quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Foi um golpe

Vou concordar com Lula hoje. O mensalão foi um golpe. Foi um golpe no teto de vidro que o PT construiu durante 25 anos. Foi um golpe na ética hipócrita que os petralhas defendiam durante anos e anos. Depois do mensalão nós vimos que aqueles cordeirinhos que, quando eram da oposição, gritavam por punição aos corruptos e exigiam ética na política eram, na verdade, lobos vorazes. O mensalão golpeou em um ano um discurso cheio de hipocrisia que o PT construiu durante 25 anos. Lula tem razão: o mensalão foi um golpe. Golpeou toda a falsidade petralha e mostrou que todo mundo que entrava no Palácio do Planalto passava a mão na bunda do presidente e ele não fazia nada, ou melhor, fazia de conta de que não fazia nada. O mensalão mostrou que o PT é um partido que se vende em qualquer negociação e que o presidente destêpaiz é um grande bundão.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Um fora da lei homenageado na casa que faz a lei

Acabo de ler na Folha online que o chefe do MST João Pedro Stédile foi homenageado na Câmara dos Deputados. O deputado Brizola Neto (PDT) achou que Stedile deveria receber a Medalha do Mérito Legislativo "por seus serviços prestados para a sociedade". Quer serviços esse sujeito prestou para a sociedade? Ele comanda uma facção que toca o terror no campo, que invade propriedade privada e depreda patrimônio público. É um fora de lei recebendo uma homenagem dentro da casa que faz as leis. Pois é. O circo já está armado. Agora sim Tiririca tem todas as condições de ser deputado federal.

Lula e Sarney

Vergonhosa! Lamentável! Nojenta! É assim que descrevo mais uma defesa que Lula faz de José Sarney. Primeiro Lula disse que Sarney era uma pessoa incomum. Agora ele fala que é um "preconceito" falar em "oligarquia Sarney". Como assim? Lula passou muito tempo de sua vida política atacando esta oligarquia que assalta e atrasa o Maranhão. Lula já chamou Sarney de ladrão! É sempre bom lembrar do que Lula dizia da "oligarquia Sarney" há um tempo atrás...


Essa "gente que passa o tempo inteiro discaradamente mentindo na televisão" está com Lula hoje

Lula acusa repórter de preconceito e o manda "se tratar"

Na Folha


Durante o fechamento simbólico da primeira de 14 comportas da Usina Hidrelétrica Estreito, no rio Tocantins, no Maranhão, o presidente Lula se irritou com uma pergunta sobre se agradeceria o apoio da "oligarquia Sarney", acusando o repórter de "preconceito".
Lula dividia o palanque com a governadora reeleita Roseana Sarney (PMDB) e seu marido, o empresário Jorge Murad, em cuja empresa a Polícia Federal encontrou, em 2002, R$ 1,34 milhão em dinheiro vivo, cuja origem não foi identificada.
O presidente, durante seu discurso, voltou a mencionar um suposto golpe em curso contra seu governo, em 2005, na esteira das denúncias do mensalão, relatando uma conversa que teve com o senador José Sarney (PMDB).
Ele teria dito à época que era a "encarnação do povo" e que seus adversários "não sabiam o que iria acontecer" caso fosse dado "um passo além da institucionalidade".
Após o evento, questionado por um repórter do jornal "O Estado de S. Paulo" se "agradeceria à oligarquia Sarney pelo apoio dado ao seu governo", Lula se irritou, chamou a pergunta de preconceituosa, recomendou um tratamento de "psicanálise" ao repórter e saiu em defesa da família Sarney.
"Eu agradeço [aos Sarney] e a pergunta preconceituosa sua é grave para quem está há oito anos comigo em Brasília. Significa que você não evoluiu nada do ponto de vista do preconceito, que é uma doença", disse Lula.
"O presidente Sarney é o presidente do Senado. E o Sarney colaborou muito para que a institucionalidade fosse cumprida. Você devia se tratar, quem sabe fazer psicanálise, para diminuir um pouco esse preconceito", concluiu.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

PT amplia guerra com PMDB para controlar Correios e Banco do Brasil

Por Vera Rosa
no Estadão



Diante da perspectiva de comandar o Ministério das Comunicações, o PT planeja desalojar o PMDB da direção da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT). O pedido será encaminhado pela cúpula do partido à presidente eleita, Dilma Rousseff.
A ideia, no entanto, é passar um verniz de ‘desloteamento’ político nos Correios para apresentar a reivindicação como uma tentativa de profissionalizar a estatal, alvo de uma sucessão de crises nos últimos meses.
A direção do PT aposta que o futuro ministro das Comunicações será Paulo Bernardo, atual titular do Planejamento, e já começou a vasculhar uma das chamadas joias da coroa.
Há apenas quatro meses na presidência dos Correios, David José de Matos foi indicado pelo deputado Tadeu Filipelli (PMDB-DF), vice-governador eleito do Distrito Federal, mas também é amigo de Erenice Guerra, a ministra da Casa Civil que caiu em setembro, no rastro de acusações de tráfico de influência na pasta.
Mapa. Uma comissão formada por seis dirigentes do PT já começou a fazer o mapeamento dos cargos federais. A equação não é fácil de ser fechada porque o PT da presidente eleita Dilma Rousseff e o PMDB do futuro vice-presidente, Michel Temer (SP), dão cotoveladas em busca dos principais assentos para demarcar seus respectivos territórios.
O Ministério das Comunicações está sob controle peemedebista e a sigla só aceita abrir mão do pasta se levar Transportes, hoje capitaneado pelo PR.
O assunto foi avaliado na segunda-feira, 29, em reunião de Dilma com o presidente do PT, José Eduardo Dutra, e o deputado Antonio Palocci, futuro chefe da Casa Civil. Desde setembro Bernardo atua como uma espécie de interventor nos Correios e faz um diagnóstico dos problemas da empresa, que não são poucos.
Banco do Brasil. Além de ocupar a cadeira mais importante dos Correios, o partido de Dilma também quer trocar o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendini. A maior instituição financeira do País tem ativos de R$ 725 bilhões. Sem levar em conta o PMDB, que está de olho na presidência do Banco do Brasil, uma ala do PT pretende emplacar ali o atual secretário de Política Econômica, Nelson Barbosa.
Em conversas reservadas, porém, interlocutores de Dilma admitem que a escolha será resultado de uma disputa de bastidores entre Palocci e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mantido no cargo. Tanto Mantega como Palocci, ex-ministro da Fazenda de 2003 a 2006, têm influência no banco.
Bendini chegou à cúpula do BB na cota do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas até no Palácio do Planalto há quem defenda a sua saída, sob a alegação de que ele "não atende" as demandas políticas. Barbosa, por sua vez, tem cativado as tendências do PT.
Na sexta-feira, o secretário fez uma exposição sobre a conjuntura econômica durante seminário promovido pela chapa petista "O partido que muda o Brasil" e encantou os espectadores com seu discurso na linha desenvolvimentista. A portas fechadas, Barbosa disse que a maior preocupação, no governo Dilma, é como manter o processo de crescimento com o cenário internacional adverso.
Apesar da cobiça do PMDB, a presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Maria Fernanda Ramos Coelho, deve ser mantida no posto.

Sarney e Collor estão pertinho de Lula

Lula, para variar, criticou os governos anteriores. No plural. Hummm... Ele disse que os governos anteriores não investiram em educação e por causa disso criou-se um exército de jovens sem oportunidade. Tirando Fernando Henrique Cardoso, Lula tem ao seu lado dois ex-presidentes: José Sarney e Fernando Collor de Melo. Bem que ele poderia dar uma bronca nos dois por causa desse exército de jovens sem oportunidades.

Documento revela que, para EUA, Itamaraty é adversário

Por Fernando Rodrigues
na Folha



Telegramas confidenciais de diplomatas dos EUA indicam que o governo daquele país considera o Ministério das Relações Exteriores do Brasil como um adversário que adota uma "inclinação antinorte-americana".
Esses mesmos documentos mostram que os EUA enxergam o ministro da Defesa, Nelson Jobim, como um aliado em contraposição ao quase inimigo Itamaraty.
Mantido no cargo no governo de Dilma Rousseff, o ministro é elogiado e descrito como "talvez um dos mais confiáveis líderes no Brasil".
A Folha leu com exclusividade seis telegramas de um lote de 1.947 documentos elaborados pela Embaixada dos EUA em Brasília, sobretudo na última década.
Os despachos foram obtidos pela organização não governamental WikiLeaks. As íntegras desses papéis estarão hoje no site da ONG (cablegate.wikileaks.org/), que também produzirá reportagens em português. A Folha.com divulgará os telegramas completos.
Num dos telegramas, de 25 de janeiro de 2008, o então embaixador dos EUA em Brasília, Clifford Sobel, relata aos seus superiores como havia sido um almoço mantido dias antes com Nelson Jobim. Nesse encontro, o ministro brasileiro contribuiu para reforçar a imagem negativa do Itamaraty perante os norte-americanos.
Indagado sobre acordos bilaterais entre os dois países, Jobim citou o então secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães.
Segundo o relato produzido por Clifford Sobel, "Jobim disse que Guimarães "odeia os EUA" e trabalha para criar problemas na relação [entre os dois países]."
Não há nos seis telegramas confidenciais lidos pela Folha nenhuma menção a atos ilícitos nas relações bilaterais Brasil-EUA. São apenas descrições de encontros, almoços e reuniões.
Ao mencionar um acordo bilateral, Clifford Sobel diz que caberá ao presidente Lula decidir entre as posições de um "inusualmente ativo ministro da Defesa interessado em desenvolver laços mais próximos com os EUA e um Ministério das Relações Exteriores firmemente comprometido em manter controle sobre todos os aspectos da política internacional".
Num telegrama de 13 de março de 2008, Sobel afirma que o Itamaraty trabalhou ativamente para limitar a agenda de uma viagem de Jobim aos EUA.
Ao relatar a visita (de 18 a 21 de março de 2008), os EUA pareciam frustrados: "Embora existam boas perspectivas para melhorar nossa relação na área de defesa com o Brasil, a obstrução do Itamaraty continuará um problema".

CAÇAS DA FAB
Apesar de elogiado, Jobim nunca apresentou em reuniões nenhuma proposta especial aos EUA a respeito da licitação dos 36 aviões caça que serão comprados pela Força Aérea Brasileira.
Em todos os relatos confidenciais os diplomatas dos EUA em Brasília mencionam frases de Jobim que coincidem com o que o ministro declarou em público.
Em uma ocasião, por exemplo, os norte-americanos escrevem: "Compras de fornecedores dos EUA serão mais competitivas quando [o país] autorizar uma produção brasileira de futuros sistemas militares".
Procurado pela Folha, o Departamento de Estado dos EUA se recusou a comentar as comunicações sigilosas.
Uma porta-voz do departamento enfatizou que os países mantêm boas relações. A Casa Branca não respondeu à reportagem até a conclusão desta edição.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

De novo Direto ao ponto

Mais uma vez Augusto Nunes vai Direto ao ponto. A oposição não pode desconsiderar os mais de 40 milhões de votos obtidos nas eleições de outubro. Alguma coisa tem que ser feita e urgente. Segue o post do blog do Augusto Nunes:

A anedótica impontualidade, que desde sempre o faz chegar atrasado a todos os compromissos, acabou contaminando o calendário político e subvertendo o relógio eleitoral de José Serra. O candidato à Presidência da República demorou demais para entrar oficialmente na disputa, para concentrar-se na campanha, para costurar a coligação nacional, para montar as alianças regionais ou para decidir quem seria o vice. Nesta quinta-feira, ao aparecer no Senado depois de três semanas de sumiço (e depois da hora marcada), confirmou que vai terminar o ano como começou: chegando à estação quando o trem já partiu.
Em público, Serra assumiu (com 25 dias de atraso) a responsabilidade pela derrota. “A culpa sempre é do candidato”, reconheceu na primeira linha do mea culpa revogado pelo que disse em encontros reservados com senadores tucanos. A soma das conversas informa que Serra divide a culpa pelo fracasso entre o rolo compressor do governo federal e o desinteresse de companheiros de partido pela eleição presidencial. Ressentido com o que qualifica de “traições”, a maior das quais imagina ter sido protagonizada por Aécio Neves, quer ser compensado com a presidência nacional do PSDB.
Colecionador de bons desempenhos como deputado federal, senador, secretário de Estado, ministro, prefeito e governador, é compreensível que Serra recuse a aposentadoria. Também é aceitável que atribua à própria força eleitoral uma parcela considerável dos votos obtidos em 31 de outubro. É natural, enfim, que não se sinta forçado a abandonar a vida pública por uma derrota: a morte política nunca ocorre antes da morte física. O incompreensível, o inaceitável, o antinatural é perceber que a ficha ainda não caiu. Alguma alma caridosa precisa contar-lhe que nenhum candidato com chances de conquistar a presidência foi tão indiscutivelmente culpado pela própria derrota.
“Cada um tem um estilo e Serra foi fiel ao estilo dele: define uma linha e, aconteça o que acontecer, vai em frente”, resumiu com a habitual elegância o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na entrevista publicada pela Folha em 2 de novembro. Resumo da ópera: fora o marqueteiro Luiz Gonzalez, o candidato da oposição oficial não consultou ninguém, não pediu um só conselho a quem quer que seja. Fez questão de errar sozinho — e só não cometeu mais erros por falta de tempo.
Ao abortar a ideia das prévias partidárias, por exemplo, perdeu quaisquer chances de ter Aécio Neves como vice. Ao contemplar o legado de FHC com o olhar deliberadamente vesgo do inimigo, enxergou um problema onde sempre existiu, mais que uma solução, o maior trunfo eleitoral dos oposicionistas. Dilma Rousseff atravessou a campanha celebrando o Brasil de anúncio da Petrobras que Lula finge ter construído. O ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso fez de conta que nem participou do governo que mudou para muito melhor o país real.
Em vez de defender as privatizações que aumentaram a distância entre o Brasil e as cavernas, preferiu acusar Dilma de ser menos estatizante do que parece. Em vez do Serra decidido a encerrar a Era da Mediocridade, apresentou-se ao eleitorado um certo Zé pronto para ocupar o lugar do Silva e aperfeiçoar a obra do presidente que estava, segundo o suposto adversário, “acima do bem e do mal”. A adversária que todo candidato pede a Deus implorou pelo nocaute o tempo todo. O oponente fugiu ao combate e tentou ganhar encostado voluntariamente nas cordas.
Prisioneiro da falácia marqueteira segundo a qual eleitores preferem que participantes de um duelo troquem cobranças por arrulhos e interpelações por sonetos românticos, Serra desperdiçou incontáveis oportunidades de liquidar o duelo. As pesquisas de intenção de voto avisaram que questões vinculadas a valores morais e princípios éticos influenciariam a decisão do eleitor. Inibido pela paralisante estratégia do medo, inquieto com a possível exposição de pecados tucanos, Serra arriou a bandeira do combate à corrupção desfraldada no discurso em que se despediu do cargo de governador.
Açulada pela tibieza do oponente, a política aprendiz colocou na mesma categoria criminosa a confusa história protagonizada por Paulo Preto e o escândalo medonho da Casa Civil estrelado por Erenice Guerra — o andor mais vistoso da procissão infame engrossada por estupradores de sigilo fiscal, fabricantes de dossiês cafajestes e governantes fora-da-lei. Tecnicamente, Serra perdeu para a sucessora escolhida por um presidente sem compromisso com a verdade, a legislação eleitoral e o Código Penal. Vistas as coisas de perto, Serra foi o grande algoz de si próprio. Não existem traidores a condenar. Não há responsabilidades a apurar.
“Ele nunca vai admitir isso”, concordam 10 em cada 10 tucanos. “Se foi teimoso a vida inteira, não é agora que vai mudar. Ocorre que a paisagem brasileira mudou, e quem não se adaptar à guinada histórica não tem chances de salvação. As urnas de 2010 testemunharam o nascimento da oposição real. Difere da oposição oficial na cara, no ânimo, na alma. Tem um patrimônio superior a 40 milhões de votos e outros 20 milhões a conquistar. Tem as linhas gerais de um programa, como veremos em outro post. E tem um estadista, Fernando Henrique Cardoso, acumulando as funções de patriarca e ideológo.
Faltam líderes que efetivamente representem a oposição real, e não há vagas nesse grupo de elite para quem faz o que fez Serra na campanha de 2010. Falta um partido que se oponha ao governo antes e depois da eleição, livre-se dos delinquentes de estimação e não perca tempo com intrigas domésticas. O PSDB até pode transformar-se nesse porta-voz da resistência democrática. Por enquanto, não é.

Vergonhoso!

Sim, é um deboche. Só pode ser um deboche. Lula elogia Fernando Haddad. O ministro que afundou o Enem. Mesmo perto de deixar a presidência Lula não pede uma oportunidade de debochar dos brasileiros. E Haddad de debochar dos milhares de estudantes prejudicados pelos erros no Enem.

E as obras do PAC?

No meio da troca de tiros entre bandidos e policiais eu pergunto: como vão as obras do PAC nas favelas cariocas? 

PF disfarça prisão de terroristas, dizem EUA

Por Fernando Rodrigues
na Folha



A Polícia Federal do Brasil "frequentemente prende pessoas ligadas ao terrorismo, mas os acusa de uma variedade de crimes não relacionados a terrorismo para evitar chamar a atenção da imprensa e dos altos escalões do governo", relatou de maneira secreta em 8 de janeiro de 2008 o então embaixador dos Estados Unidos em Brasília, Clifford Sobel.
Essa informação faz parte de um lote de 1.947 telegramas produzidos pela diplomacia norte-americana durante a última década, em Brasília. A organização WikiLeaks teve acesso a eles. Vai divulgá-los gradualmente a partir desta semana no site www.wikileaks.org.
Ao todo, são 251.287 telegramas produzidos pela diplomacia dos EUA a partir de vários países de 28 de dezembro de 1966 até 28 de fevereiro deste ano. O WikiLeaks afirma ser "o maior conjunto de documentos confidenciais a ser levado a público na história".
A Folha leu com exclusividade seis dos 1.947 telegramas despachados a partir de Brasília. Tratam de possíveis ações de ativistas de origem árabe no país. No comunicado secreto de 2008, o embaixador Clifford Sobel confirma de maneira indireta alguns relatos já conhecidos, mas sempre negados pelo governo brasileiro.
A intenção da administração do presidente Lula de negar a existência de células terroristas no país se daria por duas razões, segundo o norte-americano. Primeiro, um temor de "estigmatizar" a comunidade árabe no Brasil. Segundo, o receio de "prejuízo para a imagem" da chamada tríplice fronteira (entre Brasil, Argentina e Paraguai) como destino turístico.
Clifford Sobel escreveu que a atitude do governo brasileiro também "visa a evitar uma associação muito próxima ao que é considerado como uma demasiada agressiva guerra ao terror".
No seu telegrama secreto, o diplomata revela que a PF "monitora as atividades de extremistas suspeitos que podem estar ligados a grupos terroristas no exterior e compartilha essas informações" com os Estados Unidos.

TERRORISMO
Os seis telegramas a que a Folha teve acesso não listam suspeitos de terrorismo que teriam sido detidos pela polícia no Brasil. Há, entretanto, uma menção direta a dois casos já revelados com exclusividade pelo jornal.
Os documentos da diplomacia dos EUA citam a ligação de um libanês preso em abril de 2009 e acusado de ter ligações com o grupo Al Qaeda. O episódio foi noticiado na Folha pelo colunista Janio de Freitas. A outra menção é sobre uma operação da PF em Santa Catarina, quando foi presa uma pessoa suspeita de ligações com extremistas sunitas.
Em maio de 2006, o então embaixador dos EUA, John Danilovich, relatou em telegrama secreto uma conversa que manteve com Jorge Armando Felix, ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência.
O diplomata faz uma revelação curiosa. Diz que o governo do Brasil estimularia a delação entre integrantes da comunidade árabe: "O governo brasileiro está apelando a árabes moderados de segunda geração, muitos dos quais empresários bem sucedidos no Brasil, para observarem de perto outros árabes que poderiam ser influenciados por extremistas", relata.
Em dois trechos dos telegramas aos quais a Folha teve acesso há menções críticas à então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. O assunto é a inexistência de legislação no Brasil para tipificar atos terroristas -algo pelo qual os EUA fazem forte lobby em vários países.
Dilma é apresentada como a responsável por ter impedido o envio de uma proposta de lei antiterror ao Congresso. Num telegrama classificado como confidencial, de 4 de novembro de 2008, Clifford Sobel cita um especialista e diz que seriam mínimas as chances de ter essa legislação porque o governo Lula estava "amontoado de militantes esquerdistas".

Depois do Aerolula vem aí o Aerodilma

Por Igor Gielow
na Folha



Sem alarde para evitar a repetição da polêmica que envolveu a compra do Aerolula, o governo negocia a aquisição de um avião maior e mais caro que poderá servir à presidente eleita, Dilma Rousseff, e a seus sucessores.
O Aerodilma, caso seja adquirido mesmo com o cenário de contenção de gastos do governo, deverá ser um aparelho europeu da Airbus -um modelo de reabastecimento aéreo A330-MRTT, equipado com área VIP presidencial e assentos normais.
O avião custa até cinco vezes os US$ 56,7 milhões (R$ 98 milhões na sexta-feira) pagos em 2005 pelo Aerolula, um Airbus-A319 em versão executiva.
Justificar tal despesa seria complicado, como foi em 2005, e seria fonte certa de desgaste para Dilma, que até onde se sabe não foi informada sobre a ideia. Assim, juntou-se a fome com a vontade de comer, e a nova compra está sendo camuflada por uma necessidade real.
A FAB (Força Aérea Brasileira) precisa substituir seus dois aviões grandes de reabastecimento. São os antigos Sucatões presidenciais, versões com quase 50 anos de uso do vetusto Boeing-707.
Por falta de condições, foram excluídos do último grande exercício aéreo da Força Aérea Brasileira.
No fim da década, os militares estimam ter 150 caças, e reabastecimento é vital dadas as distâncias do país.
Como no caso dos Sucatões, o novo avião poderia cumprir a tarefa de reabastecimento e ser o aparelho de transporte intercontinental dos presidentes. Para viagens internas, o governo já usa dois Embraer-190.

AEROLULA
Do lado da Presidência, segundo a Folha apurou, o problema é o Aerolula. O presidente Lula reclama da necessidade de paradas para reabastecimento do avião, que tem cerca de 8.500 km de autonomia -o que não garante um voo tranquilo Brasília-Londres, por exemplo.
Não deixa de ser irônico, já que à época da compra do Aerolula uma das alegações para a aquisição do modelo europeu era que ele poderia fazer voos intercontinentais que os similares da Embraer não poderiam. Meia verdade: sua lista de destinos sem escala não é tão grande.
Já o A330-MRTT pode voar até 12,5 mil km sem reabastecer, podendo viajar sem escalas de Brasília a todas as capitais europeias e americanas. Não é comparável como produto com o Aerolula, modelo só de transporte VIP.
Na compra de cinco Airbus em 2008, a Austrália pagou quase US$ 300 milhões (R$ 519 milhões) a unidade. Os EUA chegaram a selecionar o modelo em uma concorrência que acabou suspensa, e pagariam algo como US$ 200 milhões (R$ 346 milhões) por avião. Mas cada venda é diferente. No caso americano, eram quase 200 aeronaves com especificações diferentes, o que dilui custos. Então, os preços citados são apenas referência.
Uma versão executiva do A330, sem ser avião-tanque, foi estreada neste mês pelo presidente francês Nicolas Sarkozy. Ganhou, além das críticas pelos R$ 400 milhões gastos, o apelido de "Air Sarkô" na França.
Em setembro, a FAB emitiu o pedido de propostas à fabricante EADS europeia (A330-MRTT), à Boeing americana (767) e para a israelense IAI (que adapta os 767). Não há previsão orçamentária, e verbas extras terão de ser aprovadas no Congresso.
O pedido requer duas aeronaves. Uma com capacidade de reabastecimento em voo, transporte de carga e de passageiros. A outra, tudo isso mais a previsão de uma área VIP -normalmente, uma suíte com chuveiro.

EUROPEUS
Segundo a Folha apurou, a Boeing não cogita participar da disputa enquanto não for definido qual avião será escolhido nos EUA, o 767 ou o A330. A IAI é vista sem grandes chances na FAB.
Sobram então os europeus. Procuradas, EADS e Boeing alegaram sigilo do pedido da Aeronáutica para não se manifestar. A IAI não respondeu ao contato. Oficialmente, a FAB apenas confirma que emitiu o pedido de propostas, e que até aqui só a EADS respondeu.
Se a compra ocorrer em 2011, estima-se que o primeiro avião seja integrado até 2014. O Aerodilma só voaria então no fim do mandato da presidente, deixando o apelido que carregaria após 2015 para especuladores.

domingo, 28 de novembro de 2010

De novo?

Ulisses Aesse, do Diário da Manhã, sentiu falta da presença de Delúbio Soares no governo Dilma Rostock. Para ele, Delúbio foi apenas uma vítima e o mensalão foi uma invenção da imprensa golpista. Não é a primeira vez que Aesse defende Delúbio na sua coluna. Fazer o que? O homem do dinheiro não contabilizado já tem um grande defensor na imprensa goiana.