sábado, 29 de agosto de 2009

"O gosto azedo da mesmice" por Diogo Mainardi

Ali Kamel é o Flaubert do lulismo. Flaubert? Gustave Flaubert? Ele mesmo. No Dicionário das Ideias Feitas, publicado postumamente como um adendo ao seu último romance, Bouvard e Pécuchet, Flaubert reuniu, em ordem alfabética, os lugares-comuns mais idiotas difundidos na Terceira República francesa. Ali Kamel, no Dicionário Lula, cumpriu uma tarefa semelhante. Com o rigor e com a imparcialidade de um dicionarista, ele sistematizou o pensamento de Lula, destrinchando os lugares-comuns por meio dos quais ele se comunica.
O bronco retratado e ridicularizado por Flaubert no Dicionário das Ideias Feitas orgulha-se de papagaiar platitudes sobre praticamente todos os assuntos, da pobreza à dor de dente, da imprensa à gramática. Lula é igual. Sobre a pobreza: "Somente quem passou fome sabe o que é a fome". Sobre a dor de dente: "Somente quem já teve dor de dente sabe o que é uma dor de dente". Sobre a imprensa: "Só tem notícia negativa". Sobre a gramática: "Daqui a pouco vou falar en passant. Para quem tomou posse falando ‘menas laranja’, está chique demais".
Na última semana, fazendo propaganda do ProUni, Lula repetiu a blague sobre o fato de falar "menas laranja". A blague sobre o fato de falar en passant também já foi repetida outras vezes nestes sete anos. Quantas vezes? Uma? Duas? Nada disso. De acordo com Ali Kamel, em seu prefácio, foram catorze vezes no período pesquisado para compor o Dicionário Lula. O repertório presidencial é minguado. E Lula repisa enfadonhamente os mesmos episódios, os mesmos comentários, as mesmas tiradas, conferindo um gosto azedo a esse fim de mandato – o gosto azedo de um governo que já caducou.
Há um aspecto desolador na obra de Ali Kamel: em 669 páginas de discursos e pronunciamentos, Lula mostra-se incapaz de articular uma única ideia minimamente elaborada sobre o Brasil e os brasileiros. Ao analisar o país, ele sempre recorre às imagens mais ordinárias com as quais somos caracterizados. "Deus fez duas coisas com o Brasil: deu uma natureza de beleza incomparável e um povo maravilhoso, ordeiro e generoso." Ou: "A beleza do Brasil está na nossa mistura, que produziu este povo de múltipla cor, alegre". As banalidades proferidas por Lula refletem os métodos primários e grosseiros empregados por ele para conduzir o governo. Pior ainda: elas refletem a mesquinhez de seu projeto político.
A asnice representada pelas ideias feitas é a "verdadeira imoralidade", disse Flaubert. E acrescentou: "O diabo é só isso". Se Flaubert está certo – e ele está –, o Brasil é o inferno. O verdadeiro inferno.

Fazendo baderna com o nosso dinheiro

Reportagem de capa da revista Veja desta semana:

Assertivos do ponto de vista ideológico, os líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra são evasivos quan-do perguntados de onde vêm os recursos que sustentam as invasões de fazendas e manifestações que o MST promove em todo o Brasil. Em geral, respondem que o dinheiro é proveniente de doações de simpatizantes, da colaboração voluntária dos camponeses e da ajuda de organismos humanitários. Mentira. O cofre da organização começa a ser aberto e, dentro dele, já foram encontradas as primeiras provas concretas daquilo de que sempre se desconfiou e que sempre foi negado: o MST é movido por dinheiro, muito dinheiro, captado basicamente nos cofres públicos e junto a entidades internacionais. Em outras palavras, ao ocupar um ministério, invadir uma fazenda, patrocinar um confronto com a polícia, o MST o faz com dinheiro de impostos pagos pelos brasileiros e com o auxílio de estrangeiros que não deveriam imiscuir-se em assuntos do país.
VEJA teve acesso às informações bancárias de quatro organizações não governamentais (ONGs) apontadas como as principais caixas-fortes do MST. A análise dos dados financeiros da Associação Nacional de Cooperação Agrícola (Anca), da Confederação das Coo-perativas de Reforma Agrária do Brasil (Concrab), do Centro de Formação e Pesquisas Contestado (Cepatec) e do Instituto Técnico de Estudos Agrários e Cooperativismo (Itac) revela que o MST montou, controla e tem a seu dispor uma gigantesca e intrincada rede de abastecimento e distribuição de recursos, públicos e privados, que transitam por dezenas de ONGs espalhadas pelo Brasil:
• As quatro entidades-cofre receberam 20 milhões de reais em doações do exterior entre 2003 e 2007. A contabilização desses recursos não foi devidamente informada à Receita Federal.
• As quatro entidades-cofre repassaram uma parte considerável do dinheiro a empresas de transporte, gráficas e editoras vinculadas a partidos políticos e ao MST. Há coincidências entre as datas de transferência do dinheiro ao Brasil e as campanhas eleitorais de 2004 e 2006.
• As quatro entidades-cofre receberam 43 milhões de reais em convênios com o governo federal de 2003 a 2007. Existe uma grande concentração de gastos às vésperas de manifestações estridentes do MST.
• As quatro entidades-cofre promovem uma recorrente interação financeira com associações e cooperativas de trabalhadores cujos dirigentes são ligados ao MST.
• As quatro entidades-cofre registram movimentações ban-cárias estranhas, com vul-tosos saques na boca do caixa, indício de tentativa de ocultar desvios de dinheiro.
Entre 2003 e 2008, segundo levantamentos oficiais, cerca de trinta entidades de trabalhadores rurais receberam do governo federal o equivalente a 145 milhões de reais. O dinheiro é repassado em forma de convênios, normalmente para cursos de treinamento. O Tribunal de Contas da União já identificou irregularidades em vários desses cursos. São desvios como cadastros de pessoas que não participaram de aula alguma e despesas que não existiram justificadas com notas frias. A Anca, por exemplo, teve os bens bloqueados pela Justiça após a constatação de que uma parte dos recursos de um convênio milionário assinado com o Ministério da Educação, para alfabetizar jovens, foi parar nos cofres do MST. Teoricamente, a Anca, a Concrab, o Cepatec e o Itac são organizações independentes, sem nenhum vínculo oficial entre si ou com o MST. Mas só teoricamente. A quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico das entidades-cofre mostra que elas fazem parte de um mesmo corpo, são uma coisa só, bem organizada e estruturada para dificultar o rastreamento do dinheiro que recebem e administram sem controle legal algum.
Leia mais aqui.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Aí eu lembrei do Boris Casoy

Quer dizer que o governo liberou bufunfa para os deputados voltarem a trabalhar na Câmara? Hummm... Isso me fez lembrar de Boris Casoy. Quando ele apresentava o Jornal da Record sempre criticava este "toma-lá-dá-cá" que acontecia. Naquela época o PT criticava duramente esta liberação. Hoje o PT faz o que sempre criticou no passado. Só uma coisa que o PT inova: defender safados. Bem, isso já é assunto para outro post.
Que falta faz Boris Casoy apresentando um telejornal igual ao Jornal da Record (O Jornal da Record atualmente virou o porta voz de Edir Macedo, bem , isso também é assunto para outro post).

Já sei, a culpa é da oposição.

O PMDB tinha paralisado as votações na Câmara dos Deputados hoje esperando que o governo liberasse R$ 1 bilhão das emendas parlamentares. Os deputados peemedebitas tem razão. Dois mil e dez está chegando e com ele as eleições. Ninguém quer ficar sem a mamata que um congressista recebe em quatro anos de mandato.
Para os petistas, o mal do Congresso não é José Sarney, Renan Canalheiros e seus comparsas. O mal é a oposição. Vejam que coisa interessante: o PMDB paralisa os trabalhos na Câmara e os cupanheros não falam nada. Quando algum cupanhero faz alguma coisa que não deveria, os petistas seriam os primeiros a dizer que a culpa é da oposição. O PMDB pode parar os trabalhos no Senado e deixar José Sarney na presidência que nada acontece. O PMDB pode parar os trabalhos na Câmara na busca de conseguir um dinheirinho para a sua obra no seu município. Se alguma coisa de ruim acontecer pode ter certeza que é uma tentativa de golpe armada pela oposição. Os oposicionistas já batem tanto a cabeça entre si e ainda levam a culpa pelas coisas que o governo faz de errado.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Imagem do dia (Parte 2)

Eis o novo modelo de árbitro no futebol brasileiro

Imagem do dia

Sem comentários

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Base se mobiliza para evitar convocação de Dilma

Por Eugênia Lopes
no Estadão

Depois de enterrar 11 ações por falta de decoro parlamentar contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), a tropa de choque do governo vai ficar esta semana de prontidão para impedir que a oposição aprove o comparecimento da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A estratégia do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), é manter o quórum alto na comissão, impedindo que a oposição manobre e aprove a convocação de Dilma."O líder Jucá mandou uma convocação por e-mail para todos os peemedebistas da CCJ, a fim de que eles estejam no plenário da comissão para que não sejam aprovadas matérias fora do interesse do PMDB", afirmou ontem o presidente do colegiado, Demóstenes Torres (DEM-GO). "Mas como todos vão estar lá, não pretendo pôr para votar os requerimentos de convocação e convite da Dilma Rousseff", disse. Leia mais aqui.

STF já tem argumento para livrar Palocci

Por Andréa Michel
na Folha

O ex-ministro da Fazenda e hoje deputado Antonio Palocci (PT-SP) deve ser poupado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) de responder a ação penal sob acusação de ser um dos responsáveis por mandar quebrar o sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa e divulgá-lo à imprensa.O julgamento está marcado para a próxima quinta-feira. O relator é o presidente do STF, Gilmar Mendes, que não abriu mão de apresentar o seu voto mesmo estando no comando da corte -normalmente os presidentes repassam a um colega os processos sob sua responsabilidade. O gesto sinaliza o peso político da questão. Leia mais aqui.

Defesa de Sarney divide candidatos à presidência do PT

Na Folha

Entre os candidatos à presidência do PT, apenas os ligados às alas mais à esquerda do partido admitem que a defesa de José Sarney (PMDB-AP) provocou uma crise institucional na legenda. Já a ala mais alinhada com o Planalto, preocupada com os resultados deste desgaste na eleição de 2010, prefere restringir os problemas à bancada no Senado.Nos últimos dois dias, a Folha ouviu cinco dos seis postulantes à vaga hoje ocupada pelo deputado Ricardo Berzoini (PT-SP). As respostas refletem as divisões que tradicionalmente aparecem no partido. Leia mais aqui.

Tião Viana omitiu patrimônio quando concorreu ao Senado

Por Elvira Lobato
na Folha

A exemplo do senador José Sarney, o petista Tião Viana, do Acre, que disputou com ele a Presidência do Senado, em 2008, também ocultou patrimônio da Justiça Eleitoral.Na campanha para senador, em 2006, Viana não declarou um terreno no melhor condomínio residencial de Rio Branco, adquirido dois anos antes.A compra do terreno foi registrada no cartório de imóveis de Rio Branco com valor de R$ 30 mil. No terreno, Viana e sua mulher construíram uma casa de 477 metros quadrados, concluída em maio de 2007. A casa foi avaliada em R$ 600 mil, no termo de habite-se emitido pela prefeitura. Leia mais aqui.

Comissão pode anular indenização milionária

Por Pedro Dias Leite
na Folha

Um dos casos mais controversos na discussão sobre possíveis distorções na concessão de indenização a perseguidos pela ditadura militar (1964-85) está em processo de anulação na Comissão de Anistia e pode vir a ser cancelado.A indenização a 29 funcionários da extinta Vasp, que custa por mês R$ 285 mil à União e tem decisão de pagamento de retroativos de R$ 37,67 milhões (suspenso por ordem do Tribunal de Contas da União), passa desde junho por um processo de anulação. Se confirmada, será proporcionalmente o maior valor já anulado pela comissão, criada em 2001 para centralizar a análise de todos os casos de indenização já concedidos e estudar novos pedidos. Leia mais aqui.

domingo, 23 de agosto de 2009

ESTADÃO

Planalto vai tirar Dilma de cena e reforçar sua blindagem
Alvo de constantes estocadas da oposição, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, sairá de cena por no mínimo uma semana, em setembro, após o anúncio do marco regulatório do pré-sal, no próximo dia 31. As férias da ministra, pré-candidata do PT à Presidência, coincidem com a nova estratégia do Planalto para reforçar sua blindagem. A partir de agora, líderes do PT e do governo no Congresso, dirigentes petistas e até ministros ficarão responsáveis por uma espécie de "comitê" da pronta resposta na Esplanada. Leia mais aqui.
DEM vai pedir apuração sobre segurança do Planalto
O DEM anunciou ontem que vai entrar com uma representação no Ministério Público Federal para pedir investigação das ações do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, General Jorge Armando Félix. A decisão veio um dia após o GSI informar que não tem registros da entrada da ex-secretária da Receita Federal Lina Maria Vieira no Palácio do Planalto no fim de 2008 porque o órgão não guarda gravações e registros do sistema de segurança por mais de 30 dias. Leia mais aqui.

FOLHA DE SÃO PAULO

Apoio de petistas a Sarney é insustentável, diz Marina
Um dos argumentos que a senadora Marina Silva (AC) ouviu para não sair do PT foi que o lançamento de sua candidatura à Presidência poderia inviabilizar o "projeto histórico" do partido no qual militou por quase 30 anos. Lançou mão de personagens da Bíblia para comparar a candidatura Dilma Rousseff e uma candidatura pelo PV à luta entre o gigante Golias e Davi.Na Bíblia, Davi vence. Marina, 51, insiste em que a decisão sobre sua eventual candidatura só será anunciada em 2010. Leia mais aqui.
Lei da Anistia racha governo e chega ao STF
Trinta anos depois de sancionada pelo general João Baptista Figueiredo (1979-1985), o último presidente da ditadura, a Lei da Anistia, que possibilitou a volta dos exilados, é hoje o pivô de um racha no governo.O debate jurídico gerado por investigações abertas pelo Ministério Público Federal para punir torturadores levou setores do governo a defender uma nova interpretação da lei, pela qual seria possível levar a julgamento militares e agentes do Estado que praticaram torturas e assassinatos na ditadura. Leia mais aqui.
Senado teve gasto de R$ 25 mil em acordo que ficou só no papel
O Senado gastou pelo menos R$ 24,7 mil para assinar um protocolo de intenções com a Universidade de Salamanca, na Espanha, que até agora não resultou em nenhuma medida prática. O dinheiro foi usado para pagar passagens aéreas e diárias do senador Efraim Morais (DEM-PB) e dos então diretores Denise Zoghbi (Instituto Legislativo Brasileiro) e Agaciel Maia (Diretoria Geral). Leia mais aqui.