sábado, 16 de fevereiro de 2008

Ainda bem que parei de comprar a "Carta Capital"

Ainda bem que parei de comprar a revista Carta Capital. Ainda bem que economizo os meus trocados. Mino Carta é um dos jornalistas que acha que a CPI dos Cartões Corporativos é uma “CPI da Tapioca”. Imagino Mino rindo da nossa cara: “Que bando de bobalhões, deixa o homi roubar”. Não deixo! Não quero uma “CPI da Tapioca”. Eu quero uma CPI que investigue a farra dos cartões corporativos.
Mino Carta não muda. Sempre defende Lula. Não aceita nenhum ataque contra Lula. Se atacam Lula usa de todos os métodos para defendê-lo. Até inventar uma tese imbecil de que a Rede Globo teria dado um golpe contra Lula e levado as eleições presidenciais de 2006 para o segundo turno. Ainda bem que nesta época eu já tinha parado de comprar a revista de Mino Carta. Ele sempre acha que a mídia quer derrubar Lula. Mino vai sempre bater nesta tecla.
Eu mudei. Votei em Lula em 2002 e me arrependo por isso. Mas, ainda em 2003, vi as maldades e as vilanias do petismo aqui em Goiânia quando o petista Pedro Wilson era prefeito. A partir daí a ficha caiu e Lula e o PT passaram a ser os meus alvos prediletos. Mas, Mino Carta não muda. Ele continua o mesmo. O mesmo que acredita que a imprensa quer dar um golpe de Estado e derrubar Lula. O mesmo que defende Lula e sempre procura blinda-lo. Mino Carta é quase igual ao Paulo Henrique Amorim. Só falta a botinha cor de rosa. Ainda bem que eu parei de comprar a revista Carta Capital.

A aliança PT-PMDB em 2006

Veja o que Maguito Vilela dizia em 2006 sobre a aliança PT - PMDB numa entrevista à Tribuna do Planalto:

Os focos de resistência à parceria PT-PMDB podem atrapalhá-lo de alguma forma?
Não. Nunca vi uma campanha tão sintonizada como a que estamos fazendo. Está tudo muito afinado. É lógico que uma ou outra pessoa não está totalmente afinada com a candidatura do presidente Lula, como uma ou outra também não está afinada com a minha candidatura. Às vezes gente até do meu próprio partido. Mas isso é normal, é próprio da democracia. Em política não existe unanimidade. Sempre tem algum desencontro de idéias. Tem prefeito do PMDB que não me apóia - isso não é regra, é exceção.

Em 2006, o PT não se lembrava das promessas de Iris

Tem uma ala do PT daqui de Goiânia que não quer nem saber de Íris Rezende. Outra área é a favor. Humberto Aidar é um dos vereadores petistas que repudiam uma aliança com o atual prefeito pela sua reeleição em outubro. Interessante... Em 2006 o PT apoiou Maguito Vilela nas eleições estaduais. Maguito é cria de Íris. Apoiando Maguito, o PT dividia palanque e carreatas com Íris. Vimos muitos petistas ao lado do atual prefeito. Naquela época ninguém questionou o motivo de Íris não cumprir sua promessa de arrumar o transporte coletivo de Goiânia. O petismo mostra um certo incômodo pelo apoiou à Maguito e Íris nas eleições de 2006. Não adianta Humberto Aidar chorar agora. O partido dele apoiou Maguito e Íris e nem questionou os seis primeiros meses de administração do peemedebista a frente da Prefeitura de Goiânia sem resolver o problema do transporte coletivo. Todas as vezes que eu vejo Aidar descendo a lenha no PMDB de Íris Rezende eu lembro dos petistas dividindo palanque com este mesmo PMDB no segundo turno das eleições estaduais. Em 2006 o PT nem se lembrava das promessas de Íris. Apoiava o PMDB porque o PMDB apoiava Lula. Na defesa de Lula o PT acabou se sujando. Eles sabiam com quem estavam mexendo. Se sujaram porque quiseram. Que se danem!

Ainda conversando

Encontrei Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, numa banca de jornal na Praça do Sol, perto da minha casa. Conversei com ele. Na época Cidinho era o candidato à sucessão de Marconi Perillo antes mesmo de assumir o governo no dia 1º de abril de 2006. Falei para ele ter cuidado com Sandro Mabel. O mensaleiro poderia prejudicar sua campanha. Que ousadia! Eu dando palpites para Cidinho. Como era candidato ao governo, Cidinho me ouviu. Disse que estava conversando, articulando. Tudo bem, cada um faz a campanha do jeito que quiser (claro, dentro das leis). Mas eu avisei sobre o mensaleiro Sandro Mabel. Cidinho estava conversando. Leio no Diário da Manhã de hoje que Cidinho ainda está conversando. Ele acha que política é diálogo, é conversa. Ontem, na posse do novo comandante da Brigada de Operações Especiais, Cidinho disse que está conversando. A mesma coisa que disse para mim quando alertei sobre o perigo Mabel. Ele disse que o seu partido PP pode dialogar com todo mundo até com o PMDB. Até com o PMDB? Na época em que eu conversei com Cidinho na banca da Praça do Sol, uma conversa dele com o PMDB era considerada impossível. Agora vemos que esta conversa pode ser uma realidade. Na posse do novo comandante da brigada estava também o prefeito Íris Rezende. A reportagem do Diário da Manhã mostra uma foto de Cidinho abraçando Íris. Minha lembrança me leva para a campanha estadual de 2006. Este abraço era impossível. Hoje vemos que é uma realidade.
Será que a reforma administrativa vai para frente? Eu tenho minhas dúvidas. Se esta reforma fosse realmente levada a sério, a caixa preta do Palácio das Esmeraldas já estaria aberta e veríamos que tanto o Tempo Velho como o Tempo Novo estragaram, quebraram o Estado de Goiás. Cidinho só não abre a caixa porque seu nome vai junto na responsabilidade pelo processo de falência do estado. Afinal, no dia 1º de abril de 2006 ele tomou posse como governador de Goiás. Desta data até o dia 1º de janeiro de 2007, tudo era uma maravilha. Foi só tomar posse pela segunda vez que Cidinho mostrou que o Tempo Novo defendido por ele meses antes acabou. Vai ver esta reforma é só conversa. Vai ver esta reforma não vai melhorar Goiás e sim Cidinho. Ele vai romper com Marconi Perillo (se já rompeu). Usou a crise do estado para acabar com o Tempo Novo e se ver livre para se aliar com quem quiser, seja velho, seja novo. Tudo neste governo é conversa. É conversa mole ou conversa para boi dormir. Em 2006, lá na Praça do Sol, Cidinho disse que ainda estava conversando. Passados quase dois anos Cidinho ainda está conversando. Vamos chegar em 2010 e Cidinho ainda estará conversando. E este governo entrará para a história como o governo da conversa mole, da conversa para boi dormir, da conversa fiada.

O democrata Requião

Roberto Requião se dizia vítima de censura quando a Justiça o proibiu de usar a TV Educativa do Paraná para atacar adversários. O coitado era vítima. Pobrezinho... Sobre esse assunto eu falei aqui no blog se Requião, tão democrata, teria coragem de fazer um programa na TV paranaense atacando seus adversários e abriria espaço nesta TV para que seus adversários se defendessem e fizessem denúncias contra o governo Requião. Vamos ver se ele é realmente defensor da liberdade de expressão.
Na Folha de São Paulo de hoje tem uma reportagem que fala que Requião vai processar uma rádio que fez denúncias contra ele. Mas o democrata Requião, o defensor da livre expressão processando quem o ataca? Quer dizer que só ele pode atacar, só ele pode dizer o que acha que deve ser dito? Que belo democrata, não é mesmo? Requião é o Hugo Chávez versão Paraná. Alguém me diz que Requião não é democrata. Ele é do PMDB. Então estamos entendidos.

Lula era a mudança

Lula foi eleito em 2002 com o discurso da mudança (qualquer semelhança com Barack Obama é mera coincidência). Ele sempre dizia que, se eleito presidente, não faria o que estava sendo feito. Fomos iludidos não somente por este discurso hipócrita, mas também pela maquiagem que Duda Mendonça desenhou no rosto do Sapo Barbudo.
E olha que hoje o discurso da mudança caiu por terra. Veja o que disse Franklin Martins sobre a ida de Lulinha junto com a comitiva presidencial que estará na Antártida: “Ninguém deixou de vir para cá para dar lugar a ele, outros presidentes já levaram filhos em viagem”. Ah, então Lula faz o que sempre foi feito, né? O Lula que iria mudar tudo não vai mudar nada. Pior, vai aproveitar, vai se divertir. Tudo aquilo que Lula disse no passado não foi cumprido durante a sua presidência. Lula mentiu. Lula não mudou nada. Falta alguém da oposição esfregar na cara dele e dos seus puxa-sacos os discursos hipócritas de mudança e “nós nunca faremos isso” que povoou as manifestações petistas contra a corrupção e contra os outros presidentes num passado não muito distante. E Franklin Martins sabe que esses discursos existem. Sabem também das denúncias contra Lulinha sobre a sua empresa de garagem e a Telemar. Ah, se sabe...

Os governistas na CPI

A oposição diz que tem governista demais na CPI. Ela quer mais espaço. Sempre quando a oposição se posiciona sobre alguma coisa os petistas correm para descer a lenha, desqualificar o que eles sempre fizeram quando estavam na oposição. Tem petista falando que no governo Fernando Henrique Cardoso os governistas também tomavam conta das CPI’s. É mesmo? Vamos fazer uma comparação. Vamos ver que os governistas de ontem continuam governistas hoje. Olhem para o senador Romero Jucá. Ele já defendeu o governo Fernando Henrique Cardoso e hoje defende o governo Lula. Quando era líder do governo FHC no Senado, Jucá criticava a oposição comandada pelo PT. Agora que é líder do governo Lula no Senado, Jucá ataca seus antigos companheiros do PSDB e do DEMO. É só a gente olhar com atenção. Veremos que os governistas do passado continuam governistas no presente. Vai ver os mesmos que apoiavam o governo Fernando Henrique Cardoso são estes que inundam a CPI dos Cartões Corporativos e que desejam ardentemente blindar Lula. É só olhar estes governistas com atenção que veremos muita falta de coerência, muito oportunismo.

"Perdido na tradução" por Roberto Pompeu de Toledo

Simiyu Barasa é um jovem (28 anos) escritor, roteirista de TV e cineasta queniano. Poucas semanas atrás, num artigo veiculado na internet, ele declarou-se morto. "Adeus, amigos", escreveu. "Tomo como exemplo as casas de fast-food, nas quais sempre há avisos pedindo aos clientes que ‘paguem adiantado’, e digo adeus adiantado." O artigo intitula-se "O obituário de Simiyu Barasa escrito por ele mesmo". Como morreu Barasa? Ele diz estar em dúvida quanto a esse ponto. Pode ser que tenha morrido trancado junto com outras pessoas numa igreja, a que em seguida botaram fogo. Também pode ser que tenha sido arrastado do ônibus em que viajava e massacrado por uma turba que bloqueava a estrada. Em qualquer caso, estando acostumado, como profissional de cinema e de TV, a ensaiar e procurar as melhores circunstâncias para cada cena, também para este caso se preparou. Na morte na igreja, sentiu o cheiro da gasolina sendo jogada por entre as janelas e espalhando-se pelos corpos dos que estavam lá dentro. Na morte na estrada, caprichou no sorriso com que respondia aos golpes de seus algozes.
Na verdade, Simiyu Barasa declara-se morto por seu país. O Quênia, até então um dos mais pacíficos e relativamente prósperos países da África, regrediu, desde o fim do ano passado, à barbárie de grupos que se estraçalham porque falam línguas diferentes. O começo da história é uma eleição que, fraudada pelo atual presidente, Mwai Kibaki, teve seu resultado contestado pela oposição, reunida em torno da candidatura de Raila Odinga. A disputa política degenerou em lutas tribais. Os episódios em que Barasa imagina que tenha morrido são reais. O mais escandaloso foi o da igreja em que dezenas de pessoas da etnia quicuio, a mesma do presidente, haviam se refugiado, depois de ter suas casas queimadas. Inimigos da etnia luo, a que pertence o oposicionista Odinga, atearam fogo à igreja. No episódio da estrada, um dos homens que a bloqueavam entra no ônibus e ordena aos passageiros: "Todo mundo com a carteira de identidade na mão!". Os que pertenciam a tribos consideradas inimigas eram arrastados para fora e mortos a pauladas e facadas, em cenas registradas pela TV e observadas passivamente por policiais.
Um bom modo de descobrir a qual etnia uma pessoa pertence, entre as várias que compõem o Quênia, é pela língua materna. A irmã de Barasa, a enfermeira Rozi, viveu um caso aterrorizante quando teve a ambulância em que viajava parada numa estrada. O motorista era da tribo local e foi deixado de lado. Os outros tinham de provar a que grupo pertenciam, e enquanto eram interrogados Rozi percebeu que nos arredores havia cadáveres ainda frescos. Na vez dela, Rozi disse ser da etnia luia. Pediram então que falasse a língua luia, mas ela não sabia. "Não aprendi o luia porque minha mãe é taita", disse. Ela trazia consigo um documento da mãe, e pôde provar que o que dizia era verdade. Foi uma sorte, porque, além do inglês e do suaíli, a língua geral da costa leste da África, a única língua que Rozi fala é o quicuio – exatamente a da tribo que a turba da estrada procurava.
O problema de Simiyu Barasa, segundo afirma no "obituário", é que ele não se sente de tribo alguma. E isso não só porque pertence a uma família mista, como muitas outras, mas porque acreditava no país chamado Quênia, cujas línguas oficiais são o inglês e o suaíli. De repente todo mundo começou a achar que, antes de queniano, é quicuio, ou luo, ou luia, ou calenjim. Barasa costumava caçoar dos amigos que emigravam para os Estados Unidos, onde iriam "limpar toaletes". Em vez do sonho americano, acreditou num "sonho africano" – do qual nas últimas semanas foi brutalmente despertado. "Eu não tenho lugar algum para ir. Nenhuma tribo para a qual correr. Nenhuma para me proteger." Qualquer idioma que venha a falar, segundo afirma, vai traí-lo. Daí preferir declarar-se, desde já, morto, e apresentar suas despedidas: "Eu os amava, meus compatriotas. Eu os amava sem pensar na linhagem de seus pais. Eu amava o Quênia. Mas olhem o que este país fez em mim: sodomizou meu senso de humanidade e meu orgulho".
Para quem não está ligando o nome à pessoa, o Quênia é o país, primeiro, dos fabulosos campeões das maratonas e, segundo, da família paterna de Barack Obama (por sinal, da etnia luo). Mas o Quênia deste texto, assim como o do obituário de Barasa, pode também ser entendido como nenhum país em especial, e todos – é qualquer lugar em que tribos não se entendem porque falam línguas diferentes. Nem sempre são tribos no sentido de etnias. Nem sempre se trata de língua no sentido de idioma. E nem sempre é necessário chegar às vias de fato como as que, selvagemente, o Quênia vem experimentando. Com todo o respeito pelo dilaceramento e pelo sofrimento muito concretos vividos pelo Quênia real, o Quênia é também uma metáfora – a metáfora do ato de buscar refúgio em um modo de falar só meu e dos meus muito próximos, para melhor afastar, e no limite aniquilar, os outros.

"Esperei Godot. E ele aparecei" por Diogo Mainardi

Eu sei que o caso da Telecom Italia é uma pauleira. Eu sei que há uma série de interesses empresariais em jogo. Mas alguns fatos precisam ser esclarecidos. O primeiro e mais urgente é o seguinte: o nome do presidente da República foi citado nos autos de um tribunal italiano. Ninguém pode fazer de conta que isso é uma bobagem.
Acompanhei o inquérito contra a Telecom Italia por dois anos. Esperando Lula. E, como Godot, ele nunca aparecia. Na semana passada, recebi uma cópia de um despacho emitido no finzinho de 2007 pelo Ministério Público italiano. Na página 33, pode-se ler um trecho do interrogatório de 5 de maio de 2007 de Giuliano Tavaroli, um dos diretores da empresa. Ele declarou:
"Sendo um homem do presidente Lula, (Mauro) Marcelo, depois de assumir o cargo no serviço secreto, nos garantiu seu apoio institucional, uma vez que (Daniel) Dantas era um inimigo do presidente Lula".
Como é que é? Apoio institucional? Lula pode ser inimigo de quem ele quiser. Daniel Dantas que se dane. Mas a suspeita de que isso teria motivado uma oferta de apoio institucional a uma empresa em detrimento de outra precisa ser contrastada. Por mais temerário que seja o acusador.
Aos fatos. Em meados de 2004, o delegado Mauro Marcelo foi nomeado para chefiar a Abin, depois de ter trabalhado como guarda-costas de Lula na campanha eleitoral de 2002. A escolha de seu nome para ocupar o cargo na Abin foi feita pessoalmente pelo presidente.
De acordo com os autos do tribunal italiano, o relacionamento de Mauro Marcelo com a Telecom Italia era de perfeita intimidade. Interrogado sobre o assunto, Fabio Ghioni, especialista em computadores contratado pela empresa, declarou que o chefe da Abin era "fornecedor de Jannone no Brasil, e por este era remunerado". Ghioni referia-se a Angelo Jannone, diretor da Telecom Italia.
O apoio institucional do lulismo à Telecom Italia é mencionado novamente em outra passagem do despacho. Está na página 13. No interrogatório de 19 de abril de 2007, Giuliano Tavaroli foi indagado sobre os 25 milhões de euros pagos pela empresa a Naji Nahas, sem que houvesse, de acordo com o procurador, "a menor evidência documental de um serviço efetivamente prestado". Tavaroli respondeu: "Naji Nahas era conhecido por suas ligações com os aparatos institucionais, como o ministro da Fazenda brasileiro". Isso mesmo: Antonio Palocci.
Tavaroli relatou também que a mala cheia de dólares a respeito da qual falei duas semanas atrás serviu, em parte, para subornar parlamentares.
O interesse dos procuradores italianos pelo Brasil é meramente incidental. O foco de seu inquérito é a arapongagem da Telecom Italia na própria Itália; o Brasil só entra de passagem. Se a gente quiser indagar mais sobre o assunto, o jeito é trabalhar. Quem já está fazendo isso é o Ministério Público brasileiro. O documento em que Godot finalmente aparece está em poder da nossa magistratura. Ele também pode ser consultado por qualquer um na internet:
http://www.divshare.com/download/3785247-d05.

Certificado de incompetência

Editorial do Estado de São Paulo

Reveladas as circunstâncias em que foram elaboradas as listas de fazendas que o Ministério da Agricultura considerou aptas a exportar carne para a União Européia (UE), entende-se agora que a reação das autoridades agrícolas européias não poderia ser outra senão a rejeição pura e simples dessas listas. Os europeus querem a garantia de que a carne exportada pelo Brasil procede de áreas livres da ocorrência de febre aftosa - o que deve ser comprovado pelo sistema de rastreamento do gado nacional - e, por isso, exigiram que só um número limitado de fazendas fosse considerado, pelo governo brasileiro, apto para abastecer seu mercado. Mas o Ministério da Agricultura não resistiu às pressões de políticos e pecuaristas e elaborou listas bem maiores, que foram recusadas.A questão das exportações de carne para a Europa vem se agravando desde novembro, quando inspetores europeus estiveram no País para averiguar as condições sanitárias das fazendas e o funcionamento do sistema de rastreamento. Até agora, o governo não conseguiu dar respostas convincentes aos europeus, que querem certificar-se de que o produto que estão comprando obedece às regras de sanidade fixadas de comum acordo com as autoridades brasileiras. O único certificado que os europeus aceitaram até agora é o da incompetência do governo brasileiro.No fim de janeiro, o governo brasileiro enviou uma lista com 2.681 fazendas. Os europeus nem a examinaram, pois o número era muito maior do que o acertado com as autoridades brasileiras, e decidiram suspender a importação de carne in natura procedente do Brasil. Tinham razão. Fontes do governo brasileiro admitiram que a lista não era baseada apenas em critérios técnicos ou sanitários. Fazendeiros, secretários estaduais de Agricultura e políticos pressionaram o Ministério para que elaborasse uma lista maior do que a admitida pela UE - e o Ministério assim fez.A suspensão da compra de carne brasileira pela UE está em vigor desde o dia 1º de fevereiro. Para quebrar o embargo, o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Inácio Kroetz, armou-se de documentos para apresentar às autoridades européias. Os documentos, segundo ele, comprovam a “consistência” das ações do governo, dos pecuaristas e dos frigoríficos brasileiros para assegurar ao produto exportado para a UE as condições exigidas pelos compradores.No entanto, nem bem seu auxiliar embarcara para Bruxelas, para reuniões com as autoridades européias, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, admitiu publicamente a incapacidade do País em fiscalizar adequadamente a produção de carne bovina. Durante audiência na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, Stephanes disse que alguns frigoríficos exportaram para a UE carne de animais não rastreados.Como se não bastasse essa confissão de incompetência, para irritar ainda mais os europeus, a nova lista de fazendas apresentada pelo Ministério da Agricultura também era maior do que a acertada. Tinha 523 propriedades, bem mais do que o limite de 300 que a UE considera aceitável. Pior ainda, constavam da lista fazendas que não estavam nas listas anteriores e em muitas que constavam de outras listas o número de animais era diferente.Funcionários do Ministério das Relações Exteriores que acompanham as negociações se dizem inconformados com o “papelão” que o Brasil está fazendo diante das autoridades européias. Como em outras áreas, também no caso das exportações de carne para a UE o governo Lula age como se o grande interessado em resolver o problema fossem os outros, os europeus, não o Brasil.Para o governo, tudo parece se passar como se a Europa fosse fortemente dependente do fornecimento brasileiro. É um erro grave. De toda a carne in natura que consome, a UE importa menos de 10% e, de suas importações, 46,4% procedem do Brasil. Isso significa que o Brasil responde por uma fatia de apenas 4,4% do consumo europeu. Em resumo, depois de tanta demonstração de incompetência dos representantes brasileiros, a UE poderia simplesmente encerrar as discussões e comprar de outro fornecedor. O governo brasileiro ainda não se deu conta de que esse é um risco real.

Filho de Lula vai à Antártida por 'interesse científico', diz Planalto

Por Tânia Monteiro
no Estado de São Paulo

Foi por “interesse científico” que o filho mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da primeira-dama Marisa Letícia, o empresário e biólogo Fábio Luiz Lula da Silva, integrou-se à comitiva que visitará hoje a estação antártica brasileira Comandante Ferraz. A explicação foi fornecida ontem pela Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto.Após a repercussão na notícia de que Lulinha viajaria com o pai, veiculada ontem pelo Estado, o ministro Franklin Martins, da Secretaria de Comunicação da Presidência, frisou que as despesas Fábio Luiz com hotel serão pagas do próprio bolso. “Ninguém deixou de vir para cá para dar lugar a ele”, disse. Franklin destacou que “outros presidentes já levaram filhos em viagem” e completou: “Do ponto de vista da Presidência, não há nada demais.”Marisa também integra o grupo de 23 pessoas que visitará o continente gelado. De acordo com a assessoria do Planalto, não se trata de uma viagem em família, já que os demais filhos do presidente não participarão da programação oficial, que inclui, ainda, uma visita à base chilena na região.Lulinha é sócio da Gamecorp, que ficou famosa com o aporte inicial de R$ 5 milhões do Grupo Telemar. A empresa tem um site de games e produz programas de TV e conteúdo para celulares. Curiosamente, segundo a Marinha, a Oi (antiga Telemar)é parceira do Brasil na Antártida, onde instalou uma antena, em 2007, que permite conectar computadores a custo zero. Ali há, também, dois orelhões mantidos pela Oi, nos quais os telefonemas para o Rio têm custo de chamada local.Após a confirmação de que Fábio Luiz integrava a comitiva, a imprensa - que acompanharia Lula no Hércules, da Força Aérea Brasileira, até a base chilena na Antártida - foi deslocada para o avião reserva. A justificativa oficial era de que houve modificação no layout do avião para oferecer mais conforto ao presidente, reduzindo o número de lugares disponíveis e a entrada de militares e diplomatas chilenos no vôo.VISITAO grupo viajou ontem para a cidade de Punta Arenas, no Chile. Hoje está prevista a visita às bases na Antártida, mas isso dependerá das condições climáticas. A previsão é de que o presidente e seus acompanhantes voltem hoje mesmo a Punta Arenas, mas a Presidência preparou um “plano de contingência”, caso seja necessário estender a permanência da comitiva, por causa do mau tempo. Se hoje persistir no continente antártico as condições climáticas de sexta-feira, Lula enfrentará dificuldades de pousar para realizar a visita, com previsão de seis horas. Ontem, “não houve janela” para decolagem e pouso na região, conforme informou o chefe da Secretaria Interministerial de Recursos do Mar, Contra-Almirante Dilermando Ribeiro Lima. Se houver problemas climáticos, o presidente fará uma nova e última tentativa de vôo no domingo.Lula pretende visitar a estação para comemorar os 25 anos de conclusão da primeira expedição brasileira ao continente. De acordo com o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, a visita à Base Comandante Ferraz “é gesto simbólico do presidente Lula, no sentido de prestigiar o trabalho de militares e especialistas brasileiros que desenvolvem importantes atividades científicas no continente antártico, em condições especialmente desafiadoras”.O Brasil está presente na região desde dezembro de 1982, quando foi feita a primeira expedição. “A atuação brasileira é voltada para o fortalecimento das diretrizes e ações para a conservação e manejo sustentável do meio ambiente antártico e o desenvolvimento de pesquisas científicas. Nesse contexto, o Brasil participa das atividades do Ano Polar Internacional, 2007/2008, com nove projetos financiados pelo CNPQ”, explicou o porta-voz.

Requião manda abrir processo contra dono de rádio e jornalista

Na Folha de São Paulo

O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), disse ontem que vai processar o dono e um jornalista de uma rádio de Curitiba. Em nota, eles foram chamados de "irresponsável" e "pau mandado", respectivamente.A emissora veiculou entrevista com um senador do Paraguai que fez acusações contra Requião e protestou contra suposta ingerência dele na eleição daquele país.Líder do governo de Nicanor Duarte no Congresso paraguaio, Juan Carlos Galaverna disse "haver indícios" de que Requião faz lavagem de dinheiro, trafica drogas e contrabandeia soja.Em nota, Requião negou as acusações e disse que determinou que a Secretaria de Segurança Pública e a Procuradoria Geral do Estado instaurem processo contra o dono da rádio Bandnews FM, Joel Malucelli, e Fábio Campana, um dos entrevistadores. Campana disse que as declarações só comprovam o estilo agressivo de Requião. "O que fizemos foi jornalismo." A assessoria de Joel Malucelli informou que o empresário estava em viagem e não obteve contato.

Militares vão alertar Lula sobre Antártida

Por Eduado Scolese
na Folha de São Paulo

O Palácio do Planalto trata apenas como um gesto "simbólico" e "político" a primeira visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à base brasileira na Antártida.Mas, do ponto de vista dos militares e da comunidade científica, trata-se de uma oportunidade de sensibilizá-lo a ampliar por lá os investimentos federais.Isso porque o volume de recursos destinados ao Proantar (Programa Antártico Brasileiro) já é motivo de preocupação, inclusive para a manutenção e reequipamento da Estação Antártica Comandante Ferraz, base do país que entrou em operação de 1984.Para este ano, a previsão orçamentária ao programa é de R$ 11,4 milhões, uma queda de 30% em relação aos R$ 16,5 milhões aplicados em 2007 e de 50% diante dos R$ 23,1 milhões em 2006. Segundo a Marinha, o custo anual da base não sai por menos de R$ 14,5 milhões."[Para] a manutenção, para ter um resultado eficiente, para obter eficiência na condução do programa antártico, são necessários cerca de R$ 14,5 milhões. A manutenção e a modernização devem acompanhar os tempos", afirma o capitão-de-fragata Eron de Oliveira Pessanha, responsável pela Divisão de Operação do Programa Antártico Brasileiro.O programa foi criado em 1982. Dois anos depois entrou em operação a base, que conta hoje com alojamentos, oficinas, enfermaria, laboratórios, biblioteca e até um ginásio de esportes. A base é montada em módulos (contêineres), com a presença sempre de pelo menos dez militares da Marinha.Durante o ano, eles dão apoio a um grupo máximo de 40 pesquisadores (o limite de capacidade da base é para 50 pessoas).Nos últimos anos, também tem caído o volume de recursos aplicados em pesquisas no Proantar via CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).De 2006 para 2007, a queda foi de 44%, de R$ 897 mil para R$ 502 mil. Na visita à Antártida, o ministro Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia) apresentará a Lula um plano de investimentos da pasta no programa antártico (pesquisas e infra-estrutura). O objetivo é aplicar R$ 33 milhões até 2010."Estamos confiantes de que a visita do presidente demonstra o interesse que o governo tem por aquela região e sinaliza novas possibilidades de investimentos e de acordos internacionais", disse Sérgio Rezende.A visita, programada para hoje e que marca os 25 anos da primeira expedição brasileira à Antártida, depende das condições climáticas. Com o tempo fechado, como ocorreu ontem e anteontem, não há "janela" para que as aeronaves possam seguir de Punta Arenas (Chile) até o continente gelado, o que obrigaria uma mudança da visita presidencial para amanhã.Ontem à noite, chegou aos comandos da Marinha e da Aeronáutica a previsão de que hoje não haverá "janela". Assim, Lula ficará no hotel, em Punta Arenas, no aguardo de uma eventual abertura. No início do mês, por conta do mau tempo, parlamentares brasileiros ficaram cinco dias presos na base, a cerca de mil quilômetros do continente sul-americano.Antes da viagem à Antártida, Lula já havia visitado 65 nações como presidente -incluindo as repetições, foram 143 visitas a nações desde janeiro de 2003. Nessas viagens, o presidente passou 259 dias no exterior ou em deslocamentos.

CGU aponta que servidores indicados por políticos também utilizam cartões

Por Fabio Zanini
na Folha de São Paulo

Cartões corporativos do governo federal são usados por 219 pessoas de fora do quadro permanente da administração pública, a grande maioria indicada de partidos políticos. O dado é da CGU (Controladoria Geral da União), que afirma não ver problema, a priori, em um portador de cartão ter paralelamente atividade partidária. De acordo com a CGU, o número corresponde a apenas 3% do total de funcionários federais que usam cartões corporativos. Esse percentual refere-se apenas aos indicados políticos "puro sangue", no entanto. Outros 41% dos cartões, ou 2.999, estão nas mãos de pessoas em cargos de confiança que são, ao mesmo tempo, concursados do serviço público. Os demais cartões estão com servidores concursados que não estão em funções de confiança. O acúmulo da atividade partidária com a condição de usuário de cartões pode dar margem a conflitos de interesses, conforme revelou ontem a Folha. Em 2007, três tesoureiros de diretórios estaduais do PT usaram cartões, na maioria das vezes para fazer saques. Pelo menos outros 43 petistas, incluindo três candidatos a deputado estadual, usaram cartões desde 2005. O tema deverá estar na pauta da próxima reunião da Comissão de Ética Pública da Presidência, no dia 25 de fevereiro, segundo seu presidente, Marcílio Marques Moreira. Ele não quis adiantar sua opinião. Exemplos de petistas que têm o cartão são os ministros Altemir Gregolin (Pesca) e Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário). No PMDB, há o da Agricultura, Reinhold Stephanes. No PC do B, o do Esporte, Orlando Silva Junior. Em nota, a CGU diz que "entende não haver qualquer razão para vedar, a priori, que um servidor seja portador de suprimento de fundos apenas pelo fato de desempenhar uma atividade partidária". A nota afirma ainda que "é evidente que, se ocorrer qualquer desvio de conduta no uso de dinheiro público, o fato deve ser investigado e punido na forma da lei".
Oposição
A oposição criticou o fato de dirigentes políticos usarem os cartões e prometeu investigar na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que deve ser criada na semana que vem. "O governo deveria ter preocupação redobrada quando se refere a dirigentes partidários. Esse acúmulo de funções é de pouca transparência e permite questionamentos éticos evidentes", diz o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP), autor do requerimento da comissão. O líder do PT na Câmara, deputado Maurício Rands (PE), afirmou que "tudo será investigado pela CPI". "É natural que alguns dos ordenadores de despesa [usuários de cartões] sejam indicações do PT, do governo. Mas o uso dos cartões é de responsabilidade de cada um e toda irregularidade tem que ser apurada", afirmou Rands.

Governistas tomam dois terços da CPI dos Cartões

Por Maria Clara Cabral e Adriano Ceolin
na Folha de São Paulo

Além de ficar com os postos de comando na CPI mista dos cartões corporativos, a base aliada ao governo terá dois terços dos membros da comissão. Das 24 vagas, 16 caberão a deputados e senadores governistas. Os números são definidos segundo a proporção das bancadas na Câmara e no SenadoA oposição acredita que, assim, será difícil investigar a fundo o uso irregular dos cartões. Por isso ainda trabalha para indicar o relator ou o presidente. Caso o governo não ceda um dos postos, DEM e PSDB prometem criar uma CPI só do Senado, onde a correlação de forças é mais parecida.Na Câmara, das 12 vagas, 9 ficarão com aliados, sendo duas para PMDB e PT cada um e uma para PP e PR, além de mais duas vagas para o chamado "bloquinho" (PSB/PDT/PC do B/PMN/PRB). A outra cabe ao PV, que apesar de ser originalmente da base, ameaça mudar de lado por questões relacionadas ao desmatamento.No Senado, a definição oficial da composição da CPI será feita em reunião de líderes na semana que vem. Geralmente, as vagas são definidas por acordo levando-se em conta o critério da proporcionalidade. Com base nesse critério, porém, 7 das 12 vagas deverão ficar com a base, sendo duas para o PMDB, três para o bloco formado por PT, PR, PRB, PSB, PC do B, uma para PTB e outra para PDT.Para que qualquer requerimento seja aprovado ou rejeitado, seja ele de convocação de depoentes ou de quebra de sigilos fiscal, bancário ou telefônico, é preciso apenas a maioria simples dos membros de uma CPI. Por isso a oposição deseja um posto de comando para conseguir investigar.Após indicarem Neuto de Conto (PMDB-SC) e Luiz Sérgio (PT-RJ) para presidência e relatoria, respectivamente, a base nega que fará uma investigação "chapa-branca" e diz que está só cumprindo o regimento.Para rebater a oposição, a liderança do PT distribuiu um levantamento das CPIs na gestão Fernando Henrique Cardoso que mostra que quase todas as investigações da época foram comandadas pela base.Segundo o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), esse argumento não pode ser considerado, já que naquela situação a oposição era menor que atualmente. "Juntos, DEM e PSDB têm a maior bancada no Senado", disse.O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), diz achar difícil que o PMDB e o PT cedam uma das vagas. "Está cada vez mais complicado.""Se o governo impedir que a CPI mista cumpra seu papel, tudo é possível, inclusive a criação de uma CPI no Senado", disse o presidente do PSDB, o senador Sérgio Guerra.Segundo o presidente do Congresso, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), a sessão de leitura do requerimento de instalação da CPI deve acontecer na quarta. Até lá, os parlamentares podem retirar seus nomes do documento, protocolado com 28 assinaturas de senadores e 189 de deputados.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

De novo não

Geraldo Alckmin deveria ficar na geladeira. Depois do fracasso da campanha presidencial de 2006, Alckmin deveria ser esquecido. Como disse aqui, Alckmin deveria ser o último tucano a dar palpite no PSDB. Mas, tem gente no ninho que o acha preparado para disputar a campanha pela Prefeitura de São Paulo em outubro. Os tucanos estão muito convencidos que, sozinhos, poderão ganhar a prefeitura paulistana. Tem o DEMO do atual prefeito Gilberto Kassab que vai disputar a reeleição. Será que, mais uma vez, veremos outra briga entre o PSDB e o DEMO? Sei lá eu. Felizes estão os petistas com este racha na base que apóia Kassab. Se Marta Suplicy voltar à Prefeitura de São Paulo vamos jogar chuchus na cabeça do Alckmin.

Lula na Antártida

Lula vai visitar a Antártida. Depois de visitar as ditaduras africanas Lula quer conhecer o gelo da Antártida. Ele não vai sozinho. Seu filho Lulinha vai nessa. Ele é biólogo e a viagem vai aumentar ainda mais seus conhecimentos biológicos. Será? Vamos exigir um relatório detalhado sobre a pesquisa de Lulinha na Antártida. Vamos ficar de olho se vai ter alguém usando cartão corporativo indevidamente. Temos que ficar de olho em tudo e em todos. Fazer um Big Brother no Lula. Segui-lo para onde ele for. Checar os seus gastos 24 horas por dia.
Enquanto a Petrobrás perde informações sigilosas sobre as “descobertas” de petróleo e Gás na Bacia de Santos, enquanto o governo e a oposição brigam por cargos na CPI do Cartão Corporativo, Lula vai para a Antártida...

O que vocês querem, afinal?

Nem governo, nem oposição estão dispostos a fazer uma CPI, no mínimo, descente. Nenhum dos dois quer ceder. Nenhum dos dois quer abrir mão da presidência e da relatoria. Os governistas querem tudo para si e a oposição não quer chupar o dedo. Enquanto isso o tempo passa e não começa logo esta investigação sobre a farra dos cartões corporativos. O que vocês querem, afinal?

Tá tudo rachado

Marconi Perillo e Lúcia Vânia não se entendem. Ela preside a Comissão de Turismo do Senado e, na última quarta feira, rejeitou duas emendas de Marconi. O clima ficou tenso. Nem parecia que os dois são do mesmo estado e do mesmo partido. Fica claro o quanto a base aliada ao Palácio das Esmeraldas está rachada. Marconi tem seus fiéis escudeiros no ninho tucano assim como Lúcia tem os seus. Se cada um seguir o seu caminho, cada fiel vai seguir o seu líder. A coisa está feia mesmo. Tá tudo rachado. Será que o Tempo Novo vai perder mais uma eleição para o Tempo Velho aqui em Goiânia?

Israel tem razões para se preocupar, dizem analistas

Por Renata Miranda
na Folha de São Paulo

A tensão entre o Hezbollah e Israel deve aumentar ainda mais depois do anúncio feito ontem pelo líder do grupo xiita libanês, Hassan Nasrallah, de que a organização está pronta para uma “guerra aberta” com o país. No entanto, segundo analistas, apesar de o grupo estar pronto para atacar, dificilmente terá condições de iniciar uma guerra. O Hezbollah culpa Israel pela morte de Imad Mughniyeh, um importante comandante do grupo, na terça-feira em Damasco, na Síria.“Os integrantes do Hezbollah estão furiosos com o que aconteceu e vão querer adotar represálias”, afirmou ao Estado, por telefone, David Schenker, diretor do Programa de Política Árabe do Washington Institute. Para o professor Fawas Gerges, especialista em estudos do Oriente Médio da Faculdade Sarah Lawrence, em Nova York, a ameaça feita pelo grupo xiita foi um tanto exagerada, mas mesmo assim, o governo israelense tem razões para se preocupar. “O Hezbollah vai retaliar de qualquer maneira e a única dúvida é de como e quando isso acontecerá”, afirmou Gerges. “É só uma questão de tempo para os líderes do grupo encontrarem o melhor momento para atacar.”Israel afirma que Mughniyeh esteve envolvido no atentado de 1992 contra a embaixada israelense na Argentina, que deixou 29 mortos, e no ataque contra a Associação Mutual Israelense Argentina (Amia), dois anos depois, que resultou em 85 mostos.Joshua Gleis, pesquisador do Programa de Segurança Internacional da Universidade Harvard, acredita que ataques como os da Argentina podem ser adotados com mais freqüência pelo Hezbollah. “Se o grupo decidir bombardear a fronteira com Israel, outra guerra começará e creio que o Hezbollah não queira entrar em mais um conflito que pode deteriorar mais sua capacidade militar”, disse Gleis, que aponta para o fato de o Hezbollah ser hoje um dos grupos mais poderosos militarmente. “Com a assistência do Irã, eles podem causar muitos danos na região e em outros alvos judaicos pelo mundo.”Segundo Schenker, o Hezbollah conseguiu se reagrupar e reconstruir sua base militar após os conflitos com Israel em meados de 2006, e hoje tem uma rede articulada em vários países pronta para agir. “O Hezbollah é uma organização com extensão global e os israelenses devem ficar preocupados com o que pode vir a acontecer”, disse Schenker. “A organização tem muitas operações prontas para serem executadas.”Gerges acredita que o alerta emitido ontem por Israel às suas embaixadas ao redor do mundo e a outros órgãos com que mantém ligações foi uma sábia decisão, pois as ameaças do grupo xiita não podem ser subestimadas. “Ao longo desses anos, o Hezbollah provou que tem uma máquina militar extremamente letal.”

Palocci é acusado de fraudar licitação do 'molho de tomate'

Por Fausto Macedo e Ricardo Brandt
no Estado de São Paulo

O Ministério Público Estadual acusou na Justiça o ex-ministro da Fazenda do governo Lula, deputado Antonio Palocci (PT-SP), de favorecer um grupo de empresários do setor de alimentos contratados sem licitação pela Prefeitura de Ribeirão Preto, que o petista dirigiu entre 2000 e 2002.Nove contratos da gestão Palocci estão sob suspeita. A promotoria calcula um prejuízo de R$ 2,19 milhões aos cofres municipais , em valor não corrigido. O Ministério Público alega que as licitações foram direcionadas a partir da exigência de inclusão de molho de tomate refogado com ervilhas como componente obrigatório de algumas listas. Poucos são os fabricantes desse produto.Em ação civil, baseada em 33 volumes de documentos, 5 promotores de Justiça sustentam que Palocci teria conduzido esquema de fraudes “que tiveram por escopo o direcionamento das compras”. A ação foi protocolada na Vara da Fazenda Pública do Fórum de Ribeirão. Deputados não têm foro especial quando o processo é de natureza civil.A ação pede condenação do ex-ministro às sanções da Lei da Improbidade Administrativa - ressarcimento integral do dano, perda de bens ou valores ilicitamente acrescidos ao patrimônio, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos por 8 anos, pagamento de multa de até duas vezes o valor do dano. Pede ordem judicial para quebra do sigilo telefônico, fiscal e bancário de Palocci e de outros 6 acusados - 4 pessoas físicas e 2 empresas citadas.Os promotores destacam, no texto de 33 páginas, que “outra forma quase mágica de direcionamento de licitação foi a exigência do produto molho de tomate peneirado refogado com ervilhas”. Segundo a promotoria, “esquemas semelhantes ocorreram em outras administrações municipais, sendo a maioria administrada por prefeitos filiados ao Partido dos Trabalhadores”.“Apurou-se que vários artifícios foram utilizados para o favorecimento de tais empresas, que quase sempre concorriam entre si, longe de qualquer ameaça de concorrência de outros fornecedores”, afirma a promotoria.“O réu era o prefeito, de modo que todas as contratações e todos os pagamentos eram de sua responsabilidade”, diz o texto. “Era o autorizador das despesas públicas e responsável por todos os procedimentos e contratos da administração.” Segundo a ação, a partir do início do governo Palocci “foram introduzidas alterações nos sistemas de compras de gêneros alimentícios que possibilitaram o favorecimento das fornecedoras”.

PF suspeita de espionagem na Petrobras

Por Pedro Soares e Sérgio Torres
na Folha de São Paulo

Dois laptops (computadores portáteis) e um disco rígido com informações sigilosas e estratégicas da Petrobras foram furtados de um contêiner que estava sob a guarda da Halliburton, empresa americana prestadora de serviços à estatal, em Macaé (a 188 km do Rio). A PF (Polícia Federal) suspeita que o crime seja parte de esquema de espionagem industrial.Os dados desaparecidos são referentes às recentes descobertas de reservas de óleo e gás da estatal. Estavam armazenados nos equipamentos da Halliburton, que os transportaram do porto de Santos para a base da Petrobras na bacia petrolífera de Campos, em Macaé.Entre as descobertas, está a do campo de Tupi (bacia de Santos), a maior já realizada no país. Suas reservas (ainda dependentes da certificação final) são estimadas entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris. Ao todo, o Brasil tem hoje 14 bilhões de barris. As primeiras revelações sobre o furto foram divulgadas na internet na manhã de ontem pelo portal Terra.A Petrobras foi informada do furto no dia 1º deste mês, quando a Halliburton percebeu que o contêiner havia sido violado. A estatal realizou uma investigação interna e, no mesmo dia, véspera do Carnaval, informou sobre o desaparecimento do material à Superintendência da PF no Rio. O inquérito só foi aberto no dia 7. Ficou a cargo da Delegacia da PF em Macaé, cujas investigações ainda não avançaram. A Petrobras também faz suas apurações.A Folha apurou que a estatal não descarta a possibilidade de se tratar de espionagem industrial, suspeita também citada à Folha pela delegada Carla de Melo Dolinski, presidente do inquérito. "Nós temos duas linhas de investigação: se foi furto com intuito de obter informações sigilosas e estratégicas ou se foi com o intuito de obter simplesmente materiais de informática. Furto simples, comum, que acontece muito em contêineres", disse a delegada.O que a PF sabe até agora, ainda de acordo com Melo Dolinski, é que o contêiner deixou o porto de Santos no dia 18 de janeiro, com passagem pelo Rio. No pátio da Halliburton em Macaé, o contêiner deu entrada no último dia 1º.A Halliburton é uma das mais antigas prestadoras de serviço da estatal. Atua em várias áreas, com destaque em testes de vazão e pressão em reservatórios. Também foi responsável pela construção de duas plataformas (P-43 e P-48), cujos preços e prazos estouraram. O caso terminou numa corte arbitral.Nos EUA, a Halliburton teve como presidente Dick Cheney, o atual vice-presidente do país, e teve forte atuação no Iraque."Só sei dizer que o contêiner saiu de Santos em 18 de janeiro e no dia 1º de fevereiro foi encontrado violado. Saiu de Santos, passou pelo Rio e veio para cá [Macaé]. Não sei em que momento esse contêiner foi furtado", disse a delegada.Logo na chegada, os funcionários encarregados do transporte notaram que o lacre do contêiner tinha marcas de violação. A Petrobras foi chamada. Realizou uma vistoria e constatou que os laptops e o disco rígido tinham sumido. A Polícia Federal foi avisada em seguida.Em nota, a Petrobras evitou referências à suspeita de que o furto foi cometido por pessoas interessadas em saber mais sobre os campos de petróleo do litoral brasileiro. A estatal informou apenas, no documento, que "houve um furto de equipamentos e materiais que continham informações importantes para a companhia, em instalações de empresa que presta serviços especializados".A estatal acrescentou na nota possuir cópias da íntegra dos dados furtados. Mas não revelou qual é o conteúdo das informações nem sobre quais áreas se referem. Procurada pela Folha no Rio, a Halliburton informou que por enquanto não se pronunciará sobre o desaparecimento do material e que recebeu a orientação da Petrobras para que todas as questões a respeito do tema fossem encaminhadas à estatal.

Tesoureiros do PT usam cartão corporativo

Por Fábio Zanini
na Folha de São Paulo

Dirigentes regionais do PT estão entre os usuários de cartões corporativos do governo federal, incluindo três tesoureiros de diretórios estaduais.Pelo menos mais sete integrantes de executivas ou diretórios petistas, além de um ex-prefeito e de três candidatos a deputado estadual em 2006, estão entre os encarregados por diversos ministérios de fazer saques e comprarem com os cartões. Um deles, candidato em Alagoas, sacou 41% do total do ano nas três semanas que antecederam a campanha.Levantamento feito pela Folha com base em dados do Siafi (sistema de acompanhamento de gastos do governo) pela assessoria de Orçamento do DEM identificou 46 petistas em cargos de confiança em oito ministérios e na Presidência que usaram cartões de 2005 a 2007. Neste período, gastaram R$ 719 mil -61,5% em compras e 38,5% em saques.O uso dos cartões por pessoas comprometidas com a política partidária não é ilegal, mas pode dar margem a conflitos de interesse. Um exemplo ocorre no Amazonas, onde o superintendente estadual da Secretaria da Pesca, Estevam Ferreira da Costa, usa cartão corporativo para cuidar das finanças da pasta de segunda a sexta, das 9h às 17h. Encerrado o expediente, Costa, tesoureiro estadual desde 2001, dirige-se ao diretório do PT em Manaus onde, das 18h às 19h, trata do dinheiro do partido. "Passo uma hora por dia trabalhando para o PT", diz ele, que sacou R$ 8.900 com cartão em 2007. A maior parte, segundo ele, para comprar combustível para barcos.Em Tocantins, o tesoureiro estadual do PT Leontino Pereira de Sousa usa intervalos no trabalho como delegado estadual do Ministério do Desenvolvimento Agrário para resolver problemas do partido. "Aproveito a hora do almoço para pagar contas do PT." Sousa gastou, em 2007, R$ 3.889 com cartão, 89% em saques.Em Goiás, a tesoureira do PT até dezembro era Laisy Moriere, a principal responsável na Secretaria de Políticas para Mulheres por organizar as viagens da ministra Nilcéa Freire. É ela quem paga hotéis e restaurantes, com o cartão.A dupla função é conseqüência do loteamento da administração federal. Conforme revelou a Folha no domingo, 44% dos cartões estão com funcionários comissionados, muitos deles, indicações políticas.A maioria dos militantes petistas ocupa gerências estaduais da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, cujo titular, Altemir Gregolin, é um dos ministros que têm gastos com cartão investigados. Há também exemplos em Desenvolvimento Agrário, Minas e Energia, Trabalho, Agricultura, Integração Nacional e na Secretaria de Políticas para Mulheres.Além dos tesoureiros, há petistas com cartão em cargos como secretário de Formação Política, de Organização, de Assuntos Sindicais e de Assuntos Agrários -todas posições estratégicas. Nas eleições de 2006, ao menos três petistas com cartão corporativo tentaram a sorte para Assembléias. Apenas um se elegeu.

CGU vê erro em gastos e manda ministro da Pesca devolver R$ 538

Por Felipe Seligman e Lucas Ferraz
na Folha de São Paulo

A CGU (Controladoria Geral da União) apontou "impropriedades" em duas despesas com alimentação do ministro Altemir Gregolin (Pesca) custeadas com cartão corporativo, segundo auditoria feita em seus gastos, e determinou que ele devolva o valor (R$ 538) à União -o que já ocorreu, diz a CGU.A conclusão livra o ministro de outras punições, como havia revelado a Folha nesta semana. A auditoria "afasta as suspeitas de irregularidade levantadas em matérias jornalísticas sobre as despesas com hospedagem e locação de veículos".O primeiro pagamento considerado impróprio é o de duas refeições no Buffet Flory, em Florianópolis, de R$ 26, em 2007. Como o cartão é de uso individual, a CGU determinou o ressarcimento de 50%. O ministro recolheu o valor integral.Outro caso ocorreu em Brasília, como revelado pela Folha do dia 30, quando Gregolin pagou R$ 512,60 em almoço para a delegação da Academia de Ciências Pesqueiras da China. A auditoria determinou a devolução do valor, apesar de "não vislumbrar dolo ou má-fé de qualquer natureza, não há previsão legal para a realização desse tipo de despesa com suprimento de fundos". Mesmo argumento dado na época pelo ministro da CGU, Jorge Hage.Sobre o almoço em Florianópolis, que a CGU afirma que o ministro pagou refeição a outra pessoa, Gregolin contou que a nota fiscal estava errada. "Houve erro Eu estava sozinho."No caso da Choperia Pingüim, em Ribeirão Preto (SP), os auditores concluíram que "nada houve de irregular".Nas conclusões da auditoria, a GCU recomendou que a Secretaria da Pesca não use o cartão para despesas com alimentação em Brasília, e sugeriu diárias para ministros e regras para despesas com alimentação quando houver reuniões com delegações estrangeiras.A CGU também analisou extratos da ex-ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial) e do ministro do Esporte, Orlando Silva. Matilde gastou R$ 461,16 num free shop e mais de R$ 110 mil com aluguel de veículos, enquanto Silva, além da compra de tapioca, pagou diárias em hotel, no Rio, na companhia de mulher, filha e babá. A CGU deve divulgar hoje a auditoria nos gastos de Matilde.

Oposição protocola pedido para criar CPI dos Cartões

Por Adriano Ceolin e Maria Clara Cabral
na Folha de São Paulo

Após a presidência do Congresso rejeitar seu primeiro pedido de criação da CPI dos Cartões, a oposição reuniu ontem, em menos de quatro horas, 28 assinaturas de senadores e protocolou novo requerimento.O primeiro havia sido apresentado no início da tarde. Horas depois, o presidente do Congresso Nacional, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), apontou um erro nas folhas com as assinaturas dos senadores e determinou que elas fossem coletadas novamente. Nas assinaturas de deputados, não houve problemas.Segundo Garibaldi, foi utilizada a palavra "apoiamento" em vez de "requerimento" em todas as páginas em que constam as assinaturas dos senadores, o que não é permitido pelo regimento do Senado.Num primeiro momento, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), autor do pedido de CPI, achou que Garibaldi havia tomado a decisão para beneficiar o governo. "É bem provável que o governo tenha conversado com o Garibaldi para inviabilizar ou retardar a CPI", disse.Mais tarde, Sampaio voltou atrás, afirmando que interpretou de forma errada a atitude do presidente do Congresso. A oposição reconheceu o erro, e passou a colher novas assinaturas. "Todos partidos ajudaram", disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).Pela manhã, PMDB e PT se articularam para garantir o comando da comissão. O senador Neuto de Conto (PMDB) aceitou o convite para presidir a investigação, e o PT indicou o antigo líder do partido na Câmara Luiz Sérgio para a relatoria.Apesar da contrariedade da oposição e da esperança de PSDB e DEM em ainda obter um posto de comando, os dois negaram que a CPI será "chapa-branca". "Vou trabalhar para separar os bons e maus. Teve gente que usou bem o cartão, mas teve gente que cometeu irregularidade. Vamos investigar", disse Neuto.Luiz Sérgio fez questão de lembrar que investigará também o uso dos cartões no governo Fernando Henrique Cardoso. Ainda segundo ele, os trabalhos não se limitarão ao Executivo. "Precisamos saber se o Poder Judiciário tem cartão ou não, assim como as estatais."O pedido de CPI mista (com deputados e senadores) foi protocolado com 34 assinaturas de senadores e 189 de deputados.O erro inicial só foi divulgado por volta das 17h, durante a sessão não deliberativa.O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), disse que havia percebido o erro no momento da apresentação do requerimento: "Eu comentei com a Cláudia Lyra [secretária-geral da Mesa do Senado]. Ela me disse que estava errado, então eu pedi que a minha assessoria produzisse outro documento para colher novas assinaturas".As assinaturas terão de ser confirmadas pelas secretarias das Casas. Os congressistas ainda podem retirar seus nomes.

Rindo dos cartões

O petismo banalizou a corrupção no Brasil. Antigamente eram eles que protestavam quando saía na imprensa alguma denúncia de corrupção. Lembro muito bem dos petistas pedirem a cabeça do denunciado. Hoje, nós vemos os ladrões do passado dividindo palanque e cargos com os cavaleiros da ética. O PT não sente vergonha ao ser flagrado roubando dinheiro público. Eles preferem desviar o foco, falar que a corrupção sempre aconteceu e que no governo de São Paulo a corrupção é maior. Eles sempre fazem isso, sempre desviam o assunto.
A farra dos cartões corporativos não choca a imprensa governista, a imprensa que escreve em nome do governo, a imprensa que deseja ardentemente blindar Lula. Eles riem dos cartões corporativos. Eles falam que o governo José Serra, em São Paulo, também faz farra com cartões. Os petistas não mostram se os cartões de Lula são iguais aos cartões de Serra. Eles só jogam lixo no ventilador e pronto! Todo mundo está sujo. Epa! Todo mundo não. Me inclua fora dessa, meu filho.
E os jornalistas lulistas fazem piadas sobre o cartão corporativo. “Para que uma CPI da Tapioca?” perguntam eles procurando mostrar inocência. “Tem tantos casos de corrupção piores do que a tapioca que o ministro Orlando Silva comeu?” Quem acha legal, quem não se importa com político que rouba R$ 8 acha normal roubarem R$ 8 mil, R$ 8 milhões, R$ 8 bilhões. Falta é aquele sentimento de vergonha, de vontade de investigar tudo e todos e mostrar quem farreou com dinheiro público, quem deve ir pra cadeia. O problema é que estamos acreditando nas lorotas dos jornalistas petistas que fazem de tudo para transformar a farra dos cartões corporativos numa piada de salão, assim como eles fizeram com o mensalão, seguindo as orientações do mestre Delúbio Soares de que o mensalão não daria em nada e que tudo acabaria numa piada de salão. Estamos acostumados com CPI acabando em pizza. Enquanto eles riem dos cartões corporativos nós pagamos a tapioca do Orlando Silva e as safadezas de Jader Barbalho passando pelos “empréstimos” de Marcos Valério.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Este é o candidato do Lula?

Se tudo der certo, se não houver golpe, o candidato presidenciável preferido de Lula é Ciro Gomes. O mesmo Ciro Gomes irritadinho da campanha de 2002. O mesmo Ciro Gomes que criticava Lula na campanha de 2002. Hoje, durante uma sessão no Senado para debater a transposição do Rio São Francisco, ele bateu boca com a atriz Letícia Sabattela. Ela é uma ótima atriz, porém uma péssima manifestante. Ela apoiou a greve de fome do bispo Luiz Cappio meses atrás.
Não me impressiona este bate boca envolvendo Ciro Gomes. Na campanha de 2002 ele bateu boca com um eleitor e chamou-o de burro. Depois que este episódio foi ao ar, juntando denúncias contra pessoas envolvidas na sua campanha, Ciro caiu nas pesquisas. De ameaça à liderança de Lula ele acabou a campanha quase atrás de Antony Garotinho. Este é o candidato do Lula? Ciro sempre teve a fama de ter o pavio curto. Fico imaginando ele junto com os petistas na campanha de 2010. Com certeza ele não vai levar bandeirada na cabeça sem falar um, dois ou mais palavrões.

FHC quer investigação. E Lula?

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso mandou uma carta para o presidente do PSDB Sérgio Guerra falando que não será encontrada nenhuma irregularidade no uso dos cartões corporativos durante a sua gestão. Ele disse também que a oposição não tem o que temer sobre as investigações. Vamos ver se Lula vai abrir os segredos dos seus gastos. Como já falei aqui ontem quero ver Lula comparar os seus gastos com os gastos de todos os governadores, com os gastos do governo anterior, enfim, com todo mundo. Lula sendo comparado com todo mundo. Não é ele que fala que, se fizerem uma comparação, o seu governo não é o melhor de todo os tempos? Vamos ver na prática. Fernando Henrique Cardoso já colocou à disposição os gastos no seu governo. Será que Lula vai adotar a mesma postura?

E os banqueiros lucram

Lula deu uma entrevista à revista Caros Amigos em 2000 e disse que os banqueiros deveriam ter medo do PT. Hoje, noticia-se que o Unibanco cresceu 97% no ano passado. Nunca antes na história destêpaiz os bancos lucraram tanto como no governo Lula. Os antigos inimigos dos banqueiros assumem o poder e os banqueiros lucram. Depois os lulistas falam que a oposição quer defender os bancos. Mentira! Quem quer defender os bancos é Lula.

Era só o que faltava

Todo mundo quer dar mais segurança para Lula. Ninguém pode saber como Lula gasta o nosso dinheiro. Só Lula pode ter segurança nestêpaiz. Enquanto ele é blindado, a Petrobrás não tem a mínima segurança. Dados sigilosos sobre as pesquisas que revelaram as recentes descobertas de petróleo e gás em águas profundas foram roubados. Isso mesmo! Enquanto o governo procura reforçar a segurança de Lula deixa a Petrobrás livre para a ação de criminosos. Era só o que faltava. Enquanto a Petrobrás é roubada, Lula é sempre blindado. Se a gente não permitisse tanta blindagem assim talvez o país seria um pouco (eu disse um pouco) melhor.

A aliança não vai acontecer

Os analistas políticos daqui de Goiás falam que o PMDB de Íris Rezende só perde quando seus oposicionistas estão unidos. Foi assim em 1998 e em todas as derrotas de Íris até 2004. A base aliada ao Tempo Novo se juntou e derrotou o PMDB, até então imbatível. A base se rompe e... Lá vemos o velhinho Íris voltando ao poder.
Neste ano a base aliada mostra que vai rachada para as eleições de 2008. Aqui em Goiânia o governador Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, vai ter muita dor de cabeça para escolher um candidato só. Ele já tem três candidatos e nenhum dos três está a fim de abdicar a candidatura para apoiar um só. Marconi Perillo já deixou a batata quente nas mãos de Cidinho. Ele, é claro, vai mexer os pauzinhos nos bastidores, mas quem vai assumir as responsabilidades publicamente pelos caminhos da base aliada na campanha que se aproxima será Cidinho. Quero só ver. Ele nem dá conta de resolver este troço de reforma administrativa será que vai dar conta de conduzir a campanha dos seus aliados? Eu não acredito. A aliança que trouxe frutos para o Tempo Novo não vai se concretizar. Aliás, nem o Tempo Novo existe mais. Nem a aliança que criou esta mentira também não existe mais. Quanto mais rachada a base estiver pior será para Cidinho e também para Marconi. E isso quer dizer que as coisas estarão melhores para Íris Rezende? Eu não acredito muito. Sempre quando Íris está com a corda toda pode ser derrubado pelas piadas do Nerso da Capetinga. Íris não tem medo do Tempo Novo. Ele tem medo é do ex-aluno da Escolinha do Professor Raimundo.

Barbosa queria destruir a colméia

Barbosa Neto é cria de Íris Rezende. Deixou o PMDB porque o seu partido lançaria Íris como candidato á Prefeitura de Goiânia em 2004. Mudou de partido para tentar ser candidato. Foi para o PSB. Mas, nas prévias com Sandes Júnior, o radialista ganhou do filho de Íris.
Em 2006, Barbosa Neto foi candidato ao governo do estado. Durante o primeiro turno atacou o Tempo Novo de Marconi Perillo e Alcides Rodrigues, o popular Cidinho. Como não passou para o segundo turno, Barbosa apoiou Cidinho.
Este ano teremos outra eleição. Barbosa quer ser candidato a prefeito. Mas, a base aliada está rachada. Já tem a candidatura de Raquel Teixeira e, de novo, Sandes Júnior. Ontem, na inauguração da Vila Cultural, Barbosa cutucou Raquel que estava presente ao evento. Ele citou uma frase de Shakespeare: “Não é digno de provar o mel aquele que se afasta da colméia com medo das picadas das abelhas”. Foi um claro recado à sua adversária na disputa pela escolha do candidato oficial do Palácio das Esmeraldas. Raquel deixou a Secretaria da Cidadania três meses depois de ter tomado posse ao constatar que não poderia fazer nada por conta da falta de dinheiro nos cofres estaduais. Engraçado, Barbosa esconde debaixo do tapete as críticas que ele fez ao Tempo Novo em 2006. Nas últimas eleições estaduais ele queria destruir a colméia. Pior do que se afastar da colméia é querer destruí-la. Ele também não é digno de provar o mel da colméia. Barbosa foi produzido pela colméia de Íris Rezende e quer provar o mel da colméia aliada ao Palácio das Esmeraldas. Que aproveitador!

Câmara vai rever regras para edição de medidas provisórias

Por Denise Madueño
no Estado de São Paulo

O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), instalou ontem a comissão especial que vai propor mudanças nas regras de tramitação e edição de medidas provisórias, com críticas ao atual sistema. “O fato é que hoje a Câmara e o Senado perderam a condição de definir a pauta”, afirmou.A idéia de Chinaglia é pôr um fim à regra que obriga o trancamento das votações no plenário quando a MP não é votada depois de 45 dias de sua edição. A tese conta com o apoio do presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN). Pela proposta de Chinaglia, a medida provisória continua a ter prazo de validade - de 120 dias -, mas sem o poder de trancar a pauta que detém hoje com a regra que lhe dá prioridade sobre outras votações na Casa. Na fórmula sugerida pelo presidente da Câmara, caberá ao governo mobilizar sua base de apoio para votar a MP no prazo definido, caso contrário, perderá a validade.“Não há hipótese de o governo trabalhar com medida provisória se não tem maioria. A responsabilidade sempre será do governo. Ele tem de construir maioria para votar MP”, argumentou Chinaglia. Ele lembrou que qualquer levantamento sobre as votações na Câmara e no Senado vai constatar que quem legisla mais é o Executivo, e não o Legislativo. Além do grande número de MPs, o presidente da Câmara afirmou que a morosidade histórica do Congresso também contribui para esse quadro. “É inadmissível que propostas como acordos internacionais fiquem cinco anos na Casa sem votar”, ressaltou.
COMISSÃO
A comissão instalada ontem será presidida por Cândido Vaccarezza (PT-SP), com Leonardo Picciani (PMDB-RJ) no cargo de relator. Ela terá 40 sessões ordinárias para concluir a proposta que, em seguida, vai ao plenário para votação em dois turnos. Esse prazo deverá terminar em meados de abril. Chinaglia afirmou que os líderes partidários de oposição e da base concordam com mudanças na tramitação das MPs.Para o vice-líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), as medidas provisórias “viraram a Geni” do Congresso. “Todo mundo malha, mas todo mundo gosta. Serve para todo mundo. Para a oposição fazer obstrução e para os deputados da base colocarem matérias estranhas na proposta original”, comparou Albuquerque. O vice-líder considerou que o número excessivo de MPs é a “confissão de ineficiência” do Congresso.

Congresso já tem assinaturas para CPI

Por Eugênia Lopes e Christiane Samarco
no Estado de São Paulo

A oposição conseguiu reunir ontem as assinaturas que faltavam para a abertura da CPI dos Cartões - agora, 172 deputados e 33 senadores apóiam a investigação dos gastos com cartões corporativos do governo -, mas não apresentou o pedido formal da comissão parlamentar de inquérito. O motivo é que, apesar da pressão dos senadores da oposição e até mesmo de alguns governistas, a base aliada manteve a decisão de não abrir espaço para o PSDB e o DEM no comando dos trabalhos, por ordem do Palácio do Planalto.A denúncia de irregularidades no uso do “dinheiro de plástico” veio à tona em 13 de janeiro, com a revelação de que a fatura bateu recorde na gestão Lula - R$ 75,6 milhões em 2007. A então ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, liderou as despesas no primeiro escalão - R$ 171,5 mil em gastos de viagens. Por causa das denúncias, Matilde deixou o cargo dia 1º de fevereiro. Outras suspeitas, inclusive envolvendo seguranças e a filha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Lurian, levaram ao pedido de CPI.Em meio à indefinição sobre a presidência e a relatoria da comissão, a oposição iniciou ontem uma obstrução branca no Senado, permitindo apenas a votação da redação final de projetos já apreciados. Os oposicionistas reúnem-se hoje pela manhã para decidir os próximos passos. Antes de protocolar o pedido de abertura da CPI mista, PSDB e DEM querem tentar um acordo e fixar um prazo para que o governo dê o sinal verde sobre o compartilhamento do comando da comissão.Se a negociação falhar, porém, uma das estratégias em estudo pelos tucanos é tentar fazer uma CPI restrita ao Senado, como o governo queria inicialmente. “Uma das alternativas pode ser retornar à CPI do Senado, porque aí não tem critério matemático que nos exclua do comando dela”, argumentou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM).
APOIO
Alguns governistas concordam em abrir espaço no comando da CPI. O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), defendem que a presidência fique com a oposição.Preocupado com a paralisia no Senado, Garibaldi se comprometeu a intervir junto ao Palácio do Planalto para que a oposição fique com um dos postos de relevo: “Se for necessário, falo com o presidente Lula.”No Planalto, no entanto, a ordem é não ceder. Parte do PMDB e os petistas também são contrários a dividir o poder. Alegam que, neste ano, o governo não precisará de nenhum voto da oposição, uma vez que não haverá apreciação de matérias constitucionais, situação em que o governo não tem maioria no Senado. “O governo não tem nada para votar no Senado que não consiga aprovar com os votos de sua própria base”, observou o líder do PSB, senador Renato Casagrande (ES).
SUSPEITAS
A oposição também temia que, na última hora, deputados retirassem seu apoio à CPI. Além disso, segundo o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), autor do requerimento, nenhum líder da base aliada assinou o pedido. “Há algo estranho no ar. Por que os líderes não assinaram uma matéria que é consensual?”, indagou o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), frisando que o governo apoiou a abertura da CPI.Diante da falta de apoio da base aliada na Câmara, apesar da recomendação expressa do Planalto em favor da CPI, Sampaio suspeita que Jucá e o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), tenham feito um acordo para tentar inviabilizar a comissão.“Se fizeram um acordo para me induzir ao erro, eu é que saio de bobo nessa história”, reclamou Sampaio. “De repente teve jogo armado entre o líder do governo na Câmara e no Senado.”Ao tomar conhecimento de que os líderes aliados na Câmara não haviam assinado o requerimento, Jucá voltou a afirmar que a orientação do Planalto é a favor da CPI. “O que posso fazer se eles não assinaram? Eu não comando a Câmara”, argumentou. “O Fontana deve estar discutindo preciosismos.”Fontana disse que procurou Sampaio quatro vezes e garantiu que assinará a CPI. “Não sei se ele está querendo criar ambiente de que o governo mudou de idéia. Mas não abrimos mão de ter a relatoria e a presidência da CPI”, avisou.“A maioria dos partidos na Câmara é contra a CPI. Portanto, não temos obrigação nenhuma de assinar o requerimento”, disse o vice-líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).

Resistência do PMDB faz Lula adiar nomeações em estatais

Por Valdo Cruz
na Folha de São Paulo

O receio de desagradar os senadores peemedebistas José Sarney (AP) e Garibaldi Alves (RN) levou o presidente Lula a adiar mais uma vez a definição dos nomes para o comando das estatais do setor elétrico.O principal impasse está na presidência da Eletrobras, disputada pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e pelo PMDB. Pela manhã, a cúpula do partido dava como certa a nomeação de Flávio Decat. Nome preferido de Dilma, ele contava com o apoio do governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e de deputados peemedebistas, mas não da ala do PMDB no Senado.Só que ontem, em reunião com os ministros Edison Lobão (Minas e Energia) e José Múcio (Relações Institucionais), Lula decidiu transferir para segunda ou terça a definição das novas diretorias do setor elétrico.Segundo a Folha apurou, peemedebistas atribuíam o adiamento a uma conversa que Lula teria tido anteontem com Sarney. O presidente do Senado, Garibaldi Alves, e Sarney preferem José Antonio Muniz, ex-presidente da Eletronorte, nome que não agrada a Dilma. Ela já havia vetado Evandro Coura, indicado por Garibaldi, que então sugeriu Muniz.Sarney não comenta o assunto. Diz inclusive que não é o padrinho de Muniz. Seus aliados, porém, revelam que ele estava insatisfeito com o rumo das negociações. Sérgio Cabral chegou a avisar ao Planalto que não desejava criar divisões no PMDB. Ou seja, sinalizou que poderia abrir mão da indicação de Decat em favor de Muniz.À noite, após o adiamento, a cúpula do partido acreditava que Muniz ganhou força.Na reunião de Lula com Lobão e Múcio foi discutida também a situação de Lívio de Assis, indicado pelo deputado Jáder Barbalho (PMDB-PA) para presidir a Eletronorte. Na ficha de Assis o Planalto achou uma pendência sobre uma dívida de uma antiga empresa de sua propriedade -ele enviou documentação que provaria estar em situação regular. O partido dá como certa sua indicação.Outro que tem nomeação considerada assegurada é Miguel Colassuono para a diretoria de Administração da Eletrobras. Sua indicação entra na cota do PMDB paulista, principalmente de Orestes Quércia.Na pasta de Minas e Energia, Lobão decidiu nomear Altino Ventura Filho, consultor do Banco Mundial, para a Secretaria de Planejamento Energético, e Djalma Rodrigues de Souza para a de Petróleo, Gás e Recursos Renováveis.

TCU diz que há notas frias em viagem do presidente

Por Ranier Bragon e Hudson Corrêa
na Folha de São Paulo

O TCU (Tribunal de Contas da União) detectou 27 notas fiscais frias na prestação de contas de aluguel de veículos que o Planalto fez com os cartões corporativos para a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Ponta Porã (MS), em março de 2003, onde participou da inauguração de um assentamento de sem-terra.Além disso, embora o Planalto tenha liberado pelo menos R$ 206 mil para a locação dos automóveis, o dono da empresa que prestou o serviço disse ter cobrado apenas R$ 40 mil, menos de um quinto do valor apresentado nas 27 notas da prestação de contas da Presidência.De acordo com a auditoria do TCU, aprovada pelo plenário do tribunal em março do ano passado, as notas não possuem Autorização para Impressão de Documento Fiscal. As notas também trazem um endereço da empresa em Ponta Porã que, concluiu a auditoria, é fictício."Em um dos endereços, o analista não encontrou a empresa em funcionamento, obtendo a informação de que, naquele endereço, nunca existiu empresa locadora de veículos", diz a auditoria, que ressalta, entretanto, ter identificado outro endereço para a empresa.A auditoria também diz que comprovantes de pagamento à empresa "afastam, em princípio, a hipótese de que a despesa não tenha sido efetivamente paga e os serviços não tenham sido prestados". Mas completa: "Para o aprofundamento da questão, justifica-se o encaminhamento deste relatório ao Ministério Público Federal (...) para examinar a possibilidade de realização de operações não detectáveis pelo exame documental". O Ministério Público Federal já investiga o caso.A Casa Civil da Presidência, por meio de sua assessoria, reafirmou o pagamento do valor das notas fiscais, negando que o serviço tenha ficado em R$ 40 mil, e disse que cabe à empresa responder pelas notas frias.Tendo como ponto de partida a auditoria do TCU -que mantém várias das informações do episódio sob sigilo devido ao argumento de que envolvem a segurança do presidente-, a Folha apurou que a locadora de veículos que atendeu a comitiva em Ponta Porã é a Limosine Service - Russos & Filhos Ltda, que tinha sede em Campo Grande (300 km de Ponta Porã) e que teria encerrado suas atividades em 2003.A reportagem localizou seu proprietário, o empresário Nelson Russo. Ele disse que recebeu R$ 40 mil pela locação de veículos para a comitiva presidencial em Ponta Porã e em Campo Grande, onde Lula esteve em 27 e 28 de março de 2003. Sobre as notas "frias", ele nega que as tenha emitido, dizendo que a Limosine sempre funcionou em Campo Grande. Segundo ele, foram usadas "notas fiscais dublês"."Infelizmente a região da Ponta Porã é complicada. Usaram o nome e o CNPJ da minha empresa", afirmou, acrescentando: "Em 2004, veio a Campo Grande um pessoal dizendo que estava investigando. Eu apresentei as notas [fiscais], toda documentação normal. No ano passado eu recebi uma intimação do Ministério Público em Ponta Porã. Exigiam documentação sobre a empresa com sede em Ponta Porã. Respondi que não existia a empresa em Ponta Porã. A única sede era em Campo Grande. Mas disseram: "Apareceram umas notas da Limosine Service com sede em Ponta Porã". Respondi: foram executados os serviços em Ponta Porã quando a Presidência foi à fazenda Itamarati".Até agora, havia vindo à tona suspeitas relativas relativas às despesas de hospedagem de comitiva precursora de uma viagem que Lula fez, em maio de 2003, aos municípios paulistas de Ribeirão Preto e Sertãozinho, onde inaugurou uma termelétrica e participou de uma feira agrícola. De acordo com o TCU, há suspeita de superfaturamento e de pagamento de diárias a mais com os cartões.As auditorias do TCU no uso do cartão corporativo pela Presidência selecionaram, por amostragem, 2,2% das prestações de contas feitas entre setembro de 2002 e julho de 2005. Das 648 notas analisadas, 16% foram classificadas como possíveis notas frias.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Jogando lixo no ventilador

O ministro do Planejamento Paulo Bernardo joga mais lixo no ventilador. Ele critica a oposição. Ele joga lixo no ventilador. Ele quer CPI em São Paulo sobre os cartões de lá. Mais um petista que joga merda no ventilador. Mais um petista que quer desviar o foco do governo federal para o governo de São Paulo. Ora, por que os petistas não se preocupam com os gastos do governo do Rio de Janeiro? O estado abrigou os Jogos Pan Americanos no ano passado. Como será que Sérgio Cabral gastou o dinheiro do contribuinte durante os jogos? Os petistas também não cobram os gastos do governo de Minas Gerais. Por que? Sérgio Cabral é aliado de Lula. Aécio Neves está apoiando o PT visando as eleições municipais de outubro. Quem está do lado de Lula pode roubar tranqüilo que os petistas não vão incomodar. Quando o governo é da oposição os petistas preocupam. Mas eles só querem desviar o foco. O governo paulista liberou os gastos. Vamos ver se os petistas liberam seus gastos. Aí comparamos com os gastos do governo paulista. Vamos ver se Paulo Bernardo faz a comparação.

E agora?

O governo de São Paulo disponibilizou na internet suas despesas. E agora, petêzada? Vamos fazer uma investigação. Vamos comparar os gastos de Lula com os gastos de José Serra. Depois vamos comparar os gastos de Lula com o governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral. Lula contra todo mundo. Afinal, transparência não é a coisa certa?

Ó coitado

Que dó do bispo Rodrigues. Ele disse durante o depoimento à Justiça no processo do mensalão: A vida de um parlamentar é muito ruim, um sacrifício. Chega de manhã e sai à noite. Se você vai a um casamento, tem que abraçar 100 pessoas que você não conhece. Se você está em casa com a família, tem que atender a um pedido político ou até mesmo ir a um enterro de eleitor. É um sacrifício pessoal. Ah, então todo político depois de um corpo – a – corpo com eleitor lava bem as mãos e toma um banho reforçado para tirar aquele cheiro de povo? Vai ver o bispo também era sacrificado a abraçar os membros da Igreja Universal do Reino de Deus. Claro, tudo em nome de Jesus.
Rodrigues acreditou no discurso petista sobre a ética na política. Ele achava que o dinheiro recebido do PT era legal porque o partido defendia a ética. Tadinho dele... O bobão pegou grana dos petistas e se deu mal. Que se dane! Que vá pra cadeia! Aliás, para uma cadeia bem cheia onde ele possa ficar bem perto de muita gente. Vamos sacrificar o bispo Rodrigues. Ele merece.

Lula, vá pra Bolívia!!!

Lula ama mais os bolivianos do que os brasileiros. Ele mandou ajuda para os que foram atingidos pelas enchentes que atingiram a Bolívia. Será que Evo Morales pensa nos brasileiros atingidos pelas enchentes? Será que o índio bolivariano pensou nos brasileiros quando nacionalizou as refinarias da Petrobrás lá na Bolívia? Como Lula adora o poder, quem sabe ele não se candidata à sucessão de Evo Morales.

Tudo dividido

Num post aí abaixo falei da possível união do PT com o PMDB para as eleições municipais em outubro. Está tudo divido. Parte do PT quer se aliar com o “PMDB de Íris Rezende”, outra parte quer candidatura própria. Na base aliada a divisão também é visível. Depois da tucana Raquel Teixeira ser a candidata do PSDB para a Prefeitura de Goiânia, Sandes Júnior lançou sua candidatura pelo PP. A base aliada está dividida. Mas, mesmo com o favoritismo, o “PMDB de Íris Rezende” também está dividido. Uma ala do partido quer chapa pura, outra quer aliança não somente com o PT, mas com outros partidos. Está tudo divido. Unido mesmo só eu com os ovos e os tomates que jogarei daqui de cima do camarote. Os desunidos que protejam seus cucurutos.

Mudar para onde?

Os americanos estão caindo no discurso fácil de Barack Obama. Aquele discurso auto-ajuda que empolga quem acredita na balela de que um cara pode mudar “tudo que está aí”. Será preciso eleger Obama e perceber que ainda não tem experiência suficiente para comandar a maior nação do mundo? Ele fala em retirar as tropas do Iraque, mas não fala se vai reconstruir o país que começa a dar sinais de recuperação. Como Obama tratará os problemas do Oriente Médio? Será que o discurso auto-ajuda dele vai convencer o russo Vladimir Putin a não continuar com estes movimentos anti-ocidente e a tentativa de reiniciar a Guerra Fria? O mundo e os Estados Unidos estão complicados demais para um cara que só tem discurso bonito e nenhuma proposta que possa ser realizada assim que assumir a Casa Branca. Mas, como já falei aqui, os Estados Unidos louvam a sua democracia. Que escolham o seu presidente livremente. Só não podem reclamar depois que fizeram a escolha errada.

Delúbio age nos bastidores

Delúbio Soares sempre mantém aquele sorriso de quem não teme nada, de quem acredita na morosidade da Justiça, de quem sabe que os processos do mensalão não vão acabar em pizza, mas numa piada de salão.
O Popular de hoje traz uma matéria sobre uma ala do PT de Goiânia que apóia a candidatura de Íris Rezende à reeleição. Um dos articuladores dessa idéia é Delúbio Soares, o ex-tesoureiro do PT e que indicava os deputados que receberiam dinheiro do ex-careca Marcos Valério. Delúbio sempre age nos bastidores. Já coloquei aqui no blog uma matéria da Folha de São Paulo de 2004 que mostrava Delúbio caminhando livremente pelo Palácio do Planalto e até sendo intermediário entre o governo de Goiás e o Palácio do Planalto. Talvez seja por isso que o governo goiano tenha feito vista grossa sobre a licença do cargo de professor do ex-tesoureiro petista. Foi preciso o escândalo do mensalão estourar para perceber que tal licença estava irregular.
Íris Rezende ainda não se posicionou se será ou não candidato à reeleição. Ele não quer cometer a mesma burrice que Pedro Wilson cometeu. Em 2004, a Justiça Eleitoral embargou a campanha do petista pela sua participação numa inauguração de uma obra após o prazo estipulado pelo Tribunal Regional Eleitoral. Íris não quer ter o mesmo problema com o TRE, por isso fala que ainda está decidindo se vai ou não disputar as eleições em outubro. É claro que ele vai. É claro que Íris é esperto e não vai dizer agora que será candidato.
Se o PT realmente se aliar com o PMDB aqui em Goiânia pode ter certeza que teve a mão de Delúbio Soares. Mesmo com os processos do mensalão pesando sobre as suas costas ele não deixa de dar aquele sorriso cínico de quem sabe que vai escapar do processo. Íris espera o tempo certo para anunciar oficialmente sua candidatura à reeleição, apesar de todo mundo saber que ele vai para a campanha sim. Delúbio age calado, sem se preocupar com os seus processos. Age tão tranquilamente que importa muito mais arranjar o PT junto com Íris do que reforçar sua defesa no processo do mensalão.

Obama vence primárias do Potomac

No Estado de São Paulo com Agências Internacionais

O senador Barack Obama venceu ontem de maneira arrasadora as primárias do Potomac - nos Estados de Virgínia, Maryland e em Washington D.C. - e aprofundou a crise no comitê da senadora Hillary Clinton. A ex-primeira-dama perdeu Mike Henry, o número 2 de sua campanha, que pediu demissão. Do lado republicano, o senador John McCain, favorito à nomeação do partido, também derrotou Mike Huckabee nas três prévias e ficou ainda mais próximo da vitória.Com 93% dos votos apurados em Virgínia, o senador tinha 63% dos votos, bem à frente de Hillary, que tinha 36%. Em Maryland, uma ordem judicial determinou que a votação fosse prorrogada por mais 1 hora e meia em razão do mau tempo.No entanto, de acordo com os primeiros resultados no Estado - 5% dos votos apurados - Obama também derrotou Hillary (68% a 30%). Apesar dos poucos votos totalizados em Maryland, no início da madrugada, projeções da rede de TV CNN e da Associated Press diziam que não havia mais como a ex-primeira-dama ultrapassá-lo. Em Washington D.C., o triunfo também foi avassalador. Com 90% dos votos apurados, Obama tinha 76%, contra 24% de Hillary.Para piorar a situação de Hillary, Obama assumiu, pela primeira vez, a liderança da corrida democrata em número de delegados, de acordo com a CNN: 1.195 a 1.178.
TEXAS
Conformada com a iminente derrota nas primárias de ontem, a senadora e pré-candidata democrata Hillary Clinton levou sua campanha para o Texas, onde acredita ter mais chances de vitória. Os assessores de Hillary apostam que depois de uma série de derrotas, ela precisa vencer de qualquer maneira as primárias tanto no Texas quanto em Ohio, ambas marcadas para o dia 4, para interromper a escalada do seu adversário no partido, o senador Barack Obama. As pesquisas dão ligeira vantagem para a ex-primeira-dama e o eleitorado nesses dois Estados favorece Hillary.Os assessores de Obama, no entanto, afirmam que as duas primárias - Ohio e Texas - ainda estão muito longe e que os resultados das primárias de fevereiro (Virgínia, Maryland, Washington D.C., Havaí e Wisconsin) influenciarão os eleitores em Ohio e Texas. Hillary tem tentado ao máximo atenuar os resultados das primárias de fevereiro. Na segunda-feira, Hillary realizou uma videoconferência com doadores, superdelegados e outros partidários e ouviu os temores de sua base eleitoral de que a seqüência de derrotas poderia prejudicar sua votação em Ohio e Texas. “Ela tem de vencer em Ohio e Texas por uma margem confortável, senão está fora”, disse um superdelegado que apoiou Hillary, mas que preferiu manter o anonimato. Assessores de campanha da candidata, que também pediram para não serem identificados, confirmaram a mesma análise.Diversos superdelegados de Hillary já estão hesitantes diante do crescimento de Obama. Como as pesquisas mostram o senador ganhando força em Wisconsin e no Havaí, onde serão realizadas as próximas primárias, dia 19, assessores, doadores e superdelegados de Hillary disseram estar conformados em passar fevereiro em branco, sem nenhuma vitória.
REPUBLICANOS
Entre os republicanos, John McCain venceu Mike Huckabee na Virgínia em uma disputa acirrada. Com 93% dos votos apurados, o senador obteve 49%, enquanto Huckabee tinha com 43%. Com 90% dos votos apurados em Washington D.C., McCain havia vencido com 67% dos votos, contra 17% de Huckabee. Em Maryland, com cerca de 5% dos votos apurados, o senador derrotava Huckabee por 56% a 34%. Segundo projeções da rede de TV CNN, contudo, Huckabee não tinha mais como alcançá-lo.

Dois ministros embolsaram ajuda indevida

Por Leila Suwwan
na Folha de São Paulo

Depois dos cartões corporativos, outra forma de pagamento de despesas de ministros e servidores revela irregularidades. Em 2007, o ministro dos Portos, Pedro Brito, e o secretário-executivo da Fazenda, Nelson Machado, então ministro da Previdência, embolsaram de forma indevida R$ 8.300 e R$ 18 mil, respectivamente.O dinheiro é uma ajuda de custo para quem é transferido de cidade. Ambos mudaram de funções, mas nunca saíram de Brasília.As informações sobre os pagamentos estão na rubrica "restituições e indenizações" do Portal da Transparência -o mesmo que trouxe as revelações sobre os cartões corporativos do governo. O portal é mantido pela CGU (Controladoria Geral da União).Esses valores foram pagos pelo governo a título de "ajuda de custo", uma indenização prevista em lei para o servidor público que muda de cidade para assumir um novo posto. No caso de Brito, a "mudança" foi apenas de pasta.Ele saiu do Ministério da Integração em março, foi anunciado para a Secretaria dos Portos em abril e tomou posse em maio. Mas a Presidência lhe pagou o valor equivalente a um salário como "ajuda de custo", no dia 31 de julho.Segundo sua assessoria de imprensa, Brito nunca deixou de ter residência oficial em Fortaleza e apenas passa a semana em Brasília, onde se hospeda em apart-hotel com o auxílio-moradia pago separadamente. Fazia isso enquanto ainda era ministro da Integração Nacional.Já no caso de Machado, a "ajuda" foi paga com mais rapidez e pelo Ministério da Previdência, do qual foi o titular até 29 de março, quando Luiz Marinho tomou posse na reforma ministerial. Uma semana depois, no dia 4 de abril, ele foi nomeado para sua atual função na Fazenda, também em Brasília.Apesar disso, foi feito um ofício que o "devolvia" ao governo de São Paulo. A data do ofício é do dia 10 de abril, conforme informação da assessoria de imprensa da Previdência. Nos dias 12 e 13 de abril foram feitos dois depósitos em sua conta: R$ 83,40, por indenização de transporte, e R$ 17.986,05, equivalente a seu salário.O valor se refere à sua remuneração como funcionário da Receita em São Paulo, de onde foi requisitado, mais 60% do salário de ministro. "A remuneração, no caso aqui, é a de São Paulo, porque a daqui é uma miséria", disse Machado.Machado disse à Folha que ele tem direito a essa verba porque foi "demitido" e não fez a devolução ao Tesouro, mesmo não tendo mudado. "É uma indenização pela exoneração."Ele confirma que não chegou a fazer a mudança de seus pertences, devido ao novo convite de trabalho em Brasília.De acordo com o decreto 4.004 de 8 de novembro de 2001, o servidor tem direito à ajuda de custo para despesas de "viagem, mudança e instalação" quando é mandado para servir "em nova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente". Mas a ajuda deve ser devolvida se o deslocamento para a nova sede não ocorrer em 30 dias ou se o servidor regressar em menos de 90 dias, segundo o mesmo decreto.Procurada a respeito do caso de Nelson Machado na segunda-feira, a Controladoria Geral da União afirmou que o argumento apresentado, conforme repassado pela reportagem, é "inadequado"."É o caso de ressarcimento, devolver a indenização", disse Luiz Navarro, secretário-executivo da CGU."Não está correta a leitura de que é uma "indenização" por demissão. É para ajudar e compensar as despesas de instalação no novo local", completou. Ele disse que acionará sua equipe para analisar o caso. Ontem, procurado novamente pela Folha, a CGU afirmou que só poderá comentar os casos após uma investigação.Há outro caso de recebimento dessa verba por ministro que depois assumiu outro posto em Brasília, mas o prazo excede o limite do decreto: o ex-ministro da Agricultura Luis Carlos Guedes Pinto cedeu o posto a Reinhold Stephanes em março e só assumiu a vice-presidência de Agronegócios no Banco do Brasil em julho.Os outros dois ministros que fizeram uso dessa verba foram os ministros Roberto Mangabeira Unger (Planejamento de Longo Prazo) e Marta Suplicy (Turismo), que assumiram as funções neste ano e não moravam em Brasília antes disso.Os valores recebidos a título de "restituições e indenizações" estão no Portal da Transparência da CGU, de forma separada do atual escândalo das farras dos cartões corporativos.Além da ajuda de custo, há outros pagamentos aos ministros, como o auxílio-moradia. Eles têm direito a até R$ 1.800 mensais (R$ 21,6 mil ao ano).

PSDB exige relatoria, mas base aliada resiste

Por Adriano Ceolin e Maria Clara Cabral
na Folha de São Paulo

Depois de se unir para esfriar a CPI dos Cartões, oposição e governo disputavam ontem os dois principais cargos da CPI dos Cartões, a presidência e a relatoria. A base aliada diz que não vai ceder e o PMDB já indicou o senador Neuto do Conto (SC) para presidente. O PSDB pressiona para levar a relatoria e ameaça obstruir votações.A maior resistência a um acordo com a oposição vem da Câmara. Ontem, o ministro José Múcio (Relações Institucionais) reuniu-se com líderes da base aliada: "Temos que fazer o que o regimento diz. O acordão seria algo diferente disso. O que vamos fazer se a oposição grita, mas não age?", ironizou o vice-líder do governo, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS).A base aliada diz que a ameaça de obstrução feita pela oposição não muda nada: "Dentro da democracia temos que respeitar a vontade da opinião pública, e o PMDB foi eleito com a maior bancada e o PT com a segunda. Considero um equívoco dos líderes da oposição paralisarem o país. Temos muita coisa a fazer no Congresso", disse o líder do governo, deputado Henrique Fontana (PT-RS).Líderes da oposição na Câmara não falam claramente em obstrução, mas insinuam ameaças. "Vamos usar todas as armas e todos os artifícios pata termos nosso espaço. Quero garantir que possamos investigar", disse o líder tucano Antônio Carlos Pannunzio (SP).O PT já deu início às articulações para emplacar Luiz Sérgio (RJ), mas José Eduardo Cardozo (PT-SP) também é cotado. O lançamento dos nomes irritou a oposição. "Se não houver divisão de poder na CPI, vamos começar a obstruir as votações no Senado", disse o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM). O presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), fez um apelo: "O Senado não pode ficar parado por causa da CPI. A oposição precisa colaborar, mas eu fiz um apelo para o senador Romero Jucá para convencer o Palácio do Planalto a ceder um dos postos de comando da CPI para a oposição".
CPI sóbria
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), organizou almoço num restaurante em Brasília para selar a paz entre os parlamentares do partido insatisfeitos com o acordo negociado pelo deputado Carlos Sampaio (SP), que permitiu a criação de uma CPI mista. No encontro, que contou com a presença de parlamentares do PPS, PSOL, PSB, PDT e PTB e PSOL, ficou definido que a oposição não vai abrir mão de ter um representante do DEM ou do PSDB no comando da CPI.Após o almoço, Guerra disse que não haverá blindagem para Fernando Henrique Cardoso. "Não dá para blindar A, B ou coisa alguma. Mas a CPI tem de ser sóbria. Não deve começar pela investigação das famílias dos presidentes". Segundo ele, o governo está "fazendo cortina de fumaça" ao dizer que há dados que comprometem FHC: "Estão querendo jogar lama nos outros. Eu acompanhei todos os gastos. Não há o que temer. Podem investigar o presidente Fernando Henrique", disse Eduardo Jorge, ex-secretário-geral da Presidência.

Lula defende cartão e sigilo em despesas da Presidência

Por Fabiano Maisonnave
na Folha de São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que é a favor da divulgação de gastos do Planalto com cartões corporativos na internet, à exceção de despesas com a sua segurança e a de sua família. Segundo o mandatário, esse sistema de pagamento é a forma "mais séria e transparente" de uso do dinheiro público, e uma CPI sobre o assunto não atrapalhará as votações no Congresso. "Para mim, só tem um gasto que não deve ser explicitado e detalhado, que é o gasto com segurança. Segurança é uma coisa muito delicada", disse Lula ontem, no aeroporto de Macapá (AP), depois de uma visita de Estado à Guiana Francesa, onde se reuniu com o presidente Nicolas Sarkozy. "E uma boa segurança, os adversários não sabem que ela existe nem como ela existe. Na hora em que ela souber, deixa de ser segurança. Nós vimos agora o que aconteceu no Timor Leste. Um pouco de cuidado não permitiria que um presidente fosse atingido fazendo ginástica de manhã. Quando se trata de segurança, eu acho que é segredo de Estado." Ele citou como exemplo seus próprios seguranças. "Você não pode dizer onde é a casa dos seguranças do presidente, você não pode dizer onde que ele vai alugar um carro. Porque, se você disser, fica muito fácil, quem quiser fazer a desgraça faz a desgraça por antecipação." "Não é a Presidência que gasta. Quando eu sair daqui, a Presidência continua. A Presidência é uma instituição que as pessoas precisam aprender a respeitá-la,e não banalizá-la." Lula defendeu ainda o sistema de cartões corporativos e disse acreditar que pode ser melhorado. "O cartão é a forma mais séria e mais transparente para você cuidar dos gastos públicos. Não tem outra mais séria. O que nós precisamos é, a partir das deficiências, fazer as correções necessárias e continuar colocando na internet para que a sociedade brasileira tenha as informações. Até porque acho que todo mundo tem de mostrar concretamente o que é gasto todo santo dia." Questionado sobre a criação de uma CPI para investigar os assuntos, Lula disse acreditar que não atrapalhará as votações no Congresso em torno da reforma tributária. "Uma CPI não vai atrapalhar nada, uma CPI vai estudar, vai investigar, vai apresentar o resultado, e o Brasil vai continuar." "[A CPI] não pode atrapalhar porque a reforma tributária é uma necessidade brasileira. Eu tenho dito aos líderes, eu tenho dito aos empresários, eu tenho dito aos governadores, aos prefeitos que, desde que eu me conheço por gente, as pessoas falam na necessidade de fazermos uma reforma tributária. E toda vez que nós mandamos um projeto para a Câmara, vocês estão lembrados que nós mandamos um projeto em abril de 2003, não acontece porque um ou outro tem divergência. O que eu quero é fique explícito quem quer e quem não quer a política tributária." Após conceder cinco minutos de entrevista, Lula voou para Brasília.