sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Petralhada tá que tá

Dizem que a imprensa é golpista, não é mesmo? Ontem eu estava zapeando por alguns sites e vi uma saraivada de críticas ao Jornal Nacional por causa das entrevistas com os candidatos a presidência. Entrevista completa só assisti a da Dilma Rousseff. Do José Serra vi só alguns lances. As entrevistas da Marina Silva e do Plínio Arruda Sampaio não vi.

Não sei porquê a petralhada tá que tá? William Bonner e Fátima Bernardes foram agressivos com Dilma Rousseff? Queriam o que? Os dois só não perguntaram para Dilma sobre o mensalão. Serra e Marina tiveram que responder. Ou seja, a candidata do governo não responde sobre o maior escândalo deste governo e do Brasil e ainda dizem que ela foi perseguida.

Aí, como sempre, tem aquela galera que adora ver teoria da conspiração em tudo. Dizem que Bonner e Fátima facilitaram para Serra. Mentira! Serra foi apertado como as outras candidatas. Bonner não deixou Serra concluir as considerações finais porque o tempo estava mais do que estourado. Aliás, se o Jornal Nacional está apoiando Serra, então Dona Lily Marinho, viúva de Roberto Marinho, tinha que dar um puxão de orelha nos seus filhos. Ela tá com Dilma e ninguém mais.

Querem ver que, se Dilma Rousseff vencer estas eleições, vai ter petralha dizendo que a mídia perdeu de novo (ela teria perdido em 2006 quando Lula foi reeleito). Se Paulo Henrique Amorim entrevistas José Serra e Dilma Rousseff queria ver quem ele apertaria mais e queria ver também se alguém iria dizer sobre manipulação.

Serra é ou não é oposição?

Quem bateu em Lula nesta campanha? Ninguém! Todos os candidatos, de uma forma ou de outra, fizeram rasgados elogios à ele ou preferem se omitir. Parece que o lulismo é uma perfeição, não contém erros e deve ser assim por muitos e muitos anos.

Não vi nenhum candidato que se diz oposicionista criticando a perseguição do lulismo e do PT à imprensa. Não vi José Serra cobrando de Dilma Rousseff uma posição clara sobre o famigerado Programa Nacional de Direitos Humanos. Não vi José Serra questionando Dilma sobre os usos e abusos do governo, sobre ilegalidades, sobre deboches à Constituição.

Não assisti ao debate da Band ontem com os candidatos ao governo de São Paulo, mas os sites de notícia dizem que o tucano Geraldo Alckmin criticou o governo Lula. Pois é. Criticou quatro anos depois porque quando Alckmin era candidato a presidente não apertou Lula contra a parede (e olha que ele teve motivos: mensalão, dossiê, caos aéreo). José Serra está repetindo o mesmo erro de Alckmin: não assumir sua posição de oposicionista. Quer uma continuidade que não é uma continuidade.

Os tucanos não se posicionam sobre outro assunto: o que fazer com Fernando Henrique Cardoso? O PT está muito mais preocupado com o ex-presidente do que os próprios tucanos. Por que até agora Serra não pegou os números positivos dos oito anos de mandato de FHC e contrapôs com os números positivos do governo Lula apresentados por Dilma? Por que este medo de apresentar ex-presidente e relembrar o que ele fez? Sim, a economia hoje vai bem porque Lula deixou de lado as trapalhadas esquerdopatas que ele prometia fazer e assumiu a linha adotada pelo governo anterior. Imaginem o Brasil seguindo a cartilha petista de uns anos atrás?

A campanha oficial na TV ainda não começou. Dilma segue o roteiro traçado por Lula. Serra mantém os números nas pesquisas, mas repete os mesmos erros de Geraldo Alckmin em 2006: não tem uma posição definida. Só faltava a campanha tucana ser mais morna que a das eleições presidenciais passadas. Será que o PSDB consegue tal façanha? Aí Lula terá mais um fato a comemorar: nenhum candidato a presidente desde 2003 bateu nele.

Dilma na frente, Serra atrás

DataFolha de hoje mostra Dilma Rousseff na frente de José Serra. Ela com 41% e ele com 33%. Os petralhas devem estar soltando rojões de felicidades. Mas eu não acho que a batalha está vencido. Deve dar segundo turno pau a pau.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

"Um pouco mais de gentileza"?

Lula comentou a entrevista de Dilma Rousseff no Jornal Nacional anteontem. Para ele, sua candidata deveria ser tratado com "um pouco mais de gentileza". Vai ver Lula queria que Willian Bonner e Fátima Bernardes passassem a mão na cabeça de Dilma.
A primeira entrevista do telejornal global com os presidenciáveis causou muitas discussões. Eu achei correta. Candidato tem que ser tratado a tapas e pontapés. Tem que ser questionado em todos os pontos, sobre todos os ângulos.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Dilma com Canalheiros, Barbalho, Sarney e Collor

Assisti ontem à entrevista de Dilma Rousseff no Jornal Nacional. Willian Bonner perguntou sobre as alianças petistas que envolviam José Sarney, Fernando Collor de Melo, Renan Canalheiros e Jader Barbalho. Dilma não respondeu diretamente sobre estes larápios da política brasileira, mas concordou com o apoio deles.
Interessante. Dilma vive criticando o governo Fernando Henrique, mas ela se esquece que os aliados de FHC são os aliados dela hoje. O vice de Dilma, Michel Temer, foi presidente da Câmara na era FHC. Ou seja, eles ratificaram as decisões do governo do PSDB.
O PT não tem vergonha dos seus aliados. É com eles que Dilma quer governar o Brasil. Se ontem eles protagonizaram escândalos políticos cabeludos pode ter certeza que Dilma terá muita dor de cabeça com eles caso vença as eleições. E não adianta Dilma dizer que não sabia de nada ou que foi enganada. Quem responde no Jornal Nacional que o PT amadureceu ao fazer alianças com José Sarney, Fernando Collor de Melo, Renan Canalheiros e Jader Barbalho sabe muito bem com quem está se aliado e o que está dizendo em horário nobre.

domingo, 8 de agosto de 2010

Podres poderes terrenos

Editorial do Jornal Opção

Bra­sí­lia, ter­ça-fei­ra, 3. O can­di­da­to a vi­ce na cha­pa de Dil­ma Rous­seff (PT) e pre­si­den­te da Câ­ma­ra dos De­pu­ta­dos, Mi­chel Te­mer (PMDB), li­de­ra um al­mo­ço com par­la­men­ta­res da ba­se ali­a­da e mi­nis­tros do go­ver­no Lu­la. A re­u­ni­ão é fe­cha­da, sem a pre­sen­ça de jor­na­lis­tas. Mas há tan­ta gen­te (na ca­sa do se­na­dor Gim Ar­gel­lo — PTB/DF), que é pre­ci­so usar um mi­cro­fo­ne. É daí que vi­e­ram as no­tí­cias so­bre o que se pas­sou. Com ares sa­cer­do­tais, Te­mer diz a fra­se mais quen­te da se­ma­na: “Não que­re­mos par­ti­lhar ape­nas o pão. Que­re­mos par­ti­lhar o go­ver­no de Dil­ma”. Uma sal­va de pal­mas sa­ú­da o que po­de ser con­si­de­ra­do mar­co ini­ci­al do gran­de lo­te­a­men­to já aber­to em Bra­sí­lia.

Nin­guém du­vi­da de que se­ria fer­re­nha a dis­pu­ta sub­ter­râ­nea por es­pa­ços na even­tual ad­mi­nis­tra­ção da pe­tis­ta. Só não con­ta­vam com um fla­gran­te des­ses, já de­vi­da­men­te “mi­ni­mi­za­do” por Te­mer. Um fla­gran­te que re­ve­la uma si­tu­a­ção só ago­ra le­va­da a sé­rio pe­los ana­lis­tas po­lí­ti­cos: um even­tual go­ver­no Dil­ma jun­ta­ria a fo­me com a von­ta­de de co­mer. Pa­ra li­dar com a fo­me de seus ali­a­dos, a pu­pi­la de Lu­la não te­ria o ne­ces­sá­rio pul­so de le­gi­ti­mi­da­de elei­to­ral que seu mes­tre sem­pre te­ve. A ad­mi­nis­tra­ção da pe­tis­ta es­ta­ria fa­tal­men­te à mer­cê do fi­si­o­lo­gis­mo de uma co­a­li­zão mon­ta­da so­bre con­ve­niên­cias e mé­to­dos ex­pli­ci­ta­dos pe­lo ex-par­cei­ro Ro­ber­to Jef­fer­son ain­da em 2005. In­vo­can­do po­dres po­de­res ter­re­nos, o ato de fé de Te­mer (ao con­cla­mar seus pa­res a di­vi­dir o bu­tim an­tes mes­mo do jo­go co­me­çar de fa­to) faz tre­mer qual­quer ci­da­dão de bem. E não pe­lo vi­sí­vel sal­to al­to, mas pe­la ní­ti­da sen­sa­ção de que eles tu­do po­dem.
Comentário
Não tiro nenhuma palavra do editorial do jornal. A base lulista está de salto alto achando que a eleição está vencida. E olha que nem começou a campanha na TV e no rádio. Está mais claro do que nunca que um possível governo Dilma teremos além das mãos de Lula, as mãos de Michel Temer, José Sarney, Renan Canalheiros. Quem vai governar o Brasil caso Dilma seja eleita vai ser Lula e os esfomeados do PMDB.

Com licença médica, Joaquim Barbosa vai a festa de amigos e a bar em Brasília

No Estadão

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, que está de licença por recomendação médica, alegando que tem um "problema crônico na coluna" e, por isso, enfrenta dificuldade para despachar e estar presente aos julgamentos no plenário do STF, não tem problemas para marcar presença em festas de amigos ou se encontrar com eles em um conhecido restaurante-bar de Brasília.Na tarde de sábado (ontem), a reportagem do Estado encontrou o ministro e uns amigos no bar do Mercado Municipal, um point da Asa Sul. Na noite de sexta-feira, ele esteve numa festa de aniversário, no Lago Sul, na presença de advogados e magistrados que vivem em Brasília.

Joaquim Barbosa está em licença médica desde 26 abril. Se cumprir todos os dias da mais nova licença, ele vai ficar 127 dias fora do STF, só neste ano. Em 2007, ele esteve dois dias de licença. Em 2008, ficou outros 66 dias licenciado. Ano passado pegou mais um mês de licença. Advogados e colegas de tribunal reclamam que os processos estão parados no gabinete do ministro.

Processos estocados. Neste sábado, a reportagem do Estado aproximou-se da mesa onde Barbosa estava no Bar Municipal. O ministro demonstrou insatisfação e disse que não daria entrevista. Em seguida, entretanto, passou a criticar um texto publicado pelo jornal no último dia 5 intitulado "Licenças de Barbosa emperram o Supremo".

No texto havia a informação de que Barbosa é o campeão de processos estocados no STF, apesar de ter sido poupado das distribuições nos meses em que ficou em licença. De acordo com estatísticas do tribunal, tramitam sob a sua relatoria 13.193 processos, incluindo os que estão no Ministério Público Federal para parecer. O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante Júnior, disse que o STF deveria encontrar uma solução para os processos que estão parados e que essa saída poderia ser a redistribuição das ações.

De acordo com Barbosa, o jornal tinha publicado uma "leviandade". O ministro afirmou que a reportagem foi usada por um grupo de pessoas que, segundo ele, quer a sua saída do STF. "Mas eu vou continuar no tribunal", disse, irritado. Ele afirmou que não é verdade que as suas licenças emperram os trabalhos da Corte. O ministro reclamou que não foi procurado pela reportagem para se manifestar sobre as queixas feitas por advogados e colegas de STF por causa de suas licenças médicas. Ministros do Supremo chegaram a dizer que se Barbosa não tem condições de trabalhar deveria se aposentar.

"Você não me procurou", disse. A verdade é que o Estado só publicou a reportagem do último dia 5 depois de contatar um assessor do ministro. Esse funcionário disse que Barbosa não daria entrevista. Ao ser confrontado com essa informação, o ministro disse: "Você tinha de ter ligado para o meu celular". Depois, não quis mais falar.

Volta temporária. Na semana passada, o presidente do STF, Cezar Peluso, anunciou que Barbosa voltaria ao plenário da Corte. O regresso será, porém, temporário: é só para participar de um julgamento que diz respeito ao mensalão petista, processo do qual ele é relator, e outros casos em que a conclusão do julgamento depende do voto dele. O ministro participará desse julgamentos e retornará para a licença, para se tratar em São Paulo.

Entre os processos nas mãos de Barbosa está uma ação que discute se as empresas exportadoras de bens e serviços devem recolher ou não a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Na sessão da semana passada, o julgamento do processo foi interrompido porque o placar ficou empatado em 5 a 5. Caberá a Barbosa desempatar o julgamento.

De acordo com estatísticas disponíveis para assessores do tribunal, Barbosa é o campeão em processos no STF, apesar de ter sido poupado das distribuições nos meses em que ficou em licença. Tramitam sob sua relatoria 13.193 processos, incluindo os que estão na Procuradoria-Geral da República para parecer. Na outra ponta das estatísticas, Eros Grau, que se aposentou na segunda-feira, era o responsável por 3.515 processos em tramitação. Ao todo, estão em andamento no tribunal 92.936 ações.

Previ é fábrica de dossiê do PT, diz ex-diretor

Na Folha de São Paulo

Ex-diretor e ex-assessor da presidência da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), Gerardo Xavier Santiago diz que o fundo funciona como "fábrica de dossiês" contra a oposição do governo Lula e máquina de arrecadação para o PT.
Gerardo foi gerente-executivo da Previ entre 2003 e 2007, sendo ligado diretamente ao ex-presidente do fundo Sérgio Rosa, que deixou o cargo em junho de 2010. Gerardo saiu da Previ após brigar com Rosa em 2007, quando deixou o PT.
As declarações sobre a espionagem foram feitas à revista "Veja" desta semana. À revista ele afirma que o fundo é "um bunker de um grupo do PT" e que "a Previ está a serviço de um determinado grupo muito poderoso, comandado por Ricardo Berzoini, Sérgio Rosa, Luiz Gushiken e João Vaccari Neto".
Segundo revelou a Folha neste mês, um dossiê sobre a filha do ministro Guido Mantega foi feito por essa ala do PT, ligada ao sindicalismo bancário. O Planalto atribui o dossiê ao grupo de Rosa, que perdeu espaço na campanha de Dilma Rousseff.
"Estranharia se na minha época tivessem me pedido coisa semelhante contra o Mantega. Uma coisa é fazer com o adversário. É uma involução do PT por causa da disputa interna", afirmou Gerardo à Folha.
Ele também disse que concedeu a entrevista à "Veja" há dois anos e confirmou as acusações à revista nesta semana, antes da publicação.
O ex-diretor, que também já foi do Sindicato dos Bancários do Rio, disse à Folha que, além de montar dossiês, a Previ serviu a interesses do partido para aumentar a arrecadação. Segundo ele, a Previ montou uma rede de conselheiros ligados ao PT em empresas nas quais o fundo tem participação. A intenção era influenciar as doações das companhias para beneficiar o partido.
Santiago diz que o primeiro dossiê produzido por ele na Previ é de 2002, no governo FHC. O material deveria, diz ele, comprometer a gestão tucana e provar a ingerência do governo na Previ.
"Dossiês com conteúdo ofensivo, para atingir e desmoralizar adversários políticos, só no governo Lula mesmo, na gestão do Sérgio Rosa", diz o ex-diretor à "Veja".
Santiago lista os oposicionistas que teriam sido investigados com base em dados sigilosos, cujo acesso teria sido ordenado por Rosa: o senador Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA), já morto, o governador José Serra (PSDB) e o então presidente do DEM Jorge Bornhausen.
O ex-diretor diz na entrevista que reuniu denúncias sobre eles em 2005, na CPI dos Correios, e que Rosa solicitou "informações sobre investimentos problemáticos da Previ que estivessem ligados a políticos da oposição".
O PT não se manifestou. A Previ disse que "a atual cúpula desconhece essa prática e está muito tranquila em relação a suas recentes práticas de governança". Rosa não comentou o assunto.