sábado, 24 de novembro de 2007

O nosso Congresso aceitou este vagabundo no Mercosul

Da Folha on line
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, insultou e ameaçou na noite desta sexta-feira enviar para a prisão os principais religiosos do país, caso se envolvam em ações que desestabilizem seu governo, em mais uma polêmica.
"Reitor [Luis] Ugalde, uma vez o perdoei, mas se o fizer outra vez vai parar em [na prisão] Yare, com batina e tudo. E você também cardeal", disse Chávez, a respeito de declarações do reitor da Universidade Católica Andrés Bello e do cardeal Jorge Urosa Sabino contra a reforma constitucional.
O presidente venezuelano chamou de "vagabundos", "meliantes", "aduladores", "estúpidos" e "retardados mentais", entre outras coisas, membros da hierarquia da Igreja Católica, que criticou em um documento público a proposta de mudança da Constituição, que será submetida a um referendo no dia 2 de dezembro.
"São o demônio, defensores dos mais podres interesses, são uns verdadeiros vagabundos, do cardeal para baixo", disse Chávez em um polêmico programa noturno da televisão estatal.
A Igreja Católica venezuelana divulgou em 19 de outubro um documento no qual critica a proposta constitucional porque "limita a liberdade dos venezuelanos, incrementa excessivamente o poder do Estado, elimina a descentralização e o governo controla muitos espaços da vida cidadã".

Maguito Vilela é alvo de ação em Goiás

Por Felipe Bachtold
na Folha online

O Ministério Público de Goiás ajuizou uma ação na Justiça contra o ex-governador Maguito Vilela (PMDB), que atualmente é vice-presidente de Governo do Banco do Brasil, por supostas irregularidades em um contrato firmado com a Câmara de Vereadores de Goiânia.
A Promotoria diz que, em 2005, Vilela, então senador e sócio de um posto de gasolina na capital de Goiás, firmou um contrato para fornecimento de combustível para a Câmara Municipal. Como exercia o mandato no Congresso, ele não poderia assinar acordos com a administração pública, segundo o promotor Gláuber Rocha.
O contrato previa o fornecimento de 90 mil litros de combustíveis à Câmara. Segundo a Promotoria, o nome do ex-governador aparece no contrato firmado entre as duas partes. A suposta irregularidade foi detectada pelo Tribunal de Contas dos Municípios. O negócio já foi encerrado.
Vilela, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que, apesar de o nome dele aparecer no contrato, nunca participou da administração do posto. Também argumenta que o negócio foi firmado por meio de uma licitação, em que a proposta mais vantajosa foi a vencedora, e que não houve prejuízo aos cofres públicos. Ele afirma já ter apresentado a defesa ao Ministério Público.
Ainda assim, a Promotoria pede a suspensão de direitos políticos do ex-governador, a perda de cargos públicos e o pagamento de uma multa. A Justiça ainda vai decidir se recebe a ação.
O mandato de Vilela no Senado terminou no começo do ano. Em junho, o ex-governador de Goiás assumiu o cargo no Banco do Brasil.
O ex-presidente da Câmara de Goiânia Cláudio Meirelles (PR), hoje deputado estadual, também é alvo da ação. Ele diz que não tem responsabilidade no caso e que rescindiu o contrato quando foi informado do problema.

Em pensar que o PMDB odiava a cultura...

Nas eleições estaduais do ano passado os intelekitu-wai-wais de Goiás deram apoio á candidatura de Alcides Rodrigues, o popular Cidinho. Eles tinham medo do candidato do PMDB Maguito Vilela acabar com os mimos que o Tempo Novo deu à classe pensante de Goiás. Era o medo do fim do FICA, dos festivais em geral. A cultura goiana temia o Tempo Velho.
Depois de vencer as eleições e depois da posse, Cidinho mostrou que o estado de Goiás estava quebrado. O Tempo Novo se juntava ao Tempo Velho no quesito “como quebrar o estado”. Cidinho cortou os mimos da Era Marconi Perillo. Os intelekitu-wai-wais viram o dinheiro público indo embora. Não era Maguito no Palácio das Esmeraldas. Era o próprio Cidinho, aquele do Tempo Novo, aquele Tempo Novo que mimava a cultura.
Eis que hoje leio na Tribuna do Planalto o seguinte, na coluna “Linha Direta” de Filemon Pereira: O prefeito de Goiânia, Iris Rezende, recebeu o diploma de ‘Prefeito Amigo da Cultura’, concedido pela União Brasileira dos Escritores, seção Goiás. Em pensar que Íris Rezende é o pai do Tempo Velho, tempo odiado pelos cults do cerrado na campanha do ano passado. Íris não assusta mais ninguém. Nem os intelekitu-wai-wais.

De Macaco Simão para Cidinho

Final da coluna de hoje do fanfarrão José Simão publicada na Folha de São Paulo. Parece uma mensagem para o governador de Goiás Alcides Rodrigues, o popular Cidinho:
E atenção! Cartilha do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Paquiderme": companheiro gordo que apoia o PAC! O lulês é mais fácil que o inglês. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje, só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno.

Chegou agora e já quer sentar na janela?

Nos primeiro dias da administração Íris Rezende a frente da Prefeitura de Goiânia a oposição ameaçava o novo prefeito questionando o pedido de licença do vice Valdivino de Oliveira que, no começo de 2005, deixou o cargo de lado e zarpou para o Distrito Federal onde cuidava das finanças do então governo Joaquim Roriz. Depois dos primeiros dias da administração do PMDB em Goiânia a oposição esqueceu de Valdivino.
De repente, depois que Roriz saiu do governo do DF, Valdivino voltou para Goiânia com força total. Como se estivesse aqui em Goiânia todos os dias, o vice mostrava que conhecia cada um dos vereadores da Câmara Municipal e conseguiu apagar o incêndio que começava a se alastrar por causa do Plano Diretor da capital.
Mas por que estou falando de Valdivino de Oliveira? Porque ele concedeu uma entrevista ao jornal Tribuna do Planalto. Na entrevista, Valdivino, é claro, valorizou a prefeitura e disse que quer sim continuar como vice numa possível candidatura de Íris Rezende à reeleição nas eleições do ano que vem. Mas, faltou uma pergunta na entrevista: O senhor chegou agora e já quer sentar na janela? Valdivino ficou um tempo lá em Brasília fazendo parte do governo do Distrito Federal. De repente, sem mais nem menos, nós vemos nas manchetes dos jornais o nome de Valdivino de Oliveira pipocando, mostrando que ele sim soube administrar o diálogo entre a prefeitura e a Câmara Municipal. Não sei como ele deu conta de fazer tanta coisa assim sendo, ao mesmo tempo, secretário de Joaquim Roriz e vice prefeito de Íris Rezende. O cara chega agora e já quer sentar na janela.

E a viagem de Cidinho?

O Diário da Manhã fala que o governo do estado não criou nenhuma comissão para organizar a Copa de 2014 aqui em Goiânia. Como é que é? Cobrando a falta de uma comissão organizadora que deixasse Goiânia prontinha para ser sede da Copa? Engraçado! Não vi ninguém cobrando do governador de Goiás Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, explicações sobre sua viagem à sede da Fifa, na Suíça, fazendo parte daquele bonde de governadores liderado por Lula. Como pode um governador viajar para a Suíça, para um evento que escolheria a sede da Copa de 2014 sendo que todo mundo já sabia que a sede seria no Brasil e sendo que o estado que ele governa não tem dinheiro no cofre? Ninguém cobrou de Cidinho se ele tinha uma resposta para a pergunta da jornalista canadense sobre a violência. O que Cidinho pensa a respeito? O que ele diria para a jornalista canadense? Não precisamos de uma comissão para organizar Goiânia para a Copa porque Goiânia não vai ser sede da Copa de 2014. Teremos que assistir aos jogos pela televisão ou viajar para Brasília e Belo Horizonte se quisermos ver a festa da CBF in loco. Precisamos de uma comissão que pare de adular o governo e comece a encher o saco. Mas, a imprensa goiana está obesa demais com tantos mimos nestes quase dez anos de Tempo Novo.

Que tristeza

Acabei de chegar da banca de jornais. Fui procurar o jornal O Globo. Só tinha um exemplar e este exemplar já tinha dono. Que tristeza... Hoje não poderei ler a coluna do Fernando Calazans. Mas, deixa pra lá. Goiânia é sempre a última. Agora são 11:38 da manhã. A Folha e o Estadão não tinham chegado. Goiânia é sempre a última.
Aqui tem gente que sente uma tristeza danada ao constatar que o Estádio Serra Dourada não vai sediar nada na Copa do Mundo de 2014. Eu sinto mais tristeza em não ler a coluna do Fernando Calazans do que esta desilusão já estampada na cara do estado paquidérmico.

Lula não estudou porque não quis

Fernando Henrique Cardoso criticou a falta de escolaridade de Lula. Lula respondeu? Não! Quem respondeu ao ex-presidente foram os lulistas bolivarianos. “Isto é um preconceito”. Esta foi a principal resposta dos puxa-saco-do-lula.
Lula teve chance sim de estudar, de complementar seus estudos e fazer uma faculdade. Não prosseguiu este caminho porque não quis. Não tentou o caminho mais árduo, que é o caminho do estudo, porque a esquerda lhe dava sustento. Você já parou para pensar o que Lula fez desde que saiu do sindicato lá no ABC paulista e tentou, durante várias eleições, se eleger a um cargo público? Mas, os lulistas bolivarianos escondem a verdade. Lula não estudou porque não quis. Lula não estudou porque achou melhor ser bancado pelos esquerdistas que acreditavam que aquele barbudo de língua presa conduziria todo o povo ao paraíso. Cada um segue o seu caminho. Lula preferiu o caminho da ignorância. E tem gente que acha uma maravilha.

O desequilíbrio do coronel

Editorial do Estado de São Paulo

O que sobra em ousadia ao coronel Hugo Chávez falta-lhe em equilíbrio. Até recentemente, a par de se acreditar a reencarnação de Simón Bolívar, ele via em cada esquina sicários contratados pelo "império" para matá-lo e se preparava para enfrentar uma fantasiosa invasão da Venezuela pelos Estados Unidos. Mas o processo é galopante. Depois das demonstrações de incontinência verbal dadas na Cúpula Ibero-Americana - e que provocaram o famoso "por que não te calas" do rei Juan Carlos, da Espanha -, Hugo Chávez passou a se considerar um demiurgo."A revolução bolivariana transformou a Venezuela numa potência mundial", afirmou num comício, na quarta-feira. "Hoje, do que ocorre na Venezuela depende a salvação do mundo." Depois disso, foi café pequeno dizer que, "se não fosse a revolução bolivariana, a Opep estaria liquidada" - gabando-se de ter levado o preço do barril de petróleo a US$ 100.Ficasse apenas nisso, Hugo Chávez seria apenas um problema que, mais cedo ou mais tarde, os venezuelanos teriam de resolver. Mas o coronel golpista, em seus delírios, acha que é o centro do universo - e se comporta como tal. Interfere abertamente nos assuntos internos da Bolívia, Equador e Nicarágua - e só não faz o mesmo no Peru e no México porque os presidentes Alan Garcia e Felipe Calderón rechaçaram energicamente suas intromissões. Usa o dinheiro do petróleo para ter ascendência sobre países e governos - como na Argentina. Quer entrar no Mercosul para mudar a sua estrutura, adaptando-a ao seu anticapitalismo. Agora, comunica à Comunidade Andina de Nações que voltará ao bloco se ele se sujeitar às condições do "socialismo bolivariano".Em resumo, não respeita nada e ninguém - mas há muito método em sua loucura. E às vezes encontra pela frente quem lhe imponha limites intransponíveis.É o que acaba de fazer o presidente Álvaro Uribe, da Colômbia. Há cerca de três meses, numa iniciativa surpreendente, o governo colombiano aceitou a mediação do coronel Hugo Chávez na tentativa de trocar militares, políticos e estrangeiros seqüestrados pelas Farc por guerrilheiros presos. Acreditava-se, à época, que o bom relacionamento de Chávez com membros da direção das Farc facilitaria as negociações, que estavam emperradas.Na quarta-feira à noite, o presidente Álvaro Uribe dispensou, de forma seca, mas protocolarmente correta, os serviços de Chávez. O caudilho abusara da confiança nele depositada pelo governo colombiano, tomando iniciativas que solapavam a autoridade do presidente Uribe e comprometiam a sua política de "segurança democrática" - que tem dado bons resultados na luta contra a narcoguerrilha.Nos termos acertados por Uribe e Chávez, três meses atrás, o mediador somente teria contatos com o presidente colombiano. Mas Hugo Chávez não respeitou o acordo e tratou diretamente com o procurador-geral da Colômbia, com a Igreja e com organizações da sociedade civil.Durante a Cúpula Ibero-Americana, em Santiago, Chávez perguntou a Uribe se poderia entrar em contato com o general Mario Montoya, comandante do Exército colombiano, e a resposta foi que isso não era conveniente. De Santiago, Hugo Chávez seguiu para Paris. Como não tinha avanços a relatar ao presidente Nicolas Sarkozy, interessado na libertação de Ingrid Betancourt - nem ao menos sabia se os seqüestrados cuja libertação estava negociando estão vivos -, o caudilho resolveu impressionar o presidente francês, revelando que teria um encontro com o líder das Farc, Manuel Marulanda, do qual também participaria o presidente Álvaro Uribe.A reação de Uribe foi imediata. Esclareceu que autorizara uma eventual reunião de Chávez com Marulanda, mas que dela não participaria, censurou o caudilho por revelar algo acertado em segredo e deu ao mediador prazo até o final de dezembro para completar sua tarefa.No dia seguinte, o impenitente Hugo Chávez ligou diretamente para o general Montoya para saber da situação dos seqüestrados. Foi o que bastou para que Uribe dispensasse os ofícios de Hugo Chávez. Que, aliás, já estava dizendo em praça pública que "a Colômbia e a Venezuela somos uma só pátria".

Fernando Henrique cobra PSDB unido

Por Eugênia Lopes e Ana Paula Scinocca
no Estado de São Paulo

O encerramento do 3º Congresso Nacional do PSDB foi marcado ontem por críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela cobrança de unidade partidária para que os tucanos voltem a assumir o Palácio do Planalto em 2011. A exemplo da véspera, coube ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso o discurso mais contundente.Ele disse que Lula não soube aproveitar a "herança bendita" deixada por sua gestão e desperdiçou tempo com "bazófias". "Tudo que está aí posto foi feito no meu governo, do Itamar Franco e do José Sarney também. E o Lula pensa que é o Pedro Álvares Cabral e descobriu o Brasil." Ele acusou o sucessor de ter escolhido o caminho dos escândalos em detrimento do "trabalho e do estudo" e refutou a tese de que o PSDB é o partido das elites. "Nunca vi no povo o preconceito contra quem estuda. É o preconceito de uma elitezinha apressada que se aboletou no poder e agora quer aboletar os bolsos com o dinheiro do poder", atacou. "O PSDB pode governar porque sabe governar, não é só fazer demagogia, não é só ter votos, mas saber o que fazer com os votos."Ao lado dos governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), principais presidenciáveis do PSDB, ele defendeu a união para o partido voltar à Presidência. "A condição (para a vitória) é a união", pregou. "Estamos aqui todos juntos para fazer um verão e que, deste verão, haja uma tempestade de votos no PSDB no ano que vem e em 2010."Em sua fala, Fernando Henrique previu que a crise na economia norte-americana deverá respingar no Brasil. "A tempestade lá fora pode reproduzir um chuvisco aqui. Talvez a época das vacas gordas esteja para desaparecer. Mas não temos medo, pois já governamos em épocas de vacas magérrimas."
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Senado gasta R$ 781,5 mil em "horas extras"

Por Andreza Matais
na Folha de São Paulo

Em dez meses, o Senado já pagou R$ 781,5 mil de salário extra para um seleto grupo de funcionários. A justificativa para o gasto é que esses servidores recebem uma espécie de bônus para que desempenhem atividades específicas para a Casa.A gratificação é concedida aos que participam de comissões especiais responsáveis por temas diversos, que vão do controle de compras até a organização de eventos, como os 200 anos da chegada de D. João 6º.A Folha apurou que alguns nomeados recebem a mais, nos seus salários, até R$ 4.000 sobre os valores brutos. A folha de pagamento "paralela" tecnicamente não é computada como salário, o que permite elevar acima do teto definido pela Constituição (de R$ 24.500) os vencimentos de servidores, que ainda acumulam horas extras, computadas depois das 18h30 em dias de sessões deliberativas, além de outras gratificações previstas em lei.De janeiro a 1º de março deste ano, foram prorrogadas 40 comissões e criadas quatro. Quem é indicado para trabalhar em uma comissão pode ganhar gratificações que variam de R$ 737,76 a R$ 1.106,64 e R$ 1.475,72, já incluídos os descontos. O valor depende do cargo de quem criou a comissão: se for o presidente do Senado ou o primeiro-secretário, eles são os mais altos. Se for pelo diretor-geral, a remuneração é mais baixa. A conta já chega a quase R$ 100 mil a mais por mês de gastos para o Senado nos primeiros meses do ano.A direção da Casa alega que o "extra" é necessário porque essas pessoas executam tarefas "que não são inerentes" à atividade principal. Funcionários da Casa (que não quiseram ter seus nomes divulgados) disseram que a associação de suas atividades à comissões é apenas um pretexto para assegurar a manutenção de aumento permanente nos salários de um grupo de servidores, que reúne os "apadrinhados políticos".Não há concorrência interna nem mecanismo de seleção para ser nomeado para uma comissão: as indicações são feitas pelo presidente da Casa, pelo primeiro-secretário ou pelo diretor-geral do Senado.Até quem participa de comissão para acompanhar serviços prestados por empresas terceirizadas tem direito à gratificação de R$ 1.475,72 -para qualquer compra feita pelo Senado são designados de dois a três servidores para atuarem como gestores do contrato.Já aquele que participa de comissão de sindicância para investigar funcionário também é contemplado. Há 15 comissões de sindicância em curso. Nesses dois casos de comissões de gestor de contrato e sindicância, os servidores podem acumular até três gratificações.Há comissão para tudo no Senado e muitas são prorrogadas por anos -a portaria de uma delas vem sendo reeditada desde 1999. Há comissões para planejar eventos, promover a participação do Senado em feiras e bienais, tratar dos tours feitos por turistas nos finais de semana, coordenar credenciamento de jornalistas, fazer inventários, assessorar a secretaria especial de informática.Karla Kalume preside a comissão especial de planejamento e orçamento do Prodasen: "A comissão se reúne para saber o andamento dos processos, tratar de informações orçamentárias, fazer a previsão orçamentária", disse. Apesar de informar que está "há anos" na comissão, não soube dizer quantas pessoas coordena nem o valor que recebe: "Isso depende". A comissão, disse, é integrada pelo "staff" do Prodasen, "são cerca de 11 pessoas".

Investigação do valerioduto chega a secretário de Aécio

Por Thiago Guimarães
na Folha de São Paulo

Embora centrada em episódios da campanha de 1998 à reeleição do ex-governador de Minas Gerais e hoje senador Eduardo Azeredo (PSDB), a denúncia da Procuradoria Geral da República sobre o valerioduto tucano deve afetar o futuro político de dois aliados de primeira mão do governador Aécio Neves (PSDB-MG).Os tucanos Danilo de Castro e Mauri Torres -secretário estadual de Governo e líder de Aécio na Assembléia Legislativa, respectivamente- avalizaram, em novembro de 2004, após as eleições municipais, empréstimo de R$ 707 mil que a agência de publicidade SMPB, então de Marcos Valério, tomou no Banco Rural. Ambos dizem ter atendido a um "pedido pessoal" de Ramon Cardoso, ex-sócio de Valério.A denúncia da Procuradoria pede que a conduta de Castro e Torres seja apurada pelo Ministério Público de Minas. Cita que as agências de Valério SMPB e DNA ganharam licitações no governo mineiro "justamente" sob Castro como responsável pelo certame. Em 2004, a SMPB também atendia o Legislativo mineiro.Ocorre que a Promotoria mineira já investiga o caso desde fevereiro de 2006, a partir de reportagem da Folha que revelou o episódio. Aguarda há meses o envio de laudo do Instituto Nacional de Criminalística sobre o destino do empréstimo, incluso na denúncia do procurador-geral, para definir o andamento da apuração.Se for comprovado, por exemplo, que o dinheiro abasteceu candidaturas municipais naquele ano, Castro e Torres -importantes operadores políticos de Aécio- deverão ser acionados por improbidade administrativa. Caso os recursos tenham circulado apenas dentro da SMPB, como alega Valério, a investigação é arquivada.A apuração do Ministério Público mineiro começou nas mãos de promotores de primeira instância. Em maio de 2006, Torres, então presidente da Assembléia, avocou foro privilegiado, ao qual tinha direito, e o procedimento "subiu" à Procuradoria-Geral de Justiça.A investigação pouco andou enquanto esteve na Procuradoria-Geral de Justiça. Houve apenas envio de ofícios a Castro e Torres para que se manifestassem sobre o empréstimo. As respostas foram curtas e semelhantes: ambos disseram desconhecer eventual destinação política do empréstimo e afirmaram que o aval fora apenas uma formalidade bancária.Em depoimento em outra apuração da Promotoria mineira, a que investiga exatamente o valerioduto tucano, Ramon Cardoso -ex-sócio de Valério- disse que o aval de Castro e Torres fora uma "ação entre amigos", uma idéia que surgiu durante uma reunião, em "um ato quase sem sentido", apenas para atender interesses dele e de seus ex-sócios.Como Torres deixou a presidência do Legislativo mineiro em 2007, a investigação voltou, em abril, para promotores de primeira instância. Outro ponto a emperrar seu andamento é a recusa, pelo Banco Rural, de enviar a documentação relativa ao empréstimo. O banco alegou sigilo bancário para não encaminhar o material.O procurador-geral da República também recomendou que o caso seja investigado sob enfoque criminal. A apuração da Promotoria mineira procura eventuais irregularidades na esfera cível, mas apenas seus desdobramentos poderão dizer se há crime no caso. Se os recursos tiverem tido como destino os próprios avalistas, por exemplo, eles poderão ser denunciados por corrupção (receber vantagem indevida em razão do cargo).

"A palavra como reforço à doença" por Roberto Pompeu de Toledo

O senador Renan Calheiros disse na semana passada que é vítima de um processo "esquizofrênico". Não foi a primeira vez. Ele tem mostrado, ao longo desses meses todos em que figura como pivô num leque de escândalos, especial queda pelo adjetivo "esquizofrênico". Nem é o único: "esquizofrênico", em sentido figurado, é usado por muitas pessoas, em muitas situações, mesmo que nem sempre, como é o caso de Renan Calheiros, seja fácil perceber o que querem exatamente dizer com isso. Não importa. Entenda-se a palavra como se entender, o caso é que seu uso e abuso, em sentido metafórico, faz mal aos portadores da disfunção chamada "esquizofrenia", a seus familiares e aos profissionais de saúde que lutam contra os preconceitos que envolvem os transtornos mentais. Ao lançarem mão do termo para demonizar uma ação ou um fato político ou social, demonizam, de quebra, aqueles aos quais o termo se refere em sentido próprio.
"Esquizofrênico", muito usada quando se quer ofender ou xingar, é apenas uma das muitas palavras que saíram do vocabulário da medicina para ganhar circulação livre e desimpedida em outras áreas. Num livro famoso da década de 70, A Doença como Metáfora, a escritora americana Susan Sontag chamou atenção para o uso indevido da palavra "câncer". Citou exemplos então ainda frescos na memória, como a frase com que o assessor John Dean alertou o presidente Richard Nixon do que ocorria no governo, à época do escândalo de Watergate: "Temos um câncer que cresce muito próximo da Presidência". O que Dean queria dizer é que havia algo de moralmente podre a corroer o governo. O câncer propriamente dito, por conseguinte, teria a ver com algo moralmente podre.
Susan Sontag focava seu livro no câncer e na tuberculose. A tuberculose exerceu no século XIX – inclusive no reino das metáforas – papel semelhante ao do câncer no século XX. Na década de 80 veio a aids, e a autora escreveu outro livro, como adendo ao anterior. Se já no caso do câncer não era difícil pespegar algum componente "moral" à doença (corria, na época da publicação de A Doença como Metáfora, a crendice de que havia pessoas "psicologicamente" propensas ao câncer, como aquelas que reprimem os sentimentos), mais razão ainda havia para fazê-lo no caso da aids. Num caso como no outro, muito mais ainda no da aids do que no do câncer, ao sofrimento físico do paciente acrescentava-se a culpa. O uso das palavras "câncer", ou "canceroso", e "aids", ou "aidético", em terrenos que não lhes são próprios, vinha se somar à carga de preconceitos cercando essas doenças, potencializando seus efeitos.
Se isso é verdade com relação ao câncer e, mais ainda, à aids, mais verdade ainda é com relação aos transtornos mentais, marcados por estigmas que não contam com patrulhas tão aguerridas e com o mesmo acesso à mídia quanto as que lutam contra o estigma da aids. Imagine-se se Renan Calheiros tivesse dito que os processos contra ele são "aidéticos". Ele sabe que não pode dizer isso. Mas não lhe ocorre, nem a ele nem a muitos outros, que o mesmo cuidado merecia ser estendido à palavra "esquizofrênico". Ou à palavra "bipolar", nome de outra disfunção mental que começa a cair no gosto de quem costuma lançar mão do vocabulário médico para outros fins.
"Transtornos mentais já em si são algo com que é difícil lidar, tanto para os pacientes como para os familiares", diz o psiquiatra Marco Antonio Marcolin, pesquisador da Universidade de São Paulo. "Qualquer mensagem que se refira a eles em sentido negativo vem aumentar o estigma. Ao aumentar o estigma, cai a adesão dos pacientes ao tratamento, um dos maiores problemas nos tratamentos psiquiátricos, compromete-se a compreensão dos parentes, multiplicam-se os custos para o sistema de saúde e reduz-se a empregabilidade dos portadores." Marcolin é presidente de honra da Fênix, ONG com sede em São Paulo e atuação em cinco estados, voltada para a organização de grupos de auto-ajuda de portadores de transtornos psiquiátricos e seus familiares. Um dos objetivos centrais da Fênix é o combate ao estigma que cerca tais pacientes.
Na maravilha da literatura universal que é o conto A Terceira Margem do Rio, de Guimarães Rosa, um homem um dia se despede da família, embarca numa canoa e nunca mais volta, decidido a passar o resto da vida a subir e descer o rio, subir e descer. A família se despedaça de tristeza e de vergonha. Por que o pai fez isso? A mais forte hipótese era: "doideira". O filho que narra a história, abalado como ninguém com uma situação que sofre sem compreender, nos dá conta de uma transformação que se operou na família: "Na nossa casa, a palavra doido não se falava, nunca mais se falou, os anos todos, não se condenava ninguém de doido". Doido, para nós das cidades, é uma palavra inocente, até meio engraçada, como "aloprado". Não nos sertões de Guimarães Rosa. Aquela gente do conto sabia, a seu modo, o poder destrutivo de uma palavra dessas, quando usada fora de lugar.

"Somos todos chipanzés" por Diogo Mainardi

O QI dos negros é mediamente inferior ao dos brancos. O QI dos brancos é mediamente inferior ao dos amarelos. O QI dos judeus é mais alto que o dos góis. As mulheres com ancas largas possuem um QI superior ao das mulheres com ancas estreitas. O leite materno faz aumentar o QI. O primeiro filho tem QI mais alto do que os demais. O desempenho intelectual de quem tem mais de 100 livros em casa é melhor do que o de quem tem menos de dez.
Isso é só uma amostra do que foi publicado recentemente sobre o assunto, em particular nos Estados Unidos. O debate costuma descambar para a pancadaria. É de bom-tom imputar as disparidades de QI entre um grupo e outro unicamente a fatores ambientais, tais como renda, perfil familiar, acesso à cultura e qualidade do ensino. Mas a natureza insiste em desafiar esses modelos igualitários. Os estudos feitos nos últimos anos parecem indicar que a capacidade intelectual tem também um forte componente hereditário.
Em que medida? Que sei lá eu. Um dos pioneiros das pesquisas nesse campo, Arthur Jensen, chutou que 50% do QI era decorrente de fatores ambientais e os outros 50% de fatores genéticos. À medida que seus estudos foram adiante, ele mudou o cálculo, atribuindo 20% do QI aos fatores ambientais e 80% à genética. James R. Flynn foi mais preciso. Num livro que acaba de ser publicado, ele estabeleceu que a inteligência é 36% genética e 64% um misto de genética e fatores ambientais.
A Slate fez um bom apanhado sobre as descobertas nessa área. Leia. Está na internet. Os dados sobre os negros incomodam tremendamente porque parecem fornecer argumentos à bestialidade racista. Os dados sobre os latino-americanos também. Mas patrulhar o debate científico apenas porque ele destrói nossas fantasias acerca da realidade é outra forma de obscurantismo. No fim das contas, o que os estudos sobre o QI acabam demonstrando é algo diametralmente oposto à supremacia racial: há tanta disparidade entre as pessoas de uma mesma etnia quanto entre os membros de uma mesma família. Por isso o sistema de cotas é nefasto: ele trata todos os negros como uma coisa só, passando por cima de suas habilidades individuais. No Dia de Zumbi, Lula defendeu o Estatuto da Igualdade Racial, essa asnice totalitária que pretende ampliar o sistema de cotas. É um atalho para o racismo.
Quanto a mim, desconfio dos testes de QI. Ter um QI acima da média pode ser útil na carreira de um engenheiro nuclear. Na carreira de um jornalista, por outro lado, com certeza só atrapalha. Acabei de fazer dois testes de QI, um imediatamente depois do outro. Em menos de dez minutos, meu QI aumentou 11 pontos. Tornei-me um Nobel. Mais do que isso: um Nobel escurinho. Passei a semana lendo análises sobre a capacidade mental de orientais desnutridos e sobre o peso do cérebro de defuntos de todas as cores. O resultado desse grande empenho foi que minha fantasia igualitária continuou de pé: somos todos uns chimpanzés.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

"A mídia do contragolpe" por Reinaldo Azevedo


E a Al Qaeda eletrônica prossegue com a sua Pirâmide da Impostura contra a VEJA, o Diogo, o Reinaldo, a “mídia golpista”... Hoje, até o momento em que escrevo este texto, recebi 1.365 comentários. Uns, sei lá, 40% vêm da terra dos mortos. Uns 10%, talvez, não puderam ser publicados porque, mesmo dizendo as coisas certas, os leitores exageram na impaciência. Compreendo, mas volto a recomendar moderação. “Mídia golpista”? Não: somos é a frente avançada — e avançada mesmo, porque estamos na liderança (e notem que não escrevi “vanguarda”, já explico por quê) — da “mídia do contragolpe”. É isto: de hoje em diante, leitores, nós somos a liderança do contragolpe.
Golpista é querer fazer do roubo uma ideologia.
Golpista é sustentar que as urnas dão ao vitorioso o direito de esbulhar as leis.
Golpista é usar a democracia para solapar a democracia.
Golpista é propor arranjos de cúpula em que os malandros se protegem contra os interesses do país e o espírito das leis.
Golpista é defender a Constituição com a mão direita e tentar fraudá-la com a mão esquerda.
Golpista é tentar fazer com que definições particulares de justiça corroam o estado de direito.
Golpista é aparelhar o estado.
Golpista é promover “eugenia ideológica” em órgãos públicos.
Golpista é separar o joio do trigo e escolher o joio.
Golpista é defender tiranias e ditaduras.
Somos a mídia do contragolpe.
Da Constituição democrática.
Dos métodos democráticos de mudar uma constituição democrática.
Da liberdade de expressão.
Do direito à plena informação.
Da verdade que não se deixa velar pela fantasia ideológica.
Do triunfo do fato sobre a empulhação da suposta redenção dos oprimidos.
Da sociedade dos homens livres, não-subordinados a corporações de ofício.
Das liberdades individuais.
Da livre empresa.
Do estado em minúscula.
Do Indivíduo em maiúscula.
E, por isso, estamos na liderança. Na revista. No blog. No colunismo. E falei “liderança”, não falei “vanguarda”. Porque a “vanguarda” vai muito adiante dos seus, com quem não dialoga. E o jornalismo de VEJA, o blog, os colunistas falam a uma massa imensa de leitores. Leitores que comungam de seus mesmos princípios. Leitores em número sempre crescente.Há um esforço enorme de intimidação. Tocadores de saxofone do petralhismo, que ainda serão promovidos a tocadores de tuba, abusam da ignorância da claque, mantendo-a na trevas da ignorância. São herdeiros de um tempo em que a informação só chegava a um grande número de pessoas depois de filtrada pelo “establishment” esquerdopata. Esse tempo acabou. Estamos diante dos estertores das baleias encalhadas. Morrerão na praia da impostura. São pesadas e estúpidas demais para dar meia-volta.Querem acuar a “mídia do contragolpe”. Usam para tanto, a desqualificação, o boato, a mentira, os aparelhos de representação corporativa no qual se aboletam, faceiros, sugando os recursos de um país pobre em benefício de benesses disfarçadas de ideologia. Mas não acuam ninguém.Somos a mídia do contragolpe. Não há nisso vocação missionária porque “missionários” são eles; sectários são eles; heréticos são eles. Continuaremos na liderança porque acreditamos, de fato, que a verdade liberta o homem da ignorância e do atraso e o protege das tiranias.E sei bem: para “eles”, nada pode ser mais irritante. Que isso valha por um pequeno manifesto. Multipliquem este texto. Eles que se calem. Porque, é claro, nós falamos. Em defesa da democracia e do estado de direito.

Mas a imprensa não é golpista?

Os jornais de hoje dão amplo destaque à denúncia do procurador geral da República Antônio Fernandes Souza contra os envolvidos no mensalão mineiro. Isso me fez lembrar a tese imbecil dos lulistas bolivarianos de que a imprensa é golpista, de que ela odeia Lula, de que ela provocou o segundo turno nas eleições presidenciais no ano passado. Vejam as capas dos jornais de hoje. Destacam o mensalão mineiro, o envolvimento do senador tucano Eduardo Azeredo. Daí você se pergunta: Mas a imprensa não é golpista? Vamos esperar as repostas dos donos da verdade.

Cidinho é o picolé de chuchu

O governador de Goiás Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, concedeu uma entrevista para o jornal O Popular. Nela, o governador defende a reforma administrativa e diz que seu governo não é uma ditadura, que ninguém é o dono da verdade. Cidinho mantém este discurso morno há muito tempo. Sempre que alguém pergunta sobre questões complicadas no governo Cidinho responde que está conversado, que está negociando.
Aliás, vale a pena ressaltar que Cidinho se manifesta na imprensa catorze dias depois de anunciada a reforma. Neste meio tempo tivemos feriados e Cidinho viajou para sua fazenda no Pará. Sempre que a coisa aperta no estado paquidérmico Cidinho arruma as malas e viaja.
Ano passado o então candidato à presidência Geraldo Alckmin foi apelidado de picolé de chuchu. Cidinho é mais picolé de chuchu do que Alckmin. Cidinho é morno, não tem gosto, é aguado demais. É bem capaz do chuchu Cidinho voltar atrás em vários pontos da reforma para não desanimar seus aliados.

Mais um do mensalão (agora do PT)

Sai Walfrido dos Mares Guia do Ministério das Relações Institucionais por causa do seu envolvimento no mensalão tucano. Quem Lula coloca no seu lugar? José Múcia, deputado federal do PTB envolvido no mensalão, mas desta vez o mensalão petista. Que coisa, não? Lula só se cerca de pessoas envolvidas em algum esquema de corrupção. Fazer o quê. É ele quem escolhe os assessores e os ministros. Se ele escolheu um mensaleiro para cuidar das relações institucionais o problema é dele. Lula adora ser rodeado por mensaleiros e aloprados. Fazer o que. Se ele gosta o problema é dele.

Vizinhos difíceis

Editorial do Estado de São Paulo

O governo boliviano prepara mais um desaforo ao Brasil: planeja propor moratória de cinco anos para todos os programas de expansão de etanol, segundo disse ao Estado, em Genebra, o relator especial da ONU sobre o Direito à Alimentação, o suíço Jean Ziegler. Se a ameaça se materializar, o governo brasileiro terá de mobilizar seus diplomatas para cuidar de mais um problema causado por um vizinho. A agenda de acertos na vizinhança poderá ficar complicada nas próximas semanas. O governo argentino planeja convencer os parceiros do Mercosul a seguir seu exemplo, tributando as exportações agrícolas. Se ainda tiverem algum juízo, as autoridades brasileiras deverão rejeitar a proposta, que só pode interessar aos próprios argentinos. O governo brasileiro tem parte da responsabilidade por esses problemas, pois tem sido incapaz de afirmar os interesses legítimos do Brasil diante de seus vizinhos e de outros "aliados estratégicos". A campanha contra o etanol começou, há meses, por iniciativa de Fidel Castro, logo seguido pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, e pelo boliviano Evo Morales. O movimento contra o etanol foi lançado antes do próprio Ziegler apresentar, no mês passado, a idéia da moratória. Segundo o relator da ONU, a produção de biocombustíveis prejudicará a oferta de alimentos e será desastrosa para as populações mais pobres. Governo e produtores brasileiros contestaram os estudos mencionados por Ziegler e deixaram clara a diferença entre o uso da cana, adotado no Brasil, e o de milho, nos Estados Unidos. Mas a argumentação racional é pouco eficiente contra teses sustentadas com paixão e demagogia. Ao propor a moratória, o governo boliviano tentará interferir numa decisão econômica - a de produzir etanol - de alçada exclusiva dos brasileiros. Quando o presidente Evo Morales mandou tropas do Exército contra instalações da Petrobrás, autoridades brasileiras defenderam seu gesto como um ato soberano. Nem sequer atentaram para a diferença entre violação de soberania e o mero rompimento de contratos. Serão capazes de reagir com a mesma ênfase, quando e se as autoridades de outro país tentarem regular a pauta brasileira de produção agrícola? Além do mais, a tese da moratória, lançada há quase dois meses por Ziegler, envolve implicitamente uma tentativa de responsabilizar o Brasil pelas condições de abastecimento nos países mais pobres. O Brasil pode exportar alimentos para esses países. Pode fazer doações, em certas circunstâncias. Mas não tem sentido condicionar sua política agrícola aos interesses de quaisquer países. Se há fome em regiões da África não é por culpa do Brasil. Organismos internacionais, como a própria ONU e o Banco Mundial, foram incapazes de promover o desenvolvimento da agricultura nessas áreas e o problema ainda foi agravado pelos subsídios concedidos a produtores do mundo rico. A análise de Ziegler está obviamente desfocada.Quanto à idéia argentina de taxação das exportações agrícolas, é inteiramente inaceitável do ponto de vista brasileiro. O governo de Buenos Aires decidiu tributar os produtos agrícolas vendidos ao exterior por dois motivos - para reforçar o Tesouro, em situação precária há muitos anos, e para regular o abastecimento interno e conter a inflação. Com a alta das cotações no mercado internacional, a taxação foi absorvida mais facilmente pelos produtores. Seria uma enorme insensatez, no entanto, adotar uma política semelhante no Brasil. Isso apenas tornaria os produtos brasileiros menos competitivos. Mas há quem defenda essa tolice, como forma de reduzir o superávit comercial. Os concorrentes dos produtores brasileiros ficariam muito gratos. O governo argentino deve apresentar a sugestão na próxima reunião de cúpula do Mercosul, em dezembro. No mesmo encontro, o governo brasileiro poderá cobrar a eliminação de barreiras impostas nos últimos anos a vários produtos brasileiros - como geladeiras, calçados e tecidos para jeans. Se as autoridades brasileiras quiserem mesmo conversar em termos razoáveis sobre esses assuntos, devem aproveitar a oportunidade. Será muito mais difícil quando o presidente Hugo Chávez participar plenamente das deliberações do Mercosul, como defendem os estrategistas do Planalto.

Manobra por terceiro mandato é nazista, diz FHC

Por Ana Paulo Scinocca
no Estado de São Paulo

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem, no primeiro dia do 3º Congresso Nacional do PSDB em Brasília, que não é possível o Brasil aceitar "recuo nenhum" dos princípios democráticos e nada que leve à idéia de continuísmo. "Não há mais razão para que se discuta um enésimo mandato." Aplaudido de pé, FHC disse que o atual governo tem feito uma "confusão nociva" à democracia. "Estão confundindo manobras que levam a consultas e plebiscito com democracia", observou. "Hitler e Mussolini foram eleitos, ainda que ditadores." Em discurso de improviso de 39 minutos, o ex-presidente foi a estrela do evento, que termina hoje, e cobrou de seu sucessor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma declaração firme de que é contrário ao terceiro mandato. "Espero que o presidente Lula, com mais clareza, diga agora: Sou contra", afirmou. "Há que dizer ao País, e não dizer como disse a respeito do mensalão, que não se sabe, não está provado. Precisamos renovar o sentimento profundo dos valores da democracia, e não se trata apenas das eleições", observou. "Presidente não pode passar a mão na cabeça de aloprado nenhum. Lugar de aloprado é no hospício, e não próximo ao presidente. E lugar de ladrão, sem dúvida, é na cadeia."FHC ressaltou que não estava acusando o presidente de tal manobra. "Se eu estivesse acusando o presidente Lula, teria de propor seu impeachment", afirmou. "Estou dizendo que existe esse risco e esse risco está no ar e em ações que comecem a se organizar." Ao ressaltar que no atual governo houve avanços - "não nego, não é o meu estilo" -, FHC advertiu: "Avançamos em setores, mas regredimos na democracia. Deixamos que nosso país se amesquinhasse. Não é preciso ser vulgar para ser popular." Interrompido por gritos de "volta, volta", Fernando Henrique fez elogios ao governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas, Aécio Neves. Os dois fizeram discursos rápidos. Serra mencionou aspectos fundamentais para o desenvolvimento do País. Chamou atenção o comentário de Aécio, que chegou atrasado enquanto Serra discursava. "Me senti pela primeira vez na vida como o Serra, o último a chegar sempre e a atrapalhar o discurso do outro. Por isso peço desculpas."O presidente do PTB, Roberto Jefferson, participou do principal painel do evento tucano. O presidente do PPS, Roberto Freire, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e o senador Marco Maciel (PE), ambos do DEM, e o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) também estiveram no congresso.

Bancada do PTB deixa bloco de apoio a Lula no Senado

Por Andreza Matais
na Folha de São Paulo

A bancada do PTB no Senado se desligou ontem do bloco de apoio ao governo e decidiu que irá atuar de forma independente na votação da emenda que prorroga a CPMF por mais quatro anos e nas demais proposições. A decisão coincidiu com a saída do ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais), que é do PTB, do governo. Mares Guia foi acusado de envolvimento no escândalo tucano.O partido tem sete votos, dois deles- dos senadores Mozarildo Cavalcanti (RR) e Romeu Tuma (SP)- já declarados contra a contribuição. Na prática, o PTB continuará na base de apoio do governo, mas não se submeterá mais às orientações do bloco, o que obrigará o Planalto a negociar com o partido em cada votação.A decisão da bancada foi uma retaliação à líder do bloco e do PT na Casa, Ideli Salvati (PT-SC). Há duas semanas, ela substituiu Mozarildo Cavalcanti na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) para evitar que ele votasse contra a emenda que prorroga a CPMF.A bancada também estava insatisfeita com o Planalto que privilegiou a oposição na discussão da CPMF."Vamos ter vida própria, não vamos ter uma pessoa que tira e bota membros das comissões", afirmou o líder do PTB no Senado, Epitácio Cafeteira (MA). Segundo ele, a bancada terá independência agora, sem obedecer às ordens da líder do bloco.Ideli não comentou o assunto. Para outros líderes da base, a saída do PTB é mais um fator contra a CPMF. "Causa efeito negativo para o governo neste momento e dificulta a articulação da base", disse o líder do PSB, Renato Casagrande (ES).O líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), minimizou. "O partido tomou a decisão que entendeu melhor, não vejo prejuízos", disse.Mozarildo disse que a decisão de deixar o bloco é irreversível e que isso significa ter independência da base aliada. "Não queremos ser tratados como partido de segunda categoria. Além do meu afastamento, já havia outros fatores que se acumulavam", disse.Com a saída do PTB, o bloco governista no Senado agora será composto por PT, PR, PSB, PCdoB, PRB e PP. Dos partidos que apoiam o governo, o PDT não integra o bloco governista e atua de forma independente.A bancada do PTB conta com Romeu Tuma (SP), Epitácio Cafeteira (MA), Sérgio Zambiazi (RS), Gim Argello (DF), João Vicente Claudino (PTB-PI) e Fernando Collor de Mello (AL), que está licenciado.

Novo ministro já foi citado no mensalão

Por Rubens Valente
na Folha de São Paulo

O novo ministro das Relações Institucionais do governo Lula, José Múcio (PTB-PE), é citado na denúncia do mensalão entregue ao STF (Supremo Tribunal Federal) como um dos articuladores do acordo fechado entre as cúpulas do PT e PTB que previa o pagamento de R$ 20 milhões dos petistas aos petebistas. Parte desses recursos foi paga por meio do esquema de caixa dois comandado pelo ex-tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares, e pelo publicitário Marcos Valério.O nome de Múcio aparece numa nota explicativa que reproduz o depoimento do ex-tesoureiro informal do PTB, Emerson Palmieri. Ele revelou à Polícia Federal que Múcio manteve reuniões com o ex-presidente nacional da sigla, Roberto Jefferson (RJ), com Delúbio e outros petistas para tratar de dinheiro para cobrir gastos petebistas de 2004.O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, afirmou, em sua denúncia, que o esquema PT-PTB começou em julho de 2003, quando o deputado José Carlos Martinez (PR) presidia o PTB. Cerca de R$ 1 milhão foi enviado pelo PT até outubro daquele ano, mês em que Martinez morreu num acidente aéreo.O partido elegeu então Jefferson presidente nacional e José Múcio, líder do partido na Câmara. No segundo trimestre de 2004 ocorreram reuniões entre as cúpulas partidárias."Como resultado do acordo estabelecido com o núcleo central da quadrilha entre os meses abril e maio de 2004, (...) Jefferson e Emerson Palmieri, no mês de junho de 2004, receberam na sede nacional do PTB, diretamente de Marcos Valério, a importância de R$ 4 milhões (...)", diz a denúncia.No rodapé da descrição, Souza lembrou: "Vide, entre outros, depoimento de Emerson Palmieri, especialmente: "Que participaram como representantes do PTB, o presidente do partido, Roberto Jefferson, o líder do PTB na Câmara dos Deputados, José Múcio, e o declarante, e pelo PT, o presidente José Genoino, o tesoureiro Delúbio Soares, Silvio Pereira e Marcelo Sereno".Palmieri confirmou as reuniões em depoimento que prestou à CPI do Mensalão.Não citados pelo procurador em sua denúncia, outros depoimentos dados em 2005 por Jefferson, pelo ex-ministro das Comunicações Miro Teixeira e por Palmieri demonstram que Múcio tinha conhecimento do esquema do mensalão desde, pelo menos, o final de 2003 -o caso só viria a público em 2005, após Jefferson denunciá-lo, em entrevista à Folha.Mesmo sabendo que o PT e integrantes do governo se valiam de um tipo de cooptação política que envolvia pagamentos, Múcio manteve silêncio.Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, Miro Teixeira afirmou: "Eu confirmo que Roberto Jefferson esteve comigo e fez menção a isso que agora se chama de mensalão. Fez menção, porque me visitou acompanhado do deputado Múcio e do deputado [João] Lyra para me convidar a entrar no PTB. Isso foi no final de 2003 [...] Já ia lá pelo vigésimo minuto a conversa, que durou uns 30 minutos, quando ele disse: "Olha, inclusive, o PTB não entrou nessa história de mesada. Deputado do PTB não recebe mesada". Perguntei: "Que mesada, Roberto?'".Em depoimento no Congresso, Jefferson contou que ele e Múcio lutavam para evitar que petebistas fossem cooptados pelo Planalto: "Eu e o Múcio vivíamos um dia-a-dia de sofrimento com alguns companheiros que fraquejavam".Procurado ontem, o novo ministro não foi localizado. Ele disse em 2005 ao Conselho de Ética da Câmara que ouvira apenas "rumores" sobre o mensalão e que não discutiu o assunto com Delúbio.

Denúncia de corrupção de tucanos derruba Walfrido

Da Folha de São Paulo

O PROCURADOR-GERAL da República, Antonio Fernando Souza, denunciou 15 pessoas, entre elas o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia (PTB-MG). Ele os acusa de terem desviado R$ 3,5 milhões de verba pública para a campanha derrotada de Azeredo à reeleição ao governo mineiro em 1998. Antonio Fernando apontou crimes de peculato e lavagem de dinheiro e afirmou que o esquema do publicitário Marcos Valério foi "o laboratório" do mensalão petista.Apresentada no primeiro dia do Congresso do PSDB, a denúncia constrangeu o partido, que se dividiu em relação a Azeredo. O escândalo atingiu também o Planalto: Walfrido deixou a coordenação política do governo. O deputado José Múcio (PTB-PE) assume o Ministério das Relações Institucionais. Seu posto de líder do governo na Câmara será ocupado por Henrique Fontana (PT-RS). Azeredo disse que "nunca houve mensalão em Minas Gerais". Walfrido classificou a acusação de "injusta e improcedente".

O mensalão petista deu certo

O mensalão petista deu certo. Já o mensalão tucano deu errado. Eduardo Azeredo não foi reeleito governador de Minas Gerais nas eleições de 1998. Bem que Marcos Valério deu a sua colaboração. Como os tucanos só fazem tudo errado, o carequinha foi puxar conversa com Delúbio Soares. Deu no que deu.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Ele renunciou, não foi demitido

Por conta das denúncias de que estaria envolvido até o pescoço no escândalo do mensalão mineiro, Walfrido dos Mares Guia renunciou ao cargo de ministro das Relações Institucionais de Lula. Sim, ele renunciou. Não, ele não foi demitido. Quando Lula o chamou para o cargo sabia sim das trapalhadas de Walfrido lá em Minas. Mesmo assim o chamou para o cargo.
Devemos ficar atentos. Mais um ministro de Lula renunciou ao cargo. Não, Lula não demitiu. Foi assim com José Dirceu, Antônio Palocci e outros integrantes da quadrilha petista que assaltou o estado brasileiro. Eles pediram demissão, não foram demitidos. Lula quer mostrar para os brasileiros que isso é tudo igual. Não é! Ele renunciou, não foi demitido. Tem muita diferença.

Rubens Otoni é um brincalhão

O Diário da Manhã fez uma pesquisa de opinião sobre a possibilidade de Lula disputar um terceiro mandato em 2010. A capa do jornal fala que a elite é contra e o povo a favor. Além disso, o jornal entrevistou políticos e outras lideranças. A frase do deputado federal petista Rubens Otoni é engraçada. Diz ele: “Sou contra. Quem mudou a regra para se beneficiar politicamente foi o PSDB” Epa! Rubens Otoni é contra um terceiro mandato lulista, mas fala que foi o PSDB que mudou a regra do jogo. Epa! Foi no governo tucano de Fernando Henrique Cardoso que a reeleição foi aprovada. Aliás, vale lembrar que os petistas foram totalmente contrários à idéia. Daí fica a pergunta: então por que Lula disputou a reeleição no ano passado? Se, segundo o petista, o PSDB mudou a regra para se beneficiar politicamente, o que dizer do esperto Lula em sempre criticar a reeleição e disputar o segundo mandato no ano passado? Rubens Otoni é um brincalhão mesmo.
Lula foi contra a reeleição e mesmo assim disputou-a. Muitas coisas vindas do governo anterior foram incorporadas a este governo. Os programas sociais lulistas foram agrupamentos de outros programas criados no governo anterior. Quem vê um Lula defensor da prorrogação da CPMF talvez não se lembre do Lula contra a criação deste imposto. O Lula que tanto criticava a política econômica do governo anterior repete o mesmo mecanismo utilizado no passado. A oposição incompetente não consegue mostrar que Lula continuou muita coisa iniciada no governo Fernando Henrique Cardoso. Rubens Otoni sabe que Lula copiou muita coisa do governo do PSDB. Só não fala isso porque ele também quer se beneficiar politicamente.

Receita mostra que CPMF é luxo

Editorial do Estado de São Paulo

O governo federal só precisa da CPMF, o imposto do cheque, porque seus gastos continuam crescendo muito mais rapidamente do que a produção de bens e serviços. Para sustentar a gastança, também a arrecadação tributária tem de tomar fatias cada vez maiores do Produto Interno Bruto (PIB), como vem ocorrendo, mais uma vez, neste ano. De janeiro a outubro, o governo central arrecadou - sem contar a receita previdenciária e já descontado o dinheiro restituído aos contribuintes - R$ 338,72 bilhões em valores correntes, R$ 35,7 bilhões a mais que o total projetado no início do ano. No mesmo período, a receita da CPMF chegou a R$ 29,6 bilhões, também medida em preços correntes. Descontada a inflação, a receita de impostos e contribuições, incluída a arrecadação previdenciária, foi 10,4% maior que a de um ano antes. Esse crescimento deve ter sido pelo menos o dobro da expansão do PIB entre os dois períodos. Apesar disso, insistem os funcionários e ministros da área econômica, não houve aumento da carga tributária. A arrecadação maior, garantem, reflete apenas o crescimento econômico e a melhora da administração tributária. Haja melhora para explicar todo esse aumento. Com todos os valores ajustados para os preços de outubro, o governo arrecadou em 10 meses R$ 491,1 bilhões, 10,2% mais que nos meses correspondentes do ano anterior. Subtraindo-se toda a CPMF coletada neste ano, sobram R$ 461,06 bilhões. Esse valor ainda é R$ 15,28 bilhões maior que a arrecadação de janeiro a outubro de 2006 (R$ 445,78 bilhões), incluída a CPMF. Em outras palavras: se nenhum centavo dessa contribuição tivesse ido para os cofres da União, a receita ainda teria crescido 3,4% em termos reais e a carga tributária teria diminuído apenas ligeiramente, mantendo-se ainda muito elevada para o nível de desenvolvimento do Brasil. O efeito poderia ser um crescimento econômico maior, com reflexo benéfico na própria arrecadação tributária neste e nos próximos anos. Mas o governo assegura não poder dispensar a receita daquela contribuição e só aceitou uma redução paulatina da alíquota, nos próximos anos, para conseguir o apoio do PMDB à renovação do tributo. Com a redução, a alíquota chegará a 0,30% em 2011. Suponha-se que essa fosse a alíquota neste ano. A arrecadação da CPMF, em valores de outubro, teria ficado em R$ 23,71 bilhões em 10 meses. A arrecadação total do governo teria sido de R$ 484,77 bilhões. Teria havido, nesse caso, um crescimento real de 8,7% em um ano, e a carga tributária ainda estaria aumentando. Mas o governo, segundo o presidente da República e os ministros econômicos, não poderia contentar-se com isso. Não teria, de acordo com eles, como manter os investimentos e os gastos sociais. O argumento é obviamente falso e não convence nenhuma pessoa razoavelmente informada. O governo federal não consegue controlar sua fome de impostos principalmente por ser incapaz de conter a expansão dos gastos de custeio.Boa parte do aumento desses gastos, neste ano, decorreu de generosidades eleitorais. O presidente Lula continuou, no ano passado, a conceder aumentos salariais ao funcionalismo e a inflar a folha de pagamento. Além disso, o governo federal continuou contratando servidores - e não só para substituir pessoal terceirizado, como já foi provado com dados oficiais. O salário mínimo também continuou crescendo mais que a inflação e engordando as despesas previdenciárias. O que atrapalha os investimentos federais não é a escassez de recursos, mas a falta de competência gerencial para formular e executar projetos. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, admitiu ontem que foram aplicados até agora somente R$ 5 bilhões em projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Esse valor é um terço do planejado para este ano. Além do mais, boa parte dos investimentos em infra-estrutura teria de ser feita com recursos do setor privado, por meio de parcerias ou de concessões, mas o governo tem sido muito lento na definição dos critérios e na execução de leilões. A desculpa oficial é a necessidade de muito cuidado nesses processos. Com mais competência administrativa, o governo poderia fazer muito mais com o mesmo dinheiro ou até com menos. Mas boa gestão, para o presidente, é sinônimo de gastança e de aumento da folha.

Mares Guia acerta afastamento do cargo com Lula

Por Tânia Monteiro e Denise Madueño
no Estado de São Paulo

Diante dos indícios de que pode mesmo ser denunciado pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, no caso do mensalão mineiro, o ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia, acertou ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o seu afastamento do governo."Saindo a denúncia, ele já disse ao presidente Lula que leva apenas uns 15 minutos para deixar o governo", disse ao Estado o líder do governo na Câmara, José Múcio Monteiro (PTB-PE).O "candidato natural" ao cargo é o próprio José Múcio, que é do mesmo partido de Mares Guia, o PTB. Ele se recusou a falar com o Estado sobre a possibilidade de substituir o ministro, mas um assessor de Lula disse ontem à noite que, "mesmo não estando batido o martelo, essa é uma hipótese muito provável". O procurador deve apresentar a denúncia do caso do mensalão mineiro até amanhã ou, no mais tardar, no início da semana que vem.Inquérito da Polícia Federal aponta o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) como mentor e principal beneficiário do esquema de arrecadação ilegal de recursos nas eleições de 1998, quando disputou - e perdeu para Itamar Franco - a reeleição ao governo de Minas. O inquérito relaciona 36 envolvidos, incluindo Mares Guia.O ministro já admitiu ter feito empréstimo de R$ 511 mil para cobrir dívidas de campanha de Azeredo não-declaradas. Segundo o relatório da PF, Mares Guia teria indicado políticos para receber dinheiro da campanha do tucano e ajudado a levantar um empréstimo no Banco Rural, mas ele nega ter participado da campanha.
TEMPO PARA DEFESA
Nos últimos dez dias, Mares Guia conversou formalmente com o presidente três vezes. Na semana passada, contou-lhe que indícios colhidos por seus advogados apontavam para a hipótese de ser denunciado. Anteontem e ontem, em mais duas audiências no Planalto, ficou definido que ele deixaria mesmo a pasta, "para se defender adequadamente". O ministro disse a Lula que não tinha como compatibilizar a articulação política com a defesa pessoal no processo mineiro e previu que pode precisar entre "15 e 30 dias para se defender".No fim da tarde de ontem, o presidente cancelou sua agenda depois da audiência das 16h45 com integrantes do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, não recebeu às 18 horas a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), e antecipou a audiência com o ministro, que estava inicialmente marcada para as 19 horas. A conversa durou mais de duas horas. Em um primeiro momento, Mares Guia seria mesmo afastado. A saída definitiva do governo dependerá de sua defesa e do andamento do processo. O caso do ministro agita o Planalto mais fortemente desde terça-feira, quando foi confirmado que o procurador-geral da República havia juntado novos documentos com provas sobre o mensalão federal e terminara o parecer sobre o mensalão mineiro, que também deve denunciar Azeredo.
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Governo Chávez usa recursos oficiais em manifestação

Por Fabiano Maisonnave
na Folha de São Paulo

Faltando apenas 11 dias para o referendo sobre a reforma constitucional proposta pelo presidente Hugo Chávez, estudantes pró-governo e oposicionistas voltaram ontem às ruas de Caracas em manifestações sem incidentes graves.O evento mais volumoso foi o governista, que reuniu vários milhares de pessoas na praça Venezuela, região central da capital venezuelana. Como tem sido a praxe em manifestações pró-Chávez, a marcha contou com o apoio da máquina do Estado para trazer estudantes de várias partes do país, além da distribuição de água e de camisetas vermelhas."Este governo cometeu muitos erros, mas nos trouxe mudanças enormes, sobretudo na educação. É um direito que todos temos, mas antes éramos excluídos", disse o agricultor Carlos Tovar, 26, porta-voz dos estudantes do Estado de Apure (sudoeste) da Missão Ribas, que dá bolsas mensais de R$ 223 (câmbio oficial) para quem cursa o ensino médio.Questionado sobre quais seriam os erros, Tovar disse que [Chávez] "deu muita corda para a oposição, mas isso acabou, não podemos mais tolerar mentiras". Segundo ele, vieram 437 estudantes de sua cidade, todos em ônibus fornecidos pelo governo, via Missão Ribas."A reforma é necessária para aprofundar o socialismo humanista e assegurar o mínimo para a população", disse à Folha o estudante bolivariano Robert Sierra, do alto do palco montado para o evento."Nós concebemos Hugo Chávez não apenas como presidente da República. Ele é o líder indiscutível da revolução bolivariana e o máximo chefe das tropas revolucionárias. Se o povo não quiser Chávez, ele será retirado", respondeu, sobre a inclusão da possibilidade de reeleição presidencial ilimitada na reforma.Nomeado por Chávez para a recém-criada Comissão Estudantil Presidencial, Sierra, 20, estuda direito na exclusiva Universidade Católica Andrés Bello (Ucab), um dos principais redutos oposicionistas. Ele tem sofrido agressões verbais na universidade e uma vez foi atacado na lanchonete com copos e bolinhas de papel.Questionado sobre o uso de dinheiro público na manifestação, Sierra disse: "O povo está fazendo uso dos dólares do petróleo. Antes, o dinheiro era de uma elite que pagava a passagens dos gerentes [da estatal PDVSA] para Miami, para conhecer o Mickey Mouse. Hoje, paga a mobilização desse povo e o alimenta para apoiar a revolução bolivariana".

Oposição

A concentração oposicionista, por outro lado, reuniu apenas algumas centenas de pessoas na praça Brión, a apenas duas estações de metrô da manifestação governista.A novidade, do lado da oposição, é que os estudantes finalmente anunciaram que votarão no referendo em favor do "não". Os líderes estavam divididos entre comparecer às urnas e apenas fazer concentrações de rua. "Vai ser um claro chamado pelo voto, mas também será claro o chamado para se manter nas ruas. Na Venezuela há uma reforma constitucional ilegítima que, se for aprovada, violará os direitos constitucionais de todos os venezuelanos", disse à Folha Yon Goicoechea, um dos principais líderes estudantis de oposição.A reforma constitucional proposta por Chávez modifica 69 dos 350 artigos da Constituição e assegura mais poderes ao presidente da República.

BB financiou "mensalão", afirma Antonio Fernando

Por Silvana de Freitas
na Folha de São Paulo

O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, disse ontem que as novas provas sobre o mensalão entregues ao STF (Supremo Tribunal Federal) são perícias feitas pelo Instituto de Criminalística da Polícia Federal que rastrearam o dinheiro movimentado no esquema, entre as quais uma que comprovaria o uso de verba pública no caso do fundo Visanet.O procurador-geral Antonio Fernando disse que os laudos periciais são importantes porque confirmam o teor de depoimentos prestados por testemunhas no início das investigações e fortalecem as acusações."Na verdade, grande parte [da denúncia criminal] foi com base em testemunhas, e agora a prova pericial veio e constatou que aquilo que se falava era verdade", afirmou o procurador-geral. "São perícias que mostram que o dinheiro x fez tal rota e foi para a conta y."No caso do fundo Visanet, a Polícia Federal rastreou, desde a sua origem, a verba utilizada em pagamentos à empresa DNA, do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, feitos com recursos de cota do Banco do Brasil no Visanet, no valor de R$ 73,8 milhões. O banco sempre negou que o dinheiro fosse público.Ontem, o procurador-geral afirmou que os laudos periciais também incluem movimentações feitas pela SMP&B, outra empresa de Marcos Valério.Antonio Fernando disse que ele e o relator da ação penal do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, decidiram não divulgar os documentos porque há neles informações bancárias que são sigilosas.
Perícias
As perícias começaram a ser produzidas ainda na fase de inquérito, mas só foram concluídas depois que o procurador-geral ofereceu a denúncia criminal contra os 40 réus, em março de 2006.Por isso ele aguardou a abertura da ação penal, decidida pelos ministros do STF em agosto último, e a publicação do acórdão desse julgamento, há duas semanas, para encaminhá-las ao relator da ação penal, ministro Joaquim Barbosa. A pedido do procurador-geral, Barbosa determinou o envio de alguns documentos do mensalão para o Ministério Público do Estado de Minas Gerais.Além de entregar as perícias à corte, Antonio Fernando também recorreu ao Supremo sugerindo que esclareça a parte do acórdão [síntese da decisão de abertura da ação penal] relativa à acusação de prática de crime de lavagem de dinheiro pelo publicitário Duda Mendonça, porque considera que ela ficou imprecisa.O STF também recebeu recursos, chamados embargos de declaração, dos seguintes réus: José Dirceu, João Paulo Cunha, Marcos Valério, Roberto Jefferson, Rogério Tolentino, Kátia Rabello e Valdemar Costa Neto. Alguns deles contestam a validade de provas obtidas antes da abertura da ação penal.

A laranjada petista

Por Mário César Carvalho e José Ernesto Credencio
na Folha de São Paulo

A Polícia Federal pediu autorização à Justiça federal para abrir um inquérito específico para investigar por que duas empresas de laranjas doaram R$ 500 mil para o PT.A doação de R$ 500 mil foi feita por duas empresas da Bahia, a Nacional Distribuidora e a ABC Internacional, que fariam parte de uma esquema de fraude em importações que seria controlado pela Cisco. Cada uma das empresas aparece em recibos com tendo doado R$ 250 mil, conforme a Folha revelou no último domingo.Os supostos sócios das empresas não teriam condições de fazer uma doação desse porte, segundo os policiais. A Nacional, por exemplo, seria controlada por uma pessoa cujos rendimentos em 2006 somam R$ 17.493,32 (R$ 1.460 por mês).A interpretação da PF é que a Cisco, a maior empresa de rede de computadores do mundo, usou as duas empresas de laranja para dar dinheiro ao PT.Em troca da doação, ainda de acordo com os policiais, o PT teria ajudado uma distribuidora da Cisco, a Damovo, a ganhar um leilão eletrônico da Caixa Econômica Federal de R$ 9,9 milhões. Para a polícia, a Caixa mudou um edital para que a Damovo ganhasse a disputa.A Caixa diz que o edital não sofreu mudanças. A Damovo também nega ter sido beneficiada na disputa. O diretório nacional do PT informou que o partido não tem como verificar se uma empresa que doa está envolvida em fraudes.A polícia tem dois tipos de indícios de que a Cisco é a real doadora do dinheiro. Um dos indícios são as conversas telefônicas de dois executivos da empresa no Brasil.Carlos Carnevali Júnior, diretor de vendas da Cisco, e Sandra Tumelero, gerente que atendia a Caixa, foram flagrados falando sobre a doação. Outro indício são os recibos de doação. Eles foram apreendidos com Marcelo Ikeda, diretor de vendas da Mude, maior distribuidora da Cisco.O pedido da abertura do novo inquérito foi feito pela delegada Erika Tatiana Nogueira, que preside a investigação sobre a Cisco. A investigação não deve se restringir às doações de R$ 500 mil. Outras 16 empresas que fizeram doações ao PT neste ano. O motivo é o valor elevado que o PT arrecadou num ano sem eleições. Entre fevereiro e setembro deste ano, o partido recebeu R$ 6,22 milhões. O valor é o terceiro maior da história do partido. Só perde para 2004 e 2006, anos eleitorais.Os policiais trabalham com a hipótese de que o PT teria criado um novo esquema de arrecadação depois do escândalo do mensalão. De acordo com essa hipótese, os doadores usariam laranjas para ficarem impunes no caso de eventuais investigações. O uso de laranjas teria ainda a vantagem de a empresa não associar sua marca à suspeita que ronda as doações.O pedido de abertura de novo inquérito é, na prática, uma formalidade. Raramente, a Justiça nega esse tipo de solicitação. O novo inquérito é necessário porque a investigação sobre a Cisco está focada em fraudes nas importações. A empresa é acusada de usar uma rede de empresas para importar equipamentos com preços subfaturados em até 75%, o que teria causado um prejuízo aos cofres públicos de mais de R$ 1,5 bilhão.O novo inquérito deve investigar os crimes de falsidade ideológica, sonegação fiscal (as empresas ABC e Nacional não teriam capacidade de fazer a doação), formação de quadrilha e uso de caixa dois.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

"Deus é brasileiro" por Juca Kfouri

O Uruguai fez gato e sapato do Brasil no primeiro tempo.
Deixou o time nacional feito barata tonta e se não é o goleiro Júlio César teria feito, ao menos, mais dois gols.
Porque um já tinha feito, aos 8 minutos, depois que o goleiro brasileiro desviou um cruzamento e Abreu abriu o placar.
Os dois laterais, Maicon e Gilberto, eram absolutamente ineficazes.
Mineiro e Gilberto Silva não ficavam atrás.
E o trio Kaká, Ronaldinho e Robinho eram três decepções.
Nem Juan repetia suas boas atuações, atarantado, talvez sentindo falta de Lúcio.
Luís Fabiano, coitado, estava mais solitário que um náufrago em ilha deserta.
O Uruguai marcava a defesa brasileira com seus três atacantes e a saída de bola nacional era pífia.
Os uruguaios tiveram mais posse de bola, jogaram muito melhor e fizeram menos faltas no primeiro tempo.
Que acabou numa tremenda injustiça, quando Luís Fabiano recebeu de Maicon e fuzilou quase sem ângulo, no meio das pernas do goleiro Carine.
Aos 44 minutos...
Até lembrou, remotamente, o gol de Gighia em 1950, embora Barbosa não tenha falhado tanto como Carini.
Sorte do bando que vestia amarelo e tomava vaia, justa vaia, no Morumbi.
Não que faltasse vontade, porque isso o bando mostrou.
Mas, como todo bando, sobrava desorganização, talvez porque Dunga não saiba organizar um time de futebol.
Nem bem o jogo recomeçou e quase o Uruguai fez 2 a 1, não fosse, mais uma vez, Júlio César.
O Brasil era o mesmo, diante de 65 mil torcedores que já tinham xingado o técnico Dunga em coro.
Dunga que não tinha nem Elano nem Diego no banco, mas que tinha Josué para, quem sabe, melhorar o desempenho de Mineiro e do meio de campo brasileiro.
E que tinha Kléber, muito mais jogador que Gilberto.
Mas, nada.
E os uruguaios ganhavam todas pelo alto, mesmo com Alex, tímido, na zaga.
O time nacional continuava atônito e mudo.
Aos 15, Dunga tirou Ronaldinho e botou Josué.
Dunga queria manter o empate?
O Uruguai tinha três atacantes e o Brasil tinha três volantes, num jogo no Morumbi!
Claro, podia até dar certo, mas estava errado.
O time também não ajudava.
Mas, deu certo.
Porque, aos 19, Gilberto pegou mal na bola que sobrou para Luís Fabiano fazer 2 a 1.
Um minuto depois, Júlio César fez novo milagre, numa cabeçada certeira.
Rogério Ceni, ao menos, não fazia falta.
E o Uruguai era vítima de uma baita injustiça.
Robinho deixou o campo para entrar Vágner Love, aos 28.
Em seguida o Brasil faria o terceiro gol, em jogada de Luís Fabiano com Maicon, erradamente anulada por impedimento.
O Brasil ganhou, só Deus sabe como.
Ele, Júlio César e Luís Fabiano.

Gol do Uruguai

Gol do Uruguai. É minha gente. Zangado vai ficar pouco tempo na seleção.

Os defensores da ditadura

Jovair Arantes é deputado federal do PTB. Ele é líder da bancada do partido do Roberto Jefferson na Câmara. Ele é daqui de Goiás por isso falo exclusivamente dele neste post. Jovair defende a entrada da Venezuela no Mercosul. Sobre Hugo Chávez, o possível candidato à Prefeitura de Goiânia no ano que vem disse que ele é horroroso. Os lulistas bolivarianos defendem a entrada da Venezuela afirmando que o país é maior que Chávez. Mentira! Chávez está se tornando bem maior do que a Venezuela. Chávez está fazendo daquele país o seu quintal.
Todo mundo sabe que Hugo Chávez é um farsante, um palhaço, um idiota. Todo mundo sabe que a Venezuela está sendo comandada por um ditadorzinho de araque. Mas, os nossos deputados acham que a Venezuela é maior que Hugo Chávez. Mentira! A Venezuela é o quintal dele.
Depois que Chávez falar que o Congresso brasileiro é papagaio de Washington mais uma vez quero mandar um e-mail para Jovar Arantes, um e-mail pequeno, simples e direto: Viu o que dá apoiar ditadorzinho de araque? O Brasil de Lula adora uma ditadura. Começou com aquela lá de Cuba. Agora passamos a apoiar a ditadura de Chávez. Pobre Venezuela... Pobre Brasil... Agora aturem o idiota do Chávez.

Quero ir pro Morumbi

Estou vendo na ESPN Brasil tanto a parte externa como a parte interna do Estádio do Morumbi. Que vontade de estar naquele templo do futebol mundial. Ver os troféus, comprar uma camisa oficial (a minha é meio, como posso dizer, retro) e, é lógico, ver uma partida do São Paulo. Hoje é a seleção brasileira que está lá. Não sei não. Tenho medo do templo do futebol testemunhar a queda do Zangado. Será? Só sei que, vendo as coisas de São Paulo (e do São Paulo) me dá uma vontade de deixar Goiânia por um tempo e enfrentar o caos do trânsito paulistano.

Renan renova licença

Li nos jornais de hoje que Renan Canalheiros poderia voltar à presidência do Senado. Deus me livre! Ainda bem que na internet me informo que ele renovou a licença. Quanto mais longe o Rei do Gado ficar da cadeira principal do Senado, mais o Brasil agradece.

Lamentável

Simplesmente lamentável a decisão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovar a entrada da Venezuela no Mercosul. Todos nós sabemos como é o ditador Hugo Chávez. Agora que o ditadorzinho de araque faz parte da Mercosul não adianta deputado nenhum aparecer na imprensa dizendo que foi uma ofensa Chávez dizer que o Congresso brasileiro é papagaio dos Estados Unidos. Também estes mesmos deputados não podem reclamar se o ditadorzinho quiser mudar as regras do bloco. É simplesmente lamentável. Simplesmente lamentável o silêncio do governo brasileiro em relação à repressão chavista aos estudantes que protestavam contra o golpe do ditador de Caracas. Lamentável! A decisão foi tomada. Depois não adianta chorar o leite derramado.

Vamos chamar o Marconi

Como vocês sabem eu não acredito na reforma administrativa do governador de Goiás Alcides Rodrigues, o popular Cidinho. Acho interessante as notas lançadas na imprensa daqui pedindo ajuda para, ninguém mais ninguém menos, que Marconi Perillo. Isso mesmo! O pessoal afetado pelas mudanças propostas pelo marqueteiro Jorcelino Braga querem que Marconi dê uma forcinha para a galera temerosa em perder suas regalias. Agora o negócio é o seguinte: se a coisa apertar por aqui vamos chamar o Marconi.

Que mordomia

Capa do jornal O Globo de hoje: “Câmara e Senado gastam R$ 16,4 milhões por dia”. Que mordomia, hein?

Outra viagem de Cidinho

O jornal O Popular mostra que o governador de Goiás Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, viajou seis vezes para a sua fazenda no interior do Pará. Cidinho passou o feriado da Proclamação da República bem longe do estado paquidérmico chamado Goiás. Segundo a reportagem, sempre que Cidinho toma uma decisão polêmica, a fazenda no interior do Pará é o refúgio certo.
Só que o jornal não fala sobre outra viagem de Cidinho. Ele fazia parte daquele bonde de governadores liderado por Lula que viajou para Suíça, na sede da Fifa, para participar do evento que confirmaria o Brasil como sede da Copa de 2014.
Cidinho encontra tempo e dinheiro para viajar tanto para sua fazenda como para a sede da Fifa. Assim ele mostra como se economiza para equilibrar as contas de um estado paquidérmico chamado Goiás.

Só agora?

O que deu no PSDB? Só agora que eles decidiram defender o Plano Real, os benefícios das privatizações e atacar a corrupção petista? Por que não fizeram isso na campanha eleitoral do ano passado? Por que fizeram aquele papelão todo na campanha de Geraldo Alckmin? Os tucanos negaram o governo Fernando Henrique Cardoso na campanha presidencial passada. Os tucanos não souberam (e ainda não sabem) o que fazer com o seu senador Eduardo Azeredo, envolvido com o mensalão de Minas Gerais em 1998. Tem ainda o governador de Alagoas Teotônio Vilela Filho que é um grande aliado de Renan Canalheiros.
O PSDB faz o que deveria ser feio há muito tempo. Mostrar a herança maldita de Lula, mostrar os discursos inflamados do PT na época em que era oposição e suas ações agora como governo. Com mais de um ano de atraso o PSDB começa a se movimentar. Se eu acredito neste movimento? Eu pergunto: Só agora?

Dê nome aos bois

Lula sabe de muita coisa. Ele não é aquele bobinho enganado pelos companheiros de partido. Ontem foi Dia da Consciência Negra. Claro que teve cerimônia no Palácio do Planalto. Claro que Lula falou.
Um trecho do discurso do Apedeuta me chamou atenção. Eu sei que já tem universidade no Brasil em que companheiros negros estão sendo admoestados porque são negros e estão estudando de graça, e do lado tem um branco, como eu, pagando. Isso cria fissura. “Branco, como eu”? O Lula é branco? Sei não... Quando o Papa Bento XVI visitou o Brasil em maio deste ano, o eterno líder do MST João Pedro Stédle disse que o papa não poderia falar dos problemas da América Latina porque ele é branco. Como Lula é branco vai ver ele não entende nada dos problemas que passam por aqui.
Vejam que Lula sabe que tem universidade admoestando estudantes negros. Por que ele não dá nome aos bois? Por que ele não fala para todo mundo o nome destas instituições de ensino e não as punem com o rigor da lei? Vamos lá, Lula! Dê nome aos bois.

E agora?

A capa do jornal O Popular de hoje mostra o Centro Cultural Martin Cererê abandonado, sem segurança e com poucos espetáculos. É que o governo de Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, cortou a verba para a cultura. Na campanha eleitoral do ano passado os intelekituwaiwais goianos ficaram num medo danado do PMDB de Maguito Vilela voltar ao Palácio das Esmeraldas e acabar com a mamata cultural. Por isso os cabeças daqui defenderam o Tempo Novo de Cidinho com unhas e dentes. Um pouco mais de um ano depois da defesa Cidinho não soube honrar os votos da classe pensante de Goiás. E agora? Será que num governo Maguito Vilela as coisas teriam sido diferentes?

PSDB quer colar em Lula carimbo da 'herança maldita' na eleição de 2010

Por Carlos Marchi
no Estado de São Paulo

Nos próximos dois dias o PSDB dará a largada para as eleições presidenciais de 2010, ao aprovar um novo programa no congresso que realizará em Brasília, juntamente com a convenção nacional que elegerá sua nova Executiva, a ser presidida pelo senador Sérgio Guerra (PE). No documento que embasou o novo programa, o PSDB dá o troco a seu rival histórico, o PT, e declara que o governo Lula deixará a seu sucessor uma herança - “esta, sim, maldita”.O PSDB não aprovará agora a instituição de eleições primárias na escolha dos candidatos a cargos executivos, mas é certo que o mecanismo será testado em 2008 para escolher os candidatos a prefeito de capital, informou o futuro presidente Sérgio Guerra. O partido quer exorcizar de uma vez o dilema de 2006, quando a falta de critérios arrastou a escolha do candidato presidencial por vários meses, constrangendo a direção partidária e os candidatos.“O PSDB não pode mais tomar as suas decisões, sobretudo em torno de candidaturas, de forma centralizada e excludente”, disse o governador de Minas, Aécio Neves, em defesa das prévias.Na herança, o programa tucano afirma que o governo Lula manteve os juros “desnecessariamente elevados”, deixou gastos correntes “correrem soltos”, transferiu a Estados e municípios o esforço por superávits primários e submeteu as agências reguladoras “a uma mistura de estatismo, empreguismo e incompetência” que teria afugentado as parcerias privadas para infra-estrutura. “O PSDB não é privatista nem estatista”, declara.O novo programa, uma nítida plataforma de lançamento do partido para a futura disputa, reclama uma reforma política e apóia a adoção do voto distrital. Aponta corrupção no PT e no governo Lula, defende as privatizações e propõe políticas para promover o crescimento econômico. “Nos últimos cinco anos o Brasil cresceu menos que a média do mundo, menos que todos os outros países da América Latina, exceto o Haiti, e muito menos que os demais países emergentes”, acusa.O documento - redigido pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pelo deputado José Aníbal (SP) e pelo assessor Eduardo Graeff - afirma que a falta de crescimento é resultado de “erros da política macroeconômica”. Sobe o tom para afirmar que o Brasil “vive dias de improvisação, visão de curto prazo, aceitação de baixas expectativas, administração negligente e bazófias autocentradas”. “Confunde-se interesse popular com exaltação do vulgar, e interesse nacional com retórica estatizante.”O texto pede “mais governo e mais mercado” para dar a “arrancada do desenvolvimento”. Faz firme defesa das privatizações do governo FHC e argumenta que sem os capitais privados teria sido impossível expandir as indústrias petroquímica, aeronáutica, siderúrgica, de mineração e os serviços de telefonia e energia elétrica.
JUVENTUDE
“Estamos fazendo um partido forte para ganhar as eleições de 2010”, afirmou o deputado Jutahy Júnior (BA), ex-líder do partido na Câmara. Já Aníbal destacou que o novo programa vai ajudar o PSDB a se enraizar na sociedade: “Nos últimos dez anos entrou em cena o cidadão informado, que quer atuar nas questões políticas.”O novo secretário-geral será o jovem deputado Rodrigo de Castro (MG), de 36 anos, que ocupará seu primeiro cargo político de relevo. Filho do secretário de Governo de Minas, Danilo de Castro, Rodrigo foi indicado por Aécio. O governador José Serra não indicou ninguém, mas aliados dizem que ele confia no futuro presidente da legenda.Guerra construiu pacientemente sua ascensão no PSDB. Antes de ingressar no PSDB, esteve no PMDB, no PDT e no PSB; foi secretário do governo Miguel Arraes (PSB) e, depois, do governo Jarbas Vasconcelos (PMDB). Em 2006, coordenou a campanha de Geraldo Alckmin à Presidência. A partir daí, se transformou num ponto de equilíbrio do partido, confiável a todos e eqüidistante de Serra e Aécio, potenciais presidenciáveis do partido em 2010.Além de Guerra e Castro, a Executiva terá outros nomes novos. Ontem à tarde o partido ainda discutia composições, mas estava praticamente certo que o deputado Gustavo Fruet (PR) será um dos vice-presidentes, assim como a senadora Marisa Serrano (MS).Enquanto a Executiva será composta por consenso, até ontem à tarde a presidência do Instituto Teotônio Vilela, o centro de estudos do PSDB, era objeto de uma ferrenha disputa entre os deputados Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES), ligado a Serra, e Paulo Renato Souza, vinculado a FHC. Paulo Renato tem oferta de ser vice-presidente se desistir da disputa.

Um risco para o Mercosul

Editorial do Estado de São Paulo

Não interessa ao Brasil, neste momento, o ingresso da Venezuela no Mercosul. Não há justificativa econômica, nem diplomática, para se acolher no bloco o país comandado pelo presidente Hugo Chávez. Aprovar a adesão da Venezuela, agora, seria entregar um cheque em branco a um parceiro que nem sequer assumiu os compromissos mínimos para a associação. Em contrapartida, sobram razões para se recusar, nas condições de hoje, a pretensão venezuelana de participar da união aduaneira formada por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Se o Congresso aprovar essa participação, atendendo às pressões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, será cúmplice de mais um erro de política externa - um dos mais graves praticados na gestão petista. Para começar, falta discutir detalhes técnicos da inclusão de mais um sócio no Mercosul. O governo venezuelano tem conseguido adiar a discussão, embora insista em obter a aprovação do Congresso brasileiro. Se tem tanto interesse, por que não procura eliminar todas as dúvidas definitivamente?Em segundo lugar, as condições fixadas até agora são muito desiguais e interessam muito mais à Venezuela do que ao Brasil. A maior parte dos produtos venezuelanos poderá entrar livremente no mercado brasileiro a partir de 2010. Os exportadores brasileiros terão a vantagem recíproca dois anos mais tarde. Além disso, a Tarifa Externa Comum (TEC) só deverá valer para o novo sócio a partir de 2014 - e isso na melhor hipótese, pois o governo do presidente Chávez nem sequer aceitou formalmente essa cláusula, essencial ao funcionamento de uma união aduaneira. Em terceiro lugar, o presidente Hugo Chávez já declarou, para quem quiser ouvir, que pretende entrar no Mercosul para mudá-lo. Não explicou em que consistirá a mudança, nem o presidente Lula parece haver-se importado com isso. Mas os brasileiros menos propensos a fantasias ideológicas não podem menosprezar esse detalhe. Que associação é essa que aceita um sócio que anuncia a intenção de transformá-la segundo seus planos particulares? Em quarto lugar, não tem sentido, neste caso, tratar separadamente dos objetivos econômicos do bloco e das bandeiras políticas de um candidato a sócio - entre as quais a da “destruição do império”. Só um bloco suicida sujeitaria suas possibilidades de acordos com quaisquer parceiros às idiossincrasias e preferências ideológicas de um de seus membros, especialmente de um membro não fundador. O projeto de inclusão da Venezuela deve ser votado hoje pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, quase um mês depois de ter sido aprovado pela Comissão de Relações Exteriores. O relator do projeto na CCJ, deputado Paulo Maluf (PP-SP), votou a favor da aprovação, “apesar de Hugo Chávez”. Segundo Maluf, convém tratar separadamente do país e de seu governante: “A Venezuela é eterna”, disse o deputado, “mas o Chávez é psicopata, cafajeste, palhaço e maluco.” Mas não há como separar, nesse caso, o país, seu governante e o regime que ele pretende construir. É uma irresponsabilidade avaliar a inclusão da Venezuela no Mercosul, neste momento, sem levar em conta o projeto de poder de seu atual presidente e a possibilidade de instauração, em breve, de um novo regime no país. Não se trata, ao contrário do que dizem parlamentares favoráveis à aprovação, de interferir na política de um vizinho. Trata-se de evitar, por mera prudência, que o Mercosul aceite como sócio um país que poderá, em breve, estar submetido a uma ditadura, fortemente armada e ameaçadora da estabilidade regional. Mais que irresponsabilidade, será um erro de proporções amazônicas imaginar que o Mercosul possa domesticar e civilizar um caudilho faminto de poder e disposto a investir bilhões de petrodólares para alcançar seus objetivos políticos.Até aqui, Brasil e Venezuela têm mantido relações econômicas satisfatórias. Não há por que supor que o intercâmbio possa ser muito melhor com a inclusão daquele país no Mercosul. Mas há razões mais que suficientes para afirmar que esse passo seria muito arriscado. O melhor, portanto, é preservar a relação bilateral nos bons termos de hoje e evitar complicações desnecessárias. Haverá novas oportunidades para reexaminar o assunto.

Lula e o discurso de que "uzricu" desprezam "uzpobri"

Por Angela Pinho
na Folha de São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou ontem, em discurso no Dia da Consciência Negra, que quando o governo faz algo que beneficia os pobres gera "ciumeira"."Toda vez que a gente tenta ajudar os mais pobres, aparece uma ciumeira. As pessoas não estão perdendo nada, só não querem que os pobres cheguem igual a eles", disse em cerimônia no Palácio do Planalto que contou com a presença de quilombolas, militantes do movimento negro e diversos ministros, entre eles Gilberto Gil (Cultura), Matilde Ribeiro (Igualdade Racial) e Orlando Silva (Esporte).Lula mencionou uma possível discriminação que estariam sofrendo os alunos do Prouni, programa em que o governo dá bolsas para alunos carentes em universidades privadas."Eu sei que já tem universidade no Brasil em que companheiros negros estão sendo admoestados porque são negros e estão estudando de graça, e do lado tem um branco, como eu, pagando. Isso cria fissura." Ele atribuiu o fato a uma "questão cultural". "É uma questão que está impregnada no nosso cérebro e isso leva tempo para mudar, leva muita conversa, não é uma coisa do dia para a noite."Referindo-se aos ataques à política de cota racial, encampada por seu governo, disse que "as pessoas da boca para fora são todas democráticas, todas igualitárias, tudo é moderno, mas, na hora em que chega na partilha do pão, tem cara que quer mais pão que o outro, não quer dividir, não quer repartir".Ele chamou de conservadores os críticos do programa de expansão das vagas em universidades federais -os setores do movimento estudantil que atacam o projeto afirmam que a expansão, da forma como está sendo feita, comprometerá a qualidade do ensino."Tem gente que não quer [aumento de vagas] por quê? Porque neste país tem gente que já comeu ou está comendo, e aí fala: "Dane-se aquele que não comeu". Para que pobre quer entrar aqui? Para que tem que ter curso à noite?" Lula chamou esses críticos de "companheiros com posições que parecem esquerdistas, mas que são mais conservadores do que o mais conservador do mundo".O presidente condenou as divisões no movimento negro, que apontou como um dos motivos da demora da aprovação do Estatuto da Igualdade Racial no Congresso. "Se entra uma turma pela Câmara, a outra pelo Senado, uma brigando com a outra, é tudo que um político deseja: não se meter em encrenca dos outros."Ele disse aos militantes do movimento negro na platéia que eles têm que cobrar mais o governo. "Aproveitem que tenho três anos de mandato e cobrem", afirmou. "Quanto mais vocês cutucarem a Matilde, mais ela vai me cutucar e a somatória dessa "cutucação" é que vocês vão ter mais conquistas até o final do nosso mandato."Lula anunciou um pacote de medidas para remanescentes de quilombos nas áreas de saúde, educação e demarcação e titulação de terras. As ações receberão R$ 2,1 bilhões.

Lula não precisa da CPMF

Por Juliana Rocha
na Folha de São Paulo

Os brasileiros pagaram R$ 11,3 bilhões em Imposto de Renda de janeiro a outubro deste ano, 41,5% a mais que no mesmo período de 2006, já descontada a inflação medida pelo IPCA. No mês passado, a arrecadação desse imposto ficou em R$ 997 milhões, alta de 121% na comparação com outubro do ano passado.Com isso, a arrecadação total de tributos no mês passado ficou em R$ 54,8 bilhões -alta de 12% em relação ao mesmo período de 2006.No acumulado de janeiro a outubro, o governo federal arrecadou R$ 491 bilhões, alta de 10,2% em relação ao mesmo período de 2006, já descontada a inflação. Por dia, inclusive nos fins de semana e feriados, os brasileiros pagaram R$ 1,6 bilhão só em pagamento de impostos e contribuições federais, segundo os dados divulgados ontem pela Receita Federal.Até outubro, a arrecadação líquida da Receita Federal (descontada a Previdência) já superou em R$ 35,6 bilhões a previsão inicial para todo 2007.O professor de Finanças do Ibmec Gilberto Braga propõe que o governo aproveite o recorde de arrecadação para fazer desonerações e reduzir a carga tributária. "Temos uma oportunidade histórica de fazer a reforma tributária com essa arrecadação. Difícil é fazê-la quando o dinheiro está curto."O coordenador-geral de Previsão e Análise da Receita, Raimundo Eloi, justificou que os investimentos na Bolsa de Valores, que gerou ganhos aos aplicadores, e as vendas de bens foram os principais responsáveis pelo crescimento de receitas com o IR Pessoa Física.No acumulado do ano, a venda de bens gerou arrecadação de IR de R$ 2,7 bilhões, e o rendimento com os investimentos em Bolsa, mais R$ 969 milhões. Juntos, responderam por alta de 146% na arrecadação em relação ao apurado no mesmo período de 2006. O imposto de renda retido na fonte -diretamente ligado ao aumento dos salários e do nível de emprego- cresceu só 5,7% no mesmo período e gerou uma receita de R$ 59,5 bilhões ao governo.Para Roberto Piscitelli, economista da UnB (Universidade de Brasília), o governo também é responsável pelo crescimento do volume de impostos pagos pelos brasileiros ao não corrigir a tabela do IR no mesmo valor da inflação. Desde que o presidente Lula assumiu, em 2003, foram três correções na tabela do IR, somando 22,5%. O IPCA acumulado neste período foi de 29,03%. "A correção da tabela do IR não acompanha a inflação. A situação é pior para as categorias de trabalhadores que tiveram aumento real de salários e, com isso, mudaram de faixa de contribuição", lamenta Piscitelli.
IR das empresas
A arrecadação com Imposto de Renda da Pessoa Jurídica no ano foi de R$ 58,4 bilhões, 14,21% maior que nos dez primeiros meses do ano passado, descontado o IPCA.O pagamento de Contribuição Social Sobre Lucro Líquido gerou R$ 28,9 bilhões aos cofres públicos, 14% a mais que no mesmo período do ano passado. O setor bancário, com altos lucros neste ano, foi o que mais pagou esses impostos ao governo no período, R$ 14,3 bilhões, um aumento real de 33,86% no período.As companhias de eletricidade e o setor atacadista aparecem em segundo lugar no ranking de arrecadação, com pagamento de R$ 5 bilhões e R$ 4,8 bilhões, respectivamente, somando o Imposto de Renda e a Contribuição Social Sobre Lucro Líquido.Eloi, da Receita, afirmou que o crescimento da economia é o principal responsável pelo aumento de arrecadação no ano. Ele disse que há dois anos o governo não eleva alíquotas de tributos, mas ressaltou que a Receita vem apertando a fiscalização sobre sonegadores, o que provocou um aumento de 30% neste ano com a receita de multas, juros e cobranças de impostos não pagos. Ele não revelou, porém, o valor arrecadado após os processos judiciais.Maior foco de preocupação do governo neste fim de ano e alvo das críticas da oposição, a CPMF rendeu R$ 30 bilhões aos cofres públicos de janeiro a outubro -aumento real de 10% na comparação com igual período de 2006.

Doadoras do PT eram laranjas, diz auditoria

Por José Ernesto Credencio e Mário César Carvalho
na Folha de São Paulo

Auditoria realizada por um escritório de advocacia aponta que duas empresas que doaram R$ 500 mil ao PT neste ano integravam um esquema de fraude e crimes fiscais criado pela Mude para beneficiar a Cisco com importações fraudulentas.A Mude é a maior distribuidora de produtos da Cisco no Brasil. Já a Cisco é uma das maiores empresas mundiais de redes para computadores. Segundo a PF, a Cisco usou empresas de laranjas para doar R$ 500 mil ao PT. O dinheiro teria sido doado para que a Caixa Econômica Federal beneficiasse a Damovo, integradora que usa produtos Cisco, em licitação de R$ 9,9 milhões. A Caixa e a Damovo negam.A auditoria cita as duas empresas, Nacional Distribuidora e a ABC Industrial, que fizeram a doação ao PT, como integrantes do suposto esquema.A auditoria foi juntada ao inquérito que está com o Ministério Público Federal. O inquérito da PF, que sustentou a Operação Persona, diz que a Cisco controlava uma rede de empresas no Brasil e nos Estados Unidos para importar equipamentos com o valor subfaturado.A auditoria confirma alguns pontos da investigação. "As importações de determinados produtos fabricados pela Cisco Systems e revendidos no mercado brasileiro por essa sociedade [Mude] são realizadas pela empresa Brastec, Waytec e ABC, que vendem as mercadorias à Tecnosul e à Nacional, que, por sua vez, os revendem a essa sociedade", diz o texto.Outro trecho da auditoria aponta: "A utilização dos distribuidores Tecnosul [outra empresa acusada de fraudes] e Nacional (...) procura resguardar essa sociedade [Mude] da aplicação, pela fiscalização do Estado de São Paulo", diz .
Encomenda
A auditoria foi encomendada pelo advogado José Roberto Pernomiam Rodrigues, denunciado por envolvimento no esquema, ao escritório Mesquita Neto Advogados, de São Paulo. Rodrigues seria um dos mentores intelectuais do esquema.A auditoria alerta que a Mude poderia ser autuada pela Receita e pela Secretaria da Fazenda de São Paulo.Um dado que chamou a atenção dos policiais é o valor de autuação que a empresa poderia sofrer. Segundo cálculos do escritório, a multa poderia ser de R$ 1,117 bilhão, próximo do montante que havia sido estimado pela Polícia Federal (R$ 1,5 bilhão).A auditoria, de acordo com os policiais, praticamente antecipa o resultado das investigações da Operação Persona, ainda em curso, e é considerada uma das provas mais contundentes do inquérito.A Folha não conseguiu localizar ontem o advogado Antonio Ruiz Filho, que defende dois diretores da Mude acusados na Operação Persona -José Roberto Pernomian Rodrigues e Marcelo Naoki Ikeda. Na semana passada, Ruiz Filho disse que as acusações contra seus clientes serão derrubadas no decorrer do processo.Segundo ele, a legislação sobre importação se tornou extremamente complexa e a Receita e a PF cometeram uma série de interpretações equivocadas no decorrer das investigações. "Quando esses equívocos forem desfeitos, ficará provado que os diretores da Mude não cometeram nenhuma fraude", disse Ruiz Filho.O advogado Paulo Iasz de Morais, que defende Hélio Benetti Pedreira, diz que seu cliente estava afastado da direção da Mude havia dois anos quando foi deflagrada a Operação Persona. "Como meu cliente não acompanhava o dia-a-dia da empresa, ele ficou surpreso com as acusações da Polícia Federal".