sábado, 20 de outubro de 2007

Bird alerta países para riscos da produção de biocombustíveis

por Rolf Kuntz
no Estado de São Paulo de hoje

A produção de biocombustíveis pode ser um sucesso no Brasil, descrito como ''''o produtor mais competitivo'''', mas, com a atual tecnologia, é um negócio duvidoso para a maior parte das outras economias em desenvolvimento, segundo o Banco Mundial (Bird). Poucos programas são economicamente viáveis, segundo o banco, e a maior parte pode ter efeitos sociais e ambientais indesejáveis: comida mais cara, maior competição por terra e água e, ''''possivelmente'''', devastação de matas''''.O Brasil se diferencia também por algumas cooperativas produtoras de etanol terem assegurado a participação de pequenos proprietários, embora a fabricação de álcool geralmente envolva grandes economias de escala e integração vertical da produção.Muita cautela com as políticas de biocombustíveis é a mensagem principal da análise incluída no Relatório do Desenvolvimento Mundial, divulgado ontem pelo Bird e apresentado por seu economista-chefe, François Bourguignon. A maior parte do relatório é dedicada a um tema central, desta vez Agricultura para o Desenvolvimento.Um capítulo inteiro trata da reforma do comércio e das políticas de preços e subsídios. ''''É preciso concluir, com urgência, a Rodada Doha de negociações comerciais, especialmente para eliminar distorções, tais como os subsídios americanos ao algodão, prejudiciais aos países mais pobres'''', diz o estudo.A subvenção média aos produtores agrícolas do mundo rico diminuiu de 37% do valor bruto da receita em 1986-88 para 30% em 2003-2005, mas o dinheiro desembolsado pelos governos aumentou de US$ 242 bilhões para US$ 273 bilhões por ano. Os preços aumentaram, mas o montante de subsídios não foi congelado.Segundo o documento, o crescimento da produção agrícola nos países em desenvolvimento poderia passar dos atuais 3,9% ao ano para 4,2%, em média, se houvesse uma completa liberalização. O ganho médio seria de 0,3 ponto porcentual, mas chegaria a 2 pontos para a América Latina, a principal beneficiaria das mudanças.Na hipótese de completa eliminação de subsídios e barreiras, os aumentos de preços ficariam entre o máximo de 20,8% para o algodão e o mínimo de 1,9% para óleos e gorduras vegetais. Mas sementes oleaginosas poderiam valorizar-se 15,1% e a carne processada, 4,3%.O Brasil seria um dos principais beneficiários, por ser competitivo na produção de bens agrícolas sujeitos a elevada proteção nos principais mercados, como açúcar, sementes oleaginosas e carne.Os ganhos efetivos, no entanto, serão menores que os estimados com base nessa hipótese, ressalvam os autores, porque um acordo na rodada produzira apenas a eliminação parcial dos subsídios e barreiras. ''''A rodada enfatiza mais a eliminação de subsídios à exportação e o corte de subsídios internos do que a redução de tarifas aduaneiras tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento.''''O trabalho é dedicado principalmente ao tema da redução da pobreza e capta mal certas características do Brasil. Há referências frequentes à modernização da agricultura e à posição singular do país no mundo em desenvolvimento, pela ênfase na pesquisa agropecuária.Também se mencionam os efeitos ambientais da expansão da soja no cerrado, com a inclusão, entre 1999-2000 e 2004-2005, de uma área de 54 mil quilômetros quadrados, maior que a Costa Rica. Na Argentina, o ambiente ''''altamente ameaçado'''' é o Chaco.Apesar da modernização agrícola, ainda há pobreza no campo brasileiro, segundo o estudo, ''''porque o emprego rural diminuiu e se orientou para trabalhadores de maior qualificação, porque a atividade se tornou mais intensiva em capital''''.O estudo, no entanto, não considera os ganhos sociais da produção mais eficiente. Mais de 80% dos brasileiros vivem nas cidades e hoje pagam pela comida muito menos do que há duas décadas, podendo gastar mais noutros itens. Confrontado com essa observação, o economista Alain de Janvry, um dos coordenadores do relatório, respondeu: ''''O senhor está certo. Essa questão será examinada noutro estudo.

O inimigo que nem o Bope encara, por Roberto Pompeu de Toledo

A maior novidade, e o maior mérito, do filme Tropa de Elite é trazer a figura do consumidor para o centro do problema das drogas e, por conseqüência, da criminalidade, que tem na droga sua maior e mais devastadora causa. Não é só na Zona Sul do Rio de Janeiro que o consumidor tem sido historicamente tratado como a parte mais fraca (coitado, é um viciado) ou inocente (coitado, ele só quer se divertir) do problema. Essa é uma crença que dá volta ao mundo e tem seu epicentro, como quase tudo, no lugar onde as coisas são decididas – Washington. Desde que despertaram para o problema das drogas, sucessivos governos americanos têm dedicado a parte do leão de seus programas, seu dinheiro e suas energias a coibir o tráfico, isto é, o lado da oferta. Ao lado da demanda sobra atenção desprezível, em comparação. Um dos subprodutos desse modo de enfrentar a questão foi a entronização, no imaginário americano, de um estereótipo que estigmatiza todo o subcontinente latino-americano – o do traficante bigodudo, de tez morena e fala castelhana que desencaminha os inocentes rapazes e moças do lado bom das Américas. Não que os traficantes não sejam bandidos. Os rapazes e moças é que não são tão inocentes.
No Brasil, a questão tem seu aspecto mais patético no contraste, muito bem enfocado em Tropa de Elite, entre a alienação chique dos consumidores de droga de Ipanema e a matança nos morros. O filme escancara o óbvio: que existe relação de causa e efeito entre uma coisa e outra. Outros já o fizeram antes, mas não num meio como o cinema, e num filme tão bem-feito e de tanto sucesso. Que sobrou, como linha de defesa dos consumidores? O próprio diretor do filme, José Padilha, lhes tem oferecido – não no filme, mas em entrevistas – uma tábua de salvação: o argumento da liberação das drogas. Se as drogas pudessem ser comercializadas livremente, a violência seria eliminada. Logo, a culpa é da proibição, não dos consumidores. Não vale. Na circunstância, soa como pedido de desculpa de Padilha, por tê-los tratado tão cruamente. Os consumidores brasileiros, ao violar a lei, são tão responsáveis pela violência nos morros quanto os consumidores americanos, muito mais numerosos e ricos, pelas plantações na Bolívia (e, no limite, pela eleição de Evo Morales) e pelo refino e comercialização de cocaína na Colômbia (e, no limite, pela força das Farc). No entanto, num outro plano, independente da questão das responsabilidades pela violência, pergunta-se: haverá solução para a questão das drogas que não seja a liberação?
O filme de Padilha embute um enigma. Se o Bope, a tropa de elite da PM do Rio, é tão bom como ali é retratado, como é que o tráfico nas favelas ainda não foi eliminado? Resposta: o Bope pode até ser melhor ainda do que no filme; a questão é o inimigo que tem diante de si. O inimigo não é o traficante. Ou melhor, só é o traficante na aparência. Inimigos de verdade são duas entidades muito mais difíceis de combater: os valores sociais e as leis econômicas. Em decisivos setores da sociedade ocidental, a brasileira inclusive, há muito a droga é tão aceita quanto os bombons. É admitida em ambientes de fino trato, em que circulam os ricos, os intelectuais e os artistas, e está fortemente implantada na cultura pop, tão influente entre os jovens. Se a maior das condenações, que é a social, vacila, está garantida a formação de um forte mercado consumidor. Ora, não está ao alcance do Bope combater os valores vigentes, muito menos derrotar a lei da oferta e da procura.
Vista desse ângulo, a questão da droga fica parecendo a questão palestina. Esgotada a possibilidade de um eliminar o outro, está mais do que claro que israelenses e palestinos estão condenados a se entender. Quanto antes o fizerem, mais sofrimento e mais vidas pouparão. No caso das drogas também está igualmente claro que, esgotada a possibilidade de eliminar o inimigo, mais dia, menos dia se imporá como única e inevitável a solução de substituir o tráfico pelo comércio à luz do dia. Muito estudo, muito debate e muita reflexão indicarão o modo de fazê-lo, mas desde já um ponto é claro: as decisões terão de ser obrigatoriamente tomadas em foro e âmbito internacionais. Não há como adotar tal medida num país só, muito menos num país periférico como o Brasil, sob pena de condená-lo à condição de estado pária.
O caso é para gente grande, a começar pela maior de todas – os Estados Unidos. Além de não haver questão internacional que possa ser resolvida sem passar por lá, o mercado consumidor americano, como em quase tudo, é o maior do mundo também no item drogas. Ao Brasil, país do mundo talvez mais castigado, depois da Colômbia, pela violência e degradação trazidas pela droga, resta a tarefa de tentar cutucar o mundo. Se sua diplomacia começasse a se mexer, no sentido de sensibilizar as nações mais fortes para o problema, abraçaria uma causa de objetivos mais compreensíveis, e resultados mais palpáveis, do que uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU.

Desculpa

Postei a coluna do Diogo Mainardi desta semana e não postei o ensaio do Roberto Pompeu de Toledo. Segue na íntegra no próximo post.

A Bolivarianização chega ao Distrito Federal

do site G1

A embaixada da Venezuela no Brasil pretende distribuir a bibliotecas de escolas do Distrito Federal exemplares do livro “Simón Bolívar, o Libertador”, com textos atribuídos a Simón Bolívar, considerado herói na Venezuela. No entanto a assessoria de imprensa do governo do Distrito Federal disse não ter conhecimento da iniciativa. O Ministério da Educação (MEC), afirmou, por meio de sua assessoria, que não foi informado oficialmente da distribuição dos livros. Disse ainda que não tem que se pronunciar sobre o caso, pois é direito e responsabilidade das escolas receberem ou recusarem as doações. O Ministério das Relações Exteriores também não foi contatado oficialmente. A obra tem o lançamento previsto para o dia 30, no Museu Nacional de Brasília, que cedeu o espaço para o evento. “A idéia que temos é convidar para apresentação desta obra a cada um dos diretores (são mais de 600) das escolas públicas do DF, para que cada um deles possa levar um exemplar de graça para sua escola e o livro possa ser lido e conhecido pelos estudantes brasilienses”, afirmou por nota o adido cultural da embaixada da Venezuela no Brasil, Wilfredo Machado. Segundo Machado, a distribuição do livro, com tiragem de 5 mil exemplares, vai começar logo após seu lançamento. A obra contém cem textos atribuídos a Bolívar escritos entre 1805 e 1830. Ele é a principal referência para o presidente Hugo Chávez na "revolução" que diz ter iniciado no país. Além das escolas do Distrito Federal, devem receber os livros colégios vizinhos aos Consulados da Venuzuela no Brasil. O consulado de São Paulo levará 600 exemplares; o do Rio, 500; e os de Belém, Manaus e Boa Vista, 300 cada um. A obra terá distribuição gratuita.

A UFG beneficia o MST


O Ministério Público Federal de Goiás está querendo encher o saco do senador tucano Marconi Perillo por conta das aulas especiais que ele e sua esposa Valéria estão tendo na Faculdade Alves Faria (ALF) no curso de Direito. Para o MPF, Marconi está sendo privilegiado.
Vamos ser justos. Se for para encher o saco de Marconi por conta de privilégios numa faculdade privada, bora encher o saco da Universidade Federal de Goiás que privilegia o MST nos seus cursos. A UFG é pública, ou seja, dinheiro nosso que sustenta a instituição. No seu blog, Reinaldo Azevedo analisa muito bem a atuação do MPF que reclama de Marconi e silencia sobre a relação UFG-MST. O link para o blog está aí do lado.

Os idiotas revolucionários

Estado de São Paulo de hoje
Um grupo de vândalos jogou ontem um líquido que deixou vermelhas as águas da Fontana di Trevi, no centro de Roma. A ação foi reivindicada pela FTM Ação Futurista 2007, que distribuiu folhetos com críticas à globalização e homenagens à escola de arte futurista, nascida em Paris (França), em 1909, que sugeria uma vanguarda “de todos contra todos, com espírito de luta e sã violência”. O futurismo revolucionou as artes e estimulou ataques a monumentos públicos, mas numa reação contra o regime fascista de Benito Mussolini - para o qual só existia a chamada “arte oficial”. A tinta pode pôr em perigo o conjunto de mármore da fonte mais famosa de Roma. As autoridades cortaram o abastecimento no monumento, para evitar que o movimento da água e as pequenas cascatas da fonte possam danificar as imagens esculpidas nela, enquanto esperam o resultado de uma análise mais aprofundada do corante.CINEMANo texto de 30 linhas dos panfletos, lido por centenas de turistas que visitam a Fontana di Trevi todos os dias, o movimento também criticou o Festival de Cinema de Roma, iniciado anteontem. “Para vocês, o tapete vermelho; para nós, uma cidade inteira em vermelho vivo.”Foi graças ao cinema que a Fontana di Trevi ganhou parte de sua fama internacional. Em 1960, Federico Fellini filmou ali uma cena antológica de La Dolce Vita, na qual a atriz sueca Anita Ekberg toma banho na fonte, observada por Marcello Mastroianni.Em seu manifesto, a FTM defende ainda um movimento em favor dos idosos, dos enfermos e dos desempregados. Prega como base de sua atuação “uma concepção violenta da vida e da história, que exalta a batalha contra a paz e critica os aduladores do poder e os escravos da globalização”.

O que faz a seita do empresário Edir Macedo

por Tiago Décimo
no Estado de São Paulo de hoje

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a decisão do Tribunal de Justiça (TJ) da Bahia determinando que a Igreja Universal do Reino de Deus pagasse uma indenização de R$ 1 milhão, acrescida de juros e correção monetária, por danos morais aos pais do adolescente Lucas Terra, assassinado aos 14 anos, em 2001, por um pastor da igreja, Sílvio Roberto Santos Galiza, em Salvador.Condenado pelo crime há 11 meses, o pastor cumpre pena de 18 anos na capital baiana. Na decisão, publicada ontem, os ministros do STJ argumentam que o pastor Galiza era preposto da Igreja Universal. “O vínculo está caracterizado pela subordinação, poder diretivo escalonado, remuneração, atos constitutivos, entre outros”, diz a decisão.A Universal diz que não tinha responsabilidade na morte de Lucas porque o pastor não estaria em horário de trabalho na hora do crime. Cabe recurso da decisão, no próprio STJ.O pai de Lucas, o comerciante José Carlos Terra, comemorou contidamente a decisão do STJ. “O dinheiro não traz meu filho de volta, mas é uma forma de punir uma instituição que está protegendo criminosos.” A Universal foi procurada pelo Estado, mas não foram encontrados representantes para comentar a decisão. O CASO Freqüentador da Universal do bairro de Santa Cruz, em Salvador, Lucas Terra foi queimado vivo em março de 2001, quando tinha 14 anos. O assassinato, de repercussão internacional, ainda não teve o motivo esclarecido. Em outubro daquele ano, Galiza foi apontado pelas investigações como autor do crime. Julgado em junho de 2004, foi condenado a 23 anos e 5 meses de prisão, mas como a condenação foi de mais de 18 anos, um segundo júri foi marcado. No segundo julgamento, em novembro de 2005, foi novamente condenado, a 18 anos de reclusão. Defendendo sua inocência, Galiza passou a acusar dois outros colegas de Universal. Segundo Galiza, ele não havia apontado os religiosos antes por ter recebido ameaças de morte. Os dois estão foragidos.

A Pastoral da Pajero, por Diogo Mainardi

O padre Júlio Lancellotti era o coordenador da Pastoral do Povo de Rua. A partir de agora, ele será conhecido também como o coordenador da Pastoral da Mitsubishi Pajero.
Recapitulo. Em meados de 2005, segundo o próprio padre Júlio Lancellotti, um assassino chamado Anderson Batista o acusou de abusar de seu enteado de 8 anos e passou a chantageá-lo com pedidos regulares de dinheiro. Como um Michael Jackson da Mooca, o padre Júlio Lancellotti negou ter abusado do menino. Como um Michael Jackson do Belenzinho, ele preferiu pagar o chantagista mesmo assim. No total, foram mais de 50 000 reais, incluindo o pagamento de vinte parcelas de uma Mitsubishi Pajero.
A polícia terá de esclarecer todos os aspectos do relacionamento do padre Júlio Lancellotti com o chantagista, definido pelo advogado deste último como "amizade íntima". Foi chantagem? Foi presente? A polícia terá de esclarecer igualmente se o dinheiro usado para pagá-lo saiu de suas economias pessoais ou da entidade beneficente que ele dirige. O padre Júlio Lancellotti declarou que pode contar apenas com os 1 000 reais que recebe da Igreja. Mentira. Desde 1975, ele é funcionário contratado da Febem, e continua a ganhar do estado um salário de 2 480 reais. Além disso, a prefeitura repassa mensalmente à sua ONG, Bom Parto, 500 000 reais. É preciso saber se a Mitsubishi Pajero foi comprada com esse dinheiro.
No ano passado, o padre Júlio Lancellotti acusou a prefeitura paulistana de "práticas higienistas", por querer tirar os moradores de rua do centro da cidade, oferecendo-lhes "só um albergue". Pode-se argumentar que o padre Júlio Lancellotti ofereceu ao morador de rua que ameaçou denunciá-lo por pedofilia muito mais do que um albergue. Ofereceu-lhe o aluguel de uma casa, uma bicicleta, uma motocicleta, um terreno, uma viagem à praia e – ei-la – uma Mitsubishi Pajero. Bem que ele poderia estender sua "amizade íntima" a todos os moradores de rua da cidade.
VEJA publicou uma reportagem sobre a disputa entre a prefeitura paulistana e o padre Júlio Lancellotti. Ele chamou a revista de "autoritária". A petista Maria Vitória Benevides foi mais longe – chamou VEJA de "fascistóide". E o Observatório da Imprensa comentou a reportagem num artigo cheio de termos de duplo sentido, cujo significado só agora consegui entender: "o rabo do texto", "erguer o traseiro", "jornalismo de latrina", "o padre Júlio estende a mão", "via inversa", "amante da dialética", "iguaria de fel", "vanguarda do atraso".
O padre Júlio Lancellotti participou de todas as campanhas eleitorais de Lula. Em 2002, ao tratar do problema dos menores abandonados, Lula apresentou a seguinte solução: "Você pega o padre Júlio e bota ele para cuidar de criança, ele vai cuidar melhor do que qualquer aparelho de estado". Dependendo do que a polícia descobrir, talvez não seja uma idéia tão boa assim botar o padre Júlio para cuidar de criança.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Entre tapas e beijos

Ora, ora, vejam só. Mais uma vez a oposição mostra a sua verdadeira face. Quando a gente vê Arthur Virgílio ou Tasso Jereissati reclamando do governo pode-se até pensar que os oposicionistas serão as pedras nos sapatos dos parlamentares lulistas. É só esperar um pouquinho que eles mostram aquela face de cachorro sem dono, aquela cabeça baixa, como quem aceita uma derrota, sem nada poder fazer para reverter a situação.
A oposição dizia que iria obstruir a pauta do Senado e não aprovar a CPMF. Hoje, abro os sites de notícias e vejo que o PSDB está disposto a dialogar com o governo. Até bem pouco tempo atrás este partido nem queria saber de telefonema de nenhum tipo de lulista, muito menos do próprio Lula. Agora resolve abrir as linhas telefônicas para manter um diálogo, uma conversa ou quem sabe um acordo para que a CPMF passe no Senado.
Na época do mensalão, o PSDB poupou Delúbio Soares e o PT não atacou Eduardo Azeredo. Em São Paulo, os dois partidos se unem para fazer a mesa diretora da Assembléia Legislativa.
Uma música que poderia muito bem embalar esta relação PT – PSDB seria Entre Tapas e Beijos da dupla Leandro e Leonardo:

Perguntaram pra mim
Se ainda gosto dela
Respondi tenho ódio
E morro de amor por ela
Hoje estamos juntinhos
Amanhã nem te vejo
Separando e voltando
A gente segue amando
Entre tapas e beijos
Entre tapas e beijos
É ódio, é desejo
É sonho, é ternura
Um casal que se ama
Até mesmo na cama
Provoca loucuras
E assim vou vivendo
Sofrendo e querendo
Este amor doentio
Mas se falto pra ela
Meu mundo sem ela
Também é vazio
Eu sou dela e ela é minha
E sempre queremos mais
Se me manda ir embora
Eu saio pra fora
Ela me chama pra trás

'Governo compra consciências', diz senador sobre CPMF

do Estadão online

BRASÍLIA - O senador Pedro Simon (PMDB-ES) disse nesta sexta-feira, 19, que, "lamentavelmente", a CPMF vai passar no Senado. O senador- considerado da ala 'radical' do partido- diz que o governo compra consciências e, se tem dito que vai passar, é porque ele sabe que vai passar. A proposta já foi votada na Câmara dos Deputados em dois turnos e só volta se sofrer mudanças no Senado.

Questionado sobre se votaria com a bancada do seu partido, que tem defendido a aprovação da PEC, ou contra a prorrogação do imposto, Simon afirmou que seu voto depende de um debate sobre o assunto.

"É preciso que a bancada se reúna para discutir o assunto, o que não tem acontecido. Hoje, a nossa posição é muito difícil. Na Câmara, o mecanismo usado foi o de liberar as emendas de deputados e atender as indicações dos parlamentares para cargos públicos", criticou Pedro Simon.

O senador pelo Rio Grande do Sul também criticou a visita do presidente da República em exercício, José de Alencar, ao Senado, nesta semana, para defender a aprovação da proposta do Poder Executivo sem qualquer alteração.

"Isso é impossível. Temos que ter autonomia para emendar a proposta, para garantir, por exemplo, que o imposto vá integralmente para a saúde. Hoje, esse tributo sobre o cheque não tem qualquer retorno a estados e municípios e o governo fica com tudo", reagiu Simon.

Quanto à proposta do governo de isentar do pagamento da CPMF uma faixa da população, cuja movimentação financeira mensal não ultrapasse um teto que pode variar entre R$ 1.200 a 2.500,Simon afirmou que, se por um lado, o benefício pode representar um ganho a quem ganha menos, por outro, pode dar margem à utilização de contas fantasmas em nome daqueles que ficariam isentos.

CGU encontra irregularidades em obras da Gautama no DF

do Estadão online

BRASÍLIA - Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre auditoria em contrato de obra tocada pela Construtora Gautama, um projeto de irrigação na Bacia do Rio Preto, no Distrito Federal, aponta irregularidades e recomenda a restituição ao Governo Federal, pelo Governo do Distrito Federal (GDF), de R$ 1,570 milhão.

A construtora, investigada por conta da Operação Navalha, da Polícia Federal, tem envolvimento em fraudes para desvio de recursos públicos por meio de licitações. Esse é o primeiro resultado da fiscalização em andamento nos contratos firmados entre a administração pública e a empresa, declarada inidônea pela CGU em 23 de julho.

A auditoria concluiu que o projeto para construção de 26 barragens pela Gautama, contrato firmado no ano 2000, no valor total de R$ 145 milhões, foi objeto da subcontratação total e irregular, com evidência de prejuízo ao erário. Os auditores constataram que a obra foi licitada antes do estudo de impacto ambiental, situação que expõe o recurso público ao risco de desperdício.

O relatório permite calcular o prejuízo causado ao Governo Federal pela subcontratação. Com recursos repassados pelo Ministério da Integração Nacional (MI) por meio de convênio, o Governo do Distrito Federal pagou R$ 1,570 milhão à Gautama para a preparação do projeto executivo, levantamento topográfico, estudo de impacto ambiental e serviços de sondagem. O valor que a empreiteira cobrou do GDF é 96,5% maior do que o recebido pelas empresas subcontratadas: R$ 798.684,00.


Operação Navalha

No dia 17 de maio, a Operação Navalha, da Polícia Federal, prendeu 47 pessoas suspeitas de fraudes e licitações em obras públicas. O empresário Zuleido Veras, dono da construtora Gautama, é considerado o chefe da máfia das obras. Ele e seu filho, Rodolpho Veras, foram presos durante a operação.

Além deles, foram presos também políticos como o ex-governador do Maranhão, seu filho e dois sobrinhos do governador atual do Estado, Jackson Lago.

O ex-ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, renunciou após ser acusado de receber propina de R$100 mil da construtora.

MP quer parar aula especial para senador em faculdade

por Roberto Maltchik
do site G1

O Ministério Público Federal de Goiás ajuizou ação na 9ª Vara Federal de Goiânia contra o senador Marconi Perillo (PSDB-GO) para que ele deixe de freqüentar uma turma especial no curso de direito da Faculdade Alves Faria (Alfa).

De acordo com o MP, o ex-governador de Goiás e a esposa, Valéria Perillo, são os únicos alunos da turma. “Sob a justificativa de atender necessidades especiais de Marconi Perillo, [a faculdade] montou uma turma especial com apenas dois alunos: o senador e sua esposa”, afirma nota do MP-GO. A assessoria do senador Marconi Perillo informa que o Ministério da Educação já foi consultado sobre a decisão da faculdade e autorizou o funcionamento da turma especial. De acordo com a assessoria, a única condição imposta pelo MEC foi o cumprimento da carga horária e da assiduídade, previstas em lei. Ainda de acordo com a assessoria, Marconi Perillo acredita que a ação não deve prosperar. E informa que a faculdade é particular e que existe um “acerto por fora” com a direção da Alfa para que o senador possa integrar a turma. Também argumentam que há outros dois alunos, além do senador e de sua esposa, na turma especial.

Tratamento seletivo e privilegiado
Segundo a procuradora Mariane Guimarães de Melo Oliveira, a turma especial viola os princípios da isonomia e da generalidade na prestação de serviços públicos. Também configura, conforme o Ministério Público, tratamento seletivo e privilegiado sem previsão constitucional ou legal e “viola as diretrizes e bases da educação nacional, previstas na Constituição”. Ainda segundo o MP, a ‘nova turma’ tem aulas especiais, exclusivamente as segundas, sextas e sábados, sempre pela manhã. O Ministério Público de Goiás pediu a concessão de liminar para determinar à Alfa que encerre imediatamente a turma especial do curso de direito e que os ‘alunos’ sejam transferidos para salas de aula comuns. Mas a Alfa tem uma alternativa: o MPF argumenta que Perillo e a esposa podem continuar na turma especial, desde que os demais alunos também possam ter acesso a este tipo de benefício.

Para a procuradora, a faculdade e o casal Perillo devem pagar indenização para os demais alunos. Ela alega que a indenização precisa ser calculada com base no custo de manutenção da sala de aula especial, durante o período em que foi mantida “às custas das mensalidades pagas pelos demais estudantes”.
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A epidemia de dengue

Editorial do Estado de São Paulo de hoje

No lançamento da campanha nacional de combate à dengue, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, confirmou que o Brasil vive nova epidemia da doença, o que ele considera “injustificável” e “inadmissível”. Entre janeiro e setembro, o total de casos registrados aumentou 50% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 481,3 mil pessoas infectadas - 1.076 contraíram dengue hemorrágica - e 121 mortes. Até o Estado mais rico da Federação, São Paulo, vive o maior surto de dengue da sua história. São 64.310 casos registrados no período. O mosquito foi encontrado em mais da metade dos municípios paulistas.A explosão de casos em todos os Estados, ocorrida mesmo nos meses de inverno, é preocupante. Em setembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu que o surto de 2007 poderia superar a marca de 2002, ano em que o Brasil registrou número recorde de casos - 800 mil notificados. Para a OMS, o problema da dengue só pode ser resolvido com profunda mudança na infra-estrutura sanitária do País. “Não adianta lançar campanhas de conscientização quando o surto já está ocorrendo. Isso serviria apenas para evitar que o fogo se espalhe. É preciso evitar que o fogo comece”, afirmou, em junho, ao Estado, o especialista em dengue da OMS, Renu Dayal-Drager.[DO RIO]Para evitar o início do incêndio, todas as esferas de governo do País há anos deveriam estar empreendendo ações conjuntas dos seus organismos responsáveis pela saúde pública, envolvendo educação, infra-estrutura (especialmente saneamento), planejamento urbano, meio ambiente, atendimento social, etc. Mas não houve ação conjunta e o incêndio está lavrando. Mesmo neste ano, quando a [/DO RIO]doença não deu trégua durante os nove primeiros meses, somente agora, com o calor chegando e a proximidade de fortes chuvas, condições propícias para a proliferação do mosquito, a campanha de mobilização nacional para o combate à dengue é lançada. A conscientização deve ser constante, assim como o efetivo combate ao mosquito. O hábito de extinguir criadouros precisa ser cultivado e mantido, tanto entre a população quanto entre as autoridades. É necessário ensinar à população que eliminar focos de insetos deve fazer parte da limpeza diária das casas. Às autoridades cabe a tarefa de eliminar sistematicamente, durante o ano inteiro, os macrocriadouros em ambientes urbanos, que surgem sempre nas construções não fiscalizadas e nas lajes dos prédios industriais.Mas é preciso também incentivar a pesquisa e adotar tecnologias de eficácia comprovada pelas universidades para erradicar definitivamente o mosquito. O Aedes aegypti chegou a ser erradicado do País em fins da década de 50, quando os recursos eram muito menores do que hoje. Sem ações de controle, no entanto, o vetor voltou a proliferar. Em 1973, nova erradicação foi alcançada com a aplicação de inseticida de efeito residual nos reservatórios domiciliares. Com o crescimento acelerado das cidades, no entanto, as autoridades federais abandonaram a técnica e passaram a recomendar apenas o controle do mosquito. O que continua até hoje.Cientistas da Universidade do Sul de Santa Catarina e da Universidade Federal de Pernambuco trabalham no desenvolvimento de inseticida que mata as larvas do mosquito Aedes aegypti. Na Universidade Federal de Minas Gerais foi apresentada, em 2006, nova forma de monitoramento dos criadouros do mosquito, que facilita o mapeamento das áreas de risco. Em novembro, o sistema foi escolhido entre 280 projetos de 58 países para receber o prêmio Tech Awards, que tem apoio de empresas como Microsoft, Intel e HP, entre outras. Larvicidas biológicos, mosquitos geneticamente modificados, esterilização do macho por irradiação de cobalto, utilização de genes letais, entre outros avanços da ciência, têm sido desenvolvidos no Brasil com o objetivo de erradicar a doença. Apoiar esses grupos de pesquisadores e utilizar o que já existe, modernizando o combate ao mosquito, é fundamental para obter melhores resultados.

“Vereadores não têm autonomia”, diz Valdivino

por Daiane Nunes
no "Jornal Hoje" de hoje

O vice-prefeito Valdivino de Oliveira (PMDB) não escondeu ontem seu descontentamento com a derrubada do veto do prefeito Iris Rezende a emendas da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). O veto foi derrubado pela oposição, por 18 votos a 12. Oliveira, que acompanhou a sessão, reagiu à alegação do vereador Anselmo Pereira (PSDB) – ele votou contra a orientação do Paço – de que a Casa não votou contra o prefeito, mas pela autonomia da Câmara. “Que autonomia é essa, sendo que um projeto de lei enviado à Câmara de interesse do Executivo e da população leva de 40 dias a 5 meses para ser votado?”, retrucou. O vice-prefeito ironizou que, se os vereadores “ficam ligando para o senador Marconi Perillo (PSDB) pedindo permissão para votar os projetos do prefeito”, não há como falar em independência.No entanto, pondera que as articulações do senador Marconi Perillo e do secretário Extraordinário Roberto Balestra, interlocutor do governador Alcides Rodrigues (PP), não atrapalham os resultados das votações na Casa. “Alcides e Marconi já têm tantos problemas que não acredito estarem interessados em resolver questões entre a Câmara e a Prefeitura.”De toda forma, Valdivino Oliveira não considera a derrubada de um do veto do prefeito como derrota do Paço. “Esse veto não causa nenhum transtorno ao prefeito, mas se Iris entender o contrário, mandaremos um novo projeto de lei para a Câmara.”Em relação à exigência do líder da bancada do PMDB na Casa, Santana Gomes, de corte de cargos de vereadores que votaram contra o veto, o vice-prefeito ponderou. “Agora temos que ter uma boa base; no momento certo agiremos”.

E a saúde, governador?

O governador de Goiás Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, esteve ontem no Palácio Pedro Ludovico Teixeira homenageando os médicos pelo seu dia. Aliás, o próprio Cidinho é médico. Mas, mesmo tento um médico como governador, a saúde no estado de Goiás é uma catástrofe. O Hospital de Urgências de Goiânia não consegue atender a demanda, os remédios faltam nas prateleiras dos hospitais e os salários dos profissionais da saúde continuam baixos. Por falar em falta de remédios, o Brasil inteiro ficou sabendo que as vítimas do acidente com o Césio 137 não recebem o tratamento devido pelo estado, principalmente em reportagens apresentadas pelos principais canais de televisão do país que relembraram os 20 anos do maior acidente radiológico do mundo. Mas, Cidinho está trabalhando. Nós que precisamos de um médico para tratar dos olhos e dos ouvidos para ver e ouvir o que este governo está fazendo. O problema é achar um hospital público decente que no atenda devidamente.

Governador admite mudança no orçamento

por Brenno Sarques e Venceslau Pimentel
no "Jornal Hoje" de hoje

O governador Alcides Rodrigues (PP) admitiu ontem a possibilidade de mudanças no Orçamento estadual de 2008, após a Comissão de Finanças e Orçamento da Assembléia indicar o deputado Túlio Isac (PSDB) para relatar a proposta. A comissão também escolheu a deputada Betinha Tejota (PSB) para relatar o Plano Plurianual (PPA) para o quadriênio 2008/2011. “Aqui é o fórum adequado para a discussão da matéria. Há possibilidade de remanejamento, dentro das possibilidades. Caso haja modificações, estaremos negociando”, disse Alcides, durante solenidade em homenagem ao Dia do Médico, na Assembléia Legislativa. Alcides disse ainda que a infra-estrutura é um dos focos de investimento do Orçamento, em contraposição aos sociais, que tiveram valores reduzidos em relação a 2007. “A proposta é realista, mas não está pronta e acabada. Vamos respeitar a posição dos parlamentares, dentro do possível”, completou.Cabe agora a Túlio Isac relatar uma previsão orçamentária de R$ 11,37 bilhões, divididos em R$ 138.9 milhões para a Assembléia, R$ 101,5 milhões para Tribunal de Contas do Estado, R$ 42,1 milhões para o Tribunal de Contas dos Municípios, R$ 427,1 milhões para o Judiciário e R$ 187 milhões para o Ministério Público. O Poder Executivo fica com R$ 7,2 bilhões, ou seja, 88,94% do bolo. O presidente da Comissão de Finanças e Orçamento, Daniel Goulart (PSDB), diz que a base aliada trabalha para que o valor das emendas parlamentares – dinheiro que o governo disponibiliza aos projetos dos deputados – suba de R$ 300 mil para R$ 400 mil. Goulart confirma que a previsão orçamentária para o social em 2008 é menor do que o valor aprovado para este ano, mas destaca que o PPA mantém todos os programas sociais.Conforme o texto do PPA enviado pelo Executivo, as obras em andamento terão prioridade, contando com recursos do Estado e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. Betinha Tejota comemorou a inclusão de obras inacabadas no PPA. Este foi um pedido feito pela deputada em seu primeiro discurso na tribuna da Assembléia, em janeiro.

Fui eu que comecei

Peraí. Vamos esclarecer as coisas. Lula chamou o Democratas ontem de “demo”. Quem começou a chamar o DEM de DEMO fui eu. Será que o Apedeuta lê meu blog? Desde quando o PFL mudou para DEM que me refiro ao partido de DEMO. Acho que vou cobrar os 10%.

Suspeito de patrocinar emendas para empresa fria, Renan sofre 6ª denúncia

Rosa Costa
do Estado de São Paulo de hoje

Afastado há uma semana da presidência do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) tornou-se alvo ontem de mais uma representação por quebra de decoro parlamentar. Com base em reportagem do Estado, o PSOL protocolou a sexta denúncia contra ele, desta vez por suposto uso do cargo para destinar recursos a empresa fantasma de um ex-assessor. Na representação, é acusado de praticar crimes de exploração de prestígio, tráfico de influência, intermediação de interesses privados, corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha. “Infelizmente essa fixação do senador de praticar crime contra a administração pública nos obriga a entrar com outra representação”, justificou a presidente do partido, ex-senadora Heloísa Helena (AL), referindo-se aos R$ 280 mil destinados à KSI Consultoria e Construções Ltda, uma empresa fantasma de seu ex-assessor José Albino Gonçalves de Freitas - esses recursos saíram de uma das emendas de Renan ao Orçamento da União.Segundo revelou o Estado no domingo, a KSI recebeu o dinheiro para construir 28 casas em Murici, cidade da família Calheiros, pelo programa de combate à doença de Chagas. O convênio assinado entre a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a prefeitura de Murici se sustentava em recursos de uma emenda de Renan ao Orçamento de 2004. A última parcela do convênio, equivalente a R$ 56 mil, acabou de ser liberada para a prefeitura. A empresa criada em 2001 por Albino, na prática, não saiu do papel. A reportagem apurou que, ainda assim, a KSI foi beneficiada com contratos em outras prefeituras no interior de Alagoas.“A matéria mostra a triangulação perfeita na articulação do Executivo, Legislativo e setor empresarial para pagar propina com dinheiro público patrocinando crimes contra a administração pública”, afirmou a ex-senadora, após protocolar a representação na Secretaria-Geral da Mesa, ao lado dos três deputados do partido: Chico Alencar (RJ), Luciana Genro (RS) e Ivan Valente (SP). “Todas as provas estão disponibilizadas abaixo e esperamos que essas denúncias possam ser utilizadas como parte dos procedimentos já instalados ou como uma nova representação”, justificou Heloísa Helena.LOBISTADas seis representações de que foi alvo até agora, Renan conseguiu ser absolvido pelo plenário do Senado da primeira - era acusado de ter despesas pessoais com a jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha fora do casamento, pagas por um lobista da construtora Mendes Júnior. Mas, além da nova denúncia apresentada ontem, ele ainda enfrenta outros quatro pedidos de investigação no Conselho de Ética. Num deles, é acusado de favorecimento à cervejaria Schincariol perante a Receita Federal e o INSS em troca da compra superfaturada de uma fábrica de refrigerantes de sua família. Há o pedido de apuração da suposta compra de duas rádios e um jornal em Alagoas por intermédio de laranjas. Em outra representação, também é acusado no suposto esquema de coleta de propina em ministérios do PMDB. E, por fim, é apontado como patrocinador da espionagem de dois senadores da oposição, por intermédio do ex-assessor da presidência do Senado Francisco Escórcio. O presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), ainda não indicou relator para esta representação.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Mais uma reunião sobre o entorno

Mais uma vez. Os governos de Goiás e do Distrito Federal se reuniram ontem para acertar mais uma parceria. Mais uma vez. Neste ano foram milhares de reuniões, encontros, almoços, jantares, lanches, churrascos para se discutir soluções sobre o entorno de Brasília. Não sei quantas vezes li na imprensa goiana que o governador de Goiás Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, esteve presente numa reunião com o governador do Distrito Federal José Roberto Arruda e outras autoridades para discutir o que fazer no entorno. Mais uma reunião sobre o entorno. Mais uma vez. Enquanto os encontros, reuniões, almoços, jantares, lanches e churrascos acontecem um jornalista é baleado na região do entorno de Brasília. Até agora não se sabe se o motivo foi vingança (o jornalista fazia uma série de reportagens sobre a violência na região) ou assalto. Vamos esperar a digestão das nossas autoridades para sabermos o que de fato aconteceu.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Goleada

Brasil 5 x 0 Equador. Este foi o placar no Maracanã.

Dinheiro para a cupanherada

Denise Madueño
no Estadão online

BRASÍLIA - A Câmara aprovou hoje o projeto que regulamenta as centrais sindicais e garante o repasse de recursos do imposto sindical para as entidades. Pela proposta, as centrais ficarão com 10% do bolo formado pelo chamado imposto sindical - equivalente a um dia de trabalho por ano, cobrado de forma obrigatória de todo trabalhador. A estimativa de arrecadação da contribuição sindical para 2008 é de R$ 1,250 bilhão, ou seja, as centrais ganharão em torno de R$ 125 milhões, segundo dados de deputados.Atualmente, os recursos da contribuição sindical são distribuídos da seguinte forma: 60% para os sindicatos, 15% para as federações, 5% para as confederações e 20% para a "Conta Especial Emprego e Salário", administrada pelo governo. Pela proposta, a conta especial perderá recursos com o governo dividindo a sua parte com as centrais. Deputados contrários à proposta ressaltaram que o impacto será nos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que recebe dinheiro da conta especial.O FAT custeia programas como o do seguro-desemprego, do abono salarial, do financiamento de programas de desenvolvimento econômico e das ações de geração de trabalho, emprego e renda. O deputado Vicentinho, ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), afirmou que a proposta incorpora as centrais na estrutura sindical, permitindo que elas possam fazer acordos nacionais, que representem todos os trabalhadores.A deputada Luciana Genro (PSOL-RS) criticou o projeto. Na tribuna, ela argumentou que, em vez de dar autonomia, ele vai "atrelar as centrais às decisões do Estado e ao governo de plantão". A deputada ressaltou que haverá a interferência direta no Ministério do Trabalho, que poderá baixar instruções normativas, na livre organização do movimento sindical. "Para obter o registro legal, a central vai precisar do reconhecimento do Ministério do Trabalho. Quem precisa reconhecer a legitimidade da central são os trabalhadores. Esse projeto não garante a autonomia sindical", afirmou a deputada. Ela criticou ainda o fato de, ao contrário de extinguir o imposto sindical, o projeto prevê repasse de dinheiro para as centrais.

O Brasil não está bem

Mesmo ganhando por 1 x 0 o Brasil não está jogando bem. O meio campo da seleção está péssimo. Errando muito passe, a seleção deixa o Equador jogar ou, como gosta de dizer Galvão Bueno, “os equatorianos estão gostando do jogo”. Será que vai vir mais um empate?

Vamos aguardar

Daqui a pouco o Brasil vai jogar contra o Equador no Maracanã. Depois de sete anos sem jogar no maior estádio do mundo, a seleção brasileira vem com Dunga não mais no campo, mas na condição de treinador. Se depender dos cronistas esportivos o Brasil vai golear.
Eu prefiro ficar na cautela. Depois da Copa de 2006 não é muito bom manter este otimismo exacerbado. Vamos aguardar.

A propaganda é a alma do Tempo Novo

Uma das marcas do Tempo Novo é a propaganda. Quando governador Marconi Perillo soube muito bem aproveitar disso. Quando as eleições para o governo do estado de 2002 se aproximavam e as pesquisas indicavam ampla vantagem do peemedebista Maguito Vilela, o Tempo Novo de Marconi decidiu investir pesado em propaganda. Mostrar na televisão o que o governo fez e o que ainda vai fazer. E não é que deu certo? Marconi desbancou Maguito não somente nas pesquisas, mas nas eleições na qual foi reeleito ainda no primeiro turno. Um dos trunfos de Marconi é usar a propaganda na mídia para divulgar as obras do seu governo.
Já o governador de Goiás Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, não tem usado a mídia para divulgar os seus feitos depois que se tornou hóspede do Palácio das Esmeraldas. A última pesquisa Serpes- O Popular mostrou que, em Goiânia, Cidinho é reprovado. Para ele a sua baixa aprovação se deve ao fato de não colocar na mídia os frutos da sua gestão.
Será que, a partir de agora, seremos bombardeados com propagandas do Tempo Novo que está ficando velho? Será que Cidinho vai começar a aparecer nos intervalos do Jornal Nacional para mostrar que o seu governo não está parado? Será que o Professor Raimundo vai liberar Nerso da Capitinga para dar uma forcinha para o governo de Goiás, como fez em 1998, 2002 e 2006?
Se Cidinho começar a mostrar na televisão o que ele tem feito neste tempo de governo corre um perigo danado. Desde sempre sua imagem está colada ao senador Marconi. Eu já escrevi várias vezes: Cidinho é Marconi. As obras de Cidinho são dele ou da gestão anterior? A imprensa goiana mostrou uma inauguração que Cidinho participou e que a obra foi feita na gestão Marconi. Cidinho só teve o trabalho de ir lá e arrancar o pano de cima da placa.
A propaganda é a alma do Tempo Novo. Fazer propaganda gasta um dinheirão e o governo de Cidinho não pode abrir o cofre para colocar na mídia as obras que ele diz ter feito. Se o estado está endividado como pode Cidinho fazer tanta coisa como ele diz que fez? Se o estado está endividado como pode Cidinho querer colocar na telinha os feitos do seu governo? Sem propaganda o Tempo Novo não é nada.

Para Cidinho, o problema é a falta de divulgação

Venceslau Pimentel
no "Jornal Hoje" de hoje

O governador Alcides Rodrigues (PP) disse ontem que vê com naturalidade os números da pesquisa Serpes/O Popular, divulgados no final da semana passada, sobre a avaliação de seu governo, e reconheceu que falta divulgação das ações do Estado. “O governo de Goiás tem colocado muito pouco na mídia o que tem feito. Essa é uma grande realidade”, justificou, ao comentar o assunto durante o lançamento do 4º Festival Gastronômico e Cultural de Pirenópolis, no Palácio das Esmeraldas.De acordo com o levantamento, 2,3% dos entrevistados avaliam o desempenho do governo como ótimo, 16,4% bom, 29,5% regular, 15,2% ruim, 32% péssimo e 4,5% não opinaram. Alcides disse ter certeza absoluta de que com o trabalho sério que vem fazendo, os frutos dessa ação serão reconhecidos. “A população há de reconhecer o grande esforço do governo em dotar a nossa capital e o interior definitivamente no contexto desenvolvimentista do País”, salientou.Para o governador, a aprovação de 93% da gestão do prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), nos quesitos ótimo, bom e regular, é resultado do grande contingente de pessoas que têm acesso aos meios de comunicação. “Nós não colocamos (na mídia) ainda de uma forma evidente (as ações do governo), como os outros têm feito”, avaliou Alcides.

Mais uma vez eu digo: Lula foi contra a CPMF

Chegou o momento que eu queria. Lula disse ontem que, no passado, os senadores votaram pela CPMF. Era isso que eu queria ouvir dele. Lula relembrando o passado é um momento propício para jogar na cara dele todas as mentiras que ele e seu partido diziam quando eram oposição.
Sim, no passado a CPMF passou no Congresso. E devemos lembrar para todo mundo: Lula e o PT foram contrários à CPMF. Lula fez campanha contra o imposto do cheque. Agora que ele é o presidente faz pressão para que o Senado aprove a prorrogação do imposto. Lula fala que, sem o dinheiro da CPMF o PAC ficará prejudicado. Mas a CPMF não é dinheiro arrecadado para a saúde? No Nordeste estamos vendo greves e mais greves dos servidores da saúde exigindo maiores salários. As filas nos hospitais crescem, o atendimento é uma porcaria. E Lula nem fala dos problemas da saúde que deveria receber o dinheiro da CPMF. Só fala do PAC.
É preciso que alguém esfregue na cara do Apedeuta seus discursos contra o imposto que ele tanto quer agora. Ou será que a CPMF é uma herança bendita do governo anterior?

Lula cobra lealdade da base no Senado para prorrogar CPMF

Leonardo Nossa
no Estado de São Paulo de hoje

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, em entrevista na República do Congo, que não aceita barganhar com opositores e aliados a aprovação da emenda constitucional que prorroga a CPMF até 2011. Ele cobrou lealdade da base de sustentação do governo no Congresso. “Na hora de votação não tem negociação”, disse. “Não posso (aceitar) que a cada negociação alguém me entregue uma reivindicação e diga ‘eu não voto isso’. Assim não faço política.”Na viagem à África, Lula vem mantendo contatos diários por telefone com o ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia, e líderes do governo, por causa da CPMF e da sucessão no Senado. Ele cobrou empenho dos aliados. “Ou temos uma base aliada construída em relação a sete pontos que assumimos, compromissos, ou não temos base aliada”, argumentou. “Espero a compreensão de todos.”A uma pergunta sobre reclamações do senador e aliado José Sarney (PMDB-AP) por mais espaço no governo - um dos supostos pedidos de barganha -, Lula usou a própria família como metáfora. “Quem tem cinco filhos aprende a conviver com as reclamações”, disse. “Acho normal que as pessoas reclamem. O que posso dizer é que não tenho demanda de nenhum senador na minha mesa.”Questionado se deve sair caro um acordo com a senadora oposicionista e ruralista Kátia Abreu (DEM-TO), relatora da emenda da CPMF, Lula respondeu: “Sairá caro se (a CPMF) não for aprovada. Quero ver quem no planeta Terra governa um país que pode prescindir de R$ 40 bilhões.” Ele lembrou que, no passado, a maioria dos senadores votou pela CPMF. “Todos os senadores que estão lá, com raríssimas exceções, já votaram a CPMF”, disse. “Acho importante que todo mundo releia o discurso que fez há quatro anos ou oito anos e mantenha a posição que justificava a aprovação da proposta.”O presidente observou que o Senado é soberano para tomar suas decisões, mas deve dizer, se não aprovar a CPMF, de onde o governo vai tirar dinheiro para projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “Você não pode tirar do custeio”, ressaltou. “Espero que, na hora em que algum senador votar contra, ele diga onde vamos arrumar R$ 40 bilhões para fazer o que precisamos fazer. É só isso que eu quero. Seriedade, nada mais do que isso, pois hoje quem precisa da CPMF não é o governo, é o País.”Lula ainda criticou o discurso supostamente contraditório da oposição. “O discurso de quem quer mudar a CPMF e de quem sonha acabar com ela é tentar reparti-la”, afirmou. “Se reparti-la entre Estados e municípios, nunca mais acaba a CPMF. Esse é um dado político.”RONDEAULula deixou claro que não vê necessidade de mudar imediatamente o comando do Ministério de Minas e Energia, pasta que era ocupada por Silas Rondeau, apadrinhado de Sarney e Renan Calheiros (PMDB-AL). “O ministério está funcionando normalmente com o Nelson Hubner.” Sobre a possível volta de Rondeau, respondeu: “Estou obviamente esperando que haja manifestação do Ministério Público, porque a história do Silas não ficou bem explicada.”

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Os vira casaca

Comecei ontem com o senador Adelmir Santana a análise sobre os parlamentares que mudam de partido. Aqueles senhores que não foram fiéis aos partidos pelo qual foram eleitos. Ainda continuo no Senado. Vou para o senador baiano César Borges.
César Borges era do DEMO da Bahia. Ele era um dos grandes aliados de Antônio Carlos Magalhães. Saiu do DEMO e foi para o PR, que é da base aliada de Lula.
Isso mesmo. César Borges sai da oposição para o governo num piscar de olhos. Ou talvez esperasse ACM fechar os olhos definitivamente para sair do seu antigo partido.
Dei uma olhada no site pessoal do senador que se encontra disponível no site do Senado. Ali tem as notícias sobre a sua pessoa.
No dia 26 de setembro de 2007 o site de César Borges noticiava:

O senador César Borges (Democratas-BA) disse hoje (26) que a crise do SUS é um problema de gestão do governo federal e não depende da continuidade da CPMF. Ele alertou ao país que Salvador pode ficar sem atendimento já a partir da próxima semana, por problema de pagamento, e criticou o pronunciamento do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que condicionou o reajuste da tabela do SUS que é paga aos hospitais e clínicas à aprovação da CPMF pelo Congresso.
"O ministro deveria procurar mais recursos dentro do próprio Orçamento, porque a CPMF já está contribuindo com 0,38% dos cheques sem que a saúde esteja bem", alegou César Borges. De acordo com o senador, a declaração do ministro foi um escapismo. "É preciso assumir a que não está havendo recursos para contemplar a saúde da população mais pobre. A questão da saúde envolve gestão e ainda decisão de governo para alocar mais recursos", afirmou.

Seis dias antes, seu site noticiava o seguinte:

O senador César Borges (Democratas-BA) advertiu hoje (20) que a política econômica do Governo Lula está ampliando as desigualdades regionais do país pela primeira vez em muitas décadas. De acordo com ele, o governo federal está anunciando que ocorreu redução da pobreza em 2006, mas não explica que a Região Nordeste teve uma queda bem menor no seu percentual de pobres – aqueles que ganham menos de R$ 125,00 - do que os estados mais ricos.

Pois é. Este mesmo senador que era da oposição e que fazia críticas ao governo federal decidi mudar de partido e aumentar o número da base aliada de Lula no Senado. O César Borges, que tanto criticava a incompetência deste governo em não mandar verbas suficientes para acabar com a crise na saúde e que dizia que a política econômica adotada por Lula aumentava as desigualdades sociais, vai para um partido de apoio a este governo. É assim que nós vemos o interesse de César Borges em solucionar a crise na saúde e diminuir a desigualdade.

Eu ainda tenho dúvidas

Perguntaram para o Tribunal Superior Eleitoral: “Afinal, de quem é o mandato do parlamentar: do político ou do partido?” O TSE responde: “É do partido”. Beleza, o mandato pertence ao partido. Mas o que fazer com os parlamentares que já mudaram de partido? E o pessoal que começou esta legislatura como oposicionista e agora desfruta dos prazeres da base aliada? Eu ainda tenho dúvidas. Além de não saber se os pula cerca vão ou não vão receber punição, eu gostaria de saber o que a base aliada está oferecendo para os parlamentares da oposição para virar a casaca e defender o governo do nuncantesnahistóriadestêpaiz. Até o senador goiano Demóstenes Torres do DEMO, tão crítico de Lula, já foi sondado pelos líderes aliados para mudar de barco. O mais interessante é que tem muito deputado e senador que sobe na tribuna ou dá uma entrevista defendendo as reformas, entre elas a política. E o mais engraçado é que um dos principais itens da reforma política é a fidelidade partidária. Depois vemos estes reformistas de araque mudando de partido e tentando, a todo custo, justificar a mudança. Quem poderá justificar um cara deixar de ser oposicionista e ser governo em menos de 24 horas. Eu tenho minhas dúvidas, mas suspeito que a mala está rolando solta pelo Congresso.

Por unanimidade, TSE amplia fidelidade para outros cargos

do Estadão online

BRASÍLIA - Os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiram que a fidelidade partidária - já definida para deputados e vereadores - deve ser estendida para senadores, prefeitos, governadores e presidente da República.

O relator da consulta, feita pelo deputado Nilson Mourão (PT-AC), ministro Carlos Ayres Britto, votou a favor da ampliação da fidelidade partidária para senadores, prefeitos, governadores e presidente da República. E foi seguido pelos outros seis ministros.

No início do mês, o Supremo Tribunal Federal (STF) garantiu aos partidos o direito de reaver os mandatos de parlamentares infiéis, mas deixou os partidos e os próprios ministros do Supremo com muitas dúvidas, que precisam ser sanadas pelo TSE.

Naquele julgamento, quando o STF definiu que o mandato parlamentar pertence ao partido pelo qual o deputado se elegeu, os ministros determinaram apenas que os infiéis que deixaram suas legendas até o dia 27 de março não poderiam ser punidos. E disseram que caberia ao partido pedir os mandatos de volta no TSE.

Mas os ministros não passaram disso. E os advogados dos partidos passaram a elaborar perguntas até agora sem respostas. Uma delas: um deputado deixou a legenda pela qual se elegeu antes do dia 27, e por isso estaria anistiado, poderia voltar a mudar de partido sem ser punido?

Diante dessas perguntas, dois ministros do STF ouvidos pelo Estado deram respostas distintas. Um deles disse que o infiel poderia ser punido e outro afirmou que essa infidelidade seria perdoada pelo entendimento do tribunal.

Outros questionamentos colocam em dúvida o real impacto da decisão do STF para acabar com o troca-troca partidário. Após a decisão do TSE desta terça, o ministro Cezar Peluso deve preparar a resolução para disciplinar os processos contra os infiéis.

Até que essas regras sejam apresentadas pelo ministro, votadas pelo TSE e colocadas em prática, nenhum deputado pode ser punido. Se vai ser difícil punir algum parlamentar agora, como admitem advogados dos próprios partidos prejudicados pelo troca-troca, ao menos para as próximas legislaturas a regra deve ter alguma eficácia.

Outro ponto que o TSE terá que deixar claro é o que fazer com os suplentes que estão temporariamente no lugar do titular da vaga e, nesse período, trocam de partido.

O mais provável é que o TSE autorize o partido do suplente a abrir processo para reaver o mandato. Se a legenda for vitoriosa, o suplente perde o mandato e o segundo suplente assume seu lugar.

Para Lula, República do Congo "ensina democracia"

da Folha online

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que a República do Congo está "ensinando a construir uma democracia cada vez mais forte e na paz". O presidente fez a afirmação durante um discurso no palácio presidencial da capital do país, Brazaville, no segundo dia do giro que faz por países africanos.
Ainda em seu discurso, o presidente ressaltou a importância da democracia para o desenvolvimento. "Para um país se desenvolver, precisamos exercer a democracia, aprender a conviver na diversidade e construindo a paz. Somente na paz os países africanos podem prosperar."
Lula fez as afirmações ao lado de Denis Sassou-Nguesso, o presidente congolês. Sassou-Nguesso chegou ao poder pela primeira vez em 1979, com um golpe de Estado, mas deixou o cargo após perder as primeiras eleições multipartidárias do país, realizadas em 1992.
Sassou-Nguesso voltou ao poder em 1997 depois de uma rápida e sangrenta guerra civil, em que contou com o apoio de tropas angolanas.
Em março de 2002, ele venceu novas eleições presidenciais em que dois de seus principais concorrentes --o ex-presidente Pascal Lissouba e o ex-primeiro-ministro Bernard Kolelas-- foram impedidos de participar devido a novas leis de residência no país. O terceiro rival, Andre Milongo, desistiu da candidatura dois dias antes do pleito alegando que as eleições seriam fraudadas. Lula não fez nenhuma referência a essas eleições.
Bahia
No mesmo discurso, o presidente disse que a visita à República do Congo é uma retribuição à visita que o presidente congolês fez ao Brasil em 2006 e afirmou ainda que Denis Sassou-Nguesso deve ter se sentido à vontade durante sua passagem por Salvador.
"Não há nenhuma diferença entre o povo baiano e o povo africano. A Bahia é o Estado brasileiro onde ser negro é motivo de orgulho. O senhor deve ter se sentido em casa", disse Lula ao presidente congolês.
O presidente Lula disse ainda que, apesar de ser auto-suficiente em petróleo, o Congo pode se beneficiar do uso de biocombustíveis.
"Os biocombustíveis têm duas coisas importantes. A primeira é que é uma fonte de energia renovável e limpa. A segunda é que gera emprego e renda para o povo mais pobre."
Lula mencionou que, no Brasil, o governo criou um selo social que permite que as empresas que produzem biodiesel comprando de pequenos produtores recebam isenção fiscal do governo. O objetivo da medida, segundo o presidente, é "produzir uma nova sociedade, gerar mais emprego, mais cidadania".
Depois do encontro com o presidente congolês, Lula seguiu para um encontro empresarial. Cerca de 30 empresários brasileiros acompanham o presidente em sua visita por quatro países africanos, buscando oportunidades de negócios.
No encontro, Lula afirmou que as trocas comerciais entre Brasil e Congo aumentaram mais de 15 vezes --embora não tenha citado cifras-- e que o Congo é uma importante porta de acesso para mercados da África Central.
"Assim como o Brasil, o Congo é um país em construção, tem muitos investimentos em infra-estrutura e esses investimentos devem se expandir de forma exponencial", disse o presidente. Lula disse que o conhecimento das empresas brasileiras pode ajudar muito nesse processo e citou a Petrobras e a Vale do Rio Doce como exemplos de companhias que vêem potencial no Congo.
O presidente anunciou ainda que o Brasil estuda transformar a dívida bilateral do Congo, equivalente a US$ 360 milhões, em uma linha de crédito para a compra de bens e investimentos.
Depois da visita à República do Congo, Lula passa ainda pela África do Sul e Angola. Na segunda-feira, o presidente visitou Burkina Faso.

É o mesmo PT

Este mesmo PT que decidi punir todo cupanhero que apoiar Íris Rezende é aquele partido que apoiou Maguito Vilela (do mesmo PMDB de Íris). Nas eleições do ano passado, este mesmo PT que não quer apoiar Íris, dividiu palanque com o prefeito que só sabe fazer asfalto. É, minha gente! Coerência não é uma palavra que combina com o PT.

‘Petista que apoiar Iris será punido’

Daiane Nunes
no "Jornal Hoje" de hoje

O presidente do diretório metropolitano do Partido dos Trabalhadores, Ivanor Florêncio, disse ontem que os membros do partido que tomarem decisões individuais em defesa do apoio ao prefeito Iris Rezende (PMDB) podem ser punidos pelo Conselho de Ética.Ao contrário das evidencias, Florêncio assegura que o partido em Goiânia não está rachado. “O PT é formado por tendências, por isso é normal que haja brigas internas”, pondera. Segundo ele, não há qualquer possibilidade de o PT apoiar Iris nas eleições de 2008. E explica o motivo: “Iris está trabalhando para uma campanha a longo prazo, pois o projeto dele é para governador de Goiás em 2010”. O PT, garante o dirigente, vai lançar candidato próprio na capital. Ele critica a estratégia do PMDB. Para Florêncio, a população de Goiânia não admite esse tipo de procedimento. “Se Iris ganhar para prefeito, ele ficará apenas um ano e meio no cargo, e isso é ruim para a cidade”.PT FAVORECIDOSegundo Ivanor Florêncio, o PT pode ser favorecido pela seguinte questão: o fato de nenhum prefeito ter sido reeleito em Goiânia. “O povo goianiense é diferente, ele sempre vota para mudança. E desta vez não vai ser diferente, o povo não vai se iludir simplesmente pelo asfalto, pois não é só asfalto que o povo precisa”, critica.Já um militante do PT, que não quis ser identificado, discorda de Florêncio e diz que o partido está, sim, dividido. Há, segundo ele, quem luta pela união com o prefeito Iris ainda no primeiro turno, enquanto outras tendências querem candidato próprio. A disputa na sigla vem sendo protagonizada por três pré-candidatos: os deputados estaduais Humberto Aidar (PT pra Vencer) e Mauro Rubem (Tendências Marxistas), e a vereadora Marina Sant'Anna (Movimento Cerrado). Informações de bastidores apontam que o grupo ligado a Marina prefere apoiar Iris Rezende se o candidato escolhido pelo partido for Humberto Aidar, e que o mesmo ocorreria se a vereadora fosse a indica do PT.O deputado Humberto Aidar(PT) negou que apoiaria o prefeito Iris caso perdesse para Marina ou Mauro Rubem: “Não apoiarei o prefeito Iris de maneira nenhuma, até porque eu vou ganhar a disputa e ser o candidato para prefeito. O PT não quer uma simples vice e, sim, ganhar as eleições. Quem quer apoiar Iris será voto vencido”. Marina e Mauro Rubem não foram encontrados para comentar o assunto.

Lula quer pautar a imprensa

Lula sempre quer pautar a imprensa. Na sua viagem pela ditadura africana, Lula reclamou que as perguntas dos jornalistas não estavam abordando os acordos econômicos que ele tinha assinado com o tirano de Burkina Faso. Os jornalistas queriam saber sobre a aprovação da CPMF no Senado.
Então tá. Vamos fazer uma pergunta sobre a LulaTour: “Presidente, como é estar num país que ainda vive sob o comando de um ditador?”

Lula cobra aprovação da CPMF no Senado

Leonêncio Nossa
no Estado de São Paulo de hoje

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou ontem da dificuldade em aprovar a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) no Senado e avaliou que o problema pode atrasar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em conversa com jornalistas brasileiros que acompanham seu giro por quatro países da África (leia na página A8), Lula disse que “o problema” - no caso, a CPMF - não é de interesse apenas do governo, mas da Nação brasileira. “Temos R$ 504 bilhões num programa de investimentos em infra-estrutura e, se não pudermos utilizar esse dinheiro, teremos de mexer em outras áreas”, comentou ele, referindo-se à necessidade de remanejar dinheiro de outros programas para o PAC. A não prorrogação da CPMF, cuja arrecadação é destinada principalmente à saúde, prejudicaria o PAC, explicou Lula, porque não é possível separar os recursos obtidos pelo governo. “Todo o dinheiro está no mesmo cofre”, afirmou. “É mais ou menos como o dinheiro que está no seu bolso, você não consegue separar.” Depois, o presidente tentou minimizar o problema que enfrenta para aprovar a prorrogação da CPMF no Senado, com os pedidos de barganha de opositores e aliados. “Estou convencido de que vai passar no Senado, assim como passou na Câmara”, garantiu. O presidente também disse que a licença do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não altera os planos do governo na Casa. “O fato de Renan pedir licença não altera nada”, acrescentou. “Ultimamente, o Senado votou todas as coisas que nós queríamos.” Antes de responder a essas perguntas, no entanto, o presidente reclamou que o assunto era de política interna brasileira. “Eu não deveria responder uma pergunta sobre o Brasil no primeiro dia de minha viagem”, defendeu-se. “Só hoje assinamos sete protocolos de acordo com o governo de Burkina Faso.” Comentou ainda que “esse é um problema cultural que nós teremos de resolver”, acrescentou o presidente. Em Burkina Faso, o governo brasileiro assinou acordos nas áreas de biocombustível, produção de algodão, soja, educação e saúde.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Os vagabundos que mudam de partido

O senador Adelmir Santana era do DEMO. Amanhã vestirá a camisa do PR. Mais um parlamentar que deixa a oposição para puxar o saco do Lula. Desde o primeiro mandato Lula faz assim: incha os partidos que o envolve no Congresso.
Fiquei intrigado com a mudança deste senador. Por que ele deixou a oposição para se abrigar debaixo das asas da base aliada? Fui pesquisar na internet sobre o que este senador sem voto (já que é suplente de Paulo Otávio que renunciou ao cargo de senador para ser vice do governador José Roberto Arruda do Distrito Federal) disse e fez no tempo em que era oposição. Achei algumas coisas interessantes.
No site G1 de hoje, o senador vira-casaca justificou sua troca de partido da seguinte forma: Saí porque estou na possibilidade de buscar espaço político futuro. Quero concorrer ao Senado em 2010 e a rua do Democratas já estava congestionada.
Como assim “a rua do DEMO já estava congestionada”? Não era isso que Adelmir pensava no final de 2006 (ver post abaixo). No dia 15 de novembro daquele ano, o então suplente do senador Paulo Otávio (DEMO-DF) dizia o seguinte para o site G1: Não fui apenas para compor. Já foi vislumbrada naquela oportunidade a possibilidade de vir a assumir em 2007, tanto que meu partido, o PFL, não abriu mão da primeira suplência. O segundo suplente é do PMDB. O então PFL já pensava em lhe dar uma vaga no senado ao indicar o seu nome para a suplência de Paulo Otávio.
Será que o DEMO ou PFL não deu nenhum espacinho para o fusquinha de Aldemir Santana transitar, sem nenhum congestionamento? Vamos voltar no passado e relembrarmos de um discurso proferido pelo vira casaca, no Senado, no dia 12 de fevereiro de 2007: Fiquei muito orgulhoso e, ao mesmo tempo, cônscio da grande responsabilidade que tenho pela frente ao ser indicado pelo Líder do meu Partido, Senador José Agripino, para participar como titular de três das principais Comissões do Senado: Assuntos Econômicos, Constituição, Justiça e Cidadania, e Infra-Estrutura; e como suplente de outras quatro Comissões: Meio Ambiente, Educação, Desenvolvimento Regional e Assuntos Sociais.
Pois é. O líder do partido de Adelmir Santana lhe dá a possibilidade de integrar três Comissões do Senado e mesmo assim o PR receberá (com certeza de braços abertos) o senador sem voto Adelmir Santana. No PR não há congestionamento. Tanto que, quando era só PL, o dinheiro do valerioduto corria solto, sem nada pela frente para atrapalhar. Vejam a gratidão de Adelmir Santana.
O senador sem voto e vira casaca defendia as reformas. Todas as reformas conforme o mesmo discurso do dia 12 de fevereiro deste ano: E não somente a reforma política que já está na ordem do dia desta Casa. Falo das reformas tributária, fiscal, trabalhista, sindical e da Previdência. Urge reformar o Estado brasileiro, limpando-o da gordura burocrática que está nele encravada desde os tempos da colônia portuguesa. E o Congresso Nacional pode e deve ter uma atitude pró-ativa em relação às reformas. Alguns desses projetos já se encontram aqui, sendo analisados em comissões técnicas da Câmara e do Senado. O momento é oportuno para que os Presidentes das duas Casas, de forma integrada com as lideranças partidárias, priorizem o debate e a votação desses projetos. Vamos criar no Legislativo uma agenda positiva: a agenda das reformas!
Um dos itens da reforma política que Adelmir tanto defendia no seu discurso é a fidelidade partidária. Pelo visto, o nobre senador não é tão fiel assim. Ele está nem aí se o Supremo Tribunal Federal julga que o mandato pertence ao partido e não ao parlamentar.
Dias atrás ele foi sondado pela turma do Planalto para deixar a oposição de lado e integrar a base aliada. Vocês acham que ele foi para o PR de graça? Tanto o governo como os vira casaca negam qualquer acordo. Pelos discursos citados acima e retirados do próprio site do Senado mostram que não se pode confiar nas palavras de Adelmir Santana. Não se pode confiar nas palavras dos políticos. Como diria Diogo Mainardi na sua coluna do dia 10 de outubro de 2007: Mas o que pode acabar prevalecendo no Brasil, com um mínimo de sorte, é o conceito radicalmente democrático de que precisamos incrementar os mecanismos de alerta contra os políticos. Porque todos eles – é um fato – são vagabundos. Os corredores do Congresso Nacional estão congestionados. Congestionados de vagabundos querendo trocar de partido para puxar o saco de Lula e ganhar algum mimo.

Veja o que Adelmir pensava em 2006

André Luís Nery
do site G1 do dia 15.11.2006

O suplente Adelmir Santana (PFL), que irá assumir uma vaga no Senado pelo Distrito Federal, já que o titular, Paulo Octávio (PFL), elegeu-se como vice na chapa de José Roberto Arruda ao governo do Distrito Federal, afirmou que vai focar seu trabalho na defesa da livre iniciativa e das reformas.
“Precisamos de reformas urgentes: tributária, fiscal, partidária, trabalhista e sindical. Só assim o Brasil terá condições de crescer o mais rapidamente possível”, disse o empresário Adelmir Santana, que colocou a reforma tributária como prioritária.
“Vou lutar para diminuir a carga tributária, diminuir sua participação no PIB brasileiro. Isso só será possível através das reformas, em especial da reforma tributária. Não é possível que continuemos enfraquecendo o sistema empresarial”, afirmou ele ao G1.
Apesar de ser dado com certa sua ida para o Senado, Santana destacou que tem evitado falar sobre isso, já que depende da renúncia do senador Paulo Octávio. “A renúncia é um ato pessoal, intransferível e, de repente, pode ocorrer o inusitado”, disse.
No entanto, ele enfatizou que “está acertado que o senador irá renunciar”. “Acho que não haverá dificuldades, mas, para não criar problemas de relacionamento com o senador Paulo Octávio, só vou me pronunciar oficialmente após ele tomar uma posição.”
Segundo Santana, que é presidente Fecomércio-DF (Federação do Comércio do Distrito Federal), a possibilidade de assumir uma vaga no Senado em 2007 já havia sido vislumbrada na eleição de 2002, quando foi escolhido pelo partido como um dos suplentes da chapa de Paulo Octávio.
“Não fui apenas para compor. Já foi vislumbrada naquela oportunidade a possibilidade de vir a assumir em 2007, tanto que meu partido, o PFL, não abriu mão da primeira suplência. O segundo suplente é do PMDB”, afirmou.
O pefelista descartou “fazer oposição simplesmente por oposição” no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Não terei uma posição extremada contra o governo Lula. Tudo que o governo propuser que for do meu interesse e do Distrito Federal, vou apoiar."

E o mensalão continua

Não pára de sair parlamentar da oposição para a base aliada. Quer dizer: alguma coisa aí deve ter. Alguma vantagem tentadora está deixando os integrantes da oposição com água na boca. É o mensalão ainda em operação.

Mais um senador sai da oposição e vai para a base governista

Do site G1
O senador Adelmir Santana (DF) se desligou nesta segunda-feira (15) do Democratas. O parlamentar se filia nesta terça-feira (16) ao Partido da República (PR) “Saí porque estou na possibilidade de buscar espaço político futuro. Quero concorrer ao Senado em 2010 e a rua do Democratas já estava congestionada”, explicou. Ele, atualmente, ocupa a vaga de suplente do senador Paulo Otavio (DEM-DF), que é vice-governador do Distrito Federal. De acordo com Adelmir Santana, a vaga do DEM para o Senado em 2010 está reservada para o governador José Roberto Arruda. O destino de Santana será o PR, partido da base aliada do governo. Adelmir Santana é o quarto parlamentar que deixa o DEM nos últimos 15 dias. A decisão agrada ao Palácio do Planalto, que espera o número mínimo de 49 votos para aprovar a prorrogação da CPMF (imposto do cheque) até 2011.

Mas o senador, que também preside a Federação Comercial do Distrito Federal, já anunciou que não vota pela aprovação do imposto do cheque. “Só votaria em favor da CPMF se houvesse o único objetivo de fiscalização. A minha posição é contrária, até pela minha representação sindical”, assegurou o parlamentar. Também saíram do Democratas os senadores Edison Lobão (MA), que foi para o PMDB, Romeu Tuma (SP), que se filiou ao PTB, e César Borges (BA), que vai comandar o PR da Bahia.
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Mesa abre caminho para 5º processo contra Renan por quebra de decoro

Gabriela Guerreiro
da Folha Online, em Brasília

Com cinco votos favoráveis e uma abstenção, a Mesa Diretora do Senado decidiu hoje encaminhar ao Conselho de Ética da Casa a quinta representação contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) por quebra de decoro parlamentar. Na prática, a decisão dá início a um quinto processo contra Renan.
Na nova representação, Renan é acusado de montar um dossiê para espionar os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO) e posteriormente submetê-los à chantagem. O esquema de espionagem teria sido conduzido pelo assessor especial de Renan, o ex-senador Francisco Escórcio. Demóstenes ficou sabendo do plano de espionagem por Pedrinho Abrão, empresário e ex-deputado por Goiás.
Renan responde a outros três processos no Conselho de Ética do Senado. O primeiro processo --no qual era acusado de usar recursos da Mendes Júnior para pagar despesas pessoais-- foi arquivado depois de o plenário do Senado rejeitar o relatória que sugeria a cassação do mandato de Renan por quebra de decoro.

Aprovação a Lula passa de 64% para 61,2%, diz CNT-Sensus

Fábio Graner
da Agência Estado

BRASÍLIA - Interrompendo uma seqüência de oito elevações consecutivas, a aprovação ao desempenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva caiu de 64% em junho para 61,2% em outubro, de acordo com a pesquisa CNT-Sensus divulgada nesta segunda-feira, 15. A desaprovação, por sua vez, subiu de 29,8% em junho para 32,5% neste mês.

De acordo com a pesquisa, a avaliação positiva do governo Lula oscilou de 47,5% para 46,5% no mesmo período de comparação e também ficou dentro da margem de erro. Mas neste caso, é a segunda oscilação negativa, já que em abril deste ano a avaliação positiva do governo era de 49,5%. A avaliação regular do governo caiu de 36,5% para 35,9%, enquanto a avaliação negativa subiu de 14% para 16,5%.

A pesquisa entrevistou eleitores entre 8 e 12 de outubro e tem margem de erro de 3 pontos porcentuais para cima ou para baixo. "Nossa conclusão é que há uma estabilidade. O presidente ainda é popular. Ainda não dá para concluir que a popularidade está em trajetória de queda", disse o presidente da CNT, Clésio Andrade.

Segundo ele, o que tem garantido a estabilidade na avaliação do governo e na popularidade do presidente são fatores como a geração de emprego e os indicadores macroeconômicos em geral, além dos programas sociais. Andrade acrescentou que o processo econômico que, de acordo com ele, está sendo impulsionado pelo ambiente externo favorável, tem beneficiado o presidente Lula.

Eleições 2010

A pesquisa CNT-Sensus também mostra um retrato da corrida presidencial para as Eleições de 2010, liderada pelo governador de São Paulo, José Serra (PSDB), com 12,8% das intenções de voto. Em lista ampla com 21 candidatos, o tucano é seguido por Geraldo Alckmin (PSDB), com 11,6% das intenções de voto, Aécio Neves (PSDB), com 9,8%, Ciro Gomes (PSB), com 9,4%, e Heloísa Helena, (PSOL), com 6,1%..

A maior parte dos entrevistados (27,3%) disse que não votaria no candidato do presidente Lula, seja qual for. Os que admitem a possibilidade de votar no escolhido de Lula são 25,4%, contra 10,8% que votariam "só" no candidato apoiado pelo presidente.A porcentagem de eleitores favoráveis à reeleição presidencial caiu de 65,4% para 57,4%, entre abril, data da última pesquisa sobre reeleição, e outubro.

Além da medição sobre a aprovação do governo Lula, o instituto perguntou aos entrevistados se o mandato parlamentar deve pertencer ao político ou ao partido. 54,2% deles concordam com a fidelidade partidária. Além disso, 45,3% dos eleitores acham que a Câmara e o Senado deveriam ser unificados em apenas uma instituição.

Mesa decide hoje se encaminha ao conselho 5ª representação contra Renan

da Folha online

A Mesa Diretora do Senado se reúne nesta segunda-feira, às 16h, para decidir se encaminha ao Conselho de Ética da Casa a quinta representação contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) por quebra de decoro parlamentar.
Renan já responde a outros três processos no Conselho de Ética do Senado. No primeiro --em que era acusado de usar recursos da Mendes Júnior para pagar despesas pessoais--, ele foi absolvido pelo plenário da Casa.
Nessa quinta representação, o peemedebista é acusado de montar um dossiê para chantagear os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO). A espionagem teria sido feira pelo assessor especial de Renan, o ex-senador Francisco Escórcio.
Demóstenes ficou sabendo do plano de espionagem por Pedrinho Abrão, empresário e ex-deputado por Goiás. Escórcio teria pedido a ajuda de Abrão para grampear os telefones dos senadores e fotografá-los embarcando de jatinhos de empresários da região. Abrão é dono de um hangar e de uma empresa de aviação em Goiânia.
Segundo reportagem da Folha, Renan também estaria reunindo elementos para chantagear o senador José Agripino Maia (DEM-RN) por meio de seu filho, o deputado Felipe Maia (DEM-RN).
O peemedebista estaria vasculhando negócios do filho do senador ligados à empresa que presta serviços à BR Distribuidora, da Petrobras, no Rio Grande do Norte.
Licenciamento
Renan anunciou na quinta-feira que está se licenciando do cargo por 45 dias. Ele disse em pronunciamento para a TV Senado que não precisa do cargo de presidente da Casa para se defender. "O poder é transitório, enquanto a honra é poder permanente que não sacrifico em nome de nada."
Enquanto estiver em licença, a presidência do Senado será ocupada pelo petista Tião Viana (AC), vice-presidente do Senado. "Agindo assim, afasto de uma vez por todas o mais recente e injusto pretexto usado para tentar dar corpo à inconsistência das representações, enviadas sem qualquer indício ou prova ao Conselho de Ética do Senado Federal", disse Renan no pronunciamento.
Ao anunciar seu licenciamento, Renan fez questão de dizer que quer evitar constrangimentos como a sessão da última terça-feira, quando vários senadores pediram para ele deixar o cargo. "Com este meu gesto, que é unilateral, preservo a harmonia do Senado, deixo claro o meu respeito pelos interesses do país, e homenageio sem dúvida as altas responsabilidades das funções que exerço, contribuindo decisivamente para evitar a repetição dos constrangimentos ocorridos na sessão de 9 de outubro."
No pronunciamento, o peemedebista voltou a reafirmar que é inocente e disse que vai enfrentar os processos "à luz do dia, com dignidade, sem subterfúgios". "Não lancei mão das prerrogativas de presidente do Senado em meu benefício ou contra quem quer que seja. A minha trincheira de luta sempre foi a inflexível certeza da inocência, a qual estou convicto, prevalecerá com a verdade, como aconteceu na minha absolvição."

E Lula foi contra

Lula foi contra as privatizações. Lula foi contra o governo Fernando Henrique Cardoso vender as estatais para a iniciativa privada. Lula presidente privatiza as nossas rodovias. Lula entrega as rodovias para os espanhóis. Lula acha isso legal. A esquerda acha isso legal. A UNE, a CUT e o MST não falaram nada. Enquanto Lula louva as privatizações, a nossa oposição fica caladinha.

Lula acha legal entregar rodovias federais para a iniciativa privada


da Folha Online

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira, durante o programa de rádio "Café com o Presidente", que a concessão de rodovias a empresas da iniciativa privada muda a história dos leilões no país.
"Eu acredito que o que aconteceu foi uma demonstração inequívoca de acerto e arrojo do governo em mudar os critérios das privatizações. É importante lembrar nesse momento que as empresas chegaram a fazer deságio de até 65% e atendeu ao objetivo do governo que era tornar o pedágio o mais barato possível para o usuário. Eu acho que nós conseguimos. Há uma demonstração inequívoca de redução do valor do pedágio a cada 100 quilômetros em comparação ao leilão feito no passado. E isso, eu acho que muda a história dos leilões no Brasil para efeito de concessão das estradas."
Lula ainda comentou a diferença entre o valor pago pelas empresas e o valor estabelecido. "A diminuição do valor ela é muito mais importante se você comparar com os leilões feitos no passado. Ou seja, nós já tínhamos feito um preço muito bem elaborado, muito bem estudado onde participou muita gente do debate. Eu vou dar alguns exemplos. Num trecho da Régis Bittencourt, nós colocamos como preço mínimo R$ 2,68 e foi leiloado por R$1,35. Na Fernão Dias, que nós colocamos um preço mínimo de R$ 2,88, foi leiloado por R$ 0,99. E no trecho Curitiba-Florianópolis, nós colocamos um preço de R$ 2,75 e foi leiloado por R$1,028. O que aconteceu de fato é que as empresas também se convenceram de que quando a gente fala em livre iniciativa, concorrência, isso é uma coisa para valer."
Para o presidente, o grande ganhador é o motorista. "Ganharam as empresas que fizeram a melhor oferta. Eu acho que quem ganha com isso é o Brasil. Quem ganha com isso é o processo de novos leilões daqui para a frente. E, sobretudo, o grande ganhador é o motorista que vai pagar o pedágio, porque ele vai perceber que não é possível, na Dutra, ele pagar R$ 7, e na Fernão Dias, ele pagar R$ 0,99. Ele vai perceber que há uma diferença e vai começar a cobrar, e o governo, seja federal ou estadual, vai ter que sempre trabalhar mais, tentando atingir a perfeição para que o usuário seja o beneficiado."
Lula também comentou a confiança do investidor estrangeiro em se estabelecer no país, já que dos sete trechos leiloados, seis vão ficar com empresas espanholas. "Na medida em que você estabelece uma relação de confiança, eu tinha tido a oportunidade de estar na Espanha um mês atrás fazendo uma exposição do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], fazendo uma exposição daquilo que seriam os leilões. O que nós percebemos? Quando a economia está ajustada, quando as pessoas percebem que o Brasil está dando certo, quando as pessoas percebem que o governo está agindo com seriedade, as pessoas também agem com seriedade."

Diga-me com quem tu andas que eu te direi quem tu és

Sérgio Torres e Andreza Matais
na Folha de São Paulo de hoje

O governo federal acusa na Justiça o senador Wellington Salgado (PMDB-MG), seus pais, irmãos e instituições de ensino da família no Estado do Rio e em Minas Gerais de sonegarem pelo menos R$ 75,13 milhões em contribuições previdenciárias e Imposto de Renda.
Um dos principais aliados do presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Salgado é co-réu em oito ações de execução fiscal que tramitam na 8ª Vara de Justiça Federal de Niterói (RJ). Os advogados da família alegam "nulidades e vícios processuais".
Em valores não-atualizados, a Fazenda Nacional e o Instituto Nacional do Seguro Social cobram dele, dos parentes e entidades que controlam R$ 75,13 milhões, mas o montante devido pode ser bem maior, não só pela defasagem dos valores fixados na abertura das ações mas também porque existem mais processos tramitando na Justiça fluminense e mineira.
Só na 1ª Vara Federal de São Gonçalo (RJ) correm mais três ações de execução fiscal movidas pelo INSS contra a Asoec (Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura), instituição da qual Salgado se licenciou da presidência ao assumir há dois anos a vaga no Senado do ministro das Comunicações, Hélio Costa. Na própria 5ª Vara de Niterói tramita mais uma execução fiscal, cujo valor não foi informado pela Justiça.
A gestão de Salgado na Asoec já chegou ao STF (Supremo Tribunal Federal) em outros dois inquéritos em que é acusado de apropriação indébita no valor de R$ 12 milhões de IR. Segundo a Receita, a Asoec descontou de funcionários e prestadores de serviço o imposto, mas não repassou os valores ao fisco. Segundo a Receita, o dinheiro foi desviado entre maio de 2000 e dezembro de 2005.
Só em uma ação da 5ª Vara de Niterói a Asoec é cobrada pela Fazenda em R$ 43,282 milhões, em valores de outubro de 2005. São réus no processo, além da instituição, o senador Salgado, seu pai, Joaquim de Oliveira, e seus irmãos Wallace e Jefferson Salgado de Oliveira, que assumiu a Asoec em 2005.
Noutra ação, o INSS acusa a Asoec de sonegar R$ 24,112 milhões em contribuições previdenciárias. Nesse processo, além dos três irmãos, do pai e da instituição, é co-ré a professora Marlene Salgado, matriarca da família e reitora da Universo (Universidade Salgado de Oliveira). Também é ré em parte das ações a Sociedade de Ensino do Triângulo, de Uberlândia (MG), gerida pela Asoec.
Além da educação, a família tem expandido sua atuação na área das comunicações. Wellington Salgado controla, associado aos irmãos e a amigos, três emissoras de TV: a TV Vitoriosa, canal 3 de Ituiutaba (MG), retransmissora do SBT; a TV Goiânia, retransmissora da Band em Goiás, e a TV Passaponte, emissora educativa de São Gonçalo, onde a Asoec foi fundada em 1971 e até hoje tem sede. A TV Goiânia ele comprou dos Diários Associados em 2002, mas só quitou a dívida de R$ 9,5 milhões em 2005, dois anos após o previsto e após ser acionado judicialmente.
O senador, que há dias anunciou a intenção de deixar a política em 2008, é sócio ainda de pelo menos cinco rádios --no Rio (Angra dos Reis, Cabo Frio e Rio Bonito), Minas (Araguari e Uberlândia) e Goiás (Senador Canedo)-- e ainda do jornal "O São Gonçalo", dirigido pelo irmão do senador, no Rio.
Outro lado
Nas ações da 5ª Vara Federal de Niterói, a defesa do senador Wellington Salgado, de seus parentes e instituições alega "nulidades e vícios processuais" e pede que ou as ações sejam sustadas ou que delas sejam retirados os integrantes da família Salgado, deixando a responsabilidade às instituições de ensino.
Outro argumento da defesa é que a Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura é uma entidade filantrópica sem fins lucrativos que mantém universidades, serviços de assistência social, biblioteca e centro de educação física, presta gratuitamente serviços odontológicos e jurídicos e ampara menores carentes e idosos.
Procurado pela Folha até sexta, o senador não foi encontrado. Ele tem dito que as denúncias estão sendo exploradas por causa da sua relação com Renan Calheiros.

Um cheirinho de pizza no ar

Hummmm, quer dizer que o Senado Federal sob a batuta de Tião Viana quer voltar à normalidade depois do pedido de licença de Renan Canalheiors. Estou sentindo um cheirinho de pizza no ar. Ao colocar na pauta a votação da prorrogação da CPMF os processos contra o Rei do Gado vão ficando de lado. Não custa nada lembrar que Renan pediu licença, ou seja, ele ainda é senador. Os quarenta e cinco dias de licença estão passando e, até agora, o Conselho de Ética não deu nenhum passo para investigar os outros processos contra o Rei do Gado. Sem dizer que na Mesa Diretora existe mais um processo relacionado ao dossiê que Canalheiros estava preparando contra seus adversários. A CPMF não pode deixar o coronelzinho alagoano de lado. Ele tem que ser investigado!

Só os subsídios?

Lula criticava àbeça as viagens que Fernando Henrique Cardoso fazia. Agora que é presidente, Lula pega seu avião e faz o seu tour pelo mundo afora. Desta vez, a LulaTour está na África. Lula não sente nenhum constrangimento em desfilar ao lado de governantes que estão no poder há muito tempo e que não dão mostras de querer passar o poder para outros.
Em Burkina Faso, Lula criticou os subsídios agrícolas que, segundo ele, empobrecem a economia dos países africanos. Ué, são só os subsídios que estragam a economia dos países africanos? A corrupção protagonizada por estes ditadores que ainda permanecem no poder também não gera nenhum mal para a população dos países africanos? Lula não fala nada sobre os tiranos. Acha mais bonito sair na foto ao lado deles, principalmente na festa em que se comemora o aniversário da ditadura.
Este é o Lula democrata. Para ele tentar o terceiro mandato em 2010 é logo ali...

Na África, Lula critica subsídios agrícolas

do site G1

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou nesta segunda-feira (15), durante visita à Africa, a campanha contra os subsídios agrícolas dos países desenvolvidos.

Em encontro de empresários brasileiros e de Burkina Faso, Lula afirmou que os países africanos são os mais prejudicados com a política de subsídios. "Os subsídios ferem diretamente a economia dos países pobres da África. Estamos juntos na luta contra os subsídios agrícolas dos países ricos", afirmou o presidente brasileiro. Ele assinou acordos de cooperação entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o governo de Burkina Faso para melhoria e modernização do setor de produção de algodão. O país africano é o maior produtor de algodão do continente. Lula assinou também acordo para implantação de projeto de produção de biocombustível. Segundo o presidente, a produção de biocombustível não prejudica a segurança na produção de alimentos. "O problema da fome no mundo não decorre da falta de alimentos, mas da questão da renda. Jamais defenderia projetos que tirassem alimento da mesa dos trabalhadores." Lula disse esperar que a visita à Burkina Faso e a abertura de uma embaixada brasileira no país possam incentivar intercâmbios entre os empresários do Brasil e de Burkina Fasso. Em uma conversa com integrantes da delegação brasileira, Lula comentou que a economia de Burkina Faso é o equivalente a uma décimo do orçamento da estatal brasileira Petrobrás e que, por isso, é preciso ajudar o país.

Elogios, só hoje

Hoje é Dia do Professor. Quando eu estudava lá no Colégio Agostiniano, na data do mestre não tinha aula. Era uma beleza. Assim como é uma beleza ler os artigos que são escritos no dia de hoje sobre a data em questão. De políticos a sindicalistas, todos querem falar do professor.
Os políticos falam que fizeram muito pelos mestres. Relembram os aumentos de salário, as gratificações e outros benefícios que os políticos garantem que fizeram. Já os sindicalistas falam da importância do professor na educação das novas gerações. Relembram das lutas do passado, das greves, dos protestos contras os políticos que desvalorizavam o professor. Ao invés de homenagens, brigas entre governo e sindicato para saber quem deu mais salário e quem fez mais greve por salários.
Aqui no Brasil o professor só é elogiado no dia 15 de outubro. Nos outros 364 dias ninguém escreve um artigo falando sobre o seu papel na educação. Por isso, quem é professor, é bom aproveitar os palavreados cheios de poesia e citação de pensadores que vão pipocar tanto nos jornais como na internet. E é bom guardar estes artigos. Daqui 365 dias é bem capaz de ser o mesmo a estampar o mesmo jornal sobre o mesmo dia.

Eu quero ver os números

Quando o governador de Goiás Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, tomou posse no começo deste ano, mostrou para todo mundo que a situação financeira de Goiás era caótica. Não tinha dinheiro para nada. Cidinho emitiu decretos mandando cortar gastos e fazer economia.
Ninguém sabia explicar o motivo da falta de grana nos cofres do estado. Será que o Tempo Novo endividou o estado nestes oito anos de marconismo no Palácio das Esmeraldas? Ou será que ainda é o resto do Tempo Velho? Vimos os dois tempos brigando entre si, um empurrando para o outro a dívida do estado. Enquanto os tempos brigavam, Goiás parava e até hoje não se sabe quando vai começar a se movimentar.
Leio na edição de hoje do Diário da Manhã que boa parte dos deputados estaduais apóia Jorcelino Braga, secretário da fazenda de Cidinho. Até a oposição o apóia. Até o peemedebista José Nelto, tão crítico do Tempo Novo, disse que Jorcelino “colocou as finanças em ordem”.
Eu quero que os deputados ouvidos pelo jornal me mostrem os números que provem que o estado já está com grana no cofre. Quero que eles me expliquem tudo direitinho. Eles devem saber de muita coisa que poucos conhecem. Eles devem saber aquilo que Jorcelino Braga está fazendo para equilibrar as finanças do estado. Afinal, se nem mesmo o secretário todo poderoso de Cidinho concede entrevista para falar sobre os números da conta do estado, os deputados estaduais ouvidos pelo Diário da Manhã sabem de muita coisa. Devem saber como e por que o estado endividou e como e por que o estado já equilibrou as finanças. Os deputados devem ter os números no papel para responder de bate-pronto a atuação do chefão dos cofres de Goiás. Vamos lá, José Nelton. Me informe os números. Será que você, líder do PMDB, vai dizer que este governo equilibrou a dívida do estado? Que bela oposição nós temos na Assembléia Legislativa.

Lula começa viagem à África em ato ao lado de ditador

Leonêncio Nossa
no Estado de São Paulo de hoje

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia hoje sua sétima viagem à África sendo recebido às 8 horas da manhã (6 horas em Brasília), na capital de Burkina Faso, pelo capitão Blaise Campaoré. Vai participar das comemorações dos 20 anos da ditadura no país, iniciados em15 de outubro de 1987 - ano em que Campaoré comandou um golpe que resultou no assassinato do então presidente marxista, Thomas Sankara. Assessores e diplomatas do governo brasileiro tentaram desvincular a visita de Lula à festa promovida pelo ditador, mas a propaganda oficial do país africano foi bem ostensiva, ontem, nas ruas e hotéis da capital. A imagem de Campaoré, com a inscrição “20 anos de Justiça e Democracia”, estava nos vestidos de modelos contratadas pelo governo local e em cartazes gigantes espalhados pelas principais vias de acesso ao centro da cidade. Em muros da periferia, outros cartazes colados por opositores lembravam o assassinato de Sankara e convidavam para um seminário sobre o sistema político que o ex-presidente tentou implantar, de forte oposição ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco Mundial. O presidente brasileiro é o mais ilustre convidado da festa do golpe, que pôs fim à aventura marxista e sindical de Sankara num dos países mais pobres do continente. Hoje, Burkina Faso sobrevive da lavoura de algodão e tenta atrair investidores externos para suas minas de manganês, ouro e prata. Às 10 horas, Lula e Campaoré se reúnem com empresários dos dois países e em seguida participam do colóquio Democracia e Desenvolvimento na África. Campaoré se define como um líder “democrático” e “aberto ao diálogo”. Desde a independência da França em 1960, o país - conhecido no passado como Alto Volta - passou por cinco golpes de Estado, com uma série de assassinatos de líderes da oposição. A festa será encerrada, à tarde, com a abertura da Semana do Cinema Brasileiro, uma mostra de filmes como Pelé Eterno, Cafundó, Macunaíma, Quase Dois Irmãos e Atlântico Negro.Às 16h30, Lula segue para Brazzaville, capital da República do Congo. A viagem se completará, até quinta-feira, com as visitas à África do Sul e a Angola. Com esse giro, o presidente terá visitado 19 dos 53 países africanos. Em Brazzaville, Lula é esperado pelo coronel Denis Sassou-Nguesso, líder de uma ditadura militar de dez anos. Na quarta-feira, participará em Johannesburgo, na África do Sul, do II Fórum Ibas, encontro de chefes de Estado do Brasil, África do Sul e Índia. A quarta visita será a Angola, onde José Eduardo dos Santos está no poder desde 1979.DESAFIO CHINÊSOs diplomatas do Itamaraty afirmam que a presença de Lula nos países africanos facilita os negócios das empresas brasileiras, num mercado emergente onde é cada vez mais forte a presença da China. O país asiático é hoje o terceiro maior parceiro comercial dos africanos, atrás apenas de Estados Unidos e França. Até 2009, a China pretende repassar US$ 40 bilhões apenas em empréstimos e ajuda financeira para boa parte das 53 nações africanas.As empresas chinesas, como as brasileiras Petrobrás e Vale do Rio Doce, também estão de olho nas reservas minerais do continente. E, como o Brasil, a China mobiliza o seu presidente, Hu Jintao, que em novembro do ano passado conseguiu reunir em um encontro oficial em Pequim 48 representantes dos países africanos para discutir as relações bilaterais.EMPRÉSTIMOSOs números do Ministério da Indústria e Comércio mostram que rendem dinheiro as viagens de Lula à África, um continente onde o presidente costuma fazer discursos emotivos e falar da história dos escravos. Só no caso de Angola, o governo destaca que as exportações passaram de US$ 235 milhões em 2003 para US$ 836 milhões no ano passado. Também aumentaram as exportações para África do Sul (US$ 733 milhões para US$ 1,45 bilhão no mesmo período) e Congo (US$ 13,3 milhões para US$ 34,1 milhões). “Não se trata de uma questão de competição com os chineses”, diz o embaixador Roberto Jaguaribe. “A África é uma região fundamental e prioritária para nós”, acrescenta. O presidente planeja novas visitas ao continente africano em 2008, 2009 e 2010.