sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Governo retribui apoio do PMDB com cargos na Caixa

Por Valdo Cruz, Ranier Bragon e Maria Clara Cabral
na Folha



Depois de exibir força ao votar unido pelo salário mínimo de R$ 545, o PMDB espera ser recompensado pela presidente Dilma Rousseff na distribuição de cargos na máquina federal. O governo entendeu o recado e promete começar a pagar antes da votação do projeto no Senado.
A cúpula peemedebista decidiu trabalhar para ter o apoio integral da sua bancada de 77 deputados para ficar credora e cobrar compromissos do Palácio do Planalto.
A tática funcionou e nomeações solicitadas pelo partido na Caixa Econômica Federal devem ser efetivadas nos próximos dias, antes da votação do projeto do salário mínimo no Senado, prevista para a próxima quarta-feira.
O PMDB sugeriu os nomes do ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima e do ex-governador da Paraíba José Maranhão para as vice-presidências de Crédito da Pessoa Física e de Fundos e Loterias da Caixa.
O PMDB já possui seis ministérios no governo Dilma, mesmo número que tinha no fim do governo Lula. O partido ocupa Agricultura, Minas e Energia, Defesa, Previdência Social, Turismo e Assuntos Estratégicos.
A grande briga agora é por cargos no segundo escalão. Além da Caixa, o PMDB quer diretorias do Banco do Brasil, de empresas estatais do setor elétrico e da Funasa (Fundação Nacional de Saúde).
A estratégia peemedebista na votação de anteontem foi montada pelo vice-presidente Michel Temer e pelo líder da bancada, Henrique Eduardo Alves (RN), diante da conclusão de que não bastava garantir maioria, mas era preciso aparecer como o partido mais fiel para ter força na divisão de poder.

RECONHECIMENTO
Temer disse ontem à Folha que o PMDB "não votou pensando em cargos". Em seguida, deixou implícito que o partido espera reconhecimento. "Agora, está nas mãos do governo fazer o que deve ser feito e o que achar melhor", afirmou.
Logo após a votação, o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, ligou para Alves e lhe cumprimentou. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse ontem que o "PMDB saiu fortalecido e tem o reconhecimento do governo".
Em reunião com a bancada anteontem, Temer afirmou aos peemedebistas que "não adiantava estar unido pela metade", diante da expectativa inicial de conseguir 55 dos 77 votos do partido para o governo.
Em sua opinião, "outra posição enfraqueceria o partido", que precisava demonstrar união num momento que é acusado de fisiologismo e criticado por causa de suas divisões.
Temer disse que o PMDB "surpreendeu" e que os deputados entenderam que dar "uns 50 votos ao governo era o mesmo que zero para efeito de força política".
O vice-presidente afirmou que na votação de quarta-feira o PMDB buscou "demonstrar que é governo, quer ser tratado como governo e continuará sendo governo".

Aí fica fácil demais

O Diário da Manhã mostra na sua edição de hoje que dois principais nomes do governo Alcides Rodrigues pularam das páginas políticas para as policiais. Jorcelino Braga e Ernesto Roller tiveram que comparecer à sede da Polícia Federal para prestar esclarecimentos na Operação Sexto Mandamento. Os dois são acusados de tráfico de influência. 
É fácil chutar cachorro morto. É fácil ficar acusando integrantes de um desgoverno que acabou com Goiás e que tinha ligações com o atual governador. Aí fica fácil demais. Queria ver estes mesmos jornalistas criticando o antigo governo quando ainda estava no poder. Infelizmente a imprensa goiana (boa parte dela) ou é omissa, ou fica jogando confetes na cabeça de quem está no trono maior do Palácio das Esmeraldas. 

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Eu achei que o PSDB era inimigo do trabalhador

Viu o post abaixo? Pois é. Vicentinho sendo vaiado por sindicalistas. Será que alguém vai apontar o dedo e dizer que ele é inimigo do trabalhador? Agora estou vendo que o PSDB só é inimigo do trabalhador em época de campanha eleitoral. Quando o governo petista vai fazer alguma coisa que incomoda o trabalhador sempre tira o dele da reta e sempre encontra alguém disposto a dar o remédio amargo e ouvir pacientemente as reclamações do paciente. 

Vicentinho vaiado

Na Folha online



Ex-presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), o deputado Vicentinho (PT-SP) foi vaiado por dezenas de representantes das centrais sindicais ao finalizar a leitura de seu relatório, que acata o valor do salário mínimo de R$ 545, como quer o governo.
O deputado ressaltou, porém, que representantes da própria CUT não estão no local. Ele afirma ainda que o sindicato do qual realmente faz parte, dos Metalúrgicos do ABC, defende a manutenção do acordo, que fixa o valor do mínimo com base na variação do PIB de dois anos antes mais a inflação do ano anterior.  
"Meu compromisso é com o trabalhador. Tenho certeza que as vaias de hoje vão se transformar em aplausos em janeiro do ano que vem, quando o valor vai chegar a mais de R$ 600", disse.
Em seu relatório, Vicentinho acata integralmente as propostas do governo, que além de estabelecer a política e o salário de R$ 545 para este ano, diz que os valores dos próximos anos serão fixados por decreto, ou seja, sem passar pela aprovação do Congresso. Leia mais aqui.

Para comitê, censura está em um nível preocupante

Por Uirá Machado
na Folha



Os casos de censura à imprensa na América Latina estão nos níveis mais altos desde a redemocratização, afirma Carlos Lauría, coordenador do CPJ (Comitê para Proteção de Jornalistas).
Segundo Lauría, responsável pela apresentação do relatório "Ataques à Imprensa em 2010", divulgado ontem, a situação é preocupante em vários países da região.
"Houve um aumento significativo dos casos de censura em todo o continente, seja por censura judicial, seja pela violência do crime organizado, seja por pressão do Estado", diz Lauría.
De acordo com ele, o principal problema no Brasil é a censura judicial, embora tenha dito que existam outros problemas, como a pressão política sobre veículos de comunicação e ameaças do crime, "sobretudo de traficantes de droga".
O caso mais emblemático é o do jornal "O Estado de S. Paulo", proibido de publicar reportagens que contenham informações da Operação Faktor (antiga Boi Barrica) que envolve familiares de José Sarney (PMDB-AP).
O relatório, que traz um levantamento global sobre o estado da liberdade de imprensa, menciona 44 jornalistas mortos no exercício da profissão e 145 presos. Segundo Lauría, é o maior número nos últimos 15 anos.
Apresentado ontem em diversos países no mundo inteiro (no Brasil, com o apoio da Abraji -Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), o relatório do CPJ é considerado pela entidade um mecanismo para ajudar nas discussões sobre a liberdade de imprensa.
"Quando há censura, não é um problema da imprensa, mas um problema de toda a sociedade", disse Lauría.
O representante do CPJ deve se reunir hoje com Cezar Peluso, presidente do Supremo Tribunal Federal, e com ministros de Estado para discutir os dados do relatório.

OUTROS PAÍSES
O relatório apresentado ontem por Lauría traz outros dados sobre a situação da imprensa na América Latina.
Para o CPJ, a situação é particularmente preocupante em Honduras, onde nove jornalistas teriam sido assassinados no exercício da profissão só no ano passado.
Lauría também cita o México e a Venezuela como dois exemplos negativos. No primeiro caso, por causa das crescentes ameaças do crime organizado, e, no segundo, devido à pressão do Estado.
"[No Brasil] houve uma relação muito ríspida entre imprensa e governo nas eleições, mas é normal, o governante tem o direito de falar. O que não pode é passar à ação, como fez [Hugo] Chávez [na Venezuela]", disse.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Envolvido em violação de sigilo vira assessor de Dilma

Por Bernardo Mello Franco
na Folha



O Planalto nomeou Jeter Ribeiro de Souza, envolvido na quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, para assessorar a presidente Dilma Rousseff.
Ex-gerente da Caixa Econômica Federal, ele acessou e imprimiu uma cópia do extrato do caseiro a pedido do então presidente do banco, Jorge Mattoso, que responde a ação penal pelo caso.
O escândalo derrubou o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, em março de 2006. O petista foi reabilitado por Dilma e hoje é chefe da Casa Civil da Presidência.
Souza foi convocado a depor na Polícia Federal, mas não chegou a ser indiciado na investigação no STF (Supremo Tribunal Federal).
Ele afirmou à Folha que Palocci não teve influência em sua indicação e disse ter vivido situação "desagradável" pelo envolvimento no caso. Leia mais aqui.

Comentário
Até hoje não vi nenhum petista envolvido em escândalo de corrupção atrás das grades. Para o PT, o crime só é crime quando o adversário está envolvido. 
Dilma Rostock cobrou ética dos seus subordinados. A nomeação deste senhor só é uma amostra da ética petralha. 

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O que Ronaldo fez está na história

Graças a Deus vi Ronaldo jogar. Ele não era Ronaldo. O xará gaúcho ainda não tinha aparecido na Rede Globo. Ronaldo era o Ronaldinho. Em 1997, a seleção brasileira veio fazer um amistoso aqui em Goiânia contra a Polônia. Eu estava no Estádio Serra Dourada vendo aquela fantástica seleção que tinha na frente Ronaldinho e Romário. Era a dupla Rô-Rô infernizando a zaga adversária. A Copa que aconteceria no ano seguinte seria fichinha para os dois. Infelizmente nós sabemos o que aconteceu na Copa da França. 

Ronaldo se aposentou hoje. Não aguentava mais as graves contusões. Lamentável. Aos 34 anos, seu organismo já não é o mesmo de dez anos atrás e que lhe permitia se recuperar como poucos. A idade pesou, o peso literalmente pesou. Dizem que o que também pesou foi a pressão da torcida corinthiana. Será? Pelas lágrimas que o Fenômeno soltou durante a entrevista coletiva hoje não parecia ressentimento.

A aposentadoria de Ronaldo deixa o futebol brasileiro um pouco mais pobre. Ainda mais agora que os craques estão voltando para a terra natal. Mas precisamos respeitar a decisão dele. Ele não merece ficar se arrastando em campo. Está na hora dele rever o que fez, valorizar os acertos (que foram muitos), aprender com os erros e seguir em frente. Sua aposentadoria não significa seu desaparecimento. Ele ainda vai dar muito as caras por aí. Afinal, quem é bancado pela Claro, Nike e um monte de patrocinadores não pode se afastar de tudo e de todos. 

Assim como não vai afastar da minha memória aquela noite maravilhosa no Estádio Serra Dourada. A seleção dava show na sua terra e não no estrangeiro. E a Copa que se seguia não foi do Fenômeno. Foi do Zidane. O mesmo Zidane que humilharia o amigo Ronaldo na Copa de 2006. O mesmo Zidane que já se aposentou. Ora, se Zidane que é Zidane se aposentou e o futebol continuou seu destino sendo escrito por outros craques por que Ronaldo não pode se aposentar? Estou triste sim, mas o futebol continua sendo uma arte. Arte esta que tem muitas pinceladas de Ronaldo ou Ronaldinho. O que Ronaldo fez está na história e ninguém lasca