sábado, 26 de janeiro de 2008

Os primeiros resultados

Os primeiros resultados mostram que Barack Obama vence a prévia democrata da Carolina do Sul. Ele tem 52% dos votos enquanto que Hillary Clinton aparece em segundo com 27% e John Edwards com 20%. A CNN e a MSNBC já estão projetando a vitória de Obama nesta prévia.

Primeiras previsões

As primeiras previsões nos mostram que Barack Obama tem vantagem sobre Hillary Clinton. Mas, como vimos em prévias passadas, tanto do lado Republicano como do lado Democrata, não podemos confiar muito nas pesquisas.
Outras previsões, como mostra o post abaixo, indicam recorde de público. Nas prévias de 2004 os votantes foram de aproximadamente 290 mil pessoas. Já nas prévias de hoje são aguardados 350 mil votantes.

Mais um recorde?

Será que a prévia democrata na Carolina do Sul vai quebrar o recorde de público? É o que esperam os partidários do lado Democrata. Vamos ver. Dizem que o voto do público negro será decisivo. Muitos direcionam este voto para Barack Obama que é Afro-Americano. Mas tem gente que diz que o ex-presidente Bill Clinton tem moral com o mesmo público. Porém, nos últimos dias, Obama e Bill têm trocado farpas. Será que estas farpas vão afetar no voto não somente dos negros, mas do público como um todo? Vamos ver.

E tem mais

Estas obras que o Diário da Manhã fala pertencem ao governo Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, ou são restos do governo Marconi Perillo?

Quem se importa com esta reforma

Esse negócio de reforma administrativa não vai dar em nada. Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, só vai empurrando os decretos com a barriga.
Uma matéria interessante saiu hoje no Diário da Manhã. Fala que o governo não é só reforma e que está realizando muita coisa, fazendo muita obra. Ora, se o governo está assim tão atuante então por que será que a base aliada está tão descontente com o governo por conta da não inauguração de obras, já que estamos em ano eleitoral? A imprensa goiana está voltando ao que era antes: elogiar o governo sempre. Primeiro foi o Diário da Manhã. Vamos aguardar O Popular e os outros jornais daqui de Goiás. Daqui a pouco, os jornais só noticiarão coisas boas do governo Cidinho. E a reforma... Ora, quem se importa com esta reforma?

O outro mundo possível acabou

Pedro Wilson escreve um artigo hoje no Diário da Manhã exaltando o Fórum Social Mundial. Eu nem sabia que este fórum ainda existia. Pedro Wilson afirma no seu artigo que o Fórum Social Mundial irá mostrar que o sonhos de outro mundo ainda é possível. Só faltou alguém falar para ele que Lula e o PT acabaram com este sonho. Lula seguiu o mesmo mundo que ele sempre foi contra e hoje o Brasil está aí, firme na economia, até a crise norte americana não chegar aqui. Lula seguiu a proposta neoliberal (criticada por Pedro Wilson) e se deu bem. O problema é que a oposição formada pelo PSDB e DEMO não conseguiu falar para a população que tudo o que Lula faz na economia foi uma continuação da política econômica do governo anterior. A política neoliberal que Pedro Wilson critica salvou o Brasil do atraso que a política econômica petista pregava quando era oposição. Que calote que nada! Vamos pagar a dívida externa. Vamos manter o superávit primário. Vamos manter tudo o que o governo anterior fez e colher os frutos. A oposição incompetente ainda não sabe reivindicar o que é seu, o que foi fruto do seu trabalho e que os petistas sempre criticaram.
Pedro Wilson ainda acredita num outro mundo possível. Azar o dele. Enquanto ele prefere exaltar o Fórum Social Mundial eu prefiro desmascarar o Foro de São Paulo. Aliás, será que neste Fórum Social Mundial vai ter alguma manifestação em defesa das Farc? Se tiver precisamos acionar a Justiça.

Desmascarando o Foro de São Paulo

Segue num post aí abaixo o artigo de Reinaldo Azevedo publicado na edição desta semana da revista Veja. Finalmente um jornalista resolveu falar sobre o Foro de São Paulo. Melhor dizendo, outro jornalista resolveu falar sobre o Foro de São Paulo além de Olavo de Carvalho. Olavo é um dos que mais denunciam o Foro, a ligação entre o PT e as Farc. Isso mesmo! As Farc, a organização terrorista amiguinha de Hugo Chávez faz parte do Foro de São Paulo. Marco Aurélio Garcia foi para a Venezuela acompanhar o resgate dos reféns que estavam em poder das Farc. Marco Aurélio é o braço direito de Lula no Foro. Aliás, o fundador do Foro de São Paulo é Lula. O mesmo Lula que se mostrou ignorante, bobo, cego em 2005 quando o mensalão passou debaixo do seu nariz é capaz de fundar uma organização esquerdista que abriga as Farc. Os terroristas das Farc são amigos de Lula. É preciso denunciar esta aliança. É preciso mostrar que Lula não é este bobinho, este metalurgicozinho que a Dona Zélite tem preconceito. É preciso mostrar que Lula é perigoso. É o fundador do Foro de São Paulo, a organização que deseja espalhar o comunismo pela América Latina com o apoio das Farc. As mesmas Farc que seqüestram, matam, tocam o terror na selva colombiana e que enviam drogas para o Brasil. Não custa nada lembrar que o traficante Fernandinho Beira Mar era aliado dos terroristas das Farc.
Finalmente outro jornalista além de Olavo de Carvalho mostrou com provas, com documentos oficiais, que o Foro de São Paulo existe. Não é uma ficção criada pela direita contra o metalúrgico que chegou à Presidência da República do seu país. Lula é perigoso de mais. A esquerda é perigosa demais. Ainda bem que Olavo de Carvalho e Reinaldo Azevedo estão desmascarando o Foro de São Paulo.

"Trajetória de um sessenta-e-oitão (2)" por Roberto Pompeu de Toledo

No capítulo anterior, deixamos nosso personagem no Recife, para onde o conduzira uma operação de transplante de cabelos. O típico sessenta-e-oitão, combativo combatente de tantas causas, iniciava este 2008 em que se comemoram os quarenta anos do ano de 1968 combatendo a calvície. O personagem em questão é o ex-deputado e ex-ministro José Dirceu, hoje "consultor", entenda-se por isso o que bem se entender, ou não se entenda. Sessenta-e-oitão é a palavra que, à falta de uma mais elegante, como a francesa soixante-huitard, quer designar as pessoas que viveram com intensidade o ano de 1968, e ficaram marcadas pelas idéias e experiências do período. Há mais a declarar, tanto do personagem quanto do ano e dos sessenta-e-oitões.
1968 não foi apenas o ano dos grandes rebuliços políticos, para o bem ou para o mal, do Maio francês à invasão da Checoslováquia, dos movimentos contra a Guerra do Vietnã e pelos direitos civis, nos EUA, ao assassinato de Martin Luther King e de Bob Kennedy, das passeatas contra a ditadura, no Brasil, à decretação do AI-5. Foi também o ponto culminante de uma década em que se inventou o jovem. Se o leitor pensa que o jovem sempre existiu, engana-se. Na década de 50 só havia o velho. O ideal era ser velho. As moças, tão logo saíam da puberdade, vestiam-se e penteavam-se como suas mães ou avós. É só conferir nos retratos de nossas mães ou avós. Os meninos, tão logo deixavam as calças curtas, vestiam um terno, de preferência cinzento, e metiam um chapéu na cabeça. Bacana era ser, ou pelo menos parecer, circunspecto como um velho.
Na década da grande virada que foi a de 60, o jovem tomou espetacularmente o lugar do velho. Três grandes fatos mundiais estão na origem do fenômeno. O primeiro foi a troca, na Presidência dos EUA, de Eisenhower por John Kennedy. Ninguém mais velho, mais careta e mais careca do que Eisenhower. Ninguém mais jovem (43 anos), mais moderno e mais boa-pinta, entre todos os ocupantes da Casa Branca, até então, do que Kennedy. O segundo fato, auto-explicativo, foi o surgimento dos Beatles. O terceiro foi o Maio de 1968 na França, radiosa etapa da imaginação no poder e do "não-confie-em-ninguém-com-mais-de-trinta-anos". O Brasil foi a reboque, tanto nas passeatas – aqui com mais razão de ser, pois protestavam contra a ditadura – quanto nas manifestações culturais, como a música, e nos costumes, estes tendo a liberação sexual como seu item mais glorioso. José Dirceu, como típico sessenta-e-oitão, não apenas se destacava na militância política como estava na linha de frente da revolução dos costumes. Passava como um trator sobre o coração das meninas. Chamavam-no "o Alain Delon dos pobres".
Um sessenta-e-oitão é bicho duro na queda. Quarenta anos depois, e já sexagenário, além de sessenta-e-oitão, Dirceu continua fiel à mesma e inconfundível pauta da revolução nos costumes deflagrada quando ele tinha 20 anos. No perfil que lhe dedicou a revista Piauí, de autoria da repórter Daniela Pinheiro, lá está ele explicando por que, apesar de ainda gostar de sua terceira mulher, Maria Rita, se separou dela e está de namorada nova: "Eu ficaria casado com ela (Maria Rita) a vida toda, mas uma hora o casamento acaba, e o casamento tem de estar vivo, sabe como é?" Nada mais sessenta-e-oitão, setor costumes. Aos quase 62 anos, idade de Dirceu, um homem da década de 50 era um Matusalém sem outra ambição romântico-sexual na vida senão vestir um robe de chambre de seda. Já Dirceu está longe de aposentar o Alain Delon dos pobres que abriga dentro de si. A reportagem da Piauí o flagra em dois momentos reveladores. Num deles, no restaurante, comenta com um amigo que uma mulher o estava "secando com os olhos". Em outro, conta que uma vez, no Peru, uma mulher mandou o garçom perguntar quem era "el hermoso" da mesa ao lado.
José Dirceu confere a aparência a cada espelho que lhe aparece pela frente. Tem um pentinho verde no bolso da calça para acertar os cabelos sempre que julga necessário. E é doido por cremes hidratantes, especialmente um cubano, de fórmula feita para Alicia Alonso. O.k., isso já está parecendo caricato. Nem todo sessenta-e-oitão é assim. Tal qual pintado nestes últimos parágrafos, o consultor José Dirceu tende perigosamente para o Gatão de Meia-Idade, personagem dos quadrinhos de Miguel Paiva. Mas a caricatura é feita exatamente para, ao acentuar os traços, melhor caracterizar o tipo, e neste caso "el hermoso", como foi chamado pela mulher do restaurante – e não se constrangeu em repetir para os amigos –, nos serve. O culto ao jovem inaugurado nos anos 60 espalhou-se dos costumes e das músicas para todos os setores e ganhou vida fértil na moda e na publicidade. Alguém formado nesse caldo de cultura não vai admitir um casamento que não está mais vivo nem se render à calvície sem mais nem menos. Eis um sessenta-e-oitão que, assim como faz com o Alain Delon que o habita, lutará até a última gota de sangue contra a aposentadoria do pentinho verde.

"O Foro de São Paulo não é uma fantasia" por Reinaldo Azevedo

Vivemos os últimos dias de 2007 e os primeiros de 2008 sob o signo do terror. Setores da imprensa do Brasil e do mundo se deixaram seduzir pela pauta dos bandidos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Co-estrelaram a farsa protagonizada pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que "libertou" duas reféns (há oitocentos!), os governos do conservador Nicolas Sarkozy, presidente da França, e do "progressista" Luiz Inácio Lula da Silva. Os maus herdeiros de Tocqueville (1805-1859), autor de Democracia na América, querem apenas resgatar do coração das trevas Ingrid Betancourt, uma cidadã que também tem nacionalidade francesa – e depois esquecer aquele canto amaldiçoado das... Américas. Já Marco Aurélio Garcia, assessor especial de Lula e representante brasileiro na "negociação", estava lá como um utopista. Ele é fundador de uma entidade internacional chamada Foro de São Paulo, que tem como sócios tanto o PT como as Farc. Existe, portanto, uma entidade em que essas duas organizações são parceiras, companheiras e partilham objetivos comuns.
O tal Foro foi criado em 1990 por Lula e pelo ditador Fidel Castro. Reúne partidos e grupos de esquerda e extrema esquerda da América Latina. Era a resposta local ao fim do comunismo – a URSS seria oficialmente extinta no ano seguinte. Há dois anos e meio, no aniversário de quinze anos da entidade, a reunião dos "companheiros" se deu no Brasil. E Lula discursou para a turma. Não acredite em mim, mas nele. A íntegra de sua fala está no endereço oficial www.info.planalto.gov.br. Clique no terceiro item da coluna à esquerda, "Discursos e entrevistas", e depois faça a procura por data: está lá, no dia 2 de julho de 2005.
Em sua fala, o presidente brasileiro:
- exalta a atuação de Marco Aurélio Garcia no Foro:
"O companheiro Marco Aurélio tem exercido uma função extraordinária nesse trabalho de consolidação daquilo que começamos em 1990";
- explicita as vinculações da organização com Chávez:
"O Chávez participou de um dos foros que fizemos em Havana. E graças a essa relação foi possível construirmos (...) a consolidação do que aconteceu na Venezuela, com o referendo que consagrou o Chávez como presidente da Venezuela";
- canta as conquistas internacionais da patota:
"E eu quero dizer para vocês que muito mais feliz eu fico quando tomo a informação, pelo Marco Aurélio ou pela imprensa, de que um companheiro do Foro de São Paulo foi eleito presidente da Assembléia, foi eleito prefeito de uma cidade, foi eleito deputado federal, senador (...)";
- expõe os tentáculos internos de que o Foro se serve:
"Vejam que os companheiros do Movimento Sem-Terra fizeram uma grande passeata em Brasília. (...) A passeata do Movimento Sem-Terra terminou em festa, porque nós fizemos um acordo entre o governo e o Movimento Sem-Terra";
- e reafirma a marcha rumo ao poder no continente e, se der, fora dele:
"Por isso, meus companheiros, minhas companheiras, saio daqui para Brasília com a consciência tranqüila de que esse filho nosso, de quinze anos de idade, chamado Foro de São Paulo, já adquiriu maturidade, já se transformou num adulto sábio. (...) Logo, logo, vamos ter que trazer os companheiros de países africanos para participarem do nosso movimento (...)."
Os petistas, como se vê, falam do Foro sem receio. Fizeram-no, por exemplo, no vídeo preparado para o 3º Congresso do partido, no fim de agosto e início de setembro do ano passado. Procure no YouTube. Parte do jornalismo brasileiro, no entanto, pretende que tratar do assunto é dar asas a uma fantasia paranóica. Eis uma prática antiga da esquerda. Ela sempre foi craque em ridicularizar a verdade, transformando-a numa caricatura, de modo que seus adversários intelectuais ou ideológicos não encontrem senão a solidão e o desamparo. Se você é do tipo que prefere anuir com o crime a ficar sozinho, acaba se comportando como um vapor barato do tráfico ideológico.
Já lembrei no blog a viagem que o escritor francês André Gide (1869-1951) fez à URSS em 1934, para participar do Primeiro Congresso dos Escritores. O evento era organizado por Jdanov, o poderoso ministro da Cultura. Intelectuais de todo o mundo estiveram lá. Só Gide denunciou o regime do ditador soviético Stalin (1879-1953), o que fez no livro Retour de l’URSS. Isso lhe valeu o ódio da esquerda internacional e uma espécie de ostracismo. André Malraux (1901-1976) foi um dos que silenciaram. Fez pior do que isso: afirmou que os Processos de Moscou, farsas jurídicas a que Stalin recorria para eliminar seus adversários (e até aliados), não maculavam a essência humanista do socialismo. De fato, o autor de A Condição Humana era um espião soviético. As esquerdas têm muitos heróis nascidos no solo fertilizado pelos cadáveres de seus adversários. Posso ficar só, mas repudio o crime.
Malograda a primeira expedição de Chávez e dos "observadores" para resgatar os reféns das Farc, o Itamaraty divulgou uma nota no dia 1º de janeiro lamentando o desfecho e concluía: "O governo brasileiro reitera seu apoio ao processo de paz na Colômbia, assim como a disposição de aprofundar sua contribuição a iniciativas de fortalecimento do diálogo interno naquele país". Traduzindo a linguagem diplomática: o Brasil reconhecia as Farc como "força beligerante" – uma reivindicação de Chávez –, e não como grupo terrorista. No dia 14 de janeiro, em seu programa de rádio, foi a vez de o próprio Lula afirmar: "Na medida em que as Farc se dispõem a libertar dois reféns, ela está dando (sic) um sinal de que é possível libertar mais. Portanto, o apelo que eu faço é que o governo colombiano e o meu amigo, o presidente (Álvaro) Uribe, mais os dirigentes das Farc se coloquem de acordo para que se possa (sic) libertar mais pessoas que estão seqüestradas". Os terroristas, que recorrem a assassinatos e seqüestros e vivem da proteção que oferecem ao narcotráfico, eram, assim, reconhecidos como expressão política legítima – agora não apenas no Foro de São Paulo, mas no âmbito da diplomacia e do governo brasileiros.
Isso tudo é irrelevante? Não é, não. Já publiquei no blog a lista dos partidos e organizações que integram o Foro: além do PT, do PC do B e das Farc, estão, entre outros, o também colombiano Exército de Libertação Nacional, o Partido Comunista de Cuba, o Partido Comunista do Chile, o Partido Comunista da Bolívia (aliado de Evo Morales), o Partido Comunista da Venezuela (engolido por Chávez), a Frente Sandinista de Libertação Nacional e o PRD mexicano (Partido da Revolução Democrática), do arruaceiro López Obrador, aquele que não aceita perder eleições.
A recusa em condenar as Farc, a defesa incondicional do governo de Hugo Chávez na Venezuela, o apoio às pantomimas de Evo Morales na Bolívia – mesmo e especialmente quando ele contraria interesses brasileiros – e de Rafael Correa no Equador e as relações sempre especiais com a tirania cubana fazem parte do alinhamento do governo do PT com este "Comintern" (Internacional Comunista) cucaracho, o Foro de São Paulo.
Ah, não. Não haverá uma revolução comunista liderada pelos petistas. É mais lucrativo operar uma "revolução" na telefonia, não é mesmo? Condescender com a hipótese do levante é uma forma de fazer uma caricatura do que vai acima. O que estou afirmando, e isto é inconteste, é que existe uma organização na América Latina, chamada Foro de São Paulo, a que pertencem o PT e as Farc, que coonesta grupos e governos que optaram pelo terror, pela ditadura ou por ambos. O que essa gente faz é chantagear a democracia, cobrando muito caro por aquilo a que temos direito de graça. E isso se dá, como sempre, sob o silêncio cúmplice e medroso dos democratas.
E que se note: por motivos óbvios, os petistas são mais decentes quando silenciam sobre os crimes das Farc do que quando fingem indignação em entrevistas.

"359 passos ao redor do mundo" por Diogo Mainardi

Edmund Hillary morreu em 11 de janeiro. No mesmo dia, meu filho deu 359 passos. Escalar o Monte Everest, como fez Edmund Hillary, pode parecer um feito um tantinho mais notável do que dar 359 passos, como fez meu filho. Mas, para quem tem uma paralisia cerebral como a dele, dar 359 passos seguidos, sem ajuda, sem cair, sem espatifar os dentes, é um evento épico, pelo menos na mitografia familiar. Se meu filho é Edmund Hillary, eu só posso ser seu sherpa, Tenzing Norgay. Ele cambaleia de um lado para o outro, com sua marcha incerta, progredindo lentamente de metro em metro, eu me mantenho na retaguarda, indicando-lhe o caminho menos acidentado e salvando-o das quedas.
Os 359 passos de meu filho foram dados em Veneza. Já estamos planejando nossos próximos desafios. Em primeiro lugar, daremos 359 passos no Corcovado. Depois disso, 359 passos na Muralha da China. Depois disso, 359 passos no Deserto do Saara. Depois disso, 359 passos na Acrópole. Depois disso, 359 passos no Monte Everest. Meu filho e eu daremos a volta ao mundo a pé, de 359 passos em 359 passos.
Sou um pai dedicado. O único aspecto frustrante de ser um pai dedicado é que agora todos os pais parecem ser igualmente dedicados. Time publicou uma reportagem sobre o assunto. Ela mostra como os pais passaram a se sujeitar cada vez mais às necessidades dos filhos, desempenhando uma série de tarefas maternais. De acordo com a reportagem, nós, pais dedicados, formamos uma nova categoria social. Mais do que isso: pertencemos a uma nova espécie. Até nosso nível de testosterona é inferior ao dos outros pais. Sou um sherpa hermafrodita.
Montaigne também era um pai dedicado. Num de seus ensaios, ele discorreu sobre o afeto paterno, ostentando sua filha Léonor, assim como eu ostentei meu filho Edmund Hillary e Tom Cruise ostentou sua filha Suri. Léonor foi a Suri do Renascimento. Em outro ensaio, Montaigne argumentou que filosofar é aprender a morrer. Depois de uma longa temporada de férias com meus filhos, estou perfeitamente preparado para a morte. Além de ser emasculado por meus filhos, fui subjugado por eles. Deixei de existir. Perdi a vontade própria. Desencarnei. Se filosofar é aprender a morrer, a paternidade é a filosofia do homem comum, a filosofia dos pobres de espírito, a filosofia das massas. É a única filosofia ao alcance de gente como Tom Cruise e eu.
No penúltimo dia de férias em Veneza, fomos a uma mostra fotográfica sobre a Aktion T4, o programa secreto de extermínio de deficientes físicos e mentais na Alemanha nazista. Entre 1940 e 1941, 70.273 deficientes foram mortos, muitos dos quais crianças. Quando a SS assumiu o controle do programa, seu nome mudou para Aktion 14F13. Até o fim da guerra, outros 200.000 deficientes foram mortos nas câmaras de gás dos campos de concentração. O Edmund Hillary da paralisia cerebral e seu sherpa hermafrodita ganharam uma nova meta: 359 passos em Buchenwald.

Prévia hoje faz democratas baixarem nível

Por Daniel Bergamaso
na Folha de São Paulo

Na semana da última primária democrata com valor eleitoral antes da Superterça -quando mais de 20 Estados americanos escolherão seus candidatos à Presidência-, a Carolina do Sul assistiu à troca de farpas mais afiadas não só entre os rivais Hillary Clinton e Barack Obama, mas também dos candidatos a primeira-dama e primeiro-marido pelo partido Michelle Obama e Bill Clinton.Michelle, cada vez mais presente na campanha do senador de Illinois, disparou em uma entrevista: "Se você não consegue conduzir a sua própria casa, você certamente não consegue conduzir a Casa Branca", frase que foi interpretada na imprensa americana como provocação a Hillary, que foi traída por Bill Clinton com a ex-estagiária Monica Lewinski quando ele era presidente. Questionada, Michelle negou a alusão.O ex-presidente Bill Clinton -que tinha os mesmos 46 anos que Obama tem hoje quando se elegeu pela primeira vez, em 1992- disse que o senador pode estar concorrendo à Presidência "cedo demais" e também que, na visão do candidato, só os presidentes republicanos tiveram boas idéias para o país desde 1980, o que Obama diz ser uma distorção da alusão que ele fez a Ronald Reagan."Bill Clinton está mais atrapalhando do que ajudando a campanha de Hillary na Carolina do Sul. Em um Estado onde 50% dos eleitores são negros, ele está atacando o candidato negro, e isso não está sendo bem visto nem entre quem decidiu votar nela", disse à Folha Elaine Kamarcks, analista política da Universidade Harvard.Obama chega hoje como favorito nas pesquisas a vencer a primária no Estado, na qual estão em jogo 54 delegados em um universo de 4.049 (o número total soma os conquistados pelos candidatos nas prévias mas também os "superdelegados", democratas atuantes que votam em quem quiserem na convenção do partido).O maior valor da vitória na eleição de hoje, contudo, é de imagem. O Estado da Flórida, que fará primária na terça, teve seus delegados invalidados pela cúpula nacional do partido por ter antecipado sua votação sem autorização. Com isso, a Carolina do Sul se torna o último termômetro da campanha democrata antes do dia 5 de fevereiro, a chamada Superterça.Se vencer mais essa disputa (ele ganhou em Iowa, enquanto Hillary se deu melhor em New Hampshire, Michigan e Nevada), o candidato reforçará aos eleitores que segue no páreo para ser o candidato democrata na eleição presidencial, em 4 de novembro.
O voto negro
Uma das funções delegadas por estrategistas a Michelle Obama na campanha da Carolina do Sul é "desempatar" o voto da mulher negra. As pesquisas detectam que existe uma clara divisão do eleitorado: negros e homens votam em Obama, enquanto brancos e mulheres tendem a votar em Hillary. "As mulheres negras são a zona cinzenta, e podem influenciar o voto da família", diz Kamarcks.A divisão do eleitorado foi retratada em uma reportagem da rede de TV CNN que causou polêmica. Telespectadores e celebridades como a atriz Whoopi Goldberg criticaram a emissora por retratar a dúvida da mulher negra de forma simplista, como se a dúvida fosse apenas de raça e gênero e não de propostas. A CNN fez outra reportagem se explicando.Para os estrategistas de campanha, Michelle é um trunfo para convencer as mulheres negras a votarem em Obama. Formada em sociologia na Universidade Princeton e em direito na Universidade Harvard, Michelle, 44, tem duas filhas -Malia, 9, e Sasha, 6- com o marido. Sempre bem vestida e atenciosa com eleitores, ao menos diante das câmeras, Michelle tem ampliado seu papel.Longe da briga entre Hillary e Obama, o senador John Edwards se mantém no terceiro lugar nas pesquisas nacionais, onde sempre esteve, desde o início da campanha. Uma derrota na Carolina do Sul, onde nasceu e onde fez a campanha mais cara entre os democratas, é tida como fatal para sua candidatura. Deixado de lado pela mídia, Edwards veiculou um comercial de TV no qual exibe manchetes citando "Obama e Hillary", "Hillary e Obama". No final, escreve: "Será mesmo?", sugerindo que a cobertura distorce a vontade do eleitor.

Seringueiros relatam que bolivianos os expulsaram

Por Matheus Pichonelli
na Folha de São Paulo

Seringueiros brasileiros que vivem às margens do rio Mamu, no departamento de Pando, na Bolívia, próximo à fronteira com o Brasil, relatam que uma milícia armada está agindo na região e pressionando as famílias a deixarem o local.A situação foi relatada, na última quarta-feira, por um grupo de 80 seringueiros a autoridades brasileiras e bolivianas durante reunião realizada numa escola de Vila Extrema, distrito de Porto Velho (RO), localizado a 360 quilômetros do centro da capital. A facção, segundo os seringueiros, é composta por mais de 30 homens.Participaram do encontro o vice-cônsul do Brasil em Cobija, Júlio Miguel da Silva, militares e políticos dos dois países.No encontro, os seringueiros afirmaram que receberam, no início de janeiro, uma espécie de intimação, feita por homens armados que percorrem a região com rifles e escopetas, para deixarem suas propriedades. Contaram não terem tido tempo de recolher seus pertences.Segundo eles, algumas famílias de brasileiros estão "reféns" da suposta milícia, que não permite que ninguém entre ou saia da região.Leonardo Fragoso, 68, seringueiro que vive há 42 anos com a mulher e dois filhos -nascidos naquele país- em uma propriedade não regularizada na Bolívia, disse à Folha que veio passar o fim de ano com a família no Brasil e que, na volta, foi abordado por um grupo armado com espingardas que não o deixou seguir caminho. A família dele tinha ficado no Brasil."Estavam numa ponte e não deixaram a gente passar. Ficamos quatro dias presos no barco e, depois disso, mandaram a gente voltar para o Brasil."Durante os quatro dias, cerca de 30 pessoas que estavam no barco com Fragoso se alimentaram das mercadorias compradas no Brasil.Segundo ele, não houve disparos nem agressão. Apenas ameaças. "Soube depois que uns 12 bolivianos tinham entrado na casa de uns parceiros no seringal perto do meu e mandaram saírem de lá com a arma no lombo", disse.Fragoso, que é dono de um seringal chamado Primavera, às margens do rio Mamu, afirma que o grupo tem como objetivo tomar a produção de castanha quebrada em seu seringal durante a última safra -algo em torno de 180 mil quilos do produto, segundo ele.Fragoso, que estimava ganhar R$ 70 mil com a produção, diz que os bolivianos ficaram também com 18 animais de carga da propriedade. "Falaram que nada mais ali é meu."O seringueiro diz que não quer mais viver na Bolívia. "Não vou ficar num lugar onde sou perseguido. Tudo o que quero agora é torcer para que os países entrem em acordo e que eu consiga pegar pelo menos meu gado e minhas galinhas pra começar a vida aqui."Segundo o professor de história Francisco Marquelino Santana, 41, que mora em Vila Extrema, cerca de 80 famílias brasileiras vivem às margens do rio Mamu. A maioria mora em pequenas propriedades, trabalham com extração de madeira, borracha e castanha. A Constituição boliviana proíbe a aquisição, por estrangeiros, de terrenos numa faixa de 50 quilômetros da fronteira.

PSDB vai ao STF contra 650 mil novas bolsas

Na Folha de São Paulo

O PSDB protocolou ontem no Supremo Tribunal Federal uma Adin (ação direta de inconstitucionalidade) contra a criação de cerca de 650 mil bolsas para o Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania).O governo criou as bolsas por medida provisória. A MP já havia sido editada em 2007, mas foi retirada do Congresso no final do ano para não atrasar a votação da CPMF. A ação do PSDB diz que a criação das bolsas agora fere a Lei Eleitoral. A Advocacia Geral da União diz que não.

Marinho afirma que Lula já trabalha por Marta em SP

Por Catia Seabra e José Alberto Bombig
na Folha de São Paulo

O ministro da Previdência Social, Luiz Marinho, afirmou ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já manifesta preferência pela candidatura da ministra Marta Suplicy (Turismo) à Prefeitura de São Paulo neste ano. Segundo o ministro, "ele [Lula] concorda que Marta é a melhor alternativa para a cidade".Para aliados da ministra, o aval de Lula é uma das condições para ela aceitar concorrer pela terceira vez ao cargo que ocupou entre 2000 e 2004, quando foi derrotada pela chapa José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM).Potencial candidato a prefeito de São Bernardo do Campo (Grande São Paulo) e hoje um dos principais interlocutores do presidente, Marinho disse que desde o final de 2007 conversa com Lula sobre a situação do PT em São Paulo. Disse ainda ter tratado do assunto com a ministra. "Para o PT, sem dúvida Marta é a melhor alternativa. O PT reivindica que a companheira seja a candidata."
Prazos e pressão
Segundo a Folha apurou, Marta já negocia com o Planalto uma data para deixar o cargo e, se possível, retornar ao ministério em caso de derrota.O temor da ministra é que o impacto de uma eventual derrota, principalmente se ela ocorrer para Kassab, o terceiro colocado nas pesquisas, atrapalhe seu sonho de concorrer ao Palácio dos Bandeirantes ou até mesmo ao Planalto em 2010. Com a garantia de voltar ao Turismo, Marta poderá manter uma "vitrine" política.Conforme a mais recente pesquisa Datafolha (realizada entre 26 e 29 de novembro de 2007), Alckmin tem 26% das intenções de voto, contra 25% de Marta e 13% de Kassab. Quando o candidato do PT é o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), ele recebe 1% no mesmo levantamento.Pela lei, Marta deve se desincompatibilizar até o início de junho, mas seu grupo político tem feitos gestões para que ela entre na disputa no final de maio, a exemplo do que pretende fazer Marinho.Ele, no entanto, diz ter se comprometido a dar uma resposta ao PT e aliados até abril. "No meu caso, seria uma comodidade pessoal muito grande continuar ministro. Como não trabalho com a comodidade, vou refletir sobre isso."Apesar do discurso, Marinho não se conteve ao ser abordado por uma moradora de São Bernardo, ontem, à saída da missa em comemoração do aniversário de São Paulo. "Organize-se lá porque sou candidato", disse a Luzia Merzbahcer. "O senhor vai concorrer?", perguntou ela. "Vou", respondeu o ministro.Marta cumpre agenda oficial na Europa. Segundo sua assessoria de imprensa, a ministra está satisfeita e empolgada com o trabalho no ministério, mas deverá avaliar o assunto eleições enquanto o prazo estipulado pela lei vigorar.
Aliança com PDT
Também presente à missa, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), disse apostar na candidatura Marta Suplicy em São Paulo.Presidente nacional do PDT, Lupi diz que é difícil, "mas não impossível", o partido apoiar Marta na cidade. Como hoje o PDT integra o governo de Gilberto Kassab (DEM), o secretário municipal Geraldo Vinholi deverá deixar a prefeitura no máximo em dois meses.Segundo Lupi, hoje a tendência é o partido oficializar a candidatura de Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT), o que evitaria constrangimentos tanto com o bloco PSDB-DEM como com o governo federal.O presidente estadual do PMDB, Orestes Quércia, também afirmou ter ouvido do presidente do PT-SP, Edinho Silva, que Marta será a candidata.

Vacina pode ter matado 1 e governo admite erro

Por Fabiane Leite
no Estado de São Paulo

A Secretaria da Saúde de Goiás confirmou ontem a suspeita de que um homem tenha morrido no Estado em razão do uso indevido da vacina contra febre amarela, informou o secretario estadual da Saúde, Cairo de Freitas. No fim da noite, durante evento em São Paulo, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, reconheceu que sua pasta publicou um mapa com áreas em que a imunização é recomendada que induziu a população a erros, mas não mencionou a suspeita existente no Estado.“Aquele mapa está sendo substituído por um mapa muito mais adequado, que mostra claramente as áreas de risco. No começo, o mapa induziu a erro, é verdade, tanto é que nós mudamos para que haja uma visão muito clara das pessoas, por isso nós aperfeiçoamos”, disse Temporão. O ministro recomendou que as pessoas liguem para o Disque Saúde ( 0800- 611997), antes de viajar, para saber se é a vacina é recomendável na área para a qual estão se dirigindo. No primeiro mapa divulgado pela pasta, a vacinação para viajantes era recomendável para a maior parte do Brasil, incluindo áreas urbanas, exceto para grande parte da costa do País. Segundo o novo mapa, a imunização é só para quem se dirige para alguns pontos específicos. O ministério também passou a recomendar que, antes da vacinação, os serviços de saúde questionem se o paciente vai para regiões de risco, e também que as secretarias de saúde restrinjam os locais de imunização. A vacina vale por dez anos e não deve ser repetida antes disso. O DF informou ontem que não vacinará pessoas neste fim de semana - o governo local vinha oferecendo o serviço aos sábados e domingos, mas diz que não há mais necessidade disso.
SUSPEITA
O secretário da Saúde de Goiás afirmou que se confirmada a suspeita de óbito por causa da vacina, esse será o primeiro caso relacionado à imunização em massa iniciada no Brasil no fim do ano passado, em razão do aparecimento de macacos mortos no Centro-Oeste do País. As mortes dos primatas são o primeiro alerta sobre a circulação do vírus da febre amarela silvestre em uma região.Até ontem, o Ministério da Saúde confirmava apenas 31 casos de reação à vacina, um deles grave - a vítima continua internada em UTI - e não computava a suspeita de Goiás. O número confirmado é maior do que o total de casos de febre amarela confirmados no País neste ano, 19, com 10 mortos.Mais de 1,9 milhão de pessoas já foram vacinadas em Goiás. Um grupo de especialistas do Instituto Evandro Chagas, ligado à Fundação Oswaldo Cruz no Pará, chegou ontem a Goiânia para verificar, junto com técnicos do Estado e do município, a morte de um vigilante da Universidade Federal de Goiás, ocorrida no dia 30 de dezembro. O rapaz chegou a ser incluído na lista de mortos pela febre amarela silvestre, mas as novas suspeitas levaram o Estado a rever a informação. A secretaria verificou que o homem sofria de hepatite B e já tinha danos no fígado em razão da doença. Ele combatia uma infecção por causa da doença com antibióticos. A vacina, feita com vírus vivo e atenuado da febre amarela, é contra-indicada para pessoas com problemas no sistema imunológico.Segundo Freitas, a pasta já localizou o serviço de saúde que aplicou a vacina e verifica se ele não percebeu que o rapaz tinha contra-indicação para tomá-la ou se o paciente não aparentava ou não informou os problemas de saúde.“Quando ele se vacinou, em 27 de dezembro, já teria manifestações como febre. Nessa situação debilitada, foi vacinado e, logo à noite, seu quadro agravou-se. Os exames apontaram que ele morreu de hepatite amarílica (causada pela febre amarela). Então, a insuficiência hepática pode ter sido precipitada pela vacina”, disse o secretário.A bula da vacina relata pelo menos três mortes relacionadas ao seu uso desde 1998, a maior parte ligada à suscetibilidade dos organismos dos pacientes, segundo estudos realizados posteriormente sobre os registros. Foram esses casos que levaram o governo, já naquela época, a abortar uma proposta de vacinação em massa no País.O ministro, nos últimos dias, vinha afirmando que a imprensa contribuiu para que pessoas se vacinassem indevidamente. No entanto, especialistas já apontavam que sua pasta exagerou na recomendação da vacina, ao estendê-la para áreas urbanas (e não apenas para as de matas), e que também não foi claro na divulgação da informação.“Muita gente tomou a vacina sem precisar. Agora as pessoas estão mais bem informadas e a qualidade da informação da mídia é melhor”, disse Temporão.

Crédito fácil do governo contribui com o desmatamento na Amazônia

Por João Domingos
no Estado de São Paulo

As facilidades de crédito oferecidas pelo Banco da Amazônia (Basa) para o setor de pecuária, tanto para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) quanto para produtores maiores, contribuíram para o desmatamento da Amazônia nos últimos cinco meses. Estudo do cientista Paulo Barreto, pesquisador sênior do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), indica que isso está ocorrendo porque o Pronaf empresta recursos em todo o Brasil a taxas de juros que variam de 1% a 4% ao ano, além de descontos de 40% sobre o principal para valores até R$ 12 mil. A taxa básica de juros (Selic) fixada pelo Banco Central está em 11,25% ao ano. O Pronaf oferece ainda bônus de 25% na taxa de juros de custeio para os pequenos agricultores que honram suas dívidas. Na Amazônia, esse dinheiro tem sido repassado com verbas do Fundo Constitucional do Norte Especial, destinado exclusivamente aos pequenos agricultores. Mas o Basa empresta também recursos do FNO para produtores rurais não familiares (FNO Normal) com taxas de juros subsidiadas - variando de 5% a 9%, conforme a escala do empreendimento. Esse mesmo fundo destinado a agricultores não familiares oferece ainda um desconto de 15% sobre os encargos financeiros para aqueles que pagam em dia suas dívidas. De acordo com o estudo feito por Paulo Barreto, em 2006, dos R$ 371 milhões emprestados para o setor de pecuária, R$ 190 milhões (51%) foram para o Pronaf. Até outubro de 2007, dos R$ 158 milhões destinados a esse mesmo setor, R$ 105 milhões (66%) jorraram para a agricultura familiar. O Pronaf é um dos principais programas do governo federal destinados às pequenas propriedades. Surgiu há 13 anos e foi muito valorizado durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que aumentou as facilidades para o acesso a seus recursos. Outros estudos do Imazon indicam que a influência do crédito fácil está ocorrendo na derrubada da floresta. Na Transamazônica, pequenos produtores em assentamentos rurais - o que permite o acesso ao FNO Especial - desmataram mais que aqueles fora dos assentamentos e sem crédito. Outro estudo mostrou que a taxa de desmatamento em 343 assentamentos na Amazônia foi quatro vezes maior do que fora deles. Conforme a ONG Amigos da Terra, em 2007 pela primeira vez a Amazônia Legal passou da marca dos 10 milhões de abates bovinos, com aumento de 46% em relação a 2004. O número significou 41% dos abates bovinos de todo o Brasil em 2007, frente a 34% em 2004. O rebanho bovino da Amazônia Legal é de cerca de 74 milhões, pouco mais de um terço, visto que o Brasil tem perto de 206 milhões de cabeças. Conforme a Amigos da Terra, de cada quatro cabeças adicionais de gado no Brasil nos últimos cinco anos, três têm origem na Amazônia. Outro dado da Amigos da Terra dá conta de que um terço das exportações brasileiras de carne in natura em 2007 foi oriundo de exportação direta da Amazônia, principalmente de Mato Grosso, Pará, Rondônia e Tocantins. Em 2004, o Pará aumentou sua exportação direta em 7.800%, Rondônia em 1.350%, Mato Grosso em 360% e Tocantins em 150%. Existem ainda 200 abatedouros na região, sendo que só 87 têm registro do Serviço de Inspeção Federal do Ministério da Agricultura.
JUROS BAIXOS
Paulo Barreto mostra que as taxas de juros rurais na Amazônia estiveram muito abaixo das taxas de juros livres, que segundo o Banco Central variaram de dezembro de 2003 a dezembro de 2006 entre 26% e 34% ao ano para pessoas jurídicas, e 57% e 62% para pessoas físicas. Mesmo dentro do FNO Normal, as taxas de juros para o setor rural têm sido 23% mais baixas do que para os empreendimentos não rurais (7,25% a 11,5% ao ano de juros). “Com essas condições atrativas, os pecuaristas receberam R$ 1,89 bilhão de empréstimos entre 2003 e outubro de 2007, distribuídos em 14.500 contratos”, disse Barreto. Do total de recursos, 45% foram para pequenos produtores (FNO Especial) e 55% para produtores médios e grandes (FNO Normal). O pico de empréstimo ocorreu em 2004, ano de pico de desmatamentoPara Barreto, os empréstimos do Basa deveriam ser usados apenas para melhorar a qualidade e produtividade da pecuária, pois o FNO proíbe investimentos em áreas desmatadas. Mas, como o FNO constitui um subsídio, ele tende a aumentar o investimento nessa atividade mais do que o normal (usando taxas de juros de mercado). “E pode até estimular indiretamente o desmatamento. Um fazendeiro pode desmatar novas áreas sem empréstimo, pois sabe que obterá bons rendimentos usando o empréstimo subsidiado para comprar o rebanho”, diz Barreto.
EXPLICAÇÕES
Para o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o crédito fácil do Pronaf não estimula atividades que possam vir a causar danos ambientais. Em nota ao Estado, o MDA afirmou que o programa, criado há 13 anos, incentiva as práticas sustentáveis. “Em 2002, foi criada linha especial de crédito, Pronaf Floresta, que tem finalidade estritamente ambiental, incentivando projetos de sistemas agroflorestais, exploração extrativista ecologicamente sustentável, plano de manejo e manejo florestal”, afirma o ministério. “Não há como relacionar o aumento das operações do Pronaf nos Estados da Amazônia Legal nos últimos cinco anos e o avanço do desmatamento verificado nos últimos meses.”“Entre 2005 e 2006, registrou-se um crescimento de 17% no valor aplicado (no Pronaf) e 26% nos contratos na região. Em 2007, as aplicações de crédito tiveram queda sensível de 45% no volume financiado e 40% no número de contratos - passando de R$ 1,3 bilhão (233.814 contratos) em 2006 para R$ 829 milhões (141 mil contratos) em 2007. No período em que o Pronaf crescia, o desmatamento caía. E, quando o desmatamento cresceu, as operações de Pronaf caíram, o oposto do que afirma o Imazon”, afirma o ministério.

Ministério Público apura gasto abusivo com cartão

Por Sônia Filgueiras
no Estado de São Paulo

O Ministério Público Federal no Distrito Federal vai investigar a má utilização de cartões de crédito corporativos do governo federal por ministros de Estado. O procedimento administrativo foi aberto na quinta-feira. O objetivo é identificar se os gastos com o cartão feriram o princípio constitucional da moralidade administrativa e as normas fixadas pelo Ministério do Planejamento, gerando prejuízo ao patrimônio público.No dia 13, reportagem do Estado mostrou que Matilde Ribeiro, secretária especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, gastou R$ 14,3 mil mensais em média, ao longo de 2007, por intermédio do cartão para pagar despesas de viagem. No total, os gastos da ministra chegaram a R$ 171,5 mil, dos quais R$ 121,9 mil para locação de veículos, sempre pagos à mesma empresa. A assessoria da ministra informou que no ano passado Matilde intensificou suas viagens e as despesas com o aluguel de veículos foram decorrentes do fato de a secretaria não ter escritórios ou apoio administrativo nos Estados. A reportagem do Estado também mostrou que em 2007 o governo federal mais que dobrou as despesas com cartões corporativos. O Portal da Transparência, mantido na internet pela Controladoria-Geral da União (CGU), mostra que R$ 75,6 milhões foram gastos por intermédio dos cartões, 129% a mais do que em 2006.
RECOMENDAÇÃO
O Ministério Público também deve remeter à Presidência da República nos próximos dias recomendação reiterando que o Executivo tem que cumprir as normas e exigências do Tribunal de Contas da União (TCU). Na prática, a recomendação funciona como uma espécie de advertência para que eventuais falhas sejam corrigidas. Desde 2005, o MP investiga as despesas realizadas pela Presidência por meio de cartões. O procedimento foi aberto a partir de representação apresentada pelo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). Por determinação da procuradoria, o TCU conduz hoje investigação para apurar se os gastos realizados com cartão - ele permite a realização de despesas sem licitação e de forma desburocratizada - eram necessários. Além disso, os procuradores estão analisando os dados fiscais dos portadores de cartão.

Delúbio se diz 'grato' a Valério por 'empréstimos'

Por Clarissa Oliveira
no Estado de São Paulo

O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares afirmou em depoimento à Justiça Federal na terça-feira que é “muito grato” pelo fato de o publicitário Marcos Valério ter orquestrado um esquema para a contração de empréstimos que alimentaram os cofres petistas entre os anos de 2003 e 2004. No depoimento, ao qual o Estado teve acesso, ele reafirmou a versão de que agiu sozinho ao procurar o publicitário para resolver um rombo nas contas do PT. Mas chegou a falar como se ainda integrasse a direção petista. E até mesmo insinuou a possibilidade de débitos com Valério serem quitados no futuro.“Eu solicitei ao Marcos Valério esses empréstimos, ele fez, na época era um problema enorme, sou muito grato a isso”, disse o ex-tesoureiro, que, apesar de afirmar que agiu sozinho, usava o pronome no plural. “Foi essa a solução que nós encontramos. Deu errado, porque veio a crise, todas as denúncias e nós não devolvemos o dinheiro a ele ainda.” Delúbio se referia a cerca de R$ 55 milhões que teriam sido levantados em operações intermediadas por Valério, segundo o ex-tesoureiro para cobrir dívidas de diretórios regionais do PT e despesas de partidos da base de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.Apesar de declarar que a escolha de pedir empréstimos a Valério coube exclusivamente a ele, Delúbio contou que a ordem para que buscasse uma solução para o buraco nas contas partiu da direção petista, em especial da Executiva Nacional. “Primeiro não é verdade que eu tomo decisão sozinho”, disse Delúbio, ao reagir a indagações da juíza Silvia Maria Rocha sobre a autonomia que tinha. “Fizemos uma reunião no Partido dos Trabalhadores, com todos os Estados, agora estou me lembrando, quase R$ 26 milhões era a dívida dos diretórios regionais. E eu apresentei esse problema à Executiva. A Executiva: ‘Encontra uma solução’.”Nesse encontro, segundo o ex-tesoureiro, estavam presentes nomes como o senador Aloizio Mercadante (SP), a ministra Marta Suplicy, o deputado Jorge Bittar (RJ), o então secretário-geral do PT Silvio Pereira, o ex-presidente da sigla José Genoino, além dos atuais secretários petistas Valter Pomar, de Relações Internacionais, Romênio Pereira, de Organização, e Joaquim Soriano, atualmente secretário-geral da legenda.Ao justificar a “confiança” de Marcos Valério no PT para realizar tantos empréstimos, Delúbio disse que a sigla havia multiplicado sua arrecadação naquela época, graças à eleição do presidente Lula. Por meio da cobrança de dízimos, contribuições financeiras e Fundo Partidário, as receitas anuais da sigla passaram da casa dos R$ 13 milhões em 2000 para R$ 48 milhões em 2004.

Lula tem aliados divididos na luta por 14 das 16 principais capitais

Por Carlos Marchi
no Estado de São Paulo

Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumprir sua intenção de visitar 20 Estados nos próximos meses para mostrar serviço e ajudar os candidatos a prefeito da base aliada, cedo descobrirá que essas visitas não serão muito pacíficas. Levantamento feito pelo Estado mostra que das 16 principais capitais do País a base aliada está rachada em 14. Nas outras 2, o PT está unido a seu maior adversário, o PSDB. Apenas em São Paulo a disputa pela prefeitura será de governo (PT) contra oposição (PSDB e DEM).Uma das situações mais complexas para o governo federal é o Rio de Janeiro, onde se antecipa uma disputa com cinco candidatos de partidos integrantes da base aliada. O senador Marcelo Crivella - do PRB, partido do vice José Alencar - tem sido o mais promovido por Lula em suas visitas ao Rio, mas o que desponta na preferências das pesquisas é o radialista Wagner Montes, do PDT do ministro do Trabalho, Carlos Lupi. O PC do B lançará a ex-deputada Jandira Feghali, que perdeu a eleição para o Senado em 2006. E o PT fará uma prévia em março para escolher seu candidato entre a ex-ministra Benedita da Silva, o deputado Edson Santos, o estadual Alessandro Molon e Vladimir Palmeira.Mas a complicação maior está no PMDB, partido do governador Sérgio Cabral, aliado incondicional de Lula, que tirou o ex-deputado Eduardo Paes (atual secretário de Esportes) do PSDB para ser o candidato do seu partido a prefeito. O problema é que o presidente da Assembléia Legislativa, Jorge Picciani, e o ex-governador Anthony Garotinho, que comandam uma facção majoritária do PMDB, acertaram com o prefeito Cesar Maia que o partido apoiará a candidata do DEM, a deputada Solange Amaral. Essa algaravia, provavelmente, vai inviabilizar viagens de Lula ao Rio durante a campanha.
OPÇÕES RADICAIS
Em Porto Alegre, a discórdia está semeada. O PMDB está engajado na reeleição do atual prefeito, José Fogaça, um militante histórico do partido. Mas o PT está pintado para a guerra e vai fazer prévias em 16 de março para escolher entre dois candidatos radicais - a deputada Maria do Rosário, que tem boa posição nas pesquisas, e o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Miguel Rossetto. Além dos dois, o PC do B vai lançar a deputada Manuela d’Ávila.Não é só. O PSB, que em 2004 concorreu com o deputado Beto Albuquerque, ainda não decidiu o que fazer agora. E o PDT, que no Sul não é aliado de Lula, pode lançar candidato.Em Belém, o desconforto de Lula não promete ser menor. O atual prefeito, Duciomar Costa (PTB), vai enfrentar, na luta pela reeleição, o deputado José Priante (PMDB), do grupo do deputado Jader Barbalho. O que pode azedar mais ainda o clima da disputa é que o PT está ameaçando lançar o ex-secretário estadual de Educação Mário Cardoso, embora tivesse recebido o apoio de Jader em 2006 para eleger a governadora Ana Júlia Carepa com o compromisso de apoiar Priante este ano.Em Manaus, o prefeito Serafim Corrêa (PSB) vai enfrentar Omar Aziz, candidato do governador Eduardo Braga (PMDB), do PT e do PC do B, numa disputa que fragmenta a base aliada.
ENFRENTAMENTO
Em Florianópolis, o racha na base não terá culpa do PT, que é minúsculo em Santa Catarina. Lá, o enfrentamento será entre o prefeito Dário Berger (que trocou o PSDB pelo PMDB e é alvo de denúncias de corrupção) e o PR do ex-governador Esperidião Amin e de sua mulher, deputada Ângela Amin. Um dos dois será candidato.Em Maceió, o atual prefeito, o radialista Cícero Almeida (PR), ligado ao usineiro João Lyra, vai enfrentar Judson Cabral, do PT, com apoio do PC do B, o ex-governador Ronaldo Lessa, do PDT, que tem apoio do PSB, e um candidato da aliança entre o governador Teotônio Villela Filho (PSDB) e o senador Renan Calheiros (PMDB).Em Salvador, na luta pela reeleição, o prefeito João Henrique (que trocou o PDT pelo PMDB) pode ter adversário da base aliada. É que o deputado Nelson Pellegrino (PT) e a deputada estadual Olívia Santana (PC do B) estão dispostos a concorrer.Em Campo Grande, o PT vem pressionando o ex-governador Zeca do PT a se candidatar contra o prefeito Nelson Trad Filho (PMDB). O deputado Dagoberto Nogueira Filho (PDT) está anunciando que concorrerá também.Em Cuiabá, o PT decidiu que concorrerá com o deputado Carlos Abicalil. O PMDB já definiu que terá candidato próprio, que será o deputado estadual e apresentador de TV Walter Rabelo. O governador Blairo Maggi, aliado firme de Lula, no entanto, não apoiará nem um nem outro. O candidato dele é o presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso, Mauro Mendes, que nunca concorreu a cargos eletivos.

Até agora nada

Acabei de passar no site do PSDB. Fui conferir se os tucanos comentaram alguma coisa sobre Eduardo Azeredo. Nada! Pelo visto, no ninho tucano, a lição do DEMO ainda não foi interpretada. Enquanto Lobinho está de mala e cuia indo embora do DEMO, o PSDB não faz nada com o seu senador Eduardo Azeredo, envolvido com o dinheiro sujo de Marcos Valério na campanha eleitoral de 1998 quando o senador concorreu à reeleição para o governo de Minas Gerais. O pior cego é aquele que não quer ver.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Dinheiro sujo financiando campanha

Leram a notícia postada logo abaixo? Pois é. O ditadorzinho venezuelano mandou dinheiro para a campanha presidencial de Cristina Kirschnner na Argentina. Dinheiro sujo. Ou, na linguagem brasileira, dinheiro não contabilizado. Este caso da mala venezuelana destinada a bancar a campanha da mulher de Nestor Kirschnner me fez lembrar a campanha presidencial de Lula em 2006. Isso mesmo! A campanha de Lula foi financiada com dinheiro sujo, dinheiro não contabilizado. Ora, o que dizer do dossiê anti-tucano que os petistas pretendiam comprar dos Vedoin? Até hoje não se sabe a origem daquela grana toda. É dinheiro sujo. Dinheiro sujo sustentou a campanha de Cristina na Argentina. Dinheiro sujo sustentou a campanha de Lula aqui no Brasil. Lá na Argentina sabe-se que o dinheiro veio da Venezuela. E aqui no Brasil? Alguém se interessa em saber a origem do dinheiro para comprar o dossiê anti-tucano?

Venezuelano assume culpa em escândalo com mala na Argentina

Do Estadão online

Um venezuelano declarou-se culpado nesta sexta-feira, 25, de ter agido como um agente estrangeiro clandestino em operação para tentar entrar na Argentina com uma mala com 800 mil dólares para financiar a campanha política do partido do governo. Moisés Maionica, que mora em Miami, foi acusado em dezembro com outras quatro pessoas implicadas no caso – que deflagrou acusações de corrupção na Argentina e tensões diplomáticas entre Washington, Caracas e Buenos Aires. Autoridades norte-americanas disseram que os cinco homens representavam o governo do presidente venezuelano Hugo Chávez, um crítico ferrenho dos Estados Unidos, e destacaram perante a Justiça que um deles havia informado que o dinheiro seria para a campanha de Cristina Fernández de Kirchner, a ex-primeira-dama que venceu as eleições presidenciais da Argentina em outubro.

Rubén Oliva, advogado de Maionica, disse que seu cliente estava nos EUA prestes a embarcar em um cruzeiro quando recebeu a ligação de um funcionário da agência de inteligência da Venezuela pedindo que ajudasse o empresário Guido Antonini Wilson, que transportou a maleta com dinheiro para a Argentina.

O advogado alegou que Maionica não sabia que era necessário avisar o governo dos EUA sobre o dinheiro, mas reconheceu que a ignorância das leis não era uma defesa.
Em 7 de janeiro, Maionica, de 36 anos, se declarou inocente das acusações das autoridades dos EUA e a contestação desta sexta-feira representou uma reviravolta em sua posição.

O "escândalo da mala", como foi batizado na imprensa argentina, veio à tona quando o empresário venezuelano-americano Guido Antonini Wilson foi flagrado com 800 mil dólares num jatinho que havia sido fretado por uma estatal argentina para transportar funcionários de Caracas a Buenos Aires.

A culpa é do capitalismo

Nós ainda temos que ouvir a mesma coisa: “A culpa é do capitalismo”. O presidente interino do IBAMA Bazileu Margarido (olha que o cara é interino) disse, segundo o site Estadão online: Em todos os países do mundo, o modelo de desenvolvimento sempre representou degradação de recursos naturais, isso ocorreu nos Estados Unidos, na Europa, na Ásia. O modelo de desenvolvimento capitalista é intensivo em uso de recursos naturais. A culpa pela devastação que está acontecendo na Amazônia é culpa do capitalismo. Daqui a pouco só falta algum lulista bolivariano dizer que não mais a Dona Zélite e sim o Seu Capitalismo que deseja ardentemente derrubar Lula do Planalto. Lula e o seu PAC são inocentes. A culpa é do capitalismo. Vai ver a China seja um modelo de preservação de recursos naturais e que aquele céu poluído que nós vemos nas imagens vindas de Pequim seja apenas um colorido que o capitalismo deu para degradar o meio ambiente chinês.

Desafiando Requião

Proponho um desafio ao governador do Paraná Roberto Requião. Já que ele deseja tanto usar a TV Educativa do seu estado para atacar adversários e a imprensa que se opõe a ele e acha um absurdo, um ato de censura, a Justiça manda-lo parar de falar mal dos outros, por que ele não faz o seu programinha de sempre, criticando seu adversários e, em seguida, na mesma TV Educativa, um outro programinha, só que desta vez da oposição, rebateria as críticas do governador ou denunciaria o que estaria sendo feito de errado no Paraná? Seria interessante ver esta briga indo ao ar. A TV ganharia muitos pontos de audiência. Requião não seria contra a criação de um programa na grade da TV Educativa paranaense para a oposição já que ele defende e muito a liberdade de expressão, não é mesmo?
Requião reclamar da Justiça que está sendo censurado é demais. Ele é governador de estado e não pode utilizar a TV do estado que governa para atacar adversários. O desembargador federal Edgard Lippmann Júnior, que enquadrou Requião, disse uma coisa interessante na entrevista concedida ao Estado de São Paulo (ver post abaixo): O povo paranaense está mais interessado em que se cumpra o programa de governo. Pronto! Requião tem é que trabalhar, cumprir tudo aquilo que prometeu na campanha. Mas, se ele insistir que está sendo vítima de perseguição e censura, o desafio está feito.

A distribuição do pão

Editorial do Estado de São Paulo

A reunião ministerial de anteontem, a 16ª da era Lula, ficará na memória da opinião pública por mais de um motivo, além da alusão sem pé nem cabeça do presidente à Santa Ceia. Textualmente: “Muitas vezes nós ficamos cinco anos juntos, sentamos a esta mesa aqui e parece a Santa Ceia: todo mundo amigo (nem todo mundo, como se sabe). Mas depois passamos um ano sem conversar entre nós.” Em primeiro lugar, serviu de pano de fundo para um retrato irretocável do que é este governo - traçado involuntariamente pelo próprio Lula a certa altura do evento que se arrastou por cinco horas e meia, incluída a pausa para a distribuição de sanduíches de presunto (um alimento inconcebível na refeição com que Jesus e os seus 12 apóstolos celebravam o Pessach, a páscoa judaica). Insistindo na crítica à sintomática falta de entrosamento entre os seus 37 ministros e secretários com status ministerial - o que motivou a disparatada analogia com a célebre passagem bíblica -, Lula os repreendeu porque “há quase meses e meses (sic) que vocês não trocam idéia”, para arrematar: “Muitos aqui não sabem 20% do que o governo já realizou.” Assim é pela simples razão, decerto inadmissível para o presidente, mas nem por isso menos verdadeira, de que a maioria deles não realizou coisa alguma, até porque nesse enxundioso, abagunçado Gabinete alguns não têm mesmo nada que fazer, portanto, nenhuma idéia para trocar. (É de se perguntar, a propósito, se Lula seria capaz de dizer, de bate-pronto, os nomes de todos os membros dessa sua superpovoada equipe. Mas passemos.)O ponto a reter da confissão presidencial é o que o levou a fazê-la. E isso remete ao segundo aspecto do caráter memorável do encontro. Pois só no mundo das aparências o acontecido pode ser equiparado a uma reunião ministerial, no sentido clássico de iniciativa tomada pelo chefe de governo para anunciar ou passar em revista, com o primeiro escalão da administração nacional, os programas concebidos para formar o cerne de sua gestão. O que ocorreu quarta-feira no Planalto foi uma reunião de cunho exclusivamente eleitoral. Isso se pode afirmar sem qualquer hesitação com fundamento no que o presidente disse uma vez e outra e outra ainda - insuflando em suas palavras uma ênfase e uma convicção que encantariam qualquer platéia se se referissem à defesa do interesse público. “A política é o centro da atividade de um governo”, ensinou Lula. “Tudo o que nós fazemos começa pela política e termina tendo um resultado político.” Seria uma demonstração de descortino se a política que ele tem em mente se escrevesse com P. Como a escreve com p, substitua-se política por eleição e resultado político por resultado eleitoral e se chegará ao centro da atividade que o absorve incessantemente e na qual ele deseja engajar todo o governo. Se não nunca antes, poucas vezes antes um presidente brasileiro terá sido tão explícito ao exortar os seus colaboradores diretos a usar a máquina, acertando os respectivos ponteiros para agir no Executivo e no Congresso como expoentes de uma coalizão de 14 partidos: ministros não podem se furtar a atender às demandas dos correligionários por verbas e nomeações.Em dado momento, Lula disse que a derrota na votação da CPMF foi uma “lição”. O ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, cujo papel não pode ser subestimado doravante, explicaria por quê. Com uma franqueza reveladora do que o lulismo entende por governar, diagnosticou: “Erramos quando demoramos a preencher os cargos. Capitalizamos pouco o potencial político que cada ministro tem.” Ele, o presidente, já está decidido a capitalizar o seu ao máximo nas eleições municipais deste ano, caracterizadas como “pré-disputa” de 2010. Comprometeu-se explicitamente a participar da campanha naquelas grandes cidades em que a base, devidamente apaziguada pelo Planalto, se una em torno de um só candidato. “Lula quer participar intensamente das campanhas”, confirmou o líder do governo na Câmara, o petista Henrique Fontana.Em suma, essa Santa Ceia em que só se tratou da “distribuição do pão” vaporizou as derradeiras ilusões que pudessem ter sobrevivido sobre o que o presidente considera ético e legítimo no exercício do poder - simplesmente tudo.

'Não se pode admitir que alguém use TV Educativa para agredir'

Por Fausto Macedo
no Estado de São Paulo

“Os atos judiciais são institucionais, não pessoais”, disse o desembargador federal Edgard Lippmann Júnior, que enquadrou o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), e o proibiu de atacar rivais políticos, imprensa e instituições pela RTVE, a Rádio e TV Educativa do Estado. Paranaense de Guarapuava, 54 anos de idade e 19 de toga, Lippmann integra o Tribunal Regional Federal da 4ª Região. A corte fica sediada em Porto Alegre, mas tem jurisdição também no Paraná. Lippmann acolheu ação do Ministério Público e mandou Requião cessar as ofensas. Desobedecida sua ordem, impôs multa de R$ 50 mil por agressão. “Não se pode admitir que alguém se utilize de uma TV Educativa para agredir quem quer que seja”, argumenta o desembargador.
Por que enquadrou o governador?
Parece que o governador se alimenta e realimenta de polêmicas. Melhor é realizar do que ficar falando e debatendo de um modo que não leva a nada. O povo paranaense está mais interessado em que se cumpra o programa de governo.
Requião se diz alvo de censura.
Não se pode admitir que alguém se utilize de uma TV Educativa para agredir quem quer que seja. O mesmo tribunal que agora o governador acusa de censura ele utilizou para entrar com ação contra a imprensa. Quando a decisão é contra seu interesse ele achincalha o Judiciário. Se acha que tem razão, que lute com instrumentos legítimos, não com expedientes escusos.
O governador diz que sua decisão viola princípio constitucional da liberdade de expressão.
O artigo 37 da Carta trata dos princípios da administração pública. Tanto a TV quanto o governador, que é o chefe do Executivo, estão vinculados aos princípios da impessoalidade, da transparência, da legalidade e da eficiência. Pois nesse cotejo das garantias não existe garantia constitucional absoluta. Temos elementos que constam dos autos, indícios de desvio de finalidade no uso da TV Educativa. Esse desvio merecia intervenção severa do Poder Judiciário.
Requião protesta contra a multa que o sr. impôs.
De fato, foi fixada multa de R$ 50 mil por agressão. Em caso de reincidência determinei elevação da multa para R$ 200 mil. A sanção é para o sr. Requião como pessoa física. Não é justo que o contribuinte arque com isso. É multa pessoal para o cidadão Roberto Requião.
A decisão foi acatada por ele?
Essa medida foi proferida dia 8 de janeiro. Importante salientar que minha decisão não o proibiu de participar da programação da TV. O objetivo da medida foi justamente deixar claro que a finalidade da TV é a educação do povo paranaense. Mandei intimar o governador para que se abstenha de utilizar o programa para proferir essas agressões. Direitos individuais e da coletividade estavam sendo feridos reiteradamente.
Ele foi intimado e não obedeceu?
Foi intimado da decisão no dia 15, mas voltou a utilizar o programa para novas agressões. Como ficou muito bem caracterizado o descumprimento da medida e a desobediência, aplicamos multa de R$ 50 mil. Determinei que a TV abrisse espaço para direito de resposta coletivo caso persistissem as violações. Ordenei, ainda, que a emissora veiculasse a cada 15 minutos nota de desagravo da Associação dos Juízes Federais, que se insurgiu contra o flagrante abuso e desrespeito contra a magistratura. Na terça-feira, o governador cancelou o programa Escola de Governo e tirou a emissora do ar. Reitero que em momento algum fiz qualquer restrição à TV nem ao programa.
O sr. tem alguma coisa contra o governador?
O juiz se mantém eqüidistante das partes e é assim que atuo. Temos de um lado o Ministério Público, autor da ação, e de outro lado os agravados, o governador, a Anatel, a União e o diretor da Educativa. A Anatel e a União têm o dever de fiscalizar as emissoras, que são uma concessão. Havendo desvios, devem intervir. O juiz é um ser humano. Ouve versões de ambos os lados. O que chama a atenção é que até hoje não houve recurso específico contra nenhuma das minhas decisões.
O governador diz que o sr. foi candidato a deputado estadual pelo PDT. Isso tira sua isenção?
Aos magistrados é expressamente vetada a vinculação política. Eu sou juiz de carreira desde 1988. Desde então estou proibido de exercer qualquer atividade partidária, sob pena de demissão. Dois anos antes de ingressar na magistratura, em 1986, fui realmente candidato a deputado estadual pelo PDT, no Paraná. Não fui eleito. E daí? Ele (Requião) quer fazer crer que, decorridos mais de 20 anos, eu ainda estaria alimentando uma possível ideologia política e, com isso, teria algum interesse político em prejudicá-lo? Isso é completamente fora de propósito.
Requião diz que o sr. defende os bingos.
Houve uma ação envolvendo a empresa Golden Bingo. Um recurso chegou ao tribunal e foi julgado. Esse bingo foi autorizado a funcionar, a continuar explorando suas atividades em Curitiba. Há uns 3 anos, quando isso ocorreu, havia controvérsias se os bingos eram ou não ilegais. O que o governador não conta é que nesse mesmo processo o procurador-geral do Estado, Botto de Lacerda, trouxe aos autos a notícia de que havia irregularidades na constituição da empresa. Imediatamente cassei decisão por mim dada anteriormente.

Desemprego é o mais baixo desde 2003

Por Pedro Soares
na Folha de São Paulo

A taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país fechou 2007 em 9,3%, mais baixo patamar da nova pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cujo primeiro ano completo é 2003 (12,3%). Em 2006, havia sido de 10%.Em dezembro, a taxa chegou à menor marca mensal de toda a série histórica do IBGE, iniciada em março de 2002: 7,4%. Em novembro, havia sido de 8,2%, o recorde anterior.Para Cimar Azeredo Pereira, do IBGE, o cenário de aquecimento da economia -proporcionado especialmente por juros menores, crédito em expansão e crescimento da renda- permitiu "ao mercado de trabalho encerrar 2007 com resultados muito positivos".No ano passado, o número de pessoas ocupadas cresceu 3% e atingiu 20,9 milhões nas seis regiões -São Paulo, Rio, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador e Recife. Já o total de desempregados caiu 4,8%, para 2,1 milhões de pessoas.Ainda no rol das boas notícias, Cimar destacou o aumento da formalização do mercado de trabalho e o crescimento da renda -3,2% em 2007."Se olharmos o ano como um todo, o resultado foi excelente, com desemprego e informalidade em queda", afirmou Carlos Henrique Corseuil, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).Pelos dados do IBGE, a proporção de trabalhadores com carteira assinada em relação ao total de ocupados atingiu 42,4%, o mais alto nível desde 2003 (39,7%) e superior aos 41,4% de 2006. Já no caso dos sem carteira, o percentual baixou de 15,5% em 2003 para 13,9% em 2007 -havia sido de 14,8% em 2006."Foi o melhor ano do mercado de trabalho nos últimos tempos. O crescimento econômico impulsionou o número de contratações. Outro fator importante foi a expansão do mercado formal", afirmou Lygia Cesar, economista da MCM Consultores.Já em dezembro, apesar da taxa ser a menor da série, o emprego não cresceu. A queda foi proporcionada pela redução da procura por trabalho. O contingente de empregados oscilou negativamente 0,3% (variação estatisticamente estável, segundo o IBGE) na comparação com novembro. O de desempregados baixou 10,8%, assegurando a redução da taxa.Segundo Azeredo Pereira, o emprego não cresceu com força em dezembro porque muitas empresas anteciparam sua produção, o que explica o desempenho positivo de meses anteriores. Desse modo, a menor procura prevaleceu como fator de redução da taxa de desemprego. "Na última semana de dezembro, ninguém procura emprego por causa das festas de final de ano", disse.Para especialistas, se a recessão que se avizinha nos EUA não for muito severa nem prolongada, o mercado de trabalho não será afetado e o desemprego se manterá estável em 2008. Poderá até cair, caso a economia brasileira se mantenha aquecida, avaliam.Sérgio Vale, da MB Associados, espera "um primeiro semestre ainda positivo" para o emprego, mas já com uma desaceleração a partir de julho. A taxa de desemprego deve ficar em 8,5% em 2008, caso a economia cresça 4,7%, prevê.Romão crê "na manutenção do bom desempenho", com uma taxa estimada também em 8,5%. A previsão considera, diz, apenas uma desaceleração da economia dos EUA, não uma recessão. "É o cenário mais provável, mas está crescendo a possibilidade de recessão, o que pode nos afetar." Para Lygia Cesar, a demanda doméstica sustentará o nível de emprego em 2008, que deve se manter.Já Corseuil diz que a estagnação do emprego em dezembro, provocada pela saída de pessoas do mercado, traz um alerta, pois esse contingente pode voltar a procurar trabalho e pressionar a taxa de desemprego. Sazonalmente, a taxa sobe em janeiro, fevereiro e março com a menor oferta de vagas e a maior busco por um emprego.

Presidente visitará 20 Estados antes da campanha eleitoral

Por Letícia Sander
na Folha de São Paulo

Programas de forte cunho social -e eleitoral- levarão o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a visitar pelo menos 20 Estados nos próximos meses, durante a pré-campanha para as eleições municipais."Vamos colocar o pé na lama", afirmou o ministro Márcio Fortes (Cidades), responsável pela organização de parte do roteiro presidencial neste primeiro semestre, sobre as visitas aos "canteiros de obras".Fortes entregará ao presidente na próxima semana uma lista com dez projetos grandes do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) prontos para receberem a "ordem de serviço" -na prática, o aval para o início das obras. Lula deverá visitar alguns desses locais.Das viagens dadas como certas, uma será às obras na Favela do Lixão, em Duque de Caxias (RJ). O governo federal vai liberar R$ 127 milhões para o projeto. A cidade é comandada pelo PMDB, da base governista. Estima-se que nos próximos meses Lula passe até dois dias da semana fora de Brasília.Outro programa que levará o presidente a andar pelo país é o "Territórios da Cidadania", cujo lançamento estava previsto para a próxima semana em Brasília, mas foi adiado e deve ocorrer até 25 de fevereiro.O programa contempla iniciativas em 60 regiões definidas pelo governo como os piores "grotões de pobreza". Esses 60 territórios agrupam 958 municípios que, segundo o Planalto, receberão até R$ 7 bilhões neste ano em iniciativas como construção de estradas, capacitação de professores e estímulo à agroindústria.
Caravanas
O governo planeja fazer "caravanas ministeriais", com visitas do primeiro escalão de Lula aos "territórios". A previsão é de que Lula vá pessoalmente a pelo menos quatro deles. Uma das cidades deve ser Quixadá (CE), onde a prefeitura é do PT.As atividades do presidente em ano eleitoral são freqüentemente alvo de polêmica. O governo defende que precisa manter a máquina estatal funcionando. Também argumenta que viagens, inaugurações e eventos fazem parte de uma rotina presidencial.O Planalto afirma ainda que as futuras viagens se referem a programas que estão sendo concretizados e que não há ligação entre o roteiro do presidente e as eleições municipais de 2008. Na prática, porém, a fronteira é tênue.O presidente Lula é um forte cabo eleitoral. Pesquisa Datafolha feita em novembro do ano passado mostra que em Recife, Fortaleza e Salvador, respectivamente, 38%, 29% e 26% dos eleitores dizem que o apoio de Lula a um candidato poderia levá-los a votar nele. Em Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre, 14% dos eleitores poderiam votar nos indicados por Lula. O índice sobe para 15%, em São Paulo e Belo Horizonte, e para 21%, no Rio.No início do ano, o presidente convocou ministros ao seu gabinete para fazerem uma espécie de balanço e pediu aos subordinados pressa, agilidade e um cronograma que lhe permita percorrer o país até julho.

Governo cria 650 mil bolsas em ano eleitoral

Por Lucas Ferraz
na Folha de São Paulo

O governo federal criou anteontem cerca de 650 mil bolsas do Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania), o "PAC da Segurança". Elas vão atender policiais, jovens que vivem nas ruas, mulheres que exerçam liderança em áreas violentas e reservistas. A medida provisória, que concede auxílios de R$ 100 a R$ 400, foi criticada pelo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Marco Aurélio Mello, e pela oposição. A polêmica refere-se à lei 11.300, de 2006, que passou a vigorar em 1º de janeiro. Ela veda a distribuição gratuita de "bens, valores ou benefícios" pela administração pública em ano eleitoral, com exceção dos casos de calamidade pública, estado de emergência e "programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior". Lula editou uma MP ampliando o Bolsa Família nos últimos dias de 2007 para evitar problemas com a legislação eleitoral. O ministro da Justiça, Tarso Genro, defendeu a expansão do Pronasci, que, diz ele, conta com propostas da oposição: "Em nenhuma hipótese fere [a lei]. Os recursos são destinados a uma contrapartida, a pessoas que desenvolvam ações comunitárias ou que freqüentem cursos de formação para policiais integrados ao programa". José Agripino Maia (RN), líder do DEM no Senado, classificou a medida como "eleitoreira". "É mais uma esperteza político-eleitoral do Lula. O governo diz que não tem dinheiro e aumenta as bolsas. Vamos tomar medidas, tanto do ponto de vista legal quanto político." Marco Aurélio Mello, presidente do TSE, reprovou a ampliação: "Isso fere a lei. Não dá para ampliar programas sociais em ano eleitoral", reclamou. Segundo ele, caberá à Justiça Eleitoral um "posicionamento, se provocada sobre o assunto". Segundo Tarso, os convênios serão feitos com as unidades federadas, não com os partidos: "É impossível qualquer raciocínio de que o governo terá vantagem eleitoral. A menos que se diga que um Estado dirigido pelo PSDB não possa desenvolver políticas sociais", rebateu. A MP que amplia o Pronasci foi retirada do Congresso em 2007 para não atrasar a votação da emenda sobre a CPMF. O Pronasci atende as 11 regiões metropolitanas mais violentas, beneficiando direta e indiretamente cerca de 3,5 milhões de pessoas. A MP publicada ontem criou auxílios de R$ 180 a R$ 400 para policiais, bombeiros, agentes penitenciários e peritos, repasses de R$ 190 para mulheres que lideram comunidades carentes, benefícios de R$ 100 para jovens recém-licenciados do serviço militar e o atendimento a jovens de 15 a 29 anos expostos à violência ou que vivam nas ruas.

Por apoio no Congresso, governo renegocia dívidas com ruralistas

Por Luciana Otoni
na Folha de São Paulo

Um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedir à sua equipe maior afinação política para evitar derrotas no Congresso, o ministro José Múcio (Relações Institucionais) começou a abrir espaço para que a bancada ruralista da Câmara e Senado obtenha da área econômica aval para que agricultores e pecuaristas adiem o pagamento de parte da dívida agrícola estimada em R$ 140 bilhões, 70% mantida junto ao Banco do Brasil."O governo está sendo sensível. O pleito é justo e havia acerto para que houvesse renegociação dos débitos vencidos até 31 de dezembro", disse Múcio. "É uma questão política e um pleito técnico." A estratégia é tratar uma questão econômica, que envolve o retorno aos cofres públicos de verbas usadas para empréstimo, como assunto político. "O que o ministro Múcio coloca é uma situação política", disse o deputado Marcos Montes (DEM/ MG), presidente da Comissão de Agricultura da Câmara.Os ruralistas tentam fazer com que o ministro Mantega (Fazenda) adie o recebimento de cerca de R$ 30 bilhões em débitos que vencem entre janeiro e o fim de março. Ele ficou de analisar o pedido e responder na próxima semana. Múcio, Montes e o ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) se reuniram ontem com Mantega no Ministério da Fazenda. O encontro terminou por volta das 12h e não estava na agenda do ministro.As dívidas são provenientes de recursos que são emprestados pelo Banco do Brasil ou instituições financeiras que movimentam fundos constitucionais para plantio, compra de máquinas e armazenamento, por exemplo. Os juros são mais baixos que os de mercado e nos últimos financiamentos foram feitos a 6,75% ao ano. Também esse percentual deve ser objeto de negociação e ser fixado em nível mais baixo. A dívida engloba pequenos, médios e grandes agricultores e pecuaristas.Em setembro passado, o governo já havia recorrido à renegociação da dívida co campo para aprovar na Câmara a prorrogação da CPMF. Segundo o Ministério da Agricultura, desde 1993 vêm ocorrendo rolagens sucessivas da dívida.Levantamento feito em outubro do ano passado pela ONG Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) mostrou que 116 deputados federais eram da bancada ruralista.Os ruralistas têm um peso fundamental para o governo, que tentará votar projetos importantes, como o que aumenta o IOF (Operações sobre Operações Financeiras) e a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido). A estimativa é que a elevação dos dois tributos gere uma receita adicional de R$ 10 bilhões e alivie o ajuste que o governo vai ter que fazer por causa da perda da CPMF.A renegociação da dívida faz parte da lista de reivindicações da base aliada. A intenção, conforme deixou claro o presidente Lula, é atender as negociações para evitar derrotas.No Congresso, o sinais são de descontentamento entre 250 ruralistas, que viram a renegociação dos R$ 140 bilhões que seria fechada em dezembro ser empurrada para o fim de março. "Sou deputado da oposição e tenho que ficar administrando a insatisfação de deputados, alguns da base aliada porque a revolta é total. A insatisfação é grande", disse Montes.Ex-integrante da bancada ruralista, o ministro Stephanes procurou ressaltar que o acerto não envolve aporte de novos recursos. "Estamos apenas prorrogando o recebimento de uma dívida que existe", afirmou.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

E a revista "Piauí"?

Quando a revista Piauí deste mês saiu, Zezé da Cabeleira não negou a matéria que descrevia seus passos como consultor de empresas. Quer dizer: se a matéria diz que ele afirmou que sabia dos passos de Delúbio Soares Zezé da Cabeleira não questionou. Na matéria, ele disse que os deputados pressionavam o ex-tesoureiro do PT e o “pobre Delúbio” tinha que ir atrás dos empresários para conseguir grana. Zezé da Cabeleira sabia de tudo. Aliás, Zezé da Cabeleira sabe de tudo. Ele não negou nada do que estava escrito na revista Piauí. Então, ele sabe e lembra de tudo!

E Dirceu não falou com a imprensa

Mas por que o José Dirceu não falou com a imprensa? Ele não vive falando que a imprensa não sabe divulgar notícias, que a imprensa é anti-Lula? Ele foge da imprensa que nem o diabo foge da cruz. Depois escreve no blog que a imprensa não compreendeu bem o que ele quis dizer. Na verdade ele não disse nada e deixa que seus advogados falem por ele. Depois que a imprensa escreve ele reclama. Que se dane o Zezé da Cabeleira.

O sorriso do cínico


Olha o sorriso do Silvinho Pereira! Olha a alegria! Ele fez um acordo com a Justiça. Esta alegria contagia a petêzada porque eles sabem que a Justiça ou engavetará o caso do mensalão ou aceitará fazer um acordo salvando todo mundo. Ele sorri cinicamente. Sorri que nem Delúbio Soares. É aquela risada de quem acaba de ouvir uma piada de salão.

Vai contestar agora?

Não é somente a cabeleira de José Dirceu que chamou minha atenção hoje. Na Justiça, Dirceu irá questionar a credibilidade de Roberto Jefferson. Ou seja, como podemos acreditar nas acusações feitas se este mesmo Roberto Jefferson já foi da tropa de choque de Collor? Agora o neo-cabeludo questiona a credibilidade de Roberto Jefferson, mas na hora de fazer alianças com ele era tudo alegria, tudo no maior clima de descontração.

Olha a cabeleira do Zezé



Vamos lá, em ritmo de carnaval:

Olha a cabeleira do Zezé
será que ele é
será que ele é

A pizza já está no forno

Silvinho Pereira não vai mais depor. Fez um acordo com a Justiça Federal. Silvinho é craque nos acordos. Quando era o bam-bam-bam do Planalto, quando ele indicava os cargos para os aliados, sabia muito bem fazer acordos. Esse negócio do mensalão não vai longe. Já começou a comédia. Já começou a assar a pizza.

Homi brutu

O governador de Goiás Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, mostrou que é um “homi brutu”. Disse ontem que, quem manda no governo é ele e que esta história do secretário da Fazenda Jorcelino Braga ser superpoderoso é conversa da imprensa. Foi assim também com José Dirceu no primeiro mandato do governo Lula. Todo mundo sabia que Lula era um zero a esquerda e quem mandava mesmo no governo era o Zé. Cidinho é um zero a esquerda (o que é pior do que ser uma sombra de Marconi Perillo) e quem manda de fato é Jorcelino Braga. Afinal, está nas mãos dele o controle de não sei quantas pastas, coordenações, secretarias e tudo mais. Se Cidinho realmente mandasse em alguma coisa no governo não precisava falar sobre isso. Se falou que é ele quem manda é porque as suas ações não condizem com os poderes que lhes são atribuídos. Homi brutu nas palavras, mas nas ações deixa tudo nas mãos de Jorcelino.

A fome continua

Que fome tem esse governo, hein? Já estão querendo recriar a CPMF. E o discurso é que o dinheiro desta “nova CPMF” seria exclusivamente para a saúde. Sério? E a antiga CPMF não mandava dinheiro para a saúde? Os lulistas falam da CPMF como se o dinheiro que ela arrancava dos nossos bolsos fazia da saúde pública brasileira um exemplo para o mundo inteiro. É só dar uma olhadinha pelos hospitais públicos que veremos como o dinheiro da CPMF foi aplicado nestes últimos anos.
Ah, o governo culpa a oposição pelo fim da CPMF. É brincadeira! O governo tem maioria no Congresso. Na Câmara até que a maioria é, como posso dizer, garantida. Já no Senado a coisa fica mais difícil. A maioria do governo é meio complicada. Não custa nada lembrar que teve gente do governo que votou contra a prorrogação da CPMF. Lula disse que cortaria gastos para compensar o fim da CPMF. Que nada! É só mais um discurso vazio do Falastrão de Honra do PT. Se ele fala uma coisa pode ter certeza que fará na prática o contrário. Se Lula falou em cortar gastos pode ter certeza que ele vai aumentar os impostos.

Lula cobra empenho de ministros e compara reunião à Santa Ceia

Por Tânia Monteiro e Vera Rosa
no Estado de São Paulo

Preocupado em aprovar o pacote com aumento de impostos, o Orçamento da União e a reforma tributária, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu ontem a primeira reunião ministerial do ano cobrando mais empenho da equipe para ajudar na articulação política do governo com o Congresso e mandou tratar o fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) como “página virada”. Na cabeceira de uma enorme mesa oval, cercado por 37 ministros e dois líderes no Congresso, Lula chegou a comparar o encontro no Palácio do Planalto à Santa Ceia de Jesus Cristo com os apóstolos. O presidente pediu mais “conversa política” e troca de informações para vencer “os três anos de governo” que ainda tem pela frente. Comprometeu-se, ainda, a “arbitrar” as divergências entre os ministros para reduzir atrasos nas decisões.“Muitas vezes nós ficamos cinco anos juntos, sentamos a esta mesa aqui e parece a Santa Ceia: todo mundo amigo. Mas depois passamos um ano sem conversar entre nós”, reclamou. Antes de citar a derrota com a CPMF, Lula lembrou que cada ministro é representante de um partido da base aliada e tem a obrigação de conquistar mais apoio para o Planalto. Motivo: o governo não tem maioria sólida no Congresso, embora na Câmara seja numericamente superior.“Penso que entre vocês existe pouca conversa política. Há quase meses e meses que vocês não conversam entre si, que não trocam idéia. Certamente as pessoas conhecem menos do que deveriam conhecer das coisas que o governo faz porque o sistema de informação e comunicação entre nós talvez não seja o mais perfeito, ainda”, disse.Em vários momentos da reunião, que durou cinco horas e meia, Lula frisou que o governo vem perdendo a batalha da comunicação. Argumentou que a falta de sintonia pode causar muitos problemas em ano eleitoral, como este, no momento em que a oposição reforça seus ataques. “Eu vejo a oposição atacando e ninguém nos defendendo. Muitos aqui não sabem 20% do que o governo já realizou.” Para municiar a equipe, o presidente distribuiu uma cartilha recheada de dados sobre as ações do governo em várias áreas.
NOVO GRUPO
Lula sugeriu um novo grupo de trabalho, com ministros indicados pelos partidos da coalizão. Por ordem dele, o grupo deverá se reunir quinzenalmente com os presidentes das legendas e terá a tarefa de prevenir incêndios na seara política, como a rebelião de partidos que ameaçam votar contra o governo. “Nós cometemos erros. Erramos, por exemplo, quando demoramos a preencher os cargos, porque as indicações são direito legítimo dos partidos aliados”, disse o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. “Capitalizamos pouco o potencial político que cada ministro tem.”No diagnóstico do governo, foi o atraso na distribuição dos cargos que motivou a derrota na votação da CPMF, deixando rombo de R$ 40 bilhões. Na reunião de ontem, o presidente desautorizou ministros e aliados que falam em recriar o imposto do cheque. “É assunto encerrado.” Chegou a dizer que a derrota no episódio foi uma “lição”.Lula cobrou reforço na articulação política a pedido de Múcio, que tem passado os dias negociando cargos com os partidos aliados, do PMDB ao PT. Percebeu nessa tarefa que muitas vezes ministros batem cabeça. Os principais embates são entre as áreas política e econômica. “A política é o centro da atividade de um governo: tudo o que nós fazemos começa pela política e termina tendo um resultado político”, insistiu Lula. Disse, ainda, que é preciso “combinar” a atuação partidária e de governo na Esplanada para evitar novos percalços, como o do fim da CPMF.

Delúbio reafirma sua defesa ao depor sobre o mensalão em SP

Por Ana Paula Boni
na Folha de São Paulo

Réu no processo do mensalão, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares negou à Justiça a existência do esquema, disse que o presidente Lula não tomou conhecimento do caso e reafirmou que os empréstimos feitos por meio de Marcos Valério serviram para pagar dívidas partidárias, informaram advogados que assistiram a seu interrogatório. Ontem, na 2ª Vara Criminal, foi o primeiro dia de interrogatórios em São Paulo de réus do mensalão.As dívidas seriam relativas a despesas do PT nas campanhas de 2004 e a gastos com viagens de petistas a Brasília -tanto para reuniões do grupo de transição do governo FHC para o governo Lula como para a festa da posse do presidente eleito. Na sessão, realizada a portas fechadas, o ex-petista disse nunca ter falado dos empréstimos nos bancos Rural e BMG com Lula e que o ex-ministro José Dirceu, réu no processo, não tinha conhecimento do assunto.Interrogado por cerca de duas horas no final da tarde pela juíza Sílvia Maria Rocha, Delúbio -investigado pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa- não respondeu a questionamentos do Ministério Público e dos advogados de outros réus. "Isso é um critério da defesa", afirmou seu advogado, Celso Vilardi. Delúbio disse apenas "boa noite"."O interrogatório é um ato de defesa. As perguntas necessárias foram feitas pela juíza", disse Vilardi, segundo o qual o ex-tesoureiro -que seguiu a mesma linha de defesa adotada na CPI dos Correios em 2005- respondeu a todas as questões.Segundo relatos de advogados, Delúbio não citou nomes de políticos que teriam participado de encontros em que seria discutido o repasse de recursos.No início da tarde, foi interrogado o ex-sócio da corretora Bônus-Banval Breno Fischberg. Seu advogado disse que ele negou envolvimento em remessas ilegais ao exterior. "O grande problema é que as pessoas não conhecem o mercado financeiro e querem julgar sobre mercado sem conhecê-lo. Todas as operações [da corretora] são regulares."Hoje devem depor José Dirceu, Silvio Pereira e Enivaldo Quadrado.

Por aliança, Kassab e Alckmin se encontram

Por Cátia Seabra
na Folha de São Paulo

Em disputa pelo direito de representar o bloco PSDB-DEM na eleição de outubro, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e o ex-governador Geraldo Alckmin almoçaram ontem numa tentativa de aproximação. Após enaltecer a importância da aliança, ambos admitiram a possibilidade de abrir mão da disputa em benefício da coligação.Segundo interlocutores, os dois apontaram como naturais as duas candidaturas. Da mesma forma que considerariam legítimos os apelos pela manutenção da aliança."Estamos à procura de uma solução. De repente, a caminho dela. Confio muito nisso", comemorou o anfitrião José Henrique Reis Lobo, presidente do PSDB de São Paulo. Segundo ele, o encontro de ontem foi um passo formidável". "É uma abertura de diálogo", elogiou o deputado federal Sílvio Torres (PSDB-SP), um dos mais fiéis aliados de Alckmin.Enquanto isso, continua a movimentação dos adeptos das duas pré-candidaturas. Num jantar anteontem, 10 dos 12 vereadores do PSDB discutiram a hipótese de manifestação em favor da manutenção da aliança com Kassab. Em viagem ao exterior, o líder Carlos Bezerra foi consultado por telefone, segundo relato de participante. Já Tião Farias não foi por ser aliado de Alckmin.No jantar, chegou a se falar em anúncio de uma decisão pró-Kassab amanhã. Um texto em favor da candidatura única foi redigido. Mas o movimento foi abortado na noite de ontem, devido à suposta trégua.Na trincheira alckmista, a manhã foi marcada por uma reunião entre o ex-governador e 23 dos 27 pré-candidatos tucanos a prefeituras da região metropolitana. Segundo participantes, Alckmin reafirmou a defesa da candidatura própria sob o argumento de que o PSDB abrirá espaço para o PT se não concorrer. São Paulo, avalia, é uma vitrine para 2010.O ex-governador pregou a candidatura própria após café da manhã com o ex-presidente do DEM Jorge Bornhausen, que defendeu a aliança. "Eu disse ao Alckmin que a eleição de 2008 tem ligação com 2010."Durante o almoço com Kassab, Alckmin fez questão de lembrar a solidez da aliança entre os dois partidos. A reunião foi agendada na véspera pelo presidente estadual do PSDB.

Para Meirelles, crise nos EUA afetará pouco o PIB

Por Sheilla D'Amorim, Letícia Sander e Julianna Sofia
na Folha de São Paulo

Encarregado de fazer a apresentação econômica na primeira reunião ministerial do ano no lugar do ministro Guido Mantega (Fazenda) -que foi ao dentista e chegou atrasado no encontro -, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, admitiu que a crise nos EUA deve afetar o crescimento brasileiro.Empolgado com as primeiras repercussões dos mercados financeiros ao corte de juros promovido pelo Banco Central norte-americano, Meirelles ressaltou, segundo relato de ministros, que o Brasil está "incomparavelmente melhor hoje do que em épocas anteriores".No entanto, reconheceu que a desaceleração na maior economia do mundo deve "ter algum efeito sobre o crescimento" e argumentou, que "a projeção mais sólida [do PIB] para o Brasil hoje é de 4,5%".Essa era a previsão do BC para 2008, mas a estimativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que consta no Orçamento da União, no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e foi reafirmada anteontem por Mantega é de 5%.Meirelles lembrou que a economia está crescendo atualmente acima de 5% e tratou esse possível recuo no crescimento como algo que não mudará significativamente o rumo do país. "Estamos com crescimento extraordinário, mas que apenas pode ficar bom."A afirmação do presidente do BC se baseia na avaliação de que se houver recessão nos EUA ela não deve ser forte. Além disso, ele destacou que a aceleração no nível de atividade é sustentada por uma demanda interna forte, que o país depende menos das exportações para os EUA, que o BC conta com US$ 185 bilhões de reservas para se proteger dos impactos financeiros e que o comércio do Brasil com a Ásia é um importante contraponto.Mesmo com esse cenário, enfatizou que é necessário "olhar a crise com seriedade e serenidade". Horas depois do discurso empolgado de Meirelles com a reação dos mercados ao corte de juros nos EUA, a bolsa de valores brasileira desabava.Alguns ministros tiveram a informação "on-line" sobre a reação na bolsa, mas preferiram não tocar no assunto. Afinal, na ocasião, o foco da reunião já tinha mudado da economia para política.
Mesmo rumo
O presidente Lula fez um rápido comentário sobre as perspectivas econômicas após a explanação de Meirelles e, de acordo com ministros, afirmou que a política econômica não mudará de rumo.Segundo o ministro Luiz Marinho (Previdência), Lula comparou a economia do país nos últimos 26 anos a uma "pipa" sem "rabiola", que "levanta e cai". "Foi uma outra forma de tratar o vôo da galinha", disse Marinho, acrescentando que agora há um crescimento sustentado. "Mas a parte econômica foi mais um flash, a reunião teve o foco na questão política."