sábado, 6 de novembro de 2010

Provocação!

O Popular de hoje nos informa que o governador de Goiás Alcides Rodrigues disse ser uma provocação transmitir o cargo para o tucano Marconi Perillo no Centro Cultural Oscar Niemeyer. É uma provocação sim Marconi querer tomar posse num centro cultural que ele inaugurou em 2006 e que não estava totalmente concluído. É uma provocação Alcides concluir o mandato sem terminar esta obra. Os dois estão provocando. Resta saber se a sociedade vai reagir.

Receita cresceu "2 CPMFs", mas verba não foi para saúde

Por Gustavo Patu
na Folha



A receita do governo federal cresceu, ao longo do governo Lula, o equivalente a duas vezes a arrecadação da CPMF, mesmo com a derrubada, pelo Congresso, da contribuição sobre movimentação financeira.
Praticamente nada desse ganho, porém, significou aumento do gasto em saúde, que, ao longo desta década, apenas oscilou em torno de uma mesma média.
Não houve alta antes nem queda depois da extinção do tributo, hoje novamente cogitado como solução para o financiamento do setor.
Segundo levantamento da Folha, o Tesouro Nacional absorvia em 2003, primeiro ano de Lula, 21% da renda nacional, por meio de impostos, taxas, contribuições e outras fontes. Em 2011, com Dilma Rousseff, a proporção deverá se aproximar de 24%.
Não fosse uma escalada de despesas públicas (sobretudo as vinculadas ao salário mínimo) em ritmo intenso, a expansão das demais receitas teria compensado com folga a extinção do antigo imposto do cheque, que rendia algo como 1,4% do Produto Interno Bruto ao ano.
A primeira gestão petista trabalhou para elevar as contribuições sociais, cujos recursos são destinados à previdência, à assistência social, ao seguro-desemprego e à saúde. Criou-se a contribuição previdenciária dos servidores inativos e elevaram-se alíquotas da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social).
Os programas de transferência de renda absorveram a maior parte dos recursos adicionais devido ao lançamento do Bolsa Família e, principalmente, aos reajustes do salário mínimo, piso de aposentadorias, pensões, auxílios e benefícios deficientes e desempregados.
Já as verbas da saúde seguiram a regra, instituída em 2000, que fixa aumento correspondente ao crescimento da economia: com isso os recursos ficaram estáveis, com pequenas variações para cima ou para baixo, em torno de 1,7% do PIB.
No início do segundo mandato de Lula, durante as negociações para prorrogar a CPMF, o governo prometeu elevar o orçamento da saúde -que, com a contribuição de Estados e municípios, fica em 3,6% do PIB, metade do padrão do Primeiro Mundo.
Com a derrota no Congresso, os planos foram abandonados, embora a arrecadação tenha continuado em alta. Elevaram-se o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), mas os maiores ganhos vieram da expansão da renda, da formalização de empregos e empresas.
Para o ano que vem, o Congresso chega a estimar uma receita na casa dos 25% do PIB, ou R$ 985 bilhões. O comportamento da arrecadação neste ano, entretanto, aponta para algo mais próximo dos 24%.

A vingança de Lula

Mais um post do Blog do Augusto Nunes que eu copio-e-colo aqui. Mais uma vez ele vai direto ao ponto. A tentativa de Lula de ressuscitar a CPMF é uma vingança contra aqueles que votaram não somente contra a continuação do imposto, mas acabaram com a tentativa de Lula de disputar um terceiro mandato. Lula não se contenta apenas vencer o adversário nas urnas, ele quer ver seu oponente no chão, sangrando, calado. 

Se abraça e afaga até um Fernando Collor, se não o constrange beijar a mão de um Jader Barbalho, se é capaz de enxergar uma batina imaculada no jaquetão de um José Sarney, como entender o tratamento rancoroso dispensado pelo  presidente Lula aos senadores que, em dezembro de 2007, decretaram a extinção da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras? Se o aumento da arrecadação compensou a perda dos R$ 50 bilhões recolhidos anualmente, se está provado que o governo nunca investiu no sistema de saúde o dinheiro da CPMF, como explicar o esforço obsessivo do presidente para antecipar a morte política dos autores da desfeita, e completar a revanche com a ressurreição do imposto do cheque?
Por que tamanho e tão duradouro ressentimento? Porque o fim do tributo foi também o fim do sonho, esclareceu a colunista Dora Kramer, com a argúcia habitual, no Estadão desta sexta-feira.  “A derrota na votação da CPMF no Senado enterrou o projeto do terceiro mandato”, lembrou. “Ali ficou claro que, se passasse pelos deputados, pelos senadores não passaria. Portanto, aquela não foi uma derrota qualquer. Foi uma derrota política surpreendente e definitiva”. Perfeito. Onde os brasileiros comuns veem um imposto a menos, Lula sempre enxergará o confisco dos quatro anos a mais.
“Peço que nossa oposição não faça contra Dilma a política que fez comigo, a política do estômago, a política da vingança”, fantasiou nesta terça-feira o infatigável carrasco da verdade. A sorte de Lula foi lidar com uma oposição parlamentar pusilânime. Em agosto de 2005, por exemplo, as estarrecedoras revelações do marqueteiro Duda Mendonça empurraram o chefe para a beira do penhasco. Foi poupado do impeachment pela tibieza dos adversários. De lá para cá, o sono sem sobressaltos foi-lhe assegurado pela superlativa tibieza dos adversários e pela nenhuma vergonha dos companheiros. O Senado só não engoliu a CPMF. O problema é que esse é o outro nome do terceiro mandato.
A “política do estômago, a política da vingança” ─ essa quem praticou todo o tempo foi o presidente grávido de ressentimento. Nas eleições municipais de 2008, por exemplo, acampou em Natal para exigir do eleitorado a derrota da candidata apoiada pelo senador José Agripino. Neste ano, fez o que pôde e também o que a lei proíbe para impedir a reeleição do potiguar Agripino, do amazonense Artur Virgílio e do cearense Tasso Jereissati. Na semana passada, num comício no  Piauí, comunicou à plateia que a derrota dos senadores Mão Santa e Heráclito Fortes, candidatos à reeleição, foi “uma vingança de Deus”. É um dos codinomes de Lula.
O triunfo nas urnas não bastou. Para completar a vingança, o chefe aproveitou a entrevista ao lado de Dilma Rousseff para exumar o defunto. Ao longo da campanha presidencial, a sigla não foi mencionada uma única vez. Os candidatos a governador nem lembraram que a CPMF existiu. Eleita, Dilma afirmou que não pensava em nada parecido com o imposto do cheque. Mas a palavra do Mestre está acima da coerência, da honra e da altivez. Os governadores do PSB assumiram a paternidade da malandragem, a presidente eleita se dispôs a tratar do assunto e a tropa avança em direção ao bolso dos brasileiros.
“As urnas deram ao partido a obrigação de fazer uma oposição forte, sem concessões”, disse o senador Sérgio Guerra na carta enviada na quinta-feira aos militantes tucanos. “A luta pela democracia não se faz só em época de eleições, mas todos os dias, em todos os lugares, reais ou virtuais”. O presidente do PSDB leu corretamente a mensagem emitida por 43 milhões de eleitores insatisfeitos: a luta política é um eterno recomeço. O fim de uma campanha eleitoral anuncia o início da próxima. E a um democrata oposicionista cumpre fazer oposição — sem ódios, mas sem tréguas.
Para vingar-se dos que lhe negaram o terceiro mandato, Lula resolveu castigar todos os brasileiros com a ampliação da carta tributária. Como em 2007, o Congresso não ousará ignorar a voz das ruas. O imposto do cheque não deixou saudade e não faz falta. Deve continuar na cova rasa em que está.

Ninguém falou de CPMF

Não lembro de Dilma Rostock e José Serra falarem sobre a volta da CPMF. Agora o famigerado imposto vem a tona. Pelo visto, Dilma virá com tudo para os nossos bolsos. Se preparem!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Os burucutus do petralhismo atravessaram a fronteira

Vixe, os burucutus do petralhismo atravessaram as fronteiras. Teve um que foi parar lá em Paris para atazanar José Serra. Um trecho do que está no Estadão online

O candidato derrotado à Presidência pelo PSDB, José Serra, desferiu ontem, em Biarritz, no sudoeste da França, críticas frontais ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ao qual chamou de populista e "de direita" em seu primeiro compromisso político internacional após a derrota nas eleições no domingo. Quando reclamou da política externa e da aproximação com o Irã, ouviu de um membro mexicano da plateia: "Por que não se cala?"

Imagine se alguém interrompesse um discurso de Lula e o mandasse um "Por que não te calas?". É este o "amadurecimento e a civilização" daqueles que apóiam Lula e Dilma e como eles tratam seus adversários. É a turminha da esquerda que toma conta da América Latina. 

Quem é Lula para dar recado à oposição?

Sim, a cada dia que passa é contrangedor ver a forma como Lula está saindo da presidência. Não vi o pronunciamento dele hoje na televisão, mas acompanho o que ele disse pelos sites de notícia. Lula quer ser o árbitro entre a oposição e o governo. Veja o que ele disse: Passadas as eleições, quando é compreensível que o calor da disputa gere confrontos mais duros, é importante que governo e oposição, sem abrir mão de suas opiniões, respeitem-se mutuamente e divirjam de forma madura e civilizada.

E quem é Lula para dizer como deve ser o jogo entre governo e oposição? Depois da posse de Dilma Rostock e quando Lula for morar no apartamento em São Bernardo do Campo ele ainda vai atacar a oposição pelas críticas ao governo. "Confrontos duros"? Ora essa, o tucano Aécio Neves disse ontem que faria uma oposição doce. Repare que é Lula que fantasia as coisas como se José Serra não tivesse reconhecido a vitória de Dilma. Por que será que Lula não pediu para os burucutus do petralhismo que atacaram José Serra no Rio de Janeiro mais "amadurecimento e civilização"? 

Lula não tem autoridade moral para ditar as regras de convivência entre governo e oposição. Aliás, é sempre bom lembrar que o Lula que prega a paz e o amor entre governo e oposição foi o mesmo que tocou o terror como oposicionista quando Fernando Henrique Cardoso era presidente. Tarso Genro escreveu um artigo na Folha de São Paulo pedindo o impeachmeant de FHC. Isso mesmo! FHC mal acabara de tomar posse e um petralha bem próximo de Lula já estava tocando o terror.

Lula vai acabando seu mandato de forma constrangedora. Como se não bastasse o desrespeito às leis e as instituições, ele quer ditar as regras do jogo político. Precisamos ficar atentos em Dilma Rostock e em Lula.

Como é triste a despedida de Lula da presidência

Como é triste a despedida de Lula da presidência. Vejo o desespero dele em se manter no poder. Quando Dilma Rostock dá entrevista no Palácio do Planalto, Lula tem que falar alguma coisa. Se possível falar no mesmo período de tempo da sua eleita. Lula já disse que Antônio Palocci não deve ficar na Casa Civil, que a equipe econômica não deve ser alterada. E Dilma fica caladinha. Resta saber até quando. 

Os jornais de hoje nos informam que Lula vai liderar a luta pela reforma política. Estamos em que ano mesmo? 2010 (já no fim). Que ano Lula tomou posse? 2003. Lula teve oito anos para fazer a reforma política e não fez. Por que vai querer fazer agora? É o desespero de quem está deixando o cargo principal destêpaiz e teme que o esqueçam. Por enquanto Dilma ainda não reagiu às interferências de Lula. Quero só ver mais pra frente, quando já empossada no cargo, se ela vai ter paciência para ouvir seu antecessor. 

Oposição verdadeira só na internet

Lamentável a posição do PSDB pós-eleição. Aécio Neves quer fazer uma "oposição generosa" ao governo Dilma Rostock. Mesmo depois de todos os trambiques lulistas, mesmo com os aliados pra lá de suspeitos, os tucanos serão generosos. Oposição pra valer só na internet. Isso já foi provado durante a campanha presidencial.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

VERGONHA!

É esta a palavra que caracteriza a louca vontade dos governadores eleitos que apóiam Dilma Rostock na ressurreição da CPMF. Tem até um opositor abraçando esta famigerada idéia. O governador eleito de Minas Gerais Antônio Anastasia (PSDB) apoia a iniciativa. 

O governador eleito do Ceará Cid Gomes (PSB) disse uma frase que debocha da nossa cara: É um sacrificiozinho muito pequeno para cada brasileiro em nome de um grande número de brasileiros que precisa dos serviços de saúde e precisa que esses serviços sejam de qualidade. "Sacrificiozinho"? Ora bolas, o que a CPMF contribuiu para a melhoria da saúde do Brasil? Com ou sem ela as filas nos hospitais aumentam, o atendimento é péssimo e o tratamento é um lixo.

Antes de subir a rampa do Palácio do Planalto, Dilma Rostock já dá mostras que está doida para arrancar dinheiro do nosso bolso. E o pior é que ela tem apoio de governadores que tomarão posse junto com ela no dia 1º de janeiro de 2010.

Começou mal

Assim como Lula não aprendeu a respeitar as leis e as instituições, o PSDB não aprendeu a fazer oposição. Veja o que disse Aécio Neves hoje: O presidente certamente pode ficar tranquilo, porque ele não verá uma oposição como a que o PT fez em relação ao governo Fernando Henrique, propondo o "Fora FHC", afastamento do presidente, ou votando contra matérias relevantes como o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal. Eu já ouvi essa frase desde o final de 2002, quando o PSDB perdeu para o PT nas eleições presidenciais. Os tucanos vão continuar a fazer uma oposição mole, sem cobranças enfáticas do cumprimento das leis e em defesa das instituições. 

E a quebra de sigilo dos familiares de José Serra? E a atuação ilegal dos aloprados petralhas na Receita Federal? A fala de Aécio Neves simplesmente sepulta estas acusações e outras como por exemplo o dossiê arquitetado pelo PT nas eleições de 2006. Eu não quero um presidente tranquilo por causa de uma oposição frouxa. Eu quero oposicionistas fazendo o seu trabalho e cobrando trabalho do governo. Mas Aécio vai fazer tudo que o PSDB fez desde que deixou o governo em 2002: afrouxar, fugir, não lutar. Depois o PSDB não sabe porquê perde eleição presidencial. Se os tucanos aprendessem a fazer uma oposição de verdade talvez Lula aprenderia na marra a respeitar as leis e as instituições.

E o governo Dilma nem começou

O governo Dilma Rostock nem começou e já estamos vendo como ele será. Ela quer ressuscitar a famigerada CPMF. Pois é, a contribuição que o PT foi contra quando era oposição hoje é completamente a favor e nunca digeriu a derrota sofrida no final de 2007 quando o Senado a enterrou. O governo Dilma já está querendo assaltar os nossos bolsos. 


Movimentação do PMDB faz partidos pedirem seus "lotes"

Na Folha


A movimentação do PMDB para ampliar seu espaço no governo de Dilma Rousseff já provoca reação nos demais partidos da aliança que deu sustentação à candidatura. PP e PTB não a apoiaram oficialmente, mas vão brigar por espaço no Executivo.

Líderes de PR, PP e PTB discutem a montagem de um bloco no Congresso para ter mais peso não só na atuação legislativa, mas na negociação por cargos.
Para congressistas do PR, a legenda precisa manter o ministério dos Transportes, que é cobiçado pelo PMDB e pelo PT. Mas também falam em crescimento.
"Fomos o primeiro partido a declarar o apoio a Dilma, em nenhum momento ficamos fora do palanque. Por isso [...], ao menos temos que manter o mesmo espaço no governo", disse o deputado Luciano Castro (PR-RR).
A lógica é a mesma no PP, "dono" do Ministério das Cidades. "Não queremos nada de faz de conta. Queremos, sim, sempre crescer [...] Não seria demais ficarmos com mais um ministério", disse Ciro Nogueira (PI).
Dirigentes do partido dizem que até aceitam ceder a pasta que hoje ocupam desde que ganhem outras duas.
A linha de pedidos é a mesma no PTB. O senador Gim Argello (DF) lembra que a legenda será a terceira maior bancada da base no Senado.
Nas discussões para a formação de um bloco no Congresso, os três partidos conversam também com o PSC.
Já o PSB se reúne hoje para discutir sua situação. Amanhã é a vez do PC do B.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Sonhar não é proibido



O São Paulo venceu o Cruzeiro hoje por 2 a 0. Sim, estou muito feliz. Muitos dizem que o São Paulo sonha com o G-4. Seria muito querer sonhar com o título?

Tá na hora de acabar com essa folia

Chega de folia. A eleição deste ano aconteceu no meio de um feriado. Hoje é quarta feira e já está mais do que na hora dos candidatos vitoriosos voltarem para a realidade. Já podem parar de se beliscar, suas vitórias são reais e ninguém irá contestá-las.

Dilma Rostock ganhou. Depois das eleições ninguém mais pergunta sobre Erenice Guerra. Como anda o relatório da Polícia Federal? E a quebra de sigilo ilegal contra tucanos? Tá na hora de acabar com essa folia.

Lula, a oposição raivosa e Collor

Agora que eu aprendi a postar vídeos do You Tube me aguente. Lula disse hoje que espera que a oposição não seja "raivosa" com Dilma Rostock tal qual foi com ele. Veja o Lula opositor falando sobre Fernando Collor de Melo:



Agora veja esta foto:


Talvez seja esta a oposição que Lula deseja: que ataque de vez em quando, mas que nunca deixe de dar um abraço no adversário.

Primeiro vídeo

Tenho este blog há três anos e só agora estou aprendendo a postar vídeos do You Tube pra cá. Este vídeo é do Pink Floyd.

Lula não aprendeu a conviver com a oposição

Mesmo no final do seu mandato Lula não consegue conviver com quem diverge dele, com quem não está com ele, com quem não idolatra o governo que fez tudo o que ninguém tinha feito desde quando o primeiro índio aqui pisou (nem vou citar Cabral). Lula vai passar a faixa presidencial para Dilma Rostock sem aprender que, na democracia, existem os opostos, aqueles que concordam e discordam, aqueles que apóiam e os que opõem. Só em ditaduras como a cubana, chinesa e iraniana que existe só o lado do governo e quem discorda tem dois caminhos: ou vai preso, ou é morto. Talvez seja por isso que Lula adore visitar Cuba, China e Irã. Vai ver quando ele passa por lá deve sentir uma coceirinha na mão e vontade de usar a caneta e mandar todo mundo que se opõe ao seu governo para a cadeia.

Hoje ele esteve ao lado de Dilma no Palácio do Planalto. Lula não deixou que sua sucessora falasse sozinha. Ele tinha que dar um pitaco. E, como sempre, em todos os pitacos, Lula falou bobagem. Ele falou a bobagem de sempre: a oposição raivosa. Ele acha que a oposição foi raivosa? Veja a mentira que Lula disse hoje sobre a oposição: Queria pedir a compreensão que, dentro do Congresso Nacional, a nossa oposição não faça contra Dilma a política que fez comigo, a política do estômago, a política da vingança, do trabalhar para não dar certo. Lula é um mentiroso. Se a oposição fosse raivosa como ele fala teria pedido o impeachmeant dele quando o marqueteiro Duda Mendonça afirmou que recebeu grana da campanha lulista de 2002 no exterior. Aliás, se a oposição fosse realmente raivosa como ele fala seria parecida com a oposição que Lula liderou até 2002. Ou será que a gente esqueceu do Lula em cima do trio elétrico ao lado do José Dirceu, do Vicentinho e do Brizola descendo o sarrafo em todos os governos desde 1985? Uma pergunta que algum jornalista teria feito a Lula: "Presidente, me responda uma coisa: o Lula presidente queria ter uma oposição liderada pelo Lula opositor?" É preciso sim esfregar na cara dele sua história de opositor raivoso, de quem torcia para que tudo desse errado nos governos.

A oposição trabalhou para não dar certo? Hummm... O Lula opositor trabalhou dia e noite para minar os projetos dos governos que ele fazia oposição. Lula foi contra o Plano Real, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a CPMF. Sim, o mesmo Lula que queria de volta o dinheiro da CPMF estava gritando contra o imposto quando este estava sendo implantado. Tem uma matéria do Estadão publicada em 2008 que mostra que Lula ligou diversas vezes para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tentando fazer um acordo com a oposição quando o mensalão estava no auge.

Se Lula não aprendeu a conviver e respeitar a oposição nestes oito anos de presidência não vai ser no seu apartamento em São Bernardo do Campo que ele vai respeitar a voz de quem se opõe ao seu governo ou da sua sucessora. Eu não duvido que quando Dilma tomar posse ele não vá buscar um microfone para defender sua pupila e atacar a oposição. Ainda mais agora que a oposição conquistou governos de Estados importantes. Isso deve deixar Lula fulo de raiva.

É duro ouvir candidato eleito

Depois que passa a eleição o duro é ouvir candidato vitorioso. Bem, já não é mais candidato e sim eleito. Presidente eleito (ops, presidente eleita), governador eleito, deputado eleito. Os vitoriosos aparecem na televisão aos montes agradecendo a tudo e a todos pela vitória e já prometendo o que farão a partir do dia 1º de janeiro. Parece que o cansaço de meses de campanha nem faz efeito. É aquela empolgação, animação, ferveção.

O governador eleito Marconi Perillo já fez promessa para o dia 1º de janeiro de 2011: reabrir o Centro Cultural Oscar Niemeyer. Não conhece este centro cultural? Foi uma obra milionária que teve o projeto arquitetônico assinado por Oscar Niemeyer (e como nós somos criativos colocamos o nome do arquiteto de Brasília na obra) e inaugurado pelo mesmo Marconi em 2006. De 2006 até 2010 o centro cultural que fica no cruzamento da BR-153 com 1 GO-020 em Goiânia ficou fechado. O sucessor de Marconi no governo e antigo aliado Alcides Rodrigues não teve competência para manter o lugar aberto e contribuir para a cultura goiana. Deixou como estava desde a inauguração.

O Diário da Manhã de hoje fala que Marconi deu uma entrevista no Jornal do Meio Dia da TV Serra Dourada ontem. Prometeu mais uma vez (tinha feito a mesma promessa um dia antes no Jornal Anhanguera 2ª edição da TV Anhanguera) entregar o Centro Cultural Oscar Niemeyer nos primeiros dias do governo. Desta vez o governador eleito disse que o centro cultural será aberto sim no primeiro dia do ano que vem e já com exposição do artista plástico Siron Franco. Espere um pouco. Um centro cultural que ficou quatro anos fechado tem condições de receber alguma exposição? Não era melhor fazer uma avaliação do local, qual reparação precisa ser feita, o que precisa ser concluído de fato para que o local possa ser usado de forma correta, segura e em perfeitas condições para que a cultura goiana seja exposta e admirada pela população? Se Marconi Perillo conseguir organizar a exposição de Siron Franco no dia 1º de janeiro tudo bem. O problema vai ser se esta exposição for a primeira e a única do centro cultural.

Marconi disse a respeito da obra: Acho que aquele prédio é simbólico. Aquela obra é monumental, colocou Goiás no contexto mundial pela beleza, pela importância desse projeto, desse respeito à Goiás, e também por ser uma obra de Oscar Niemeyer. Vai ver essa fala é fruto da empolgação de Marconi depois de vencer Iris Rezende mais uma vez. Mas ele precisa ter muito cuidado com o que fala. Marconi inaugurou uma obra inacabada e seu sucessor não teve capacidade de concluí-la. Que contexto mundial tem essa obra, cara pálida? O único símbolo dela é o fim do Tempo Novo.

O dia 1º de janeiro vai ser muito interessante. Não somente pela posse da primeira mulher como presidente do Brasil, mas a posse de Marconi também vai ser muito interessante. Aguardemos a exposição de Siron Franco. E aguardemos também a outra que virá em seguida.
Aquela obra é monumental, colocou Goiás no contexto mundial pela beleza, pela importância desse projeto, desse respeito à Goiás, e também por ser uma obra de Oscar Niemeyer. Realmente é duro ouvir candidato eleito.

Obama perde o controle da Câmara

Por Andrea Murta
na Folha

Projeções sobre o resultado das eleições de ontem para o Congresso dos EUA, feitas por redes de TV, confirmavam que republicanos controlarão a Câmara a partir de 2011, com ao menos 50 vagas a mais .
Eram estimadas boas as chances de a vitória na Câmara superar a margem histórica de 1994, sobre o então presidente Bill Clinton, quando os republicanos avançaram 52 cadeiras.
Já no Senado os democratas devem manter maioria, mas por margem menor do que a atual, na qual contam com 59 de 100 vagas.
Até as 23h30 (1h30 em Brasília), republicanos já haviam conquistado 177 vagas na Câmara, contra apenas 119 de democratas.
Para chegar à maioria, são necessários 218 deputados.
Das 29 cadeiras do Senado com resultado anunciado até o fechamento desta edição, 21 ficaram com os republicanos e 8 com os democratas.
Eram praticamente certos fracassos democratas no Senado em Estados como Flórida, Indiana, Kentucky e Arkansas.
Também nas disputas para os governos estaduais, há vantagem republicana, com 21 Estados conquistados contra 13 democratas.
Muitos destes novos republicanos são ultraconservadores, ligados ao movimento Tea Party.
A apuração só deve terminar hoje. Na Câmara, são 435 cadeiras em disputa; no Senado, apenas 37 cadeiras estão sendo decididas.
Também há uma série de plebiscitos, com o da liberação da maconha na Califórnia sendo o mais polêmico.
Pesquisas de boca de urna indicavam a derrota da proposta, no entanto.
No início da noite, o Tea Party elegeu dois senadores-chave: Rand Paul (Kentucky) e Marco Rubio (Flórida) -este último imediatamente cotado para a chapa republicana à Presidência em 2012.
"Erra quem pensa que esse resultado é uma acolhida aos republicanos", declarou Rubio, que é filho de imigrantes cubanos, em seu discurso de vitória.
"O que temos é uma segunda chance", disse ele.
Num revés para o Tea Party, Christine O"Donnell, escolhida dos ultraconservadores em Delaware, perdeu.
Os democratas tiveram algumas boas notícias. Manterão senadores em Vermont e Virgínia Ocidental, além dos governos de Nova York e Massachusetts.
Mais importante, tinham boas chances de reconquistar o governo da Califórnia, hoje com o republicano Arnold Schwarzenegger.

"SITUAÇÃO DIFÍCIL"
Acuado pelas previsões sombrias, o presidente Barack Obama deu entrevistas pelo rádio de manhã mas preferiu ele próprio ficar fechado com assessores.
Cancelou todos os compromissos públicos para fazer reuniões .
O presidente dará uma entrevista hoje que está sendo chamada de "post mortem".
Obama seguia ecoando o alerta que dera anteontem: se os republicanos triunfarem, "os EUA correm o risco de ficar em situação difícil".
As últimas pesquisas de intenção de voto indicavam 15 pontos de vantagem para republicanos -55% a 40% segundo o Gallup.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Agora sim ele vai sorrir

Agora sim Michel Temer pode sorrir. Se brincar ele vai até dar um beijinho no rosto da Dilma

Pressão do PMDB faz Dilma nomear Temer coordenador da equipe de transição
Por Ranier Bragon
na Folha online

Depois de pressão do PMDB, o vice-presidente eleito Michel Temer (PMDB) foi indicado na tarde desta terça-feira pela presidente eleita Dilma Rousseff para coordenar a equipe de transição que começará seus trabalhos, oficialmente, na próxima segunda-feira.

Ontem, no primeiro dia após o resultado da eleição, Dilma havia se reunido com os seus coordenadores petistas, tendo definido que a coordenação política da transição caberia ao presidente do partido, José Eduardo Dutra, e a transição técnica ao ex-ministro Antonio Palocci.

Os dois nomes permanecem com as mesmas funções, mas estarão subordinados, pelo menos no papel, a Temer. A Folha apurou que a medida tem o objetivo de conter insatisfação no PMDB, o maior dos dez partidos oficialmente aliados em torno de Dilma.

A nota divulgada pela assessoria de Dilma diz que cerca de 30 nomes da equipe de transição foram encaminhadas ao presidente Lula. "Na oportunidade, [Dilma] esclarece que a coordenação política dessa equipe será feita pelo vice-presidente eleito Michel Temer, pelo coordenador geral da campanha, José Eduardo Dutra, e pelos deputados federais Antonio Palocci e José Eduardo Cardozo".

Cardozo atuará tanto na área política quanto técnica.

Dutra falou com os jornalistas após deixar a casa de Dilma, no Lago Sul, região nobre de Brasília. Ele fez questão de ressaltar que a equipe de transição terá uma função técnica, que não tratará de indicação de nomes para o ministério. Ele reafirmou que caberá a ele, Dutra, recolher as sugestões com os partidos, a partir da próxima semana, e levá-las para Dilma. O petista negou que a indicação de Temer seja fruto de pressão do PMDB.

Dutra se reúne na noite de hoje com o PMDB, na casa de Temer. Além da composição do novo governo, será discutida a eleição para a Presidência da Câmara, cadeira disputada pelo PT e o PMDB.

Dilma permanece em sua casa. Ele se reuniu pela manhã e em parte da tarde com Dutra, Cardozo e Palocci. Segundo Dutra, ela falará hoje por telefone com mais líderes de Estado, entre eles Angela Merkel (Alemanhã) e José Luis Zapatero (Espanha).

Eu duvido

Tanto o Diário da Manhã como o Popular repercutem a entrevista que Marconi Perillo concedeu ontem ao Jornal Anhanguera 2ª edição. Marconi prometeu reabrir o Centro Cultural Oscar Niemeyer na primeira semana de governo. Eu duvido. Marconi entregou este mesmo centro cultural em 2006 inacabado e seu sucessor prometeu manter e não cumpriu a promessa. O Centro Cultural Oscar Niemeyer ficou fechado durante quatro anos. Quer dizer então que é só passar uma semana de Marconi de novo no governo que o elefante branco atolado no trevo entre as BR's 153 e 060 em Goiânia vai se transformar no principal point cultural da capital? Eu duvido.

Estranho

Foto na capa de hoje do jornal O Popular me deixou preocupado. Aparece o governador eleito Marconi Perillo conversando com jornalistas. Poderia até ser neura minha se não bastasse o passado do marconismo em Goiás. Enquanto o tucano foi governador nós tivemos uma imprensa submissa e a rádio que fazia oposição ao governo (a Rádio K do Jorge Kajuru) foi fechada.
Será que, com Marconi de novo no governo, teremos uma imprensa ajoelhada ao Palácio das Esmeraldas e cheia de propagandas do governo?

Nenhum beijinho?


Essa foto copiei-e-colei do site da Folha online. Michel Temer com cara de velório, ou de que alguma coisa muito ruim vai acontecer, ou de que não deveria estar ali. Sei não, mas Temer parece sisudo demais para quem acabou de virar vice presidente. Não vi nenhuma foto de Temer sorrindo ou abraçando e beijando Dilma Rostock. Segue abaixo uma nota publicada no "Painel" da Folha:

Os peemedebistas anotaram: Michel Temer não acompanhou nenhum minuto da apuração ao lado de Dilma Rousseff, só conseguiu cumprimentá-la junto com os demais aliados, pouco antes do pronunciamento da vitória, e, ontem, quando a petista fez a primeira reunião pós-eleitoral, não havia integrante do partido presente. Houve apenas um telefonema do presidente do PT, José Eduardo Dutra, ao vice.
Embora o comportamento tenha sido registrado, a cúpula do PMDB não pretende criar caso. Não agora. Se algo vier a aflorar, será quando da definição do que realmente importa: a formação do governo.

E quem disse que Lula está de saída?

Estou lendo no Globo online que Lula não quer Antônio Palocci na Casa Civil. E quem acha que Lula vai deixar a presidência no dia 31 de dezembro? Ele vai estar por trás de Dilma Rostock. Resta saber se essa dama de ferro vai aguentar o blá-blá-blá de Lula.

Agora que a Dilma ganhou...

...a Erenice sumiu.
...o Dirceu apareceu.
...o Sarney voltou de onde nunca saiu.

E assim a República de Banana segue o seu caminho.

Despedaçando o bolo

PT e PMDB já estão com o garfo e a faca na mão prontos para atacar o bolo. Cada partido quer conquistar mais poder e o maior número de ministérios influentes. Dilma Rostock só se reuniu com petistas na reunião de transição e deixou peemedebistas de fora. A briga vai ser feia e o bolo será despedaçado.

Mantega pode continuar na Fazenda, mas destino de Meirelles ainda é incerto

Por Vera Rosa e Wilson Tosta
no Estadão

Alvo da cobiça do PMDB, o Ministério da Fazenda pode continuar sob o comando de Guido Mantega. Ele deseja ficar e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende sua permanência, sob o argumento de que a economia é uma área delicada e não se deve mexer "em time que está ganhando".

Lula já conversou sobre o assunto com a presidente eleita, Dilma Rousseff. Pediu a ela que também tentasse manter o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, por um período de no mínimo seis meses.

Dilma avalia essa possibilidade, mas o destino de Meirelles é mais imprevisível do que o de Mantega. A presidente eleita tem mais afinidades com o ministro da Fazenda, a quem chama de "Guidinho". Quando era chefe da Casa Civil, Dilma fazia dobradinha com ele na defesa do desenvolvimentismo.

No Planalto, auxiliares de Lula comentam que Meirelles deverá ocupar "lugar importante" na equipe, se não ficar na direção do Banco Central. Tanto pode comandar um ministério como uma estatal.

O presidente tem uma dívida de gratidão com Meirelles, que conseguiu manter a inflação sob controle - apesar de muito criticado por causa dos juros altos - e não deixou o governo para disputar as eleições. Filiado ao PMDB, Meirelles contava com o apoio de Lula para ser vice na chapa petista, mas nem tentou enfrentar Temer.

Além de Mantega, Dilma admira muito o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, que foi seu professor na Universidade de Campinas (Unicamp). Há três apostas para Coutinho: 1) permanecer no BNDES; 2) ser presidente do Banco Central e 3) ocupar a Fazenda, caso Mantega vá para outro cargo.

A intenção da presidente eleita é fortalecer, ainda, o Ministério das Comunicações, responsável pelo Plano Nacional de Banda Larga. Hoje sob direção do PMDB, o ministério tem percalços a enfrentar, a partir de 2011, como a crise nos Correios , alvo de loteamento político e denúncias de corrupção. Por lá passará o novo marco regulatório das comunicações.

Mulheres

A pedido de Lula, a Esplanada também contará com mais mulheres. Algumas delas já estão no governo, como Alexandra Reschke (Secretaria de Patrimônio da União), Maria das Graças Foster (Petrobrás) e Tereza Campelo (Casa Civil), mas devem ser promovidas.

Lula aconselhará Dilma, no entanto, a não puxar para a equipe nenhum senador ou senadora da base aliada. "Eu comi o pão que o diabo amassou no Senado", disse. "Precisamos ter apoio lá."

O Ministério da Justiça é outro que ficará na cota do PT. Mais uma vez, há dois nomes para a pasta: um grupo defende a permanência de Luiz Paulo Barreto, atual titular do cargo. Dilma está mais inclinada, porém, a nomear José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP), um dos coordenadores de sua campanha. Se Barreto ficar na Justiça, Cardozo será acomodado em outra cadeira.

Orçamento

O maior problema de Dilma será tourear o PMDB, que quer ampliar sua fatia no governo. Atualmente, o partido comanda o Banco Central, seis ministérios (Comunicações, Saúde, Minas e Energia, Defesa, Integração Nacional e Agricultura) e uma penca de estatais.

Agora, além da manutenção desses cargos, o PMDB reivindica Cidades para Wellington Moreira Franco, a volta de Edison Lobão (MA) - afilhado político do presidente do Senado, José Sarney - em Minas e Energia e postos de comando na Petrobrás e na Petro-Sal.

"Cidades cresceu muito e tem um senhor orçamento. É o xodó da Dilma. Fico muito honrado de quererem ocupá-lo porque é sinal de que é bom. Ninguém gosta de patinho feio", disse o ministro das Cidades, Márcio Fortes (PP), sem demonstrar preocupação em perder a vaga. "A gente sabe que o PMDB está de olho em vários ministérios."

O vice-governador reeleito do Rio, Luiz Fernando de Souza (PMDB), o Pezão, como é mais conhecido, também foi sondado para ocupar o cargo. A possibilidade desagrada ao governador Sérgio Cabral Filho. Além da resistência de Cabral, há também dificuldades jurídicas: para ser ministro, ele teria de renunciar ao cargo de vice-governador.

Alessandro Teixeira, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) é citado para comandar o Ministério da Micro e Pequena Empresa, que Dilma prometeu criar. Antônio Patriota, secretário-geral do Itamaraty, pode ser o novo chanceler, no lugar de Celso Amorim. Corre por fora o nome de José Maurício Bustani, ex-embaixador em Londres, hoje em Paris.

Para o Desenvolvimento Agrário o mais cotado, até o momento, é Joaquim Soriano, que foi secretário de Organização do PT e integra a corrente Democracia Socialista (DS).

No alvo

Na entrevista abaixo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vai no alvo. O PSDB não sabe reconhecer os benefícios dos oito anos que esteve a frente do governo federal. Os tucanos, mais uma vez, deixaram o PT mentir, distorcer, manipular. José Serra não souber defender o governo que fez parte. Ele que se orgulha tanto de dizer o que fez quando era ministro da Saúde por que não defende o presidente que o escolheu para tal cargo? Os tucanos não souberam mostrar para a população que o PT continuou a política econômica iniciada no governo Fernando Henrique. Em duas eleições presidenciais que disputou depois da saída de FHC, o PSDB não sabe defender o seu próprio governo. Realmente eu não sei o que acontece no ninho tucano. Se a gente não estiver atento vai ter tucano de bico calado (literalmente) se Lula, no final do seu governo, dizer que ele inventou o Plano Real.

Também concordo com o ex-presidente a respeito da escolha do candidato para as eleições de 2014. Para isso tem que acabar com essa briguinha entre os tucanos paulistas e mineiros. Não é hora de escolher o culpado pela derrota de José Serra. É preciso unificar o partido depois de mais uma derrota. É preciso escolher um discurso, um caminho alternativo para o dilmismo (nunca imaginei que um dia eu fosse escrever essa palavra). O PSDB precisa estar unido em 2014. Se o partido acha que agora é a hora de Aécio Neves que decida logo e não faça charminho.

Só discordo de um ponto que Fernando Henrique falou. Em nenhum momento nenhum grupo religioso pediu o estado religioso ou criticou o estado laico. O que se criticou foi a posição de Dilma Rostock que, em 2007, disse ser favorável ao aborto. A Igreja Católica simplesmente defendeu seus valores e orientou seus fiéis.

FHC diz não endossar PSDB que não defenda sua história

Por Maria Cristina Frias e Vinícius Mota
na Folha

"Não estou mais disposto a dar endosso a um PSDB que não defenda a sua história", disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), ontem, em entrevista no instituto que leva seu nome, no centro de SP.

Presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique defende que o partido anuncie dois anos antes das eleições presidenciais seu candidato. "O PSDB não pode ficar enrolando até o final para saber se é A, B, C ou D."

O ex-presidente diz que Lula "desrespeitou a lei abundantemente" na campanha e que promove "um complexo sindical-burocrático-industrial, que escolhe vencedores, o que leva ao protecionismo".

Para FHC, a tradição brasileira de "corporativismo estatizante está voltando". Lula é uma "metamorfose ambulante que faz a mediação de tudo com tudo".

Folha - José Serra aproveitou a oportunidade do segundo turno como deveria? Fernando Henrique Cardoso - Serra foi fiel ao estilo dele. Tomou as decisões na campanha, com o [marqueterio Luiz] Gonzalez. Não fez diferente do que se esperaria de Serra como um candidato que define uma linha e vai em frente. O PSDB, e não o Serra, tem outros problemas mais complicados. Precisa ter uma linguagem que expresse o coletivo. Os candidatos esqueceram a campanha e não definiram o futuro. O nosso futuro vai ser fornecer produtos primários? Ou vamos desenvolver inovação, a educação, a industrialização? Isso não foi posto.

O governo Lula patrocina a formação de grandes empresas, uma espécie de complexo "industrial-burocrático". Qual a diferença para o seu governo, que também usou o BNDES nas privatizações?

Tudo é uma questão de medida. Os fundos [de pensão] entraram na privatização porque já tinham ações nas teles e participar do grupo de controle lhes dava vantagem. Mas tive sempre o cuidado da diversificação.

O problema agora é de gigantismo de uns poucos grupos, nesse complexo, que na verdade é sindical-burocrático-industrial, com forte orientação de escolher os vencedores. Isso é arriscado do ponto de vista político e leva ao protecionismo.

A fila do PSDB andou? Chegou a vez de Aécio Neves para presidente?

Eu não posso dizer que passou a primeiro lugar, mas que o Aécio se saiu bem nessa campanha, se saiu. Não posso dizer que passou a primeiro lugar porque o Serra mostrou persistência e teve um desempenho razoável.

Não diria que existe um candidato que diga "Eu naturalmente serei". Mas o PSDB também não pode ficar enrolando até o final para saber se é A, B, C ou D. Dentro de dois anos temos de decidir quem é e esse "é" e tem de ser de todo mundo, tem de ser coletivo.

Não estou disposto mais a dar endosso a um PSDB que não defenda a sua história. Tem limites para isso, porque não dá certo. Tem de defender o que nós fizemos. A privatização das teles foi boa para o povo, para o Tesouro e para o país. Do ponto de vista econômico, as questões estão bem encaminhadas. O problema não é saber se a economia vai crescer, é se a sociedade vai ser melhor.

Houve sinais do que o sr. chama de "espírito" da democracia no processo eleitoral?

Não vejo. O presidente Lula desrespeitou a lei abundantemente. Na cultura política, regredimos. Não digo do lado da mecânica institucional -a eleição foi limpa. Mas na cultura política, demos um passo para trás, no caso do comportamento [de Lula] e da aceitação da transgressão, como se fosse banal.

Aqui ocorre outra confusão: pensar que democracia é simplesmente fazer as condições de vida melhorarem. Ela é também, mas não se esqueça que ditaduras fazem isso mais depressa.

Como o sr. vê a volta de temas como religião na campanha?

Com preocupação. O Estado é laico, e trazer a questão religiosa para o primeiro plano não ajuda.

A dose dos marqueteiros nas campanhas está exagerada?

Sim, em todas as campanhas. Nós entramos num marquetismo perigoso, que despolitiza. Hoje a campanha faz pesquisas e vê o que a população quer naquele momento. A população sempre quer educação, saúde e segurança, e então você organiza tudo em termos de educação, saúde e segurança.

Sem perceber que a verdadeira questão é como você transforma em problema algo que a população não percebeu ainda como problema. Liderar é isso. Você abre um caminho. A pesquisa é útil não para você repetir o que ela disse, mas para tentar influenciar o comportamento a partir de seus valores.

O que nós temos na campanha é a reafirmação dos clichês colhidos nas pesquisas. Onde é que está a liderança política, que é justamente você propor valor novo. O líder muda, não segue.


A polarização nacional entre PT e PSDB completou 16 anos. Tem feito mais bem ou mais mal ao Brasil?

O que o Chile fez na forma da Concertação [aliança entre Partido Socialista e Democracia Cristã que governou o país de 1990 a 2010], fizemos aqui sob a forma de oposição. Há muito mais continuidade que quebra. O pessoal do PT aderiu grosso modo ao caminho aberto por nós. Isso é que deu crescimento ao Brasil. Agora tem aí o começo de um rumo que não é mesmo o meu, que é esse mais burocrático-sindical-industrial. E tem uma diferença na concepção da democracia.

O que seria essa social-democracia tucana?

Social-democracia, vamos devagar com o ardor. O sujeito da social-democracia europeia eram a classe trabalhadora e os sindicatos. Aqui são os pobres. O Lula deixou de falar em trabalhador para falar em pobre. Mudou. Nós descobrimos uma tecnologia de lidar com a pobreza, mas estamos por enquanto mitigando a pobreza.

Tem de transformar o pré-sal em neurônio. Esse é o saldo para uma sociedade desenvolvida. Está se perfilando, no PT e adjacências, uma predominância do olhar do Estado, como se o Estado fosse a solução das coisas.

Então a diferença entre PT e PSDB, para o sr., se dá em relação ao papel do Estado.

A nossa tradição é de corporativismo estatizante, e isso está voltando. É uma mistura fina, uma mistura de Getúlio, Geisel e Lula. O Lula é mais complicado que isso, porque é isso e o contrário disso. Como é a metamorfose ambulante, faz a mediação de tudo com tudo. Lula sempre faz a mediação para que o setor privado não seja sufocado completamente. Não sei como Dilma vai proceder.

Isso tende a se aprofundar nesse novo governo?

A segunda parte do segundo mandato de Lula foi assim. A crise global deu a desculpa para o Estado gastar mais. E o pobre do [John Maynard] Keynes pagou o preço. Tudo é Keynes. Investimento não cresceu, gasto público se expandiu, foi Keynes.

Não acho que o Brasil vá no sentido da Venezuela porque a nossa sociedade é mais forte. Aqui há empresas, imprensa, universidades, igrejas, uma sociedade civil maior, mais forte. Isso leva o governo a ter cautela. Veja o discurso da Dilma de ontem [domingo]. Ela beijou a cruz. Ela tem que dizer isso, que vai respeitar a democracia, porque senão não governa.

O que esperar de Dilma?

Não sabemos o que ela pensa, nem como é que ela faz. O Brasil deu um cheque em branco para a Dilma. Vamos ver o que vai acontecer com a conjuntura econômica. Há um problema complicado na balança de pagamentos, um deficit crescente, uma taxa de juros elevada e uma taxa de câmbio cruel.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

José Dirceu é a eterna vítima

Tentei assistir à entrevista de José Dirceu no Roda Viva da TV Cultura, mas não consegui. O cara se faz de vítima, se diz injustiçado. Além disso nega o mensalão. Tenha dó. Dali da bancada só salva Augusto Nunes, encostando o chefe da quadrilha na parede.

Dirceu se faz de vítima

Aos poucos nós vamos tendo acesso ao que José Dirceu disse no programa Roda Viva que irá ao ar às 22 horas na TV Cultura. Dirceu disse que José Serra o linchou durante a campanha eleitoral. Ó coitado! Dirceu se faz de vítima. E você acha que Dirceu é inocente? No ano 2000 ele se referiu assim aos tucanos: Eles vão apanhar nas urnas e nas ruas. Uma pessoa que diz isso merece algum tipo de respeito?

Correção

O Jornal Nacional informa que os institutos de pesquisa acertaram suas previsões para a disputa presidencial no segundo turno. Num post ontem eu disse que as pesquisas erraram. Bem, mas na disputa pelo governo de Goiás as pesquisas erraram feio, principalmente o Ibope. Este instituto disse que Marconi Perillo e Iris Rezende estavam empatados tecnicamente. Na hora de apurar os votos vimos que a diferença foi de 6%.

Dirceu confirma o que eu disse

Ontem eu escrevi aqui sobre os burucutus do petralhismo: Realmente os petralhas não sabem ganhar. Quando perdem acusam golpe, quando ganham querem ver o adversário no chão, com o rosto coberto de sangue. É essa gente que vai estar ao lado de Dilma Rostock lá em Brasília. Eles não se contentam em comemorar uma vitória. Querem olhar para o lado e jogar pedras no derrotado. Eles podem fazer piadinhas, mas quando eles são alvos de piadinhas apelam, jogam rolo de fita na cabeça.
José Dirceu gravou uma entrevista para o Roda Viva da TV Cultura sobre José Serra: o discurso do Serra foi pequeno, me surpreendeu pela agressividade. Ele se colocou como chefe da oposição e não sei se terá cacife para isso. Dirceu confirmou o que eu disse ontem. Ele além de ser o chefe do mensalão é o chefe dos burucutus do petralhismo. Quem é Dirceu para dizer se Serra tem ou não tem cacife para ser líder da oposição? É gente desse naipe que vai estar ao lado de Dilma Rostock.

Dilma entre Temer e Lula

Estou lendo aqui na Folha online que Michel Temer será um vice com mais força do que os vices de Fernando Henrique Cardoso (Marco Maciel) e Lula (José Alencar). Mais um motivo para duvidarmos da autonomia de Dilma Rostock no comando destêpaiz. Quando não for Lula que estiver cochichando no seu ouvido será Temer. E quando os dois cochicharem ao mesmo tempo é capaz de Dilma ter um curto-circuito.

Pelegos em ação

Copio-e-colo matéria do site do Jornal do Brasil. Os pelegos da CUT e da Força Sindical já dão mostras de que vão apoiar Dilma Rostock. O que umas verbinhas estatais não fazem...

A vitória da candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, é um reflexo das mudanças que vêm ocorrendo numa sociedade em que a participação das mulheres nos diversos ramos de atividade aumenta a cada dia, avalia o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, conhecido como Juruna. "Hoje tem mais mulheres no mercado de trabalho, nas universidades e nos movimentos sociais", disse.

Para ele, é importante que o movimento sindical continue as suas mobilizações, fortalecendo-se para ter um papel nas negociações com o governo. Ao fazer um balanço das conquistas obtidas pela classe trabalhadora, Gonçalves destacou que 2010 está sendo um ano positivo. "Em 95% dos acordos coletivos conseguimos ter melhores salários, além de aumento real do salário mínimo e crescimento dos empregos."

Na opinião do presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique da Silva, o País vive um momento importante com a vitória de Dilma como a primeira mulher a ocupar a presidência da República. "Significa uma vitória do povo brasileiro e da militância que foi às ruas defender os oito anos do governo Lula e apontar a necessidade de aprofundar as mudanças iniciadas".

Ele manifestou otimismo em relação aos compromissos assumidos pela presidente eleita no sentido de erradicar a miséria e destacou que a central sindical continuará a defender a agenda de interesse dos trabalhadores. Entre as medidas que considera prioritárias estão as reformas política e tributária. "Quem ganha mais deve pagar mais e quem ganha menos deve pagar menos", defendeu o líder sindical, referindo-se aos recolhimentos fiscais.

Henrique da Silva afirmou ainda esperar que a nova presidente dê maior incentivo ao setor produtivo para gerar mais emprego e renda e onerar mais o capital especulativo de quem "só quer ganhar dinheiro fácil no mercado financeiro sem gerar nenhum emprego".

Além disso, o líder sindical apontou que é preciso avançar no fortalecimento da agricultura familiar e do papel do Estado "como indutor do desenvolvimento econômico e social do Brasil".

Pergunta para a presidente eleita

Dilma, a senhora passou a campanha inteirinha demonizando as privatizações. Agora que a senhora foi eleita o que vai fazer para reverter as privatizações?

"Os heróicos 3%" por João Pereira Coutinho

Passei meus últimos dias com a cabeça mergulhada no Brasil. As eleições, sim, as eleições: na TV ou nos jornais portugueses, a minha tarefa era explicar aos patrícios o que sucedia desse lado do Atlântico. Li muito. Escutei bastante. Perguntei idem.

Mas de tudo que li, escutei ou aprendi, nada me perturbou tanto como saber que Lula deixa o Palácio do Planalto com 82% de aprovação popular.

Minto: o que me impressiona não são os 82%; o que me impressiona são os 3% de brasileiros que desaprovam o governo Lula e que não embarcam no entusiasmo geral. Como são solitários esses 3%! E como são heroicos! É preciso coragem, e uma dose invulgar de realismo e sensatez, para não ser atropelado pela multidão desgovernada. Quem serão esses 3%? Gostaria de os conhecer, de os convidar para minha casa, de beber com eles à liberdade e à democracia. Vou repetir, quase com lágrimas nos olhos: 3%!

Não nego: Lula teve méritos econômicos evidentes. Arrancar 20 milhões da pobreza não é tarefa insignificante; e ter um país com crescimentos anuais de 6% ou 7%, enfim, uma miragem para quem vive na Europa. Se o Banco Mundial acredita que o Brasil será a 5ª economia do mundo no espaço de uma geração (obrigado, "The Economist"), Lula teve um papel nesse caminho. Mesmo que o caminho tenha sido preparado por Fernando Henrique Cardoso.

Mas quando penso nos solitários 3% que desaprovam Lula; quando penso nessa gente residual, marginal, divinal, penso em todos os casos de corrupção que abalaram os governos petistas e que seriam intoleráveis em qualquer país civilizado do mundo. Penso nos ataques e nos insultos que Lula desferiu contra a imprensa mais crítica. Penso na forma como Lula usou o seu cargo para, violando todas as leis eleitorais (e do mero decoro democrático), eleger Dilma Rousseff. E penso, claro, na política externa de Lula.

Sou um realista. Países democráticos não lidam apenas com democracias; por vezes, nossos interesses estratégicos ou econômicos exigem que sujemos as mãos com autocracias, teocracias, ditaduras e aberrações políticas. Mas devemos fazer isso com decoro; envergonhados; como um cavalheiro que frequenta o bordel e não faz publicidade de seus atos.

Os 3% que desaprovam Lula, aposto, desaprovam a forma indigna como ele elegeu Ahmadinejad seu amigo; como manteve relações amistosas com Chávez; como foi displicente perante os presos políticos cubanos.

Acompanhei as eleições brasileiras. Comentei-as. Escrevi a respeito. Mas, nessa hora em que Lula sai para Dilma entrar, os meus únicos pensamentos estão com os 3% que não perderam a cabeça e mantiveram-se à tona da sanidade.

Nessa noite fria de Lisboa, um brinde a eles!

"Viveremos os quatro anos mais medíocres da República"

Este texto está no blog do Augusto Nunes. Concordo: "Viveremos os quatro anos mais medíocres da República".

“Primeiro eu queria agradecê aos que estão aqui presentes, nessa noite que pra mim é uma noite que cês imaginam completamente especial. Mas eu queria me dirigi a todos os brasileiros e às brasileiras, os meus amigos e as minhas amigas de todo o Brasil. É uma imensa alegria está aqui hoje. Eu recibi de milhões de brasileiros e de brasileiras a missão, talvez a missão mais importante de minha vida”

As primeiras palavras de improviso da presidente eleita Dilma Vana Rousseff, antes de ler o discurso escrito na véspera pelos assessores, são o prólogo de uma era que se anuncia histórica, como histórica são todas as eras vividas — mas esta por um prenúncio: viveremos os quatro anos mais medíocres da nossa República.

Foram palavras modelares de uma funcionária pública sem obra e sem credenciais pessoais que, herdando o mais alto posto da nação por uma dessas armadilhas do destino que só um ficcionista poderia elocubrar, tem o desplante de afirmar — por absoluta incapacidade de expressão — que a presidência da República é “talvez” a missão mais importante de sua vida. Qual seria outra?

Dilma Vana Rousseff, presidente da República. Ao ouvir essa chocante combinação entre nome e posto, me sinto transportado sem escalas a Macondo, “uma aldeia de vinte casas de barro e taquara”, segundo o célebre início de “Cem Anos de Solidão”. A Dilma Rousseff sistematicamente desconstruída nesta coluna, ao longo dos últimos 15 meses, não teria credenciais para dirigir Macondo. Ter sido eleita presidente do Brasil, “oitava economia do mundo”, soa como um despropósito até pelos cânones do realismo fantástico, onde o irreal e o estranho são algo cotidiano e comum — não por ser neófita, não por ser a primeira mulher, não por ser petista, não por ser madrinha da Erenice, não por ser escolha arbitrária de Lula, mas por ser a Dilma Rousseff que ela mesma se encarregou de expor e escancarar, sem retoques – produzindo contra si mesma o veredicto de uma flagrante inabilitação para o cargo, em sentença transitada em julgado.

Só numa Macondo governada por Lula – e Macondo é banana, na língua bantu -– a eleição de Dilma Rousseff como presidente do Brasil seria tristemente real. Como num romance do realismo mágico, sua ascensão é fruto de um tempo distorcido, para que o presente se repita ou se pareça com o passado.

Tomara que exista outra Dilma, que não conhecemos ainda.

Boa sorte, presidente Dilma Rousseff.

O que fez Cidinho?

Alcides Rodrigues será apenas um retrato na parede e não deixará nenhuma saudade. É assim que defino o fim do governador mais impopular da história destêstado. Este blog existe desde 2007 e desde o início questiona, critica, cobra de Cidinho. Quando ele rompeu com Marconi Perillo cobrei os motivos do rompimento. Quando ele anunciou o déficit de R$ 100 milhões que Marconi teria deixado de herança questionei o momento do anúncio. Ora, Cidinho foi reeleito, ou seja, ele já sabia da situação financeira do Estado desde abril de 2006 quando deixou de ser vice de Marconi (isso mesmo) para ser governador de fato e candidato a reeleição. Se tinha déficit, Alcides Rodrigues também tinha culpa no cartório.

Leio na coluna "Fio Direito" do Diário da Manhã sobre a incerteza quanto ao futuro do atual governador. Ele que começou o governo abraçando Marconi Perillo termina seu mandato morrendo afogado abraçado a Iris Rezende. Eu não consegui entender como Cidinho deu conta de sair de um grupo político e migrar para outro totalmente oposto. Se isso não é oportunismo, então é traição.

Eu não sei o que será feito de Alcides Rodrigues. Só sei que na galeria de fotos de governadores que passaram pelo Palácio das Esmeraldas o rosto dele estará lá e não causará nenhuma saudade, nenhum sentimento de que "aqueles bons tempos" poderiam voltar. Os tempos alcidistas em Goiás foram nebulosos.

A oposição não acabou

Lula queria extirpar o DEM do mapa político. Lula queria exterminar a oposição no Brasil. Não conseguiu. A oposição vai governar 53% dos brasileiros. Lula pode ser o presidente mais popular desde Deodoro da Fonseca, mas a sua pupila vai ter que negociar com a oposição. Aos poucos Lula vai percebendo que aqueles 3% que não aprovam seu governo pode ser muito mais do que as pesquisas apontaram.

Longe da crise , economia exigirá ajustes

Por Gustavo Patu
na Folha

A herança econômica que Luiz Inácio Lula da Silva deixará para sua sucessora está longe do cenário de crise de oito anos atrás, quando foi eleito pela primeira vez. É muito menos confortável, porém, que a deixada por Lula para si próprio do primeiro para o segundo mandato.
Ao contrário de seu padrinho político, Dilma Rousseff começará com dívida pública relativamente baixa e reservas em dólar absolutamente fartas -ou sobra de crédito interno e externo para o governo e o país.
Após quatro anos de ajustes e a ajuda da conjuntura internacional mais favorável em 30 anos, a primeira gestão petista fez a arrecadação tributária crescer mais que as despesas, reduziu a inflação e contabilizou um superavit recorde nas transações do Brasil com o resto do mundo.
Nos quatro anos seguintes, com a retomada da expansão acelerada da renda, os gastos públicos subiram mais que as receitas, a inflação superou as metas do BC e o país agora acumula deficits crescentes com o exterior.
A bonança da economia global ficou para trás. E, se não prejudica o crescimento brasileiro deste ano, a crise norte-americana radicalizou a valorização do real em relação ao dólar, o que ameaça exportação, indústria e emprego. Medidas para deter o efeito colateral já estão em curso -sem grande sucesso.
Embora não haja nada parecido com recessão no horizonte, é consenso que a renda não repetirá em 2011 a expansão de 7,6% projetada para este ano. O governo, otimista por obrigação, fala em 5,5%; o mercado, conservador por natureza, em 4,5%.
São cifras protocolares, pois nem um nem outro consegue estimar a variação do PIB com tanta antecedência. Os demais indicadores, mais previsíveis, indicam os limites de um crescimento baseado em consumo, sem desempenho igualmente exuberante dos investimentos públicos e privados necessários para expandir a produção.
Antes de assumir, Dilma terá de se preocupar com a votação de um Orçamento suspeito de conter receitas superestimadas e despesas, subestimadas. Terá ainda de administrar pressões por um reajuste generoso do salário mínimo que vigorará a partir do mesmo 1º de janeiro em que receberá a faixa de Lula.
Desde 2009, o governo não consegue cumprir metas de superavit primário (parcela da receita poupada para abater a dívida pública), que são a base da política fiscal desde o final da década passada. A alta das despesas permanentes, especialmente as sociais, tira espaço orçamentário dos investimentos e alimenta as expectativas de inflação.
Neste ano e no próximo, os preços deverão subir acima dos 4,5%, o que deverá fazer o BC elevar juros para conter as compras das famílias e reduzir o descompasso entre o consumo e a produção.
A escalada inflacionária só não é mais aguda porque o dólar no chão barateia os produtos importados.
Mas o câmbio também derruba rapidamente a balança comercial -e, a menos que se consiga deter a valorização do real, a saída será, mais uma vez, interromper o crescimento da economia.

E se Dilma der certo?

Dilma Rostock foi eleita. Faço agora uma suposição: e se o governo dela der certo? Temos esta probabilidade. Se Dilma Rostock tiver a mesma sorte de Lula? E se a economia mundial recuperar muito bem da crise de 2008 e trazer muitos frutos para o Brasil? E se Dilma for muito bem avaliada pela população? Sim, nós temos estas probabilidades. O que será de Lula se Dilma Rostock der certo? Com certeza ela vai gostar do poder e não vai querer largar o osso. Se o governo dela der certo com certeza ela vai querer se reeleger.

Quero só ver a situação do Lula se a sua pupila fizer sucesso no Palácio do Planalto. Aí ele vai demorar muito a voltar. E se voltar porque a memória do brasileiro é curta.

domingo, 31 de outubro de 2010

Sem greves e nem protestos

Já fazem oito anos que as greves e os protestos contra governos acabaram. Quando entrei na Universidade Federal de Goiás um amigo meu me disse que, uma hora ou outra, eu enfrentaria uma greve. Fiz História e, nos quatro anos de curso, não enfrentei nenhuma greve. Os sindicatos estavam ligados ao lulo-petismo.

Se com Lula não teve greves e protestos imagine com Dilma Rostock na presidência? Os pelegos só deixaram de lamber as botas do Lula para lamber o salto alto do tamanco da Dilma.

E as privatizações?

Tô ouvindo Dilma Rostock falar como presidente eleita. Será que ela vai propor desfazer as privatizações?

Sim, o ódio continua

Realmente os petralhas não sabem ganhar. Quando perdem acusam golpe, quando ganham querem ver o adversário no chão, com o rosto coberto de sangue. É essa gente que vai estar ao lado de Dilma Rostock lá em Brasília. Eles não se contentam em comemorar uma vitória. Querem olhar para o lado e jogar pedras no derrotado. Eles podem fazer piadinhas, mas quando eles são alvos de piadinhas apelam, jogam rolo de fita na cabeça.

O ódio deles não para. Estava lendo uma reportagem na Folha online e vi os comentários. Teve um burucutu que já começou a atacar a tal "mídia golpista". A mídia só é golpista quando acusa o PT, quando acusa o adversário do PT faz o seu trabalho.

Pelo visto os burucutus do petralhismo vão dar muito trabalho. Mas a gente vai ficar de olho neles, acusando-os quando rasgam a Constituição. Vamos continuar incomodando essa gente. Pode ter certeza.

Dilma Rostock venceu

Dilma Rostock venceu as eleições presidenciais de 2010. Neste momento que escrevo ela tem 55,6% dos votos e José Serra tem 44,4%. Apesar de perder mais uma eleição presidencial, a oposição continua no comando de estados importantes como São Paulo e Minas Gerais. É hora da oposição se preparar para as próximas eleições sim e não deixar para última hora como fez em 2006 e este ano.

Ela venceu democraticamente. Espero que ela governe respeitando a Constituição, as instituições democráticas e a liberdade. Mas fiquemos sempre atentos porque uma pessoa que afirma que estará sempre ligada à Lula pode aprontar tal qual Lula aprontou.

PS: Fiquemos de olho nos burucutos do petralhismo. Eles não sabem perder e muito menos ganhar.

E as pesquisas, hein? (Parte 2)

Abaixo falei sobre as pesquisas e a apuração dos votos para presidente. Parece que a diferença entre Dilma Rostock e José Serra será mesmo de 10%. Teve pesquisa falando que Dilma ganharia com 16%. Aqui em Goiás as pesquisas erraram. O Ibope, por exemplo, disse que Marconi Perillo e Iris Rezende estavam empatados tecnicamente. Aberta as urnas estamos vendo que Marconi venceu com 53% contra 47% de Iris Rezende. Se não me falha a memória o Serpes se aproximou do resultado final.

E as pesquisas, hein?

Os números para presidente já estão saindo. Dilma Rostock tem 54,5% e José Serra 45,5%. De acordo com as pesquisas, Serra perderia para Dilma com a diferença de, no mínimo, 12%. Por enquanto é quase 10%. Realmente os institutos de pesquisa precisam ver seus conceitos ou parar de apoiar a candidata do governo.

Em tempo
O DataFolha talvez tenha sido o único instituto de pesquisa que está se aproximando dos votos apurados. Já o Ibope...

A salada acabou sendo indigesta

Aqui em Goiás, a apuração dos votos está de vento em poupa. Marconi Perillo lidera com 53,38% e Iris Rezende com 46,62%. Marconi vai voltando para o Palácio das Esmeraldas. E Iris? Bem, Iris fez uma salada tão grande de aliados que acabou sendo indigesta para a sua campanha. Lula, Dilma Rostock, o governador Alcides Rodrigues e Jorcelino Braga.

Acabada as eleições resta saber o que será feito de Iris Rezende. Resta saber também o que será feito do PMDB. Quem vai liderar o partido depois de mais uma derrota para o governo do Estado? Iris deixou no meio do caminho antigos políticos e a juventude do partido para cair nos braços do PT e do governador Cidinho. O que será feito dele já que renunciou a prefeitura? Vai fazer a salada dentro de casa.

O mandato dele está acabando! Ainda bem!

Mesmo com o governo chegando ao fim, Lula não para de mentir. Veja o que ele disse depois de votar em São Bernardo do Campo: Não fale de parte a parte. Essa campanha foi muito violenta de uma parte para outra, acho que o candidato Serra sai menor dessa campanha, porque a agressividade deles [tucanos] à companheira Dilma [Rousseff, do PT] é uma coisa que eu imaginava que já tivesse terminado na política brasileira. É mesmo? E a agressão sofrida por José Serra no Rio de Janeiro? Lula prefere mentir. Ainda bem que o mandato dele está acabando. E a bomba que ele armou debaixo do Palácio do Planalto vai explodir no ano que vem. Coitado de quem sucedê-lo.