sábado, 7 de junho de 2008

Goleada

São Paulo 5 x 1 Atlético-MG. Poderia ter sido maior o placar se o São Paulo não entrasse no segundo tempo tão desinteressado. Mas tá bom. Pelo menos afasta aquela urucubaca que havia pairado no Morumbi. Domingo que vem é que eu quero ver: São Paulo x Flamengo.

Só no primeiro tempo

Intervalo de jogo no Morumbi. São Paulo 4 x 0 Atlético-MG. Isso mesmo: São Paulo 4 x 0 Atlético-MG. Nem o mais otimista imaginaria que o jogo virasse para o segundo tempo com este placar. É como eu sempre digo: Não duvidem do Muricy Ramalho.

O profeta do pé rachado

Na terça feira conversava com um professor meu da faculdade. Discutíamos sobre política. Ele defendendo Lula. Eu sempre no ataque. Meu professor ressaltou a origem humilde de Lula. Eu contra-argumentei relembrando que o ex-presidente Juscelino Kubitscheck também tivera uma vida difícil. Foi uma discussão muito boa.
Nesta discussão boa recomendei ao meu professor o livro Já vi esse filme de Luiz Maklouf Carvalho que conta as peripécias lulistas de 1989 até 2005. No livro, Maklouf fala das andanças de Roberto Teixeira pelas prefeituras petistas, sempre com o aval de Lula. Meu professor disse que Lula era um operário que chegou á Presidência da República. Quem dera se todo operário brasileiro tivesse um padrinho como Roberto Teixeira.
Falei de Roberto Teixeira na terça. Na quarta o Estado de São Paulo publicava as peripécias do padrinho de Lula na compra da Varig. Esperto este cara, não? Que isso! Ele faz o que sempre fez sistematicamente nas prefeituras petistas. É só ler o livro Já vi esse filme de Luiz Maklouf Carvalho.
Se Diogo Mainardi é o oráculo de Ipanema eu sou o profeta do pé rachado. Um dia antes do caso vir à tona eu já falava das estripulias do padrinho de Lula pelos governos petistas. Eu também já vi esse filme. Roberto Teixeira fazendo negócios sob o olhar atento de Lula. Eu sou astrólogo e conheço a história do princípio ao fim.

"Obama: questões mais frequentes" por Roberto Pompeu de Toledo

Aconteceu. Barack Obama é o candidato do Partido Democrata à Presidência dos Estados Unidos. Tanto tempo durou a temporada das eleições primárias, e tanto tempo, por isso mesmo, ele permaneceu na vitrine, que sua presença no mais alto escalão do país situado no mais alto escalão do mundo até começou a parecer normal. Não é normal. Um negro com chance de ganhar a Presidência dos EUA é evento raro como o risco de um cometa no céu. É uma pirueta histórica, no país cuja crônica, até outro dia, incluía a proibição dos casamentos mistos, a Ku Klux Klan e os jardins públicos proibidos para negros e animais. Algumas questões que a ascensão de Obama suscita:
Ele ganhou porque é negro?
É o que acha Geraldine Ferraro, ex-deputada e ex-candidata a vice-presidente (em 1984). Ela afirmou, a certa altura das primárias, que Obama estava na frente por causa da cor de sua pele. Alguém achar isso é prova de algo esquisito no ar. O fato de ser negro em princípio não seria vantagem, mas, ao contrário, séria desvantagem. Geraldine Ferraro, que apoiava Hillary Clinton, com isso pretendeu desqualificar o adversário. Ele não teria qualidades pessoais para ser o candidato. Mas intrigante mesmo era a sugestão de que ser negro lhe impulsionava a candidatura.
Ou ganhou apesar de ser negro?
A biografia de Obama é um caso de vitória sobre suas circunstâncias. O pai era um negro do Quênia e a mãe uma americana branca. Divorciaram-se quando ele tinha 2 anos, e o pai lhe sumiu de vista. A mãe se casou com um indonésio e o arrastou, aos 6 anos, para a Indonésia. Aos 10 ele voltou ao Havaí, onde nascera, para viver com os avós maternos. A trajetória é sob medida para um futuro consumidor de crack e morador de rua. Em vez disso, ele se forma em Colúmbia e Harvard, elege-se aos 35 anos para o Legislativo estadual do Illinois, aos 43 para senador e aos 46 vira candidato a presidente. Obama triunfou na vida apesar de sua história, que inclui a desvantagem de ser negro, mas não se pode dizer que também a candidatura ganhou apesar de negro. Ser negro pode até ter ajudado.
Geraldine Ferraro tinha razão, então?
Tinha uma ponta de razão. Ela errou ao menosprezar as qualidades pessoais de Obama. Ele é inspirado orador, estudioso, persistente, audacioso a ponto de se jogar em busca da Presidência com escassos quatro anos de experiência na política federal e irradia um encanto pessoal como fazia muito não se via entre os políticos do país. Mas Geraldine Ferraro tem uma ponta de razão porque ser negro parece lhe acrescentar uma dose suplementar de charme. Se isso for verdade – e é o que se verá na fase da campanha que agora se inicia –, significará nada menos do que uma revolução copernicana. Em vez de maldição para um candidato, a cor negra terá virado um benefício; em vez de anátema, uma graça.
Faz sentido a comparação de Obama com John Kennedy?
Foi Portugal quem inventou o sebastianismo, mas são os EUA que nestes tempos mais o praticam. Desde o assassinato de Kennedy espera-se sua volta, na forma de alguém com as mesmas qualidades e/ou o mesmo simbolismo. De Michael Dukakis, derrotado em 1988, a Bill Clinton, vitorioso em 1992 e 1996, os democratas quiseram ver em seus candidatos a reedição do lendário eleito de 1960. Dom Sebastião não merece o sebastianismo dos portugueses. Segundo costuma lembrar o escritor Miguel Sousa Tavares, foi um rei desastroso, que levou o país a uma aventura militar da qual resultaram sua morte sem herdeiros e o sacrifício da soberania portuguesa em favor da Espanha. O sebastianismo americano também é discutível. Sob Kennedy deu-se a frustrada invasão da Baía dos Porcos e lançaram-se as sementes da Guerra do Vietnã. Mas ele tinha uma mística pessoal e encarnava uma idéia de renovação. Nesses pontos, Obama o retoma.
Como se deve entender a "mudança" ("change") prometida, em discursos e cartazes, na propaganda de Obama?
Não se deve entender. Como bom político, ele não a especifica. Como político melhor ainda, trabalha com simbolismos. Obama acena com duas ordens de superação na sociedade americana: a da polarização entre conservadores e liberais e a da questão racial. Com isso, em vez de se mover para a frente ou para trás, para a direita ou para a esquerda, move-se para cima. A mensagem é de união e congraçamento, uma mensagem e tanto, ainda mais que cada um pode imaginá-la segundo seus próprios termos. As idéias de promoção social, bem como os registros de sua atuação legislativa, colocam Obama no campo liberal. Isso prenuncia uma "mudança" que pode importar no enterro do pensamento conservador hegemônico desde os anos Reagan. A maior "mudança" de todas, no entanto, será a própria presença de um negro na Casa Branca, os braços negros apoiados na mesa do Salão Oval, a mão negra estendida aos visitantes estrangeiros, o dedo negro ao alcance dos comandos do dispositivo nuclear, o rosto negro reproduzido nas fotos e vídeos ao redor do planeta. É uma mudança de causar assombro, e passível de produzir efeitos mundo afora.

"Portas escancaradas" por Diogo Mainardi

"Olhe Lula. Ele comemora a compra da Varig pela Gol. Olhe os donos da Gol. Eles também comemoram. Olhe essa figura de terno cinza. Quem é ele? Roberto Teixeira? O representante da Varig é Roberto Teixeira? Lula aceita ser visto ao seu lado, sem o menor constrangimento?"
Fiz esse comentário numa coluna do ano passado. A figura de terno cinza, Roberto Teixeira, acabou me processando. Eu sou o homem dos processos. Falo mais com a Dra. Wardi, minha advogada, do que com minha mulher. Nesta semana, os desembargadores do Rio de Janeiro julgaram outro processo contra mim: o de Franklin Martins. Ele perdeu. Eu ganhei. Por unanimidade: 3 a 0.
Dez anos atrás, um relatório do Conselho de Ética do PT acusou Roberto Teixeira de fazer negócios nebulosos com prefeituras petistas, abusando "de sua amizade com Lula". Na última quarta-feira, Denise Abreu mostrou que nada mudou de lá para cá. De acordo com ela, Dilma Rousseff pressionou a Anac a fim de facilitar a compra da Varig pelos empresários representados por Roberto Teixeira. Outros membros da Anac confirmaram seu relato. Leur Lomanto declarou: "Os advogados da Varig informavam algo ao Palácio do Planalto, mas a realidade era outra". Quais eram esses advogados com acesso direto ao Palácio do Planalto? Roberto Teixeira e sua filha Valeska.
Quando foi leiloada, a Varig tinha um buraco de 7,9 bilhões de reais. A pergunta era: quem herdaria o passivo? Alguns dos maiores escritórios de advocacia do Brasil foram consultados sobre o assunto e responderam que a própria Varig teria de arcar com a dívida. Só os empresários reunidos em torno de Roberto Teixeira se sentiram suficientemente amparados para apostar no contrário. Um deles, Marco Antonio Audi, afirmou que Roberto Teixeira tinha o poder de escancarar as portas do governo. Mais do que isso: ele fazia chover. Os maiores credores da Varig eram estatais, como a Infraero e o INSS. Roberto Teixeira, segundo Marco Antonio Audi, simplesmente escancarou as portas dos gabinetes dos ministros encarregados dessas áreas, conduzindo-o ao encontro de Waldir Pires, da Defesa, e de Luiz Marinho, do Trabalho.
Em julho de 2006, os empresários representados por Roberto Teixeira finalmente con-seguiram arrematar a Varig. Pelo preço mínimo. Lula os recebeu no dia seguinte, escancarando as portas do Palácio do Planalto, sem o menor constrangimento. Roberto Teixeira compareceu com as duas filhas, Larissa e Valeska, e com o genro, Cristiano. Ele fez chover? Que sei lá eu. Só sei que, algumas semanas depois, seria dada a largada da campanha presidencial. E, nessas horas, é sempre bom ter gente cheia de dinheiro por perto, comemorando o fechamento de um negócio.

Pressões livraram Varig de dívidas

Por Sônia Filgueiras e Leonencio Nossa
no Estado de São Paulo

Relatos de funcionários que participaram das negociações do caso Varig mostram que Erenice Guerra, a secretária executiva da Casa Civil e braço direito da ministra Dilma Rousseff, coordenou várias reuniões para tratar do assunto. Pelo menos seis delas foram dedicadas a tentar contornar um impasse criado pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), que exigia o repasse da responsabilidade pelo pagamento de dívidas tributárias da empresa - na época calculadas em R$ 2 bilhões - ao novo proprietário. De acordo com as fontes, Erenice era responsável por buscar soluções para pendências técnicas também na Infraero e no Ministério da Defesa.Ao longo do processo, Erenice acabou se tornando o principal canal do Planalto com as demais áreas do governo envolvidas na operação de venda. A ministra Dilma Rousseff entrava nas negociações para telefonar aos técnicos e dirigentes de outros órgãos quando o empenho de sua principal auxiliar não surtia efeito. Segundo um dirigente, a assessora de Dilma, embora fosse vista como uma funcionária rigorosa, era mais sutil no trato que a própria ministra.As divergências jurídicas do então procurador-geral da Fazenda, Manoel Felipe Brandão, em relação à venda da Varig foram reveladas pela ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu em entrevista ao Estado. A ex-diretora e outros ex-dirigentes de órgãos da aviação também acusam Dilma Rousseff de ter pressionado a Anac para que não exigisse documentos que atestassem a origem do capital dos sócios brasileiros da VarigLog. A exigência dificultaria a venda. Os interessados em adquirir a empresa eram clientes do advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula.
OBSTÁCULO
O ex-procurador Brandão entendia que a venda não se encaixava nas hipóteses legais que dispensavam o repasse do débito aos novos donos. A mesma fonte diz que, nas reuniões no Planalto, das quais também participavam integrantes da Anac e do Ministério da Fazenda, técnicos da Casa Civil se empenhavam em buscar uma solução que evitasse o repasse dos débitos. Os argumentos eram de ordem prática: a elevada dívida acumulada ao longo de anos jamais seria recuperada pela União, e insistir em repassá-la aos futuros compradores inviabilizaria uma operação de venda, levando a empresa à falência.No fim de maio de 2006, Brandão, que era da equipe do ex-ministro Antônio Palocci, foi substituído. Após a troca, a procuradoria da Fazenda emitiu um parecer favorável à venda da Varig sem repasse da dívida de impostos, como desejava a Casa Civil. De acordo com uma fonte da área econômica, a solução jurídica foi alterar o modelo de venda. Discutidas há mais de um ano, todas as propostas de venda anteriores passavam por algum tipo de rearranjo societário na Varig e caíam nas objeções da PGFN. Optou-se, então, por um leilão judicial, que não estaria enquadrado na exigência de repasse das dívidas aos novos proprietários. Após um primeiro fracasso, a venda foi concretizada em 24 de junho de 2006.Procurado, Brandão recusou-se a comentar as reuniões, mas confirmou a posição da PGFN: "Não vou entrar em detalhes. Confirmo apenas que minha posição era a de que havia sucessão tributária (repasse da dívida aos novos compradores) no caso. Considero a abertura de um precedente um risco ao instituto do crédito tributário". Brandão confirmou, ainda, que havia na Procuradoria da Fazenda uma minuta de parecer nesse sentido, que não chegou a ser assinada. Ele também disse desconhecer as denúncias de Denise Abreu.Em nota divulgada na quarta-feira, o Ministério da Fazenda afirmou que não houve solicitação direta ou indireta à PGFN para emissão de parecer que beneficiasse a Varig. Por intermédio da assessoria da Casa Civil, Dilma Rousseff e Erenice Guerra informaram que não comentariam o caso.

Irmão de ex-presidente da Bancoop aponta desvio para campanha do PT

Por Fausto Macedo
no Estado de São Paulo
Recursos supostamente desviados da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), fundada pelo deputado Ricardo Berzoini (SP), atual presidente do PT, teriam financiado caixa 2 para campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. A denúncia é do técnico em edificações Hélio Malheiro.Em depoimento ao Ministério Público de São Paulo, que investiga suspeita de crimes envolvendo a entidade, ele afirmou que seu irmão, Luís Eduardo Saeger Malheiro, ex-presidente da Bancoop e morto em acidente de carro em 2004, confidenciou-lhe que "tinha de ceder às pressões políticas e, muitas vezes, se via obrigado a entregar valores de grande monta para as campanhas eleitorais do Partido dos Trabalhadores, desviando os recursos que eram destinados à construção das unidades habitacionais".Malheiro abriu espontaneamente seu sigilo e autorizou a promotoria a obter qualquer dado bancário ou fiscal de suas contas correntes e movimentações financeiras. Disse que está sofrendo ameaças de morte. Pediu para ser incluído no Programa de Proteção à Testemunha.O relato do empresário preenche 8 páginas e foi tomado no dia 29 pelo promotor de Justiça José Carlos Blat, que conduz a apuração. Blat diz que a Bancoop mantém o perfil "de uma organização criminosa, com indícios de caixa 2 em campanhas do PT e empresas de fachada de propriedade de ex-dirigentes". Afirma ainda que se trata de "uma cooperativa de fachada que se vale de empresas para enriquecer seus diretores e partidos políticos".O desfalque, declarou Malheiro, "acabou gerando enormes prejuízos financeiros à Bancoop". Ele afirmou que o suposto esquema de doações ilegais teve início em 1998 "com valores destinados à campanha para deputado federal do sr. Ricardo Berzoini, que à época era diretor da Bancoop".Malheiro disse que foi contratado como medidor de obras pela Bancoop em agosto de 1999, porém seu contrato de trabalho não era relacionado diretamente com a cooperativa, mas à empresa Saned Saneamento Edificações e Comércio.ORDENS EXPRESSASEle contou que, entre 2001 e 2002, "em pelo menos três ou quatro oportunidades", subempreiteiros depositaram valores em dinheiro em contas de sua titularidade, que chegavam até a R$ 5 mil". Tais depósitos, segundo Malheiro, eram determinados pelo engenheiro Ricardo Luís do Carmo, engenheiro responsável pelo Departamento de Engenharia da Bancoop.Malheiro afirmou que seu irmão "era muito pressionado pelos dirigentes do Sindicato dos Bancários". Na época, João Vaccari Neto (atual presidente da Bancoop) dirigia o sindicato.O acusador disse que "não tinha autorizado o uso de suas contas para depósitos ilegais ou criminosos, sendo certo que os empreiteiros repassavam os valores (correspondentes) de notas fiscais superfaturadas recebidas da Bancoop para que a cooperativa pudesse utilizar para campanhas políticas do PT"."Soube diretamente de meu irmão que aqueles valores depositados pelos subempreiteiros em minhas contas correntes, originários de desvios de recursos da Bancoop, eram destinados a financiamento de campanha do PT, sendo destinados tais valores a campanha do candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva", assegurou. Ele disse ter advertido seu irmão de que "não seria laranja de ninguém"."Em conversas constantes com meu irmão fui informado de que a situação financeira da Bancoop estava cada vez mais comprometida, porque a cada campanha eleitoral de pessoas ligadas ao PT valores de grande monta eram desviados, o que ocasionava rombos financeiros que levavam à paralisação de obras e ao prejuízo de milhares de cooperados", assinalou Hélio Malheiro.Em 2003, a preocupação de Luís Eduardo era recuperar o rombo financeiro, segundo Malheiro. "Apesar das promessas feitas, o dinheiro desviado para fomentar o caixa 2 das campanhas do PT nunca foi devolvido. A situação financeira da Bancoop começou a ruir de tal forma que meu irmão procurou Berzoini, em 2004, e foi obtido um empréstimo junto a um fundo de investimentos no valor superior a R$ 43 milhões."

Dilma diz ser vítima de "fogo inimigo'; Tarso Genro a cita como "alvo político"

Por Renata Giraldi
na Folha de São Paulo

A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), acusada de tráfico de influência na venda da VarigLog, afirmou ontem que foi "vítima de fogo inimigo". Em entrevista à rádio Gaúcha, do Rio Grande do Sul, Dilma afirmou que não acredita na existência de "fogo amigo", mas não citou nomes."Não acredito em fogo amigo. Acho que, mais uma vez, isso partiu de fogo inimigo", afirmou a ministra em entrevista concedida na manhã de ontem, por telefone, ao programa "Atualidade".Dilma negou as acusações feitas por Denise Abreu, ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Segundo a ministra, sua interferência na venda da VarigLog limitou-se à decretação de falência do grupo com o objetivo de que a empresa pudesse ser vendida."Existia um grande apelo de diversos segmentos da sociedade para que a Varig fosse salva. Realmente ela ia se esfacelar. O que fizemos foi, através da lei de falência, garantir a mínima chance de venda", afirmou a ministra.Ao ser questionada sobre o fato de ter sido alvo de denúncias diferentes nos últimos meses, a partir do dossiê com informações sigilosas do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e agora com o caso VarigLog, Dilma Rousseff evitou tratar em detalhes sobre as razões que teriam motivado essas ações.Ao comentar o episódio do dossiê que acabou sendo o principal tema das discussões na CPI dos Cartões Corporativos, já concluída, Dilma voltou a citar que a responsabilidade pelo vazamento dos dados foi de José Aparecido Nunes Pires, ex-secretário de controle interno da Casa Civil. "No caso do dossiê, o responsável não está na Casa Civil [Aparecido pediu exoneração do cargo e foi interpelado pela CPI no Congresso]. Todo mundo sabe de onde partiu o vazamento desse documento", disse a ministra. O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse ontem que Dilma é um "alvo político". Genro disse que as acusações vão de encontro à trajetória da ministra.
"Obsessão"
"Conheço a ministra há mais de 30 anos, ela é uma pessoa obsessiva em relação à legalidade. Duvido que ela tenha acolhido, indicado ou orientado qualquer ato ilegal em relação à compra da Varig", afirmou.Questionado sobre o que teria motivado a acusação, que partiu da ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu, o ministro disse que "as denúncias fazem parte do imaginário político do país".Ele citou a importância política da chefe da Casa Civil como uma das causas pelas quais seu nome tem aparecido envolvido em escândalos."A ministra Dilma, pela competência que tem, por ter sido indicada para ser gerente do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], ela vira alvo político", disse. "Mas isso que está acontecendo em relação à Varig se choca contra toda uma trajetória de vida", afirmou Tarso Genro.

Anac teve ao menos 5 alertas sobre VarigLog

Por Alan Gripp
na Folha de São Paulo

Nos três meses que antecederam a aprovação da venda da VarigLog para um grupo liderado por acionistas americanos, a Anac (Agência Nacional de Avião Civil) emitiu pelo menos cinco alertas levantando suspeitas sobre a negociação ou exigindo documentos que comprovassem a sua legalidade. Mesmo sem o cumprimento de algumas dessas exigências, a operação foi chancelada pela agência.A ex-diretora da Anac Denise Abreu acusa a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e a secretária-executiva da pasta, Erenice Guerra, de pressioná-la a não exigir documentos que atestassem a capacidade financeira dos compradores e a origem do dinheiro dos sócios da Volo do Brasil. A lei limita em 20% a participação de estrangeiros em empresas aéreas.Os alertas constam do processo de venda da VarigLog na Anac em 2006. O primeiro deles foi feito duas semanas depois da abertura da agência reguladora, em 5 de abril daquele ano. Parecer da SSA (Superintendência de Serviços Aéreos) informa que um dos sócios da Volo, Marco Antônio Audi, possui dívida de R$ 838,8 mil com a Previdência Social e que, por isso, há um "impasse impeditivo" à negociação.O empresário reconheceu a dívida, mas disse que a parcelou em 60 vezes e que, desde abril daquele ano, está em dia com as prestações. Isso, em sua visão, eliminaria obstáculos à sua atuação empresarial.No dia 29 de maio, outro parecer, do corpo jurídico da Anac, anula uma aprovação prévia para a venda da VarigLog dada pelo extinto DAC (Departamento de Aviação Civil), substituído pela agência reguladora. Este documento diz que a decisão sobre o negócio só será tomada após "uma análise profunda", "e não (a partir de) de mera consulta".A análise afirma que não foi atendida uma série de exigências feitas à Volo do Brasil -formada pelo fundo americano Matlin Patterson e por três sócios brasileiros- e solicita mais documentos.Três dias depois, em 1º de junho, documento intitulado "Informação", elaborado pela Gerência de Acompanhamento de Mercado, conclui que, com a documentação apresentada até aquele momento, "não há como se proceder a uma avaliação conclusiva acerca dos aspectos econômicos-financeiros da operação". A Anac, então, pede 13 novos documentos, entre eles declaração de cada acionista comprovando a origem dos recursos que compõem o capital da empresa.Em 16 de junho, Denise Abreu assina despacho levantando suspeitas de que a Volo do Brasil possa estar burlando a norma que limita a participação de estrangeiros em empresas aéreas. As dúvidas são repetidas do dia 22 daquele mês pela SSA, ao avaliar que a empresa atende "em parte" às exigências para a compra da VarigLog.Em 23 de junho, o martelo é batido. Apesar das dúvidas levantadas na véspera, o então procurador-geral da Anac, João Ilídio de Lima Filho, avaliza a negociação, iniciada em janeiro daquele ano. Ele alega que o parecer da SSA é "conclusivo". Abreu disse que o procurador-geral foi pressionado por Erenice Guerra. Ilídio nega. Após o sinal verde, a venda foi aprovada no mesmo dia, com voto favorável de toda a diretoria, inclusive o de Abreu.
"Irregularidade"
Seis meses depois, ao julgar um recurso do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias), a diretoria da Anac decide manter a decisão, mas pede que o Banco Central e o Ministério da Fazenda "verifiquem alguma irregularidade".A Fazenda não se pronunciou. O Banco Central disse que as informações pedidas pela Anac foram "respondidas logo em seguida", mas não informou o conteúdo da resposta.

Desemprego e petróleo derrubam Bolsa nos EUA

Na Folha de São Paulo com The New York Times

A Bolsa de Nova York teve o seu segundo pior dia desde março de 2003, com os dados de desemprego voltando a criar temores sobre os rumos da economia americana e os investidores optando por commodities como o petróleo e o ouro, que dispararam.O índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova York, caiu 3,13%, superando o resultado de 5 de fevereiro (desvalorização de 2,93%), que tinha sido o pior do ano até então.A maior queda nos últimos cinco anos foi registrada em 27 de fevereiro do ano passado, quando o índice Dow Jones caiu 3,29%, após as perdas expressivas na Bolsa de Xangai (China) gerarem uma onda de temor pelos mercados financeiros mundiais.O S&P 500, índice da Bolsa de Nova York formado pelas 500 grandes empresas americanas, e Nasdaq, de companhias de alta tecnologia, caíram 3,09% e 2,96%, respectivamente, os piores resultados desde 5 de fevereiro. As Bolsas européias, que fecharam antes da americana, também tiveram um dia negativo: Paris caiu 2,28%, Frankfurt, 1,99%, e Londres, 1,48%. No Brasil, a Bovespa teve queda de 2% (leia texto na pág. seguinte).Com a taxa de desemprego dos EUA tendo, em maio, o seu maior avanço em 22 anos, investidores buscaram aplicações consideradas mais seguras, como o petróleo (que teve a sua maior alta num dia). A conseqüência foi o temor de que os preços de energia possam desacelerar ainda mais a principal economia mundial."Se os preços do petróleo continuarem altos assim, será necessário reexaminar as estimativas do PIB, da inflação e da capacidade de gastos dos consumidores", afirmou Quincy Krosby, estrategista-chefe de investimento da empresa de serviços financeiros The Hartford. "Isso tem todos os elementos para o pior cenário possível para um investidor", disse.A economia americana cresceu 0,9% no primeiro trimestre do ano, superando a expectativa de analistas.O mercado imobiliário, no entanto, continua em crise, e o preço dos combustíveis tornou-se uma das maiores preocupações do consumidor americano, o que, ao lado do desemprego, continua a despertar preocupações de recessão nos EUA.Para Richard Sparks, analista da Schaeffer Investment Research, os mercados também estão sentindo os efeitos da redução da nota pela agência de classificação de risco Standard & Poor's de grandes bancos como Merrill Lynch e Morgan Stanley, no início desta semana. "Tudo isso chegou ao ponto máximo e está fazendo com que o bicho-papão saía novamente do armário."A taxa de desemprego nos EUA chegou a 5,5% no mês passado, 0,5 ponto percentual a mais que em abril, o maior aumento do índice em mais de duas décadas -ela era de 4,5% em maio do ano passado. A taxa está agora no seu maior nível desde junho de 2004.No mês passado, o mercado de trabalho dos Estados Unidos eliminou 49 mil vagas e já acumula no ano uma redução de 324 mil postos -o pior início de ano desde 2002, o que deve se refletir nos gastos do consumidor, que representam cerca de 70% do PIB do país.Apenas no setor de construção, epicentro da crise atual, o corte atingiu 34 mil trabalhadores. A indústria cortou 26 mil funcionários, e o varejo, 27,1 mil. A área de educação e serviços de saúde foi a que mais contratou em maio: 54 mil trabalhadores.

PT e bloquinho negociam apoio em BH, Rio e São Paulo

Por Simone Iglesias
na Folha de São Paulo

Os partidos que integram o bloquinho (PDT, PSB, PC do B e PMN) e o PT negociam uma triangulação de apoios nas eleições nas três principais capitais do país: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.As denúncias contra o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, estão fazendo o bloquinho recuar da decisão de lançar candidato próprio em São Paulo para apoiar a ex-ministra Marta Suplicy (PT). Em troca, os socialistas querem que o PT flexibilize o veto à aliança com o PSDB em Belo Horizonte; o PDT quer o compromisso dos petistas em votar contra eventual processo de cassação do mandato de Paulinho na Câmara; e o PC do B pretende que o PT desista da candidatura de Alexandre Molon no Rio para apoiar Jandira Feghali.Dirigentes do PT afirmaram à Folha que as negociações avançaram bastante. O maior impasse é Belo Horizonte.A brusca ruptura com o PMDB no Rio, quinta, incomodou os petistas e estimulou conversas com o bloquinho. "Fomos pegos de surpresa. O PT se sente totalmente desrespeitado", disse o presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP)"Estamos conversando com Marta", afirmou o deputado federal Mário Heringer (PDT-MG). A deputada Luiza Erundina (PSB-SP) disse que o apoio ao PT em São Paulo é uma "tendência natural" e que seria, neste momento, o melhor caminho seguido pelos partidos que integram o bloco. O deputado Aldo Rebelo (PC do B) é cotado para vaga de vice de Marta.

Relatório da polícia aponta fraude "sistêmica" no BNDES

Por Rubens Valente
na Folha de São Paulo

Um relatório da Polícia Federal entregue nesta semana à Justiça Federal específico sobre o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, anexou uma planilha que prevê um pagamento a "PA"-que as investigações concluíram ser referência ao deputado- de R$ 256 mil até 2009 por suposta participação em "comissões" sobre a liberação de empréstimos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) à Prefeitura de Praia Grande (SP).A planilha foi apreendida na empresa Progus, pertencente ao empresário Marcos Vieira Mantovani. Ele foi contratado por uma empreiteira de Praia Grande para atuar no contrato firmado entre prefeitura e o BNDES, no valor global de R$ 123,9 milhões. Até o início da Operação Santa Tereza, deflagrada pela PF em 24 de abril, R$ 20 milhões haviam sido liberados pelo banco."As provas contra o referido deputado [Paulinho] se tornaram mais evidentes na véspera da deflagração (relatório nº 10), com os cumprimentos dos mandados de busca e de prisão e também com farto material apreendido em poder de João Pedro [ex-assessor de Paulinho] e Mantovani [consultor], planilhas com divisão da propina recebida pela organização criminosa (ver relatório nº 11)", apontou o relatório policial.Segundo o relatório, a "organização criminosa" atuou com "caráter sistêmico". "O presente relatório tem como escopo proporcionar conhecimento relativo ao envolvimento do deputado federal Paulo Pereira da Silva na Organização Criminosa supracitada, além dos fatos já consignados em documentos anteriores."Os policiais anexaram resumos de cerca de cem interceptações telefônicas em que o nome de Paulinho foi citado de uma forma ou outra antes, durante e depois das prisões ocorridas em 24 de abril.
"Amigo do peito"
Documentos incluídos no relatório colocam em xeque as afirmações de Paulinho e Mantovani de que não se conhecem. Em e-mail enviado em 1º de agosto de 2006 a uma secretária do PDT paulista, Mantovani diz ter recebido uma ligação do próprio deputado: "Estive ontem no RJ e não pude perguntar. O Paulinho me ligou na quarta para ir a uma empresa no Bom Retiro. Não falou o nome e a pessoa que deveria procurar".Em e-mail datado de 27 de setembro de 2006, Mantovani disse ser muito próximo de Paulinho: "Se não tem para quem votar para deputado federal, vote no meu amigo do peito, Paulinho da Força Sindical, 1212".O relatório também inclui e-mail de dezembro de 2004 que não aparecia em relatórios anteriores no qual Mantovani explica a um funcionário as condições da suposta parceria de sua empresa com a Força Sindical, presidida por Paulinho, e o escritório LTB (Leite, Tosto e Barros), do advogado Ricardo Tosto, um dos investigados pela PF, nos projetos que envolviam financiamento pelo BNDES. No e-mail, intitulado "particular e confidencial", Mantovani disse que "terão casos em que as negociações incluirão participantes especiais -"reference fee'- e estes serão avisados e ajustados caso a caso". O consultor escreveu que isso seria uma espécie de tradição: "É assim que funciona o esquema de parceria típica de negócios e política"."O grupo de parceiros foram [sic] divididos em 3 equipes participantes - na equipe técnica soma-se o LTB, na política eles têm o deles e no agente a base da Força."O funcionário tinha várias dúvidas: "Nos casos de sucesso (BNDES), você já tem definido quanto eu iria receber? (Em função de tal valor, qual o melhor tipo de empresa que eu deveria constituir para emitir notas fiscais? A fim de não me prejudicar com IRPF [Imposto de Renda], bem como não prejudicar ou expor a Progus?)".

Restrição em ano eleitoral é "hipocrisia", afirma Lula

Por Letícia Sander
na Folha de São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou ontem as restrições impostas pela legislação eleitoral de "lado podre da hipocrisia brasileira", resultado, segundo ele, do "falso moralismo" do país. O discurso foi durante cerimônia do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) no Planalto."Você tem o dinheiro, você tem a necessidade, você tem as pessoas que precisam, mas, pelo falso moralismo deste país, parte-se do pressuposto de que um presidente ou governador assinar um contrato com um prefeito é beneficiar o prefeito. É o lado podre da hipocrisia brasileira, em que você pára um determinado tempo porque causa suspeição", disse. Ele reclamou ainda que a eleição no Brasil, em vez de ser algo importante para "consagrar a democracia", faz quem governa ficar um ano "sem governar".A legislação restringe repasses de recursos federais para obras novas nos três meses que antecedem a escolha dos prefeitos. Lula, que já vinha reclamando da regra, ontem subiu o tom. Em fevereiro, ele havia dito: "Se prevalecesse a lógica de que o governo federal não pode fazer parcerias com os municípios no ano que antecede as eleições municipais ou no ano em que o presidente disputa a reeleição, o que não é o meu caso, significa que, num mandato de quatro anos, você vai governar dois anos".
Acelerar
O ato de ontem, com governadores, ministros, congressistas e prefeitos, foi convocado, segundo o presidente, por uma razão: apressar contratos e, com isso, evitar o máximo possível as limitações impostas pela Lei Eleitoral. Até agora, Lula vinha utilizando o PAC para percorrer o país em cerimônias que lotavam os palanques de políticos e eram taxadas de "eleitoreiras" pela oposição.Ao deixar claro que o governo não quer deixar "nenhum centavo do PAC na gaveta", Lula conclamou governadores e prefeitos a prepararem tudo até o final deste mês -ressaltou que só a Caixa Econômica Federal tem R$ 1,5 bilhão para projetos no período. "Imaginem ficar três meses sem fazer nada porque o prefeito não veio aqui buscar o dinheiro", afirmou.No evento, foram assinadas ordens de serviço para o início de obras que somam R$ 1,278 bilhão, além de outros R$ 583 milhões em novos contratos de saneamento e habitação.Lula voltou a refutar as acusações de que o principal programa de seu governo tem um viés eleitoreiro e disse duvidar da existência de algo "mais republicano" do que o PAC, o qual comparou a uma "roda-gigante que não pode parar de girar"."Eu duvido que algum prefeito de qualquer partido tenha sido preterido no seu projeto por conta de pertencer a uma organização política diferente da minha. Mas eu já vi manchete de jornais: "Governo privilegia os aliados". Para dar uma resposta, na semana seguinte eu fui a São Paulo assinar o PAC com o Kassab, que não é meu aliado, e fui assinar com o Serra, que não é meu aliado."O petista ainda avisou que em 2009 irá viajar o Brasil inaugurando as obras assinadas ontem. Neste ano, disse, visitará escolas técnicas, universidades federais, estradas e aeroportos. "Porque eu acho que essa roda-gigante precisa ganhar velocidade, em vez de parar. E ninguém está pedindo para diminuir a velocidade, ela vai continuar andando forte."

Que vergonha!!!

Leio agora no jornal O Popular que o Brasil perdeu para a Venezuela por 2 a 0. Que vergonha!!!

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Olha a Venezuela aí

Amistoso da seleção: Brasil 0 x 1 Venezuela. Tudo bem que ainda está no primeiro tempo, mas eu não me lembro do Brasil passar por alguma dificuldade no jogo contra os venezuelanos. Será que hoje é o dia?

Mas é a lei

Lula criticou a lei eleitoral que proibe inaugurações de obras no segundo semestre deste ano por causa das eleições municipais de outubro. Pode chiar, pode xingar, pode falar o que quiser, mas esta é a lei. E lei tem que ser cumprida e ponto final.

Este é o Preá


Este é o Preá, Programa de Recuperação das Estradas Asfaltadas. É o pontapé inicial da propaganda governista que inundará as televisões e os jornais goianos. Até bem pouco tempo atrás o governador de Goiás Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, não tinha dinheiro para nada. De repente, a reforma administrativa melhorou tudo. Tudo está uma maravilha. Ninguém sabe como o estado quebrou muito menos como conseguiu se reerguer. É o Preá, minha gente!

Por apoio à CSS, relator dá novo alívio no gasto de Estados com saúde

Por Denise Madueño
no Estado de São Paulo

O projeto que cria a Contribuição Social para a Saúde (CSS) poderá sofrer nova alteração para aliviar ainda mais a conta dos governadores nos gastos obrigatórios com a saúde, retirando até R$ 1,5 bilhão do setor. O relator do projeto, deputado Pepe Vargas (PT-RS), anunciou ontem que poderá descontar os recursos gastos pelos Estados com o Fundeb, o fundo da educação básica, do bolo de receitas que serve de base de cálculo para os 12% vinculados com a área da saúde.
Além disso, o projeto já permite que os Estados contabilizem no piso constitucional da saúde os gastos com juros de dívidas originalmente contraídas para financiar o setor e dá mais quatro anos para que os governadores se enquadrem no limite mínimo de investimentos.A pressão para mudança vem de parte dos governadores, muitos dos quais até hoje não conseguiram se ajustar aos limites previstos pela Emenda Constitucional 29 e sofrem ameaça de suspensão de repasses da União."Se isso for importante para aprovar o projeto, eu aceito", afirmou Pepe Vargas, integrante de uma das correntes de esquerda do PT que sempre criticaram o desvio de recursos sociais para o pagamento de juros. Contemplados pelo projeto, os governadores vão pressionar as bancadas estaduais em favor da aprovação da CSS.O relator argumenta que, mesmo acolhendo a reivindicação de governadores, os Estados passarão a colocar mais dinheiro na saúde com a regulamentação da Emenda 29. Segundo ele, entrarão mais R$ 3,5 bilhões para o setor, de forma escalonada, até 2011, se os governadores cumprirem os 12%. Hoje, apenas dez Estados estão enquadrados. "Por enquanto, o desenho é bom para a saúde. Os governos estaduais terão de colocar mais dinheiro", disse Vargas.Para os deputados de oposição, porém, o texto governista permite que o governo diminua, nos anos seguintes, o repasse obrigatório da União para a saúde. A oposição alerta que a União poderá usar o dinheiro arrecadado com a CSS para cobrir o montante obrigatório que terá de repassar ao setor a cada ano. Depois, essa complementação seria retirada do cálculo do valor do ano seguinte.No exemplo hipotético de a União ter de gastar R$ 60 bilhões com a saúde, mas usar R$ 10 bilhões da contribuição para atingir esse mínimo, no ano seguinte, o cálculo seria com base em R$ 50 bilhões, porque a arrecadação da CSS não vai compor a base para determinar os recursos orçamentários da Saúde. "O texto do projeto permite isso. Não obriga o governo a colocar nada a mais para a saúde e o que usar da CSS não vai servir na base de cálculo", afirmou o presidente da Frente Parlamentar da Saúde, deputado Rafael Guerra (PSDB-MG), para advertir: "Já fizeram com o fundo da pobreza."Os técnicos do governo rejeitam a argumentação, pois o texto do substitutivo, ao mesmo tempo em que não inclui a CSS na base de cálculo da vinculação, exige que o extra arrecadado com a contribuição seja aplicado no setor. E assim como o bolo de R$ 50 bilhões é corrigido pela variação do PIB, a CSS também crescerá todo ano (no mínimo pela variação do PIB, como mostra o histórico da CPMF) e deverá ser gasta apenas em saúde."Não há hipótese de o governo diminuir os recursos da saúde. São despesas continuadas e não poderão ser reduzidas", afirmou o líder do PT, Maurício Rands (PE).

''Você não tem que se meter nisso'', disse Dilma

Por Leonencio Nossa
no Estado de São Paulo

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, operou para silenciar resistências no governo à venda da VarigLog para o fundo americano Matlin Patterson e três sócios brasileiros, há dois anos. Acusada pela ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu de pressionar o órgão a tomar decisões favoráveis ao negócio, Dilma também agiu em outros setores da administração federal, segundo pessoas que acompanharam o processo de transferência de ações.Na manhã de 25 de junho de 2006, dois dias depois de a Anac aprovar a transferência do controle acionário da VarigLog para a Volo do Brasil, em sociedade com o fundo americano, a ministra-chefe da Casa Civil telefonou para o então presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, reclamando de declarações contra o posicionamento "impatriótico" da agência, termo usado por ele em entrevistas publicadas naquele dia. "Você não tem que se meter nisso, você exorbitou na sua função", disse Dilma Rousseff ao brigadeiro, em tom exaltado, relataram fontes do governo. "A Infraero não deve se envolver nas questões da Anac."Dilma Rousseff reclamava especialmente de uma entrevista dada por José Carlos Pereira em Brasília, em que ele avaliou que a transferência de ações da VarigLog para a Volo do Brasil desrespeitava o Código Brasileiro de Aeronáutica, que limita a 20% o capital estrangeiro nas companhias aéreas. "É um risco para a aviação civil colocar capital estrangeiro desse jeito; vai permitir a competição predatória", disse o então presidente da Infraero.A assessoria de imprensa da Casa Civil foi procurada na tarde de ontem para comentar o assunto. A ministra Dilma Rousseff, segundo assessores, mantém a linha de não comentar questões que, na avaliação dela, não dizem respeito à Casa Civil. Em entrevista coletiva anteontem no Palácio do Planalto, Dilma Rousseff disse que a responsabilidade pela venda da VarigLog foi da Anac e da Justiça.Procurado ontem pela reportagem, José Carlos Pereira confirmou ter recebido, à época, o telefonema da ministra-chefe da Casa Civil. Ele, porém, não quis dar detalhes da conversa. Em entrevistas na ocasião, o brigadeiro falou de "forte pressão" sofrida pela Anac para permitir a venda da empresa aérea. "O Código Brasileiro de Aeronáutica é muito claro, e a lei vale para todo mundo. Como cidadão, me preocupo", disse na época.Na época da negociação, havia suspeita de que os sócios brasileiros da empresa que comprava a Variglog eram "laranjas". A Anac permitiu a venda da empresa após um parecer do então procurador-geral do órgão, João Ilídio Lima Filho, que considerou desnecessária uma análise da declaração do Imposto de Renda de um dos sócios, o empresário Marco Antonio Audi, como exigia a Superintendência de Serviços Aéreos (SSA) da Anac.No parecer 13/2006, Lima Filho argumenta que o respeito ao limite de participação de capital estrangeiro estava garantido nos documentos apresentados e não era o caso de avaliar a situação de uma pessoa física na Receita Federal. O dinheiro para a compra da VarigLog, segundo o parecer do então procurador-geral da Anac, veio dos Estados Unidos em procedimento que respeitava a legislação. Ele nega ter sido pressionado por Dilma Rousseff. "Agi estritamente dentro dos autos", disse Lima Filho. "Não havia comprometimento dos 20% (do capital estrangeiro); tecnicamente a operação estava correta."

Assembléia do Rio vai abrir CPI para investigar as milícias

Na Folha de São Paulo

A Assembléia Legislativa do Rio vai abrir na terça-feira CPI para investigar o fenômeno das milícias no Estado.O pedido de criação da CPI já havia sido feito em fevereiro do ano passado, pelo deputado Marcelo Freixo (PSOL), mas ainda não tinha sido aceito. O assunto foi retomado com o episódio da tortura de dois jornalistas e de um motorista do jornal "O Dia", na favela do Batan, em Realengo, dominada por uma milícia."A tortura foi o que trouxe o tema novamente, mas as milícias são ameaça há muito. Esses grupos ameaçam a soberania do Rio e do Estado", disse Freixo, que presidirá a comissão.A Polícia Civil prendeu anteontem o condenado Davi Liberato de Araújo, 22, acusado de ser o subchefe da milícia que torturou os jornalistas de "O Dia". O inspetor Odinei Fernando da Silva, da 22ª Delegacia de Polícia, na Penha, é acusado de liderar a milícia e está foragido.A CPI começará após denúncia contra o deputado Álvaro Lins (PMDB) de que ele teria protegido uma quadrilha de contraventores.

Relatório dos EUA critica Brasil por uso de trabalho escravo

Na Folha de São Paulo

Relatório do governo americano critica o Brasil por não cumprir "padrões mínimos" para a eliminação do tráfico de pessoas e faz um alerta sobre "o uso de trabalho escravo" no país.O documento -divulgado anteontem pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos- declara que o Brasil "é uma fonte" para o tráfico de homens, "para trabalhos forçados", e de mulheres e crianças, para a exploração sexual (dentro e fora do país).De acordo com o Relatório sobre Tráfico de Pessoas (Trafficking in Persons Report), o governo brasileiro demonstrou empenho "modesto" no combate ao problema no ano passado.O relatório dos Estados Unidos analisou a situação em 170 países.O texto destaca "o uso de trabalhos forçados" em plantações de cana-de-açúcar para a produção de etanol, "uma tendência crescente". Segundo o relatório do governo americano, aproximadamente metade dos cerca de 6.000 homens libertos em 2007 foi encontrada trabalhando no plantio de cana.Apesar de as críticas predominarem ao longo das três páginas dedicadas ao Brasil, o documento afirma que o governo brasileiro tem feito "esforços significativos" para resgatar pessoas em situação de trabalho degradante, com destaque para a atuação de grupos móveis do Ministério do Trabalho.No entanto, segundo o texto, o governo brasileiro não relatou nenhuma investigação criminal ou punição para os crimes de trabalhos forçados e se restringiu somente a investigações de crimes de tráfico sexual.O relatório condena ainda as punições previstas em lei para quem explora trabalhadores - "não são suficientemente severas".As ações do governo, diz o texto, resultam só em pagamento de indenizações para trabalhadores e multa para os donos de terras. "Por conta de os exploradores serem punidos raramente, muitos dos resgatados acabam sendo novamente vítimas do tráfico", aponta o relatório.

Propina de US$ 1 mi paga pela Alstom passou por doleiros

Por Mário César Carvalho e José Ernesto Credendio
na Folha de São Paulo

A filial suíça da Alstom usou empresas sediadas em paraísos fiscais e contas de doleiros brasileiros para movimentar US$ 1 milhão que foi usado para pagar propinas a políticos brasileiros, segundo investigação em curso na Suíça e na França.A rota do dinheiro, de Zurique, na Suíça, a Nova York, nos EUA, está registrada em um documento do Ministério Público suíço obtido pela Folha.Das contas dos doleiros brasileiros em Nova York o dinheiro pode ter tido dois destinos: ou foi creditado para alguém no Brasil, por meio de dólar-cabo, ou foi transferido para contas de brasileiros no exterior.Dólar-cabo é o sistema pelo qual um doleiro recebe dinheiro numa conta no exterior e disponibiliza o mesmo valor no Brasil, em troca de uma comissão, sem que haja movimentação física de valores.O documento lista quatro depósitos que a Alstom ordenou entre dezembro de 1998 e fevereiro de 2002. Dois desses depósitos saíram do Union Bancaire Privée, de Zurique, e outros dois, do Bank Audi.Todos foram parar em conta da "offshore" MCA Uruguay Ltd., nas Ilhas Virgens Britânicas, paraíso fiscal localizado no Caribe. A MCA é controlada pelo brasileiro Romeu Pinto Jr., apontado pelos investigadores brasileiros como um operador ligado aos tucanos.Os valores dos depósitos ordenados pela Alstom são: US$ 207.659,57 (outubro de 1998), US$ 298.856,45 (dezembro de 1998), US$ 245 mil (dezembro de 2001) e US$ 255 mil (fevereiro de 2002).O valor total (US$ 1.006.516) corresponde a R$ 1,8 milhão, quando se corrige as transferências seguindo as datas em que elas foram feitas.Os nomes dos doleiros brasileiros que receberam esses valores em Nova York estão sendo mantidos sob sigilo.A razão do sigilo, segundo a Folha apurou, é que um dos doleiros está negociando uma delação premiada em São Paulo. Ele tenta obter uma redução de pena em troca de informações sobre quem foram os beneficiários das transferências feitas pela MCA para as contas de Nova York.A colaboração dos doleiros é fundamental para se descobrir quem foi o beneficiário das transferências de US$ 1 milhão. É que doleiros não emitem qualquer documento sobre os valores que pagam.O dinheiro que a MCA recebeu de bancos suíços não é o total de propina que a Alstom teria pagado a políticos brasileiros, de acordo com documentos que o Ministério Público da Suíça remeteu na última semana para o Brasil.Segundo o resumo dos promotores, revelado pelo jornal "O Estado de S. Paulo", a Alstom pagou 34 milhões de francos franceses, correspondentes hoje a R$ 13,5 milhões. O documento suíço diz que as propinas foram pagas entre 1998 e 2001 e cita a Eletropaulo.O jornal "Wall Street Journal", que revelou o caso, diz que a Alstom pagou US$ 6,8 milhões para obter um negócio de US$ 45 milhões do Metrô.A Alstom não quis se pronunciar sobre os doleiros. A Folha não conseguiu falar com Pinto Jr. em seu escritório.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

E a CPI acabou

E a CPI dos Cartões Corporativos acabou. O pífio relatório do petista Luiz Sérgio foi o último ato desta encenação tosca. A pizza está servida. Mais uma CPI que acaba em pizza no governo dos cavaleiros da ética.

Anac veta fundo no controle da VarigLog

Por Eugenia Lopes e Isabel Sobral
no Estado de São Paulo

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) enviou comunicado à VarigLog, na sexta-feira, dia 30, informando que o controle acionário não poderá permanecer com o fundo de investimentos americano Matlin Patterson. Por decisão judicial, a VarigLog é controlada pelo grupo estrangeiro, o que não é permitido pela lei brasileira. Em depoimento à Comissão de Turismo da Câmara, a presidente da Anac, Solange Paiva Vieira, disse ontem que cabe ao Ministério da Defesa investigar eventuais atos irregulares da antiga diretoria da agência. Em entrevista publicada ontem pelo Estado, a ex-diretora da Anac Denise Abreu revelou que teria sido pressionada pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para tomar decisões favoráveis à venda da Varig e da VarigLog. "Não tomei conhecimento de tráfico de influência", disse Solange. Ela alegou não ter dados sobre a negociação para a venda da Varig e da VarigLog pela antiga administração da Anac. "Sobre VarigLog, o que eu acho é que denúncias têm de ser apuradas. No entanto, atos de diretoria com suposta irregularidade devem ser apurados pelo Ministério da Defesa", repetiu. Ao afirmar não ter informações sobre a negociação feita no passado, Solange deixou claro, no entanto, que a Anac não concorda com a atual situação acionária da VarigLog, hoje controlada pelo fundo Matlin Patterson. Pelo Código Brasileiro de Aviação (CBA), os grupos estrangeiros só podem ter no máximo 20% nas empresas de aviação. Hoje a transportadora de cargas está 100% na mão de estrangeiros. Há cerca de dois anos, a VarigLog foi comprada pelo grupo Matlin Patterson e três sócios brasileiros. Mas uma briga entre os acionistas acabou na Justiça que, em 1º de abril, deu 60 dias para que o grupo se adequasse à legislação brasileira. No depoimento à Comissão de Turismo, Solange admitiu que se reuniu "umas quatro vezes" com os advogados Valeska Teixeira e Cristiano Martins, que representam a VarigLog, para tratar do imbróglio envolvendo a transportadora aérea. Valeska é filha de Roberto Teixeira, amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para manter a VarigLog com o grupo Matlin Patterson, os advogados dizem que há uma brecha na legislação. "Eles (advogados) alegam que existe uma brecha jurídica: como a Constituição é posterior ao Código Brasileiro de Aviação, se poderia ter uma participação maior porque o capital não estaria associado à nacionalidade e, sim, se a empresa se estabeleceu no Brasil", explicou a presidente da Anac. "Mas nós não concordamos com isso." No dia 30, a Anac enviou à VarigLog parecer avisando que ela terá de se readequar acionariamente. "Eles (VarigLog) vão se readequar ou então entrar com mandado de segurança contra a gente", disse Solange.

Ex-dirigentes da Anac acusam ação de Dilma

Por Janaína Lage, Fernanda Odilla e Alan Grip
na Folha de São Paulo

A ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu e outros ex-dirigentes de órgãos da aviação acusam a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, de ter pressionado o órgão regulador para beneficiar o comprador da Varig. Os interessados em adquirir a empresa eram clientes do advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula.Em reportagem publicada ontem no jornal "O Estado de S.Paulo", Abreu acusou a ministra de ter pressionado para que a agência não exigisse documentos que atestassem a origem do capital dos sócios brasileiros da VarigLog. O empresário Marco Antonio Audi, um dos sócios, afirmou ainda que pagou US$ 5 milhões para que Teixeira resolvesse os problemas relacionados à aquisição.Abreu disse ontem à Folha que a interferência da ministra começou desde que os diretores tomaram posse. Quando a Varig entrou em crise, o primeiro passo dos gestores da companhia foi vender a subsidiária de transporte de cargas, a VarigLog, para a Volo do Brasil, de propriedade dos empresários brasileiros Audi, Luiz Eduardo Gallo e Marcos Haftel e do fundo de investimentos americano Matlin Patterson. Com o agravamento da crise, a Varig acabou sendo vendida em leilão para a ex-subsidiária.Segundo Abreu, Dilma convocou os diretores da Anac para que elaborassem um plano de contingência para a quebra da Varig. Ela afirma que a ministra teria definido uma divisão das linhas intercontinentais para a TAM e as da América do Sul para a Gol.No mesmo período, a agência analisava o caso da transferência de ações da VarigLog para a Volo do Brasil. Diante de denúncias do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias) de que os brasileiros poderiam ser "laranjas" do fundo americano, Abreu, relatora do processo, decidiu exigir dados do Imposto de Renda dos sócios e informações sobre a entrada do capital estrangeiro junto ao Banco Central. Em nova reunião, Dilma afirmou que isso não era atribuição da Anac e que era comum entre empresários do país sonegar impostos, disse Abreu.O ex-diretor da Anac Josef Barat foi o encarregado de avaliar o pedido do Snea. No parecer, Barat disse ter sugerido a remessa dos documentos ao BC e à Receita para que investigassem os compradores."Não cabia à Anac investigar, mas deveríamos agir se tivéssemos a comprovação de que o capital não era nacional." A Anac, contudo, nunca teve resposta. Barat confirmou que a agência sofria ingerência do governo. "O que aconteceu foi um exemplo bem didático de como não se deve agir com uma agência reguladora", afirmou.Antes do leilão, Dilma convocou nova reunião em que disse que a empresa não iria falir e que não era preciso plano de contingência. Na mesma ocasião, disse ter recebido denúncias de que os diretores agiam segundo os interesses das concorrentes, TAM e Gol.A interferência da Casa Civil incluiu também, segundo os relatos, a secretária-executiva, Erenice Guerra, que conduziu reuniões com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional em 2006 e foi uma das interlocutoras do Planalto junto à Anac para facilitar a venda da Varig. Ela também é responsável por confeccionar o dossiê com gastos do ex-presidente FHC.O governo queria assegurar aos compradores interessados que não haveria sucessão das dívidas da Varig. Mas o então procurador-geral da Fazenda Nacional, Manoel Felipe Brandão, tinha nas mãos um estudo que contrariava a posição do governo. À Folha ele disse que resistiu a assinar um parecer liberando uma dívida de R$ 2 bilhões da companhia aérea com a Fazenda temendo que o documento abrisse precedentes. "Contaminaria o instituto do crédito no Brasil", explicou.Brandão confirma que recebeu o juiz Luiz Roberto Ayoub, responsável pelo processo de recuperação judicial da Varig, e "mais umas 20 pessoas", entre elas representantes da Anac e da Casa Civil. Na ocasião, o juiz pediu que ele negasse a existência do estudo e atestasse que ninguém herdaria as dívidas da Varig.Ele negou e foi acusado de ter espantado grupos interessados no negócio. Em poucos dias, deixou o cargo e seu substituto assinou um parecer do jeito que o governo queria.Em nota, o Ministério da Fazenda afirmou que não houve solicitação direta ou indireta à Procuradoria para emissão de parecer que beneficiasse a Varig. A Folha apurou, contudo, que Dilma teria ficado irritada com a atuação de Brandão, a ponto de pedir a saída dele.Já o brigadeiro José Carlos Pereira, ex-presidente da Infraero, afirma que a venda da companhia era um assunto classificado como "grave". "Faz sentido a Casa Civil intervir. Não sei qual foi a participação da ministra nem dos assessores dela, mas a Varig era uma das mais importantes empresas brasileiras, e o governo não queria deixá-la acabar."Advogado à época dos sócios brasileiros, Roberto Teixeira convocou uma coletiva na tarde de ontem em seu escritório em São Paulo para negar as afirmações de Abreu e Audi. Ele afirmou que o processo administrativo para aprovação da compra da VarigLog foi encaminhado a Abreu e que algumas folhas do processo sumiram. "Ajuizamos diversas ações contra a Denise e a Anac questionando isso. Autorizações que deveriam sair em um mês demoraram um ano para sair", disse o seu sócio, Cristiano Zanin Martins. O escritório negou que tenha recebido US$ 5 milhões de Audi. "Não há um real que não possa ser justificado", disse Martins.

Deputado Álvaro Lins terá cassação pedida no Rio

Na Folha de São Paulo

O deputado estadual Álvaro Lins (PMDB) negou ontem na Corregedoria da Assembléia Legislativa comandar esquema de proteção a contraventores e fazer lavagem de dinheiro, mas não convenceu os responsáveis pelo relatório. O corregedor Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB) vai pedir sua cassação por quebra de decoro parlamentar na segunda-feira.Lins apareceu em público pela primeira vez ontem, desde sua prisão, na quinta. O deputado disse que as denúncias são "ilações" de inimigos. Sério e aparentando contrariedade, ele não concedeu entrevista. Seu advogado, Ubiratan Guedes, pediu à corregedoria que a sessão fosse adiada por 72 horas, para ter mais tempo de analisar o caso, o que não foi aceito.Segundo o corregedor, o ex-chefe da Polícia Civil manteve-se calmo, respondeu a todas as perguntas que lhe foram feitas pela corregedoria, mas se recusou a falar quando indagado pela deputada Cidinha Campos (PDT), que não integra o órgão. Para ela, a corregedoria só fez perguntas "papai-e-mamãe".Lins negou que todos os imóveis apontados pela investigação da Polícia Federal e da Procuradoria Regional da República lhe pertençam -admitiu ser dono apenas de dois apartamentos em Barra Mansa. Para Corrêa da Rocha, ele não apresentou "argumentos convincentes que desestruturassem a denúncia". "Nossa decisão está tomada. Minha convicção é que nada se alterou. O relatório será pela quebra do decoro", disse.Sete pessoas citadas -três delas denunciadas- pelo Procuradoria estavam nomeadas na Alerj ou em seu gabinete. Duas já foram exoneradas.A corregedoria não ouvirá outro depoimento e se baseará na denúncia do Ministério Público Federal para pedir a cassação. O presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), disse que enviará o documento para o Conselho de Ética, que deve dar urgência ao caso. Só então o plenário da Casa decidirá, em voto secreto, sobre a cassação.

Gerente de boate confirma ter pago despesas de investigados pela PF

Por Rubens Valente
na Folha de São Paulo

Responsável pelas finanças da casa de prostituição de luxo WE, nos Jardins, em São Paulo, fechada pela Operação Santa Tereza da Polícia Federal, o auxiliar administrativo Celso de Jesus Murad, 45, confirmou que a boate pagou passagens aéreas e outras despesas de alguns investigados pela PF por supostos desvios do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).Uma planilha feita à mão e apreendida pela PF registra como beneficiários de passagens e estadia num hotel no Rio de Janeiro o prefeito de Praia Grande (SP), Alberto Mourão (PSDB), seu secretário de Obras, Luiz Fernando Lopes, seu assessor e ex-secretário Jamil Issa Filho, entre outros.No depoimento que prestou na última sexta-feira ao juiz federal da 2ª Vara Criminal de São Paulo, Marcio Ferro Catapani, Murad também confirmou que a boate pagou R$ 1.770,94 referentes ao IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) de um apartamento de João Pedro de Moura, ex-assessor do deputado federal Paulinho (PDT-SP).Murad disse que recebia ordens do empreiteiro Manuel Fernandes de Bastos Filho, foragido desde o dia 24 de abril.O funcionário da boate também confirmou ter entregue, a pedido do empreiteiro, dois cheques, cujos valores disse desconhecer, nas mãos de Jamil Issa Filho, ex-secretário de Urbanismo e Meio Ambiente da Prefeitura de Praia GrandeTanto Murad como os sócios da boate, os irmãos Edson Luis Napolitano, 48, e Washington Domingos Napolitano, 41, também ouvidos pela Justiça Federal na sexta-feira, negaram ter conhecimento de supostos desvios no BNDES e que a boate e o flat ao lado fossem locais de prostituição.Murad disse que o faturamento médio da boate era de R$ 700 mil mensais -ele havia dito, segundo interceptação de conversa telefônica feita com ordem judicial e referida em relatório da PF, que esse era o valor anual. No depoimento, ele corrigiu o valor. Disse que os valores anotados como "pagamentos a meninas" em documentação apreendida pela PF, eram "comissões sobre a venda de champanhe".Os irmãos Napolitano disseram que também eram pagos cachês para algumas mulheres.

Relaxa e goza, Dona Supla

Dona Supla espera que a sua famosa frase “Relaxa e goza” não traga nenhum prejuízo para a sua campanha à Prefeitura de São Paulo neste ano. É o petismo provando do próprio veneno. Antes eram eles que relembravam frases e gafes dos adversários. Se vão usar ou não a frase maldita eu não sei, mas sugiro à Dona Supla que relaxe e goze.

Quando a oposição quer ela consegue

É só querer. É só a oposição querer ser oposição de verdade que ela consegue alguma coisa significativa. Foi adiada pela segunda vez a votação da emenda 29 que traria consigo a velha CPMF. O deputado tucano Rafael Guerra, relator da emenda 29 na comissão de seguridade social, usou o regimento interno da Câmara para adiar a votação. Como a emenda recebeu outras nove emendas, o deputado pediu prazo para análise. É só querer. É só a oposição assumir que é oposição e não ficar tentando fazer acordos com o governo que ela consegue fazer alguma coisa significativa.

Foi o São Paulo que começou com essa história

Mais uma vez eu errei. O Fluminense está na final da Libertadores. Bateu o Boca Juniors no Maracanã por 3 a 1. Ah, como eu queria que o meu São Paulo estivesse na final. Ah, como eu queria que o meu São Paulo fosse tetracampeão da Libertadores. Mas nem sempre a gente consegue o que quer. Nem sempre se ganha. Mas, sempre se pode lembrar das glórias do passado (como fala o hino do São Paulo). Desde 2005 que pelo menos um time brasileiro está na final da Libertadores. Quem começou com isso? O São Paulo que foi campeão, aliás, tricampeão. Este ano o Fluminense eliminou o Boca da Libertadores. Ano passado o São Paulo eliminou este mesmo Boca da Copa Sul-Americana. Foi o São Paulo que começou com tudo isso aí.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

BC aumenta taxa básica de juros pela 2ª vez em 2008, para 12,25% ao ano

Por Eduardo Cucolo
na Folha online

Como já era esperado, o Banco Central anunciou nesta quarta-feira (4) o segundo aumento seguido da taxa básica de juros no ano para combater a alta recente da inflação. O Copom (Comitê de Política Monetária do BC) decidiu elevar, por unanimidade, a Selic de 11,75% ao ano para 12,25% ao ano, acompanhando a aposta da maioria dos analistas do mercado financeiro.
Em abril, o BC realizou o primeiro aumento desde maio de 2005, e os juros subiram de 11,25% ao ano para 11,75%. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 22 e 23 de julho, e a expectativa do mercado financeiro é de novos aumentos na Selic.
Em nota divulgada após a reunião, o BC explica apenas: "Dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa de juros básica iniciado na reunião de abril, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic pára 12,25% ao ano, sem viés", sem detalhar o que justificou a alta.
Segundo a pesquisa semanal do BC conhecida como relatório Focus, os economistas esperam que a taxa básica de juros termine 2008 em 13,75%. Isso representa um aumento de mais 1,50 ponto percentual, diluído nas quatro reuniões que o BC realizará até o fim do ano --possivelmente, dois aumentos de 0,50 ponto e dois de 0,25 pp.
Os economistas só esperam que os juros recuem novamente no próximo ano e, mesmo assim, para terminar 2009 em 12,50%, acima do que está hoje.
Inflação
As previsões de novos aumentos dos juros se devem não só à inflação, mas também às palavras do BC
na ata da última reunião.
Na ata, a instituição diz que as altas recentes de preços são "impactos inicialmente localizados", mas que apontam para o risco de uma "deterioração persistente" da inflação, o que justificaria o aumento dos juros.
Em relação às criticas de que o BC pode comprometer o crescimento da economia, o Copom diz que, ao combater a inflação, está ajudando a melhorar o planejamento das famílias e das empresas, além de "resguardar os importantes incrementos na renda real dos assalariados".

Meta para 2008

Outra preocupação do BC são as previsões de inflação acima do centro da meta --que é de 4,5%-- para 2008 e 2009. O mercado já estima que o aumento de preços vá ficar em 5,24% neste ano.
O índice oficial de inflação do governo, o IPCA, que é utilizado como meta para o BC, já está em 2,08% no acumulado do ano.
Em 12 meses, o aumento geral dos preços chega a 5,04%.
Apesar dos números estarem dentro do intervalo de tolerância de dois pontos percentuais de inflação acima dos 4,5%, o presidente BC, Henrique Meirelles, disse no mês passado que o Copom tem de mirar sempre o centro da meta, já que há uma defasagem entre o aumento dos juros e seu efeito na economia.

Impacto ao consumidor

A taxa Selic serve de referência para os juros praticados no mercado financeiro. No caso do pequeno consumidor, por exemplo, as ações do BC podem se refletir no custo e na ofertas e crédito.
Segundo levantamento do próprio BC, as taxas cobradas pelos bancos no cheque especial e no empréstimo pessoal subiram em abril e alcançaram, respectivamente, 152,7% ao ano e 50,6% ao ano.
Mesmo assim o crédito vem crescendo, o que pode mudar caso o BC mantenha a trajetória de alta dos juros por muito tempo.

A oposição joga a toalha (mas nós não)

De acordo com o Estadão online, a oposição já jogou a toalha. Nos bastidores comenta-se que o governo vai sim conseguir aprovar a nova CPMF. Bem, preparemos os outdoors, os papéis e o teclado. Vamos divulgar os nomes dos deputados sanguessugas.

Solução?

E quem garante que o dinheiro da nova CPMF vai para a saúde? Por um acaso o dinheiro da antiga CPMF garantia saúde de qualidade para toda a população? Ah, não me venha com essa conversa mole. Não me venha o ministro da Saúde me dizer que dessa vez o dinheiro vai sim integralmente para o destino previsto. Desde o fim da CPMF, no final do ano passado, que o governo bate recordes de arrecadação. Para onde vai este dinheiro? Não daria para melhorar a qualidade da saúde pública do país?

Obama não tem chance

Abri os sites de notícia hoje cedo e vi que Barack Obama é o candidato democrata para as eleições presidenciais americanas deste ano. Ele não terá nenhuma chance. John McCain vencerá. Se fosse Hillary Clinton até que McCain poderia ficar um pouco mais preocupado.

Nenhuma foto?

Os jornais daqui de Goiânia falam que o governador de Goiás Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, finalmente deu apoio ao pré-candidato à Prefeitura de Goiânia Sandes Júnior, do mesmo PP de Cidinho. Olhei no Popular e no Diário da Manhã e não vi nenhuma foto do pré-candidato. Quem é Sandes Júnior?

Que se dane

O que dizer do relatório final do deputado Luiz Sérgio da CPI dos Cartões Corporativos? Que relatório! Que se dane os gastos dos ministros lulistas porque o que importa mesmo são os gastos dos ministros do governo anterior. Coitado do ministro Orlando Silva. É uma vítima. Que se dane Orlando Silva! Que se dane Luiz Sérgio e o seu relatório! Aliás, a CPI dos Cartões Corporativos já se danou há muito tempo.

Pobre partido

O presidente do PP, senador Francisco Dornelles rasgo a sede para o governador de Goiás Alcides Rodrigues, o popular Cidinho. Disse que Cidinho comanda o partido. Pobre do partido que tem Cidinho como comandante.

Fiquemos de olho

Deputados da base aliada querem votar hoje a volta da CPMF. Não podemos ficar parados. Precisamos denunciar essa gente, esses sanguessugas. Se for votada hoje e se for aprovada o novo imposto, vamos divulga a lista com os nomes dos deputados sanguessugas.

Um filme antigo

Quer dizer que Roberto Teixeira tem influência no governo Lula? Hummmm Que interessante. Mais uma vez sugiro aqui o livro de Luiz Maklouf Carvalho Já vi esse filme. Não é de hoje que Roberto Teixeira tem grande influência no petismo. É uma amizade antiga, um filme antigo.

''Fui acusada de fazer lobby da TAM''

Por Mariana Barbosa e Ricardo Grinbaum
no Estado de São Paulo

A ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)Denise Abreu diz que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e sua secretária-executiva, Erenice Guerra, pressionaram a Anac para aprovar a venda da empresa de cargas da Varig, a VarigLog, para o fundo de investimentos americano Matlin Patterson e três sócios brasileiros.
A sra. diz que foi pressionada durante seu período na Anac. O que aconteceu?
Em abril de 2006, poucas semanas depois de termos sido empossados, os quatro diretores da Anac foram chamados na Casa Civil para tratar do caso Varig. A análise da ministra-chefe da Casa Civil era que a empresa já estava falida. Nessa reunião, recebemos a determinação de fazer um plano de contingência para não deixar os passageiros desassistidos. Recebemos a instrução de que as linhas internacionais de longo curso deviam ser destinadas à TAM e as da América do Sul à Gol. Ponderamos que não era possível seguir esse rateio no mercado interno, já que outras companhias podiam querer esses destinos.
Qual foi o episódio de maior pressão na Anac?
Enquanto elaborávamos o plano de contingência da Varig, a agência estava avaliando a transferência acionária da VarigLog. Em janeiro, a VarigLog havia sido comprada pelo fundo americano Matlin Patterson, em sociedade com a Volo do Brasil, dos brasileiros Marco Audi, Luiz Gallo e Marco Haftel. Eles tinham uma tal de autorização prévia de funcionamento jurídico dada pelo antigo DAC. Como relatora do processo, descobri que não havia na legislação essa figura da autorização prévia. Revimos a autorização e expedimos um ofício com novas exigências, para podermos comprovar a origem do capital e também, por meio de declarações de Imposto de Renda, se os sócios brasileiros tinham condição de comprar a companhia. Isso era importante para adequar a operação ao Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA), que impede que um estrangeiro tenha mais de 20% de uma companhia aérea nacional.
A diretoria da Anac foi pressionada para aprovar essa transferência de capital da Variglog?
Logo que expedi esse ofício, a sra. Valeska Teixeira, filha de Roberto Teixeira, foi à Anac, no Rio. Teve uma reunião bastante calorosa com o superintendente de serviços aéreos e, aos gritos, dizia que queria falar comigo. Na ocasião, pedi para levá-la à minha sala. Ela disse que divergia dos termos do ofício, que era muito amiga do ministro José Dirceu e afilhada do presidente da República. Eu respondi que isso era bom para a relação pessoal dela, mas não mudava nada. Disse ainda que, se entendesse que eu havia extrapolado das minhas funções de diretora da Anac, deveria interpor um mandado de segurança para o Judiciário decidir quem estava correta. Pouco depois, fomos novamente chamados na Casa Civil e, pela primeira vez, ouvi a ministra Dilma dizer que havia chegado denúncias de que eu e o diretor Jorge Velozo estaríamos fazendo o lobby da TAM. E o diretor-presidente Milton Zuanazzi e o diretor Leur Lomanto estariam fazendo o lobby da Gol. Por causa desse suposto lobby, nós teríamos dividido as linhas internacionais entre as duas empresas. Nós nos insurgimos contra essa afirmação, pois havíamos seguido as orientações da própria Casa Civil. A partir daí percebemos que havia algo estranho acontecendo com relação ao caso Varig.

Ex-diretora da Anac acusa Casa Civil de favorecer comprador da Varig

Por Mariana Barbosa e Ricardo Grinbaum
no Estado de São Paulo

Uma briga entre sócios da empresa de transporte aéreo de cargas VarigLog está trazendo à tona informações que circulavam apenas no submundo dos negócios, relacionadas à venda da Varig, em 2006 e 2007. O fundo de investimentos americano Matlin Patterson e os sócios brasileiros Marco Antônio Audi, Marcos Haftel e Luiz Gallo disputam na Justiça o comando da VarigLog. No bate-boca entre os sócios, surgiram histórias de tráfico de influência, abuso de poder pelo primeiro escalão do governo, acusações de suborno e a elaboração de um dossiê falso. As denúncias envolvem o Palácio do Planalto e o advogado Roberto Teixeira.Para falar sobre esse tumultuado período da aviação brasileira, a reportagem procurou a ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu. Ela deixou o cargo em agosto de 2007, sob pesadas críticas e acusações durante a CPI do Apagão Aéreo. Chegou a ser responsabilizada pelo caos aéreo e pelo acidente da TAM. Também foi acusada de fazer lobby para a TAM. Embora não fosse presidente da agência, por seu estilo agressivo, era considerada a diretora mais forte. E ficou conhecida pela foto publicada no Estado em que aparece fumando um charuto no casamento da filha do colega de agência, Leur Lomanto, em Salvador, no auge do apagão aéreo. Agora, quer dar sua versão dos fatos. "Não consigo mais trabalhar, preciso me defender e contar o que sei", diz ela, que acredita ter sido alvo de armação. "Eu sequer fumo charuto."Denise conta que foi pressionada pela ministra Dilma Rousseff e pela secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, a tomar decisões favoráveis à venda da VarigLog e da Varig ao fundo americano Matlin Patterson e aos três sócios brasileiros. Como a lei brasileira proíbe estrangeiros de ter mais de 20% do capital das companhias aéreas, a diretora queria documentos comprovando a origem de capital e a declaração de renda dos sócios brasileiros para verificar se tinham recursos para a compra. "A ministra não queria que eu exigisse os documentos. Dizia que era da alçada do Banco Central e da Receita e falou que era muito difícil fazer qualquer tipo de análise tentando estudar o Imposto de Renda porque era muito comum as pessoas sonegarem no Brasil."Quem representava os compradores da VarigLog e da Varig era o escritório do advogado Roberto Teixeira, amigo do presidente Lula. Na Anac, a filha e o genro de Teixeira, os advogados Valeska Teixeira e Cristiano Martins, circulavam livremente, conta Denise. Ela descreve a atuação de Valeska como truculenta. "Ela liga direto da reunião para o pai. Sabe pressão psicológica? Ao fim da reunião, ela diz: agora temos de ir embora porque papai já está no gabinete do presidente Lula."Outro personagem importante desse período da aviação brasileira, o empresário Marco Antônio Audi, sócio da VarigLog, também falou sobre o episódio. Hoje afastado da gestão da VarigLog pela Justiça de São Paulo - que acusa ele e dois sócios de serem "laranjas" do fundo americano -, Audi diz que só foi possível aprovar a compra da VarigLog pela influência de Teixeira no governo e na Anac. "Paguei US$ 5 milhões ao Roberto Teixeira para cuidar do caso", diz Audi.Com a aprovação da compra da VarigLog pelo fundo Matlin e seus sócios brasileiros, eles puderam levar a Varig, em leilão, por US$ 24 milhões. Meses mais tarde, a empresa foi revendida à Gol, por US$ 320 milhões.Hoje, Teixeira advoga para o maior inimigo de Audi, Lap Chan, representante do Matlin Patterson. "Tenho medo do Roberto Teixeira.", diz Audi. Durante o processo de dissolução societária na 17ª Vara de São Paulo, o juiz José Paulo Magano viu indícios de "prática de ilícitos civis e criminais, inclusive crime de quadrilha" e determinou que o Ministério Público e a Polícia Federal investiguem os sócios da VarigLog e o escritório de Teixeira. Procurados ao longo da apuração para falar sobre o assunto, a ministra Dilma e o advogado Teixeira não quiseram se manifestar.

Com margem apertada, governistas esperam votar hoje a nova CPMF

Na Folha de São Paulo

Apesar do número apertado de apoios, a base aliada ao governo promete votar hoje, na Câmara, o projeto que regulamenta a emenda 29 e que cria a nova versão da CPMF, a CSS (Contribuição Social da Saúde). Depois de um dia inteiro de reuniões, os governistas disseram ter conseguido 282 votos, 25 a mais que os 257 necessários para aprovar a proposta.A expectativa dos líderes era conseguir reunir até o início da discussão da nova contribuição, marcada para a manhã de hoje, o apoio de ao menos 290 congressistas. Caso contrário, a base não descarta novo adiamento, já que há um grande risco de o projeto ser derrotado.O texto final que regulamenta o repasse de verbas para a saúde e cria o novo imposto, com alíquota de 0,1% sobre as movimentações financeiras, foi finalizado no fim da tarde de ontem e será usado para tentar convencer mais deputados a votarem a favor da proposta.O vice-presidente da Frente Parlamentar da Saúde, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), até agora contrário a criação do novo imposto, disse ter sido convencido pelo governo."Conversei o máximo que pude com o governo e eles estão irredutíveis, só aprovam [o projeto que regulamenta a emenda 29] com o novo imposto. Por isso, diante da necessidade de mais dinheiro para a saúde eu me curvo. O meu pensamento evoluiu, não tem jeito", disse.A votação da criação da CSS estava na pauta de ontem, mas a base decidiu transferir a discussão para hoje. O líder do governo, Henrique Fontana (PT-RS), minimizou a dificuldade de reunir o número de votos para a aprovação da proposta e disse que o motivo de mais um adiamento é o fato de a oposição obstruir a votação de uma medida provisória que tranca a pauta. O próprio relator do projeto, deputado Pepe Vargas (PT-RS), admite a incerteza sobre o número de votos.

Relatório de CPI não aponta erro em uso de cartão

Por Andreza Matais
na Folha de São Paulo

O relatório final da CPI dos Cartões, apresentado ontem pelo deputado Luiz Sérgio (PT), não admite irregularidades no uso dos cartões corporativos da parte dos ministros do atual governo, diz que na gestão passada se cometeu "erros e delitos muito mais graves" e ignora o caso do dossiê que revelou gastos da gestão FHC. Não há pedidos de indiciamento.O texto, que será votado na quinta, reserva 666 páginas, incluindo os anexos, para os "erros" de ex-ministros tucanos -Raul Jungmann, Paulo Renato, Martus Tavares, Pimenta da Veiga e Francisco Weffort- e 43 para falar de "equívocos" de ministros de Lula -Orlando Silva (Esporte), Altemir Gregolin (Pesca) e Matilde Ribeiro (ex-chefe da Igualdade Racial).A oposição decidiu apresentar voto em separado no qual irá pedir o indiciamento dos envolvidos na confecção do dossiê, incluindo a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e a secretária-executiva da pasta, Erenice Guerra, que mandou confeccionar o documento.Na semana passada, os deputados Carlos Sampaio (PSDB) e Índio da Costa (DEM) apresentaram os sub-relatórios nos quais pouparam os ministros. Ontem, foram enquadrados por dirigentes das siglas e pela presidente da CPI, senadora Marisa Serrano (PSDB)."Quando um ministro falta com a verdade, como Dilma, não tem como não pedir indiciamento. Ela disse ao Senado que o dossiê não existiu. (...) Está mais do que comprovado que o dossiê existiu", disse Serrano.A oposição também irá pedir o indiciamento de Gregolin, Orlando e Matilde. Os três foram instados pela CGU a devolver verba gasta irregularmente. Porém, para o relator, eles cometeram "equívocos, utilização inadequada do cartão". Em nenhum momento escreveu que foram gastos irregulares.Matilde usou o cartão em restaurantes e no aluguel de carros. Orlando comprou uma tapioca em Brasília e se hospedou em hotel quatro estrelas no Rio com três pessoas. Para a CGU, o pagamento de alimentação em Brasília foi irregular.Luiz Sérgio escreveu que, por causa da tapioca, Orlando foi "exposto ao ridículo" enquanto que o "ex-ministro Francisco Weffort [de FHC] realizou despesas com alimentação de mais de R$ 47 mil."Gregolin pagou despesas em restaurantes para terceiros. O relatório propõe que o governo autorize o uso do cartão para pagar refeições em encontros de trabalho. As denúncias envolvendo tucanos são sobre gastos em restaurantes, hotéis e com aluguel de veículos.Sobre os gastos da Presidência, o relator escreveu que "nada de anormal foi identificado". A oposição criticou o trabalho. "Acho que a gente está no mundo da Disney e somos todos os patetas", reagiu o deputado federal Vic Pires (DEM-PA).

Base aliada de Serra abafa apuração do caso Alstom

Por José Alberto Bombig
na Folha de São Paulo

A base de apoio do governador José Serra (PSDB) abafou ontem a primeira tentativa de a Assembléia Legislativa do Estado investigar o caso Alstom, contrariando o que o tucano havia pedido na véspera: apuração total das denúncias.O rolo compressor foi comandado pelo líder do governo, Barros Munhoz (PSDB). A tentativa de apuração ocorreu na CPI da Eletropaulo, na qual sete requerimentos do PT foram rejeitados deputados ligados a Serra e ao ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB). Os aliados do governador são maioria na CPI: 7 dos 9 membros."A CPI não é o melhor caminho para fazer esse tipo de averiguação. Isso é jogo de cena do PT", disse Munhoz. O deputado Rui Falcão rebateu: "Serra e Alckmin falam uma coisa, mas na prática a atuação é outra, é para que nada seja apurado".Serra disse ontem que, se a Assembléia "quiser votar" pela CPI do caso, "ela vota". Anteontem ele havia afirmado que cooperaria com "outras medidas de investigação", desde que surjam novas informações. Ele chamou de "kit PT" a atuação de petistas para instalar uma CPI do caso Alstom."Tem o "kit PT" operando. Se surgirem mais informações -porque até agora não surgiram-, que sugiram outras medidas de investigação, nós acharemos normal e vamos cooperar." Serra disse que deu ordem a todos os secretários do governo e presidentes das empresas envolvidas no caso Alstom para que repassem dados solicitados pelo Ministério Público.Dentre os requerimentos rejeitados ontem estavam os que pediam a convocação do secretário de Estado Mauro Arce (Transportes) e do secretário municipal Andréa Matarazzo (Subprefeituras). Ambos chefiaram a pasta estadual de Energia na época dos contratos com a multinacional francesa.Também foi rejeitado um requerimento solicitando ao Ministério da Justiça os papéis relativos às investigações comandadas por autoridades suíças e francesas e que até agora têm norteado os trabalhos no Brasil. Anteontem à noite, Serra defendeu o envio dos documentos ao Estado.Criada em 2006, a CPI tem prazo regimental de funcionamento até o dia 30 deste mês. A Eletropaulo, alvo da comissão, é citada nas investigações da Alstom. "Se a Assembléia não abrisse mão do seu papel fiscalizador, daria tempo tranqüilamente para apurar muita coisa", disse Antonio Mentor (PT), presidente da CPI. Segundo ele, na terça será ouvido David Zylbertajn, ex-secretário de Energia do governo Covas, convocação aprovada antes da explosão do caso Alstom.O líder do PT na Assembléia, Roberto Felício, afirmou que o partido continuará "lutando" na CPI, mas tentará convocar o conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) Robson Marinho, que foi chefe da Casa Civil do governo Mario Covas (PSDB) de 1995 a 1997, nas comissões temáticas da Casa.

Membro do TCE investigado defendeu contrato da Alstom

Por Mario Cesar Carvalho e José Ernesto Credencio
na Folha de São Paulo

Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, foi o único integrante desse órgão a defender um contrato do Metrô com a Alstom que perdurou por 13 anos. O contrato, de 1994, previa a construção de um centro de controle operacional no valor de R$ 57 milhões e determinava que o negócio deveria durar três anos. Durou dez anos a mais que o prazo previsto.No final do julgamento, Marinho foi voto vencido -o tribunal considerou irregular todos os acréscimos feitos a partir de 2001.Robson Marinho é o RM citado em documentos que a Promotoria da Suíça enviou ao Brasil sobre o suposto pagamento de propinas da Alstom a políticos brasileiros, segundo apurações preliminares feitas por Polícia Federal, procuradores e promotores.Marinho foi um dos políticos mais próximos de Mario Covas (1930-2001), governador do Estado entre 1995 e 2001. Coordenou sua campanha ao governo paulista e ocupou a chefia da Casa Civil de 1995 a 1997. Em 1997, Covas retribuiu os trabalhos prestados por Marinho nomeando-o conselheiro do Tribunal de Contas. No órgão, é conhecido como um defensor dos tucanos.Os investigadores que receberam documentos da Suíça sobre propinas pagas pela Alstom suspeitam de Marinho por duas anotações feitas nos documentos suíços. Numa passagem, RM é apontado como "ex secretaire du governeur" (ex-secretário do governador). Há uma anotação de que o dinheiro seria usado para fazer pagamentos a "le tribunal de comptes" (Tribunal de Contas).O grupo Alstom, um dos maiores do mundo na área de energia e de transportes, é investigado na França e na Suíça sob suspeita de ter pago propinas a políticos do Brasil, da Venezuela e de Cingapura. Um dos casos, revelados pelo jornal "The Wall Street Journal", teria sido o pagamento de US$ 6,8 milhões para que a empresa obtivesse negócios de US$ 45 milhões do Metrô. Reportagem de "O Estado de S. Paulo" publicada na sexta-feira cita comissões de R$ 13,5 milhões em troca de um negócio com a Eletropaulo.No Tribunal de Contas, Marinho é conhecido como um aliado dos tucanos. Sempre que os conselheiros apontam problemas em contratos da administração do PSDB, ele defende a regularidade do negócio.No ano passado, os conselheiros do TCE decidiram que todos os acréscimos a um contrato do Metrô com a Alstom que perdurou por 13 anos posteriores a 2001 eram irregulares. O conselheiro Edgard Camargo Rodrigues chegou a ironizar em 2004 os dez anos do negócio: "Ora, não é de supor que o Metrô esteja funcionando esse tempo todo sem o Centro de Controle Operacional".Nesse mesmo ano, Marinho apresentou a defesa do contrato: "não houve qualquer ofensa a dispositivos legais". Segundo ele, a dilatação do contrato devia-se à necessidade de "atualização tecnológica". As alegações foram descartadas na votação, que considerou irregular a prorrogação.No ano passado, Marinho fez outra defesa do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) em um negócio de mais de R$ 1 bilhão. Numa licitação para a compra de 17 trens com seis carros para o Metrô e 40 trens com oito carros para a CPTM, o edital exige veículos de aço inox.Um consórcio concorrente, que fabrica trens de alumínio, entrou com um recurso contra o edital, com o argumento de que a restrição de material favorecia a Alstom, que produz veículos revestidos de inox.Marinho mandou arquivar a representação sem consultar outros conselheiros. Acatou um parecer do Metrô que dizia que os trens de alumínio encarecem a manutenção por exigir limpezas mais freqüentes. Ainda de acordo com a defesa do Metrô, "com o passar do tempo o alumínio perde o brilho característico dos carros novos".O conselheiro Eduardo Bittencourt Carvalho tentou levar a questão ao plenário do tribunal, mas Marinho interveio, alegando conflito de competência, e impediu a discussão.

Obama se declara o candidato democrata

Por Sérgio DÁvila
na Folha de São Paulo

Barack Hussein Obama, 46, senador progressista que chegou ao cenário político norte-americano em 2004 prometendo mudança, conquistou os votos necessários para ser o primeiro negro da história dos Estados Unidos a concorrer à Presidência por um partido majoritário. Com uma escolha cautelosa de palavras, disse que será o candidato do Partido Democrata à Casa Branca.Bateu sua oponente nas prévias partidárias, a ex-primeira-dama Hillary Clinton, numa derrota apertada que marca o fim de uma era. Esta será a primeira eleição presidencial desde 1992 em que nem um Clinton nem um Bush encabeçará uma chapa. Obama concorrerá, assim, com o senador republicano John McCain, um herói de guerra e ex-prisioneiro torturado do Vietnã 25 anos mais velho do que ele."Nesta noite, nós marcamos o final de uma jornada histórica com o começo de outra, que trará um dia novo e melhor aos EUA", afirmou, no final da noite de ontem, a uma platéia de 20 mil pessoas num estádio da cidade de St. Paul, no Estado de Minnesota. "Por sua causa, nesta noite, eu me levanto diante de vocês e digo que serei o indicado democrata para a Presidência dos EUA."A decisão de usar o tempo verbal no futuro, não no presente, deve-se ao fato de que sua candidatura só será oficial após a convenção nacional do partido, que acontece no final de agosto. Mas revela também o tumulto e a indecisão que marcou essa fase do processo eleitoral norte-americano, as mais de 50 prévias eleitorais que se estenderam por cinco meses e terminaram ontem, com os pleitos de Dakota do Sul e Montana.Esse clima foi traduzido pela declaração de Hillary Clinton minutos antes do discurso de Obama, em que ela se recusava a assumir a derrota, como é tradição na política local. "Não vou tomar nenhuma decisão nesta noite", afirmou, ao dizer que conclamava seus "mais de 18 milhões" de eleitores a mandar sugestões a seu site sobre o que deveria fazer.
Polarização
Apesar de o senador ter vencido no quesito que importa e pelo qual o partido toma sua decisão, que é o número de delegados partidários obtidos durante as prévias e no apoio de superdelegados, membros do partido que votam na convenção sem vínculo com as urnas, a ex-primeira-dama se aferrava a uma maneira específica e controversa de contar o total de votos populares, que a colocam na frente de Obama.Numa disputa tão polarizada quanto essa, em que Obama batia Hillary por 231 delegados ontem e estava apenas 36 delegados acima do mínimo exigido pelos democratas para a candidatura -2.118-, os dois senadores sabem que é preciso unir os eleitores para que o partido vença nas urnas em novembro.Não foi por outro motivo que Obama elogiou não só sua oponente como o governo do marido dela, Bill Clinton (1993-2000). Acenou ainda com a hipótese de uma participação da ex-primeira-dama em seu governo, ao dizer que ela seria peça "central" em seu plano e reforma do sistema de saúde e de política energética.O cacife de Hillary vem do fato de ela ter vencido em grandes Estados como Pensilvânia, que podem definir a disputa em novembro, e em universos eleitorais como operários brancos e mulheres mais velhas, nos quais o senador vem se saindo muito mal.A corrida encerrada ontem -com vitória dela em Dakota do Sul e projeção de vitória dele em Montana- foi pródiga em recordes batidos. Foram quase 40 milhões de votos computados nas prévias e meio bilhão de dólares arrecadados só pelos candidatos de oposição.No discurso ontem, Obama centrou fogo no que será sua estratégia doravante: o esforço de caracterizar a candidatura de McCain como um terceiro mandato de George W. Bush, um dos presidentes mais impopulares da história do país.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Isso é muito grave

Diogo Mainardi mostra na sua coluna e no podcast desta semana (ambos publicados na íntegra aqui no blog) a contratação da mulher do terrorista Oliverio Medina pelo governo Lula. No seu podcast, Diogo fala que Dilma Rousseff estava por trás da contratação. Isso é grave. A ministra pessoalmente fez isso. Isso é muito grave. Precisa ser apurado, investigado e os culpados presos. Mas, nós já sabemos o quanto este governo é cúmplice com os terroristas-traficantes. Voltemos a falar do Foro de São Paulo. LULA É O FUNDADOR DO FORO DE SÃO PAULO. LULA É AMIGO DAS FARC. Isso é muito grave! No Foro de São Paulo, os petistas e as Farc sentam do mesmo lado.
As Farc são responsáveis por 70% da droga comercializada por Fernandinho Beira-Mar. Esta droga que circula o país inteiro, o mundo inteiro que sai da floresta colombiana. A droga que financia o tráfico. A droga que destrói famílias. A droga que corrompe. Ao invés de combater seriamente os narcoterroristas, os lulistas oferecem cargos no governo brasileiro. Isso é muito grave! Ao invés de combater com rigor os envolvidos neste negócio mortífero, Lula e sua turma (capitaneada pela ex-terrorista Dilma Rousseff) facilitam a vida dessa gente. Até quando toleraremos isso? Até quando a relação PT-Farc será encoberta? As autoridades passando a mão na cabeça de terrorista é grave, muito grave. Até quando teremos que aturar essa gente sendo tão coniventes com traficantes de drogas, assassinos, destruidores de famílias? Lula anestesiou o Brasil e isso é muito grave, gravíssimo.

Podcast do Diogo Mainardi: "Dilma e as Farc"

Em minha última coluna, informei que a mulher de Olivério Medina, o representante das Farc no Brasil, foi contratada pelo governo Lula. Isso aconteceu em dezembro de 2006, quando o marido dela ainda estava preso em Brasília, à espera do julgamento no STF. Uma reportagem do jornal Gazeta do Povo mostrou que a mulher de Olivério Medina foi cedida pelo governo do Paraná a pedido de Dilma Rousseff. Epa, epa, epa! Pode repetir? Posso sim. Com prazer. De acordo com um documento reproduzido pela Gazeta do Povo, e que pode ser acessado aqui, Dilma Rousseff requisitou pessoalmente ao governador do Paraná a transferência da mulher do preso das Farc. Uma dúvida: a ministra da Casa Civil demonstra esse mesmo interesse por todos os servidores de terceiro escalão?
O deputado Rodrigo Maia pediu esclarecimentos sobre o caso. O senador Arthur Virgílio, por sua vez, encaminhou um requerimento ao Ministério da Pesca. Até agora, o governo Lula só emitiu uma nota sobre o assunto, prometendo me processar. É a escala de valores dessa gente: Olivério Medina - "el Pancho" - solto, e Diogo Mainardi - "o Pança" - condenado. Em sua nota, a assessoria de imprensa do Ministério da Pesca confirmou todos os dados relatados em minha coluna. Negou apenas que pudesse haver um elo entre o governo e as Farc. Eu ficaria muito surpreso se alguém admitisse o contrário.
O Brasil tem 50.000 assassinatos por ano. Isso é o que importa quando se trata das Farc. Ignore a retórica esquerdista. Ignore a mística guerrilheira. Concentre-se no essencial. E o essencial é o tráfico de drogas. O Brasil é um grande mercado consumidor das drogas produzidas nos territórios dominados pelas Farc. O Brasil é também um grande entreposto para o seu comércio internacional. O lulismo tenta passar a idéia de que as Farc dizem respeito apenas à Colômbia. E, marginalmente, à Venezuela e ao Equador. Mentira. O Brasil entra na guerra com sua monumental cota de assassinatos relacionados com o consumo e com o tráfico de drogas, e com todos os crimes que podem ser associados a eles: assaltos, contrabando de armas, jogo ilegal, lavagem de dinheiro. Cada um de nós, indiretamente, já foi assaltado pelas Farc. Cada um de nós conhece alguém que foi assassinado pelas Farc.
Minha pergunta é a seguinte: um governo que contrata a mulher de um membro das Farc, com a ajuda direta da ministra da Casa Civil, em documento assinado por ela, demonstra estar solidamente empenhado no combate ao tráfico de drogas? Aguardo a resposta. O crime organizado contamina a política. Há uma série de sinais nesse sentido, do caso do ex-secretário de segurança do Rio de Janeiro, que acaba de ser preso, aos atentados do PCC na última campanha presidencial, que afundaram a candidatura de Geraldo Alckmin; dos inquéritos sobre os perueiros, na campanha à prefeitura paulistana, ao pedido de propina de Waldomiro Diniz ao dono de um bingo. O governo Lula considera perfeitamente legítimo contratar, para um cargo de confiança, a mulher de um criminoso internacional preso por pertencer a um grupo que pratica o terrorismo e o tráfico de drogas. Eu respondo lembrando os 50.000 assassinatos por ano. Sabe como é: na guerra entre os traficantes de drogas e a lei, os mortos escolheram o lado errado.
Ouça aqui