhol (1928-1987), mas também de costas para as vastas dimensões que aparecem nos quadros de Edward Hopper (1882-1967). McCain tem resistido ao furacão Obama, a despeito de tantas crises, porque, nessa parte do país que alguns pretendem caracterizar como reacionária e racista, estão algumas das melhores virtudes da América. E isso inclui, ainda que pareça espantoso, a sua fé, de que Sarah passou a ser um símbolo – que resiste, por enquanto, até à quebradeira na economia.
O governo dos EUA, a exemplo de todos os países democráticos, é laico, não se deixa orientar oficialmente pela religião. E isso é bom. Mas é preciso que não se faça do laicismo e do "progressismo" uma nova religião, também ela com vocação missionária, eventualmente messiânica. Nas democracias, não existe "o" Salvador: nem o que vem em nome de Deus nem o que vem em nome das Luzes.

A namoradinha do McCain

Acabei de emprestar o exemplar do Globo para o meu pai. Mas quero ler a reportagem que fala da namoradinha brasileira de John McCain. Danusa Leão e Elio Gaspari duvidaram. Parece que o que o candidato republicano escreveu em seu livro é verdade. Parece. Aguardo meu pai terminar de ler e devolver o Globo pra mim.

A briga está esquentando

Ainda no Globo. Marcelo Crivela ataca Eduardo Paes. Disse que o PMDB concentra poderes demais no Estado e se conquistar a prefeitura, com tanto poder nas mãos, vai acabar virando uma tirania. Paes relembrou que Crivela é ligado à Igreja Universal, esta sim uma centralizadora de poder. Vejam o que me espera lá no Rio de Janeiro. Tomara que tenha uma lan house pertinho do hotel que eu vou hospedar. Vou contar aqui o que está acontecendo lá.
Pois é, enquanto a disputa eleitoral de Goiânia... Bem, Sandy Júnior até tenta atacar Iris Rezende, mas este não revida. Lá no Rio tem revide.

É pra mim - 2

Leio no suplemento “Prosa e Verso” do Globo de hoje que no dia 23 de setembro será inaugurada a exposição Machado de Assis – Cem anos de uma cartografia inacabada na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

É pra mim

Eu que estou indo para o Rio de Janeiro amanhã fiquei muito feliz com a seguinte nota que saiu na coluna "Informe Idéias" do Jornal do Brasil de hoje assinada por Álvaro Costa e Silva:

Bibliodiversidade

Ao reclame: livros de todo tipo, para todos os públicos, de todos os assuntos, novos, antigos, nacionais, importados, técnicos, de arte, religiosos de todos os credos, sua busca está facilitada pelo R oteiro das livrarias do Centro his- tórico do Rio de Janeiro, que reaparece em segunda edição. Além de um mapa com a localização de livrarias e sebos da região ­ mais de 19 ­ o guia também aponta praças, igrejas, museus e marcos da história da cidade, sugerindo um plano de passeio. É fácil: passe na livraria mais próxima e pegue seu roteiro. É grátis!

Ziraldo na capa da Veja



O que Ziraldo está fazendo na capa da revista Veja desta semana e ainda vestido de Tio Sam?

Brincalhão da semana


Já estava decidido desde segunda feira. Mas eu quis esperar mais um pouco. Nelson Jobim até que tentou depois que voltou atrás sobre as maletas da Abin. Mas o título de “Brincalhão da Semana” vai ficar mesmo com Geraldo Alckmin. Ele acha que o povão é burro. Ele acha que ninguém vê que tem tucano igualzinho a ele na administração Gilberto Kassab. Mas o que pesou mesmo na escolha foi o fato de Alckmin elogiar Dona Supla. Ele ataca Gilberto Kassab, seu antigo aliado, e elogia Dona Supla do partido adversário ao seu. Que coisa, não? Por isso, Geraldo Alckmin é o Brincalhão da Semana.

Política das bandeiradas 2

Hugo Chávez é chamado por este blogueiro de Bufão de Caracas. Eu nunca acreditei na moderação do seu discurso. Muitos se assustaram. Alguns chegaram a chorar quando viram o Bufão fazendo as pazes com o Rei da Espanha.
Ontem vi no Jornal Nacional que o Bufão de Caracas expulsou integrantes de uma ONG que criticaram seu governo. É pau neles! É bandeirada na cabeça de quem não concorda com a revolução bolivariana. É a política das bandeiradas.
Aí eu fico me perguntando: será que os intelekituwaiwais brasileiros vão se opor? Será que verei Emir Sader fazendo abaixo assinado contra esta manifestação ditatorial do Bufão de Caracas? Será que Marilena Chauí vai escrever uma carta para seus alunos afirmando que a liberdade de expressão é um bem que precisa ser protegido? Que nada! Essa gente é da política das bandeiradas. Eles também balançam bandeira para o tosco bolivarianismo de Caracas. Vai ver eles estão falando “Bem feito” para os integrantes da ONG que criticaram o governo do Bufão de Caracas. Tanto o bolivarianismo do Bufão de Caracas como o petralhismo do Apedeuta são adeptos da política das bandeiradas. Pau neles! Bandeirada na cabeça de quem não admite que dois líderes populares façam a revolução.

"Ninguém segura este país" por Diogo Mainardi

Um empresário tinha um projeto para montar uma usina de biodiesel em Caarapó. O que ele fez para acelerar o licenciamento do governo? Telefonou para Marcelo Sato, genro de Lula, e disse:
– Nosso processo está na área jurídica da ANP. Preciso que você fale com o diretor ou o presidente.
O genro de Lula obedeceu:
– Estou ligando agora.
A conversa foi grampeada pela PF e vazada ilegalmente, na última quarta-feira, para a imprensa catarinense. O genro de Lula é mencionado em outros grampos. Num deles, o mesmo empresário manda um de seus funcionários comprar imediatamente um computador portátil para Marcelo Sato, argumentando que ele o punha "na frente do presidente, do ministro".
Feche os olhos e reúna todos os elementos desse episódio: usina de biodiesel, Caarapó, genro de Lula, diretor ou presidente da ANP, grampos da PF, vazamentos ilegais, computador portátil, presidente da República, ministro. Qual é o resultado? O resultado é um retrato do nosso atraso, do nosso primarismo. É como se fosse o Mercado de Escravos na Rua do Valongo, de Debret, só que ainda mais tosco. Captura, numa única cena, com pinceladas esparsas, a nossa indolente selvageria. Na falta de um Debret, temos os grampos naturalistas da PF.
Duas semanas atrás, no Ministério da Fazenda, Dilma Rousseff anunciou o fim do neoliberalismo. Aparentemente, era a senha que o mercado financeiro internacional aguardava para implodir. Atendendo à peremptória palavra de ordem da ministra da Casa Civil, os maiores investidores do mundo venderam atabalhoadamente todos os seus ativos. A queda da Bolsa de Valores de Nova York foi comparada à de 1929. Os jornais americanos passaram a evocar imagens daquele tempo. Filas de desemprego. Mendigos nas ruas. Bancos falidos. Por alguns dias, os Estados Unidos sentiram-se num melodrama de Frank Capra, à espera do galante Mr. Deeds.
Enquanto isso, Lula, o nosso Mr. Deeds, o Gary Cooper de Caetés, fazia chacota dos americanos, passando um pito no presidente George W. Bush e garantindo que o Brasil estava imunizado contra a crise financeira. O Brasil ainda é aquele retratado por Debret: arcaico, analfabeto, corrupto, piolhento, com sua economia baseada em matérias-primas. E nossos governantes ainda ostentam aquela triste pompa imperial, que se esfrangalha diante da realidade.
No número especial que comemora os 40 anos de VEJA, foram selecionadas as frases que melhor sintetizam o período. A primeira delas é o lema da ditadura militar: "Ninguém segura este país". A última foi pronunciada recentemente por Lula: "Ninguém segura este país". De quarenta em quarenta anos, o Brasil acredita que chegou a hora de sair da Rua do Valongo. Mas a gente sempre acaba sendo arrastado de volta para lá.

A política das bandeiradas

O que dizer do discurso inflamado de Lula ontem em Natal (RN)? Esta lição nós vamos dar neles em 2010 (...) Vamos fazer um ajuste de contas aqui em Natal e virei aqui quantas vezes precisar para derrubar quem faz o jogo sujo da política nacional. Que ajuste de contas é este, meu Deus do céu? Lula vai derrubar quem faz jogo sujo da política nacional? Então ele teria que derrubar José Sarney, Jader Barbalho e Paulo Maluf. Mas todos estes fazem parte da base aliada lulista. Tem que derrubar quem é da oposição, não é mesmo? E quem é o principal oposicionista do Rio Grande do Norte? O senador do DEMO José Agripino Maia. Lula demonstra todo o seu ódio ao senador. Imagino um encontro entre os dois. Será que vai sobrar pedra sobre pedra?
Este discurso agressivo do Apedeuta me fez lembrar outro discurso agressivo. Em 1998, em São Paulo, os professores da rede estadual de ensino estavam em greve. O então governador Mário Covas foi impedido de passar num lugar onde os grevistas faziam protesto. Covas decidiu enfrentar. Quase levou uma cadeirada na cabeça. Dias depois José Dirceu apareceu num comício do PT dizendo: Eles vão apanhar nas ruas e nas urnas. Eis o discurso inflamado petralha. Eles que defendem tanto o “debate de idéias”, o “diálogo”. Que nada! O que eles querem mesmo é partir para cima, “dar uma lição neles em 2010”, “eles vão apanhar nas ruas e nas urnas”. É assim a política petralhas. Quem está do lado deles e faz política suja como Jader Barbalho, José Sarney e Paulo Maluf recebem o afago do Apedeuta. Quem é da oposição pode ser derrubado na próxima vez que Lula voltar à Natal. É a política das bandeiradas. Quem é lulista muitas bandeiras de apoio. Quem é contra leva uma bandeirada na cabeça.

EUA preparam plano bilionário

Por Patrícia Campos Mello
no Estado de São Paulo

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, anunciou ontem um plano de "centenas de bilhões de dólares" para comprar ativos podres de bancos e estabilizar o sistema financeiro. "O plano precisa ser grande o suficiente para fazer diferença e chegar ao âmago do problema." O projeto americano será um super-Proer - sigla do programa de socorro aos bancos criado em 1995 pelo governo brasileiro.O plano de resgate dos EUA prevê leilões nos quais o governo comprará títulos muito difíceis de avaliar, sem liquidez e lastreados em ativos como hipotecas inadimplentes. O Tesouro ainda não deu os detalhes, mas analistas estimam que o fundo poderia ter US$ 800 bilhões.Além disso,o governo deverá estruturar um fundo de US$ 400 bilhões para segurar fundos de renda fixa, que têm sofrido enormes resgates depois que alguns tiveram de impor perdas aos cotistas. Como esses fundos são essenciais para vários tipos de financiamento, o governo ofereceria seguro, da mesma maneira que garante contas correntes. Segundo o secretário do Tesouro, os ativos ilíquidos estão entupindo e enfraquecendo as instituições. "Está congelado não apenas o crédito para grandes bancos, mas também os financiamentos estudantis, de automóveis, casas...", disse Paulson.O plano vai custar aos contribuintes bem menos que "uma série de instituições financeiras quebrando e mercados de crédito paralisados, incapazes de financiar a expansão econômica", diz Paulson. Analistas estimam que a salvação dos bancos pode levar o déficit americano a dobrar no ano que vem, de projetados US$ 500 bilhões para US$ 1 trilhão. Paulson, o presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernanke, e equipes vão trabalhar no fim de semana para estruturar a nova agência de "papéis podres". A idéia é conseguir a aprovação urgente no Congresso.O governo anunciou mais medidas para acalmar os mercados. A Securities and Exchange Commission (SEC, comissão de valores mobiliários dos EUA) proibiu as vendas a descoberto de ações financeiras - muitos bancos vinham tendo quedas nas cotações por causa desse tipo de negociação. O Tesouro ainda anunciou US$ 50 bilhões para seguro de fundos de renda fixa. E as empresas Fannie Mae e Freddie Mac, sob intervenção do governo, vão ampliar as compras de títulos lastreados em hipotecas, para manter o mercado funcionando."A América enfrenta desafios sem precedentes e nós estamos reagindo com uma ação sem precedentes", disse ontem o presidente George W. Bush. "Este é um momento crítico para a economia americana." Ele prometeu superar a crise, da mesma maneira que os EUA sobreviveram aos ataques de 11 de setembro. "Vamos superar mais este desafio, e precisamos fazer isso juntos."

Pausa nas ocupações geram novas críticas

Por Fernanda Thurler
no Jornal do Brasil

A parada nas ocupações de co- munidades que o Comando Militar do Leste programou para hoje fez aumentarem as críticas à ação das tropas. Sábado é um dia em que os candidatos gostam de fazer campanha, porque os muitos moradores não trabalham e estão em casa. Candidatos como Solange Amaral (DEM), Chico Alencar (PSOL) e Alessandro Molon (PT), além de um cientista político ouvido pelo JB , fizeram críticas à interrupção das ocupações hoje. A candidata a prefeita Solange Amaral (DEM), única que já pegou carona com o Exército ­ duas vezes, na Cidade de Deus, na Zona Oeste, e na Rocinha, na Zona Sul ­ disse que é uma pena que haja esse hiato na programação, porque, diferentemente dos militares, os bandidos não tiram folga. ­ O trabalho da malandragem não vai parar. Portanto, seria bom que eles (soldados) trabalhassem mais, e não só nas comunidades, mas nos centros de bairro também ­ afirmou Solange. Até agora, foram ocupadas 13 das 28 comunidades apontadas pelo Tribunal Regional Eleitoral como mais críticas no cerceamento à liberdade dos moradores. Nos próximos 15 dias, que antecedem o pleito, o Exército ainda precisa atuar em outras 15 localidades, não só na capital. Porta-voz do Comando Militar do Leste, o tenente-coronel André Luiz Novaes garantiu que a pausa já estava programada: ­ Vamos entrar em uma semana complexa, com ocupações até em São Gonçalo e decidimos aproveitar o dia para fazer o reajuste de dispositivo e um balanço da Operação Guanabara.
Polêmica
Para o cientista político João Tra- jano, no entanto, o sistema de rodízio da ocupação não é suficiente e, muito menos, eficiente. ­ Na hora do voto, o eleitor é solitário, ele pode fazer a escolha determinada e os mecanismos de intimidação não vão ser significativamente comprometidos com essas intervenções. Os militares podem permitir a entrada de candidatos, mas o resultado disso é pífio. Não mina os mecanismos de coerção ­ analisa Trajano. Por outro lado, a coordenadora do Núcleo de Pesquisas das Violências da UERJ, Alba Zaluar, vê como necessária a intervenção militar, levando-se em conta o atual poderio de traficantes e milicianos na cidade, embora a estratégia não seja totalmente eficaz. ­ É uma solução emergencial. A presença do Exército pode oferecer um limite a qualquer tipo de ingerência do poder paralelo. Os moradores podem se sentir mais independentes, mas não há contingentes, nem armas, para um ocupação permanente ­ destaca. Bem críticos quanto à eficiência da operação, que terá continuidade durante o segundo turno, os candidatos Alessandro Molon (PT) e Chico Alencar (PSOL) questionam o sistema itinerante programado pelo Comando Militar do Leste. ­ Os soldados ficam dois dias e vão embora. Depois, tudo volta ao normal. A milícia e o tráfico apenas se encolhem nesses dias ­ ressalta o deputado federal. ­ É a política do espantalho. Quando a gralha percebe que aquilo não adianta nada, ela perde o medo. O petista complementa: ­ Não acho que uma operação itinerante possa garantir a segurança do eleitor ficando nessas comunidades por poucos dias. Depois da pausa de um dia, os soldados voltam à labuta e ocupam mais quatro favelas. Três dominadas pelo tráfico: Jacarezinho (Zona Norte), Antares e Carobinha ­ que até julho era dominada pelo grupo pára-militar autodenominado Liga da Justiça, cujos líderes são os irmãos Natalino Guimarães e Jerônimo Guimãres, o Jerominho, ambos presos ­ (Zona Oeste). A outra também é refém de milicianos: o Barbante, também na Zona Oeste ­ onde sete moradores foram mortos a tiros no mês passado.

Mendes questiona se Abin tomou lugar da PF na Satiagraha

Por Kátia Brasil
na Folha de São Paulo

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, questionou ontem, em Manaus, se a Abin (Agência Brasileira de Informação) está tomando o lugar da Polícia Federal, ao se referir à participação de agentes do órgão na Operação Satiagraha.Mendes também expressou preocupação com uma possível atuação da agência no caso do grampo divulgado de uma conversa entre ele e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO)."Inicialmente se dizia que a Abin não tinha participado desse episódio [Satiagraha], depois se afirmou que a Abin fez um apoio técnico, depois se revelou que teve uma participação mais ampla de 52 [agentes da Abin], agora se informa que são 56 diante dos 22 agentes federais [da PF] que atuaram. Então vem a pergunta: quem é que teve uma atuação principal nesse episódio? A Abin ou a PF?"O ministro continuou: "Nós ainda tivemos uma outra revelação: o diretor-geral da PF [Luiz Fernando Corrêa] não sabia que a Abin tinha esse grau de participação. Então vem a pergunta: o que está ocorrendo nessa seara? A Abin está agora substituindo a PF? E ela pode fazê-lo? A meu ver, não. Isso é ilegítimo. É uma situação de descontrole, de desgoverno? É preciso que nós respondamos a essas perguntas".Mendes disse ainda que a função da Abin é assessorar o presidente da República. "Nós sabemos que essa [prestar apoio à PF] não é a função institucional da Abin. A função da Abin é dar assessoria e informações seguras ao presidente."O ministro esteve ontem em Manaus para presidir o 1º Encontro Regional do Judiciário, onde falou para cerca de 40 magistrados sobre a cooperação entre os tribunais e o Conselho Nacional de Justiça.

Grampo da PF sobre fraude em SC pega genro de Lula e deputado do PT

Por Fausto Macedo
no Estado de São Paulo

Marcelo Sato, genro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, caiu no grampo da Influenza, investigação da Polícia Federal em Santa Catarina sobre suposto esquema de fraudes e lavagem de dinheiro no Porto de Itajaí.Sato aparece em conversas telefônicas com o empresário Francisco Ramos, o Chico Ramos, sócio-controlador da Agrenco do Brasil S/A e principal alvo da operação.Casado com Lurian Cordeiro Lula da Silva, filha do presidente, Sato não é investigado pela PF, mas as interceptações sugerem seu empenho em atender demandas de interesse do executivo junto a órgãos públicos federais.Dia 18 dezembro de 2007, às 15h42, os dois se falaram e a PF gravou. Ramos liga para Sato e diz que "precisa de um favor". O empresário quer um atalho para colocar na pauta da Agência Nacional do Petróleo (ANP) seu projeto para uma fábrica de biodiesel.Ramos explica que o processo "está na área jurídica" da agência e pede a Sato que faça um "pedido especial". O genro do presidente se prontifica: "Estou ligando agora."A malha fina também pegou o deputado Délio Lima (PT-SC), ex-superintendente do Porto de Itajaí de janeiro de 2005 a março de 2006. Duas vezes prefeito de Blumenau, Lima é candidato novamente ao cargo.A mulher de Décio, Ana Paula Lima, é deputada estadual, líder da bancada do PT na Assembléia. Sato trabalha no gabinete de Ana, em Florianópolis.Dia 1º de abril, às 11h25, Ramos telefona para o parlamentar e diz que tem um "documento pendente na Receita": "Para a gente poder se qualificar e vender biodiesel no leilão", continua. Ele diz que "tá apavorado". Décio pede que lhe seja transmitido e-mail "para entender direitinho com quem tem que falar".Chico Ramos teria bancado hospedagem em hotel para Sato e vôos fretados para o deputado, além da aquisição de notebooks.O deputado, assim como Sato, não é alvo da Influenza. Ambos foram interceptados involuntariamente pela PF, que seguia os passos de Ramos escorada em ordem judicial.O monitoramento incluiu e-mails, como um de 24 de outubro, do gabinete do deputado para Ramos. "Assunto: audiência ANP", anuncia o texto capturado pelos peritos no HD do computador do empresário.Não há nos autos nada que incrimine Sato e Décio com a trama de operações cambiais ilegais, ocultação de bens, licitações fraudulentas, movimentações financeiras por laranjas e simulação de transações comerciais com emprego de papéis forjados. Mas a escuta federal mostra que eles fazem parte do círculo de amizades e influências do empresário que teria sido o mentor do esquema.A Influenza foi desencadeada em 20 de junho - 250 policiais e 33 auditores fiscais cumpriram 54 mandados de busca em Santa Catarina e São Paulo. Foram capturados 24 suspeitos com quem o arrastão da PF apreendeu 31 veículos de luxo, 3 armas, R$ 255 mil , US$ 22 mil e 4 mil euros, além de 200 quilos de documentos.
DOADORA
O objetivo central da missão é a Agrenco, conglomerado especializado na exportação e comercialização de produtos agroindustriais.A Agrenco é freqüente doadora de políticos. Nas duas últimas eleições, em 2004 e em 2006, injetou R$ 1,1 milhão no caixa de candidatos de partidos diversos.Na campanha de Décio Lima por uma cadeira na Câmara, há dois anos, o grupo repassou R$ 179,9 mil, segundo consta da prestação de contas do petista ao Tribunal Superior Eleitoral - o montante total das receitas de Décio foi a R$ 452,9 mil.O inquérito Influenza nasceu em Itajaí, onde os federais identificaram crime organizado e sonegação de tributos. Em agosto do ano passado, o juiz estadual Paulo Afonso Sandri autorizou os grampos, acatando pedido do delegado PF Roberto Mário da Cunha Carneiro.Em novembro, a investigação apontou prática de lavagem de dinheiro e, por isso, foi deslocada para a Justiça Federal onde funciona vara exclusiva para combater esse tipo de delito. Na semana passada, a Justiça Federal esticou em mais 45 dias o prazo para conclusão do procedimento.

Deputados criticam projeto que pune mídia

Por Maria Clara Cabral e Letícia Sander
na Folha de São Paulo

Deputados e entidades ligadas à imprensa criticaram ontem o projeto do governo federal encaminhado ao Congresso que prevê a possibilidade de punição criminal ao veículo e ao jornalista que divulgarem escutas telefônicas ilegais ou legais sob segredo de Justiça.O presidente e o relator da CPI dos Grampos da Câmara, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ) e Nelson Pellegrino (PT-BA), respectivamente, classificaram o texto como "inconstitucional e desrespeitoso", pois fere a liberdade de imprensa e o direito à informação: "Esse tipo de coisa merece o meu desrespeito. Fere o direito ao sigilo da fonte do jornalista e o direito do cidadão de se informar", diz Itagiba.Para o deputado federal Gustavo Fruet (PSDB-PR), da CPI, o envio do projeto foi uma "jogada do governo para tentar esconder os problemas atuais do Brasil". O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) disse acreditar que o projeto não tem chance de ser aprovado na Câmara.O ministro do STF, Marco Aurélio Mello, disse ontem que "o problema envolve um valor maior, que é a obrigação dos veículos de informação de informarem o grande público. Não é o jornal ou a revista que quebra o sigilo. Ele não vai lá e tem acesso, são os dados que chegam até o jornal. A responsabilidade, portanto, não é do jornal, mas de quem deu o acesso aos dados sigilosos".Em nota, o vice-presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais), Júlio César Mesquita, afirmou que a entidade "estranha e condena a insistência do governo em buscar formas de punir jornalistas e meios de comunicação pelas informações que divulgam". "Tais atitudes e posições do governo vão na contramão das repetidas declarações públicas do presidente da República, de que, sem uma imprensa livre, não teria tido condições de realizar seu projeto político e de chegar aonde chegou." Para ele, o projeto de lei enviado ao Congresso "atinge diretamente a liberdade de imprensa".O presidente da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), Sérgio Murillo de Andrade, disse achar o projeto "desnecessário". Ele disse que até ontem não havia tido acesso à proposta, mas ponderou: "Não precisa desta legislação. Precisamos, isso sim, de uma instância para fazer esta discussão interna, entre os jornalistas".Já o presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), Maurício Azêdo, afirmou que no conteúdo do texto há "veladamente uma preocupação censória que, no fundo, repete as práticas do regime militar".O ministro Franklin Martins (Comunicação Social) defendeu a iniciativa: "O projeto não muda nada. Quem usar direito a informação não terá problema algum. Agora, se alguém usar para caluniar, difamar, injuriar, aí poderá ser punido".O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse que o projeto de lei mantém integralmente o direito à informação e o sigilo da fonte. "O que o projeto faz é dizer que utilizar essas informações para fins de obter vantagem ou proporcionar injúria, calúnia ou difamação passa a ser um delito conjugado".

Lula ''nacionaliza'' briga em Natal e irrita aliados

Por Cida Fontes
no Estado de São Paulo

Ao assumir de forma ostensiva a campanha da candidata do PT à Prefeitura de Natal, Fátima Bezerra, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nacionalizou a campanha, comprou uma briga com aliados e rachou os partidos de sua base política no Rio Grande do Norte. "O presidente tem todo o direito de apoiar quem quiser, mas só espero que ele tenha senso de discernimento para participar da campanha como cidadão, não como presidente da República ou do PT", reagiu a candidata do PV, deputada estadual Micarla de Sousa, que lidera as pesquisas.Enquanto Lula patrocinava a aliança entre os contrários da política potiguar - PT, PMDB e PSB -, Micarla se associava ao DEM, que faz oposição cerrada a Lula no plano nacional. Sua campanha é sustentada por cinco partidos da base aliada (PV, PTB, PR, PP, PMN). Irritados, os deputados federais cobraram uma interferência do ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, do PTB. Foi em vão, a aliança se consolidou e Micarla ficou isolada. Lula, por sua vez, se transformou no maior garoto-propaganda de Fátima. Ontem, por exemplo, com ataques ao PSDB e ao DEM, Lula participou de comício da petista. "Esta lição vamos dar neles em 2010", bradou, ao manifestar sua ira particular ao líder do DEM, senador José Agripino (RN), que está à frente da campanha de Micarla. "Vamos fazer um ajuste de contas aqui em Natal e virei aqui quantas vezes precisar para derrubar quem faz o jogo sujo da política nacional", afirmou. Lula acusou o DEM de ter transformado sua vida em inferno no primeiro mandato. "Este cidadão que coordena a campanha da adversária fez mais que oposição durante seis anos e achincalhou minha administração." O presidente estendeu suas críticas a Micarla e ironizou o fato de ser rica e cuidar da aparência. "Não basta ter televisão para ganhar eleição, é preciso ter caráter e honradez. Se beleza ganhasse eleição eu não passaria do segundo colocado." Dos oito deputados federais do Rio Grande do Norte, seis são integrantes da base aliada e três não apóiam Fátima, mas Micarla. A presença forte de ministros do PMDB e do PT em Natal para reforçar a petista não agradou aos aliados de Micarla. A candidata do PV tem popularidade em Natal e sabe usar a comunicação - herdou de seu pai a TV Ponta Negra, repetidora do SBT. "Lula veio a Natal contrariando suas próprias palavras", atacou ela, ao destacar a promessa que fez aos aliados: ficar fora da campanha onde a base não estivesse unida.

Serra reage aos ataques de Alckmin e defende Kassab

Por Ana Flor e Catia Seabra
na Folha de São Paulo

Chamado para a arena da desgastante briga do PSDB/ DEM, o governador José Serra contestou ontem Geraldo Alckmin, candidato de seu próprio partido, e saiu em defesa do prefeito e candidato à reeleição Gilberto Kassab (DEM). Pela manhã, Alckmin afirmou que a indicação de Kassab para a vice de Serra em 2004 fora produto de um golpe.Irritado com a menção de seu nome, Serra reagiu só à noite e por intermédio da assessoria:"Lamento que a febre da disputa eleitoral acabe me envolvendo em ataques de campanha. A afirmação não é correta. Não houve golpe na indicação do nome, que foi feita pelo PFL, até porque quem me conhece sabe que pressão comigo não funciona. Por outro lado, como já afirmei em outras ocasiões, o Gilberto Kassab foi um vice leal e solidário. E, à frente da prefeitura, seguiu à risca nosso programa de governo". No Palácio dos Bandeirantes, a avaliação é que Alckmin obrigou uma manifestação de Serra.Pela manhã, Alckmin afirmou que Serra não queria Kassab como vice e ameaçou desistir de concorrer quando o nome foi escolhido. "O Serra queria como candidato o Lars Grael [hoje no PPS, na época no PFL]. Depois se acertou, e já estava escolhido praticamente o Alexandre [de] Moraes [secretário municipal dos Transportes]. Houve um golpe na véspera da convenção, o Serra quase desistiu de ser candidato. Não é a forma adequada de fazer as coisas", acusou.Alckmin também citou uma ferida antiga: a aliança entre DEM (PFL) e o PT pela eleição de Rodrigo Garcia para presidente da Assembléia Legislativa, em 2005."Deram [o DEM] um golpe junto com o PT na véspera da convenção, o sr. Rodrigo Garcia, que hoje está na prefeitura também. Nos derrotou unido com o PT."Contido pelo coordenador de comunicação da campanha, Luiz Gonzalez, Kassab limitou-se a lembrar que Alckmin participara do processo de escolha de seu nome para a vice de Serra. "Na época, ele [Alckmin] compunha a aliança, que foi muito importante para eleger o José Serra, eleger o Kassab, e ele estava também participando desse processo."Em suas conversas, Kassab acusa Alckmin de comportamento "indigno". O presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), alfinetou: "O eleitor não espera uma atitude tão agressiva de um homem de Deus, que dizem ser ligado à Opus Dei".

Que queda

Iris Rezende caiu quatro pontos percentuais e Sandy Júnior cresceu cinco. Manchete do Popular de hoje: “Ibope: cai diferença entre Sandes e Iris”. É mesmo? Quem lê a manchete pode começar a acreditar em segundo turno. Iris tem 67% e Sandy Júnior 17%. Que queda!

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Eles na TV

O que será melhor para Goiânia: preencher os espaços com casas ou com praças? Gilvane Felipe quer zerar o déficit habitacional construindo casas nos espaços onde não tem nada. Já Iris Rezende quer usar este espaço para construir praças. Pelas pesquisas eleitorais o povão está querendo mesmo mais praças para preencher o vazio.
Sandy Júnior continua atacando Iris Rezende com a denúncia de que o prefeito teria beneficiado sua irmã. Continua falando que o autor da denúncia foi o vereador Humberto Aidar do PT. Só faltou alguém falar para a turma do Sandy Júnior que o mesmo PT que denunciou apóia o candidato à reeleição que beneficia a sua irmã. Engraçado que na propaganda de Sandy Júnior o governador de Goiás Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, pede voto para o seu candidato, mas este não fala de nenhuma obra do governo estadual que será feito em Goiânia. Tipo: “O governo Alcides fez e eu vou fazer em Goiânia”. Esta frase você não ouve da boca de Sandy Júnior. Também, com a baixa popularidade de Cidinho na capital...
E Iris Rezende não respondeu à denúncia de que teria beneficiado sua irmã. Por que será? Talvez o erro esteja em Sandy Júnior que relembrou da denúncia tarde demais. Pesquisa Ibope – TV Anhanguera (ver post) mostra diferença de 50% entre os dois. Sandy Júnior vai ter que repetir e muito a denúncia. Só que o horário eleitoral gratuito tem tempo para acabar. E este tempo está se esgotando.
Martiniano Cavalcante quer que os profissionais de saúde escolham o secretário da área. É mesmo? E quem seriam os candidatos? Como os pré-candidatos seriam escolhidos? Meu Deus, sindicalista não! Já não basta 2010 que a petralhada vai voltar de com força para a prefeitura depois que Iris Rezende sair candidato ao governo do estado.

Sobre o blog

O blog está no ar desde o dia 10 de outubro de 2007. Deste dia até hoje nunca parei de postar aqui. Falando de futebol e política passando por um pouco da minha vida. Ao todo já foram 3827 posts. Muito, não é mesmo? Não ligo para a quantidade de visitas ou comentários. Ligo sim para as coisas que escrevo. Escrevo livremente o que penso. Graças a Deus pago minhas contas e não preciso de nenhum BNDES para me bancar.
Por que estou dizendo isso? É que eu não sei se vou conseguir manter a freqüência de postagens enquanto estiver na cidade maravilhosa. Bem que eu gostaria de levar o laptop comigo, mas não poderei. Tomara que perto do lugar onde vou ficar tenha pelo menos uma lan house. Esse negócio de blog vicia. E olha que eu não ganho nada com isso. Isso pra mim é uma diversão. Imagine se me pagassem? Isto daqui não é uma despedida ainda, apenas um, como posso dizer, desabafo, uma sensação triste de que o blog não terá a mesma intensidade que o blogueiro gostaria que se mantivesse. Mas mandarei notícia do Rio sim. Enquanto o Galeão não aponta na janela do avião vamos seguindo o ritmo de sempre. Sempre no Ataque.

Pesquisa Ibope - TV Anhanguera

Acabou de sair no Jornal Anhanguera 2ª edição o resultado da pesquisa Ibope – TV Anhanguera.

Iris Rezende (PMDB) – 67%
Sandy Júnior (PP) – 17%
Martiniano Cavalcante (PSOL) – 2%
Gilvane Felipe (PPS) – 2%


Como eu disse no post anterior, Iris Rezende já papou esta eleição no primeiro turno. Vou para o Rio de Janeiro dar um cascudo no Eduardo Paes, uma sova no Marcelo Crivela e cobrar explicações sobre a luta armada do Fernando Gabeira.

Em um minuto estaremos no Galeão... assim espero

Domingo estarei embarcando para o Rio de Janeiro. As eleições municipais aqui em Goiânia já estão asseguradas. Não adianta mais bater em todo mundo porque todo mundo vai estar no mesmo lugar. Iris Rezende cai um pouquinho, Sandy Júnior sobe um pouquinho, Martiniano Cavalcante e Gilvane Felipe têm menos intenções de voto do que as margens de erro das pesquisas. Vou para o Rio dar um cascudo na cabeça do neolulista Eduardo Paes. Vou para o Rio exigir respostas de Marcelo Crivela sobre o tal “Cimento Social”. Vou para o Rio tomar uma água de coco com Fernando Gabeira e discutir sobre a luta armada nos anos 1960. Essas discussões e esses cascudos serão bem mais proveitosos do que falar sobre Iris Rezende, Sandy Júnior, Martiniano Cavalcante e Gilvane Felipe. Epa! De Gilvane Felipe só espero o telefone da Lara Britto. Quem sabe ela não me faz companhia numa caminhada pelo calçadão de Copacabana?
Vou para o Rio de Janeiro participar de um congresso de História Antiga. Se eu gosto de História Antiga? Não me dá tesão, mas leio sobre. Vou mais porque as horas deste congresso completarão o que preciso para concluir o total de horas extra-curriculares e assim me formar em História. Vou mais porque é no Rio de Janeiro.
Meus amigos me perguntam se tenho medo de bala perdida. Dia desses li no Jornal do Brasil que Ruy Castro está lançando uma coletânea de crônicas publicadas na Folha de São Paulo. Numa dessas crônicas, Ruy fala deste problema. Ele diz que mais gente morre atingida por um raio em São Paulo do que bala perdida no Rio. Será? Sei lá. Não quero ter nenhum destes dois destinos apesar de sentir uma vontade imensa de visitar as duas cidades. Se eu morrer, meus amigos, foi lindo!
Mas vamos continuar falando de vida. Vamos falar de história. Faz muito tempo que eu estou querendo ir ao Rio de Janeiro. Quero visitar a Central do Brasil, o Palácio do Catete, a Igreja da Candelária, o Maracanã (pena que o São Paulo não vai jogar lá), mergulhar nas praias cariocas (como bom caipira não vou provar da água). Quem sabe não encontro com Fernando Calazans e Joaquim Ferreira dos Santos na sede do Globo? Quem sabe não tiro uma foto ao lado do Márcio Guedes e da Marluce Martins do Dia? Se eu encontrar algum global ou proto-celebridade fingirei que não conheço.
Vou à Livraria Travessa, vou aos sebos. Quero trazer um monte de livros, discos (vinis mesmo), cd’s. Ainda bem que estou indo para o Rio de Janeiro no ano do cinqüentenário da Bossa Nova. Quem sabe não participo de alguma coisa a respeito?
Não vejo a hora de entrar no avião, esperar uma hora, uma hora e meia e ver o Corcovado, o Pão de Açúcar, a Guanabara, ou como cantava Tom Jobim:

Minha alma canta,
Vejo o Rio de Janeiro,
Estou morrendo de saudade.

Rio, teu mar, praias sem fim,
Rio, você foi feito pra mim.

Cristo Redentor, Braços abertos sobre a Guanabara.

Este samba é só porque,
Rio, eu gosto de você,
A morena vai sambar,
Seu corpo todo balançar.

Rio de sol, de céu, de mar,
Dentro de mais um minuto estaremos no Galeão.

Cristo Redentor,Braços abertos sobre a Guanabara.

Este samba é só porque,
Rio, eu gosto de você,
A morena vai sambar,
Seu corpo todo balançar.

Aperte o cinto, vamos chegar,
Água brilhando, olha a pista chegando
E vamos nós.


Depois das denúncias do Fantástico estou com medo de viajar de avião. Na época em que Tom Jobim compôs esta música não precisava se preocupar se o controlador de vôo estava num bom ou naqueles dias. Vou tentar não me concentrar nisso. Quero admirar a paisagem carioca da janela do avião. Dentro de mais um minuto estaremos no Galeão... assim espero. E vamos nós. Cristo Redentor, braços abertos sobre a Guanabara.

A culpa é dubuxi

Pronto! Nosso sábio presidente já disse: a culpa da crise americana é dubuxi. Ele que resolva lá. Como disse num post passado, tenho medo desta tranqüilidade dos cupanheros que comandam a nossa economia. Eles estão calmos demais. Vai ver pensam como o chefe: a culpa é dubuxi. Ele que resolva por lá. Se a crise chegar aqui... Lógico que a culpa é dubuxi. Será que alguém vai querer ajuda dubuxi quando a crise bater a nossa porta?

Petralhas, o Alckmin é de vocês

Geraldo Alckmin disse que José Serra não queria Gilberto Kassab para ser seu vice na campanha municipal de 2004. O Serra queria como candidato a vice o Lars Grael, depois já estava escolhido o Alexandre de Morais [atual secretário de Transporte de Kassab]. Foi um golpe [do então PFL, hoje DEM] na véspera da convenção. O Serra quase desistiu de ser candidato [a prefeito]. Eis aí o petralha infiltrado no ninho tucano. Quem deve estar achando graça nisso tudo é Dona Supla. Enquanto “Geraldo” e Kassab brigam, ela continua na frente nas pesquisas. Não sei por que razão o PT ainda não mandou sua estrela para Alckmin. Ele é o melhor cabo eleitoral do petralhismo.

Curitiba é o paraíso e eu não estou sabendo?

Ontem assisti só uma parte da entrevista de Sandy Júnior ao Jornal Anhanguera 1ª Edição. É que eu trabalho na parte da tarde, então tinha que me aprontar. Notei um certo nervosismo nele. Espertamente ele pediu para a câmera focalizar um folder da sua campanha que explicaria alguma coisa. Espertamente os jornalistas que faziam as perguntas proibiram. Sandy Júnior não transmite confiança quando fala em metrô. Parece que nem ele acredita no que está falando. Usou muito o exemplo de Curitiba. Muitos políticos usam a capital paranaense como base para suas promessas. Será que Curitiba é o paraíso e eu não estou sabendo?

E nada sobre os seis meses

A empolgação de Iris Rezende pode ser um problema na sua campanha. Ele fala outra vez que Goiânia terá o melhor transporte coletivo do Brasil. É mesmo? Na campanha de 2004 Iris fez a promessa de que nos seis primeiros meses do seu mandato acabaria com todos os problemas do transporte coletivo da capital. Acabou? Bem, se Iris Rezende tivesse acabado com todos os problemas do transporte coletivo de Goiânia de janeiro à junho de 2005 hoje ele não estaria dizendo que Goiânia terá (ou seja, no futuro) o melhor transporte coletivo do Brasil. Com certeza ele usaria o verbo no tempo presente: Goiânia tem o melhor transporte coletivo do Brasil. Engraçado ver o PT ao lado de Iris Rezende. Eles sabem que o prefeito não cumpriu a polêmica promessa. É que eles sabem que vão ganhar alguma coisa em 2010.

Evo abre diálogo, mas tensão persiste

No Estado de São Paulo com agências internacionais

Apesar do início das negociações entre o governo central e oposição, camponeses partidários do presidente boliviano, Evo Morales, mantinham ontem o bloqueio a estradas de acesso a Santa Cruz, o reduto dos opositores. Vários escritórios governamentais nos quatro departamentos (Estados) autonomistas também continuavam ocupados por grupos contrários ao presidente. O desbloqueio das estradas e a desocupação dos prédios públicos estavam previstos no acordo de intenções firmado na terça-feira entre Evo e governadores oposicionistas. "Os bloqueios de vias persistirão até que os manifestantes regionais devolvam todos os imóveis tomados e saqueados do Estado", afirmou Fidel Surco, líder da Federação de Colonizadores, partidária do presidente.Longe das zonas de distúrbio, o encontro entre Evo e os governadores de Santa Cruz, Tarija e Beni começou ontem em Cochabamba, sem cerimônias e a portas fechadas. O governador de Pando - o outro departamento que pede autonomia -, Leopoldo Fernández, não participou do primeiro dia de diálogo porque está preso . Mas os opositores pedem sua libertação como forma de fortalecer as negociações. Também participam das reuniões representantes de partidos de oposição, alguns ministros de Evo, líderes do Poder Legislativo, observadores da Igreja Católica e de organizações internacionais, entre eles o presidente da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza."Essa pode ser a última chance de resolver os problemas do país em paz", afirmou Mario Cossío, governador de Tarija, ao chegar para o debate. O principal adversário de Evo, Rubén Costas, governador de Santa Cruz, disse ter esperanças de que se alcance "esse grande pacto social para pacificar o país". Após três semanas de invasões, protestos violentos e enfrentamentos, o diálogo busca uma solução de longo prazo para o país divido. O pacto inicial prevê 30 dias para que os dois lados cheguem a um acordo definitivo. Na primeira declaração oficial sobre a cúpula de Cochabamba, o porta-voz presidencial, Iván Canelas, afirmou que o debate avança "de forma positiva". "O governo acredita em um acordo dentro de 4 ou 5 dias de trabalho contínuo, se houver um diálogo sincero", disse.Segundo Canelas, ontem se discutiu a metodologia das conversas e como serão formadas comissões técnicas para discutir os três temas mais sensíveis: nova Constituição e autonomia para os departamentos, imposto sobre gás e petróleo e eleição de autoridades judiciais. Durante as negociações, os governadores oposicionistas vão pressionar por mais autonomia e uma fatia maior no repasse dos impostos arrecadados com a exploração do gás e petróleo.No fim do dia, o porta-voz do presidente boliviano reiterou o pedido para que os camponeses liberem as estradas do país e a oposição desocupe os prédios governamentais.
REFORMA EM RISCO
O debate transcorre sob forte vigilância dos setores sociais que apóiam o primeiro presidente indígena da Bolívia. Muitos temem que a reforma socialista prometida por ele não se concretize. O lobby da indústria agropecuária quer tirar do texto da Constituição o trecho que limita o tamanho de propriedades rurais. "De forma nenhuma nós vamos apoiar a limitação de terras", disse Guido Nayar, líder da federação agrícola de Santa Cruz.
TEMAS DO DEBATE
Imposto - La Paz reconheceu que os departamentos devem receber repasses dos US$ 166 milhões arrecadados com exploração de gás e petróleo
Carta e autonomia - Evo paralisou por um mês tramitação do projeto de referendo sobre a nova Carta, cujo texto foi aprovado sem a oposição
Nomeação de juízes - Oposição e governo propõem-se a pacto institucional para preencher vagas em tribunais

Presidente do STF ataca Abin e PF

Por Luiz Orlando Carneiro
no Jornal do Brasil

O presidente do Supremo Tri- bunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, afirmou, ontem, que o "compartilhamento de informações" entre a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em escutas telefônicas ­ com ou sem autorização judicial ­ é "um fato de gravidade jamais visto nestes 20 anos de vigência da atual Constituição". E acrescentou: ­ Estamos diante de um fato raro, de profunda gravidade, e estou preocupado com o aspecto político dessa questão. Como se envolve uma agência de inteligência numa operação policial, e depois a Polícia Federal diz que não sabia disso?
Maletas
Cercado pelos repórteres ao fim da sessão plenária do STF, Gilmar Mendes respondeu também com indagações a algumas perguntas sobre as "maletas" da Abin que teriam sido usadas durante a Operação Satiagraha e na interceptação de sua conversa com o senador Demóstenes Torres: ­ Qual o modelo institucional que se está desenhando? Se quer uma super-polícia? Uma super-agência de informação? Ela está submetida a quem? Os agentes da polícia, no dever de Polícia Judiciária, prestam contas ao juiz, acompanhados pelo Ministério Público. E os agentes da Abin? Estão atuando informalmente, de maneira emprestada?". Sobre o laudo do Instituto de Criminalística segundo o qual as maletas da Abin não fariam escutas telefônicas, o ministro foi também contundente: ­ Isso diz pouco. Simplesmente afirma que as maletas de que a Abin dispõe não teriam a possibilidade de fazer interceptações. Mas ninguém disse que essa interceptação foi feita pela Abin, pela PF, por pessoas contratadas. O que interessa é, de fato, aprofundar essas investigações. Procedimentos O procurador-geral da Repú- blica, Antonio Fernando Souza, ajuizou ontem, no Supremo Tribunal Federal, ação de inconstitucionalidade (ADI) contra a resolução aprovada pelo Conselho Nacional de Justiça, na semana passada, destinada a regulamentar os procedimentos a serem adotados pelos magistrados quando autorizarem a quebra de sigilos de comunicações telefônicas e de sistemas de informática, para a obtenção de provas em investigações criminais. Para o chefe do Ministério Público, o CNJ "extrapolou os limites de seu poder regulamentar". "No ato ora impugnado, o conselho agiu além de sua competência constitucional regulamentar, tanto com invasão da esfera jurisdicional pelo CNJ como pelo seu caráter inovador", afirma Antonio Fernando, na petição em que requer também a concessão de medida liminar. "O CNJ houve por bem regulamentar atividade-fim do Judiciário, traçando parâmetros e requisitos para a validade das decisões cautelares de interceptação telefônica, inovando em relação à lei.

Apoio de Lula abre guerra de aliados

Por Vera Rosa
no Estado de São Paulo

A nova leva de mensagens gravadas nesta semana pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o programa eleitoral de candidatos do PT e do PC do B despertou a ira de partidos da base aliada do Planalto, que se sentiram preteridos. A grita maior, porém, partiu do PMDB: o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, chegou a reclamar com Lula, mas as queixas não surtiram efeito.O mal-estar começou quando o presidente descumpriu a promessa de não entrar na campanha nas cidades em que os aliados não estivessem unidos, no primeiro turno, e gravou depoimento para ser usado na propaganda de TV do candidato do PT em Feira de Santana (BA), Sérgio Carneiro.Geddel ficou furioso porque o PMDB tem candidato no município: o deputado federal Colbert Martins. "Eu apenas fiz um reparo e falei do perigo disso para a base aliada, no futuro", afirmou o ministro. "Mas não fui pedir nada para o presidente. Quem sou eu para pedir para ele gravar ou não gravar?"A cúpula petista também queria que Lula aparecesse no programa do deputado Walter Pinheiro, candidato do PT à Prefeitura de Salvador, mas ele achou melhor evitar nova polêmica. Não sem motivo: a capital da Bahia é o típico exemplo de racha na seara governista. Pinheiro, do PT, vem crescendo na preferência do eleitorado, com o empurrão do governador da Bahia, Jaques Wagner, enquanto o prefeito João Henrique (PMDB), apoiado por Geddel, caiu. Hoje, quem lidera a disputa em Salvador é o deputado ACM Neto (DEM).Depois de entrar com ação na Justiça contra João Henrique para impedir o uso da imagem de Lula por parte do PMDB, Pinheiro não deixou por menos: embora não tenha uma mensagem de apoio feita sob encomenda para ele, vai exibir em seu programa cenas do presidente andando ao seu lado na capital baiana.Na terça-feira, o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, foi escalado para apagar o incêndio político. O telefone de seu gabinete, no quarto andar do Planalto, não parou de tocar quando candidatos descobriram que Lula - um cabo eleitoral disputadíssimo - gravara depoimentos para concorrentes do PT e do PC do B. "Por mim, o presidente não faria campanha para ninguém agora", disse Múcio. "Depois das eleições, os perdedores vão chegar aqui enfurecidos e o ônus sempre recai sobre o governo."A pedido do senador José Sarney (PMDB-AP), Lula gravou, ainda, mensagem para o programa do deputado Flávio Dino, candidato do PC do B à Prefeitura de São Luís (MA). A razão é simples: o tucano João Castelo, ferrenho adversário de Sarney, lidera com folga a campanha e o concorrente do PMDB, Gastão Vieira, está na lanterninha. No diagnóstico de Sarney, o apoio expresso de Lula a Dino, no horário eleitoral de TV, é a única forma de forçar o segundo turno em São Luís.

Paes abre oito pontos de vantagem sobre Crivella

Na Folha de São Paulo

O candidato do PMDB, Eduardo Paes, é líder isolado na disputa pela Prefeitura do Rio, revela pesquisa Datafolha, a menos de um mês das eleições, com oito pontos de vantagem sobre Marcelo Crivella (PRB), com quem estava empatado no levantamento anterior. Paes oscilou positivamente um ponto percentual -passou de 25% para 26%-, e Crivella oscilou três pontos para baixo -variando de 21% para 18%.Jandira Feghalli (PC do B), com 13%, aparece tecnicamente empatada com Crivella e também com Fernando Gabeira (PV), com 11%. Como a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, Crivella pode ter entre 15% e 21%, Jandira pode ter entre 10% e 16%, e Gabeira pode ter entre 8% e 14%.Em relação à pesquisa do começo de setembro, Gabeira oscilou positivamente três pontos, e Jandira, um.Em seguida, aparecem Solange Amaral (DEM), que variou de 7% para 5%; Alessandro Molon (PT), que passou de 3% para 4%; Chico Alencar (PSOL), que foi de 4% para 3%; e Paulo Ramos (PDT), que variou de 1% para 2%. Os outros candidatos não chegaram a 1%.Somam 17% os eleitores sem candidato, sendo que 11% votarão em branco ou anularão, e 6% continuam indecisos.O Datafolha fez simulações para o segundo turno envolvendo Paes, Crivella e Jandira. Paes, candidato do governador Sérgio Cabral, bateria Crivella por 53% a 32%. O peemedebista venceria Jandira por 48% a 37%, diferença de 11 pontos. Se a disputa fosse entre Crivella e Jandira, a postulante do PC do B venceria por 47% a 36%.A pesquisa Datafolha, em parceria com a Rede Globo, ouviu 930 eleitores cariocas com mais de 16 anos, entre os dias 17 e 18 de setembro

Alckmin estanca queda, vai a 22% e empata com Kassab

Por José Alberto Bombig
na Folha de São Paulo

O candidato tucano Geraldo Alckmin e o democrata Gilberto Kassab estão pela primeira vez numericamente empatados -22% das intenções de voto cada um- na corrida pela Prefeitura de São Paulo, ambos atrás da petista Marta Suplicy (PT), que tem 37%, revela a pesquisa Datafolha.Após quase dois meses de queda, Alckmin oscilou dois pontos para cima em relação à pesquisa anterior, publicada no sábado passado e que mostrava Kassab em ascensão com 21% das intenções. Marta manteve os mesmos 37% e, a 17 dias da eleição, está cada vez mais próxima do segundo turno.Desde segunda-feira, o tucano tem adotado um tom mais incisivo contra Kassab em seus programas do horário eleitoral de rádio e televisão. Nas ruas, o ex-governador também repete estratégia semelhante ao apontar o que chama de "problemas graves" da cidade."Não havia até aqui um contraponto claro à campanha do Kassab. Alckmin está fazendo isso e está dando certo, tanto que a rejeição ao prefeito, que estava caindo, oscilou dois pontos para cima", disse Mauro Paulino, diretor do Datafolha.A rejeição ao prefeito oscilou de 22% para 24%, Alckmin manteve 17%, e Marta oscilou de 33% para 34%.Ainda de acordo com a pesquisa, Paulo Maluf (PP) oscilou de 8% para 7% das preferências. Soninha (PPS) oscilou de 4% para 3%. Ivan Valente (PSOL) atinge 1% das intenções de voto. Anaí Caproni (PCO), Ciro Moura (PTC), Edmilson Costa (PCB) e Renato Reichmann (PMN), foram citados, mas não atingiram 1% das menções. O nome de Levy Fidelix (PRTB) constava do cartão circular apresentado aos entrevistados, mas ele não foi citado.Se a eleição fosse hoje, 4% votariam em branco ou anulariam o voto, mesmo percentual dos que não sabem em quem votar. A pesquisa foi realizada anteontem e ontem. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Foram ouvidos 1.666 eleitores da cidade de São Paulo, a partir dos 16 anos de idade.Nas simulações de segundo turno, Marta e Alckmin seguem empatados em 47%. Contra Kassab, o cenário se repete, porém dentro da margem de erro, com 46% a 45% para a petista. Em um cada vez mais improvável confronto entre Alckmin e Kassab, o tucano venceria o democrata -47% a 40%."Existem dois blocos de eleitores, os que querem votar em Marta e os que oscilam entre Alckmin e Kassab", diz Paulino.Na semana passada, Alckmin trocou o responsável pela comunicação de sua campanha. Lucas Pacheco deu lugar a Raul Cruz Lima e Marcelo Simões.Cerca de um terço (28%) dos entrevistados diz, espontaneamente, antes da apresentação dos nomes dos candidatos, que gostariam de votar em Marta, taxa idêntica à registrada no levantamento da semana passada. Kassab oscilou de 15% para 17%, seu melhor índice até o momento. Alckmin é citado de maneira espontânea por 14%.

Abin tem equipamentos para escuta, diz laudo da Polícia Federal

Por Eugenia Lopes e Rosa Costa
no Estado de São Paulo

Laudo da Polícia Federal revela que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tem equipamentos capazes de fazer escuta ambiental e interceptações telefônicas analógicas. Cinco dos 16 aparelhos eletroeletrônicos da agência submetidos a perícia do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal podem captar conversas reservadas entre dois ou mais interlocutores.Do arsenal da Abin fazem parte equipamentos cuja finalidade quase exclusiva é fazer escutas. O bloqueio legal às interceptações da Abin, mesmo ambiental, é total. A Constituição, em seu artigo 5, inciso XII, diz que quebras de sigilo só podem ocorrer para fins de investigação criminal, que não é o caso das ações da Abin. A lei 9.296/1996, que regulamentou esse inciso, diz que só autoridades policiais poderão fazer grampos e, sempre, autorizados pela Justiça. Na lei que criou a Abin, por sua vez, não há previsão de que a agência possa fazer escutas de qualquer natureza, mesmo ambiental.A perícia da PF foi feita a pedido do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) depois que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, acusou a Abin de ter equipamentos de escuta. O ministro foi contestado pela cúpula da agência. Em depoimento à CPI dos Grampos, o diretor-geral-adjunto afastado José Nilton Campana disse que os equipamentos não fazem escutas telefônicas. "São apenas para a varredura eletrônica de ambientes, para verificar se há grampos."No mês passado, o então diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda, também negou à CPI que a agência realizasse escutas. "A Abin, por não ter o mandato legal de realizar escutas telefônicas, aboliu completamente esse tipo de conduta. Então, nós não temos nem telefônica, nem ambiental, nem em qualquer outro tipo de equipamento de comunicação." Mais adiante, ele acrescentou: "Nós não podemos fazer escuta de nenhuma natureza".No laudo de 33 páginas entregue ontem à CPI dos Grampos e à Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência do Congresso, a Polícia Federal detalha, por exemplo, as funções do Stealth LPX, aparelho de interceptação ambiental, que pode ser acionado por controle remoto e capaz de fazer a escuta a mais de 500 metros do receptor. Em julho, a segurança do Supremo Tribunal Federal (STF) detectou indícios de escutas ambientais no gabinete do ministro Gilmar Mendes.Segundo o presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), o Stealth LPX teria essa capacidade e função. "O Stealth LPX é próprio para utilização em interceptações de áudio ambiental. É um equipamento que permite a ativação da escuta remotamente", assinala o laudo da PF. O equipamento não possui, no entanto, capacidade para fazer escutas telefônicas em aparelhos celulares ou fixos. O aparelho capaz de fazer esse tipo de interceptação é o X600 Trough Wall Listening System, que não estava na relação dos aparelhos da Abin apresentados à Polícia Federal, mas em uma lista reproduzida da internet que foi apresentada por Jobim ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à CPI como a relação de equipamentos que a Abin teria comprado nos EUA por meio do Exército.
TRANSMISSOR
Além das escutas ambientais, a agência possui um transmissor que, segundo a perícia, tem como "função precípua interceptar o áudio que trafega em linhas telefônicas analógicas". Ao lado de equipamentos sofisticados, a Abin possui aparelhos como gravador de linha telefônica, que, diz a perícia, serve apenas para gravar em fita cassete as conversas telefônicas.A Abin informou que os equipamentos que permitem a realização de algum tipo de escuta são usados em caráter educativo, para permitir que seu pessoal seja capacitado a detectar a existência de grampos. Ainda segundo a agência, não existe vedação ao uso de equipamentos de escuta ambiental quando a pessoa que está fazendo a gravação é um dos interlocutores, mesmo que isso seja feito de forma velada. A Abin ressalta ainda que os equipamentos que possui não podem ser usados para fazer qualquer tipo de escuta telefônica de terceiros, por proibição legal.Um dos aparelhos analisados pela PF estava camuflado em uma calculadora. "Sua função precípua é interceptar o áudio ambiental de forma dissimulada dentro de uma calculadora", diz o laudo. A Abin tem ainda pelo menos três equipamentos para varredura (verificar a existência de grampos ambientais).

Perícia aponta que aparelhos da Abin não fizeram grampo

Por Maria Clara Cabral e Alan Gripp
na Folha de São Paulo

Perícia realizada pela Polícia Federal em 16 equipamentos de inteligência da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) constatou que nenhum deles é capaz de realizar interceptações telefônicas como a feita em conversa entre o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Segundo o documento produzido pelo INC (Instituto Nacional de Criminalística) da PF, dois dos equipamentos analisados são capazes de fazer escutas, mas só em linhas analógicas. A conversa entre as duas autoridades, no entanto, foi feita por meio de uma conferência entre linhas fixas digitais do Senado e do STF, depois transferida para o celular de Mendes. "Os equipamentos enviados para exame, nas condições apresentadas, isolados ou em conjunto, não possuem capacidade técnica para demodular sinais de telefonia celular nos padrões GSM, CDMA e PCS", diz o laudo, enviado à CPI dos Grampos e à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso. O resultado da perícia não elimina as suspeitas de que agentes da Abin tenham feito grampos ilegais, apenas derruba a possibilidade de que tenham sido realizados com equipamentos comprados oficialmente e apresentados pela agência. A hipótese de agentes secretos terem atuado com equipamentos adquiridos clandestinamente continua sendo uma das mais fortes do inquérito aberto pela PF para investigar as escutas ilegais. O laudo do INC impõe uma derrota ao ministro Nelson Jobim (Defesa), que acusou categoricamente a agência de possuir equipamentos com capacidade de interceptação. Já sabendo do resultado de um outro laudo nos aparelhos da Abin, feito pelo próprio Exército, Jobim recuou de suas acusações, anteontem, ao depor à CPI. Em vez de afirmar que a agência possuía equipamentos de grampos, como anteriormente, o ministro disse aos deputados que não tinha "certeza" disso e que apenas recebera "informações" nesse sentido. A acusação de Jobim foi decisiva para o afastamento do diretor da Abin, Paulo Lacerda, determinado pelo presidente Lula. Na avaliação do Planalto, o laudo reforçou os argumentos apresentados por ele em defesa da corporação. A tendência é que Lula espere o fim do inquérito da PF para decidir se Lacerda volta ao cargo na Abin. Jobim afirmou, por sua assessoria, que não comentaria o resultado do laudo. À noite, ele informou que entregará na próxima semana as notas dos equipamentos comprados pela Abin por meio da comissão do Exército em Washington. De acordo com o documento da PF, de 33 páginas, o Stealth LPX Global, em poder da Abin, pode realizar escutas ambientais. A perícia diz que, em ambientes fechados, como em gabinetes, por exemplo, ele tem alcance de até 200 metros. A agência não tem permissão para fazer escutas, nem ambientais nem telefônicas. A assessoria de imprensa da instituição não quis se manifestar sobre o laudo. Outro detalhe importante: modelos mais sofisticados do Stealth LPX podem fazer interceptações de linhas digitais. O laudo não menciona se o aparelho comprado pela Abin permite um "upgrade". Essa informação será apurada pela CPI, que pedirá nova perícia nos equipamentos comprados para a Abin. A comissão vai solicitar uma análise técnica independente do CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações), de Campinas.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Alckmin fez aliança com Anthony Garotinho

Quero dizer que Geraldo Alckmin vai continuar atacando Gilberto Kassab? Algum petralha poderia colocar a estrela do partido no peito do homem, por favor? Alckmin atacará Kassab por conta da sua antiga ligação com Paulo Maluf. Bem, se o “Geraldo” quer falar de coerência então vamos lá. Primeiros dias de campanha presidencial no segundo turno em 2006. Geraldo Alckmin faz aliança com quem? Com Anthony Garotinho, um cara cujo currículo não se diferencia muito do de Paulo Maluf.
Nossa, direto o Maluf está participando de cerimônias no Palácio do Planalto. Um aliado de Dona Supla, Cândido Vaccareza, foi flagrado jantando com Maluf, mas Alckmin prefere explorar a antiga ligação de Kassab com o malufismo. Depois não digam que pego no pé do picolé de chuchu por questão pessoal. Ele dá motivo.

E agora, Jobim?

Nelson Jobim disse que a Abin teria maletas que fariam escutas telefônicas. Agora a Polícia Federal fala que fez uma análise nas maletas e constatou que não fazem nenhum tipo de escuta. E agora Jobim? Com a palavra o ministro da Defesa.

Respondendo ao "meu velho"

Um anônimo me manda o seguinte comentário:

Meu velho.. você já assistiu ao filme Efeito Dominó? Se não, assisita, o filme é muito bom!
OK.. vamos lá! Aquele filme conta uma história verdadeira! Aquilo foi FATO! ACONTECEU DE VERDADE! E foi na Inglaterra!
Se lhes tivessem contado você diria que é coisa de aloprado!
Como você mesmo disse que lê Mainardi e O Tio Rei (sic)(Ríodiculo!), não posso esperar muita coisa. Compare o nível de escrita, redação, conexão das idéias, ligue os pontos... pensar não dói!
Sem ressentimentos!
AH!!! Não sou petista!
[]´s.

Será que ele me sugeriu o filme Efeito Dominó para que eu acredite na tese nassifiana de que a Editora Abril, Lula, Serra e Dilma se uniram para acabar com a Operação Satiagraha da Polícia Federal e assim beneficiar Daniel Dantas? Se for esta a intenção pode tirar o cavalinho da chuva. Prefiro a análise dos blogs do Reinaldo Azevedo e do Imprensa Marrom sobre a tese idiota.
Eu diria que “é coisa de aloprado”? Bem, eu digo que é coisa de aloprado usar dinheiro sujo numa campanha presidencial para comprar um dossiê fajuto contra um adversário.
Qual é o problema de ler Diogo Mainardi e Reinaldo Azevedo? Por causa disso você não espera muita coisa? Na boa, “meu velho”, você veio para o lugar errado. Ridículo é você entrar num blog, não gostar de nada que está escrito e ainda por cima comentar. Isso sim é muito ridículo. É uma simples amostra de que não tem nada para fazer.
Para o “meu velho”, pensar não dói. Talvez lhe faça cócegas. Para mim, pensar dói e muito. Pensar exige-se concentração, disciplina, rigor. É uma luta incessante, é um bom combate. É ler, ler e ler mais. É cair e levantar, sem cessar. É acertar e errar, sem cessar.
Se eu tenho ressentimentos sobre o seu comentário? Que nada. Eu não uso meus ressentimentos para acusar meus inimigos de bolar um plano diabólico em favor de um banqueiro. Também não sinto nenhum ressentimento do BNDES não me emprestar nenhum centavo. Eu trabalho e me sustento. Agora, “meu velho”, já te dei atenção demais. Vou escrever aqui. Se você quiser continuar caindo no ridículo pode ler, não gostar e comentar. A opção é sua. Ou você tem ressentimentos?

Cadê a estrela do Alckmin?

Depois de ler a reportagem da Folha de São Paulo que mostra que na propaganda de ontem Geraldo Alckmin atacou Gilberto Kassab e elogiou Dona Supla cheguei a conclusão de que o picolé de chuchu paulista é do PT. Isso mesmo. Alckmin é um petralha infiltrado no ninho tucano. Ele conseguiu enganar todo mundo até Mário Covas. Agora, Alckmin mostra sua cara. Chega de se esconder. A campanha presidencial de 2006 foi uma prova do petralhismo do “Geraldo”. Na campanha deste ano, ele e Dona Supla estão unidos para minar a administração Kassab. Pronto! Está revelado. Geraldo Alckmin é um petralha. Cadê a estrela no peito dele?

Diálogo na Bolívia começa hoje sob tensão

Por Flávia Marreiro
na Folha de São Paulo

O presidente da Bolívia, Evo Morales, e governadores oposicionistas terão hoje no departamento de Cochabamba (centro) o primeiro encontro desde que acordaram uma agenda de negociação, na terça-feira. Mas o ambiente político ontem era ainda de troca de farpas entre os dois blocos e de desconfiança e ameaças por parte dos grupos civis aliados.Contrariando o texto do documento-base do diálogo negociado entre o vice-presidente, Álvaro García Linera, e o governador de Tarija, Mario Cossío, representante da oposição, os grupos de choque do governo do departamento oposicionista de Santa Cruz não aceitaram deixar todos os prédios públicos federais que ocupam desde a semana passada.O Comitê Cívico de Santa Cruz, que reúne a elite política e empresarial da região, ameaça não devolver a sede regional do INRA (Instituto Nacional de Reforma Agrária). O governo cruzenho diz que a liberação será "paulatina".Tampouco os movimentos camponeses que apóiam o governo desistiram das medidas de pressão contra Santa Cruz. Há pelo menos seis pontos de bloqueios nas estradas que levam à capital do departamento, que na sexta-feira abre a feira de negócios mais importante do país. Os apoiadores de Morales dizem que só levantarão as interrupções quando os cruzenhos devolverem as instalações nacionais a La Paz.A anunciada marcha de camponeses -estimados em 20 mil pessoas- à capital do departamento foi objeto de reportagens de TVs opositoras e jovens do bairro periférico cruzenho Plan 3000 anunciaram a criação de um "esquadrão" para se contrapor aos da radical União Juvenil Cruzenha (UJC).Ontem, a UJC anunciou a morte de seu integrante Edson Ruiz, 26, ferido no domingo num enfrentamento a 50 km de Santa Cruz. Ruiz soma-se aos pelo menos 15 mortos no massacre no departamento opositor de Pando, sob estado de sítio desde sexta-feira.
Retórica inflamada
Outro ponto de tensão ontem foi justamente o debate em torno da legalidade da prisão do governador pandino, Leopoldo Fernández, acusado de desrespeitar o estado de sítio (leia texto à pág. A13).Morales também não abandonou a retórica inflamada. Pela manhã, participou da assinatura de um pacto com a COB (Central Operária Boliviana) e a Conalcam (conglomerado de movimentos sociais), que comprometeram-se a defender a integridade do país ante a "ameaça de golpe" dos governadores rebeldes.O presidente boliviano questionou pontos do documento-base do diálogo. A reunião de hoje, de acordo com o texto, deveria decidir o cronograma e a metodologia da negociação, dividida em três mesas temáticas: renda do gás, autonomias e nova Constituição (ainda pendente de referendos) e "pacto institucional", para a nomeação das autoridades que faltam nos tribunais superiores e na Corte Nacional Eleitoral.Morales propôs que a negociação seja intensiva e que os grupos só se desmobilizem quando os acordos forem concluídos. A alteração preocupa porque são previstos longos embates em relação à nova Carta, que trata de temas como reforma agrária, reeleição presidencial (uma única vez) e autonomia indígena.A governadora de Chuquisaca, Sabina Cuellar, opositora, exige a inclusão de um ponto também controverso: a discussão sobre o status de capital plena do país para Sucre, sede do departamento. Cuellar acusou os aliados de "traição" por não incluir o tema.
Mediadores
Morales também criticou a escolha da Igreja Católica como um dos "facilitadores" da negociação. Criticou o cardeal Julio Terrazas porque ele estava ao lado de Cossío anteontem, durante o anúncio da assinatura do pré-acordo. Acusou Terrazas de servir "mais aos imperialismo que ao povo", e anunciou que as igrejas protestantes também seriam facilitadoras.O documento também prevê a participação de facilitadores internacionais, entre eles os enviados pela Unasul (União de Nações Sul-Americanas). O representante do Brasil será o embaixador em La Paz, Frederico Araújo. Na segunda-feira, o bloco regional foi aceito por Morales com mediador na crise. Não fechou-se, porém, o número de facilitadores que a Unasul terá. Um temor no meio diplomático brasileiro é que a designação de um facilitador pela Venezuela contamine o trabalho dos enviados.

Para 6 em cada 10 americanos, crise vai piorar

Na Folha de São Paulo com agências internacionais

Os norte-americanos estão mais pessimistas em relação à economia e acreditam que a situação irá piorar, aponta pesquisa realizada em conjunto pelo jornal "The New York Times" e pela rede CBS.De cada 10 pessoas, 6 consideram que o quadro econômico ficará pior. Já a condição financeira da família está hoje pior do que há quatro anos para 1 em cada 3 entrevistados. Ao todo, 8 em cada 10 pessoas avaliam a economia de forma negativa.Ainda assim, o levantamento revela que a maioria se mostra confiante quanto ao preparo dos candidatos à Presidência dos EUA para lidar com a crise.O democrata Barack Obama conta com a confiança de 6 em cada 10 entrevistados. Em relação ao republicano John McCain, a proporção é menor: 53% dos entrevistados acreditam que ele saberá dar uma solução para as turbulências.A pesquisa foi coletada entre os dias 12 e 16 de setembro. Foram entrevistados 1.133 adultos.

Estrangeiro sai e bolsa perde 6,74%

Por Leonardo Modé
no Estado de São Paulo

O resgate da gigante de seguros AIG pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) foi insuficiente para acalmar os investidores. O temor de quebra em cascata de instituições financeiras americanas provocou mais um dia de pânico nos mercados ontem. No Brasil, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) caiu 6,74%, segunda maior desvalorização do ano em termos porcentuais. O dólar subiu 2,64%, para R$ 1,868, maior cotação em um ano. No exterior, o Índice Dow Jones da Bolsa de Nova York perdeu 4,06% (na menor pontuação desde novembro de 2005) e a bolsa eletrônica Nasdaq teve baixa de 4,94%. O Índice FTSE, da Bolsa de Londres, recuou 2,25% e o CAC-40, de Paris, 2,14%. Segundo analistas, estrangeiros estão saindo em peso do Brasil, o que também pressiona a taxa de câmbio. De janeiro até segunda-feira, dado mais recente disponível, o saldo de investimento externo na Bovespa estava negativo em R$ 17,2 bilhões. Somente em setembro, o déficit era de quase R$ 700 milhões. "Infelizmente, o processo de busca por liquidez é tão gigante que não dá para ter uma visão positiva para os mercados do Brasil e de outros países emergentes no curto prazo", afirmou o economista-chefe da Bradesco Corretora, Dalton Gardiman. Segundo ele, os investidores estão abandonando o País para cobrir prejuízos em outros mercados, notadamente nos EUA. Nesse ambiente, disse, vendem ativos sem levar em conta os fundamentos. "Diria que não se trata de uma liquidação, mas de uma liquefação de ativos."Outro movimento que chamou a atenção foi a maior alta da história do ouro em dólar na Bolsa Mercantil de Nova York. A onça-troy (31,1 gramas) subiu US$ 90. "É um movimento de insanidade, sintoma de descrédito", disse o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. "Afinal, para que serve o ouro?"Os especialistas avisam que a turbulência continuará forte até que termine a reorganização do sistema financeiro americano, que não tem prazo para acabar. "O lado bom é que os EUA estão tentando resolver em dias um processo que em outros países levou anos ou até décadas", disse Gardiman. Ontem, surgiram notícias - não confirmadas até o fechamento desta edição - relacionadas ao setor bancário dos EUA. O The New York Times informou que a Washington Mutual (WaMu), maior instituição de poupança dos EUA e líder no financiamento de hipotecas, se colocou em leilão. O Citigroup estaria interessado. Também conforme o NYT, o Morgan Stanley, segundo maior banco de investimentos americano, negocia fusão com o Wachovia, 9º do ranking no país. Se a transação se confirmar, só terá sobrado um grande banco de investimentos no país, o Goldman Sachs, cujas ações caíram ontem 13,92%. Os papéis da AIG despencaram 45,3%.

Políticos tomam conta das agências

Por Raphael Bruno
no Jornal do Brasil

A posse, há uma semana, da advogada Emília Maria Silva Ribeiro, indicação política do senador José Sarney (PMDB-AP), no Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), reviveu prática comum nas entidades reguladoras brasileiras. Criados na esteira das privatizações para atuar de maneira independente do governo e regulamentar os mercados que se abriam para a iniciativa privada com o fim de estatais, tais órgãos não conseguem se livrar da ingerência política. Das 10 agências federais, seis são chefiadas por indicados políticos. Mais de 1/3 dos 43 diretores responsáveis por decisões envolvendo mercados que movimentam bilhões de dólares ocupam hoje seus cargos com a ajuda de um padrinho político. PT, PMDB e PCdoB são os campeões das indicações. Em alguns casos mais extremos, como o da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e o da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), quase toda a diretoria é composta por indicados políticos. O diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, é engenheiro elétrico e ex-deputado federal pelo PCdoB.
Mais políticos
Na Anvisa, o farmacêutico e diretor-geral, Dirceu Raposo de Mello, já foi deputado estadual pelo PT paulista. Outro diretor, José Agenor Álvares da Silva, é, além de sanitarista, ligado ao PMDB e era secretário-executivo do então ministro da Saúde, deputado Saraiva Felipe (PMDB-MG), antes deste ser substituído por José Gomes Temporão. Também integra a diretoria do órgão o médico e ex-ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz (PCdoB), derrotado em 2006 nas eleições para o Senado pelo Distrito Federal. O PT comanda também a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e a Agência Nacional de Águas (ANA). Na ANTT, o economista Bernardo Figueiredo, diretor-geral da agência, é nome da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, tendo ocupado anteriormente o cargo na Casa Civil. A ANTT tem ainda como diretores o publicitário Francisco de Oliveira Filho, indicação do seu tio, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, e Mário Rodrigues Júnior, engenheiro indicado por outro partido da base, o PR do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento. Na ANS, tanto o diretor-geral, Fausto Pereira dos Santos, quanto outro diretor, Jose Leôncio Feitosa, são médicos indicados pelo PT. Na ANA, o economista e diretor-geral, José Machado, é ex-deputado federal pela legenda. Já o engenheiro Bruno Pagnoccheschi é nome da senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Mesmo em agências nas quais aliados ou figuras de perfil mais técnico ocupam a diretoria-geral, o PT não deixa de contar com suas figuras dentro das instâncias dirigentes. A Agência Nacional do Cinema (Ancine), por exemplo, é chefiada pelo documentarista ligado ao PCdoB, Manoel Rangel, mas um dos diretores do órgão é o produtor Nilson Rodrigues, homem da corrente que sucedeu o antigo Campo Majoritário, a Construindo um Novo Brasil, do atual presidente da legenda, Ricardo Berzoini. Na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a situação se repete. Embora o comando do órgão fique a cargo do ex-embaixador brasileiro na Organização das Nações Unidas, Ronaldo Sardenberg, um dos diretores da agência é o engenheiro Plínio Aguiar Júnior, ligado ao deputado Jorge Bittar (PT-RJ) e ao ex-assessor especial do petista José Dirceu, Marcelo Sereno. Indicações às quais se junta agora a de Emília Silva. Ainda assim, a Anatel, acompanhada da Aneel, Antaq e, mais recentemente, da Anac, permanece como uma das poucas agências que não é chefiada por indicação política clara. Embora o nome de Sardenberg tenha sido sugestão do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, o diplomata foi ligado ao PSDB, tendo sido ministro da Ciência e Tecnologia no governo Fernando Henrique Cardoso. O atual presidente da Aneel, Jerson Kelman, também ocupou cargos de peso no governo tucano. Ele foi diretor-geral da ANA durante o mandato de FHC, mas caiu nas graças de Dilma quando a ministra teve a oportunidade de ler trabalho do engenheiro criticando as ações do governo durante o apagão elétrico de 2001.

Alckmin critica Kassab e elogia Marta

Na Folha de São Paulo

Em seu programa de TV ontem, o candidato tucano à Prefeitura de São Paulo, Geraldo Alckmin, voltou a criticar o prefeito Gilberto Kassab (DEM). Porém, o que chamou a atenção de petistas e dos tucanos que defendem a reeleição do prefeito foram os elogios do ex-governador à ex-prefeita Marta Suplicy (PT), sua adversária.O governador José Serra (PSDB) disse a interlocutores que a linha adotada por Alckmin o afasta da campanha. Segundo tucanos, a campanha de Alckmin negociava com Serra ao menos uma aparição pública lado a lado. Serra pergunta como poderá ir às ruas com alguém que critica a equipe que deixou na prefeitura. Kassab assumiu a prefeitura após a saída de Serra, em 2006.O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, criticou Alckmin: "O presidente do PSDB não deve se meter em eleições intensas como a de São Paulo, mas tem absoluta clareza de que a campanha tem de ser de oposição ao governo e a seus candidatos. Temos de construir a vitória no segundo turno".Hoje chamados de oportunistas por Alckmin, os tucanos dizem ter consultado o candidato sobre a permanência na prefeitura. Alckmin teria sugerido que eles ficassem na equipe. "Consultei o ex-governador Geraldo Alckmin e ele me sugeriu que ficasse até para ajudar os candidatos do PSDB", disse o subprefeito da Vila Guilherme, Antonio Perosa.
Na TV
"O número de carros que entram na cidade todos os dias não pára de crescer e o prefeito Kassab não investiu na ampliação do sistema. Transporte não foi prioridade em seu governo", afirmou Alckmin na TV."Justiça seja feita, a ex-prefeita Marta até obteve alguns avanços com os corredores exclusivos e com o bilhete único", completou o tucano.À tarde, em carreata, Alckmin disse que as investidas contra o prefeito não são ataques pessoais, mas "questões políticas". Disse que não há "tom novo" na campanha e que não fará mudanças para contentar tucanos kassabistas: "Eu não vou mudar o tom. Agora, abordar os problemas é dever... O primeiro passo é reconhecer que existem problemas. Se se imagina que não há nenhum problema, de moradia, de transporte, de saúde, de educação, como é que vai resolver?"Alckmin aproveitou para criticar a postura de Kassab, que o atacou ao final do debate na TV, há uma semana. "Eu sempre terei absoluta correção. Veja que no debate da Bandeirantes eu não faço referência de natureza pessoal. Quem fez um ataque à mim, e no final do debate, quando eu não podia responder, não fui eu", disse.

Tarso reclama de prisão de diretor da PF

Por Leonardo Souza
na Folha de São Paulo

A prisão do número dois da Polícia Federal, delegado Romero Menezes, anteontem, provocou um desgaste na relação da corporação com o Ministério Público Federal. Anteontem à noite, o ministro Tarso Genro (Justiça), a quem a PF está subordinada, reclamou diretamente com o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza.Menezes foi preso a pedido do Ministério Público Federal do Amapá, suspeito de ter agido em benefício de um irmão e de ter vazado informações privilegiadas da Operação Toque de Midas, que investiga supostas irregularidades em licitações que teriam sido cometidas pelo grupo EBX, de Eike Batista.Na avaliação de Tarso e da cúpula da PF, o Ministério Público extrapolou ao pedir a prisão de Menezes, afastado da função de diretor-executivo da corporação após o episódio.Tarso levou sua reclamação a Antonio Fernando num jantar na casa do advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli, anteontem à noite, dia da prisão de Menezes. "A determinação [da prisão] era desnecessária, porque não era pelo perigo que ele eventualmente representava, mas por poder interferir", disse Tarso.Apesar de o pedido ter sido aceito pela Justiça Federal do Amapá, Menezes não chegou efetivamente a ser preso. Ele recebeu, pela manhã, voz de prisão do diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, mas no final da noite de terça obteve um habeas corpus do Tribunal Regional Federal da 1ª Região suspendendo a prisão.Ao longo do dia, prestou depoimento à Corregedoria Geral da PF e, depois, aguardou no próprio edifício-sede da corporação o alvará de soltura."A operação do Ministério Público foi altamente respeitável. Nós consideramos esse controle externo [do Ministério Público sobre a PF] uma necessidade. Mas não tinha nenhum fundamento, nenhuma necessidade o pedido de prisão do doutor Romero", disse o ministro da Justiça.Segundo ele, Antonio Fernando reagiu com naturalidade a seus comentários e ficou de analisar o caso.Apesar da indignação causada pela prisão de Menezes, o ministro avaliou que o episódio é benéfico para a imagem da PF. "Se houve contaminação [se ficar provada a culpa de Menezes], a Polícia Federal demonstrou que não vacila em tomar providências contra o número quatro, o número três, o número dois, o número um ou o número zero, que sou eu."

Grampos indicam manobra de diretor da PF em favor de irmão

Por Felipe Recondo e Sonia Filgueiras
no Estado de São Paulo

Gravações telefônicas em posse do Ministério Público foram decisivas para o pedido de prisão do diretor-executivo da Polícia Federal, delegado Romero Menezes. Os grampos mostrariam Menezes pressionando o superintendente da PF no Amapá, Anderson Rui Fontel de Oliveira, a favorecer seu irmão José Gomes de Menezes Junior.De acordo com informações do Ministério Público, nas conversas, gravadas com autorização judicial, o segundo homem na hierarquia da PF reclama da demora de Fontel em concluir o processo em que o irmão pede o credenciamento como instrutor de tiro. As conversas indicariam ainda que Menezes estaria articulando o afastamento do superintendente do cargo, caso a exigência não fosse atendida.O Ministério Público suspeita também que Menezes possua participação oculta em negócios da empresa Servi-San tocados pelo irmão. Parte da clientela da empresa teria sido conquistada no Estado graças às conexões com a cúpula da Polícia Federal. Por seu advogado, o delegado negou qualquer participação na Servi-San.Durante a apuração, o procurador responsável pelos inquéritos, Douglas Santos Araújo, também juntou indícios de que o delegado teria conseguido inscrever o irmão no curso especial de segurança portuária da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça de forma fraudulenta, utilizando-se de informações falsas.Menezes foi detido na terça-feira no edifício-sede da PF e solto ontem de madrugada por força de habeas corpus. Por determinação da Justiça, a Polícia Federal recolheu objetos de trabalho, agendas, blocos de anotações, agendas, pendrives e discos rígidos de computadores utilizados pelo diretor afastado em sua casa e no trabalho. O material vai passar por perícia.Além da suposta pressão para beneficiar o irmão, Menezes também é investigado pelo vazamento de informações da Operação Toque de Midas, deflagrada em julho, para investigar suposto favorecimento à empresa MMX, do empresário Eike Batista, na licitação do processo de exploração da estrada de ferro que liga o município de Serra do Navio ao Porto de Santana, no Amapá. No inquérito, foram incluídos indícios, mantidos ainda sob sigilo, de que Menezes seria um dos responsáveis pelo vazamento. Um desses indícios seria uma gravação telefônica entre ele e o irmão tratando de uma investigação da PF de "interesse local".
RAZÕES
Foi com base nesse rol de indícios, reforçado por depoimentos e provas documentais, que o procurador pediu à Justiça a prisão temporária de Menezes, do irmão e do diretor da MMX Amapá, Renato Camargo dos Santos, decretada na terça-feira e revogada ontem. O delegado é investigado por tráfico de influência e vazamento de informações.O procurador insistiu em que havia razões suficientes para os pedidos de prisão. "A lei que regula a prisão temporária prevê que é preciso haver risco de aquela pessoa interferir na investigação e que é preciso ter indícios mínimos de autoria (do crime). Só com base nesses dois pontos cumulativos é que se pode pedir a prisão", justificou o procurador.Além de processo judicial, a PF abriu procedimento na corregedoria para verificar se a denúncia procede ou se Menezes foi vítima de exploração de prestígio pelo irmão. Com o afastamento de Menezes, o diretor da Divisão de Combate ao Crime Organizado, Roberto Troncon Filho, acumulará o cargo de diretor-executivo.
INTERFERÊNCIA
Ao deferir a prisão de Menezes e seu irmão, o juiz Anselmo Gonçalves da Silva, da 1ª Vara Federal do Amapá, afirmou que os fatos descritos pelo Ministério Público "corroboram inteiramente a existência de um esquema criminoso".A Justiça Federal do Amapá acolheu, entre outros argumentos, o de que, por ocupar posição hierárquica destacada na PF, o delegado teria "a possibilidade de interferir direta e decisivamente nas investigações, quer na fase de produção de provas, quer na intimidação de seus subordinados".

Jobim agora diz não saber se maleta da Abin faz grampo

Por Alan Gripp
na Folha de São Paulo

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, recuou ontem da acusação feita por ele há duas semanas de que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) comprou equipamentos capazes de fazer grampos sem depender de operadoras telefônicas. Em depoimento à CPI dos Grampos, Jobim disse só ter recebido informações de que os aparelhos tinham essa capacidade, mas que não tem certeza disso.Em 1º de setembro, em reunião do conselho político do governo, Jobim afirmou na presença do presidente Lula e de seis ministros que a Abin comprara equipamentos com poder de fazer escutas por meio de comissão do Exército em Washington (EUA). A acusação foi decisiva para o afastamento do diretor da Abin, Paulo Lacerda.Dois dias depois, após a agência ter contestado, Jobim confirmou a acusação em declaração pública: "Na relação dos aparelhos adquiridos pela Abin, há alguns que têm essa característica de interceptação telefônica", disse.Ontem, baixou o tom: "Eu não tenho certeza sobre isso, porque isso dependia de uma investigação (...) Recebi notícias de que esses instrumentos viabilizariam escuta, não fiz nenhuma afirmação".Jobim decepcionou a CPI ao entregar o documento que, segundo ele, foi apresentado a Lula, e que provaria a compra das chamadas maletas de grampo. São cinco folhas extraídas da internet com a descrição dos equipamentos no site do fabricante. Questionado se possui o registro oficial da compra, disse: "Não tenho. Posso providenciar, mas não tenho". Este era o documento aguardado pela comissão.As suspeitas do ministro e da comissão recaem sobre o Stealth LPX Global Intelligence Surveillance System. A descrição do equipamento no prospecto da internet apresentado à CPI revela a capacidade de grampo, mas Jobim reconheceu que não tem certeza se foi este o modelo adquirido pela Abin: "Se esse que está com eles [Abin] pode ou não pode [grampear], eu não sei".Oficialmente, a Abin nega ter equipamento que faça grampo. Em conversas reservadas, autoridades da agência dizem ter adquirido um modelo simples do Stealth, que só faz varreduras. Em tese, ele pode ser adaptado para interceptação.Jobim afirmou que, na reunião de coordenação política, defendeu o afastamento do diretor da Abin, mas negou que tenha feito isso com base nas informações de compra de maletas. "A decisão [do afastamento de Lacerda] não se deu por força dessa informação, e sim da notícia de que a Abin tinha participado da interceptação [no telefone do presidente do STF, Gilmar Mendes]."O ministro negou que o Exército tenha comprado para si próprio maletas de escuta.