quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Vitória apertada de McCain no Arizona expõe desgaste

Por Denise Chrispim Marin
no Estado de São Paulo

O republicano John McCain venceu as eleições no Arizona, Estado que representa no Senado desde 1982 e um dos redutos eleitorais de seu partido no sudoeste americano. A vitória, porém, foi por pouco. O herói da Guerra do Vietnã conseguiu 1,012 milhão de votos, ou 54% da aprovação do eleitorado local, para 851 mil obtidos pelo democrata Barack Obama, e fechou sua campanha com uma vantagem de apenas 9 pontos porcentuais.McCain tampouco conseguiu alavancar os candidatos republicanos do Arizona à Câmara dos Deputados. Das oito cadeiras em disputa, os democratas obtiveram cinco, graças à especial colaboração da governadora Janet Napolitano.Não por acaso, no discurso em que aceitou sua derrota, na noite de anteontem em Phoenix, McCain deixou claro que sua campanha fracassara por conta de erros de estratégia. "Todo candidato comete erros, e tenho certeza que cometi mais que eles (os democratas)", disse McCain a partidários que o aguardavam no Hotel Biltmore, na capital do Arizona. "Nós lutamos, e lutamos o máximo que pudemos, embora tenhamos perdido. A falha é minha. Não é de vocês", completou, visivelmente triste, acompanhado de sua mulher, Cindy, e de sua companheira de chapa, Sarah Palin.Mesmo no Arizona, onde corria o risco de perder as eleições até a véspera, o republicano enfrentou a resistência de uma parcela mais conservadora de seu partido, que não se mobilizou para a conquista de votos e, em muitas situações, o atrapalhou. Ainda assim, McCain decidiu fazer campanha no Estado uma única vez - no início da madrugada de terça-feira, quando discursou por apenas 13 minutos em um comício na cidade de Prescott, a 200 quilômetros de Phoenix."Para os republicanos do Arizona, McCain é muito moderado. Muitos republicanos do Estado não o apóiam", afirmou José Rivas, assessor do deputado federal Ed Pastor, do Partido Democrata.
FUTURO POLÍTICO
A derrota na campanha presidencial por uma margem de votos mais expressiva que as apontadas pelas pesquisas eleitorais inevitavelmente aponta o declínio da carreira política de McCain. Sua vitória apertada no Arizona nessa eleição tenderá a pesar ainda mais nos seus planos de concorrer a mais um mandato no Senado Federal em 2010. Especialmente, porque em seu discurso de derrota, McCain indicou que continuará a nadar contra a corrente do Partido Republicano e atuará no Senado de forma mais conciliadora com o governo democrata comandado por Obama. "O senador Obama e eu tivemos nossas diferenças de posições e as dele prevaleceram. Não há dúvidas de que essas diferenças vão sobreviver. Mas este é um momento difícil para o país, e eu prometo a ele, hoje, fazer tudo que esteja ao meu alcance para ajudá-lo a nos conduzir diante desses desafios que enfrentamos", afirmou McCain."Obama e meu velho amigo Joe Biden (senador eleito vice-presidente dos EUA) terão a honra de nos liderar nos próximos quatro anos", disse o republicano, provocando vaias e gritos de "terrorista" da platéia. Cada convidado pagou US$ 600 para participar da Festa da Noite da Eleição, organizada pelo Partido Republicano para celebrar uma eventual vitória de McCain.
RESPONSABILIDADE
A governadora do Alasca, Sarah Palin, comentou ontem o resultado da eleição e rejeitou assumir a responsabilidade pela derrota de McCain. "Não creio que minha presença na chapa tenha sido mais importante que a crise econômica", disse Sarah em entrevista à CNN.

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