terça-feira, 4 de novembro de 2008

Obama já é, de fato, o vencedor?

Por Marsílea Gombata
no Jornal do Brasil

Pesquisas conduzidas sob metodologias diferentes, voto indireto, margens de erro gigantescas, votação antecipada. Estes aspectos são algumas variáveis que podem fulminar a onda "já ganhou" e realizar a improvável tarefa de levar do auge à sarjeta o clima de vitória de Barack Obama.
Com vantagem média de 5 pontos percentuais nas pesquisas de opinião, o democrata tem feito campanha diferenciada, voltada para alvos pouco explorados, como eleitores jovens (que se tornaram verdadeiros ativistas de sua campanha) e o público internauta, por exemplo. O apoio de nomes improváveis, como do republicano Colin Powell, ex-secretário de George Bush, confirmaria a posição favorável e os rumores sobre uma vitória de Obama se não fossem fatos possíveis, mas nada garantidos. Mas o que, afinal, derrotaria o senador de 47 anos?
– Acho que, primeiramente, uma maciça votação dos eleitores indecisos no republicano John McCain – prevê Cristina Pecequillo, especialista em política americana, da Unesp. – Uma segunda hipótese seria o eleitor que mentiu nas pesquisas votar diferentemente no candidato em que ia votar.
A isso, conta a especialista, costuma-se chamar nos Estados Unidos de "efeito Bradley": em referência à derrota do afro-americano Tom Bradley nas eleições para governador da Califórnia, em 1982, mesmo com vantagem parecida com a de Obama sobre o adversário, segundo as pesquisas da época.
– Alguns podem mentir para mostrar que estão na onda, mas na hora agirão de modo diferente – explica Cristina. – E são nessas pessoas, justamente, que os republicanos estão apostando.
Kirk Buckman, da Universidade Franklin Pierce, em New Hampshire, é contra cantar vitória antes da hora e aposta em outro risco:
– Vencer dependerá, também, das pessoas que não votarão mas responderam às pesquisas – lembra. – Obama lidera nas sondagens, mas depende do Colégio Eleitoral.
Historicamente não confiáveis nos EUA, as sondagens não são capazes de captar aqueles que mentem ou mesmo se o eleitor irá às urnas no dia marcado – alguns já fizeram sua escolha pela votação antecipada; outros se ancorarão na não-obrigatoriedade do voto.

Método

As margens de erro que variam entre 5 e 7 pontos percentuais são problema grave e recorrente no sistema eleitoral americano. Sob metodologias distintas – os eleitores são abordados desde o momento das compras em um shopping até ligações telefônicas – os índices trazidos pelas enquetes acabam não se constituindo em boas previsões.
– A vantagem de Obama está dentro da margem de erro – lembra Buckman.

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