terça-feira, 4 de novembro de 2008

Deus, o Pai acolhedor dos iludidos

Confesso que já errei muitas vezes. Fiz escolhas erradas. Talvez, ao invés de Pedagogia, eu fizesse Jornalismo para depois fazer História. Mas não tem jeito de voltar no tempo. Espero que, para ser jornalista, não seja necessário diploma. Como se um simples diploma ditasse o caminho de um profissional.
Uma das minhas escolhas erradas foi votar em Lula nas eleições presidenciais de 2002. Acreditei naquele discurso de mudança. Era a minha primeira eleição presidencial que eu votaria. Eu, no alto dos meus 19 anos, olhava para os meus pais com um jeito revolucionário: “José Serra não é de nada. Agora é Lula”. Não, naquela época a gente não sabia de Marcos Valério e Delúbio Soares era apenas um goiano na campanha petista (talvez este fato tenha sido elogiado na gloriosa imprensa de Goiás).
Lembro dos dias após as eleições. O tanto de gente falando bem de Lula (eu ainda não lia Diogo Mainardi na época e nem sabia dos textos de Reinaldo Azevedo e Olavo de Carvalho). Seguia a onda. Achava que aquele metalúrgico com capacidade tremenda para negociação fosse mudar o país. Pensei que meu voto contribuiria para uma revolução. Ah, meus 19 anos... Quanta ilusão.
Ainda bem que eu acordei a tempo. Vi que Lula e o PT eram mentirosos antes mesmo do primeiro escândalo de grandes proporções que foi o caso Waldomiro Diniz. Quando o escândalo estourou só confirmou o meu erro em 2002. Como pude cair naquela conversa mole? Como pude acreditar num partido e num candidato que, de uma hora para outra joga na lata do lixo a ética na política tão defendida? Ainda bem que eu acordei a tempo. Ainda bem que eu vi que Lula e o PT não prestavam antes de Waldomiro ser flagrado pedindo propina para um bicheiro, vejam vocês, de Goiás chamado Carlinhos Cachoeira (outro dia o vi numa nota de uma coluna social de um jornal).
Por que estou fazendo esta recordação? Porque os Estados Unidos estão caminhando pela mesma estrada que nós caminhamos em 2002. Eles, assim como nós, estão acreditando que alguém vai salvar, vai mudar tudo que está aí. Mas, para ser sincero, o motivo deste post foi o artigo de Arnaldo Jabor publicado hoje em vários jornais (li no Popular). Ele acha que Barack Obama vai salvar os Estados Unidos e, de quebra, mudar o mundo. Ah, a gente não aprende mesmo. Pelo visto, não é só Oscar Niemeyer que não larga das suas ideologias ultrapassadas. Jabor também não larga sua crença de que um sonho pode mudar tudo. Sonho para mim é só aquele doce que vende na padaria. Não sei como até hoje tem gente que acredita em sonho. Que tem um sonho! Ora essa, os Estados Unidos não precisam de sonhos e sim de chão, realidade, de coisas concretas para dar um jeito na crise econômica.
Infelizmente, Arnaldo Jabor não está sozinho. Parece uma corrente (pra frente?) que se espalha pelo mundo. Barack Obama é o enviado de Deus para salvar os Estados Unidos. Se ele ganhar o mundo estará salvo. Se ele perder a culpa é do racismo. John McCain não pode ganhar. Afinal, só os maldosos desafiam a vontade de Deus e, no artigo de Jabor, os republicanos são os maldosos.
Aliás, o desfecho do artigo do Jabor me lembra um post que escrevi ontem. Reproduzo:

Mas, na qualidade de profetinha autoproclamado, em verdade vos digo: "Chegou a hora deste homem bronzeado mostrar seu valor.

Deus é pai. Obama vai ganhar!"


Ontem, escrevi aqui:
Tenho certeza que uma ou duas pessoas olharão para o céu esperando que uma pomba branca desça e pouse nos ombros do primeiro presidente americano negro e, ansiosas, aguardarão a voz divina: “Eis meu filho muito amado! Ouçam o que ele tem a dizer!”.

Pois é. Uma destas pessoas que olharão para o céu é Arnaldo Jabor. Aí, quando a pomba não pousar no ombro de Barack Obama e fizer uma caca na testa veremos Jabor esculhambando Obama chamando-o de “fazedor de ilusões”.
Eu, na qualidade de profetinha insignificante proclamo: Barack Obama presidente vai ser um desastre. E Deus continuará sendo o Pai acolhedor dos iludidos. Os iludidos com o petismo e os iludidos com Obama.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ainda bem que você é novo e se arrependeu do voto ao Lula. O Lula nunca me enganou e só confirmou minha suspeita. Quanto às eleições americanas, embora não tenha apreço por nenhum dos canditados, até porque eu detesto americano, pela arrogãncia, seguramente o Obama é melhor e mais preparado para a América do que o Lula para o Brasil. Como dizia Collor, Lula nunca havia administrado sequer um carrinho de pipoca e não sabia diferenciar fatura de duplicata. Por outro lado, para substituir um Bush, alé um Lula seria melhor.Credo!!
Abraços.
roberto - Goiãnia.