sábado, 11 de outubro de 2008

Eu não acredito

A capa da revista Isto É diz: “Acredite no Brasil”. Não, obrigado!

Que Virgilio e Beatriz nos esperem

Trecho da reportagem da revista Veja que traz o presidente do Banco Central Henrique Meireles na capa:

Para desemperrar o mercado, o Banco Central brasileiro determinou a venda de 4 bilhões de dólares no mercado à vista, por meio de três leilões realizados ao longo do dia. À tarde, enquanto o remédio começava a fazer efeito, Meirelles encontrava-se no gabinete da presidência do BC em São Paulo. Um interlocutor mostrou a ele uma folha de papel em que, separadas por uma linha horizontal, estavam escritas as palavras "céu" e "inferno". Instado a mostrar em que ponto naquela linha se situava a economia brasileira, se mais perto do céu ou do inferno, o presidente do BC desenhou um X na metade do caminho. Insatisfeito com a resposta, diplomática demais, o interlocutor perguntou, então, para que lado os ventos empurravam o Brasil. Meirelles desenhou uma flecha em direção ao inferno. Esperou alguns segundos. Desenhou, então, uma segunda flecha, em sentido oposto, em direção ao céu. E riu. Foi sua maneira de ilustrar o que já vem dizendo há tempos: ao contrário da ciclotimia dominante, a verdade é que a economia brasileira não está à beira de ser varrida pela crise externa e nem 100% blindada contra ela. Tudo vai depender do sucesso de como será usado todo o arsenal de medidas preventivas e, claro, da serenidade das autoridades monetárias.

Falei sobre isso com minha mãe. Ela disse que o Brasil vai primeiro para o inferno e depois, quem sabe, para o céu. Falei sobre o livro Divina Comédia de Dante Alighieri. Como nada está definido por aqui, também não está definida a nossa ida para o inferno ou para o céu. Nem eu sei se Virgílio nos guiará pelo inferno ou se Beatriz nos esperará no céu.
Meses atrás o blog do Josias de Sousa anunciou que Henrique Meireles já estava pensando nas eleições estaduais de 2010 aqui em Goiás. Muita gente achou legal. Eu não. Eu disse que era preciso saber mais sobre a crise que assolava os Estados Unidos. Deu no que deu. Assim como Sócrates, todo mundo sabe que nada sabe. Ninguém sabe o dia de amanhã. E, para aqueles que comemoraram o furo de reportagem de Josias de Sousa, talvez seja melhor esperar mais um pouco. Sabemos como os investidores são traiçoeiros. Se Meireles deixa o Banco Central em 2010 ninguém sabe quem vai ocupar a cadeira vaga e qual rumo a economia tomará. No céu e no inferno eu não quero a companhia de nenhum investidor. Que Virgílio e Beatriz nos esperem.

E ninguém fala nada

Silêncio geral em Goiânia. Iris Rezende fala o que quer e todos se calam. Todos querem ouvir o que o velhinho tem a dizer. Iris não apóia aumento do salário para os servidores da prefeitura? Ninguém fala nada. Nem mesmo o PT que tanto reclamava dos salários dos servidores ousou esboçar alguma reação. Os peleguinhos realmente estão felizes com a vitória esmagadora de Iris Rezende e crentes que vão voltar à prefeitura em 2010 quando o velhinho tentar, mais uma vez, voltar para o Palácio das Esmeraldas.
Iris Rezende disse numa das suas primeiras entrevistas que só o povo decidiria se ele sairia ou não candidato ao governo em 2010. Todo mundo sabe que isso é balela. Iris disse a mesma coisa no começo deste ano quando perguntaram se ele ia mesmo ser candidato a reeleição. O povão não saiu sambando pelas ruas pedindo para que Iris saia candidato. Iris saiu candidato porque quis, porque sabia que venceria principalmente depois que os peleguinhos do PT beijaram sua mão. E principalmente depois que soube que seu adversário era Sandy Júnior. Todo mundo sabia que Sandy Júnior perderia feio as eleições. Até o governador Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, disse nesta semana que termina hoje que já sabia que o seu candidato aqui em Goiânia não venceria. Mesmo assim lá estava Cidinho gravando sua participação mesmo sabendo que aquilo não valeria nada. E ninguém fala nada.
O senador Marconi Perillo é quase uma unanimidade aqui em Goiás. Talvez eu seja um dos pouquíssimos que o ataca com freqüência. Não me importo em ser minoria. Ele trocou diversas vezes as caminhadas de Sandy Júnior aqui em Goiânia para participar da campanha de Marlúcio Dias em Aparecida de Goiânia. O candidato abençoado por Marconi perdeu feio para Maguito Vilela, o candidato abençoado por Iris Rezende. E ninguém fala nada sobre isso.
Elias Vaz era candidato a vereador. Vereador não pode ser estrela de propaganda de candidato a prefeito. Mas teve uma propaganda do PSOL que Elias apareceu mais que o próprio candidato Martiniano Cavalcante. Tudo por que Elias Vaz foi contra a criação dos 13º, 14º e 15º salários para os vereadores que estavam sendo criados na calada da noite. Elias Vaz estrelando programa de Martiniano. E ninguém fala nada.
Bruno Peixoto foi o vereador que obteve a maior votação aqui em Goiânia. Ele foi um dos picaretas que apoiaram a criação dos três salários a mais. O povo votou nele e em mais outros picaretas. Alguém falou alguma coisa?
O que me incomoda é este silêncio, este abaixar de cabeças, esta paralisia que tomou conta do cenário político e jornalístico de Goiânia. Todo mundo se cala quando Iris fala que pode sair candidato ao governo em 2010. Talvez se Gilberto Dimenstein conhecesse Goiânia poderia ter vindo aqui na época da campanha eleitoral e pedido a assinatura de cada candidato se comprometendo a cumprir seu mandato até o final. Mas Dimenstein não quer saber de Goiânia. Ninguém fala nada de Goiânia além do Rio Paranaíba.
Iris vai fazendo o que bem entende. Marconi também. Assim como as lideranças políticas que desejam ver seus candidatos vencedores no segundo turno. Tem gente que quer ser eleito a qualquer custo. Até compra voto. E ninguém fala nada.
Sou chato mesmo, pego no pé dos políticos mesmo. Mas não me orgulho disso. Não faço disso minha bandeira. Bandeira tem que ser hasteada e não colocada ao redor do pescoço. Eu faço parte daquela minoria (que um dia já foi maioria) que concorda com Millor Fernandes: Jornalismo é crítica, o resto é secos e molhados. Já que aqui em Goiás tem muitos secos e molhados bora criticar.

"Linha de Crédito" por Diogo Mainardi

Walter Salles Jr. foi entrevistado pelo programa Hardtalk, da BBC News. Ele elogiou Lula sem parar. A última estrela do cinema a manifestar tanto entusiasmo pelo líder de sua pátria deve ter sido Lyubov Orlova, nos tempos de Stalin. Ou Oscarito, nos tempos de Getúlio Vargas.
A BBC News informa que, em Hardtalk, o entrevistado é confrontado com "perguntas duras". A pergunta mais dura que o apresentador de Hardtalk fez a Walter Salles Jr. foi por que os protagonistas de seus filmes permaneceram pobres se, com Lula no poder, o Brasil finalmente se transformou num país de classe média. Walter Salles Jr. respondeu que toda essa riqueza ainda precisaria de um tempinho para se espalhar. Em seguida, o apresentador do programa perguntou por que Central do Brasil tinha um tom bem mais otimista do que seu último filme, Linha de Passe, apesar de os brasileiros, com Lula no poder, estarem nadando em dinheiro. Walter Salles Jr. refletiu por um instante e respondeu candidamente que, quando realizou Central do Brasil, o país estava tomado pelo clima de euforia do fim da ditadura militar. Só para lembrar: Central do Brasil é de 1998. O AI-5 foi abolido em 1978.
Assim como chegou atrasado para comemorar o fim da ditadura militar, Walter Salles Jr. chegou atrasado também para comemorar o lulismo. No último domingo, Lula deu o primeiro passo rumo ao esquecimento. Sua derrota eleitoral nas principais cidades do país ridicularizou a idéia de que, com sua espantosa popularidade, ele conseguiria eleger facilmente um sucessor, por pior que fosse o candidato, até mesmo Dilma Rousseff. Agora o blefe acabou. Só Fernando Rodrigues continua a acreditar no poder plebiscitário de Lula. Depois do segundo turno, daqui a duas semanas, seus aliados devem migrar malandramente para o outro lado, sobretudo se Gilberto Kassab confirmar a vitória paulistana, garantindo de uma vez por todas a candidatura presidencial de José Serra.
Desde domingo, até a espantosa popularidade de Lula tornou-se menos espantosa. Com alguns minutos de propaganda por dia, dezenas de prefeitos espalhados pelo país conseguiram igualá-lo. Lula faz propaganda ininterrupta há seis anos. Ao contrário do que acontece com ele, ninguém enalteceu o carisma desses prefeitos. E ninguém louvou sua sabedoria política. De agora em diante, Lula tende a perder sua corte, ficando cada vez mais sozinho, mais isolado. Se o assunto é cinema, já dá para imaginá-lo aposentado, na escadaria de sua casa, vestido com roupa de gala, fantasiando um retorno aos seus dias de glória, como Gloria Swanson em Sunset Boulevard. E Walter Salles Jr.? Ele estará atrasado.

Americanos estatizam prejuízos

No Jornal do Brasil


Depois da pior semana da história, as bolsas do mundo fecharam ontem em baixa mais uma vez, em mais um dramático capítulo da crise financeira que abala os mercados. Nos EUA, o Dow Jones, principal indicador da Bolsa de Wall Street, chegou a cair 12% nos primeiros negócios do dia. No final do pregão, o índice oscilou muito, e encerrou o dia com perda de 1,31%, quase um anticlimax para uma jornada que prometia quedas muito maiores. A perda semanal acumulada é de 18%, a maior em toda a história da instituição.
O temor de uma recessão mundial ofuscou toda a ajuda que governos dos diversos países já ofereceram nas últimas semanas e levou ao anúncio de uma decisão inédita e histórica: o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, anunciou que o governo dos EUA vai comprar ações de instituições financeiras. O jornal americano The New York Times informou que fontes do governo já comentavam a possibilidade de uma nacionalização parcial do sistema bancário americano, como já ocorreu em países europeus.
O anúncio foi feito pouco depois de o G7 (grupo dos sete países mais ricos) anunciar, em Washington, um plano de ação para combater a crise financeira mundial, que emprega "todas as ferramentas disponíveis" para apoiar as principais instituições e evitar sua falência.
O projeto prevê a adoção de "todas as medidas necessárias para desbloquear o crédito e os mercados monetários" para que os bancos tenham liquidez.
O G7 também destacou a necessidade de se conceder aos bancos a capacidade de elevar seu capital junto aos setores público e privado, visando a restabelecer a confiança.
OWall Street Journal destacou em sua edição eletrônica que a bolsa americana já discute suspender temporariamente as negociações com algumas ações. Trata-se de um tipo de circuit breaker para evitar posições de venda a descoberto de uma ação após forte queda em seu preço.
A venda a descoberto permite que um investidor alugue uma ação para vendê-la e comprá-la, lucrando com a diferença, para então devolvê-la ao proprietário. Ao suspender temporariamente estes negócios, a Dow Jones pretende reduzir as operações especulativas.
A instabilidade era tanta que o primeiro ministro da Itália, Silvio Berlusconi, disse que já se fala em suspensão temporária dos negócios no mercado de ações, enquanto se resolve a crise financeira. A turbulência será tema da reunião dos líderes da União Européia no domingo, em Paris.
No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo teve o pregão suspenso por meia hora pela manhã, quando a queda passava de 10%. Na volta dos negócios, o pregão operou em queda de aproximadamente 9% durante quase todo o dia mas, na última meia hora, investidores voltaram às compras e reduziram a perda do dia a 3,96%. Com isto, a bolsa paulista acumula queda de 20,1% na semana, 28,12% no mês e 44,2% no ano.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, caiu a 35.609 pontos, nível mais baixo desde 2006. O giro financeiro foi de R$ 5,42 bilhões.
A Bolsa de Londres fechou em queda de 8,9% no índice FTSE 100, ficando com 3.932,1 pontos –primeiro encerramento abaixo dos 4.000 pontos em cinco anos. A Bolsa de Frankfurt teve queda de 7%; a de Paris teve queda de 7,7% O índice DJ Stoxx 600 caiu 7,6% hoje e, na semana, acumulou baixa de 22%, maior desde que o índice começou a ser apurado, em 1987.
– As novas mínimas que vimos nos mercados de ações esta semana são resultado de venda motivada por pânico – diz Joost van Leenders, da Fortis Investments.
O índice europeu de bancos derreteu 10,4 %, com o Royal Bank of Scotland perdendo mais de 25%, Credit Suisse e Deutsche Bank despencando mais de 16% e Barclays cedendo mais de 14%. Ações de seguradoras também amargaram baixas.

Dólar volta a subir

O dólar voltou a fechar em forte alta ontem, acumulando 13,7% na semana, com a deterioração dos mercados em meio a incerteza dos investidores sobre os desdobramentos da crise financeira e sobre a capacidade dos governos de revertê-la.
A moeda americana saltou 5,58%, a 2,326 reais, maior patamar de fechamento desde maio de 2006, em sessão de pouco volume de negócios pela cautela dos investidores. O dólar turismo chegou a ser vendido a R$ 2,420

Novo corte de juros

– Há alguma expectativa que neste fim de semana possa surgir um novo corte de juros, ou mesmo, um novo pacotão financeiro estatizante, em que se compra os créditos podres na praça e coloca no bolso do governo. Mas isso está somente na cabeça das pessoas – comenta Expedito Araújo, operador da corretora Alpes, acrescentando: – O mercado está totalmente emocional. Está irracional.

Lula grava depoimento para Paes

Por Cláudia Dantas
no Jornal do Brasil

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, gravou ontem, em São Paulo, um depoimento de apoio ao candidato do PMDB, Eduardo Paes (PMDB). As imagens serão exibidas no programa eleitoral que vai ao ar nesta segunda-feira e assessoria não quis confirmar se Lula e Paes aparecerão juntos. O peemedebista, que pela manhã oficializou a aliança com o PCdoB e com a candidata derrotada no primeiro turno Jandira Feghali, seguiu para o Palácio Guanabara, em Laranjeiras, onde encontrou o governador Sérgio Cabral. Os dois viajaram juntos para São Paulo para encontrar Lula. No final da tarde, veio a confirmação da gravação.
No encontro, que contou com vários petistas do Rio, o presidente participou de reunião de trabalho com o candidato e o governador para discutir os temas de interesse do Rio de Janeiro e destacou a importância da parceria entre os três níveis de governo.
– Quem ganha com essa união é povo do Rio – declarou Lula.
Na reunião do PCdoB, mais cedo, o peemedebista havia negado que se encontraria com Lula na capital paulista. No entanto, Jandira já havia deixado escapar que o presidente participaria do programa de TV de Paes.
– O encontro ainda não está confirmado. Se confirmarmos, a imprensa será avisada – despistou Paes ao lado dos comunistas.
Na terça-feira, o governador reuniu o peemedebista e Lula na Base Área de Santa Cruz, no Rio, para que os dois superassem as rusgas do passado. Paes foi um crítico mordaz do governo Lula, no episódio da CPI dos Correios, da qual era sub-relator e que desencadeou uma série de outras investigações, como a do Mensalão.
Segundo o candidato, "não houve um pedido de desculpas durante o almoço, mas uma conversa franca com o presidente da República".
Paes afirma que não se arrepende de nada do que apurou como deputado federal na CPI dos Correios, mas reconhece que houve certo exagero – na época, ele se referiu a Lula como "chefe da quadrilha".
– No calor da política, em muitos momentos, se erra o tom. Admito que não foram expressões adequadas para um debate político, mas o que apurei como deputado não mudou nada – explicou Paes.

Palavra do presidente

Na avaliação do cientista político do Iuperj, Marcus Figueiredo, certamente a adesão de Lula deve ajudar na campanha de Paes, por tratar-se de um apoio federal.
– O que não significa garantir a vitória. Isso já é outro assunto – concluiu Marcus.
Alessandra Aldé, cientista política da Uerj, acredita que o apoio do PSDB a Fernando Gabeira (PV) complica a vida do candidato.
– O recurso que serviria ao Gabeira para atacar Paes seria mostrar que, há dois anos, ele (Paes) era do PSDB e fazia discursos inflamados contra o presidente – avaliou.

Gabeira dá pouca importância

Para Fernando Gabeira (PV), trata-se de um apoio perfeitamente legítimo, mas a fala de Lula não é garantia para angariar votos.
– O principal não é o padrinho, e sim o candidato. Não sou a favor da nacionalização da campanha – rebateu Gabeira. – O Rio está em crise, e tem que resolver sem interferências.

Lula espera fim de inquérito para decidir futuro de Lacerda

Por Vannildo Mendes e João Domingos
no Estado de São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou ontem o delegado Paulo Lacerda, mas condicionou o seu retorno à direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) à conclusão do inquérito que apura a autoria do grampo ilegal de conversa telefônica entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). "O Paulo Lacerda é um extraordinário profissional brasileiro, feliz do país que tem um profissional do gabarito dele", disse Lula, em entrevista a portais de notícias na internet, publicada pelo www.limao.com.br, o portal Limão, do Grupo Estado.Segundo o presidente, Lacerda foi afastado, em 1º de setembro passado, "até para garantir sua honradez", mas poderá reassumir as funções, tão logo ele receba o laudo da autoria do grampo. A interceptação teria sido feita por agentes da Abin e da PF no curso da Operação Satiagraha, que prendeu o banqueiro Daniel Dantas e mais 16 pessoas em julho passado. Dantas foi detido duas vezes e solto, em ambas ocasiões, por habeas corpus de Mendes. A Abin cedeu 52 agentes ao delegado e é suspeita de estar por trás da bisbilhotagem.O problema é que o inquérito não tem data para ser encerrado e a demora na definição está trazendo inquietação no delegado e paralisia administrativa na agência. Para os delegados Rômulo Berredo e William Morad, encarregados do inquérito, a investigação está praticamente na estaca zero. Para tanto, eles recorrem à técnica policial segundo a qual "sem corpo não há crime". Ou seja, o crime de grampo ilegal, nesse caso, só poderia ser caracterizado com o aparecimento do áudio do diálogo entre o ministro e o senador.Lacerda tem dito a interlocutores que está tranqüilo e espera ser reconduzido o mais rápido possível ao cargo. Mas tem demonstrado preocupação com o desgaste que a demora na conclusão do inquérito causa à sua imagem e às ações da agência, prejudicadas pela falta de comando, entregue a interinos desde o início de setembro, no meio de uma ampla reforma física e administrativa. Se depender de Berredo e Morad, a angústia de Lacerda não tem data para acabar.
PARADO
O inquérito está parado na 10ª Vara da Justiça Federal desde 2 de outubro, para onde foi remetido com pedido de mais prazo para conclusão dos trabalhos. Na melhor das hipóteses, o inquérito retorna à PF no final do mês e dificilmente será concluído este ano. Para os assessores de Lacerda, caberia ao presidente, se tem o apreço que diz por Lacerda, resolver o dilema e trazer o delegado logo de volta ao comando da agência.A investigação começou em 2 de setembro, um dia depois do afastamento de Lacerda e até agora a PF não conseguiu sequer esclarecer o ponto principal: as circunstâncias e se houve ou não o diálogo telefônico, publicado na revista Veja, entre Mendes e Demóstenes.Os extratos telefônicos dos gabinetes do senador e do presidente do Supremo mostram que a ligação ocorreu, mas não que foi gravada. Muito menos se foi fruto de interceptação ilegal por arapongas da Abin ou agentes da PF, a serviço do inquérito ou clandestinamente.Enquanto isso não for esclarecido, PF não descarta nem prioriza qualquer hipótese. Os delegados esperam poder avançar nessa segunda etapa, quando o inquérito retornar da Justiça, provavelmente até o final de outubro. O delegado Protógenes Queiroz, que conduziu a Satiagraha, nega que tenha autorizado o grampo em qualquer momento da investigação. O juiz e o procurador que atuaram no caso também negaram o grampo.

Lula pede apoio de evangélicos a Marta

Por Conrado Corsalette
na Folha de São Paulo

A fim de quebrar a resistência de evangélicos à candidatura de Marta Suplicy (PT) e contornar um breve momento de tensão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo para pastores que participaram de um encontro com ele e com a ex-prefeita ontem, em um hotel da zona sul de São Paulo."Vocês não podem retribuir o preconceito de que vocês já foram vítimas", afirmou Lula, a uma platéia com cerca de cem líderes religiosos, uma parte deles arredia à candidata por seu histórico de defesa da união civil entre homossexuais.Marta recebeu declarações de apoio, inclusive com promessas de orações pela sua eleição. Mas, quando Lula foi chamado a assumir o microfone, logo após a fala da candidata, o pastor Cícero Crispim interveio e cobrou a ex-prefeita por ela ter entrado com uma ação na Justiça Eleitoral contra um programa de rádio comandado por uma igreja evangélica.No primeiro turno, o programa levou ao ar enquete intitulada "A Bíblia ou Marta", com ataques à vida pessoal da petista. "Queria saber por que a senhora processou o pastor", disse Crispin. Marta, que havia acabado de fazer promessas para atender a demandas dos evangélicos, levantou-se e disse, ríspida: "Se for falar palavra de baixo calão contra minha pessoa, será processado!".Rapidamente, o deputado estadual Rui Falcão, da coordenação da campanha petista, tomou a palavra para afirmar, de forma pausada, que já havia um acordo com a radio evangélica, com a conseqüente retirada da ação. Lula, então, iniciou o discurso dizendo que seria rápido.O evento de ontem foi fechado às pressas pelos apoiadores de Marta a fim de ter a presença do presidente logo no início do segundo turno. As pesquisas apontam desvantagem de 17 pontos da petista em relação a Gilberto Kassab (DEM)."Nenhum de nós tem procuração de Deus para ser dono da verdade absoluta", disse o presidente, que em seguida lembrou do fato de ter sido vítima de preconceito, inclusive dos evangélicos, nas campanhas presidenciais das quais participou. "Eu vivia me explicando para os pastores", afirmou."Acho que hoje a Marta é vítima de preconceito pelas coisas boas que ela fez. Essa mulher sofre uma campanha de preconceito na cidade", disse Lula.

Kassab reage a ministros e diz: ''Mal havia nascido na ditadura''

Por Ricardo Brant
no Estado de São Paulo

O prefeito Gilberto Kassab reagiu ontem ao ataque desferido na véspera por petistas e ministros do governo Lula que vieram a São Paulo reforçar a campanha de sua adversária, Marta Suplicy (PT). Acusado de "oportunista" pela ministra Dilma Rousseff e de ligação com "forças do atraso" e até com o regime militar por outros aliados de Marta, Kassab argumentou com a própria idade em sua defesa. "Eu mal tinha nascido", afirmou.O prefeito, que nasceu no dia 12 de agosto de 1960, ainda não tinha 4 anos quando ocorreu o golpe militar. O governo dos generais, contudo, só se encerrou em 1985, com a escolha de Tancredo Neves para a Presidência da República pelo colégio eleitoral. A essa altura, Kassab estava a caminho dos 25 anos.Um dos que mais duramente atacaram o prefeito, na quinta-feira, foi o ministro Luiz Dulci. "São Paulo não pode ter um síndico conservador dirigindo o destino de uma das maiores metrópoles do mundo", discursou.Em alta nas pesquisas e satisfeito com o seu bom desempenho, Kassab afirmou que não teme a participação de ministros de Lula na campanha e negou ser representante da "direita conservadora". Para ele, não é isso que vai pesar na decisão do eleitor."A população vai levar em consideração as propostas, as discussões, as equipes e as comparações das gestões", insistiu ontem, durante visita à favela Chácara do Conde, região da Capela do Socorro - um forte reduto do PT. "O importante não é quem está ao lado dela e quem está ao meu lado. O importante é que as pessoas mostrem as propostas de cada candidato."A visita do prefeito à região foi logo cedo. Ele, seus assessores e alguns parlamentares, como o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB), foram até o extremo da zona sul para vistoriar um minicampo de futebol com grama artificial que acabou de ser inaugurado. A favela mais parecia um canteiro de obras.Depois de interromper o treino das crianças e pedir a bola para bater um pênalti (errou o primeiro, converteu o segundo), Kassab deu a tônica de qual será a estratégia do DEM para a primeira onda de ataques do PT."O importante é que qualquer um que se envolva na campanha discuta propostas para a cidade, que melhorem a qualidade de vida, sejam ministros, secretários. Porque o eleitor quer identificar qual o candidato mais bem preparado e com as propostas para resolver os grandes desafios que São Paulo ainda tem", afirmou. Ele voltou a repetir o discurso de que o "importante são as propostas" em outras quatro perguntas. E justificou: "(O eleitor) já mostrou no primeiro turno que quer a discussão de propostas e comparar as realizações dos dois candidatos."
CAMINHADA
Após a visita às obras da prefeitura, Kassab seguiu para uma caminhada na rua do comércio do bairro Campo Belo. Ele negou que a presença de deputados tucanos a seu lado fosse uma forma de contra-ataque às investidas dos ministros petistas e repetiu seu bordão. "A questão não é blindagem ou não-blindagem. A questão é apresentar as propostas que fizemos e o que faremos."Com 17 pontos à frente de Marta, segundo pesquisa do Datafolha, o prefeito tentou mostrar que não está de salto alto como sugeriram os petistas na véspera. "Eleição é muito difícil neste segundo turno e o eleitor precisa ser respeitado."

PF prende Valério e mais oito sob acusação de espionagem

Por Lilian Christofoletti
na Folha de São Paulo

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal em São Paulo prenderam ontem o publicitário Marcos Valério de Souza, que ficou conhecido em 2005 como o principal operador do esquema do mensalão.A prisão de Marcos Valério e de outras oito pessoas, entre policiais federais e advogados, foi resultado de uma investigação que começou no final do ano passado. Todos são investigados por forjar um inquérito para beneficiar uma empresa.Marcos Valério foi preso em Minas Gerais, na casa dele, às 6h da manhã. Sem algemas, foi transferido para São Paulo.A operação deflagrada na madrugada de ontem foi batizada de Avalanche porque, como em um efeito dominó, uma investigação levou a outras.Num primeiro momento, a PF estava focada em um grupo acusado de extorquir dinheiro de empresários. Durante essa investigação, a polícia descobriu um segundo grupo, que praticava fraude fiscal no porto de Santos -dos dois núcleos, nove pessoas foram presas.O nome de Marcos Valério só surgiu quando a PF, a partir de escutas telefônicas, chegou a um terceiro grupo, que, segundo diálogos gravados, tentava fabricar um inquérito contra fiscais paulistas para beneficiar o grupo Cervejaria Petrópolis.
Espionagem
Essa terceira investigação é considerada a mais delicada, pois envolve um número maior de investigados e o uso da máquina pública para intimidar Antônio Carlos de Moura Campos e Eduardo Fridman, fiscais da Fazenda paulista que, no começo de 2008, multaram em R$ 104,5 milhões a empresa Praiamar, do grupo Petrópolis, dona da marca Itaipava.A Procuradoria diz que, inconformado com a penalidade e com a atitude irredutível dos fiscais, o presidente da Petrópolis, Walter Faria, recorreu a Marcos Valério, que é conselheiro da Praiamar, para que ele o ajudasse a anular a multa -em 2006, Faria foi alvo de uma investigação por fraude fiscal no comércio de cerveja.Marcos Valério contratou dois advogados, Eloá Velloso e Ildeu Sobrinho, que, com a ajuda de três investigadores de polícia, levantaram informações pessoais sobre os fiscais.Os dados foram repassados a dois policiais federais aposentados, Paulo Endo e Daniel Balde, que "encomendaram" um inquérito falso com dois delegados da PF de Santos, Silvio Salazar e Antonio da Hadano.Em escutas telefônicas, a PF acompanhou o interesse dos investigados, que queriam que familiares dos fiscais fossem interrogados e que notícias desmoralizantes contra eles fossem divulgadas.No relatório, a PF diz que, por R$ 10 mil, uma nota chegou a ser publicada no blog do jornalista Cláudio Humberto.Num segundo momento, o grupo passou a discutir por telefone o pagamento pelos serviços prestados. Dias depois, em 13 de agosto, a PF apreendeu R$ 1 milhão em dinheiro que estavam com um dos advogados ligados à Petrópolis.Com base nessas informações, a juíza federal substituta Paula Mantovani Avelino decretou a prisão temporária (de cinco dias, prorrogáveis por igual período) de nove pessoas, entre elas Marcos Valério, o sócio dele e a advogada Eloá. Determinou a prisão preventiva (30 dias) de oito investigados, sendo cinco policiais federais.O pedido de prisão de Walter Faria e de um juiz aposentado, que teria ajudado o grupo, foi negado pela juíza, que ordenou 33 ordens de buscas em São Paulo, Minas e Espírito Santo.

Eles se merecem

Daqui de Goiânia torço para que Fernando Gabeira vença as eleições no Rio de Janeiro. Os três vagabundos da foto postada abaixo merecem uma derrota acachapante. Gabeira tem que chamar bandido de bandido, vendido de vendido, mentiroso de mentiroso.
Fiquei um tanto revoltado com a foto. Sérgio Cabral era senador e deu uma entrevista na televisão (está no You Tube). Disse que Lula não cortou nenhuma fita no Rio de Janeiro. Eduardo Paes era um deputado tucano que, em 2005, criticava duramente o esquema organizado pelos petralhas para manter Lula no poder por um bom tempo. Hoje, os três estão juntos. São picaretas, pilantras, canalhas. Fiquei mesmo revoltado, mas, pensando bem, os três se merecem. Representam o atraso, o oportunismo, o clientelismo que faz com que estêpaiz continue sendo o que sempre foi.

Os vagabundos



Quem são os preconceituosos?

Lula disse ontem que Dona Supla é vítima de preconceito. Quem são estes preconceituosos? Aqueles que votaram em José Serra em 2004 e em Gilberto Kassab em 2008? Quem é esta elite que não quer Dona Supla de volta para a Prefeitura de São Paulo? Os ricos que despejam uma grana absurda nas campanhas petralhas?

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Enquanto isso na Ilha Brasilis...

Ouvi dizer que o ministro da Fazenda Guido Mantega não perde o sono por causa da crise financeira que assola o mundo. Pois é! Todo mundo lá fora num medo danado, perdendo dinheiro e os nossos economistas oficiais só de boa. O Apedeuta mesmo disse que o brasileiro pode comprar tranquilamente neste Natal porque tudo vai acabar bem. Ainda bem que Gilberto Gil saiu do Ministério da Cultura. Senão ele ia pegar uma sanfona e toca em ritmo de baião aquela música emaconhada do Bob Marley de que tudo vai dar certo.
A tranqüilidade dos nossos economistas me espanta. A cada dia que passa comprovo a minha tese de que eles acreditam que ninguém segura estêpaiz e que na nossa ilha crise americana nenhuma será capaz de apagar a ginga e o jeito malandro do brasileiro. É isso aí! A culpa é duzamericanu. Lula está certo. Vamos sorrir e cantar. Vamos gastar, afinal, na Ilha Brasilis só o PT fez o que nenhum outro fez nestes últimos 500 anos.

Tá muito divertido

Infelizmente Iris Rezende venceu as eleições aqui em Goiânia no primeiro turno. Então, lá vou eu espinafrar Gilberto Kassab e Dona Supla em São Paulo e Eduardo Paes e Fernando Gabeira no Rio de Janeiro. Como Paes é figurinha aqui no blog, continuemos.
Não sei se a UOL News ainda disponibiliza nos seus arquivos os vídeos dos depoimentos da CPI dos Correios em 2005. Mas eu sempre assistia àquelas cenas. Vi ali Roberto Jefferson dizendo na frente do José Dirceu que o ex-guerrilheiro lhe despertava os instintos mais primitivos, vi Duda Mendonça chorando ao afirmar que recebeu dinheiro do PT no exterior. Enfim, tinham vários vídeos que poderiam ser vistos a qualquer hora e que mostravam a lama que o petralhismo despejara no país.
Um dos depoentes da CPI dos Correios foi Delúbio Soares, o ex-tesoureiro do PT e amigão do carequinha Marcos Valério. No depoimento, Delúbio parecia estar bêbado ou sob efeito de remédios. Com a voz mole, não querendo falar muita coisa, Delúbio respondia as perguntas dos deputados e senadores sempre com aquele sorrisinho cínico.
Um dos deputados que reclamaram do comportamento de Delúbio foi o então tucano Eduardo Paes. Lembro do diálogo:

- Por favor, senhor Delúbio, eu sei que o senhor conhece muita gente aqui, mas eu pediria que o senhor se concentrasse no depoimento.
- Não, eu só estava cumprimentando um colega meu ali.
- Tá muito divertido isto aqui.
- Não, não está não.


Nesta época, meados de 2005, Lula e o PT não sabiam o que fazer com as denúncias que não paravam de pipocar na imprensa. Oh, maldosa imprensa! E Eduardo Paes era um daqueles que se irritaram com o deboche do petralha que indicava os deputados que deveriam receber a grana do carequinha.
Três anos depois vemos que Eduardo Paes entrou no divertimento petralha. E daí se teve mensalão? Aliás, o mensalão existiu? Ao pedir desculpas à Lula pela sua atuação na CPI dos Correios, Eduardo Paes simplesmente nega o que foi investigado e comprovado na época. Quer dizer: ele errou, os petralhas eram santos. Pois é, este mentiroso quer ser prefeito do Rio de Janeiro com o apoio de Lula. Eu gostaria muito que Eduardo Paes se concentrasse no que ele fez na CPI dos Correios. Que nada, ele está ali tentando atrair a atenção de Lula. E acha as roubalheitras petralhas uma diversão. É como Delúbio Soares previu numa entrevista ainda em 2005: o escândalo do mensalão vai virar piada de salão. E nós vemos um dos caras que mais combateram a organização criminosa petralha apoiar os que pegaram dinheiro não contabilizado. Tá muito divertido isto aqui, né Eduardo Paes?

Dona Supla muda agenda de Lula

Pois é, mesmo com a crise pelo mundo só Dona Supla consegue fazer o Apedeuta mudar sua agenda e correr para São Paulo. Os petralhas lá estão descontrolados. O Palácio do Planalto já enviou sua tropa de choque para defender Dona Supla e atacar Gilberto Kassab (ver reportagem a respeito e comentário meu nos posts abaixo).
Se as bolsas de valores mundo a fora caem todos os dias, se o Banco Central joga dólar no mercado, só o desespero de Dona Supla, que está 17 pontos atrás de Kassab, faz Lula mudar sua agenda.

Isso não me interessa

Pouco me importa saber se o Vila Nova vai subir para a Série A. Pouco me importa se Túlio Maravilha vai ou não vai para o Botafogo. O que me interessa mesmo é saber se Túlio Maravilha vai mesmo exercer seu mandato de vereador. Quero saber se ele vai estar presente nas votações importantes e ficar de olho nesta tal instituição que ele quer montar. É preciso cobrar dele se vai levar o mandato a sério.

Eu prefiro Mirian Leitão

É, a imprensa goiana a cada dia que passa se rende aos políticos. O Diário da Manhã de hoje publica na íntegra o discurso feito pelo senador Marconi Perillo ontem que falava sobre a crise financeira que assola o mundo. Marconi disse que o Brasil não está blindado e que Lula tem que parar de fazer marketing político. Bem, sobre economia eu dispenso o discurso do senador. Prefiro as opiniões de Mirian Leitão. Não li o discurso na íntegra, apenas a reportagem do jornal. Pelo visto, mais um tucano que não diz em público que o petralhismo segue a cartilha econômica do governo anterior. Já imaginou se Lula seguisse a risca o que prometia fazer quando estava na oposição? Como o PSDB nega o que fez quando era governo é bem capaz de Lula dizer que só ele fez coisa boa na economia e ninguém falar nada. Quem fala bem mesmo de economia é Mirian Leitão.

E as outras ditaduras?

O escritor Fernando Morais, que estava junto dos ministros que espinafraram a Dona Zélite, disse que o DEMO é o PFL de ontem, um dos aliados da ditadura militar. É mesmo, cara pálida? Então por que o senhor não manda o chefe dos ministros que estavam ontem em São Paulo dar um chute no traseiro dos antigos políticos que apoiaram os milicos? José Sarney e Delfim Neto são duas múmias da ditadura que aplaudem os discursos do Apedeuta. Sem dizer que os esquerdopatas sempre criticam a ditadura militar no Brasil e se calam quando o ditador Fidel Castro fuzila adversários no paredão.

A Dona Zélite tem bom coração

Quer dizer que os ministros lulistas presentes na campanha de Dona Supla afirmaram ontem em São Paulo que a elite e os conservadores defendem a candidatura de Gilberto Kassab? Bem, Dona Supla tem um passado sofrido ou como gostam de dizer os cupanheros “de luta”. Ela não representa a Dona Zélite.
Os petralhas mantém o discurso anti-elite, mas sempre são vistos ao lado de empresários e em épocas de campanha, como agora, sempre procuram a boa e velha (e tantas vezes surrada) Dona Zélite para custear suas campanhas. A Dona Zélite tem bom coração. Ouve calada as críticas dos petralhas, mas sempre abre a carteira para ajudar nas suas campanhas.

Lula e os bancos

Ao ler na Folha de São Paulo que o governo deu carta branca para o Banco Central ajudar os bancos em dificuldades me lembrei de uma entrevista que Lula concedeu à revista esquerdopata Caros Amigos no ano 2000. Lula fazia várias críticas ao governo Fernando Henrique Cardoso. Uma delas era a ajuda que o governo tinha dado ao Banestado.

Lula - Eu acho! Veja, não se pode alegar que é problema de dinheiro. Porque um governo que tem a insensatez de gastar 5 bilhões e 800 milhões de reais para sanear o Banestado, no Paraná, para vendê-lo por 1 bilhão e 650 milhões, sabendo que os 300 por cento que eles pagaram de ágio vão ser descontados no imposto de renda, e que o banco tem para receber de títulos 1 bilhão e 750 milhões de crédito, então isso significa que o Itaú ganhou de graça esse banco! Um governo que libera só pra uma Volkswagen, do dinheiro do BNDES, do dinheiro do FAT, 800 milhões pra ela fazer uma reestruturação produtiva, não pode alegar que não tem dinheiro!

E Lula disse na mesma entrevista que banqueiro tem que ter medo do PT:

Tem que ter medo do PT. Não é normal num país os bancos ganharem o que estão ganhando aqui.

Ainda bem que Lula no poder não seguiu uma linha do que havia proposto num passado não muito distante. Ainda bem que Lula seguiu a tal da “política econômica do Malan”. Já imaginou se Lula mostrasse toda a sua ira contra os banqueiros logo no primeiro dia do seu governo? Vemos hoje que o PT tem medo dos banqueiros. Se um banco quebrar e o Banco Central não der conta de acudir não sabemos o que pode acontecer.

Crise econômica mundial adia votação da CSS

Na Folha de São Paulo

A crise econômica mundial enterrou a possibilidade de a CSS (Contribuição Social para a Saúde) ser votada ainda neste ano no Congresso Nacional. A CSS é a nova CPMF, antigo imposto do cheque que foi derrubado no ano passado e que aliados do governo tentam ressuscitar com nova roupagem.Em público, congressistas dizem que o assunto foi arquivado temporariamente. Reservadamente, admitem que dificilmente a CSS será votada neste ano. Na avaliação do Planalto, não há clima para votar aumento de impostos num momento de crise econômica mundial.

Congresso faz novo ‘recesso branco’ à custa do contribuinte

Por Karla Correia e Márcio Falcão
no Jornal do Brasil

Entre a última semana de agosto e quarta-feira passada, o equivalente a 42 dias, deputados e senadores ausentaram-se de suas atribuições no Congresso Nacional, sob o pretexto de participar das eleições municipais em seus Estados. Receberam, no período, o equivalente a R$ 29.579.241, sem considerar as verbas indenizatórias e outros auxílios, que são variáveis. Isso representa que cada parlamentar teve, em média, depositados em suas contas bancárias exatos R$ 49.796 para não desempenhar nenhuma atividade legislativa.
Ontem, os presidentes da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) e do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), foram surpreendidos com nova rebelião das bancadas: os parlamentares decretaram, por conta própria, um novo recesso, desta vez para dar atenção ao segundo turno das eleições, que atinge apenas 11 Estados e não o país todo. Com a nova folga, mais 16 dias, o contribuinte remunerará seus representantes em mais R$ 8.516, o que totaliza R$ 5.058.580.
A função legislativa ficou em segundo plano porque os parlamentares estão mais interessados em firmar poder político nas disputas pelas prefeituras do que mostrar serviço em Brasília. Até o início de outubro, os deputados custaram R$ 76.180.500 aos cofres públicos, levando em consideração apenas os salários. Isso para trabalhar 167 dias e tirar 106 de folga. Outros R$ 1.336.572 foram desembolsados para pagar os vencimentos dos senadores, nesse meio tempo.

Hora de votar

Mesmo com a promessa de esvaziamento dos deputados, o presidente da Câmara assegura que, na semana que vem, vai retomar a rotina de votações. Estão dispensados apenas os 15 parlamentares que continuam na briga por uma prefeitura.
– Está todo mundo avisado, o trabalho é normal – sustentou Chinaglia.
Oficialmente, a Câmara voltou do recesso branco na última segunda-feira, com a pauta trancada por três medidas provisórias e dois projetos de lei em regime de urgência, mas só teve movimento de fato dois dias depois. Um dos projetos que aguarda apreciação cria o Fundo Soberano do Brasil – mas apenas uma matéria foi analisada. A MP permite ao Tesouro repassar diretamente para o Banco Central títulos públicos para compor a carteira do Banco.
As previsões também não são nada boas. Na semana que vem, mais três medidas provisórias e dois projetos de lei passam a ter prioridade para serem votados. Sem contar que governistas e oposicionistas travam um embate pela criação do Fundo Soberano que pode travar a pauta até novembro. Para a oposição, aprovar um fundo que será administrado pelo governo no exterior, em meio às turbulências na economia mundial, seria "loucura", uma vez que parte das reservas internacionais seriam aplicadas em investimentos de maior risco.
– O projeto não tem nada a ver com a situação presente que o Brasil enfrenta, não contribui para nada e pode perfeitamente ser deixado para depois – afirma o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP).
Com o impasse, o presidente da Câmara prevê prejuízo para a produtividade da Casa. Entre as matérias importantes que correm o risco de não serem votadas estão a reforma tributária, o destaque final do projeto que cria a Contribuição Social para a Saúde (CSS), a nova CPMF e a lei dos grampos.
– Não é de se acreditar que vai dar tempo de votar tudo que precisa votar, como a mudança no rito das medidas provisórias – declarou Chinaglia.

No Senado

O empenho para emplacar os aliados nas urnas e retomar a atenção dos eleitores também tem diminuído o ritmo de trabalho no Senado. Pelos corredores ainda é difícil vê um número expressivo de senadores circulando. Mesmo assim, nesta semana, a terça-feira e a quarta-feira foram reservadas para votação. Na pauta, temas consensuais, como a criação do Dia do Surdo e a concessão de empréstimos a municípios. E só.

PF investiga delegados suspeitos de vazar dados

Por Vannildo Mendes
no Estado de São Paulo

A Polícia Federal abriu um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para investigar o suposto envolvimento de dois delegados da cúpula do órgão com o vazamento de dados sigilosos da Operação Navalha. Renato Porciúncula, ex-diretor da Diretoria de Inteligência Policial (DIP), e Emmanuel Balduíno, ex-chefe da área de contra-inteligência, seriam os propagadores de boatos contra o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. Deflagrada em maio de 2007, a operação prendeu 48 pessoas, entre elas o empresário Zuleido Veras, dono da construtora Gautama, acusado de chefiar um esquema de fraudes em licitações. Foi solto por habeas corpus concedido pelo ministro Gilmar Mendes. Logo depois, o presidente do STF teve seu nome divulgado em uma lista de supostos beneficiários de presentes da Gautama. O verdadeiro Mendes, porém, era um empresário baiano homônimo. O ministro acusou a PF de má fé e pediu ao Ministério Público que investigasse vazamentos. O PAD foi aberto em 1º de outubro e corre em sigilo. Se comprovada a denúncia, os delegados podem sofrer punições que vão da advertência à suspensão ou demissão do cargo. A operação foi uma das maiores da gestão do delegado Paulo Lacerda, que deixou a direção da PF em setembro de 2007 para assumir a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), de onde acabou afastado, em julho, sob acusação de envolvimento no escândalo dos grampos ilegais da Operação Satiagraha. Porciúncula, braço direito de Lacerda na Abin, também foi afastado. Sem prazo para ser concluído, o PAD está sob a responsabilidade do delegado Manoel Trajano. A investigação foi determinada pelo corregedor-geral da PF, delegado José Ivan Lobato, a partir de uma representação do juiz baiano Durval Carneiro Neto, que comandou a primeira fase da Operação Navalha. O PAD só é aberto quando, na fase preliminar (a sindicância), são levantados indícios contra os acusados. "É um equívoco do juiz, ele tem de se dirigir a quem podia emitir atos de ofício e tinha competência para investigar", esquivou-se Porciúncula, jogando a responsabilidade para seu auxiliar, Emmanuel, titular da Operação Navalha. O delegado disse que já foi notificado da acusação e aguarda ser convocado para se defender com tranqüilidade. Procurado, Emmanuel não foi localizado para comentar a acusação.

Críticas a alianças marcam debate entre Gabeira e Paes

Na Folha de São Paulo

Críticas às alianças políticas marcaram o primeiro debate entre Fernando Gabeira (PV) e Eduardo Paes (PMDB) no segundo turno das eleições para a Prefeitura do Rio.No encontro realizado pelo jornal "O Globo", Paes defendeu dos ataques seu principal aliado, o governador Sérgio Cabral, e questionou o apoio do prefeito Cesar Maia (DEM) ao adversário do PV.Gabeira disse que Cabral não tem bom relacionamento com os servidores estaduais, insinuando que o mesmo poderia ocorrer com Paes na capital.O peemedebista defendeu o governador, afirmando que "o Estado passou por um processo longo de desestruturação". E disse que vai "garantir tudo o que o funcionalismo público tem de benefícios".Após os seguidos ataques a Cabral, Paes afirmou que Gabeira "esconde" o apoio que recebeu de Maia. "É um apoio que deve se querer esconder, mas existe." Gabeira disse que não procurou o prefeito, que "tomou uma posição espontânea".Logo no início do debate, o candidato do PV tentou desqualificar o principal tema da campanha de Paes ao afirmar que a obtenção de verbas federais independe do partido a que pertence o prefeito. "O governo federal ajuda muito as prefeituras, como Curitiba, que é do PSDB. Portanto, não se pode supor que o governo federal não vai mandar dinheiro para uma prefeitura de oposição."Paes questionou o compromisso de Gabeira de não lotear a máquina com partidos. Disse não ver problema em entregar secretaria a quadros partidários que sejam competentes.Já Gabeira refutou, com ironia, a acusação de não ter experiência administrativa. "Eu consegui, com menos dinheiro, proporcionalmente mais votos. Então, eu administrei muito melhor o meu dinheiro."
Crivella
O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), derrotado na disputa no Rio, procurou ontem o líder do PMDB no Senado, Romero Jucá (RR). Crivella tenta amarrar um acordo pelo qual irá trocar o seu apoio a Paes pela vaga da aliança ao Senado em 2010, mas Jucá negou que os dois tenham tratado do Rio.A Folha apurou que o PMDB irá pedir ajuda ao presidente Lula se houver alguma dificuldade para o fechamento do acordo. Convencido por Cabral, Lula aceitou apoiar Paes.No encontro que teve com o presidente na terça, Paes lhe entregou uma carta pedindo desculpas por sua atuação na CPI dos Correios, onde esteve na tropa de choque da oposição -era do PSDB na época. Paes pretende estar com Lula hoje, em São Paulo, para receber o apoio formal do presidente.

Kassab e Marta reciclam propostas antigas

Por Ranier Bragon e Fernando Barros de Mello
na Folha de São Paulo

Os dois candidatos à Prefeitura de São Paulo neste segundo turno deixaram de cumprir em suas respectivas gestões promessas feitas nas campanhas de 2000 e 2004. Hoje, os programas de governo deles trazem, de forma reciclada, algumas prioridades que constavam em seus antigos cardápios eleitorais.Marta Suplicy (PT) governou São Paulo de 2001 a 2004. Gilberto Kassab (DEM) é o atual prefeito, tendo sido vice de José Serra (PSDB) de 2005 até o início de 2006.Tanto nas campanhas anteriores como agora, a petista e o democrata produziram caderninhos com seus programas, passaram meses prometendo novos projetos e, no início de suas gestões, estabeleceram metas a serem cumpridas.Líder na atual disputa, Kassab prometia em 2004 (na época como vice na chapa de Serra) construir hospitais de bairro com 50 leitos cada um, criar comunicação de rádio entre a Guarda Civil Metropolitana e a Polícia Militar, criar vale-transporte para desempregados, implantar o Ceasa da zona leste e criar um "disque trânsito" 24 horas, entre outras coisas. Esses exemplos citados ou foram esquecidos ou não foram cumpridos integralmente.Além disso, Kassab traz hoje, em seu programa de governo para a reeleição, propostas "recicladas" de 2004, tais como a ajuda ao Estado na expansão do Rodoanel, agora promete investir R$ 75 milhões, e a construção de um centro de convenções para megaeventos internacionais.Dentre as principais promessas feitas e cumpridas pela gestão Serra/Kassab, estão a entrega dos hospitais de M'Boi Mirim e de Cidade Tiradentes, o investimento no metrô e no Mãe Paulistana (assistência a gestantes).Marta Suplicy fez promessas na campanha de 2000 tais como a de garantir vaga a toda criança na escola, investir no metrô, fazer a extensão do Fura-Fila até Vila Prudente, criar "bolsões" de estacionamento para veículos particulares e, como um dos primeiros atos de seu governo, em 2001, baixou decreto que fixava metas para que, entre outras coisas, nenhum albergue abrigasse mais do que cem moradores de rua.Também a exemplo de Kassab, essas promessas ou não foram cumpridas ou foram cumpridas parcialmente.No atual programa de governo de Marta, a "reciclagem" se dá em propostas como a de a prefeitura liderar a integração de projetos para a região metropolitana, subsidiar a aquisição de lotes ou imóveis por famílias de baixa renda ou oferecer internet gratuita a toda a cidade (em 2000, o discurso era de internet grátis para toda a periferia).Entre as principais promessas da petista feitas em 2000 e que foram cumpridas em sua gestão estão a instituição do Bilhete Único no transporte, a inclusão da cidade no SUS e a descentralização administrativa, com as subprefeituras.Questionadas, as assessorias dos dois candidatos afirmaram que ou cumpriram parcialmente as promessas ou fizeram outros projetos que desempenharam o mesmo papel.

A culpa é da Dona Zélite

Na Folha de São Paulo

Em evento de apoio a Marta Suplicy (PT) ontem em São Paulo, ministros do governo Lula associaram o prefeito Gilberto Kassab (DEM) à "elite", ao "conservadorismo" e até o compararam a um "síndico".A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) afirmou que o adversário de Marta "utiliza as primeiras pesquisas para subir no salto alto e sentar na cadeira de prefeito" antes da hora. "É prova de soberba, de elitismo e de descompromisso com a democracia", disse a ministra.O titular da Justiça, Tarso Genro, também foi duro. "Marta quebrou os tabus mais atrasados e conservadores de uma elite que nunca conheceu sua cidade", afirmou Tarso, sobre o período em que a petista governou a cidade (2001-2004). "Por isso recebeu um brutal preconceito da elite através da maioria da imprensa tradicional", disse.Marta foi chamada de "líder" que levou o nome de São Paulo para fora do país. "Não podemos ter um síndico conservador dirigindo o destino de uma das maiores metrópoles do mundo", disse Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência).Vice de Marta, Aldo Rebelo (PC do B) também usou a imagem do "síndico" e explorou as diferenças com o DEM. "Graças à capitulação de setores do PSDB, São Paulo se transformou no último barco à deriva para os náufragos das forças conservadoras do Brasil.""Não vou me conformar em ver São Paulo na mão de uma direita disfarçada", disse o ministro Carlos Lupi (Trabalho).Já o ministro da Cultura e filiado ao PV, Juca Ferreira, criticou a decisão do seu partido de aderir a Kassab. "O PV aqui de São Paulo cometeu um erro: teve uma escoliose à direita."O escritor Fernando Morais, militante histórico do PMDB, fez o mesmo -sua sigla também apóia o prefeito. "Uma pessoa que vive de fazer biografias como eu não pode sujar a própria biografia. Não voto no PFL [hoje DEM] da ditadura."Marta foi conciliadora e lançou um "Compromisso com São Paulo", nos moldes da "Carta ao Povo Brasileiro" que Lula divulgou na campanha presidencial de 2002.No documento, a petista reitera suas promessas, fala na criação de um "Conselho da Cidade", algo parecido com o Conselhão de Lula, para lidar com problemas crônicos do município e chega até a incorporar propostas de Geraldo Alckmin (PSDB), derrotado no primeiro turno.O chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, se licenciará nos próximos dias para ajudar as campanhas do PT em São Paulo e no Grande ABC. Ele diz não se tratar de "intervenção".

Lula muda agenda e hoje faz ato de campanha com Marta

Por Vera Rosa
no Estado de São Paulo

Pressionado pela direção do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva alterou na última hora sua agenda para socorrer a campanha de Marta Suplicy, que entrou em crise após divulgação de pesquisa Datafolha, apontando 17 pontos de vantagem do prefeito Gilberto Kassab (DEM) sobre ela. Para ajudar Marta a quebrar resistências à sua candidatura, Lula vai acompanhá-la hoje, no fim da tarde, num encontro com pastores evangélicos.O presidente relutava em entrar na campanha nesta semana, mas uma avalanche de pedidos o fez mudar de idéia. Motivo: o tempo para reverter a difícil situação de Marta é exíguo, já que a eleição é no dia 26. De qualquer forma, embora a vitória na capital paulista seja considerada fundamental para o projeto de poder do PT e do governo, em 2010, Lula age com cautela para não se associar diretamente a uma eventual derrota.O chefe de gabinete do presidente, Gilberto Carvalho, também foi escalado pelo PT para ajudar Marta a se aproximar da Igreja Católica e dos evangélicos. Ex-seminarista, ele terá como missão conversar com padres e pastores que torcem o nariz para ela por causa de seus projetos polêmicos, como a ampliação do direito ao aborto e a união civil entre homossexuais."Eu me propus a ajudar nessa área porque o meio em que transito melhor é o dos religiosos, dos evangélicos", disse Carvalho ao Estado. Aborrecido com o fogo amigo petista, indicando que sua presença significaria intervenção federal na campanha, o assessor presidencial afirmou que essa interpretação é "absurda" e chegou a reavaliar a conveniência de sua participação."Pelo amor de Deus, não há nada de intervenção", garantiu. "Vou tirar férias na semana que vem para participar de algumas campanhas do PT em São Paulo, não é só a da Marta. Pretendo também ajudar em Santo André e em São Bernardo. Isso é uma coisa da minha cabeça, não tem nada a ver com o presidente."Se por parte do PT Carvalho foi alvo de fogo amigo, da trincheira inimiga recebeu elogios. "É uma garantia de que não vamos ter baixaria nesta campanha", defendeu, em Santos, o governador José Serra, principal aliado de Kassab. "Vamos ter uma campanha de nível porque eu conheço pessoalmente o Gilberto Carvalho e eu sei que ele é uma pessoa de nível."
REJEIÇÃO
Além de tentar fisgar a classe média, o foco da campanha de Marta é diminuir seu alto índice de rejeição, na casa dos 35%. Pesquisas encomendadas pelo PT revelaram que muitos evangélicos alimentam antipatia pela candidata. No mês passado, ela discutiu com pastores da Igreja Batista ao sair em defesa dos direitos dos homossexuais. "Se for para xingar homossexual, desacatar e dizer que está doente, sou contra, sempre", afirmou na ocasião. "Com toda minha formação de psicanalista e na área de homossexualidade, não posso ser a favor dessa posição."Agora resolveu pedir socorro a Lula.

Brasil cancela missão técnica ao Equador

Por Eliana Cantanhêde
na Folha de São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva irritou-se com a decisão anunciada anteontem pelo governo do Equador de expulsar a construtora Norberto Odebrecht do país e mandou cancelar a ida de uma missão técnica no próximo dia 15 para discutir o apoio a obras de infra-estrutura no país.O principal tema da reunião seria um projeto de profundo interesse do Equador: o Manta-Manaus, para ligar a cidade portuária equatoriana à capital do Amazonas com estradas, pontes, portos e vias fluviais."Em face dos últimos desdobramentos envolvendo empresas brasileiras naquele país (...), o governo brasileiro decidiu postergar sine die [sem data] a ida ao Equador de uma missão chefiada pelo ministro dos Transportes [Alfredo Nascimento]", diz nota do Itamaraty.No texto, o governo reclama ainda que esses "desdobramentos" -ou seja, a expulsão da construtora- "contrastam com as expectativas de uma solução favorável quando do recente encontro entre os dois presidentes [Lula e Rafael Correa] em Manaus".Foi o primeiro ato de retaliação do governo brasileiro a Correa, que no dia 23 de setembro editou decreto embargando os bens da Odebrecht, acusada de falhas na construção de uma hidrelétrica. Depois, ele ameaçou expulsar a empresa do país e não pagar dívida com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) de US$ 243 milhões relativa ao financiamento da construção da usina.A gota d'água, conforme a Folha apurou, foi que Correa tinha acertado com Lula no dia 30 de setembro, em Manaus, que recuaria da ameaça de expulsão da Odebrecht para reabrir as negociações com a empresa e facilitar o diálogo governo a governo. Lula foi surpreendido com o anúncio equatoriano ratificando a expulsão.
Conversa em Manaus
Na conversa em Manaus, Lula tinha pedido a retirada do decreto para "desanuviar o ambiente" e disse que, em contrapartida, mandaria a missão técnica a Quito. Correa aceitou, apesar de fazer sérias críticas às empresas brasileiras, insinuando que não respeitavam as regras locais e ofereciam propinas a funcionários públicos.Ele deixou implícito que não poderia recuar naquele momento, porque o referendo para ratificar a nova Constituição do Equador tinha ocorrido dois dias antes e ficaria parecendo que ele só tinha comprado a briga com a Odebrecht para angariar votos. Mas assumiu o compromisso de abrandar o tom e retomar as negociações.Lula saiu do encontro imaginando que a revogação do decreto seria anunciada uma semana depois, inclusive liberando os dois brasileiros que estão refugiados na residência do embaixador para sair do país.Apesar da gravidade das medidas tomadas por Correa em setembro, Lula se dizia tranqüilo, porque fora informado pelo Itamaraty e por sua assessoria internacional de que o presidente agia assim por "questões políticas internas".Referiam-se ao referendo equatoriano do dia 28 para ratificar a Constituição do país, feita ao gosto do novo governo. "Falar grosso" com o Brasil seria parte da campanha. Com o anúncio da expulsão, Lula, o Itamaraty e a assessoria da Presidência finalmente descobriram que Correa não blefava.A usina de San Francisco, pivô da crise, é responsável por 12% da produção energética do Equador. Ela parou de funcionar em 6 de junho deste ano, com o desabamento de parte do túnel de distribuição de água e desgaste das turbinas. O governo culpou a Odebrecht, que atribui os problemas à erupção de um vulcão.Correa também quer rever o contrato com a Petrobras de exploração do bloco 18, para que toda a extração fique com o país. Sem acordo, o presidente ameaça expulsar a empresa. O Brasil disse que exigirá indenização pelos investimentos.

Selic não cairá, apostam especialistas

Por Ayr Aliski
no Jornal do Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) não deve reduzir a taxa Selic, o juro básico da economia brasileira, na próxima reunião – que ocorre nos dias 28 e 29 de outubro – avaliam economistas. A Selic, principal instrumento de política monetária do governo, está atualmente no patamar de 13,75%.
O economista Bráulio Borges, da LCA Consultoria, avalia que eventuais alterações na Selic estarão diretamente associadas à taxa de câmbio. Ele acredita que o dólar voltará para cotações abaixo de R$ 2,00 dentro de pouco tempo. Ainda assim, não há previsão de queda da Selic.

Especulações

Anteontem, bancos centrais de sete países reduziram as taxas básicas de juros de suas economias em uma ação coordenada, e inédita, o que agitou o cenário interno brasileiro, gerando especulações sobre uma possível queda da Selic, a ser tomada em reunião extraordinária do Copom. O governo desmentiu a possibilidade de adotar a medida. O Fundo Monetário Internacional (FMI) chegou a comentar que o Brasil estaria pronto para reduzir os juros dentro de poucos meses. No cenário nacional, as análises não são tão otimistas. O economista Alfredo Meneghetti, da Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul (FEE/RS) não acredita em queda da Selic e aposta em maior rigor fiscal.
O dólar voltou a cair anteontem, principalmente depois de o Banco Central leiloou a moeda estrangeira. Isso confirma a aposta de Borges, que não acredita em movimento sustentado da alta do dólar. A mesma análise tem Carlos Tadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central. O economista da LCA Consultoria aposta que a moeda norte-americana oscilará na faixa entre R$ 1,70 e 1,90, entre novembro e dezembro. Ele comenta dados que indicam não haver motivos para a tão acentuada depreciação do real: ingressos de US$ 2,8 bilhões no país em setembro e de US$ 500 milhões nos três primeiros dias úteis de outubro.
Para Borges, a corrida ao dólar não reflete os fundamentos da política econômica e cambial brasileira. Por isso, prevê, a moeda norte-americana deve recuar. As reservas internacionais, destaca ainda, continuam crescendo, atingindo US$ 208,4 bilhões em 4 de outubro, contra US$ 205,2 bilhões, no dia primeiro de setembro.
Mas caso se mantenha o cenário de dólar caro e preços das commodities em baixa, seria necessário até mesmo promover alta dos juros, para não haver o risco de a alta do câmbio contaminar a inflação. Para o atual momento, avalia Borges, o governo está agindo com cautela.
– Quando a reunião do Copom ocorrer, no final de outubro, ainda estaremos no olho do furacão – afirma. Se o dólar não recuar, aí sim haverá alta de juros. – Se ficar entre R$ 2,10 e R$ 2,20, aí o BC vai começar a elevar juros – diz Borges, que acredita que o BC demorou muito para atuar diretamente no mercado de câmbio, o que permitiu a escalada das cotações.
Para Freitas, embora as últimas medições do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tenham demonstrado algum repasse da alta do dólar aos preços dos bens duráveis, ainda não justifica alta do juro para conter inflação.
– Outros países estão baixando juros por problemas de liqüidez – diz o economista – O ex-diretor do BC não concorda que haverá manutenção do câmbio elevado, com o dólar caro dos últimos dias. – Não está artificial? Não há fundamentos para o dólar ficar acima de R$ 2,00.
Para ele, a atuação firme do BC no mercado de câmbio – o que tem se delineado nos últimos dias – eximirá essas oscilações. Com o dólar voltando para abaixo de R$ 2,00, acaba o risco de inflação de câmbio. Mas também não haverá espaço para baixar a Selic, mesmo com projeções de mercado que indicam retração do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano: – Se o BC ficar preso à meta de inflação de 4,5%, poderá até voltar a elevar juros – diz.
Meneghetti não acredita em queda da Selic. Segundo ele, o Brasil manterá o compromisso de cumprir a meta de inflação em 4,5% em 2009 e, para atingir o objetivo, não reduzirá o juro básico da economia:
– Deverá manter ou aumentar o juro, podendo chegar ao final do ano em 15% – diz. Ele aposta num possível aumento dos gastos públicos e aperto na política fiscal para amortecer os efeitos da crise.
No Brasil, o Banco Central chegou a adotar no passado o mecanismo de indicar viés para a Selic, ou seja, resguardava-se para alterar o juro antes de nova reunião do Conselho de Política Monetária. Março de 2003 foi a última vez em que o Copom utilizou o mecanismo, indicando viés de alta para uma Selic de 26,5%, mas não lançou mão da opção, e manteve a taxa.

BC poderá intervir em banco socorrido

Na Folha de São Paulo

O Banco Central terá carta-branca para gastar o valor que julgar necessário para socorrer instituições financeiras que estejam com dificuldades, desde que receba, em troca, garantias de que o empréstimo concedido vá efetivamente ser pago. Além disso, o BC também terá poder de intervir diretamente na administração dos bancos que forem socorridos.Ontem, o CMN (Conselho Monetário Nacional) regulamentou, em reunião extraordinária, a medida provisória publicada na segunda-feira que dá ao Banco Central a possibilidade de emprestar dinheiro para instituições financeiras que tenham problemas de caixa.Em troca, os bancos devem oferecer parte de suas carteiras de crédito como garantia.Essas operações, qualificadas pelo governo de "compra" das carteiras de crédito, poderão ser feitas tanto em reais quanto em moeda estrangeira.Os bancos que recorrerem a empréstimos em reais poderão sofrer restrições por parte do BC, que terá poder, por exemplo, para suspender reajustes salariais para os executivos da instituição e limitar a distribuição de dividendos para seus acionistas.Regras rígidasPara Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do BC, a instituição aprendeu com os "erros do passado" e fez regras mais rígidas que o socorro dado às instituições financeiras com o Proer, no governo Fernando Henrique Cardoso, em 1995.O economista pondera que o risco para a autoridade monetária também é maior, por isso a exigência de acompanhar de perto a administração do banco no dia-a-dia."O BC criou essa linha de empréstimo aos bancos que não é para ser usada. A instituição tem que ser extremamente cautelosa, porque ela não conhece de fato o risco da carteira de crédito do banco, porque não conhece as empresas e pessoas que são clientes desse banco. No Proer, todos estavam falidos, então os riscos eram conhecidos", afirmou Freitas.O economista avalia também que será difícil para o Banco Central acompanhar a administração dos bancos que tomarão empréstimo oferecendo a carteira de crédito como garantia. Segundo Freitas, são muitas exigências difíceis de serem monitoradas.
Liquidez
O economista-chefe da consultoria Austing Rating, Alexsandro Agostini Barbosa, avalia que as medidas adotadas pelo governo serão um instrumento eficaz de injeção de liquidez nos bancos de pequeno e médio porte."O mercado brasileiro não tem uma crise de liquidez. O problema é que os recursos estão empoçados nos grandes bancos", afirmou.Para ele, a decisão de vetar aumento de salários a executivos de bancos que pedirem socorro ao BC é mais uma forma de mostrar que não haverá "farra" com o dinheiro emprestado. "Não adianta o banco tentar proteger capital de executivo", disse Barbosa.
Garantias
Ainda no caso do socorro em reais, o Banco Central só aceitará como garantia carteiras de empréstimos com baixa probabilidade de inadimplência -classificadas nos primeiros três dos nove níveis de risco estabelecidos de acordo com critérios do próprio BC.Além disso, o BC exigirá como garantia uma carteira de crédito que seja, no mínimo, equivalente a 120% do empréstimo pretendido pelos bancos.Ou seja, para receber R$ 100 do BC, a instituição financeira terá que oferecer, em troca, uma carteira que seja de pelo menos R$ 120.No caso dos empréstimos em dólares, os bancos terão que oferecer como garantia títulos da dívida externa emitidos pelo governo brasileiro ou por qualquer outro país, desde que, segundo agências internacionais de classificação de risco, sejam considerados de baixíssimo risco de calote.Nesse caso, também serão aceitos outros dois tipos de garantia: carteiras de financiamentos à exportação concedidos no Brasil e, a critério do BC, garantias reais -imóveis pertencentes ao banco ou mesmo ações da instituição financeira em questão.
Prazo de um ano
Tanto nos financiamentos em dólar quanto em reais, o prazo para que os bancos paguem de volta o BC não pode ultrapassar um ano.Se após o vencimento do empréstimo a instituição financeira não tiver como quitar seu compromisso, o BC assume definitivamente os ativos entregues como garantia e poderá vendê-los no mercado para cobrir suas perdas.Caso, mesmo assim, as garantias não sejam suficientes para compensar o prejuízo causado pela falta de pagamento, a diferença será coberta pelo Tesouro Nacional.O uso das reservas internacionais e a criação de um novo empréstimo do Banco Central foram adotadas com o objetivo de reduzir os efeitos do agravamento da crise financeira dos Estados Unidos na economia brasileira.Essa piora diminuiu a oferta de crédito e criou dificuldades para as instituições que pegavam dinheiro no exterior para as operações realizadas no mercado interno.Por meio das reduções do compulsório que os bancos recolhem, que foram realizadas nas últimas três semanas, o Banco Central também decidiu liberar mais R$ 59,9 bilhões para os bancos.

Prejuízo de empresas preocupa Planalto

Por Sheila D'Amorim e Guilherme Barros
na Folha de São Paulo

Aumentou a preocupação dentro do governo com a dimensão dos estragos das operações de alto risco feitas por empresas que apostaram no dólar desvalorizado até o final do ano. A equipe econômica ainda não sabe bem o tamanho das perdas, mas avalia que podem ter um potencial significativo de estrago.O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) afirmou à Folha que o Banco Central está levantando quais foram as empresas que fizeram as operações de alto risco no mercado de derivativos de dólar para saber a dimensão dos prejuízos. O número que circula no mercado é de R$ 40 bilhões.De acordo com o que a Folha apurou, a lista das empresas e dos bancos que participaram dessas operações já teria sido concluída. O Banco Central não confirma a informação.Mercadante diz, no entanto, que o BC estava monitorando essas operações e pode ter concluído o levantamento. Mercadante está em Portugal, numa viagem com empresários brasileiros. Antes, porém, conversou com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.Na próxima semana, Mantega e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, vão ao Congresso falar sobre a crise econômica e podem dar mais detalhes sobre essas operações de alto risco no mercado de derivativos de dólar.Por enquanto, apenas a Sadia e a Aracruz anunciaram perdas com essas operações. A primeira teria tido um prejuízo de R$ 750 milhões, e a segunda, de R$ 1,95 bilhão.Ontem, a agência de classificação de risco Fitch Ratings rebaixou a nota da Aracruz. O "rating" da empresa de celulose foi revisado de "BBB-" para "BB+". Na prática, significa que a empresa perde seu "status" de "grau de investimento", do ponto de vista dessa agência.O prejuízo com operações no mercado futuro de dólar e derivativos não se restringe a Sadia e Aracruz. O governo também está mapeando várias empresas pequenas que tomaram crédito para financiar a produção e ter capital de giro, atrelado à variação cambial.O tamanho do prejuízo com a oscilação do dólar para as empresas vai depender, no entanto, da atuação do BC no mercado de câmbio. Se for bem-sucedido na queda-de-braço que trava com o mercado, o BC evitará que a cotação dispare ainda mais, minimizando o prejuízo das empresas.Isso porque nem todas operações vencem agora. Se, na data do vencimento, a cotação tiver recuado, a perda para as empresas será menor.Além disso, é preciso considerar o tamanho da dívida da empresa no balanço. O medo do governo, de qualquer forma, é que o prejuízo fique com os bancos. De acordo com o senador Aloizio Mercadante, foram poucos os bancos que fizeram essas operações, e, mesmo assim, de pequeno porte.Nos últimos dias, circulou no governo uma preocupação a mais. Se a fiscalização do BC teria ou não tomado conhecimento dessas operações de alto risco das empresas no mercado de derivativos de câmbio.Ao ser questionado sobre isso, o Banco Central enviou a seguinte resposta à Folha:"A legislação bancária não dá ao Banco Central a atribuição ou poder para fiscalizar o risco tomado por empresas no mercado de derivativos ou em outros mercados. Cabe ao Banco Central garantir a higidez do Sistema Financeiro Nacional e fiscalizar o risco assumido por instituições financeiras. Do ponto de vista prudencial, a princípio, quando uma instituição financeira faz uma operação em derivativo e, ao mesmo tempo, faz "hedge" para essa operação, não está incorrendo em aumento de risco. Nesse sentido, nosso arcabouço normativo e de fiscalização em nada difere dos padrões internacionais".Desta vez, o problema parece mesmo ter estourado no colo das empresas. Segundo a Folha apurou, há empresas que já ameaçam, inclusive, não pagar esses contratos e ir para a Justiça discutir a dívida. O medo do governo é que, se a moda pegar, isso poderá ser um passivo de tamanho desconhecido para os bancos e retrair ainda mais o mercado de crédito.

Ações têm queda recorde nos EUA

Por Leandro Modé
no Estado de São Paulo

A perspectiva de recessão prolongada na economia dos Estados Unidos derrubou os principais termômetros do mercado acionário americano para os níveis mais baixos desde 2003. O Índice Dow Jones, o mais tradicional da Bolsa de Nova York, deslizou 7,33%. A queda em pontos (678) foi a terceira maior da história. O Índice Standard & Poor?s 500, que reúne as principais indústrias do país, cedeu 7,62%. A bolsa eletrônica Nasdaq recuou 5,47%. O mercado acionário brasileiro até tentou uma recuperação ontem, mas, perto do fim dos negócios, sucumbiu à piora expressiva das bolsas americanas. Ao final do pregão, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) caiu 3,92%, para 37.080 pontos, menor nível em dois anos. Durante o dia, o principal indicador da bolsa brasileira chegou a ganhar 4,89%. Segundo analistas, nenhum fato novo justificou a piora de humor no fim dos negócios, embora uma notícia relacionada à montadora General Motors tenha sido citada por alguns operadores para explicar a intensificação das perdas. A agência de classificação de risco de crédito Standard & Poor?s informou, à tarde, que colocou o rating (nota) da empresa em revisão para possível rebaixamento. As ações despencaram 30,6%, para o nível mais baixo desde 1950. "O problema com essa explicação é que, para o mercado, a GM já está quebrada há algum tempo", afirmou o superintendente de Renda Variável do Banco Itaú, Walter Mendes. Para se ter uma idéia, diz ele, o valor de mercado da GM, hoje, é de US$ 2,7 bilhões, ante US$ 108 bilhões da japonesa Toyota, sua maior concorrente. Segundo Mendes, a informação de que o Tesouro dos Estados Unidos pode comprar partes de bancos com problemas explica melhor as quedas de ontem. "Essa solução, que é boa do ponto de vista econômico, é ruim para o investidor, pois dilui seu capital nos bancos." Não à toa, a maioria das ações do setor financeiro caiu de forma expressiva. Os papéis da American Express perderam 10% e os do Bank of America, 9,14%. As ações da seguradora AIG caíram 22,57%, apesar de o Federal Reserve (Fed, o banco central) ter dito que emprestará US$ 37,8 bilhões às suas subsidiárias, além da injeção de US$ 85 bilhões anunciada mês passado pelo Tesouro. Um índice que mede a volatilidade do mercado, chamado de VIX, subiu 11,11% ontem, para o nível recorde de 63,92 pontos. "O efeito bola-de-neve do medo, que deu início à avalanche de colapsos de instituições financeiras, criou um regime inteiramente novo de volatilidade", escreveu o estrategista Andrew Wilkinson, da Interactive Brokers, em nota para clientes.Para Debra Brede, presidente da DK Brede Investment Management, "as pessoas estão agindo por medo". "Seus avós estão dizendo: sobrevivi à Grande Depressão e a mentalidade, neste momento, é de que vamos perder tudo." Segundo ela, "as pessoas não estão dando tempo para que o pacote de socorro do setor financeiro funcione".Esse ponto é fundamental, segundo Mendes. "Não há solução ?bomba atômica? para essa crise", disse. O que existe, segundo ele, é um acúmulo de medidas anunciadas por governos do mundo todo para garantir a solvência do sistema bancário. "Elas funcionarão aos poucos."Para Mendes, o caminho para a melhora das bolsas passa pelo destravamento do mercado global de crédito. "Isso parece claro, tanto que o próprio mercado quer que os governos garantam os depósitos e os empréstimos interbancários." Seguindo Nova York, as bolsas asiáticas iniciaram os pregões de hoje com perdas pesadas. O Índice Nikkei, de Tóquio, despencava 10%, e o Kospi, de Seul, mais de 5%.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Missão dada é missão cumprida

Como é que é? Eduardo Paes pediu desculpas a Lula pela sua atuação na CPI dos Correios? Eu só não escrevo “puta que pariu” porque sou educado. Coloco a sigla PQP. Ao pedir desculpas a Lula, Paes mostrar que realmente é o vagabundinho de Sérgio Cabral. Ao pedir desculpas a Lula, Paes mostra que o mensalão não era tudo aquilo que ele dizia em 2005. HIPÓCRITA! SEM VERGONHA! CANALHA! É isso que Fernando Gabeira tem que dizer na cara do vagabundinho do Sérgio Cabral. É esta a missão do candidato verde: chamar bandido de bandido, vendido de vendido e mentiroso de mentiroso. Vai lá, Gabeira, cumpra sua missão. Missão dada é missão cumprida.

Eduardo Paes pede desculpas a Lula (PQP)

Do Blog da Cristina Lobo

Para ter o presidente Lula em sua campanha a prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB) entregou ao presidente uma carta com pedido de desculpas por sua atuação na CPI dos Correios, onde foi um dos mais ácidos críticos ao presidente. Não é só o presidente Lula que não gosta dele. Dona Marisa Letícia também não esqueceu dos ataques de Paes, particularmente, porque ele dirigia suas críticas a Lulinha - o filho do casal.
A coordenação política do governo está recomendando ao presidente que não vá ao Rio porque lá seria situação semelhante a de Salvador e Porto Alegre - com representante de dois partidos aliados na disputa. Eduardo Paes, do PMDB e Fernando Gabeira, do PV. Não é bem o caso, mas a justificativa está dada.
Porém, quem conversou com Lula hoje diz que ele não estão tão irredutível como no domingo.
É esperar para ver.

E os esquerdopatas?

Será que os esquerdopatas não serão condenados pelos seus crimes cometidos durante a ditadura militar? Será que ninguém vai pedir indenização contra os esquerdistas que queriam implantar no Brasil uma ditadura igual a de Cuba? Até quando será que teremos que agüentar o vitimismo dessa gente? Seqüestros, assassinatos, assaltos, torturas... A esquerdopatia precisa pagar pelos seus erros e a história contar para as próximas gerações.

Anti-Marta significa Pró-Kassab

Nunca fui com a cara da Soninha. Desde os tempos da MTV. Na ESPN eu até assisto ao Bate Bola que ela apresenta mais por conta dos comentaristas ali presentes. Mas não quero falar sobre isso.
Soninha perdeu no primeiro turno. Eu até achei bacana uma campanha divulgada na internet para que ela ficasse na frente de Paulo Maluf. Os dois perderam.
Ela é do PPS. O partido decidiu apoiar a candidatura de Gilberto Kassab. Soninha já disse de bate-pronto que acata a decisão do seu partido, mas não vai subir no palanque do democrata. Ela disse também que não vota na Dona Supla. Bem, Soninha pode até não subir no palanque de Gilberto Kassab. Isto pouco importa. O que importa é que ela é anti-Marta, anti-Dona Supla e isso significa, de uma forma ou de outra, pró-Kassab.

Uma coisa inédita

Iris Rezende fez uma coisa inédita aqui em Goiânia: venceu uma eleição para prefeito no primeiro turno. Quer dizer que acabaram as propagandas, os comícios e as passeatas. Ainda bem. Como vocês sabem, este blogueiro acompanhou os programas políticos da televisão. Comecei descrevendo cada programa e acabei por apenas comenta-los.
Pois bem, como Tio Iris ganhou no primeiro turno não sei o que vai passar na televisão enquanto a grade das emissoras transmitirem as propagandas eleitorais para as cidades onde terá segundo turno. O que vai passar depois do Jornal Nacional? Sei lá. É uma coisa inédita... Quem dera se o SBT repassasse a novela Carrossel. Mas a cabeça do Silvio Santos é que nem bumbum de neném, nunca se sabe o que sairá de lá.

O mesmo peso e a mesma medida

Dona Supla já cometeu gafe. Numa entrevista ao Brasil Urgente da Rede Bandeirantes, ela chamou José Luiz Datena de Faustão. Bem, neste caso nós podemos dizer que Dona Supla usou o mesmo peso e a mesma medida para os dois apresentadores.

Vai ser divertido

De 1989 até 2006, Lula foi o candidato presidencial do PT. Só em 2002 que o sonolento Eduardo Suplicy desafiou-o para uma prévia. O resultado todo mundo já sabe. Agora o PT procura alguém para tentar suceder Lula em 2010. Isto é, se o Apedeuta não acordar irado e decidir mudar a Constituição (ou rasga-la de uma vez) e tentar o terceiro mandato.
O PT não tem ninguém de peso. E estas eleições municipais mostram que a popularidade de Lula não significa transferência de votos para o candidato que divide palanque com o fundador do Foro de São Paulo.
Tarso Genro concedeu uma entrevista hoje para a Agência Brasil. Disse que Dilma Rousseff é a candidata de Lula para 2010. Mesmo? Já estou até imaginando Dilma sambando, colocando chapéu, boné, dançando funk. Será muito divertido ver a ministra sisuda tentando sorrir naturalmente. Vai ser difícil para os petralhas em 2010. Li em alguns jornais que tem gente que não gosta da Dilma. Mas vai ser divertido vê-la perder peso, colocando botox na cara, dando um trato na beleza. Afinal, a ditadura acabou e a nossa guerrilheira pode se maquiar a vontade. O capitalismo não tem remorso. É como eu escrevi aqui outro dia: Vai lá, Dilma, samba, samba que eu quero ver.

Até hoje?

Tarso Genro é com brincalhão. Hoje ele deu uma entrevista para a Agência Brasil. Disse que Dilma Rousseff será a candidata petralha para as eleições presidenciais de 2010. Comento sobre isso num post mais pra frente. Na entrevista, ao comentar sobre a crise econômica, Tarso criticou a herança maldita do governo Fernando Henrique Cardoso. Como os petralhas amam FHC. Lula segue a política econômica do governo anterior (acertadamente) e ainda tem petralha que nem agradece. Até hoje esse papinho de herança maldita?

Tá lento

O computador está lento. Muito lento. Com muita dificuldade li a Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo. Até agora não consegui acessar a página do Jornal do Brasil.

E as pesquisas...

No primeiro turno as pesquisas mostraram Gilberto Kassab bem atrás de Dona Supla (e bem na frente de Geraldo Alckmin) em São Paulo. As pesquisas mostraram também Eduardo Paes bem a frente de Fernando Gabeira no Rio de Janeiro. Agora, a pesquisa Datafolha mostra o contrário. Kassab tem 17 pontos de frente contra Dona Supla. E lá no Rio Gabeira tem uma ligeira vantagem para Eduardo Paes. Pesquisas são boas sim, apenas como apontamento e não como um destino definido.

Eu volto pra urna

Trecho de uma reportagem do jornal Hoje:

Inconsoláveis, os derrotados fizeram ontem manifestação na porta do TRE, pedindo a anulação da eleição de vereadores. Na terça-feira, a vereadora Jacyra Alves (PP), que alega ter perdido a reeleição por causa de erros do órgão, protocolou recurso nesse sentindo, assim como o PRTB.

Ah, anular eleição para vereador não, né? Ter que voltar a digitar zeros outra vez não dá. Vamos aguardar a decisão do TRE. Mas voltar pra urna eu não volto.

Explicações

Sempre estou do lado do Tribunal Regional Eleitoral ou mesmo o Superior Eleitoral quando cobram explicações de candidatos espertalhões. Mas agora estou do outro lado. Quero saber do TRE o que realmente aconteceu com as urnas que pifaram horas antes do término da votação no domingo. Por conta deste problema técnico, os resultados das eleições aqui em Goiânia começaram a ser divulgados depois das 19 horas. O que será que aconteceu? Que o TRE se explique.

Vamos ver em 2010

O Popular de hoje traz uma reportagem sobre a queda do número de votos para o PT nas eleições de domingo. Muitos falam que isto se deve a aliança com o PMDB de Iris Rezende. Bem, uma coisa é fato: os petralhas nunca assumem seus erros. Sempre a culpa é dos outros ou, como diria Sartre, “o inferno é os outros”.
O PT conquistou a vice prefeitura. Iris Rezende sairá candidato ao governo em 2010. E quando o PT assumir a prefeitura de novo será que alguém vai lembrar da crise deste ano ou tudo estará bem? Bem, uma coisa é fato: o PT no poder fará de tudo para ficar e colocará seus cupanheros bem no bico da teta. Será que alguém lembrará do fracasso de 2008?

Gabeira e Paes largam empatados na disputa pela prefeitura do Rio

Na Folha de São Paulo

A disputa pela Prefeitura do Rio no segundo turno começa empatada, revela pesquisa Datafolha realizada ontem e anteontem. O candidato do PV, Fernando Gabeira, tem 43% das intenções de voto contra 41% de Eduardo Paes (PMDB), a 18 dias do pleito.Os dois candidatos estão tecnicamente empatados, já que a margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Assim, Gabeira pode ter entre 40% e 46% dos votos, e Paes, entre 38% e 44%.No primeiro turno, Paes recebeu 31,98% dos votos válidos (1.049.019), e Gabeira obteve 25,61% (839.994 votos).De acordo com o Datafolha, entre os eleitores que disseram ter candidato no segundo turno, Gabeira herdou mais votos entre os eleitores de Jandira Feghali (PC do B) e de Solange Amaral (DEM), candidata do prefeito Cesar Maia, que já anunciou apoio ao deputado federal: 59% dos eleitores que haviam votado no primeiro turno em Jandira migraram agora para o candidato do PV e 41% foram para Paes; entre os eleitores de Solange, 55% foram para Gabeira e 45% para Paes.A vantagem de Gabeira nessa migração o deixou numericamente à frente de Paes, apesar de o candidato do PMDB ser o principal beneficiário do eleitorado de Marcelo Crivella (PRB), terceiro colocado no primeiro turno. Desses 54% optam por Paes e 46% preferem Gabeira.No domingo passado, Crivella recebeu 19,06% dos votos válidos (625.237), Jandira 9,79% (321.012), Alessandro Molon (PT) 4,97% (162.926) e Solange 3,92% (128.596).Os índices de Gabeira ficam acima da média entre os mais jovens (53%), os mais escolarizados (60%), os mais ricos (62%) e entre os que desaprovam os governos do prefeito Cesar Maia (47%), do governador Sérgio Cabral (55%) e do presidente Lula (58%).As taxas de Paes são maiores entre os mais pobres (46%), os menos escolarizados (49%), os mais velhos (50%) e entre os que aprovam as gestões de Cesar Maia (48%), Sérgio Cabral (55%) e Lula (58%).
Votos válidos
A pesquisa Datafolha mostra que 7% dos entrevistados disseram pretender anular ou votar em branco, e 9% se definiram como indecisos, atingindo 16% os que não têm candidato. No levantamento realizado ontem e anteontem com 1.304 eleitores, em votos válidos (ou seja, excetuados os brancos e nulos), Gabeira tem 51%, e Paes, 49%.No primeiro turno, dos 4,580 milhões de leitores do Rio, 17,91% não compareceram, 6,14% anularam o voto e 4,33% votaram em branco.Na simulação anterior de segundo turno entre os dois candidatos, realizada pelo Datafolha nos dias 3 e 4 de outubro, o peemedebista tinha 52% das intenções de voto, e o verde, 36% -uma diferença de 16 pontos percentuais. Na simulação dos dias 29 e 30 de setembro, essa diferença era de 20 pontos (53% a 23%).As simulações de segundo turno realizadas no primeiro turno são sinalizações dadas pelo eleitorado, mas não são comparáveis às pesquisas realizadas durante o segundo turno.No primeiro caso, é pedido ao eleitor que analise seu comportamento na possibilidade de ocorrerem determinadas situações eleitorais, apresentadas com variações. Já no segundo cenário, o eleitor é convidado a se posicionar perante uma situação concreta de disputa entre dois candidatos.

Assessor de Lula se licencia para reforçar campanha de Marta

Por Clarissa Oliveira, Vera Rosa e Jotabê Medeiros
no Estado de São Paulo

O braço direito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, desembarca na próxima semana em São Paulo para integrar a coordenação da campanha da petista Marta Suplicy. Diante da preocupação, no PT e no Planalto, com o crescimento do prefeito Gilberto Kassab (DEM) na disputa, o chefe de gabinete de Lula vai tirar duas semanas de férias para reforçar a equipe da ex-ministra, que tenta retomar a dianteira na corrida municipal.A chegada do homem forte do presidente à capital paulista provocou rumores de intervenção federal na condução da campanha, mas dirigentes do PT apressaram-se em negar a interferência. A expectativa, porém, é de que Carvalho ajude a montar o plano para tentar reverter a queda na intenção de voto em Marta, registrada na reta final do primeiro turno.Lula está preocupado com a onda Kassab e acha que, se nada for feito, a petista corre o risco de perder a eleição. Na reunião de ontem da coordenação política do governo, em Brasília, o presidente afirmou que o PT não pode deixar o governador José Serra (PSDB), padrinho de Kassab, ter uma vitória em São Paulo de mão beijada. Detalhe: Serra é pré-candidato à Presidência e, até agora, o principal desafiante da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a preferida de Lula para sua própria sucessão, em 2010.O comentário no Planalto é que a campanha de Marta deixou Kassab "correr solto" no primeiro turno e não investiu em propostas para a classe média, ponto fraco do PT. Lula também disse ao marqueteiro João Santana que não gostou do comercial em que um "papagaio" - sátira de Kassab, que, segundo o PT, repete as propostas de Marta - brigava com um "tucano", numa referência ao ex-governador Geraldo Alckmin.Agora, a equipe do PT tentará desconstruir a imagem de Kassab como afilhado de Serra. A intenção é mostrar que Kassab pode até ter sido "adotado" pelo governador, mas seus reais padrinhos seriam o deputado Paulo Maluf (PP) e o ex-prefeito Celso Pitta, de quem o candidato do DEM foi secretário do Planejamento, entre 1997 e 1998.Tudo será discutido numa reunião marcada para hoje entre Gilberto Carvalho e o coordenador da campanha de Marta, deputado Carlos Zarattini (PT-SP). "Ele poderá nos dar um importante reforço, trata-se de um grande articulador político", disse Zarattini, negando interferência federal na estratégia da candidata. "Não há nada de intervenção. Somos um partido só." Carvalho deve aproveitar a viagem à capital para monitorar também campanhas do segundo turno no interior e na Grande São Paulo, já que o PT ainda concorre em seis municípios. O chefe de gabinete de Lula conversou ontem com o presidente estadual do PT, Edinho Silva, e comunicou ter programado a viagem para a próxima semana. "Gilberto é capaz de produzir unidade política e ajudará na coordenação", comemorou Edinho.
REFORÇO
Enquanto espera a chegada de Carvalho, Marta encontrará auxílio na Esplanada. Os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Fernando Haddad (Educação), Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência), Juca Ferreira (Cultura), Carlos Lupi (Trabalho) e Orlando Silva (Esporte) chegam hoje à capital para participar de reunião intitulada "Ato pela eleição de Marta". Sem conseguir ampliar o leque de alianças nessa nova rodada, a petista quer demonstrar unidade do partido e do governo em torno de sua candidatura, apesar das divergências. Não é só: embora o PV integre a coligação de apoio a Kassab, o ministro Juca Ferreira, líder da dissidência verde em São Paulo, vai anunciar seu aval a Marta."No primeiro turno, eu fiz um silêncio obsequioso, mas no segundo vou manifestar a minha preferência, que é a Marta", contou Ferreira. "Irei ao evento para, entre outras coisas, participar de reunião que vai elaborar o programa de cultura."Para completar os reforços, a petista reunirá também novos prefeitos eleitos pelo PT no Estado. Candidatos da sigla venceram a disputa no primeiro turno em 61 municípios. Outros 40 terão vice-prefeitos do PT.

Kassab larga com 17 pontos de vantagem sobre Marta

Por Cátia Seabra
na Folha de São Paulo

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) inicia o segundo turno com 17 pontos de vantagem sobre a ex-prefeita Marta Suplicy, revela o Datafolha. Segundo a primeira pesquisa realizada no segundo turno -e a 18 dias da decisão-, Kassab conta com 54% das intenções de voto contra 37% de Marta, e estaria reeleito se as eleições fossem hoje.Os números mostram o quanto hoje é pequena a margem de manobra de Marta: somados, votos nulos e em branco (5%) e de indecisos (3%) chegam a 8%."Marta não tem outra alternativa a não ser conquistar os eleitores de Kassab", avalia do diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino.Pela pesquisa, Kassab tem hoje 25 pontos percentuais a mais do que a votação obtida no primeiro turno. O prefeito, que domingo teve 33,61%, atinge hoje 59% dos votos válidos. Marta, por sua vez, subiu apenas oito pontos: dos 32,79% saídos das urnas para os 41% registrados na pesquisa.Para o resultado oficial da eleição, a Justiça leva em conta os votos válidos: excluídos brancos, nulos e abstenções. Para o cálculo, o Datafolha excluiu também os indecisos.Paulino explica que o desempenho de Kassab se deve à expressiva migração de votos dos candidatos derrotados."A maioria absoluta dos eleitores de todos os outros candidatos migrou para Kassab."Segundo o Datafolha, Kassab é hoje herdeiro de 74% dos eleitores do tucano Geraldo Alckmin, enquanto 13% migrariam para Marta. Na eleição, Alckmin teve 22,48% dos votos.Ainda que sem apoio formal do PP, Kassab aparece como destinatário de 64% dos eleitores do ex-prefeito Paulo Maluf contra 21% de Marta. Maluf obteve 5,91% dos votos.À espera do anúncio oficial de adesão do PPS, Kassab tem hoje 61% dos eleitores de Soninha Francine. Marta, 21%. Soninha teve 4,19% dos votos.O Datafolha ouviu 1.906 eleitores ontem e anteontem. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.A pesquisa acontece em um momento em que Kassab promove uma arrastão partidário, tendo alinhavado o apoio do PSDB e do PTB, além de avançada costura com o PPS.Sem o início do horário eleitoral -cujo início ainda está indefinido- Kassab aparece como beneficiário desses acordos e ao lado do governador José Serra (PSDB). A pedido do comando de campanha de Kassab, comitês eleitorais desses novos aliados permanecerão ativados. Já Marta contra-ataca com a ocupação das ruas, tanto por cabos eleitorais como por placas espalhadas pela cidade.A disputa promete se acirrar na periferia das zonas sul e leste, únicas regiões onde Marta supera Kassab. No extremo Sul, Marta tem 51% contra 42% de Kassab. Marta registra 50% de preferência no extremo leste contra 42% do prefeito.Kassab alcança 73% das intenções -51 pontos à frente de Marta (22%)- entre os eleitores com renda familiar superior a dez salários mínimos mensais. Marta lidera entre os eleitores com renda inferior a dois mínimos por mês: 49% a 40%. Kassab tem 55% da preferência entre aqueles com renda familiar de dois a cinco mínimos. Marta tem 37% no segmento.A pesquisa aponta ainda para a consolidação dos votos. Dos que declaram voto em Kassab, nulo ou em branco, 74% afirmam que não votariam em Marta de jeito nenhum. Kassab sofre rejeição de 71% dos que não declaram voto nele.

Equador confirma expulsão da Odebrecht

Por Fábio Maisonave
na Folha de São Paulo

O governo equatoriano ratificou ontem que revogará os quatro contratos com a construtora brasileira no país. Hoje, segundo a Folha apurou, está prevista a publicação de um decreto obrigando a empresa a encerrar as suas operações dentro de 30 dias."Tomamos uma decisão, não podemos fazer mais nada, fizemos todos os esforços sobre-humanos, o presidente cedeu muito, mas parece que definitivamente [a Odebrecht] não pode continuar aqui no país", disse ontem à noite o ministro-coordenador das Áreas Estratégicas, Galo Borja, em entrevista à rádio Caravana, após se reunir com o presidente Rafael Correa e outros membros do governo, em Quito."Há uma série de pontos, temos absolutamente quatro projetos que eles administram, dos quais, por exemplo, o de Toachi-Pilatón, eles receberam uma antecipação e não fizeram nada. Fizeram um uso muito ruim dessa antecipação também em San Francisco. Há vários custos para o país", disse.Procurada pela reportagem, a Odebrecht informou, via assessoria de imprensa, que não se manifestaria sobre a decisão do Equador porque ainda não conhecia o seu teor.
Os projetos
Os problemas entre a Odebrecht e o governo equatoriano começaram no dia 6 de junho, quando a usina hidrelétrica de San Francisco, construída pela empresa, parou de funcionar devido a problemas no túnel e nas turbinas.Responsável por 12% da produção energética equatoriana, a usina havia sido inagurada em meados do ano passado e tem uma potência instalada de 230 MW (porte médio). A maior parte do seu financiamento veio por meio de um empréstimo de US$ 243 milhões contraído no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).Insatisfeito com as negociações com a Odebrecht, Correa promulgou um decreto no dia 23 de setembro congelando os bens da empresa, militarizando suas instalações e suspendendo os quatro contratos em andamento, cujos orçamentos somam US$ 650 milhões.Os projetos, em diferentes estágios de construção, são: a hidrelétrica Toachi-Pilatón, o sistema de irrigação Carrizal-Chone, o projeto Baba (abastecimento de água e uma pequena usina) e o aeroporto de Tena, na região amazônica.
Refugiados
O presidente equatoriano ainda retirou os direitos constitucionais de quatro funcionários brasileiros, proibindo-os de deixar o país -dois já estavam fora, e os outros dois permanecem no Equador refugiados na residência oficial da embaixada brasileira.No último dia 27, Correa anunciou que a Odebrecht havia assinado "unilateralmente" o acordo que havia sido proposto pelo governo. A informação só foi confirmada quatro dias mais tarde pela construtora.
Diplomacia
Desde o início da crise, o governo brasileiro, principalmente por intermédio do chanceler Celso Amorim, tem se manifestado "preocupado" com a situação da Odebrecht.Correa, no entanto, tem dito que se trata de um problema entre o governo e uma empresa, e não entre dois Estados.A Odebrecht não é o único imbróglio brasileiro no Equador. No sábado, Correa também ameaçou expulsar a Petrobras caso não haja um acordo em torno do novo contrato de exploração do bloco 18 (32 mil barris diários).Furnas, contratada para fazer a fiscalização da usina San Francisco, tem sido criticada por não ter evitado os problemas durante a construção.Correa acusou ainda o empréstimo do BNDES para a San Francisco de estar irregular e chegou a ameaçar não pagá-lo.