sábado, 22 de dezembro de 2007

A culpa é da oposição

Estou lendo o livro Lula é minha anta do Diogo Mainardi. A cada página lida xingo a oposição. Os oposicionistas tinham tudo nas mãos para ganhar de Lula nas eleições do ano passado. E ganhar no primeiro turno. Mas a oposição tucana preferiu um candidato desconhecido ao outro conhecido e com chances reais de vitória. Entre Geraldo Alckmin e José Serra os tucanos escolheram... Geraldo Alckmin. A campanha oposicionista foi totalmente esculachada. Alckmin era mais lembrado pelo seu apelido de chuchu do que suas propostas para a área da saúde. Ao ler o livro do Diogo Mainardi penso em tantas coisas que a oposição poderia jogar na cara dos petistas e não tiveram coragem. Se Lula foi reeleito a culpa é da oposição. Se Lula tem mais de 50% de aprovação a culpa é da oposição.

A oposição é amiga do governo

Não é só um problema nacional. Aqui em Goiás também é assim. Se o PSDB e o DEMO dão moleza para Lula, o PMDB e o PT facilitam a vida do governador Alcides Rodrigues, o popular Cidinho. Se você quiser uma prova de que a oposição está do lado do governador é só ver as notícias que saem na imprensa goiana sobre as festas de confraternização ocorridas no Palácio das Esmeraldas. Em qualquer família cujas contas estejam no vermelho faz de tudo para economizar e evita desperdícios. A família do Palácio das Esmeraldas não é assim. Todo mundo sabe que o Estado de Goiás está quebrado. Porém, Cidinho não deixa de fazer a sua festa de arromba. Queria saber os detalhes desta festa. Queria saber quem saiu de lá cambaleando. Queria saber qual deputado cobiçou a mulher do próximo. Mas eu não sou jornalista. Não tenho nenhuma carteirinha que possibilite a minha entrada nas festas de arromba do Palácio das Esmeraldas. Só sei das coisas que saem nos jornais que, é claro, são filtradas. Mas seria interessante só observar como os políticos de oposição se comportam numa festa do governo. O que sai na imprensa é o elogio que a oposição faz à Cidinho. Todo mundo fala que o começo é assim mesmo, que é difícil o primeiro ano de mandato. Começo? Primeiro ano de mandato? Ora essa, Cidinho assumiu o governo no dia 1º de abril de 2006. Vai ver a data que é mais lembrada por ser o Dia da Mentira não dê créditos a verdadeira primeira posse de Cidinho. Mas é verdade. Cidinho está no poder desde 1º de abril de 2006. Desta data até 1º de janeiro de 2007 ele escondeu do público a crise financeira que o estado estava passando. Também, se Cidinho metesse a língua nos dentes não teria o apoio de Marconi Perillo nas eleições do ano passado. Só depois da posse (a segunda) é que Cidinho decidiu falar sobre a crise. E a oposição... Bem, assim como os tucanos lá no Congresso, a oposição goiana nada fez. Deixou as coisas correrem. Eles acreditam que Cidinho começou a governar o estado no dia 1º de janeiro de 2007. Esquecem do Dia da Mentira de 2006 que, por incrível que pareça, é a mais pura verdade. Foi o dia da posse de Alcides Rodrigues, o popular Cidinho. A oposição ajuda tanto o governo que até adia o dia da posse para justificar as dificuldades enfrentadas pelo governador que faz parte da turma que ajudou a quebrar o Estado pela segunda vez. A primeira foi a própria oposição que assinou o estrago. Talvez seja por isso o tamanho da amizade entre os dois lados

Canalheiros encerra o mensalão

Eu ia escrever outra coisa, mas achei que o assunto que vou abordar mais interessante. Depois, quem sabe, não publico o que ainda está incompleto aqui no computador? Deve ser a minha consciência que está mais leve. Não, eu não fui confessar. Natal não época para confissões. Semana Santa sim é o tempo para contar tudo para o padre. Fui cortar o cabelo. Vocês não sabem o alívio que é ter a consciência leve e cabelos bem cortados.
No cabeleireiro sempre tem uma revista Veja antiga. Não só no cabeleireiro, mas nos consultórios médicos também. A esquerda fala mal da revista, mas ela sempre está ali, mesmo que velha, nas estantes dos consultórios e dos cabeleireiros. Fui cortar o cabelo. Enquanto esperava minha vez fui folheando uma Veja que estava em cima da poltrona. Ela não era tão velha assim. Numa das reportagens que li enquanto esperava minha vez de dar uma ajeitada na cabeleirea falava da absolvição de Renan Canalheiros. Tudo foi armado pelo governo Lula. Canalheiros renuncia à Presidência do Senado e os senadores o absolvem de mais uma denúncia. Antes ninguém sabia quem pagava a pensão da filha do senador alagoano. Com a segunda absolvição (que a revista mencionava) ninguém saberá se Canalheiros usou “laranjas” para comprar rádios em Alagoas. Renan agora é uma sombra. É mais um no Senado. Fará de tudo para não aparecer na mídia. Resta saber se a mídia vai deixar Renan de lado. Eu não! Renan sempre será lembrado neste blog assim como é lembrado o ex-senador e atual deputado federal Jader Barbalho. Quando estava na oposição Lula odiava Barbalho. Quando virou presidente beijou a mão do ladrão da Sudam. Num comício no Pará Lula dividiu palanque com o corrupto. Nenhum petista do naipe de José Dirceu reclamou. Ninguém sentiu nojo do Lula beijar a mão de Jader. É que todo mundo ali é igual... Bem, vamos voltar ao Renan Canalheiros. Senão este post não vai valer a pena. Senão terei que acabar aquele outro assunto que está arquivado no computador e, quem sabe um dia, eu termino. A segunda absolvição de Canalheiros fechou o ciclo do mensalão. Sim. Em 2005, Duda Mendonça prestou depoimento na CPI dos Correios. Confessou que recebeu dinheiro da campanha de Lula de 2002 no exterior. A nossa lei não permite isso. Era a senha para a oposição se juntar e pedir a cabeça de Lula. Que nada! A oposição fraquejou. Deixaram Lula sangrar até outubro de 2006 e se deram mal. Lula foi reeleito e até hoje ninguém sabe dos milhões que o PT pagou para Duda Mendonça no estrangeiro. Lula pensou que cairia depois do depoimento do seu marqueteiro. Os petistas bobos que acreditam na “causa” (em algum post aí abaixo falo dos petistas espertos e dos bobos) choraram durante o depoimento de Duda Mendonça. Sim, era verdade. O PT não era o dono da ética. Todo aquele discurso construído por Lula, José Dirceu e companhia caiu por terra com o depoimento do marqueteiro. Mas, a oposição não fez nada. Se tivesse pressão Lula cairia. Se Lula caísse quem assumiria era José Alencar. Na época do mensalão, José Alencar era do PL (que hoje virou PR). O partido do vice-presidente havia recebido dinheiro do Marcos Valério. Alencar cairia na certa. O próximo da fila era o então presidente da Câmara Severino Cavalcante. Ele também cairia se assumisse a Presidência da República por conta do mensalinho cobrado do dono de um restaurante lá no Congresso Nacional. Quem seria o próximo? Isso mesmo. Renan Canalheiros viria depois de Severino. Dois anos depois de Lula quase ir parar na sarjeta do Planalto descobrimos que todos os possíveis sucessores presidenciais estavam envolvidos em alguma falcatrua. A segunda absolvição de Renan Canalheiros fecha o ciclo de impunidades do mensalão. Lula e José Alencar foram reeleitos em 2006. Severino Cavalcante renunciou ao mandato e até hoje continua livre, leve e solto. Renan renunciou só a presidência do Senado em troca da manutenção do seu mandato. Pronto! Com Renan Canalheiros livre a República de Banana está a salvo. Ninguém preso. Ninguém punido. Depois da sessão que o absolveu Renan Canalheiros foi comemorar na casa de José Sarney. Segundo a reportagem da revista Veja, que fez passar o tempo enquanto esperava cortar o cabelo, Canalheiros estava muito a vontade, com um copo de uísque na mão e zombando de Jefferson Pérez, integrante do Conselho de Ética do Senado que havia pedido a cassação do seu mandato. Os petistas comemoram suas glórias fumando um charuto cubano. Renan Canaleiros prefere um copo de uísque. Essa gente é sofisticada demais para um país tão atrasado.

Salve a liberdade de imprensa

Uma juíza proibiu Juca Kfouri de criticar o deputado Fernando Capez (PSDB). Como diria Boris Casoy: “Isto é uma vergonha!”. Como eu disse num post aí abaixo: deveria ser proibido político processar alguém. Político deve ser fiscalizado, criticado, ter toda a sua vida revirada. Afinal, quem opta ser político é porque quer ser um homem público e todo homem público não tem nada que esconder, não é mesmo? Ainda mais se este homem público mexe com os interesses da sociedade e é pago por ela. Por isso, seria bem interessante não esquecermos do nome de Fernando Capez e sempre lembrar ao eleitor nas próximas eleições de que ele odeia a liberdade de imprensa. Quem odeia a liberdade não merece representar o povo. Salve Juca Kfouri! Salve a liberdade de imprensa! Abaixo Fernando Capez!

Censura não!

Na Folha de São Paulo

A juíza da 13ª Vara Cível de São Paulo, Tonia Yuka Kôroko, proibiu liminarmente (em caráter provisório) o jornalista Juca Kfouri de escrever textos que possam ser considerados ofensivos ao promotor afastado e hoje deputado estadual Fernando Capez (PSDB), sob pena de multa de R$ 50 mil.A decisão da juíza foi confirmada, no dia 23 de novembro, pelo desembargador Luiz Antônio de Godoy.Para Tais Gasparian, advogada de Kfouri, a decisão viola o direito do jornalista de exercer sua profissão."A ordem imposta a Kfouri, que o proíbe de "ofender" Capez, além de abstrata, hipotética e subjetiva, é flagrantemente ilegal e consiste em evidente embaraço ao exercício da atividade jornalística", afirma.Gasparian e os advogados Samuel Mac Dowell de Figueiredo e Mônica Filgueiras da Silva Galvão, que recorreram anteontem da decisão do desembargador, sustentam que "é tênue a divisa entre a crítica, que mesmo veemente, irônica e dura, deve ser suportada, e a ofensa, cabendo ao jornalista caminhar no fio dessa navalha."À Justiça o deputado apresentou três textos publicados no blog esportivo de Kfouri.Um deles, de 2006, intitulado "Mais uma do promotor", informava que Capez havia sido multado pelo Tribunal Regional Eleitoral em razão de propaganda eleitoral ilegal."Curiosamente, o requerido [Kfouri] não trouxe ao seu blog esportivo a notícia de que o processo de impugnação foi julgado improcedente no Tribunal Superior Eleitoral. Também não noticiou que o requerente [Capez] foi eleito com quase 100 mil votos", informou o parlamentar em juízo.Ainda na Justiça, Capez sustentou que Kfouri é reincidente, pois já teria sido condenado duas vezes por tê-lo ofendido.O jornalista não consta como condenado dos processos citados. Em um, é testemunha. Em outro, a condenação recaiu sobre o veículo de comunicação.Ontem, Capez informou que não iria se manifestar porque o processo está em andamento.Em nota, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) informou que a liminar é um "absurdo ato de censura prévia". "Não se admite qualquer censura prévia, como se dá nesse caso. Censura prévia é contrária ao livre exercício do jornalismo e à livre circulação de opiniões, portanto, um desserviço a todos os cidadãos e à sociedade em geral."

Tempo Velho e Tempo Novo: os dois quebraram Goiás


Quando vi a foto acima na edição de hoje do jornal O Popular não acreditei. Sim, era o prefeito Íris Rezende recebendo a visita do senador Marconi Perillo. Aqui em Goiás Íris representa o Tempo Velho e Marconi o Tempo Novo. Os dois sempre foram adversários, mas, de vez em quando, a gente é pego de surpresa quando vemos os dois juntos, nestes encontros natalinos. Marconi foi ao Paço Municipal entregar dois presentes a Íris. Um pelo seu aniversário que é hoje e outro pelo Natal. Que bonito! Que alegria! Que beleza! Íris e Marconi passaram 2007 trocando farpas sobre a crise financeira do estado. O Tempo Novo atacava o Tempo Velho que, por sua vez, atacava o Tempo Novo. Íris e Marconi trocaram farpas pela imprensa. Se um fazia uma crítica num dia, no outro já tinha a resposta. Como o clima natalino propicia estas falsidades, estes abraços com um punhal nas mãos, não me comoveu nenhum pouco esta visita de Marconi à Íris Rezende. É como eu sempre escrevo aqui no blog: político é tudo a mesma coisa, é tudo vagabundo. Pode ter certeza que, passando o clima natalino, o Tempo Novo vai voltar a atacar o Tempo Velho por causa da crise financeira do estado. Aí, meu caro, não tem vinho argentino que consiga conter os ânimos. Com ou sem clima de Natal, a certeza é que tanto o Tempo Velho como o Tempo Novo quebraram Goiás.

O bispo precisa ouvir o que diz o papa

O Papa Bento XVI visitou o Brasil em maio deste ano. Um dos discursos mais belos foi proferido no Estádio do Pacaembu, durante o encontro do papa com os jovens. Disse Sua Santidade: Mas, sobretudo, o Papa espera que saibam ser protagonistas de uma sociedade mais justa e mais fraterna, cumprindo as obrigações frente ao Estado: respeitando as suas leis; não se deixando levar pelo ódio e pela violência; sendo exemplo de conduta cristã no ambiente profissional e social, distinguindo-se pela honestidade nas relações sociais e profissionais. Tenham em conta que a ambição desmedida de riqueza e de poder leva à corrupção pessoal e alheia; não existem motivos para fazer prevalecer as próprias aspirações humanas, sejam elas econômicas ou políticas, com a fraude e o engano.
O bispo Luiz Flávio Cappio decidiu interromper sua greve de fome. Depois que soube da decisão do Supremo Tribunal Federal de que as obras da transposição do Rio São Francisco poderiam continuar ele desmaiou. Após o desmaio, o bispo foi internado num hospital. Segundo reportagem da Folha de São Paulo (publicada no post abaixo), Dom Luiz decidiu parar com a greve de fome por causa da pressão dos seus assessores. Ainda na reportagem, o bispo fez críticas à decisão do STF de autorizar a continuação da obra.
O papa disse que todo católico deve seguir as leis do Estado. O bispo Dom Luiz Cappio não segue as leis do Estado e muito menos as da Igreja. Não sei porquê até agora Bento XVI não deu nenhum puxão de orelha no bispo. Neste momento de, como posso dizer, reflexão que o bispo fará, enquanto volta a se alimentar, quem sabe ele lê o discurso do Papa Bento XVI proferido no Estádio do Pacaembu na sua visita ao Brasil em maio deste ano. O bispo precisa ouvir o papa urgentemente!

Pobre Brizola

Leonel Brizola deve estar se revirando no túmulo. O que estão fazendo com o PDT que ele fundou... Carlos Lupi é presidente do partido. A Comissão de Ética Pública sugeriu que Lula o demitisse porque Lupe além de ser presidente do PDT é ministro do Trabalho. Lupe ameaça processar a comissão. Acho que deveria criar uma lei proibindo político de processar alguém. É claro que está errado um cara ser presidente de um partido aliado do governo e ocupar um ministério do governo. Mas, para Lupe, tudo está beleza. Lula deixou a coisa rolar. A mesma coisa aconteceu com Walfrido dos Mares Guia. Desde 2005 que se sabia do seu envolvimento no mensalão mineiro. Mesmo assim Lula o chamou para o Ministério das Relações Institucionais. Como o mensalão mineiro foi parar no Supremo Tribunal Federal, Mares Guia pediu o boné. Lula sabia dos problemas e convidou Mares Guia. Mares Guia sabia que devia na praça e aceitou o convite. Que cada um arque com as conseqüências dos seus atos. Por falar em atos, Lupe está errado. Ah, se Leonel Brizola estivesse vivo o que ele diria. Ele fundou o PDT. Carlos Lupe afunda o PDT.

Agência de Duda perde concorrência da Petrobras

Por Luisa Belchior
na Folha de São Paulo

A Petrobras anunciou ontem as três empresas que devem ficar responsáveis pela publicidade da estatal a partir de 2008, por pelo menos dois anos. A F-Nazca, a Quê Comunicação e a Heads Propaganda foram pré-selecionadas na licitação.A agência do publicitário Duda Mendonça, que atendeu a Petrobras até este ano, perdeu a concorrência.Só no primeiro ano de vigência, o contrato prevê R$ 250 milhões para as três agências escolhidas.De 17 propostas analisadas, com o critério de melhor técnica, a F-Nazca ficou em primeiro lugar, a Quê Comunicação, em segundo e a Heads Propaganda, em terceiro. O resultado não é definitivo pois depende da abertura das propostas de preço das empresas.Procuradas pela Folha, a F-Nazca e a Quê Comunicação informaram que não divulgariam suas propostas. A Folha não encontrou os diretores da Heads Propaganda.Pela primeira vez, as propostas técnicas das empresas foram analisadas sem que os componentes da comissão de licitação da Petrobras vissem a identidade de cada uma delas.A Petrobras não divulgou a classificação da empresa de Duda, que era responsável desde 2003 pela publicidade junto com a Quê e a F-Nazca.Os responsáveis pela conta da Petrobras na Duda Propaganda, no Rio, disseram que a empresa já havia sido avisada mas que não comentaria. A Folha não localizou os diretores.

TCU pára licitação e cobra diretor do Dnit

Por Silvio Navarro
na Folha de São Paulo

Dois meses depois da polêmica indicação de Luiz Antonio Pagot para chefiar o Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes), o Tribunal de Contas da União determinou a suspensão da licitação das obras da BR-429, em Rondônia, por indícios de "irregularidades graves" no edital que, se não forem sanadas, acarretarão prejuízo de ao menos R$ 12 milhões à União.O prazo para entrega das propostas das empresas que quisessem concorrer à licitação expirava ontem.O edital foi lançado no dia 22 de novembro, logo após Pagot assumir o cargo. A pavimentação da rodovia, em quatro trechos, está orçada em R$ 375,5 milhões e deveria ser incluída no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).O despacho assinado pelo ministro Ubiratan Aguiar determina que Pagot envie explicações sobre o caso em 15 dias -prazo termina no Natal- e autoriza a realização de diligências e inspeções.De acordo com a área técnica do tribunal, o edital permitia que a própria empresa vencedora da concorrência para executar as obras fornecesse o material betuminoso (cimento asfáltico de petróleo e asfalto diluído). No entanto, o Dnit tem um contrato que prevê a compra desse tipo de material diretamente com a Petrobras, a custo mais barato.A irregularidade foi apontada pela Secretaria de Fiscalização de Obras e Patrimônio do tribunal. De acordo com as planilhas, se não for fornecido pela Petrobras, o asfalto fica até 44% acima do preço.O TCU cobrou: "A não-apresentação de justificativas ou seu não-acolhimento poderá ensejar a fixação de prazo para adoção de medidas legais com vistas à anulação do edital de concorrência".Até outubro deste ano, havia uma brecha que permitia às empresas comprarem material betuminoso onde queriam. Mas, diante de indícios de ilegalidade, a portaria foi revogada. Na ocasião, o TCU determinou que o Dnit montasse um grupo para apresentar alternativas, em 30 dias, de fornecimento de asfalto. Mas, de acordo com o o tribunal, "não se tem notícias sobre as conclusões formuladas pelo referido grupo de trabalho".A assessoria do Ministério dos Transportes argumentou que se "esgotou o quantitativo de material (200 mil toneladas) dada a ampliação da carteira de obras do DNIT" e que o órgão pretende firmar contrato de ampliação desse montante com a Petrobras. "Este assunto está sob exame, pois o contrato atual está na iminência de expirar e pode ser renovado em outras bases", disse o ministério, que respondeu sobre o caso.A nomeação de Pagot foi cercada de polêmica, com forte resistência do PSDB no Senado. Filiado ao PR, ele foi indicado ao cargo pelo governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR). Braço operacional do Ministério dos Transportes, também cota do PR na Esplanada, o Dnit gerencia orçamento anual de quase R$ 12 bilhões -somados restos a pagar.O PSDB condenou a indicação de Pagot sob argumento de que ele omitiu que trabalhou no Senado entre 1995 e 2002, mas simultaneamente atuava em empresa privada, o que seria ilegal.

Lula pede a ministros união em 2008 e minimiza fim de CPMF

Na Folha de São Paulo

Ao som de Gilberto Gil, de Wagner Tiso e do mais novo músico de plantão do governo, o ministro José Múcio Monteiro (Articulação Política), o presidente Lula reuniu quase todo o primeiro escalão do governo numa festa anteontem no Palácio da Alvorada e pediu unidade dos ministros em 2008.Segundo a Folha apurou, no breve discurso que fez, Lula lembrou das dificuldades políticas que teve que enfrentar em 2007, disse que 2008 será um ano muito bom e destacou que o fundamental, para isso, será a união dos ministros.Para o presidente, de acordo com relato de pessoas presentes à festa, a unidade será "a razão do sucesso deste governo" e que, sozinho, "ninguém vence".Lula agradeceu a sua equipe, mas convocou todos a "trabalhar mais" em 2008. Citou a derrota da CPMF como uma das notícias ruins de 2007, acrescentando considerar o caso episódio superado. Lembrou, porém, que teve mais fatos positivos do que negativos, destacando os bons números da economia.Bem humorado, Lula circulou pelas rodinhas que se formaram no salão. O cantor e compositor mineiro Wagner Tiso foi uma das estrelas da festa. No ano passado, ele causou polêmica por causa das declarações sobre os escândalos de corrupção no governo durante encontro com o presidente na casa do ministro Gilberto Gil (Cultura). Tiso teria dito que não estava "preocupado com a ética do PT".

STF foi submisso e Estado de Direito corre risco, diz bispo

Por Luiz Francisco e Fábio Guibu
na Folha de São Paulo

Menos de 24 horas após encerrar um jejum de quase 23 dias contra o projeto de transposição de águas do rio São Francisco, o bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, 61, fez ontem duras críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao STF (Supremo Tribunal Federal). Disse que a atitude do presidente durante seu jejum foi "muito insensível" e que o STF foi "subserviente" ao Executivo ao liberar as obras.Anteontem, Lula disse que o Estado acabaria se cedesse à greve de fome do bispo contra o projeto, orçado em mais de R$ 5 bilhões e considerado prioridade do governo. Na quarta-feira, o STF negou recurso solicitando a paralisação das obras e cassou liminar que havia suspendido o projeto. No mesmo dia, o bispo desmaiou após saber da decisão e foi internado."A decisão tomada pelo STF é claramente subserviente porque, embora seja leigo nas causas jurídicas, as pessoas que entendem do assunto diziam que os processos eram claríssimos, não tinha como [o STF] não olhar e dar um parecer favorável para que esta luta tivesse um reforço do Judiciário para ser levada adiante."Internado em um hospital de Petrolina (PE) para se recuperar dos problemas causados pela falta de alimentação, o bispo respondeu a perguntas feitas pela Folha no final da manhã de ontem, por intermédio de um sobrinho dele, que gravou as respostas.Dom Luiz classificou o resultado do julgamento do STF como "desanimador e decepcionante", e sugeriu que o governo domina os outros Poderes. "Isso me deixa muito preocupado porque quando um governo tem o domínio do Legislativo na mão direita e do Judiciário na mão esquerda isso coloca em xeque o Estado de Direito. Será que estamos vivendo uma nova ditadura?", questionou.D. Luiz disse que encerrou o jejum após ser persuadido por seu médico, familiares e assessores. Afirmou ter sido convencido de que seu recado contra o projeto estava dado.O religioso, que já havia entrado em greve de fome pelo mesmo motivo em 2005, descartou repetir a estratégia. Disse também não acreditar mais na Justiça para paralisar as obras. "Já foi confirmado que as vias jurídicas no Brasil, infelizmente, são inócuas."Sobre a campanha contra a transposição, o bispo disse que irá haver um "novo esquema de combate". "A luta continua, essa foi apenas uma etapa. Novas frentes de luta estão sendo pensadas e vão surgir."Ele afirmou que não teve medo de morrer durante o jejum -"Depois de tanto tempo, a gente fica espiritualmente forte e nem mesmo a morte causa medo"- e negou que o fim do protesto represente uma vitória do governo. "Nesta luta não estamos procurando derrotados ou vitoriosos."O ministro do STF Marco Aurélio Mello defendeu ontem os colegas que votaram contra a suspensão das obras de transposição. "Cada qual se manifestou de acordo com o seu convencimento." Ele lamentou o resultado do julgamento, mas negou que o tribunal tenha sido "subserviente" ao governo. As obras foram liberadas por 6 votos contra 3. Ele deu um dos votos favoráveis à paralisação."A prova [de que não há subserviência] está no recebimento da denúncia criminal do mensalão, atingindo vários petistas", declarou Marco Aurélio Mello.A Folha procurou ouvir a presidente do STF, ministra Ellen Gracie, mas ela não respondeu.

O saque do Masp

Editorial do Estado de São Paulo

Deixando de fora o Iraque, um país cronicamente saqueado e em condições quase nulas de preservar algum bem de valor artístico, o Brasil assume o destacável terceiro lugar - atrás apenas de Estados Unidos e França - no ranking dos países com maior número de obras de arte furtadas, segundo os dados da Interpol. Um acordo foi assinado, há dez anos, entre essa organização policial internacional e o governo brasileiro, mas apenas 35 das 933 obras furtadas em nosso território, nesse período, foram recuperadas. E, certamente, esse terceiro lugar ainda é mais significativo se compararmos a enorme diferença quantitativa dos acervos norte-americano e francês com o brasileiro. A maneira como foi feito o furto, na madrugada de quinta-feira, de dois valiosos quadros do Museu de Arte de São Paulo (Masp) - o Retrato de Suzanne Bloch, de Pablo Picasso (com valor estimado de US$ 50 milhões), e O Lavrador de Café, de Cândido Portinari (com valor estimado de US$ 5,5 milhões) -, tem lances que de tão inusitados lembram o que o senso comum costuma associar à escola pictórica do surrealismo. Durou apenas 3 minutos e foi executado sem o uso de nenhuma tecnologia moderna - bastaram um macaco hidráulico, um pé-de-cabra e uma velha marreta - o maior e mais ousado furto de obra de arte já realizado no País. As autoridades policiais têm certeza de que os ladrões são os mesmos que fizeram duas tentativas anteriores, fracassadas, de levar obras do mais importante museu de arte da América Latina (e do Hemisfério Sul), com acervo de 8 mil obras avaliado em R$ 17 bilhões.Sem seguro, sem sensor, com sistema de segurança obsoleto e alarme que ficou quase dois meses desligado, porque, quando soava, incomodava os circunstantes - é assim que tem sido “protegido” esse enorme patrimônio artístico brasileiro, concentrado no prédio da Avenida Paulista, projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi, que é um dos principais marcos arquitetônicos da cidade. Na primeira tentativa, em 29 de outubro, os ladrões chegaram às 6 horas. Dois homens disfarçados de vigias dominaram dois seguranças, tentaram chegar ao acervo do segundo andar, forçaram a entrada, o alarme disparou e eles fugiram. Três dias antes do furto das duas telas, provavelmente os mesmos ladrões, como suspeita o delegado do 78º Distrito Policial, usaram um maçarico para entrar por uma porta dos fundos do museu, mas foram surpreendidos pelos vigias e fugiram pela Avenida 9 de Julho. Estranhamente, a polícia não foi avisada dessa ocorrência. Finalmente, na madrugada de quinta-feira, se aproveitando da inacreditável ausência de seguranças - já que os da noite tinham saído antes de os do turno diurno chegarem -, os ladrões entraram e levaram os dois quadros que estavam em salas diferentes. As câmeras de segurança registraram apenas os vultos dos invasores - não dando para distinguir suas feições porque carecem de dois dispositivos modernos que custam R$ 30 mil, que o Masp não pode pagar. Pode-se imaginar o impacto negativo que tem sobre a opinião pública internacional o descaso das instituições brasileiras com nosso patrimônio artístico-cultural, que tem sido saqueado sistematicamente nos últimos tempos, a revelar uma inacreditável negligência tanto dos depositários, públicos e privados, das obras de arte como dos órgãos encarregados da segurança pública. Pouco importam, nesse momento, as conjecturas que se fazem sobre tratar-se de ladrões “profissionais” ou amadores, sobre o roubo ter ou não sido “encomendado” e se está ou não conectado com a atividade de grandes quadrilhas internacionais. A impressionante desproporção entre as 933 obras furtadas em dez anos e as 35 recuperadas já dão conta de como é fácil e lucrativo o saque continuado de nosso patrimônio cultural.O caso do Masp é especialmente lamentável, primeiro, pela importância que tem o museu para o Estado e o País, e, segundo, pela situação financeira cronicamente periclitante em que se encontra, graças a gestões pouco criativas e eficazes - para dizer o menos. Quando se imaginava que tentativas de apoio oficial poderiam encaminhar soluções concretas para o saneamento administrativo do museu, vem esse desfalque abrupto de um patrimônio insubstituível. São Paulo não merecia este “presente” de Natal.

Arrecadação aumenta mais de R$ 54 bi e cobre perda com a CPMF

Por Renata Veríssimo e Fabio Graner
no Estado de São Paulo

A arrecadação de impostos e contribuições federais atingiu R$ 537,16 bilhões de janeiro a novembro deste ano - aumento real de 11,03% em relação ao mesmo período de 2006. Ou seja, R$ 54,16 bilhões entraram a mais nos cofres do governo este ano. Mesmo se não houvesse o recolhimento da CPMF, o crescimento das receitas ainda seria de R$ 20,85 bilhões, pouco mais da metade do que o governo perderá em 2008 com o fim do tributo. O recolhimento da CPMF representou 6,11% do bolo tributário acumulado no ano. Segundo o coordenador-geral de Previsão e Análise da Receita Federal, Eloi de Carvalho, a expansão da economia tem sido o fator preponderante para elevar a arrecadação, combinada com a fiscalização. Ele avaliou ainda que o retorno dos R$ 40 bilhões ao mercado, com o fim da CPMF, trará aumento de arrecadação em 2008 em tributos como o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ). “O retorno desses recursos para a economia produz algum aumento de receita”, disse, sem estimar de quanto seria a elevação. “Certamente vamos incorporar essa expectativa na reestimativa de arrecadação para 2008.”Os processos de abertura de capital realizados neste ano no Brasil também levaram para os cofres públicos uma arrecadação extra, segundo Eloi, superior a R$ 4,5 bilhões. Somente em novembro, a abertura de capital da Bovespa impulsionou as receitas em quase R$ 2 bilhões. No total, a arrecadação tributária no mês passado bateu o recorde para meses de novembro: R$ 52,41 bilhões, uma expansão real de 19,82% em relação a novembro de 2006. Somente os ganhos de capital nas negociações de ações e os lucros das instituições financeiras proprietárias das ações e suas corretoras levaram ao pagamento extra de IRPJ e da Contribuição Social do Lucro Líquido (CSLL) de R$ 1,34 bilhão em novembro e de R$ 3,6 bilhões no acumulado do ano. Eloi disse que os destaques foram os meses de maio, agosto e novembro. O resultado de dezembro também deve ser influenciado positivamente por causa da abertura de capital da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). No ano, os tributos que tiveram os maiores aumentos na arrecadação em relação a 2006 foram o Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), o IRPJ e a CSLL. A Receita tem obtido crescimentos sistemáticos de IRPF ao longo do ano por causa da tributação de ganhos de capital na venda de imóveis, depois que o cruzamento dos dados repassados pelos cartórios com as informações prestadas pelo contribuinte foi intensificado. Além dos reflexos dos ganhos líquidos em operações de bolsa, este ano também cresceu a arrecadação relativa à declaração de ajuste anual, por causa da exigência da Receita do número do CPF dos dependentes, que levou à redução da inclusão de dependentes declarados. A arrecadação de IRPF cresceu 50,89% em relação ao período de janeiro a novembro de 2006. Já o aumento do IRPJ (17,88%) e da CSLL (16,20%) decorreu, principalmente, da lucratividade de setores econômicos importantes. Segundo a Receita Federal, o setor financeiro vem puxando o crescimento da arrecadação e responde por 20,86% do aumento da receita total no ano. Em segundo lugar, está o setor automotivo - que tem batido recordes de vendas - com 9,98% de participação no aumento do bolo tributário. A metalurgia contribuiu com 8,64% do total. Os dados da Receita também mostram que a queda dos juros está provocando uma migração das aplicações em renda fixa para renda variável. A arrecadação do Imposto de Renda sobre rendimentos de capital em fundos de renda fixa teve, de janeiro a novembro, queda nominal de 6,19% na comparação com o mesmo período de 2006. Essas receitas somaram R$ 5,36 bilhões este ano. Já a arrecadação de IR vinculada ao mercado acionário (ações e fundos de ações) subiu 40,15%, passando de R$ 1,34 bilhão em 2006 para R$ 1,87 bilhão neste ano.

75 deputados faltaram a mais de 25% de sessões

No Estado de São Paulo

Setenta e cinco deputados federais faltaram em 2007 a mais de 25% das sessões deliberativas realizadas pela Câmara, segundo revela levantamento do Congresso em Foco, site de notícias que acompanha e fiscaliza as atividades do Legislativo. Ao todo, os 540 deputados que exerceram mandato este ano registraram 8.943 ausências - média de faltas de 13,88%.As informações foram reunidas com base nos registros que a Secretaria-Geral da Mesa da Câmara publica na internet. A pesquisa compreendeu 126 sessões deliberativas realizadas desde fevereiro.O número de deputados que faltaram a mais de um quarto das sessões reservadas para votação de matérias ficou perto do de senadores - cerca de 13%. No Senado, 11 dos 86 senadores que exerceram mandato no período tiveram mais de 25% de faltas.Os deputados que faltam a mais de um terço das sessões estão sujeitos à perda do mandato, segundo impõe a Constituição, Artigo 55.
DESCONTO
As regras atuais da Câmara permitem que os deputados justifiquem suas faltas até o último dia dos mandatos, 31 de janeiro de 2011.Os faltosos sofrem descontos na folha. O desconto é proporcional. Cada deputado recebe R$ 16, 5 mil. Os parlamentares que justificarem posteriormente suas ausências têm direito a reembolsar o valor descontado.Na lista dos que mais faltaram, segundo a pesquisa do Congresso em Foco, está o deputado Enio Bacci (PDT-RS). Ele ausentou-se 49 vezes, ou 52,13% das sessões. Bacci foi secretário da Segurança Pública do Rio Grande do Sul entre janeiro e abril.Ao site ele explicou que no período em que chefiou a polícia gaúcha desativou organizações ligadas ao narcotráfico e mandou para a rua delegados suspeitos de corrupção. Por conta dessa atuação ele teria recebido ameaças. “Minha segurança e a Polícia Federal me mandaram evitar locais públicos. Eu só ia a votações importantes, como a CPMF.”Arlindo Chinaglia (PT-SP), presidente da Câmara, faltou uma vez, mas por força constitucional. Ele assumiu a Presidência da República em 30 de outubro, por causa de viagem internacional de Lula e do afastamento do vice, José Alencar, que se recuperava de cirurgia.

Comissão de Ética pede demissão de Lupi e ministro ameaça com processo

Por Leonencio Nossa e Wilson Tosta
no Estado de São Paulo

A Comissão de Ética Pública, em Brasília, sugeriu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a demissão do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, por acumular o cargo de presidente do PDT. Na próxima semana, o presidente interino da comissão, Marcílio Marques Moreira, oficializa, em carta ao presidente, a recomendação para que Lupi deixe a pasta caso não se afaste da direção do partido. No Rio, Lupi ameaçou ontem processar os integrantes da comissão pelo que considera ataque à sua honra e perseguição política. Ele anunciou que a Executiva Nacional do PDT se reunirá em janeiro para discutir “as providências judiciais cabíveis” no caso e desafiou a Comissão de Ética a dizer onde ele ou o partido violaram princípios éticos. Criada em maio de 1999 para orientar o presidente da República sobre condutas de servidores e autoridades da administração federal, a Comissão de Ética Pública não tem poderes punitivos. O órgão, formado por sete membros - duas cadeiras estão vagas - discute casos polêmicos envolvendo representantes do governo. O colegiado observou que o Artigo 3º do Código de Conduta da Alta Administração Federal considera conflito de interesse o exercício simultâneo do cargo público com o de direção de partido político. O ministro rebateu dizendo que outros 20 presidentes de partido foram ministros antes dele, sem jamais serem questionados, e também acusou a instância de ter infringido suas próprias regras internas, ao supostamente quebrar o sigilo do seu processo. “Quem pode falar em ética, se não respeita a ética?”, perguntou Lupi. “A Advocacia-Geral da União está me dando respaldo. Se tem alguém violando a ética não sou eu. Acho que é perseguição política ao PDT.” A AGU considera que não há lei que impeça o exercício simultâneo dos dois cargos. “Jorge Bornhausen foi presidente de partido (o então PFL) e ministro e não tinha problema; Francisco Dornelles foi presidente de partido (PP) e ministro e não tinha problema. Por que só o presidente do PDT não pode ser ministro?” Na mesma situação, segundo ele, estavam o hoje governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e o jornalista Roberto Amaral, que foram ministros enquanto presidiam o PSB - também sem que a Comissão de Ética os questionasse. Lupi está na mira da Comissão de Ética desde o primeiro semestre deste ano. No início de outubro, a comissão abriu processo contra Lupi para apurar se o acúmulo de cargos contrariava o Código de Conduta Ética. Em 26 de novembro, a comissão considerou que o ministro comprometia a “necessária clareza” de posições exigida pelo código. Daí para frente, o colegiado enviou diversos ofícios ao ministro cobrando um esclarecimento. Anteontem, venceu mais um prazo de resposta dado pela comissão. O ministro afirmou que seria fácil licenciar-se do cargo partidário, permanecendo como “presidente de honra” da legenda e no comando do Ministério do Trabalho, mas considerou que a atitude seria “hipócrita”. “As pessoas são consideradas inocentes até prova em contrário, mas a Comissão de Ética está invertendo isso para dizer que todo mundo é culpado até prova em contrário”, criticou.O Palácio do Planalto manteve silêncio ontem sobre o resultado do processo da comissão contra o ministro. Assessores disseram que o governo só deverá se manifestar quando a sugestão a Lula for oficializada. Marcílio esclareceu não haver nada de pessoal contra o ministro do Trabalho, nem nenhuma acusação. “Não é um pito, não é nada disso”, declarou. Segundo ele, não houve violação do sigilo do processo que, pelas normas da comissão, só vigora até que a autoridade investigada seja notificada da decisão -o que aconteceu em novembro, quando uma secretária do ministro assinou notificação em nome de Lupi. Ele reconheceu que ministros já acumularam cargos com presidências de partido, mas lembrou que isso ocorreu antes do Código de Conduta da Alta Administração Federal e antes do decreto assinado pelo presidente Lula em fevereiro. Pelo texto, os ministros, ao tomar posse, assumem o “compromisso solene” de aceitar o código.O processo contra Lupi não foi o primeiro aberto para avaliar a conduta de pessoas próximas de Lula ou que ocupam cargos de primeiro escalão. Em agosto, a comissão divulgou nota em que considerou “imprópria” a conduta do assessor para Assuntos Internacionais do Planalto, Marco Aurélio Garcia, que fez, no dia 19 de junho, gestos obscenos ao saber que uma falha mecânica tinha causado a explosão do avião da TAM, em Congonhas.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Sempre no Ataque

Eu lembro bem quando Lula era da oposição. Vivia criticando o governo. A culpa era sempre do presidente. De José Sarney à Fernando Henrique Cardoso, todos os presidentes pós-ditadura foram alvos das críticas ácidas de Lula. As críticas tinham endereço certo: Palácio do Planalto. Com Lula no Planalto parece que as coisas mudaram. Não se pode mais acusar o presidente da República pelas mazelas do país. Não se pode mais fazer oposição. Parece que virou pecado criticar os discursos, as promessas vazias, as falhas no governo. Parece que todos nós temos que reverenciar Lula e aceitar tudo que ele fala. Será que é assim mesmo? Será que temos que aceitar que Lula não sabia de nada sobre o mensalão, sobre o caos aéreo? Será que temos que aceitar Lula deixando a corrupção dentro do seu governo? Será que temos que aceitar calados Lula defendendo o chefe da organização criminosa que pretendia prolongar a vida petista no poder? Não! Não temos que tolerar isso. Apesar das oposições, digamos, oficiais, PSDB e DEMO, não cumprirem sua função (que é fazer oposição) temos que agir, protestar, expressar a nossa indignação. Não podemos tolerar este discurso de que a corrupção sempre aconteceu, de que o caos sempre aconteceu, de que a culpa é do governo anterior. Não! Temos que apontar o dedo para o Palácio do Planalto. Não é de lá que vem o poder? Ou Luiz Inácio Lula da Silva é apenas um figurante e quem manda mesmo no país são pessoas desconhecidas do público em geral? O que existe é uma bolha que protege Lula de tudo e de todos. Se existe algum protesto aqui e acolá contra ele, o exército petista entra em ação condenando o ataque. Como se fosse ilegal fazer oposição no Brasil. É uma vergonha o que está acontecendo, o que estamos assistindo pelas televisões e o que os nossos olhos vêem. Não podemos compactuar com esta gente. Se até pouco tempo atrás a culpa era toda do presidente da República por que foi só Lula virar um presidente para as coisas mudarem de lugar? Não! Não podemos tolerar isso. Temos que cobrar, criticar, colocar o dedo na ferida. Fazer oposição não é ilegal. É legítimo! É de direito! Que se danem os puxa saco do Lula que condenam as oposições. Que se danem o exército petista que apóia esta corja que aí está no poder. O PSDB e o DEMO conseguiram uma vitória importante não aprovando a prorrogação da CPMF até 2011. Resta saber o que os dois partidos farão no ano que se aproxima, se vão continuar combatentes contra o governo ou se vão fazer acordos escondidos que só beneficia o Palácio do Planalto. É preciso haver oposição! Sim, a culpa das mazelas do país é do presidente da República. Precisamos perder o medo e atacar o lulismo. Ou será que era só permitido Lula fazer oposição? Claro que não! A culpa é do presidente da República e o presidente se chama Lula. Vamos lá! Ao ataque, ou melhor, Sempre no Ataque.

O Lulismo, as estradas e os aeroportos. Sem contar os espertos e os bobos

O Jornal Nacional de hoje mostrou as péssimas condições das nossas estradas. A Rodovia Régis Bittencourt foi o tema. Buracos, falta de sinalização, acidentes quase flagrados pela equipe de reportagem. Não é de hoje que as péssimas condições das rodovias pautam o jornalismo brasileiro. Todos nós estamos cansados (parece que esta palavra irrita os lulistas) de ver acidentes nas estradas esburacadas, sem sinalização adequada e motoristas sem o mínimo preparo para dirigir.
Este ano é o quinto da Era Lula. Pelo visto nada foi feito pela melhoria das rodovias. No começo do ano passado, como era ano eleitoral, o Ministério dos Transportes decidiu dar uma maquiada na situação tapando buracos que, logo em seguida, eram descobertos. Infelizmente a infra–estrutura no Brasil é péssima. Não há PAC nenhum que dê jeito. Quando Lula era um simples presidente de honra do PT vivia dizendo que faltava vontade política. Ao assumir o poder ele não teve esta vontade que tanto exigia dos adversários. Se no chão os buracos não deixam os brasileiros trafegarem em paz, no ar é outro problema. Como mostrei no post abaixo, o caos aéreo está aí há um ano sem nenhuma solução. Mudaram a cara das pessoas que comandam o setor, mas a incompetência permanece. A cada dia que passa vemos que a propaganda lulista comandada por Duda Mendonça cai por terra. Aquele milagre que Lula tanto prometia não aconteceu. Em 2002 fomos enganados. Até hoje bato na minha cara porque acreditei que aquele metalúrgicozinho faria alguma coisa boa para o país. Ainda bem que acordei a tempo. Ainda em 2003, quando comecei a trabalhar na Prefeitura de Goiânia (via concurso, sem ajuda de políticos) vi como age o petismo. O prefeito de Goiânia na época era Pedro Wilson. Ele só sabia colocar a cumpanherada na prefeitura. Sua administração foi tão pífia que perdeu a reeleição para o então dinossauro Íris Rezende. Ainda bem que eu acordei a tempo e vi a farsa que é o petismo. Tem gente que ainda acredita na embromação petista. Fazer o que? Uns ganham com isso. São os espertos. Outros ainda acreditam na “causa”. São os bobos. Entre os espertos e os bobos existem estradas esburacadas e aeroportos lotados de gente que não embarcaram nos seus respectivos vôos por conta dos atrasos, fruto da incompetência de um governo que não sabe fiscalizar as companhias aéreas e muito menos oferecer uma pista de pouso e decolagem descente. Com o lulismo o Brasil andou para trás. Enquanto as estradas continuam em péssimas condições e os vôos atrasados, os espertos e os bobos destêpaiz sustentam aquele que não é metalúrgico coisíssima nenhuma. É o maior de todos os espertos. Lula soube se aproveitar dos espertalhões e dos bobões. É por isso que Lula não faz e não sabe de nada. Porque tem gente, esperta e boba, que dá 50%, 51% de aprovação. Enquanto a aprovação de Lula cresce o Jornal Nacional mostra as estradas esburacas e passageiros nos aeroportos revoltados por não saber que horas poderão embarcar.

Os vagabundos não mudam

Deputados e senadores anteciparam o recesso de final de ano e esvaziaram o Congresso. Fernando Collor de Melo lidera a lista de senadores faltosos. É, os vagabundos não mudam mesmo!

Um ano com o mesmo problema

Compare as matérias abaixo:

Infraero registra problemas em mais de um terço dos vôos do país
Da Folha online

Balanço da Infraero (estatal que administra os aeroportos) aponta que mais de um terço dos vôos no país apresentaram problemas entre a 0h e as 16h desta sexta-feira. Dos 1.301 vôos programados no período, 350 (26,9%) atrasaram em mais de uma hora e outros 109 (8,4%) foram cancelados.

Nesta sexta-feira o governo iniciou um plano de ações para evitar o caos nos principais aeroportos do país durante as festas de fim de ano.

Entre as medidas tomadas pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) está o reforço na fiscalização com 130 funcionários nos aeroportos de Congonhas (zona sul de São Paulo), Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo), Tom Jobim e Santos Dumont, no Rio, e no aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília.

No entanto, os atrasos nos vôos não pouparam nem a presidente da agência, Solange Vieira, que enfrentou uma hora de atraso no vôo que a levou de Brasília (DF) a São Paulo.

O vôo da presidente da Anac ajudou a engrossar as estatísticas do aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo), local onde a aeronave pousou. Segundo a Infraero, dos 188 vôos programados da 0h às 16h, 32 (17%) sofreram atrasos e outros 26 (13,8%) foram cancelados.

Em Cumbica (Guarulhos), na Grande São Paulo, dos 156 vôos previstos, 33 (21,2%) atrasaram e outros 10 (6,4%) foram cancelados.

A pior situação, entretanto, é a registrada nos movimentos do terminal Tom Jobim, no Rio. dos 117 vôos previstos entre a 0h e 16h, 30 (25,6%) atrasaram e outros 10 (8,5%) foram cancelados.


Atrasos aumentam e atingem quase 44% dos vôos nesta quinta
Da Folha online

O número de atrasos maiores que uma hora aumentou na tarde desta quinta-feira, atingindo 43,92% dos vôos em 67 aeroportos do país. Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), 539 dos 1.227 vôos previstos para pousar ou decolar atrasaram entre a 0h e as 17h. Outros 47 vôos foram cancelados.

No primeiro boletim divulgado pela agência hoje, com dados atrasos registrados até as 10h30, o índice era de cerca de 35%.

Desde a noite de quarta-feira (20), o mau tempo e problemas com seis aeronaves causaram a nova onda de atrasos e caos no tráfego aéreo do país. O aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, ficou fechado por 50 minutos e seis aeronaves da TAM tiveram problemas, ficando impedidas de operar.

"Os dois problemas conjuntos ocasionaram essa desestruturação e hoje vimos as conseqüências", disse o presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Milton Zuanazzi. Ele disse acreditar que os atrasos acabem em 48 horas e que, para o Natal e o Ano Novo, a "tendência é de normalidade".

Informações

Além dos atrasos generalizados, a falta de informações irritou passageiros. "Para o caos eu estava preparada, mas não para a incoerência de informação", diz a médica Josita Agra, que tentava embarcar do Rio para Maceió desde a noite de ontem. Até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou as autoridades ligadas ao tráfego aéreo.

"O mínimo que o povo espera é ser tratado com respeito. É isso que nós temos que fazer. Não pode continuar com isso [falta de informações]", disse o presidente em rápida entrevista no Palácio do Planalto. Em resposta, Anac e empresas aéreas prometeram melhor tratamento aos passageiros.

Relatório

O relatório final da comissão criada na Câmara dos Deputados para acompanhar a crise aérea responsabilizou o Comando da Aeronáutica e o Ministério da Defesa pela crise aérea que país enfrenta desde o fim de outubro. Segundo o relator, deputado Carlos Willian (PTC-MG), os problemas no controle de tráfego aéreo são responsabilidade das duas instituições. O presidente Lula foi eximido de culpa.

Embora tenha sido lido, o documento não deverá ser votado. Durante a sessão desta quinta, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) pediu vista do documento, o que adia a votação por duas sessões.

Como o recesso começa sexta (22), não há mais tempo para que o texto seja aprovado na comissão, e ela será extinta dia 31 de janeiro, pois o regimento da Casa Legislativa não permite a prorrogação dos trabalhos para comissões temporárias.

O deputado chegou a pedir a demissão dos ministros Waldir Pires (Defesa) e Luiz Carlos Bueno (Aeronáutica) antes de iniciar a leitura, mas não formalizou a declaração. Parlamentares reagiram às palavras de Willian, favoráveis à permanência de Pires e Bueno.

A primeira matéria é do dia 21 de dezembro de 2007, mais conhecido como hoje. A segunda é do dia 21 de dezembro de 2006, ou seja, há exato um ano. Há um ano que o governo Lula não consegue dar um jeito nos aeroportos. Há um ano que sabemos da maneira amorosa que a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) trata as empresas aéreas. Há um ano, infelizmente, os passageiros se acostumaram com a crise aérea. Ao invés de fazer barulho, ao invés de reclamar, prefere “se prepara para o caos”. Há um ano os lulistas bolivarianos debocham dos sofrimentos dos passageiros nos saguões dos aeroportos. Segundo eles, isso é problema da Dona Zélite. Veja que 365 dias separam uma matéria da outra. E em 365 dias o governo Lula não soube e ainda não sabe o que fazer para acabar com a crise aérea. Quem sabe daqui 365 dias não estarei eu aqui no blog relembrando não duas, mas três matérias da Folha online ou de qualquer outra agência de notícias mostrando que as nossas autoridades não deram conta de resolver a crise aérea. Tempo eles têm, o problema é que falta competência.

Eles não fiscalizam nada

Segundo o Estadão online dos 184 municípios do Ceará em 62 há indícios de irregularidades no programa Bolsa Família. Se a gente fizer um Raio – X completo do programa que ajudou a reeleger Lula veremos muitas irregularidades. O governo não fiscaliza, não sabe quem está recebendo o benefício. Lula só canta os louros do programa e esconde os defeitos. Claro, para ele, quem fala em defeitos no Bolsa Família é um preconceituoso. Vai ver quem tem virtude neste governo é aquele que corrompe.

Todos pela educação?

Eu não acredito nas discussões sobre educação. Eu não acredito nestas iniciativas politiqueiras sobre educação. É tudo mentira! O Brasil não se importa com a educação. Quer um exemplo: se realmente o Brasil tivesse algum compromisso com a educação Cristovam Buarque, candidato à presidente nas últimas eleições e que tinha como principal meta de governo a educação, não alcançaria míseros 2% dos votos.

Marconi imita Iris

Quando o prefeito de Goiânia Íris Rezende vai começar alguma obra ele sempre espalha placas com os seguintes dizeres: “Os transtornos passam, mas as melhorias ficam”. Ontem, o senador Marconi Perillo falou uma coisa que segue esta mesma filosofia irista. Ao afirmar que acredita que o estado vai dar conta de pagar os benefícios sociais, Marconi disse: “Os governos passam, o estado fica”. Realmente o estado fica. Com Íris e Marconi, o Tempo Velho e o Tempo Novo, o estado fica... fica quebrado.

E os jornalistas aceitaram

Ontem Lula deu uma entrevista coletiva. O secretário de Comunicação Franklin Martins proibiu os jornalistas de fazer anotações ou gravar a entrevista. É, minha gente! Franklinstein vai mostrando sua verdadeira face. É aquela velha história: se quiser conhecer alguém dê poder a ela. Deram poder à Franklinstein e vemos o verdadeiro Franklinstein, não aquele maquiado comentarista político da Globo e da Bandeirantes. Vemos o Franklinstein autoritário, que proíbe seus ex-colegas de anotarem o que Lula diz e gravarem a entrevista.
Mas me responda uma coisa: a imprensa não é golpista, não é anti-Lula? E os jornalistas aceitaram as imposições da Secretaria de Comunicação. Ninguém saiu da entrevista esbravejando contra a decisão autoritária de Franklinstein Martins. Já sei, já sei. Quem fala que a imprensa é golpista é Paulo Henrique Amorim. Vejam que, realmente, ele não tem credibilidade. A imprensa abaixa a cabeça para as ordens do Planalto. Nem ameaça um contra golpe. A credibilidade do ex-global anda tão baixa que ele foi lá no programa do Tom Cavalcante participar do B.O.F.E de Elite. Assim como os jornalistas abaixaram a cabeça para as ordens de Franklisntein Martins, Paulo Henrique Amorim aceitou entrar para o B.O.F.E de Elite. Isso sim é que é elite!

União pagou R$ 2,45 bilhões a anistiados desde 2001

Por Vannildo Mendes
no Estado de São Paulo

De 2001 até agora, a União pagou R$ 2,45 bilhões a anistiados políticos. Os valores se referem a prestações únicas, pagas a título de indenização pelo tempo que eles ficaram sem renda devido a punição política, demissão, tortura, exílio e outras formas de repressão durante o regime militar (1964-1985). Foram julgados 37 mil pedidos de reparação, dos quais 24,5 mil foram deferidos, conforme balanço da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Faltam ser julgados outros 30 mil. A conta deixada pela ditadura deverá passar de R$ 4 bilhões. Na pauta de julgamentos de 2008, a ser aberta em março, há processos polêmicos, como o do cabo José Anselmo dos Santos, considerado pela esquerda brasileira como o seu maior traidor, e o que pede confirmação da indenização à viúva do guerrilheiro Carlos Lamarca.A comissão acelerou o ritmo dos trabalhos e espera concluir todos os julgamentos até o fim do governo Lula, informou o ministro da Justiça, Tarso Genro. “Esperamos, até o último dia de governo, fechar todos os processos”, disse. Para ele, o acerto é um dever histórico. “Estamos todos no mesmo barco da construção da democracia, dos direitos humanos e da República.”
ARAGUAIA
A pauta do próximo ano deverá ser aberta com os processos, prontos para julgamento, em favor de cerca de 170 camponeses da região do Bico do Papagaio, no sul do Pará, atingidos pela repressão das Forças Armadas durante a guerrilha do Araguaia (1971-1974).Estão agendados os processos de políticos em atividade, como o ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont e o ex-ministro de Direitos Humanos Nilmário Miranda, presos e torturados durante a ditadura. Há também casos de personalidades como os cartunistas Ziraldo e Jaguar, exilados durante a ditadura.A ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, cujo processo também está pronto, pediu para que seu julgamento seja adiado. Ex-guerrilheira da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), ela disse preferir que seu caso entre na pauta quando estiver fora do governo.Em 2007, o ritmo de julgamentos subiu mais de 60%. Mas o valor médio das indenizações caiu, com uma mudança de interpretação da Lei de Anistia, segundo informou o presidente da comissão, Paulo Abrão Pires. Neste ano, a média ficou em R$ 3,7 mil, em comparação com os R$ 4 mil em 2006 e R$ 5,6 mil em 2001, quando o programa começou. Essa interpretação considera o salário ou renda de mercado hoje, não o valor que o anistiando acha que poderia alcançar se não tivesse sido punido.

Valerioduto tucano pode envolver mais 20 pessoas

Por Paulo Peixoto e Thiago Guimarães
na Folha de São Paulo

A investigação sobre o valerioduto tucano, que motivou a denúncia de 15 pessoas à Justiça, terá ainda como alvo ao menos 20 pessoas consideradas suspeitas pela Polícia Federal, mas não incluídas na acusação do Ministério Público Federal.Segundo a Procuradoria, o esquema montado pelo empresário Marcos Valério financiou, com recursos públicos, a campanha à reeleição em 1998 do então governador e atual senador Eduardo Azeredo (PSDB).O inquérito da PF apontou indícios de participação de 36 pessoas, mas a denúncia da Procuradoria só acusou 15 -dos quais quatro têm mais de 70 anos (o crime de peculato prescreveu para eles). Na denúncia encaminhada no mês passado à Justiça, a Procuradoria pediu novas apurações e disse que "a não-inclusão de qualquer fato e/ou pessoa não significa arquivamento".A PF não faz menção direta a possíveis crimes cometidos pelos responsáveis pela montagem do suposto esquema, o que ficou a cargo da PGR. A Procuradoria enumerou como responsáveis Azeredo, o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia, Cláudio Mourão, tesoureiro da campanha, e o empresário Clésio Andrade (PR), candidato a vice de Azeredo naquele ano.As novas apurações devem envolver, por exemplo, cinco pessoas ligadas à Cemig (estatal de energia), quatro à Comig (estatal de infra-estrutura, atual Codemig), uma à Copasa (estatal de saneamento) e dois à gráfica Graffar, que teria desviado recursos da Cemig à campanha do PSDB em 1998.A PF cita ainda Kátia Rabelo (presidente do Banco Rural), Renilda Souza (mulher de Valério), Rogério Tolentino (advogado e sócio de Valério), Marco Aurélio Prata (contador de Valério) e Francisco Castilho e Margareth Freitas (ex-sócios de Valério na DNA).A PGR também deixou de fora as 64 pessoas -sobretudo políticos e assessores- que a PF identificou como beneficiários do caixa dois de Azeredo. Há também pedido de investigação sobre empresas privadas, principalmente empreiteiras, que, segundo a PF, fizeram doações clandestinas à campanha.De acordo com a polícia, seis empreiteiras doaram R$ 8,2 milhões para a campanha sem declarar à Justiça Eleitoral. A Folha revelou que essas seis empresas receberam R$ 296 milhões em pagamentos por obras na gestão de Azeredo.
Outro lado
O advogado Marcelo Leonardo disse que nova investigação contra sua cliente Renilda Souza não prosperará porque o Supremo Tribunal Federal já entendeu que a mulher de Marcos Valério não participava da gestão das empresas, embora seu nome estivesse nos contratos.O advogado Leonardo Yarochewsky, que defende Francisco Castilho e Margareth Freitas, disse que os ex-sócios de Valério não tinham envolvimento com a parte fiscal da DNA, que terceirizou esse setor para o contador Marco Aurélio Prata, que não foi localizado.O Banco Rural reafirmou que "não foi notificado a respeito da apuração de supostas práticas de crime financeiro" e que "suas operações cumpriram exigências do Banco Central e demais órgãos reguladores".O advogado Rogério Tolentino informou que foi advogado da SMPB de 1989 a 2005 e que os pagamentos por ele recebidos "se referem a honorários atrasados" por quatro anos".As estatais Cemig, Comig e Copasa não se manifestaram sobre o fato de servidores ou ex-servidores estarem na mira de novas investigações.

Congresso culpa Planalto por paralisia

Por Adriano Ceolin e Andreza Matais
na Folha de São Paulo

Os presidentes da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), fizeram ontem um balanço do ano legislativo e culparam o governo pelo baixo rendimento do Congresso. Chinaglia citou a falta de consenso e desinformação dos ministros, enquanto Garibaldi afirmou que faltou articulação sobretudo na votação da CPMF e que o Senado "acertou ao derrubar a emenda porque votou em sintonia com a sociedade".Eleitos com o apoio do Planalto, os dois disseram que o governo precisará mudar sua interlocução com o Congresso para não voltar a sofrer derrotas. "Nunca vi um governo ser minoria no Senado", disse Garibaldi. "Na CPMF, o governo perdeu a batalha da comunicação, além de ter perdido a batalha da articulação política. Foi uma derrota anunciada. Só o governo não percebeu."Ao fazer o balanço dos trabalhos do Senado, Garibaldi apresentou pesquisa mostrando que 78% dos entrevistados aprovaram a derrubada da CPMF. Apenas 18% discordaram. Realizada pelo DataSenado, a pesquisa ouviu 784 pessoas pelo telefone. "Ainda não apareceu um gênio para convencer que imposto é uma beleza", brincou Garibaldi.Chinaglia falou pela manhã. Para ele, a desarticulação do governo no caso da CPMF ajudou a paralisar a pauta de votações da Câmara. Somados, os dias em obstrução neste ano chegaram a 105, três meses e meio de paralisia no plenário. A Câmara ficou, ao todo, 27 dias sem votar à espera de que o Senado votasse a emenda de prorrogação da CPMF."Muitas vezes há divergência dentro do governo, os ministros têm divergências entre si e aquilo vai sendo adiado na tentativa de ter uma decisão unitária, o que atrasa o processo legislativo", disse.Segundo ele, muitos ministros ligam para tratar de um projeto no meio da votação. "Não recebem informação de seus assessores e depois descumprem acordos", afirmou.Aliados do governo revelam que não são raras as vezes em que os líderes chegam ao plenário sem orientação do Planalto sobre determinados projetos e precisam decidir por conta própria o encaminhamento que darão à base. Experiência que o próprio Chinaglia viveu, quando foi líder do governo. Na época, o escândalo do mensalão veio à tona e o Planalto, desestruturado, não passava orientação para os seus líderes, obrigando-os a uma "autonomia involuntária".Tanto Chinaglia como Garibaldi elencaram como prioridade para 2008 a realização da reforma tributária. Os dois também se comprometeram a tomar medidas contra o excesso de tramitação de medidas provisórias no Congresso. O presidente da Câmara disse que vai pedir para Garibaldi, como presidente do Congresso, instalar comissões mistas destinadas a analisar MPs.Os dois presidentes também mostraram-se afinados no que se refere a dar prioridade à discussão sobre reforma tributária a partir do ano que vem. Chinaglia, contudo, defendeu ainda a apreciação da reforma política, do fim do voto secreto, punições para o trabalho escravo, redução da jornada de trabalho, além de medidas que impeçam a corrupção. "Faço uma proposta ambiciosa porque sei que não vai ser cumprida, mas não poderia partir de uma pauta mínima", reconheceu.Ao comentar a crise do Senado -principalmente por conta dos processos contra Renan Calheiros (PMDB-AL), Garibaldi disse que defenderá mudanças. "Ou o Senado muda, ou não terá, diante da sociedade, o prestígio que alcançou em quase 200 anos de história", disse.

"Se o Estado cede, o Estado acaba", diz Lula sobre bispo

Por Letícia Sander
na Folha de São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem a greve de fome do bispo de Barra (BA), d. Luiz Cappio, e afirmou que as obras de transposição de parte das águas do rio São Francisco vão sair. "Se o Estado cede, o Estado acaba", afirmou o presidente, em referência à greve do religioso.Lula falou a jornalistas em um café da manhã no Planalto. Ele classificou as obras da transposição de "projeto mais humanitário do governo" e disse ter aprendido que a greve de fome vai contra os preceitos da igreja. Contou que ele próprio já se valeu dessa forma de protesto, durante seis dias na década de 80, quando estava preso. Mas foi convencido por d. Cláudio Hummes, ex-arcebispo de São Paulo que está hoje no Vaticano, a interromper o jejum."Aprendi com meus companheiros da Igreja Católica que só Deus dá e pode tirar a vida", disse. E relembrou a experiência: "Dá uma fome...".Na hora e meia de conversa, o presidente fez projeções otimistas sobre a economia, mas admitiu que a única coisa que o deixará de "antena ligada" neste fim de ano é a crise financeira nos EUA, porque, segundo ele, "ninguém sabe" o tamanho do problema. Falou sobre política interna e externa.Lula fumou uma cigarrilha e tomou dois cafés expressos. Rejeitou pão -só come aos domingos-, comeu frutas e bolo de coco. Só demonstrou irritação quando questionado se o senador Edison Lobão (PMDB-MA) assumirá o Ministério de Minas e Energia.Reclamou que todo mundo tira férias, menos o presidente, e admitiu que poderá tirar alguns dias de descanso na primeira semana de janeiro. À exceção de uma rápida entrevista que deu ao final, a conversa não foi gravada, a pedido da Secretaria de Comunicação Social da Presidência. Também não foram permitidas anotações.

GREVE DE FOME
O presidente afirmou que entre a greve de fome do bispo d. Luiz Cappio e os 12 milhões de nordestinos que serão beneficiados com o projeto, ficará com a população, garantindo a continuidade das obras. "Só quem carregou lata d'água e viu sua cabrinha morrer sabe o que é o problema da seca." Lula disse esperar que a igreja diga ao bispo o que disse a ele: que não se mete em questões técnicas. Afirmou que o bispo deveria seguir os preceitos cristãos e emendou: "Espero que ele tenha juízo". Disse que o projeto ajudará a acabar com a indústria do caminhão-pipa no país. E acrescentou que, se o Estado cedesse à greve de fome, outros grupos também a fariam.
BOLÍVIA
O presidente atribuiu parte da crise na Bolívia ao "preconceito" de que o presidente Evo Morales seria vítima. Defendeu a ascensão de um indígena: "Num país onde 80% da população é de índios, não pode ter governante de olho verde que fala inglês". Lula contou que, até as 10h de segunda, quando estava na Bolívia, os técnicos da Petrobras e da estatal boliviana não tinham chegado a um acordo sobre o retorno dos investimentos do Brasil naquele país, e que ele disse a Morales: "Vai ser muito ruim para a Bolívia e o Brasil e para mim e para você se não tiver acordo".Após mais de quatro horas de reunião, Lula e Evo acabaram anunciando que a estatal investirá até R$ 1 bilhão em projetos para extração de gás na Bolívia nos próximos anos. Afirmou que não tem divergências com Evo, ainda que "muita gente aposte numa guerra" entre eles. Considera o radicalismo do boliviano uma reação ao suposto preconceito contra ele.
TARSO
"Achei que o Tarso tinha morrido", contou Lula, a respeito do desmaio do ministro da Justiça, durante cerimônia em La Paz no último domingo. O presidente disse que o incidente impressionou a comitiva brasileira e que, naquela noite em La Paz, ele próprio dormiu com "a porta aberta e a luz acesa", com medo de ter "um piripaque na Bolívia". Segundo boletins médicos, Tarso foi vítima do "mal das alturas" -a capital boliviana está 3.600 metros acima do nível do mar.
CHÁVEZ
Lula disse ontem que "é fácil, muito fácil" negociar com o venezuelano Hugo Chávez. Atribuiu isso ao fato de Chávez ter uma vontade política muito grande em relação à América do Sul. O presidente culpou a burocracia dos dois países pelas dificuldades nos acordos entre a Petrobras e a PDVSA.
MERCOSUL
Lula defendeu o bloco, elogiou a recente reunião ocorrida em Montevidéu e disse: "O filho pode não ser a criança mais bonita. Mas é nosso, e os outros não podem colocar defeitos".
SENADO
Admitiu que, apesar de os integrantes da base aliada somarem 53 senadores, só conta com 45 aliados no Senado -número que permite aprovar qualquer projeto, menos mudanças na Constituição. "Sabemos qual é a base, quem está com a gente e quem não está."
REFORMAS
Lula afirmou que a reforma tributária será enviada até fevereiro. Sobre a reforma política, disse que tem provocado os partidos, mas que essa é uma atribuição do Congresso.
CAOS AÉREO
O presidente reconheceu que problemas devem ocorrer nos aeroportos neste fim de ano, mas disse acreditar que será em dimensão menor do que em 2006. Questionado se faltou planejamento, tergiversou, dizendo que está há cinco anos no poder e que "isso é coisa para médio e longo prazos".
MINAS E ENERGIA
Lula reagiu irritado ao ser questionado se o senador Edison Lobão (PMDB-MA) viraria ministro de Minas e Energia, como dizem peemedebistas. "Você vai indicá-lo?", rebateu o presidente à Folha, acrescentando: "Nunca falei isso". Lula afirmou que "não sabe de onde saem essas notícias". Cauteloso, também disse ter aprendido o "peso" de suas palavras.
IMPRENSA
Reclamou que não há a palavra "desculpa" no "dicionário da imprensa", em referência a 2004, quando citou "espetáculo do crescimento" para se referir a avanços econômicos. Disse que passou aquele ano "apanhando" da imprensa e que o crescimento se confirmou.
POLÍTICA
Afirmou não ter "problema político" pela frente. Citou, no contexto da CPMF, que a oposição e os aliados terão o mesmo tratamento, e exemplificou: disse que anteontem liberou R$ 300 milhões para a construção do Rodonel em São Paulo e R$ 1,5 bilhão para a construção do metrô no Estado governado por José Serra (PSDB).
GIL
Lula disse que o ministro Gilberto Gil (Cultura) ficará no cargo. Contou ter jantado anteontem com ele -os dois jogaram cartas até as 2h. "O Gil é uma pessoa leve", afirmou.

"De Fidel Castro a Marylin" por Roberto Pompeu de Toledo

Todo mundo devia escrever um diário. Ou melhor: todo mundo que, como Arthur Schlesinger Jr., conheceu gente interessante, viveu acontecimentos decisivos e tem sensibilidade para avaliar as pessoas, gosto pelas boas frases e firme compromisso com a fofoca. Schlesinger é um historiador americano que morreu em fevereiro deste ano, aos 89 anos. Ele escreveu livros sobre Franklin Roosevelt e John Kennedy, militou na ala intelectual do Partido Democrata desde o pós-guerra e, sobretudo, marcou presença como integrante de primeira fila do Camelot, como era chamada a corte kennediana. Seus filhos agora publicaram, nos Estados Unidos, o diário que manteve entre 1952 e 2000.
Em junho de 1985, ei-lo em Havana, onde o esperava um daqueles caudalosos encontros com Fidel Castro. O líder cubano lembrou-o Lyndon Johnson pelo gosto do "contato físico", o impulso de tocar o interlocutor. "É um homem de alta inteligência, ilimitada energia e um ardoroso showman", lançou no diário. "É um líder muito grande para um país pequeno, e gostaria de governar o mundo, ou pelo menos a América Latina." Em 1994, ei-lo em Londres com Margaret Thatcher. "É a mais articulada e opiniática das mulheres, desfiando sentenças claras e definitivas sem parar. Ao contrário dos meus pressentimentos, surpreendi-me gostando dela." Thatcher lembrava-o... Quem? Quem mesmo? Depois de um tempo de cisma, de repente lhe ocorre a resposta: Fidel Castro! "Ambos são especialistas em performances caracterizadas pela alta inteligência e considerável charme; ambos são grandes conversadores; (...) ambos são imperiosos, dogmáticos e inflexíveis."
Festeiro incorrigível, Schlesinger compareceu a todos os jantares e eventos do circuito Nova York–Washington. Além dos políticos, conviveu com escritores como Norman Mailer, Lillian Hellman e William Styron, gente do cinema como John Huston, Elizabeth Taylor e Jack Nicholson, e até um roqueiro, Mick Jagger. Ele nos dá conta de que Woody Allen se apaixonou por Mariel Hemingway quando filmavam Manhattan, e de que Norris Church, mulher de Norman Mailer, foi namorada de Bill Clinton. Há histórias pungentes e outras patéticas. Quando soube da morte de Marilyn Monroe, diz que não se surpreendeu. Lembrou-se daquela noite de aniversário de John Kennedy, aquela em que ela cantou Happy Birthday, Mr. President. O que reteve foi a imagem de uma garota "deslumbrante, afiada nos truques de sedução e desesperada". Ele e Bob Kennedy brincaram de cortejá-la, mas ela tinha atenções mesmo era para o ex-sogro, o pai de Arthur Miller, um homem "taciturno", a quem lançava "olhares maternais". No ramo do patético, Bill Clinton contou a Schlesinger a história do ex-candidato presidencial Jesse Jackson, filho ilegítimo de um homem que morava na casa vizinha com a família legítima. O homem tinha um filho da mesma idade de Jackson, e todo dia Jackson o via chegar em casa e brincar com esse outro filho como nunca fizera nem iria fazer com ele.
John Huston disse a Schlesinger que os três homens mais elegantes que encontrou na vida eram todos escritores e alcoólatras: Dashiell Hammett, Eugene O’Neill e William Faulkner. Quando Schlesinger perguntou ao grande crítico literário Edmund Wilson como estava, num almoço entre ambos, em 1970, Wilson respondeu: "Fiquei velho". Tinha 75 anos, e acrescentou: "Trotsky costumava dizer que as pessoas sempre se surpreendem ao se descobrirem velhas. Elas acham que isso é coisa que só acontece com os outros. Acho difícil acreditar que tenha acontecido comigo". Em 1996, Schlesinger estava na Espanha e o embaixador americano em Madri lhe propôs assistir à Semana Santa em Sevilha. Quando Schlesinger recusou, argumentando que não suportava cerimônias religiosas, o mexicano Carlos Fuentes, também presente, interveio: "Não seja tolo. A Semana Santa em Sevilha é um grande festival pagão".
O romancista James Baldwin, negro e homossexual, foi convidado, com outros escritores americanos, para a cerimônia de posse de François Mitterrand na Presidência da França, em 1981. Os escritores perguntaram se era para levar as mulheres e a resposta foi não. Baldwin insistiu que só viajava acompanhado, e os franceses lhe abriram uma exceção. Embarcou então com seu amante do momento para Paris, no Concorde, de lá seguiu para a Côte d’Azur, passou o fim de semana na praia e voltou a Nova York, sem ter ido à posse de Mitterrand. Já Ronald Reagan, "um chato sem remédio", segundo John Huston, que o conheceu nos tempos de Hollywood, causaria estranheza num almoço com altos funcionários da ONU pelo tique de a toda hora se voltar para um vaso de flores à sua frente. Estaria com algum problema no pescoço? O então secretário-geral da organização, Perez de Cuellar, explicou: "Vocês não perceberam? Ele tinha um cartão com a agenda do encontro disfarçado no vaso de flores". Todos com a experiência e as antenas de Arthur Schlesinger deveriam escrever diários. A vida pulsa, neles, como só a vida de mentira dos livros de ficção.

"Que matéria!" por Diogo Mainardi

Paulo Henrique Amorim e eu no Fórum de Pinheiros, em São Paulo. Ele como acusador, eu como réu. Encontramo-nos na última segunda-feira, na ante-sala da 1ª Vara Criminal. Fui até ele, cumprimentei-o e perguntei:
– Onde está sua bota cor-de-rosa?
Eu me referia ao programa de Tom Cavalcante, na Rede Record. Duas semanas atrás, Paulo Henrique Amorim participou do quadro B.O.F.E. de Elite, que está circulando na internet com o título "Jornalista de Elite".
B.O.F.E. de Elite, segundo seus autores, é "uma tropa gay, chiquetérrima". Os soldados trajam roupas pretas e botas cor-de-rosa. No programa, Paulo Henrique Amorim desempenhou o papel de um jornalista sério. Em primeiro lugar, perguntou o que teria de fazer para se tornar ele próprio um membro do B.O.F.E. de Elite. O aspira 011 ("Porque 11 é um atrás do outro") respondeu: "Tem de saber segurar no fuzil com carinho". Em seguida, o cantor Tiririca, intérprete do aspira 08 ("Além de macho, ele come biscoito"), soltou o grito de guerra do B.O.F.E. de Elite ("Pochete, gilete, agasalhamos o croquete/Me bate, me arranha, me chama de pira-nha"). Paulo Henrique Amorim curvou-se de tanto rir. Em outra cena, um ator de filmes pornográficos, Alexandre Frota, mandou o jornalista ficar de costas para poder "analisar melhor a sua matéria". Paulo Henrique Amorim obedeceu prontamente, dando um rodopio sensual e recebendo um galanteio do chamado Capitão Monumento: "Que matéria!".
Esse é um bom resumo de 2007. Se estivéssemos num romance de Chico Buarque, eu diria que, no instante em que cumprimentei Paulo Henrique Amorim, o ano inteiro passou diante de meus olhos. O Brasil mergulhou de vez na chanchada. Os aspectos mais grotescos da nacionalidade eliminaram aquele pingo de pudor que a gente ainda fingia conservar. Consagrou-se a burrice, a obtusidade, o descaramento. O lado mais rasteiro do lulismo contaminou o resto da sociedade.
Paulo Henrique Amorim me processou duas vezes por um comentário sobre seu blog no iG. O primeiro processo eu ganhei. Na segunda-feira, apresentamos as testemunhas do segundo. Ele argumenta que, quando eu o acuso de ser a voz do PT, trata-se de uma calúnia. Quando ele me acusa de ser fascista e caluniador, trata-se de uma simples opinião. De acordo com ele, minha coluna afetou seriamente sua imagem. Ele disse à juíza: "A senhora confiaria num jornalista que escreve a soldo? A senhora não deve acreditar no que eu escrevo porque eu sou um jornalista sem credibilidade". Pelo contrário: ele tem toda a credibilidade que se confere a um jornalista do B.O.F.E. de Elite.
Paulo Henrique Amorim saiu enfurecido do tribunal, berrando: "Perdi! Não vou conseguir metê-lo na cadeia". Ele tinha uma viagem marcada para Nova York. Perguntei se ele ficaria em um de seus dois apartamentos na cidade. Ele respondeu que sim. Perguntei se os dois apartamentos haviam sido declarados ao imposto de renda. Ele respondeu mais uma vez que sim.
Enquanto Paulo Henrique Amorim se afastava, analisei-o de costas e pensei:
– Que matéria!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Como se a saúde fosse uma maravilha

Quem vê os discursos dos lulistas sobre o fim da CPMF pode pensar que, até então, o sistema de saúde brasileiro era uma maravilha e que, com o fim do imposto do cheque, esta maravilha chegaria ao fim. Com a CPMF a saúde é um caos. Sem ela continuará um caos por conta da incompetência dos nossos governates que não sabem usar direito o dinheiro que arrancam com tanta vontade dos nossos bolsos. Ah, se a CPMF colaborasse com alguma coisa na saúde, que alegria a vida seria.

Será que esqueceremos?


O Congresso Nacional vai fechando o ano de 2007. Será que esqueceremos as safadezas políticas que enlamearam as duas Casas? Será que os empreiteiros safados continuam mimando parlamentares vagabundos? E Renan Canalheiros? Será que esqueceremos tudo o que se passou neste ano?

Luiz Inácio falou, Luiz Inácio avisou

O que Lula disse na sua posse em 2003:

O combate à corrupção e a defesa da ética no trato da coisa pública serão objetivos centrais e permanentes no meu governo. É preciso enfrentar com determinação e derrotar a verdadeira cultura da impunidade que prevalece em certos setores da vida pública.
Quase cinco anos depois, se a gente mostrar esta frase ao autor, com certeza ele dirá: A corrupção sempre aconteceu sistematicamente nestêpaiz.

As ojerizas do Lula

Todo mundo sabe que tenho ojeriza à palavra pacote, porque o Brasil, ao longo de décadas, fez dezenas de pacotes que não deram em nada. Lula disse isso hoje numa coletiva de imprensa para fechar o ano. Sei das ojerizas do Apedeuta. Até bem pouco tempo atrás ele tinha ojeriza à corrupção. Quando seu governo afundou na lama corrupta disse que isso sempre aconteceu sistematicamente no país. Quando Lula diz que é avesso à alguma coisa pode ter certeza que, em breve, esta coisa vai acontecer.

Ter juízo?

Lula disse que o bispo Dom Luiz Cappio deveria ter juízo. Lula quer que o bispo pare com a greve de fome. No post abaixo deste questiono uma atitude mais enérgica da Igreja sobre o assunto. Lula pedindo juízo para o bispo que faz greve de fome? Chega a ser hilário ouvir isso. Quando era só um presidente de honra do PT Lula apoiava tudo quanto era tipo de manifestação contra o governo. Lula sempre estava na Praça dos Três Poderes apoiando protestos. Se ele continuasse sendo aquele Sapo Barbudo, com toda certeza, estaria ao lado do bispo Cappio culpando o Palácio do Planalto. Quando era da oposição Lula não tinha juízo. Por isso detesta que lembrem o que ele fazia e o que ele dizia quando era só um barbudo falante em cima do trio elétrico na frente do Congresso Nacional. Lula fica tão constrangido quando lembram o seu passado que dá a justificativa mais tola, de que é uma eterna "metamorfose ambulante". Quando o Brasil perceber que Lula continua não tendo juízo, o cara da "metamorfose" não poderá mais ser contido.

Acorda, Bentão!

Antes de chegar ao Brasil, em maio deste ano, o Papa Bento XVI deu uma declaração polêmica de que poderia excomungar os parlamentares que apoiassem a legalização do aborto. Se não me engano foi no México que quase a lei foi aprovada. Sei que esta declaração deu o maior alvoroço antes mesmo do Santo Padre tocar o solo brasileiro. Todo mundo sabe que a Igreja é contra o aborto. Todo mundo sabe que a Igreja é a favor da vida e ela não vai mudar sua maneira de ser e de pensar.
Um fato tem me chamado atenção. Até agora não vi o Papa Bento XVI condenando a greve de fome do bispo Dom Luiz Cappio. Um representante do Vaticano pediu para o bispo parar com esta besteira, mas não foi atendido. Cappio dá um péssimo exemplo. Enquanto o povo está com fome de Deus, o líder católico coloca sua vida em risco por causa política. O bispo coloca sua vida em riso e a Igreja vai ficar calada? É a segunda vez que ele faz greve de fome contra a transposição do Rio São Francisco. Será que Bentão terá que ameaçar o bispo com a excomunhão para que ele passe a cuidar da alma dos fiéis e deixe esta politicagem de lado? Acorda, Bentão, que o povo de Deus tá com fome!

BC prevê déficit em conta corrente de US$ 3,5 bi em 2008

Por Fabio Graner e Fernando Nakagawa
no Estado de São Paulo

Após cinco anos de saldos positivos, a conta corrente do balanço de pagamentos (que registra as operações de comércio, serviços e rendas com o exterior) deve apresentar em 2008 saldo negativo de US$ 3,5 bilhões, segundo nova previsão do Banco Central divulgada ontem. Na estimativa anterior, há três meses, o BC esperava superávit de US$ 3,2 bilhões no próximo ano.De janeiro a novembro, a conta corrente apresenta superávit de US$ 4,25 bilhões, mas o BC espera novo déficit em dezembro, de US$ 1,8 bilhão. Com isso, ela fecharia o ano com saldo positivo de US$ 2,4 bilhões. A revisão feita pelo BC acompanha o movimento generalizado dos analistas, que cada vez mais prevêem déficits em 2008. Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, a perspectiva de saldo negativo para a conta corrente está relacionada com previsões de superávits menores na balança comercial e maiores remessas de lucros e dividendos.Para a balança, a estimativa de saldo positivo em 2008 caiu de US$ 34 bilhões para US$ 30 bilhões, enquanto para as remessas a projeção passou de US$ 16,8 bilhões para US$ 20 bilhões. Esses dois fatores também foram utilizados por Altamir para explicar por que a conta corrente teve déficit de US$ 1,3 bilhão em novembro passado, acima dos US$ 700 milhões previstos pelo BC. “A balança veio abaixo do esperado e a remessa de lucros e dividendos, mais forte”, afirmou. As remessas somaram US$ 2,1 bilhões no mês passado e chegaram a US$ 18,12 bilhões de janeiro a novembro, o maior nível da série do BC. A balança comercial, no mesmo período, teve superávit de US$ 36,40 bilhões, US$ 5 bilhões inferior ao do mesmo período de 2006. O que amenizou o impacto desses fatores foi o desempenho da conta de juros, que no ano acumula déficit de US$ 6,78 bilhões, bem abaixo dos US$ 10,26 bilhões de igual período de 2006. Foi o menor valor para os 11 meses desde 1994, graças às receitas com as reservas internacionais no acumulado do ano, de US$ 5,684 bilhões - melhor resultado da série.Apesar da expectativa de déficit em conta corrente para 2008, Altamir Lopes não vê riscos para a economia. “Não afeta nada, porque o balanço de pagamentos continua financiável”, disse ele, destacando a elevada projeção de Investimentos Estrangeiros Diretos e a expectativa do BC para investimentos em títulos e ações para 2008, que subiu de US$ 10 bilhões para US$ 26 bilhões. O estrategista-chefe do banco BNP Paribas, Alexandre Lintz, também não vê riscos. Ele espera déficit de US$ 8 bilhões em 2008. “Não é uma dinâmica preocupante. É normal essa reversão em um país que está importando capital”, afirmou, destacando que o movimento tem ajudado o Brasil a manter crescimento elevado com inflação baixa. Ele argumenta ainda que o déficit na conta corrente é financiável pelos investimentos no País.

Planalto promete barrar aumento de imposto e Senado aprova DRU

Por João Domingos
no Estado de São Paulo

Depois de prometer barrar aumentos de impostos e arrancar a providencial ajuda de 20 senadores do PSDB e do DEM, o governo conseguiu ontem aprovar em segundo turno a emenda constitucional que prorroga até 2011 a Desvinculação de Receitas da União (DRU), o que lhe permite gastar R$ 84 bilhões livres de qualquer vinculação a programas. Se a oposição não tivesse ajudado, o Palácio do Planalto teria sido de novo derrotado, como na votação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), na semana passada, quando os parlamentares da base aliada deram apenas 45 votos a favor da emenda - 4 a menos do que o mínimo necessário. Somente seis senadores votaram contra a DRU.O governo fez grandes concessões aos partidos de oposição e aos aliados. PSDB e DEM, por exemplo, só aceitaram votar a emenda depois de obter do governo a promessa de que não será baixado nenhum pacote tributário, não haverá aumento de impostos e, nem de longe, será tentada uma reedição da CPMF. “O governo se comprometeu a não fazer nada disso. Confiamos então que ele vai cumprir a palavra”, disse o líder do DEM, José Agripino Maia (RN), logo depois de uma reunião de lideranças de seu partido e dos tucanos com um solitário Romero Jucá (PMDB-RR), o líder do governo.“Em fevereiro, vamos retomar a discussão da reforma tributária e vamos buscar na reforma tributária os recursos para a saúde”, declarou Jucá. “A oposição participará das discussões sobre os cortes no Orçamento.” O líder frisou que até o fim do ano “o governo não vai baixar pacote tributário, nenhuma medida provisória, nenhum aumento de tributo”. “Não haverá sobressaltos”, reforçou. Até fevereiro, segundo ele, o governo fará estudos para voltar a conversar sobre os cortes.Na reunião, o governo se comprometeu a chamar a oposição para ajudar a descobrir formas de cobrir rombos fiscais e a encontrar uma saída para a saúde. Em suma, o governo sabia que estava nas mãos dos partidos de oposição. Comprometeu-se com tudo o que o PSDB e o DEM exigiram - até a não fazer discursos críticos no plenário.
BANIMENTO
“A CPMF está banida para sempre da vida brasileira”, bradou o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), ao anunciar o acordo da DRU. “O governo fechou conosco o compromisso de não editar nenhum pacote fiscal para compensar as perdas de arrecadação de R$ 40 bilhões causadas pela extinção da CPMF.”O Planalto comprometeu-se ainda a não “fazer discursos pejorativos” contra a oposição e a não tentar repassar para os adversários a responsabilidade pelo caos na saúde. Essa última exigência não foi bem assimilada pelos partidos aliados. O senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) foi à tribuna dizer que, quando no governo, o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) acusou a oposição de fazer “picuinhas”, por rejeitar projetos de seu interesse. Acrescentou que, se fosse presidente, não aceitaria as cobranças da oposição.Votaram contra a DRU Demóstenes Torres (DEM-GO), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), José Agripino (DEM-RN), José Nery (PSOL-PA), Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) e Raimundo Colombo (DEM-SC). Líderes do PSDB e senadores importantes do DEM descarregaram os votos no projeto, incluindo o presidente tucano, Sérgio Guerra (PE), Virgílio, Cícero Lucena (PSDB-PB), Eduardo Azeredo (PSDB-MG), Heráclito Fortes (DEM-PI), Kátia Abreu (DEM-TO) e Tasso Jereissati (PSDB-CE).

Em 15 dias, governo libera R$ 739 mi a emendas de parlamentares

Por Silvio Navarro
na Folha de São Paulo

Nos 15 dias em que enfrentou suas principais batalhas no Congresso, o governo Lula destinou para as emendas de parlamentares ao Orçamento 21% do total de verbas que havia reservado em todo o ano.Foi o maior fluxo dos chamados "empenhos" (compromissos de gasto) em emendas no Congresso: R$ 739,4 milhões. O valor é superior ao total destinado em todo o mês de novembro -R$ 644,8 milhões. No ano inteiro, foram R$ 3,5 bilhões.Segundo dados do Siafi coletados pela assessoria de Orçamento do DEM, a maior fatia refere-se às chamadas emendas de bancada (R$ 537,1 milhões). Essa modalidade de emenda é usada pelos parlamentares para atender a pedidos dos governadores.Em dezembro, a bancada campeã em liberação de recursos foi a de Pernambuco, com R$ 87,6 milhões, valor que equivale a quase tudo o que foi destinado no ano (R$ 89,7 milhões). Aliado do Planalto, o governador pernambucano Eduardo Campos (PSB) capitaneou as negociações da CPMF.Pernambuco também conseguiu outros R$ 66 milhões, esses efetivamente pagos, desembolsados sob a rubrica de restos a pagar de anos anteriores. O Rio Grande do Sul, da governadora Yeda Crusius (PSDB), obteve R$ 49,3 milhões em restos a pagar. A bancada gaúcha votou com o governo no Senado.A seguir aparecem as bancadas de Maranhão (R$ 69 milhões), Goiás (R$ 64,8 milhões), São Paulo (R$ 41,7 milhões) e Roraima (R$ 38,5 milhões).Na análise das emendas individuais, aparece a liberação de R$ 1,5 milhão em nome de José Roberto Arruda (DEM), hoje governador do Distrito Federal. Na véspera de votar a CPMF, o presidente Lula pediu pessoalmente ajuda a Arruda.O senador Gilberto Mesquita (PMDB-AC), que chegou a denunciar que estava sendo assediado para votar a CPMF em troca de emendas, obteve R$ 1,2 milhão em restos a pagar.Os principais aliados beneficiados individualmente em emendas neste mês foram Almeida Lima (PMDB-SE), com R$ 3,3 milhões; Delcídio Amaral (PT-MS), com R$ 1,2 milhão; e Tião Viana (PT-AC), também com R$ 1,2 milhão.A Secretaria de Relações Institucionais afirmou que o empenho de emendas segue a média histórica dos últimos anos.

Lula adia decisão sobre tributo para janeiro

Por Valdo Cruz e Letícia Sander
na Folha de São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva adiou para o próximo ano a adoção de medidas para cobrir o rombo de R$ 38 bilhões com o fim da CPMF, determinou que elas devem se concentrar em cortes de gastos, mas não descartou reservadamente um aumento marginal de alíquotas de tributo.A decisão do presidente tem como objetivo acalmar o mercado financeiro e evitar agora medidas que sejam consideradas um pacote de maldades do governo no final do ano.Em reunião de quase duas horas no Planalto, Lula disse ainda que não vai propor a recriação da CPMF nem quer tratar de novos tributos. Segundo ele, ficou claro que o governo não tem maioria constitucional para adotar tal medida.O presidente se reuniu na manhã de ontem com sua equipe econômica, quando ordenou que os primeiros estudos se concentrem em cortes de gastos. Depois, quer uma reavaliação do comportamento das receitas em 2008.Só então, segundo ele, o governo deve analisar aumento de alíquotas de tributos para fazer um ajuste final do Orçamento. Lula orientou que, nesse caso, a opção deve recair sobre tributos que podem ser elevados sem aval do Congresso.Segundo a Folha apurou, a avaliação da equipe é que algum aumento de alíquota terá de ser feito, mas essa decisão ficará para janeiro. E, seguindo orientação do presidente, será o menor possível para ter baixo impacto no setor produtivo.Durante o encontro, Lula disse que não queria nada de "afogadilho", que era preciso mostrar responsabilidade fiscal e que não estava abatido com o fim da CPMF.Antes da reunião, a equipe econômica fechou estudo indicando cortes de gastos da ordem de R$ 20 bilhões e um ganho de receita de R$ 12 bilhões com o aumento da alíquota de três tributos: IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido).Agora, os aumentos devem se concentrar no IOF e no IPI, já que alterações na CSLL precisam do aval do Congresso."Teremos um fim de ano tranqüilo, sem cortes, sem pacotes, sem sobressaltos na economia, sem nenhum tipo de medida que possa "intranqüilizar" a sociedade", disse o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que participou da reunião com Lula.Jucá adiantou que os cortes devem atingir praticamente todas as áreas, preservando apenas o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e programas sociais. Disse que "com certeza" haverá redução de contratações e afirmou que é possível corte no dinheiro das emendas parlamentares.O governo aposta na discussão da reforma tributária. "O governo entende que, na hora em que houver uma simplificação tributária, as pessoas pagarão menos impostos, mas é possível que se arrecade até mais", afirmou Jucá.O senador disse que, no caso da saúde, o valor destinado obedecerá à variação do PIB nominal, conforme determina a Constituição. Também negou que a falta de urgência em apontar soluções para a perda da arrecadação da CPMF demonstre que o tributo era uma "gordura". E foi vago ao comentar sobre o que acontecerá com os reajustes ao funcionalismo já prometidos. "Prevalecerão dentro da regra que o governo definir para o pessoal. Existe inclusive um projeto."O governo fechou acordos salariais neste ano com servidores da AGU, da CGU e do Tesouro, entre outros. Ainda havia negociação com a Receita.Estiveram na reunião os ministros Dilma Rousseff, José Múcio, Guido Mantega, Paulo Bernardo e Miguel Jorge, além de Roseana Sarney (PMDB).

Supremo libera transposição; bispo desmaia e é internado

Por Silvana de Freitas e Eduardo Scolese
na Folha de São Paulo

Ontem o STF (Supremo Tribunal Federal) liberou as obras de transposição de parte das águas do rio São Francisco. Também ontem, o bispo de Barra (BA), d. Luiz Cappio, que faz greve de fome contra a transposição, passou mal e foi internado, segundo informações do médico que o atendeu, frei Klaus Finkam. Pela manhã, o plenário do STF negou recurso que, se aceito, paralisaria as obras. Em outro processo, o ministro do STF Carlos Menezes Direito cassou decisão do juiz do Tribunal Regional Federal da 1ª Região Antonio Souza Prudente que havia suspendido as obras. Tanto a rejeição do recurso quanto a derrubada da decisão do TRF-1 representam uma importante vitória judicial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que elegeu a transposição, orçada em mais de R$ 5 bilhões, como uma das prioridades de seu governo. Por 6 votos a 3, os ministros negaram um pedido de paralisação das obras, apresentado em julho pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, para quem o governo não cumpriu as exigências mínimas para executar o projeto. Os ministros favoráveis à suspensão das obras foram Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso e Marco Aurélio Mello. Para eles, seria uma medida de cautela contra eventuais riscos de danos a ambiente, erário público e populações atingidas. A maioria dos ministros disse que o governo vem cumprindo os requisitos para realização do projeto e que o Judiciário não pode interferir na definição de políticas públicas. "Cabe ao Executivo a exclusiva responsabilidade de avaliação, definição, execução e portanto opção de políticas públicas diante das necessidades sociais da população", disse Direito, o relator. Ele rebateu um dos pontos mais polêmicos do projeto: a necessidade de autorização do Congresso por atingir comunidades indígenas. Direito afirmou que só haveria essa exigência se a finalidade fosse retirar recursos hídricos das terras indígenas, não fornecer a elas. Britto, um dos votos vencidos, disse que o rio São Francisco padece de "pobreza franciscana" e criticou a transposição simultaneamente à revitalização. "Se o rio está doente, deveria ser revitalizado primeiro. Não se pode exigir que a pessoa doente seja doadora de sangue", afirmou ele. As obras de transposição são contestadas pelo Ministério Público Federal, seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil, entidades ambientalistas e associações de trabalhadores rurais, principalmente da Bahia, de Sergipe e Minas Gerais. "Vamos levar adiante esse projeto, que é importantíssimo ao Nordeste e ao Brasil. Vamos repetir que a decisão do STF não significa vitória de ninguém sobre ninguém, nós continuamos abertos para ouvir propostas venham ela de onde vier, inclusive do bispo, que possam aprimorar, melhorar, agregar qualidade ao projeto", disse o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional).
Fracasso
Também ontem Lula encerrou as negociações com o bispo. A decisão foi informada no final da tarde de ontem ao comando da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), por meio de um telefonema do chefe-de-gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, ao secretário-geral da entidade, dom Dimas Lara Barbosa. De acordo com o governo, os trabalhos serão retomados pelo Exército em 7 de janeiro, quando os militares retornam do recesso do Natal e do Réveillon. "Aqui [em Brasília] morreu a negociação com o governo. Não tem mais nada para ser conversado", disse Roberto Malvezzi, agente da CPT (Comissão Pastoral da Terra), e que está desde anteontem em Brasília como representante de dom Luiz.