sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Feliz ano novo, Charlie Brown

Parte 1



Parte 2



Parte 3

Mais um terrorista entre nós ou A Itália é perigosa

Matéria publicada no Estadão online:


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acaba de decidir, depois de uma reunião, nesta sexta-feira, 31, com o Advogado Geral da União, Luis Inácio Adams, que o ex-ativista Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua por quatro assassinatos na década de 70, vai continuar no País, não sendo, portanto, extraditado para a Itália. Leia mais aqui.

Comentário
No último dia do seu mandato, Lula decidiu que um terrorista esquerdopata continue aqui no Brasil. Se Cesare Battisti fosse um terrorista direitista ou um dissidente cubano com certeza já estaria no seu país de origem. Mas como Battisti é da esquerda merece toda a proteção do governo brasileiro. 
Ora, se Lula acha que a volta do terrorista esquerdopata para a Itália colocaria a vida do mesmo em risco ninguém do governo brasileiro vai protestar contra a Itália? A Itália é mais perigosa que o Brasil. É melhor deixa Cesare Battisti por aqui. Tem muito cupanheiro de armas dele que vão dar todo apoio e proteger sua vida. 

PMDB perde para o PT comando dos Correios

Por João Domingos, Karla Mendes e Leandro Colon
no Estadão



O PT passou mais uma rasteira no PMDB na disputa pelos cargos das estatais. O sindicalista Wagner Pinheiro, filiado ao PT, será o novo presidente dos Correios. Ligado ao ex-ministro Luiz Gushiken, desde 2003 Pinheiro é presidente do Petros, o fundo de pensão da Petrobrás, e foi alvo de investigação da CPI dos Correios, em 2005.
Os Correios têm orçamento anual de cerca de R$ 12 bilhões, dos quais R$ 500 milhões para investimentos. Partidos aliados do governo, como o PMDB e o PTB, passaram a deter seu controle desde 2004. A partir daí, a estatal, uma instituição secular que gozava de grande credibilidade, acabou sendo envolvida numa série de escândalos.
Estes começaram com um vídeo em que o ex-funcionário Maurício Marinho recebia propinas, seguiram pelo escândalo do mensalão e pela CPI dos Correios, até a queda de Erenice Guerra do comando da Casa Civil. Seu filho Israel Guerra está sendo investigado pela Polícia Federal por lobby a favor de uma empresa que mantinha contrato com os Correios. Não bastasse isso, começou a haver falhas na entrega das correspondências e encomendas.
Por coincidência, o futuro presidente da estatal foi investigado pela CPI dos Correios, criada no Congresso em 2005 para apurar o esquema do mensalão no governo do PT. O relatório final da comissão, aprovado em 2006, mencionou Pinheiro e levantou suspeitas em transações financeiras do Petros, mas não pediu seu indiciamento. Leia mais aqui.

Patético

Patético! É assim que defino o fim do governo Alcides Rodrigues aqui em Goiás. Ele começou o mandato criticando seu antecessor e até então aliado Marconi Perillo e termina o governo criticando seu antecessor e hoje adversário Marconi Perillo. Alcides acha que o povo é besta, que não se lembra dos louvores que ele fez a Marconi em 2006. Aliás, Cidinho só foi eleito por causa de Marconi.

Alcides Rodrigues assumiu o governo em abril de 2006. Ele era vice-governador. Marconi saira do Palácio das Esmeraldas no dia 31 de março daquele ano para disputar uma cadeira no Senado. Cidinho sabia muito bem como estava o governo. Ele sabia muito bem o estado do carro que ia dirigir. E, de acordo com a sua propaganda eleitoral, era uma Ferrari. Até hoje Cidinho nunca explicou os motivos do rompimento com Marconi. Dívidas? Uai, mas durante a propaganda eleitoral Cidinho dizia que, se Goiás tinha dívidas a culpa  era do PMDB. E, quatro anos depois, lá estava Alcides de braços dados com Iris Rezende e Maguito Vilela, dois ex-governadores do PMDB que, segundo Alcides teriam deixado muitas dívidas. Vale lembrar sempre que Marconi e Alcides compunham o Tempo Novo que viria substituir o Tempo Velho representado pelo PMDB de Iris e Maguito.

Hoje, dia 31 de dezembro de 2010, percebemos que Alcides Rodrigues vai deixar o Palácio das Esmeraldas pelas portas dos fundos. Não terá coragem de olhar nos olhos de Marconi que, segundo ele, teria deixado dívidas milionárias. Cidinho foi o pior governador que tivemos. Ao invés de fazer Goiás avançar preferiu descosntruir um governo que ele ajudou a construir. Ou como diz o ditado popular: Alcides cuspiu no prato que comeu.

Alcides dizia que Lula era um grande amigo de Goiás. Pois é. O governo federal, até hoje, não liberou o dinheiro que acabaria com as dívidas da Celg. E olha que Lula dizia quando passava por aqui que Cidinho trabalhava caladinho. Imagine se o homem falasse muito? O plano cidista gorou. Ele recebeu a promessa da bufunfa para a Celg se apoiasse a candidatura de Iris Rezende, abençoada por Lula. Nem o dinheiro e nem a candidatura deram certo. 

A saída de Alcides Rodrigues do Palácio das Esmeraldas representa o fim do Tempo Novo. E acaba de forma patética. Vamos ver como Marconi Perillo vai denominar o tempo que se inicia a partir de amanhã. Do jeito que ele adora uma propaganda Goiás vai entrar num outro momento, num outro tempo. O tempo do governador das propagandas voltou. 

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Caiado pede ação contra Lula por novo nome de Tupi

Por Gustavo Porto e Ayr Aliski
no Estadão online


O deputado federal e vice-presidente do DEM, Ronaldo Caiado (GO), defendeu nesta quarta-feira, 29, que o Ministério Público Federal (MPF) peça na Justiça uma ação de improbidade administrativa contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela mudança do nome do poço Tupi, da Petrobras, para "Lula", anunciada hoje pela estatal. Leia mais aqui.

Comentário
O deputado goiano Ronaldo Caiado está coberto de razão. Tem que ir à Justiça evitar que estes puxa-sacos do lulismo rasguem a Constituição. 

Só no deboche

Foi gostoso passar pela Presidência da República e terminar o mandato vendo os Estados Unidos em crise, vendo a Europa em crise, vendo o Japão em crise, quando eles sabiam tudo para resolver os problemas da crise brasileira, da crise da Bolívia, da crise da Rússia, da crise do México.

Você já sabe quem disse isso. E ele sai da Presidência da República com 83% de aprovação.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Férias só a partir do dia 06

Os três leitores que sempre me acompanham podem ficar tranquilos. Só paro no dia 06 de janeiro. Vou visitar minhas avós. Enquanto a viajem não chega e minhas avós não me recebe com um grande abraço (e eu retribuo com um grande beijo) vou continuar labutando aqui. Saio dia 06 e volto na segunda dia 10. 

E agora Iris? E agora PMDB?

Um fato político mexeu muito na política goiana neste final de ano. O convite feito pelo governador eleito Marconi Perillo (PSDB) para o deputado federal eleito Thiago Peixoto (PMDB) ser secretário da Educação do próximo governo. O que mais mexeu não foi o convite, mas a aceitação do convite. Thiago aceito de prima. E o PMDB rachou. Uns apoiam, outros condenam.

Como se não bastasse a derrota nas eleições estaduais deste ano, o PMDB perde uma figura importante que teria um bom futuro dentro do partido. Mas o PMDB goiano está nas mãos de Iris Rezende. Ele é centralizador, não permite que outras figuras surjam dentro do partido. Com a saída de Thiago Peixoto para o governo Marconi Perillo o PMDB precisa repensar. Precisa andar com a próprias pernas e não depender das pernas de Iris. 

Prefiro aguardar. Quero ver como Thiago Peixoto vai se portar como secretário da Educação. Quero ver como o PMDB vai enxergar sua atuação na secretaria. Quero ver o que Iris Rezende vai fazer a partir do ano que vem. Quero ver como ficará a aliança PMDB-PT a partir de 2011. São tantos questionamentos. É melhor perguntar para eles: E agora Iris? E agora PMDB? O que fazer?

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Lula e a imprensa (outra vez) Parte 2

Eu sei que esse assunto já foi discutido em vários lugares, mas quando Lula fala sobre a imprensa precisamos ficar atentos. Nunca vi um presidente odiar tanto a imprensa como Lula. Nunca vi um presidente criticar tanto o trabalho dos jornalistas como Lula. 
Faltando três dias para dar adeus à presidência, Lula mostra todo o seu rancor, toda a sua raiva, todo o seu ódio à imprensa. Vai ver Lula e Franklin Martins queiram que o Brasil seja igual Cuba no quesito imprensa: um só jornal publicado pelo governo e quem ousar publicar alguma coisa contra vai para a cadeia. Engraçado Lula massacrar a imprensa aqui no Brasil e quando abraça os Irmãos Castro em Cuba não pedir uma imprensa plural por lá.

Digo e repito: Não quero que um presidente ou um ministro da Comunicação Social diga como a imprensa deve se comportar. Não quero que um bando de peleguinhos dite o que deve ser escrito nas redações dos jornais. Quem deve controlar a imprensa somos nós, telespectadores e leitores. Não é nenhum paga-pau do lulismo que deve impor o que devo ou não ler, qual revista ou jornal e assinar e qual site devo acessar. 

Lula sempre cita o episódio do mensalão para soltar os cachorros contra a imprensa. Esquece o seletivo Lula que a mesma imprensa mostrou que o PSDB também pegou dinheiro sujo de Marcos Valério para financiar a campanha de reeleição de Eduardo Azeredo para o governo de Minas Gerais em 1998. Aliás, tem jornal e revista que sempre procura algum tropeço dos tucanos quando os petistas beijam a lona.

O próprio Lula usou a imprensa diversas vezes para criticar políticos e governantes. O PT mesmo já usou jornais, revistas e televisões para cobrar ética na política. Quando eles tropeçam nesta mesma ética que tanto pregaram querem amordaçar um antigo aliado. 

Recomendo ao querido leitor que veja as edições anteriores dos jornais e das revistas. Veja como a imprensa tratou Fernando Henrique Cardoso, Itamar Franco, Fernando Collor de Melo e José Sarney. Nestas edições veremos vários petistas pedindo investigações para denúncias feitas pela imprensa. Ou seja, a imprensa só é boa quando denuncia algum inimigo do PT. Quando é o PT que está sendo denunciado aí sim a imprensa comete um erro que, se dependesse de Lula, deveria ser severamente punido.

Daqui três dias Lula estará indo embora. Dilma Rostock já disse em vários discursos que vai defender a liberdade de imprensa. Vamos ver até quando se dará esta defesa. Se ela seguir a risca o que Lula fez fiquemos atentos quando Dilma falar sobre a imprensa. 

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Tomando conta do pedaço

A reportagem postada logo abaixo e publicada na Folha de São Paulo de hoje só mostra o peleguismo dos sindicalistas. Nunca antes na história destêpaiz os sindicalistas mamaram tanto nas tetas do Estado como nestes oito anos de governo Lula. Agora nós podemos entender por que Lula não enfrentou nenhum protesto contra seu governo. Se tinha paralisação ou cobranças, os sindicalistas só exibiam cartazes com os dizeres: "Lula, olha pra nóis!" Não vi em nenhuma manifestação sindical nenhuma fala, nenhum cartaz, nada contra Lula. Eles cobravam isso e aquilo, mas culpar Lula ninguém culpava. Ao contrário de anos e governos anteriores quando tudo era culpa do Presidente da República.

Agora também fica comprovado o medo que os sindicatos tinham das privatizações feitas pelos dois governos tucanos. Fica comprovado também o terrorismo propagado por eles e Dilma Rostock sobre uma possível onda de privatizações que aconteceria se o tucano José Serra ganhasse as eleições de outubro passado. Se privatizar mais uma estatal será uma teta a menos a ser aproveitada.

Mas ninguém sabe os rumos que o governo Dilma trilhará. Sim, é continuidade do lulismo, mas e as tetas dos sindicalistas? Dizem que Dilma Rostock vai fechar as torneiras. Com as torneiras fechadas a vida não vai ser fácil para quem viveu oito anos bebendo de águas tão refrescantes.

Sindicalistas detêm 43% da elite dos cargos de confiança

Por Silvio Navarro
na Folha



Ao receber a faixa das mãos do presidente Lula, no próximo dia 1º, Dilma Rousseff herdará a máquina federal com quase a metade da cúpula dos cargos de confiança, sem concurso público, tomada por sindicalistas.
Sem vínculo umbilical com o sindicalismo, ao contrário do antecessor, Dilma terá de administrar a pressão das centrais sindicais para manter e ampliar a cota desses cargos, os chamados DAS 5 a 6 (Direção e Assessoramento Superiores) e NES (Natureza Especial).
De acordo com dados do Ministério do Planejamento, há hoje 1.305 cargos dessa natureza. A remuneração chega a R$ 22 mil mensais.
O controle da maioria dos cargos é atribuição da Casa Civil, que será chefiada por Antonio Palocci.
Segundo estudo da cientista política Maria Celina D'Araújo, da PUC-RJ, autora de "A Elite Dirigente do Governo Lula", quase metade (42,8%) dos ocupantes desses cargos atualmente são filiados a sindicatos. Desse total, 84,3% são petistas.
Os principais ramos que conseguiram cargos são os bancários, a área dos professores e os petroleiros.
"Esse negócio de república sindical é bobagem porque o PT e a CUT [Central Única do Trabalhador] têm a mesma raiz. O próprio Palocci foi dirigente da CUT e ninguém fala dele", diz o presidente da central, Artur Henrique. "Seria absurdo se fossem tucanos", emendou.
Ao todo, o governo federal tem cerca de 22 mil cargos de confiança, mas esses 1.305 são a elite do batalhão de comissionados.

PETROBRAS
Desde o início do primeiro governo do presidente Lula, vários dirigentes sindicais ganharam cargos.
Wilson Santarosa, ex-presidente do Sindicato dos Petroleiros de Campinas, por exemplo, tornou-se gerente de comunicação da Petrobras e é membro do Conselho Deliberativo da Petros (fundo de pensão da estatal).
Em Itaipu Binacional, dois representantes da CUT detêm cargos influentes: João Vaccari Neto, atual tesoureiro do PT, é membro do conselho de administração. Assessor da central para assuntos internacionais, Gustavo Codas tem assento na diretoria-geral paraguaia.
Fernando Paes de Carvalho, dirigente do Sindipetro do Norte Fluminense, é coordenador do gabinete da presidência da Petrobras.
Também houve crescimento do domínio "cutista" nos três principais fundos de pensão: Petros (Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Funcef (Caixa Econômica).
No segundo mandato de Lula, 66,6% dos indicados para chefias e conselhos nos fundos são sindicalistas.
No meio sindical, outro alvo é conseguir assento em conselhos de administração, numa espécie de complementação salarial.
A remuneração varia de acordo com o órgão, mas raramente é inferior a R$ 3.000. CUT e Força Sindical, por exemplo, têm espaço no conselho do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

ABC
O grupo de ex-dirigentes do ABC paulista também assumiu postos, como é o caso do presidente do Conselho Nacional do Sesi, Jair Meneguelli, e do presidente do Sebrae, Paulo Okamoto.
Amigo de Lula, esse último deverá seguir para o instituto que levará o nome do presidente em São Paulo.
Tanto Força como CUT admitem relativa "apreensão" com a nova gestão. Ambas, entretanto, elogiam a escolha de Gilberto Carvalho, atual chefe de gabinete de Lula, para a Secretaria-Geral da Presidência, canal de diálogo com as centrais.

domingo, 26 de dezembro de 2010

"À espera de Dilma" por Nivaldo Cordeiro

Publicado no site Mídia Sem Máscara.


O que esperar o novo governo de Dilma Rousseff? Em tudo e por tudo teremos o continuísmo petista, juntamente com seus aliados. Mas o movimento em espiral descendente continuará no rumo aos ideais jacobinos dos revolucionários, pois estes jamais se satisfazem com a mera chegada ao poder. Precisam implantar sua ordem revolucionária.
Dois indicadores foram dados a público, sublinhando essa realidade terrífica. Em entrevista dada à Folha de São Paulo no último domingo o futuro ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, que é o secretário geral do PT, disse que a primeira ação da pasta sob seu comando será fazer a reforma política. Falou pouco em que consistiria essa reforma, enfatizando apenas o aspecto do financiamento público das campanhas. Nas suas palavras:
"Ela é imprescindível para o país e é a tendência da presidente eleita, Dilma Rousseff. Tenho uma série de convicções a respeito, mas, como ministro da Justiça, vou construir o que for possível. Estou absolutamente convencido de que o governo sozinho, sem diálogo com o Congresso e a sociedade, jamais fará uma reforma política. É tarefa inadiável. Defendo com vigor o financiamento público".
O que significa o financiamento público de campanha? A completa autonomia da classe política em relação à sociedade civil, dando poder desmesurado aos partidos políticos vis-à-vis aos empresários e outros agentes não estatais. Os partidos já funcionam como verdadeiras máfias; com o financiamento público teriam o modelo de sonhos: quem estivesse no poder dificilmente seria dele apeado. Estaríamos a meio do caminho andado para que o Estado adquirisse completa autonomia em relação à população, fazendo desaparecer mesmo o problema da representação política.
O segundo ponto não mencionado nesta entrevista, mas que está em outros documentos partidários, é acabar com o Senado Federal, instituindo o sistema unicameral. Cardozo não pôs a mão no vespeiro, pois sabe que qualquer decisão deste quilate envolve a concordância do próprio Senado, que jamais dará o seu endosso. O Senado é o feudo do PMDB, lócus de sua própria fonte de poder. É a reforma dos sonhos do PT. Penso que algo assim só será possível obter pela força, pelo golpe de Estado, e o PT não tem ainda essa força.
Outro indicador da agenda imediata da presidente eleita está no Estadão de hoje, na entrevista de Franklin Martins. Chega a me enternecer a candura do ex-perigoso guerrilheiro. Ele, como Cardozo e toda a cúpula do PT, sentem-se tão à vontade que não têm mais o cuidado de esconder suas más intenções. Franklin anuncia que o PT quer mesmo controlar o conteúdo da mídia, isto é, acabar com a liberdade de imprensa.
Essa é a nefanda agenda preliminar de Dilma para o exercício do poder em seus primeiro meses. O que cabe a nós, os amantes da liberdade, fazer? Temos que dizer como o personagem Durandarte, desde o fundo da Cova de Montesinos, no fabuloso Dom Quixote: "E quando assim não seja - respondeu o tristeDurandarte, com voz desmaiada e baixa - quando assim não seja, paciência, e toca a baralhar as cartas".
Paciência e baralhar! Aguardemos o que nos aguarda o destino. O mal jamais terá a vitória final. Vamos baralhar, pois eles tropeçarão nos próprios pés e cometerão erros fatais.

sábado, 25 de dezembro de 2010

O que seria isso?

No post abaixo comento uma reportagem que saiu hoje na Folha de São Paulo que mostra Franklinstein Martins destilando seu ódio contra a imprensa. Para o daqui uma semana ex-ministro da Comunicação Social, a imprensa brasileira é partidária, tem má vontade e faz uma dobradinha com a oposição.

Franklin já trabalhou nesta imprensa que tanto critica. Aliás, na época do governo Fernando Henrique Cardoso ele criticava o governo tucano. Naquela época a imprensa brasileira deveria ser uma beleza. Franklin tinha um blog. Fui lá agora recuperar um texto que ele escreveu para o Jornal de Brasília do dia 20/06/1999. Nele, Franklins enumerava as crises políticas que assolavam o governo FHC. O título do texto é "Nada como uma crise depois da outra":

Dei-me à pachorra de contar o número de crises que sacudiram, nos últimos meses, o governo e a base governista. Foram nada menos de 18 crises em sete meses. Os abalos começaram pouco tempo depois do segundo turno das eleições do ano passado. Vamos a eles:

1) No fim do ano, primeiras revelações do grampo no BNDES, que produziram a queda do ministro das Comunicações, Mendonça de Barros, e do presidente do banco, André Lara Resende. A base governista divide-se. Os tucanos defendem Mendonção, mas o PFL e o PMDB ajudam a abater aquele que estava marcado para ser o poderoso ministro da Produção;

2) Quase simultaneamente a sociedade toma conhecimento do dossiê Caymann, que logo se revela fajuto, sobre supostos depósitos feitos naquele paraíso fiscal pelos mais importantes nomes do tucanato, inclusive o presidente da República. O ex-prefeito Paulo Maluf e o ex-presidente Fernando Collor mexeram seus pauzinhos nos bastidores para promover a divulgação do papelório produzido em máquinas xerox;

3) O governo sofre humilhante derrota na Câmara dos Deputados, ao tentar empurrar goela abaixo dos deputados a cobrança da contribuição previdenciária dos inativos. O revés deixa claro que as dificuldades políticas para combater o déficit fiscal eram muito maiores do que se supunha;

4) Agudas disputas na base governista por causa da reforma ministerial. Fernando Henrique abre mão de seu projeto de organizar um Ministério da Produção forte e nomeia um primeiro escalão muito aquém das expectativas da sociedade. No dia da posse, faz um discurso pífio. Em compensação, Antônio Carlos Magalhães faz um discurso veemente. O contraste é evidente;

5) Mal começa janeiro, Itamar Franco tromba com a equipe econômica e decreta a moratória de Minas Gerais. A decisão repercute imediatamente nos mercados financeiros e precipita um devastador ataque especulativo contra o real. Começa a fuga de capitais;

6) O governo anuncia o fim do câmbio fixo e a saída de Gustavo Franco do Banco Central. Para o seu lugar, é nomeado Francisco Lopes, que implanta a banda endógena, que duraria poucos dias. Pânico no país e novos ataques contra o real, diante de um BC inerme. Trombada entre Lopes e o ministro da Fazenda, Pedro Malan.

7) Morte inglória da banda endógena e defenestração sumária de Lopes. Adoção do câmbio flutuante. O real despenca, o dólar vai a lua. Logo chegaria à cotação de R$ 2,15. O país mergulha na incerteza econômica e é aprovado a toque de caixa um novo pacote fiscal. Nomeação de Armínio Fraga, assessor do megainvestidor Gerge Soros, para o BC. Acordo com o FMI.

8) Os governadores de oposição enfrentam a equipe econômica e o governo central e conseguem adesões e simpatias entre os chefes dos executivos estaduais eleitos pelos partidos que dão sustentação a Fernando Henrique. Brasília é obrigada a fazer concessões.

9) Primeira grande trombada de ACM com o Judiciário. O presidente do Senado decidie instalar uma CPI para investigar irregularidades no Poder Judiciário. Faz sua aparição no cenário da grande política o novo presidente do PMDB, Jáder Barbalho. Dá um nó em ACM: seu partido só apoiaria a CPI proposta elo presidente do Senado se o PFL apoiar uma CPI para investigar o Banco Central. As duas CPI são instaladas sem que o Planalto mexa uma palha para evitá-las. Fernando Henrique está paralisado; o PSDB, perplexo; as oposições, atônitas.

10) Estoura o caso da ajuda do BC aos bancos Marka e FonteCindam. Surge o bilhete do banqueiro Salvatore Cacciola pedindo socorro a Francisco Lopes. Descobre-se que o ex-presidente do BC tem mais de um milhão de dólares numa conta bancária no exterior, aberta por um de seus sócios. Chico Lopes é convocado pela CPI, recusa-se a depor e é preso. O presidente Fernando Henrique continua paralisado.

11) O PFL faz sua convenção nacional e lança ACM para 2002. Na semana seguinte, o PSDB responde com grandes homenagens ao governador de São Paulo, Mário Covas. Na prática, mal começa o segundo mandato de FH, é dada a largada para a corrida presidencial, que só se realizará dentro de três anos. O ex-ministro Mendonça de Barros é eleito vice-presidente do PSDB. Reacende-se a polêmica entre "desenvolvimentistas" e "monetaristas", abortado no fim de 1998 pela divulgação das fitas obtidas através do grampo do BNDES;

12) Nova fornada de fitas do BNDES. Num dos trechos, André Lara Resende pede a FH que use seu poder para que o Banco do Brasil mantenha compromissos assumidos com um dos consórcios. O presidente atalha: "Sem dúvida". A oposição acusa o presidente de interferir no leilão, pede a instalação de uma CPI e fala em impeachment. A base governista, atuando unida pela primeira vez em meses, derrota a oposição. O presidente custa muito a falar para a sociedade.

13) Outra denúncia atinge o governo: vários ministros, a começar pelo chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho, são acusados de usar aviões da FAB em viagens de férias para Fernando de Noronha. Alguns deles decidem ressarcir a FAB pelas despesas; outros, recusam-se a fazê-lo;

14) Os ministros da Saúde, José Serra, e da Previdência, Waldeck Ornellas, brigam publicamente. O tucano acusa o pefelista de sadismo por ter cortado a isenção previdenciária de alguns hospitais conveniados com o Sistema Único de Saúde. Waldeck responde dizendo que Serra é egocêntrico e desagregador. ACM sai em socorro de Waldeck, Covas dá mão forte a Serra. O presidente só intervém depois que o leite está derramado;

15) O ministro da Justiça, Renan Calheiros, irritado com o veto do chefe da Casa Militar, general Alberto Cardoso, ao delegado que indicara para a direção-geral da Polícia Federal, expõe publicamente suas divergências com o militar. Deixa vazar que a Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, subordinada a Cardoso, estaria na raiz do grampo do BNDES. O PMDB sai em defesa de Renan, enquanto o Exército solta nota respaldando o general. Jáder Barbalho desafia publicamente FH, dizendo que a nomeação do diretor-geral da PF é prerrogativa do ministro da Justiça; o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima, vai mais longe: afirma que o presidente não cometeria a "sandice" de nomear alguém para o cargo sem consultar o partido. FH reage e paga para ver. Nomeia para a PF o delegado João Batista Campelo, um dos indicados pelo general Cardoso. O PMDB se curva, mas Renan insiste em deixar o ministério. É contido pelos seus companheiros, mas fica no cargo emburrado. De lá para cá, não perde uma oportunidade para mostrar seu desagrado com a situação. Fernando Henrique, apesar de irritado, engole o sapo;

16) ACM critica Temer porque este estaria trabalhando contra o parecer do relator da reforma do Judiciário, deputado Aloísio Nunes Ferreira. Dá a entender que Temer, como advogado, defende interesses corporativos. O presidente da Câmara diz que ACM é um curioso em matéria jurídica e diz que ele deveria esperar o projeto chegar no Senado para se pronunciar. Estoura uma briga feiísima entre os presidentes das duas casas do Congresso, com insinuações recíprocas de desonestidade. FH assiste de camarote;

17) O ex-padre José Antônio Monteiro acusa o delegado Campelo de tê-lo torturado em 1970, quando chefiava a PF do Maranhão. Campelo nega, mas, em pouco tempo, fica claro que Monteiro fora efetivamente torturado e que o delegado, direta ou indiretamente, fora responsável pelos suplícios inflingidos ao então religioso. Os partidos oposicionistas pedem a cabeça de Campelo e os governistas lavam as mãos. Fernando Henrique fica paralisado e demora uma eternidade para reagir. Reabre-se assim a crise da PF;

18) Irritado com decisão do ministro Sepúlveda Pertence, do STF, que concedeu liminar contra a decisão da CPI dos bancos que quebrou o sigilo bancário, fiscal e telefônico de Francisco Lopes, ACM acusa o Supremo de cometer um crime. O presidente do STF, Carlos Veloso, responde ao presidente do Senado, dizendo que divergências jurídicas não se resolvem com injúrias. ACM responde, Veloso retruca, ACM devolve, Veloso reage, num ciclo de notas e declarações que parece não ter fim.

Em suma, são 18 crises em sete meses. Até 20 dias atrás, a média era de uma crise nova a cada quinzena. Agora, o ritmo intensificou-se: a cada semana, temos uma ou duas crises novas. É impressionante. Registre-se que os três últimos conflitos da lista (a briga de ACM com Temer, o balança mas não cai de Campelo e a crise entre o Senado) ainda estão em pleno desenvolvimento.
Nunca se viu nada igual.

Recuperando o que foi escrito no começo do texto. Franklinstein Martins disse ontem que a imprensa brasileira é partidária, tem má vontade com governo e faz dobradinha com a oposição? Bem, com um texto desses publicado nesta mesma imprensa que o ministro critica podemos afirmar, sem sobra de dúvida, que Franklin mostra qual partido defende, tem má vontade com o governo Fernando Henrique Cardoso e faz uma dobradinha com a oposição petista. 

Franklin enumerou 18 crises em sete meses no governo Fernando Henrique Cardoso. Que imprensa partidária, de má vontade e aliada da oposição, hein?

O ódio de Franklinstein

Está na Folha de hoje:



Às vésperas de deixar o governo, o ministro Franklin Martins (Comunicação Social) voltou a fazer críticas à mídia brasileira.
Em entrevista ao site "Congresso em Foco", Franklin acusou a imprensa brasileira de ser "partidária", de ter "má vontade" com o governo e de fazer "dobradinha" com a oposição.
O ministro fez ataques aos grandes jornais-chamados por ele de "jornalões"-ao afirmar que esses veículos vivem hoje um "seriíssimo problema de credibilidade".
"Um grande número de leitores não acredita mais no que o jornal diz. (...) Muitas vezes os leitores perceberam que havia má vontade com o governo, desproporcional. E havia uma leniência com a oposição", afirmou.
Franklin disse que os jornais distorceram números favoráveis ao governo e vão terminar a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva "vendendo menos do que vendiam antes".

REGULAÇÃO DA MÍDIA
Ao falar sobre o projeto de regulação da mídia que vai encaminhar à presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), o ministro disse que a sociedade vai ser a "mais prejudicada" se ele não sair do papel.
"Há certas obrigações que devem ser contempladas. Isso se faz no mundo inteiro e ninguém nunca achou que é censura", disse Franklin.
A Folha revelou no início do mês uma minuta do projeto de regulação da mídia, elaborada por um grupo coordenado por Franklin, que prevê a criação de uma Agência Nacional de Comunicação.
O órgão teria poderes para multar empresas que veicularem programação considerada ofensiva, preconceituosa ou inadequada ao horário.
"Segundo o ministro, o projeto a ser enviado a Dilma vai incluir "pluralismo, equilíbrio e respeito à privacidade das pessoas".

Comentário
A cada declaração de Franklin Martins vai ficando cada vez mais nítida a vontade do ministro de Comunicação Social de Lula em censurar a imprensa. Se depender do Franklinstein os jornais só vão publicar coisas boas sobre o governo e arquivar denúncias e mentiras propaladas pelo Palácio do Planalto.
Franklinstein quer mostrar que só Lula é alvo da imprensa. Isso é uma mentira deslavada. José Sarney foi alvo da imprensa. Fernando Collor de Melo foi alvo da imprensa. Fernando Henrique Cardoso foi alvo da imprensa. Por que Lula não pode ser alvo da imprensa? Por que só os três últimos presidentes podem ser questionados pela imprensa e Lula não?
Ainda bem que Franklinstein Martins não vai continuar no governo de Dilma Rostock. O ódio dele contra a imprensa não tem limites. 

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Ex-governador Orestes Quércia morre aos 72 anos em São Paulo

Na Folha



O ex-governador de São Paulo Orestes Quércia (PMDB) morreu às 7h40 desta sexta-feira, aos 72 anos, vítima de um câncer na próstata. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, desde o dia 18 de novembro.
Quércia desistiu de concorrer ao Senado nas eleições de outubro por causa da doença. Durante o período eleitoral, passou 36 dias internado. Teve alta no dia 6 de outubro, um mês após renunciar à candidatura para senador. Leia mais aqui.

A culpa é do TCU

Pela última vez como presidente Lula esteve aqui em Goiás. Veio inaugurar um trecho da ferrovia Norte-Sul. Meses atrás, o Babalorixá disse que inauguraria a ferrovia que começou lá no governo Sarney, passou pelos governos dos Fernandos Collor e Henrique para chegar no governo Lula. Mais uma promessa lulista não cumprida. 

E Lula não se culpa por isso. Claro! Lula nunca tem culpa. Quem tem culpa são os outros. Lula culpou o Tribunal de Contas da União pela não conclusão da obra. Quem manda o TCU ficar fiscalizando obra? Quem manda o TCU mostrar que tem fraudes nas obras lulistas? Ao invés de atacar as ratazanas do dinheiro público, Lula prefere atacar o órgão que cumpre com a sua função.

Mais um governo terminando e outra vez a ferrovia Norte-Sul não tem fim. Pelas previsões de corte no fanfarrônico PAC, Dilma Rostock também não deve terminar esta obra. Vai ver a culpa é do TCU mesmo.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Lula, suas bobagens e o ódio

Lula não toma jeito nem no final do seu mandato. Hoje, ele disse que todos os mensaleiros são inocentes: 

Esse caso me lembra o linchamento de inocentes. Muita gente entra na onda, fica cega e surda para qualquer argumento contrário, e passa, vamos dizer, a jogar bosta na Geni

Afirmando isso, Lula reconhece a ilegalidade e ainda passa a mão na cabeça daqueles que pegaram dinheiro na cumbuca de Marcos Valério. O que fazer quando um presidente faltando oito dias para sair da Presidência resolve inocentar todos os envolvidos no maior escândalo do seu governo? Lula deixa para Dilma Rostock o Brasil da ilegalidade e da crença de que todo aliado do governo deve ser protegido mesmo que esteja envolvido  no maior de todos os escândalos.

Mas as bobagens lulistas não pararam por aí. Lula ainda desceu o sarrafo no DEM:

Esse partido, ou melhor, seu antecessor, o PFL, que não consegue se viabilizar nas urnas, em 2005 tentou o tapetão, o que é natural porque é um partido que tem a ditadura no seu DNA. É sempre assim, partido que não tem apoio do eleitorado, apela

O DEM tem a ditadura no seu DNA? Nunca vi nenhum democrata fazer algum louvor a algum ditador. O PT SIM FAZ LOUVORES AO DITADOR FIDEL CASTRO E SEU IRMÃO RAUL. O PT SIM TEM A DITADURA NO SEU DNA. Ou será que tem algum petista que detesta a ditadura de mais de 50 anos em Cuba?
Nunca vi nenhum democrata passar a mão na cabeça de colegas que receberam dinheiro sujo do esquema montado por José Roberto Arruda no Distrito Federal. Imagino a gritaria do PT se algum político do DEM afirmasse que Arruda foi vítima do PT e da imprensa golpista.

Lula não diz apenas bobagens. Ele prega o ódio. Pregou o ódio quando era oposicionista, prega o ódio como presidente. Não vou me assustar se a partir do dia 01 de janeiro de 2011 Lula destilar todo o seu ódio contra a oposição ao governo Dilma Rostock. 

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O protesto seletivo

Tinha um abestado que me visitava todos os dias. Deixava na área de comentários todo o seu ódio contra o que este humilde blogueiro escrevia. Ele sumiu. Vai ver arrumou algum serviço. Tomara! Pois bem, este meu fã vivia pegando no meu pé. Todos os dias ele dizia que eu só criticava Lula e não criticava os tucanos. Dizia que o meu protesto era seletivo. É mesmo? 

Acabo de ler na Folha online que 70 estudantes foram hoje para a frente do Congresso Nacional protestar contra o aumento abusivo do salário de vossas excelências. Se algum repórter mais curioso perguntasse para alguns destes setenta se se lembram em quem votaram para trabalhar naquele congresso nas eleições d eoutubro seria de muito valor. 

Não considero meu protesto seletivo. Critico Lula quando acho que Lula está errado. Assim como critico o PSDB quando acho que o PSDB está errado. Não critico este ou aquele só porque todo mundo critica este ou aquele. 

Outro repórter curioso poderia perguntar aonde estavam estes 70 quando o Congresso Nacional foi comprado por Lula via Delúbio Soares e Marcos Valério. Não me lembro da gritaria estudantil mirar o Palácio do Planalto. Protestar contra aumento salarial de parlamentares protestam. Protestar contra as barbaridades cometidas por Lula não protestam. Eis aí o protesto seletivo.

sábado, 18 de dezembro de 2010

"Quem se elege pela oposição e se rende ao Planalto é só mais um colaboracionista" por Augusto Nunes

A falta que faz um Mário Covas, lamenta a oposição real sempre que a oposição oficial tira o governo para dançar. Nesse minueto à brasileira, repetido há oito anos, apenas um dos parceiros se curva diante do outro, que retribui as reverências com manifestações de arrogância e para a música para berrar insultos quando lhe dá na telha. Desde a ascensão de Lula ao poder, cabe ao PSDB o papel subalterno e ao PT o comando dos movimentos na pista. Assim será pelos próximos anos, avisou nesta semana a Carta de Maceió, redigida pelos oito governadores tucanos eleitos ou reeleitos em outubro.
Nessa versão 2010 do espetáculo da covardia, como observou Reinaldo Azevedo, não há um único parágrafo, uma só sílaba, sequer uma vírgula que impeça um Tarso Genro de subscrevê-lo. O palavrório nem procura camuflar a rendição sem luta, a traição aos eleitores que souberam só agora que a relação com o governo de Dilma Rousseff, se depender dos tucanos, será regida pelo signo do servilismo. “Um Estado como Alagoas, que concentra os piores indicadores sociais do país, não pode se dar ao luxo de brigar com o governo federal”, subordinou-se o anfitrião Teotônio Vilela Filho. “Nós dependemos, e muito, dos repasses de verbas e programas federais”.
Os convivas do sarau em Alagoas ainda não aprenderam que, segundo a Constituição, o Brasil é uma república federativa. Um governador não precisa prestar vassalagem ao poder central para receber o que lhe é devido, nem pode ser discriminado por critérios partidários. Um presidente da República que trata igualmente aliados e adversários não faz mais que a obrigação.
“Devemos buscar sempre o entendimento e a cooperação, na relação tanto com o governo federal como com os governos municipais”, recitaram em coro ─ e em nome de todos ─ o paulista Geraldo Alckmin e o paranaense Beto Richa. Previsivelmente, foram abençoados por outra frase equivocada do presidente do PSDB, Sérgio Guerra: “Fazer oposição não é papel dos governadores”.
Claro que é. Mais que isso: é um dever. Os eleitores que garantiram a vitória de cada um dos oito signatários da Carta de Maceió não escolheram um gerente regional, mas políticos incumbidos de administrar com altivez Estados cuja população é majoritariamente oposicionista. Se dessem maior importância à afinação com o Planalto, teriam optado por candidatos do PT. O convívio entre governantes filiados a partidos diferentes é regulamentado por normas constitucionais, regras protocolares e manuais de boas maneiras. Isso basta.
É natural que governantes de distintos partidos colaborem na lida com problemas comuns. Outra coisa é a capitulação antecipada e desonrosa. Quem se elege pela oposição e se oferece ao inimigo como colaborador voluntário é apenas colaboracionista. Os franceses sabem o que é isso desde a Segunda Guerra Mundial. Os governadores tucanos que já se ajoelham diante de Dilma Rousseff logo saberão.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Pelos 8 anos de silêncio, a UNE ganha um presentão do Lula

Segue um trecho do que está no Estadão online de hoje:


No apagar das luzes, o governo Luiz Inácio Lula da Silva autorizou o pagamento de uma bolada de R$ 44,6 milhões à União Nacional dos Estudantes (UNE), como reparação pelos danos causados à entidade durante a ditadura militar (1964-1985). A primeira parcela, de R$ 30 milhões, caiu na conta da entidade na sexta-feira, 17, mesmo, depositada pela Comissão da Anistia, escalada para saldar a conta. Os R$ 14,6 milhões restantes entrarão no orçamento de 2011. Leia mais aqui.

Este presentaço de Lula é uma contribuição pelos 8 anos que a UNE se calou diante escândalos e desastres do governo. A UNE se calou quando o Ministério da Educação cometeu erros bizonhos no Enem. É, pessoal! Para alguns, o silêncio vale R$ 44,6 milhões. 

Geração Mensalão

Dilma Rostock e Michel Temer estão sendo diplomados neste momento. Ela, presidente da República. Ele, vice-presidente. Imagino quantos esquerdistas estão comemorando. José Dirceu mesmo disse dias atrás que a chegada de Dilma ao poder era a chegada da Geração de 1968 ao poder. Geração de 1968? Sim, tem gente que acredita nesse bando de velhos que ainda se acham jovens. Nunca cresceram e nem dão pinta de que vão crescer.

Esta Geração de 1968 foi abordada outra vez pela imprensa quando Lula chegou ao poder. Chefiados por José Dirceu, os eternos guerrilheiros che-guevarianos, os eternos tropicalistas, aqueles que pichavam muros nas décadas de 1960 e 1970 estavam ocupando democraticamente (apesar deles nunca acreditarem que um dia chegariam ao poder pela democracia) o Palácio do Planalto. O mesmo palácio que um dia abrigou militares que perseguiam a Geração de 1968, naquele dia, era ocupado pelos sempre perseguidos. Muitos confetes caíram nas carecas dos sempre revolucionários. Muitos discursos apaixonados revivendo aqueles anos de chumbo. Aposto que José Dirceu tinha certeza que depois da chegada do torneiro mecânico ao poder o próximo seria ele, o primeiro líder estudantil. Mas...

A Geração de 1968 foi destruída em um único ano e por uma única pessoa: Roberto Jefferson. Ele, o malandrão da política brasileira que virou aliado de Lula, denunciou o esquema de corrupção que detonaria uma geração inteira. Foi caindo um a um: José Dirceu, Antônio Palocci, Silvio Pereira, Delúbio Soares...
Vimos que aqueles rebeldes cabeludos faziam as mesmas coisas que os seus inimigos. Vimos que aqueles que batiam no peito dizendo serem mais éticos que todos na política perderem a compostura. E quem denunciou tudo isso? Roberto Jefferson, o mesmo picareta que defendeu Fernando Collor de Melo quando este era acusado de se beneficiar de um esquema de corrupção e ser duramente criticado pela mesma Geração de 1968. Interessante, não? Os puros da política brasileira não se envergonharam em se aliar com picaretas, com pessoas cujo passado político não era dos melhores.

Veja Dilma Rostock e Michel Temer. O vice-presidente eleito representa o que há de mais podre no PMDB. Representa o PMDB do balcão de negócios que não pensa em resolver os problemas do Brasil e sim nos ministérios por onde correrão rios de dinheiro e potes de mel são encontrados atrás de todas as portas. A Geração de 1968 chega ao poder do lado do que há de mais podre na política. Dilma nem terminou de organizar seu ministério e nós vemos a cada edição dos jornais a fome por mais cargos no primeiro, segundo, terceiro escalões. 

Eu vou rir muito no dia 1º de janeiro de 2011. Vai ter muito jornalista narrando a posse da nova presidente e lembrando da Geração de 1968. Que geração é essa? Que são esses velhos que chegam ao poder de braços dados com raposas da política brasileira? Enquanto os bobalhões lembrarão da turminha que infernizou estêpaiz em 1968 eu vou vê-los como a Geração Mensalão. A geração de 1968 somada com o PMDB do Michel Temer. E esta mistura só pode dar em escândalo, crise política e paralisia nacional. O sonho acabou, amigos. Voltemos a dura realidade!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Aumentou o salário? Vai aumentar o trabalho?

A Câmara aprovou aumento salarial para parlamentares, presidente e vice-presidente. Beleza hein? Agora sim o Tiririca vai ajudar sua família. 
Quero saber se, aumentando o salário, os parlamentares, presidente e vice-presidente vão ter seus trabalhos aumentados. Quero ver essa galera que ganha bem remexer as cadeiras para fazer valer o quanto eles ganham. 

Lula não perde a deixa para criticar a imprensa

Disse Lula hoje: A imprensa vai receber isso aqui. Quero que todo mundo receba para eles perceberem o quanto eles perderam de cobrir coisa boa do governo. [...] Não é no Brasil é no mundo inteiro. Em qualquer país do mundo a imprensa ela cobre o que tem mais apelo à sociedade e, às vezes, o construir tem menos apelo que o destruir. O "isso aqui" que Lula se refere é a prestação de contas do seu governo. A cada fala de Lula sobre a imprensa devemos redobrar a defesa pela liberdade de imprensa e de expressão. Lula nunca perde a deixa para atacar a imprensa.
Lula termina o seu mandato com a crença de que imprensa boa é aquela que puxa o saco do governo, que solta rojão quando o presidente inaugura a maquete de uma obra. Franklin Martins tentou conter a imprensa, mas, ainda bem, não conseguiu.
Não devemos jamais nos esquecer do discurso de Dilma Rostock logo após as eleições deste ano. Ela falou um liberdade de imprensa. Vamos ver até quando este discurso vai durar. Se ela seguir fielmente os passos do seu criador precisamos triplicar a vigilância sobre a liberdade de imprensa.

Refundar?

Tem tucano querendo "refundar" o PSDB. Refundar? Não! O PSDB precisa fazer uma coisa que não fez desde 2003, quando deixou o Palácio do Planalto: ser oposição. Nestes oito anos de lulismo não vimos nenhuma posição oposicionista por parte do PSDB. O fim da CPMF foi um ato da oposição? Não! Teve apoio da oposição sim, mas teve governista rebelde que votou contra a prorrogação do famigerado imposto.
Não adianta nada querer refundar o partido, discutir o papel do PSDB no governo Dilma se os tucanos não aprenderem a ser oposição. Até hoje o partido não entendeu o recado de 44 milhões de brasileiros. Serão precisos 44 milhões de desenhos para os tucanos saberem o que deve ser feito?

Direceu sempre presente

Sempre quando perguntado se ainda exercia alguma influência no governo Lula, o ex-guerrilheiro José Dirceu fugia do assunto. Mas Lula hoje agradeceu as contribuições de Dirceu. Mesmo depois de chefiar a quadrilha que comandou o maior esquema de corrupção destêpaiz, Lula reconhece os feitos do seu "sempre ministro" José Dirceu. O ex-guerrilheiro sempre esteve presente no governo. Ele pode negar, mas Lula agradece.

"Paulistério" racha PT e faz favorito desistir da Câmara

Por Ana Flor e Valdo Cruz
na Folha



A bancada do PT aclamou ontem o atual vice-presidente da Câmara, Marco Maia (RS), como nome do partido para presidir a Casa a partir de fevereiro.
Um racha da legenda fez o favorito na disputa, Cândido Vaccarezza (SP), desistir da candidatura. Apesar da tentativa de demonstrar unidade ao fim do encontro, foi a primeira crise antes mesmo da posse da presidente eleita, Dilma Rousseff.
No final da noite, conforme era esperado, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) foi escolhido líder da bancada para o próximo ano.
A desistência de Vaccarezza, líder do governo na Câmara e preferido de Dilma, foi consequência da perda de apoio nas bases.
O racha interno começou com o descontentamento de deputados com o "paulistério" em formação -a supremacia de nomes do PT de São Paulo no novo ministério e no comando do partido.
Uma ala do PT mineiro, por exemplo, se diz ressentida com a composição -por ora, esse grupo só foi contemplado com o nome de Fernando Pimentel, indicado para o Desenvolvimento.
Informada da desistência, a equipe de Dilma tentou atuar para adiar a decisão, mas não pôde evitar a indicação de Maia como candidato do PT à presidência da Câmara a partir de fevereiro.
A avaliação entre os assessores de Dilma é que o deputado gaúcho pode "ganhar a indicação, mas corre sério risco de perder a eleição".
Isso porque ele não conta com o apoio dos principais líderes do partido, que teriam condições de costurar um acordo para assegurar sua eleição no plenário.
A situação atual se assemelha à de 2005, quando o PT também rachou e teve dois candidatos na disputa pelo comando da Câmara.
Na época, o "baixo clero" acabou aproveitando a situação para eleger o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE).
Cândido Vaccarezza era até hoje o franco favorito na disputa e contava com a simpatia do Planalto. A situação mudou com a desistência do terceiro candidato, Arlindo Chinaglia (SP), que decidiu apoiar Marco Maia.
O deputado gaúcho também arrebatou o apoio da segunda maior tendência do PT, a Mensagem ao Partido, a mesma do governador eleito Tarso Genro (RS).
A disputa pela indicação -o PT tem a preferência para indicar o próximo presidente da Câmara por ter o maior número de deputados- deixa a bancada rachada.
Causa também um problema dentro da maior corrente do PT, o Campo Majoritário. Tanto Vaccarezza quanto Maia são da CNB (Construindo um Novo Brasil).
Ontem, cerca de 18h, Vaccarezza ligou ao presidente do PT, José Eduardo Dutra, informando sua desistência.
Seu grupo havia feito as contas e chegou à conclusão de que não teria votos suficientes. Tentavam o adiamento da decisão, mas consideravam difícil de conseguir devido ao impasse.
A decisão do nome deveria ter acontecido ontem. Como os grupos viram que não haveria consenso, a reunião foi suspensa após 30 minutos.
"Candidatos pediram tempo para sair [da disputa]", disse Fernando Ferro (PE), líder da bancada, pela manhã.
Remarcada para as 17h, a plenária não ocorreu. Chinaglia anunciou a desistência antes disso.
Dutra, disse, ao final do encontro, que a surpresa na definição faz parte da história do PT. "Eu saio satisfeito de não ter tido votação."

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Pra gente não esquecer

Há quarenta e dois anos atrás o Brasil entrava no momento mais crítico da ditadura militar: a instalação do Ato Institucional número 5. Os militares mostravam que o regime iniciado no dia 31 de março de 1964 entraria no seu período mais duro. A censura se apoderou de todo jornalismo, de toda a cultura. Já não era mais permitido pensa livremente, expressar livremente, opinar livremente. Era o período mais negro da história destêpaiz.

É inacreditável que, 42 anos depois do AI-5 e 25 anos depois da redemocratização nós tenhamos que ouvir um ministro da Comunicação Social querendo pautar a imprensa, controlar o que sai no jornal, na revista, na internet. Apesar do Franklinstein Martins, que foi perseguido pelo AI-5, querer baixar a censura na imprensa, nunca devemos nos esquecer do que aconteceu no dia 13 de dezembro de 1968. É preciso lembrar desta insanidade para que nenhum outro insano faça as barbaridade feitas há 42 anos atrás.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Lula anestesiou o povo brasileiro

Faltam 19 dias para Lula deixar a presidência da República. Desde o dia 1º de janeiro de 2003 nós ouvimos Lula falar o que quer e ter uma platéia aplaudindo. Lula grita, fala palavrões, xinga antecessores (apesar que dois ex-presidentes sejam seus aliados) e se acha um iluminado, um ser que veio do céu para salvar o povo brasileiro. Por falar em céu, graças a Deus só faltam 19 dias para acabar com todo esse discurso grosseiro que tomou conta da política brasileira nestes últimos oito anos. 

Lula discursou diversas vezes sobre a Ferrovia Norte Sul. Se exaltou, é claro. Chegou a exaltar até o ex-presidente José Sarney, o criador da obra. Quem diria que, um dia, nós veriamos Lula elogiando José Sarney. Mas a Ferrovia Norte Sul só funciona nos discursos de Lula. A realidade é bem diferente. Os jornais Diário da Manhã e O POpular de hoje falam sobre o atraso das obras da ferrovia aqui em Goiás. Um editorial do Popular até cobra dos empresários e políticos goianos mais pressão pelo cumprimento das promessas lulistas. Mas Lula anestesiou o Brasil inteiro. Desde a população dependente do Bolsa Família até os empresários que nunca lucraram tanto como no governo Lula. Quero ver se vai ter alguém batendo na porta do Palácio do Planalto e cobrar do presidente o cumprimento das promessas feitas num dos seus inúmeros discursos recheados de palavrões e xingamentos de ex-presidentes. 

Lula está de mudança para São Bernardo do Campo. Será que algum empresário ou político goiano vai atravessar as mobílias lulistas que já estão embaladas para mudança e conversar com o homem que prometeu acabar com a Ferrovia Norte Sul? Infelizmente não vai ter cobrança. Lula anestesiou o povo brasileiro. Até o empresariado que tinha medo dele em 1989 ficou encantado nestes últimos anos. E é este encanto que faz com que Lula não precise ser cobrado pelos seus discursos. Vai demorar muito para o povo brasileiro desligar o som deste canto insuportável que sai do Palácio do Planalto desde o dia 1º de janeiro de 2003.

"Meu adeus como colunista" por Diogo Mainardi

Esta é minha última coluna.
Eu passei oito anos zombando do lulismo. Se agora eu passasse a zombar do dilmismo, que é uma mera pantomima do lulismo, eu me tornaria uma mera pantomima de mim mesmo.
— Diogo é um Arlecchino! Diogo é um Pantalone! Diogo é uma Colombina!
O lulismo queria que eu fosse embora do Brasil. Eu fui. O lulismo queria que eu me desinteressasse do presidente da República. Eu me desinteressei. O lulismo queria que eu renunciasse à minha coluna. Eu renunciei. Eu sou igual a um marido que, para poder se livrar da mulher amarga e rancorosa, cede todos os seus bens e vai morar num flat. Eu fui morar num flat mental. Eu fui morar numa kitchenette existencial. Eu sei que o lulismo está feliz de se separar de mim, mas garanto que eu estou incomparavelmente mais feliz de me separar dele.
Rubens Barrichello compreendeu a natureza do dilmismo. Quando lhe perguntaram o nome da presidente eleita, ele respondeu sabiamente:
— Como é que se chama a mulher?
A partir de hoje, esse é meu lema. Eu posso falar sobre Bartolomeo Bon. Eu posso falar sobre Anco Marcio. Eu posso falar sobre Cosmè Tura. Quem mais? Eu posso falar sobre Sexto Empirico. Eu posso falar sobre Pavel Chichikov. Eu posso falar sobre Pepe Le Pew. Só a presidente eleita está proibida de entrar em meu flat mental. Sobre ela, minha resposta será sempre a mesma:
— Como é que se chama a mulher?
Além de compreender a natureza do dilmismo, Rubens Barrichello compreendeu também a natureza do automobilismo. Ele demonstrou que, se é para guiar devagar, ninguém precisa de uma Ferrari. VEJA é uma Ferrari. Para poder me livrar do dilmismo, estou pronto a ceder minha vaga na escuderia. O que eu quero, neste momento, é pilotar um kart. De agora em diante, escreverei apenas um artigo mensal para VEJA. Renuncio à coluna, portanto, mas continuo aqui, em marcha lenta. Milan Kundera disse que quem anda devagar contempla as “janelas de Deus”. Rubens Barrichello anda devagar e contempla as janelas de Deus. Sou bem mais modesto do que ele. Para mim, basta poder contemplar as janelas da minha kitchenette existencial.
O primeiro ato de um espetáculo grotesco, como aquele encenado pelo lulismo até 2006, pode despertar algum interesse. O segundo ato é inevitavelmente mais sonolento. Mas é o terceiro e último ato, repetindo as mesmas galhofas dos anteriores, que realmente entedia e aporrinha o espectador. Foi para poupar o público desse constrangimento que resolvi sair do palco.
— Onde está o Arlecchino? Onde está o Pantalone? Onde está a Colombina?
(Um espectador aplaude. Outro atira um tomate. Outro ronca. Luzes.)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Dia do Palhaço



Cada dia que passa tenho certeza que Lula e seus petralhas tratam a gente como se a gente fosse o Bozo

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

E o aeroporto de Goiânia...

Lula vai deixar a presidência sem cumprir a promessa de concluir a reforma do aeroporto de Goiânia. Ele que fez tudo que não tinha sido feito na história destêpaiz vai deixar de fora uma reforma que precisa ser feita urgentemente. Quando Lula deixar a presidência Goiânia continuará oferecendo aos seus moradores e visitantes uma aeroviária de quinta categoria, sem espaço e conforto aos seus usuários.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Briguinhas internas

O deputado do DEM Rodrigo Maia responsabilizou o ex-candidato tucano José Serra pelo fraco desempenho da oposição. Esta briga entre DEM e PSDB não vai levar a nada. Ou melhor, só mostra que a oposição não está correspondendo ao recado emitido por 44 milhões de brasileiros que não concordam com o lulo-petismo.
Ao invés de unir forças, ao invés de denunciar a forma covarde que PT e PMDB dividem os ministérios do futuro governo Dilma, Maia prefere atacar Serra. Enquanto democratas e tucanos trocam farpas os futuros aliados de Dilma fazem o que bem entendem na Esplanada dos Ministérios. Essas briguinhas internas não levam a nada, mas os oposicionistas insistem em brigar entre si. 

30 anos sem John Lennon

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Herança maldita

Sei não, mas Lula vai deixar uma herança maldita para Dilma Rostock. Vemos os futuros ministros falando em cortar isso, economizar aquilo. O ano de 2011 deve nos apresentar muitas surpresas.

Quem deve controlar

O lulo-petismo não cessa com sua ânsia de controlar a imprensa. A turminha do Franklinstein Martins ainda insiste em controlar o que deve e o que não deve sair na imprensa. Imagino Franklistein sentado na sua mesa analisando o que vai e o que não vai ser publicado neste ou naquele jornal.
Não quero que o governo interfira na imprensa. Quem pode e quem deve interferir é o telespectador ou assinante. Se o assinante da Veja não quer mais ler a revista que ele cancele a assinatura. Não quero que um governo diga o que um telespectador ou assinante leia ou veja. 
É um absurdo discutirmos liberdade de imprensa bem no ano que comemoramos 25 anos do fim da Ditadura Militar. Mas, o lulo-petismo insiste no autoritarismo e no fim da liberdade de imprensa.

Governo estuda regular conteúdo de rádio e TV

Por Andreza Matais
na Folha



A primeira versão do projeto do governo para o setor de telecomunicação e radiodifusão prevê a criação de um novo órgão, a ANC (Agência Nacional de Comunicação), para regular o conteúdo de rádio e TV.
A Folha teve acesso à minuta da proposta, batizada de Lei Geral da Comunicação Social. O texto tem cerca de 40 páginas e vem sendo mantido em sigilo.
É resultado do grupo de trabalho criado há seis meses e coordenado pelo ministro Franklin Martins para discutir um novo marco regulatório para o setor.
A nova agência para regular conteúdo substituiria a Ancine (Agência Nacional do Cinema) e teria poderes para multar empresas que veicularem programação considerada ofensiva, preconceituosa ou inadequada ao horário.
O presidente da Ancine, Manoel Rangel, disse à Folha que não tem "opinião formada" sobre a mudança.
O texto prevê ainda a proibição que políticos com mandato sejam donos ou controlem rádio e TV. A atual legislação proíbe apenas que eles ocupem cargos de direção nas empresas.
Não está claro no anteprojeto se a vedação atingiria quem já tem concessões.
Levantamento da ONG Transparência Brasil aponta que 160 parlamentares têm concessões de rádio e TV.
O ministro já afirmou que o governo Lula não vai encaminhar o projeto ao Congresso, e sim entregá-lo a Dilma Rousseff como sugestão.
Caso Dilma decida enviar a proposta ao Congresso, o texto pode sofrer alterações e passar por consulta pública. Se a lei for aprovada, o funcionamento da agência será detalhado em decreto.
Na semana passada, Lula disse, em entrevista, que Dilma fará a regulação.
O processo de outorga de novos canais ou renovação também passará pela nova agência, além do circuito Ministério das Comunicações-Congresso, e se tornaria mais transparente, com o passo a passo publicado na internet.
A Folha apurou ainda que a proposta incorpora vários pontos do PL 116, que cria novas regras para o mercado de TV por assinatura e de conteúdo audiovisual, mas não trata de regras para cumprimento do limite de participação de capital estrangeiro nos meios de comunicação.
Será mantida a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), que cuida de questões mais técnicas, como a elaboração de planos e distribuição de canais.
Para o governo, a agência não significa censura, porque o conteúdo será analisado depois de veiculado.
Representantes do setor, porém, avaliam que a proposta abre brechas para cercear jornalismo e dramaturgia. Além disso, dizem, a Constituição já prevê punição para os abusos.
A criação da agência para regular conteúdo tem apoio de entidades que defendem o "controle social da mídia".

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Foi um golpe

Vou concordar com Lula hoje. O mensalão foi um golpe. Foi um golpe no teto de vidro que o PT construiu durante 25 anos. Foi um golpe na ética hipócrita que os petralhas defendiam durante anos e anos. Depois do mensalão nós vimos que aqueles cordeirinhos que, quando eram da oposição, gritavam por punição aos corruptos e exigiam ética na política eram, na verdade, lobos vorazes. O mensalão golpeou em um ano um discurso cheio de hipocrisia que o PT construiu durante 25 anos. Lula tem razão: o mensalão foi um golpe. Golpeou toda a falsidade petralha e mostrou que todo mundo que entrava no Palácio do Planalto passava a mão na bunda do presidente e ele não fazia nada, ou melhor, fazia de conta de que não fazia nada. O mensalão mostrou que o PT é um partido que se vende em qualquer negociação e que o presidente destêpaiz é um grande bundão.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Um fora da lei homenageado na casa que faz a lei

Acabo de ler na Folha online que o chefe do MST João Pedro Stédile foi homenageado na Câmara dos Deputados. O deputado Brizola Neto (PDT) achou que Stedile deveria receber a Medalha do Mérito Legislativo "por seus serviços prestados para a sociedade". Quer serviços esse sujeito prestou para a sociedade? Ele comanda uma facção que toca o terror no campo, que invade propriedade privada e depreda patrimônio público. É um fora de lei recebendo uma homenagem dentro da casa que faz as leis. Pois é. O circo já está armado. Agora sim Tiririca tem todas as condições de ser deputado federal.

Lula e Sarney

Vergonhosa! Lamentável! Nojenta! É assim que descrevo mais uma defesa que Lula faz de José Sarney. Primeiro Lula disse que Sarney era uma pessoa incomum. Agora ele fala que é um "preconceito" falar em "oligarquia Sarney". Como assim? Lula passou muito tempo de sua vida política atacando esta oligarquia que assalta e atrasa o Maranhão. Lula já chamou Sarney de ladrão! É sempre bom lembrar do que Lula dizia da "oligarquia Sarney" há um tempo atrás...


Essa "gente que passa o tempo inteiro discaradamente mentindo na televisão" está com Lula hoje

Lula acusa repórter de preconceito e o manda "se tratar"

Na Folha


Durante o fechamento simbólico da primeira de 14 comportas da Usina Hidrelétrica Estreito, no rio Tocantins, no Maranhão, o presidente Lula se irritou com uma pergunta sobre se agradeceria o apoio da "oligarquia Sarney", acusando o repórter de "preconceito".
Lula dividia o palanque com a governadora reeleita Roseana Sarney (PMDB) e seu marido, o empresário Jorge Murad, em cuja empresa a Polícia Federal encontrou, em 2002, R$ 1,34 milhão em dinheiro vivo, cuja origem não foi identificada.
O presidente, durante seu discurso, voltou a mencionar um suposto golpe em curso contra seu governo, em 2005, na esteira das denúncias do mensalão, relatando uma conversa que teve com o senador José Sarney (PMDB).
Ele teria dito à época que era a "encarnação do povo" e que seus adversários "não sabiam o que iria acontecer" caso fosse dado "um passo além da institucionalidade".
Após o evento, questionado por um repórter do jornal "O Estado de S. Paulo" se "agradeceria à oligarquia Sarney pelo apoio dado ao seu governo", Lula se irritou, chamou a pergunta de preconceituosa, recomendou um tratamento de "psicanálise" ao repórter e saiu em defesa da família Sarney.
"Eu agradeço [aos Sarney] e a pergunta preconceituosa sua é grave para quem está há oito anos comigo em Brasília. Significa que você não evoluiu nada do ponto de vista do preconceito, que é uma doença", disse Lula.
"O presidente Sarney é o presidente do Senado. E o Sarney colaborou muito para que a institucionalidade fosse cumprida. Você devia se tratar, quem sabe fazer psicanálise, para diminuir um pouco esse preconceito", concluiu.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

PT amplia guerra com PMDB para controlar Correios e Banco do Brasil

Por Vera Rosa
no Estadão



Diante da perspectiva de comandar o Ministério das Comunicações, o PT planeja desalojar o PMDB da direção da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT). O pedido será encaminhado pela cúpula do partido à presidente eleita, Dilma Rousseff.
A ideia, no entanto, é passar um verniz de ‘desloteamento’ político nos Correios para apresentar a reivindicação como uma tentativa de profissionalizar a estatal, alvo de uma sucessão de crises nos últimos meses.
A direção do PT aposta que o futuro ministro das Comunicações será Paulo Bernardo, atual titular do Planejamento, e já começou a vasculhar uma das chamadas joias da coroa.
Há apenas quatro meses na presidência dos Correios, David José de Matos foi indicado pelo deputado Tadeu Filipelli (PMDB-DF), vice-governador eleito do Distrito Federal, mas também é amigo de Erenice Guerra, a ministra da Casa Civil que caiu em setembro, no rastro de acusações de tráfico de influência na pasta.
Mapa. Uma comissão formada por seis dirigentes do PT já começou a fazer o mapeamento dos cargos federais. A equação não é fácil de ser fechada porque o PT da presidente eleita Dilma Rousseff e o PMDB do futuro vice-presidente, Michel Temer (SP), dão cotoveladas em busca dos principais assentos para demarcar seus respectivos territórios.
O Ministério das Comunicações está sob controle peemedebista e a sigla só aceita abrir mão do pasta se levar Transportes, hoje capitaneado pelo PR.
O assunto foi avaliado na segunda-feira, 29, em reunião de Dilma com o presidente do PT, José Eduardo Dutra, e o deputado Antonio Palocci, futuro chefe da Casa Civil. Desde setembro Bernardo atua como uma espécie de interventor nos Correios e faz um diagnóstico dos problemas da empresa, que não são poucos.
Banco do Brasil. Além de ocupar a cadeira mais importante dos Correios, o partido de Dilma também quer trocar o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendini. A maior instituição financeira do País tem ativos de R$ 725 bilhões. Sem levar em conta o PMDB, que está de olho na presidência do Banco do Brasil, uma ala do PT pretende emplacar ali o atual secretário de Política Econômica, Nelson Barbosa.
Em conversas reservadas, porém, interlocutores de Dilma admitem que a escolha será resultado de uma disputa de bastidores entre Palocci e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mantido no cargo. Tanto Mantega como Palocci, ex-ministro da Fazenda de 2003 a 2006, têm influência no banco.
Bendini chegou à cúpula do BB na cota do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas até no Palácio do Planalto há quem defenda a sua saída, sob a alegação de que ele "não atende" as demandas políticas. Barbosa, por sua vez, tem cativado as tendências do PT.
Na sexta-feira, o secretário fez uma exposição sobre a conjuntura econômica durante seminário promovido pela chapa petista "O partido que muda o Brasil" e encantou os espectadores com seu discurso na linha desenvolvimentista. A portas fechadas, Barbosa disse que a maior preocupação, no governo Dilma, é como manter o processo de crescimento com o cenário internacional adverso.
Apesar da cobiça do PMDB, a presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Maria Fernanda Ramos Coelho, deve ser mantida no posto.

Sarney e Collor estão pertinho de Lula

Lula, para variar, criticou os governos anteriores. No plural. Hummm... Ele disse que os governos anteriores não investiram em educação e por causa disso criou-se um exército de jovens sem oportunidade. Tirando Fernando Henrique Cardoso, Lula tem ao seu lado dois ex-presidentes: José Sarney e Fernando Collor de Melo. Bem que ele poderia dar uma bronca nos dois por causa desse exército de jovens sem oportunidades.

Documento revela que, para EUA, Itamaraty é adversário

Por Fernando Rodrigues
na Folha



Telegramas confidenciais de diplomatas dos EUA indicam que o governo daquele país considera o Ministério das Relações Exteriores do Brasil como um adversário que adota uma "inclinação antinorte-americana".
Esses mesmos documentos mostram que os EUA enxergam o ministro da Defesa, Nelson Jobim, como um aliado em contraposição ao quase inimigo Itamaraty.
Mantido no cargo no governo de Dilma Rousseff, o ministro é elogiado e descrito como "talvez um dos mais confiáveis líderes no Brasil".
A Folha leu com exclusividade seis telegramas de um lote de 1.947 documentos elaborados pela Embaixada dos EUA em Brasília, sobretudo na última década.
Os despachos foram obtidos pela organização não governamental WikiLeaks. As íntegras desses papéis estarão hoje no site da ONG (cablegate.wikileaks.org/), que também produzirá reportagens em português. A Folha.com divulgará os telegramas completos.
Num dos telegramas, de 25 de janeiro de 2008, o então embaixador dos EUA em Brasília, Clifford Sobel, relata aos seus superiores como havia sido um almoço mantido dias antes com Nelson Jobim. Nesse encontro, o ministro brasileiro contribuiu para reforçar a imagem negativa do Itamaraty perante os norte-americanos.
Indagado sobre acordos bilaterais entre os dois países, Jobim citou o então secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães.
Segundo o relato produzido por Clifford Sobel, "Jobim disse que Guimarães "odeia os EUA" e trabalha para criar problemas na relação [entre os dois países]."
Não há nos seis telegramas confidenciais lidos pela Folha nenhuma menção a atos ilícitos nas relações bilaterais Brasil-EUA. São apenas descrições de encontros, almoços e reuniões.
Ao mencionar um acordo bilateral, Clifford Sobel diz que caberá ao presidente Lula decidir entre as posições de um "inusualmente ativo ministro da Defesa interessado em desenvolver laços mais próximos com os EUA e um Ministério das Relações Exteriores firmemente comprometido em manter controle sobre todos os aspectos da política internacional".
Num telegrama de 13 de março de 2008, Sobel afirma que o Itamaraty trabalhou ativamente para limitar a agenda de uma viagem de Jobim aos EUA.
Ao relatar a visita (de 18 a 21 de março de 2008), os EUA pareciam frustrados: "Embora existam boas perspectivas para melhorar nossa relação na área de defesa com o Brasil, a obstrução do Itamaraty continuará um problema".

CAÇAS DA FAB
Apesar de elogiado, Jobim nunca apresentou em reuniões nenhuma proposta especial aos EUA a respeito da licitação dos 36 aviões caça que serão comprados pela Força Aérea Brasileira.
Em todos os relatos confidenciais os diplomatas dos EUA em Brasília mencionam frases de Jobim que coincidem com o que o ministro declarou em público.
Em uma ocasião, por exemplo, os norte-americanos escrevem: "Compras de fornecedores dos EUA serão mais competitivas quando [o país] autorizar uma produção brasileira de futuros sistemas militares".
Procurado pela Folha, o Departamento de Estado dos EUA se recusou a comentar as comunicações sigilosas.
Uma porta-voz do departamento enfatizou que os países mantêm boas relações. A Casa Branca não respondeu à reportagem até a conclusão desta edição.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

De novo Direto ao ponto

Mais uma vez Augusto Nunes vai Direto ao ponto. A oposição não pode desconsiderar os mais de 40 milhões de votos obtidos nas eleições de outubro. Alguma coisa tem que ser feita e urgente. Segue o post do blog do Augusto Nunes:

A anedótica impontualidade, que desde sempre o faz chegar atrasado a todos os compromissos, acabou contaminando o calendário político e subvertendo o relógio eleitoral de José Serra. O candidato à Presidência da República demorou demais para entrar oficialmente na disputa, para concentrar-se na campanha, para costurar a coligação nacional, para montar as alianças regionais ou para decidir quem seria o vice. Nesta quinta-feira, ao aparecer no Senado depois de três semanas de sumiço (e depois da hora marcada), confirmou que vai terminar o ano como começou: chegando à estação quando o trem já partiu.
Em público, Serra assumiu (com 25 dias de atraso) a responsabilidade pela derrota. “A culpa sempre é do candidato”, reconheceu na primeira linha do mea culpa revogado pelo que disse em encontros reservados com senadores tucanos. A soma das conversas informa que Serra divide a culpa pelo fracasso entre o rolo compressor do governo federal e o desinteresse de companheiros de partido pela eleição presidencial. Ressentido com o que qualifica de “traições”, a maior das quais imagina ter sido protagonizada por Aécio Neves, quer ser compensado com a presidência nacional do PSDB.
Colecionador de bons desempenhos como deputado federal, senador, secretário de Estado, ministro, prefeito e governador, é compreensível que Serra recuse a aposentadoria. Também é aceitável que atribua à própria força eleitoral uma parcela considerável dos votos obtidos em 31 de outubro. É natural, enfim, que não se sinta forçado a abandonar a vida pública por uma derrota: a morte política nunca ocorre antes da morte física. O incompreensível, o inaceitável, o antinatural é perceber que a ficha ainda não caiu. Alguma alma caridosa precisa contar-lhe que nenhum candidato com chances de conquistar a presidência foi tão indiscutivelmente culpado pela própria derrota.
“Cada um tem um estilo e Serra foi fiel ao estilo dele: define uma linha e, aconteça o que acontecer, vai em frente”, resumiu com a habitual elegância o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na entrevista publicada pela Folha em 2 de novembro. Resumo da ópera: fora o marqueteiro Luiz Gonzalez, o candidato da oposição oficial não consultou ninguém, não pediu um só conselho a quem quer que seja. Fez questão de errar sozinho — e só não cometeu mais erros por falta de tempo.
Ao abortar a ideia das prévias partidárias, por exemplo, perdeu quaisquer chances de ter Aécio Neves como vice. Ao contemplar o legado de FHC com o olhar deliberadamente vesgo do inimigo, enxergou um problema onde sempre existiu, mais que uma solução, o maior trunfo eleitoral dos oposicionistas. Dilma Rousseff atravessou a campanha celebrando o Brasil de anúncio da Petrobras que Lula finge ter construído. O ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso fez de conta que nem participou do governo que mudou para muito melhor o país real.
Em vez de defender as privatizações que aumentaram a distância entre o Brasil e as cavernas, preferiu acusar Dilma de ser menos estatizante do que parece. Em vez do Serra decidido a encerrar a Era da Mediocridade, apresentou-se ao eleitorado um certo Zé pronto para ocupar o lugar do Silva e aperfeiçoar a obra do presidente que estava, segundo o suposto adversário, “acima do bem e do mal”. A adversária que todo candidato pede a Deus implorou pelo nocaute o tempo todo. O oponente fugiu ao combate e tentou ganhar encostado voluntariamente nas cordas.
Prisioneiro da falácia marqueteira segundo a qual eleitores preferem que participantes de um duelo troquem cobranças por arrulhos e interpelações por sonetos românticos, Serra desperdiçou incontáveis oportunidades de liquidar o duelo. As pesquisas de intenção de voto avisaram que questões vinculadas a valores morais e princípios éticos influenciariam a decisão do eleitor. Inibido pela paralisante estratégia do medo, inquieto com a possível exposição de pecados tucanos, Serra arriou a bandeira do combate à corrupção desfraldada no discurso em que se despediu do cargo de governador.
Açulada pela tibieza do oponente, a política aprendiz colocou na mesma categoria criminosa a confusa história protagonizada por Paulo Preto e o escândalo medonho da Casa Civil estrelado por Erenice Guerra — o andor mais vistoso da procissão infame engrossada por estupradores de sigilo fiscal, fabricantes de dossiês cafajestes e governantes fora-da-lei. Tecnicamente, Serra perdeu para a sucessora escolhida por um presidente sem compromisso com a verdade, a legislação eleitoral e o Código Penal. Vistas as coisas de perto, Serra foi o grande algoz de si próprio. Não existem traidores a condenar. Não há responsabilidades a apurar.
“Ele nunca vai admitir isso”, concordam 10 em cada 10 tucanos. “Se foi teimoso a vida inteira, não é agora que vai mudar. Ocorre que a paisagem brasileira mudou, e quem não se adaptar à guinada histórica não tem chances de salvação. As urnas de 2010 testemunharam o nascimento da oposição real. Difere da oposição oficial na cara, no ânimo, na alma. Tem um patrimônio superior a 40 milhões de votos e outros 20 milhões a conquistar. Tem as linhas gerais de um programa, como veremos em outro post. E tem um estadista, Fernando Henrique Cardoso, acumulando as funções de patriarca e ideológo.
Faltam líderes que efetivamente representem a oposição real, e não há vagas nesse grupo de elite para quem faz o que fez Serra na campanha de 2010. Falta um partido que se oponha ao governo antes e depois da eleição, livre-se dos delinquentes de estimação e não perca tempo com intrigas domésticas. O PSDB até pode transformar-se nesse porta-voz da resistência democrática. Por enquanto, não é.