sábado, 13 de setembro de 2008

Brincalhão da semana

Clécio Alves (PMDB) é o brincalhão da semana. Ele liderou os outros 17 vereadores (ver post abaixo) que derrubaram o veto do prefeito Iris Rezende (PMDB) que concedia aos nobres vereadores a criação do 13º, 14º e 15º salários. A princípio, Clécio acreditava na proposta. Dizia que um vereador ganha pouco. O Diário da Manhã mostrava que não era bem assim. Uma pesquisa realizada pelo portal G1 apontava Goiânia como uma das capitais que mais pagava bem seus representantes no Legislativo.
Clécio agora é acusado pelos outros colegas (principalmente os que votaram a favor) de pressionar pela aprovação do projeto. O vereador, é claro, se diz envergonhado. E fala até em humildade ao reconhecer que errou. É mesmo? Fontes do Popular revelaram que os vereadores estavam bastante animados com a proposta. Nesta hora ninguém pensa no erro. É a hora da alegria, da farra, da divisão do dinheiro. Não foi difícil escolher o brincalhão da semana. O primeiro a receber foi: Clécio Alves, líder do PMDB na Câmara Municipal de Goiânia.

Os Espertalhões


O Popular de hoje mostra os vereadores que votaram a favor da criação 13º, 14º e 15º salários na Câmara Municipal. Bem, eu não sou muito bom no scaner aqui de casa, mas tentei colocar aí acima o quadro divulgado pelo jornal com a foto, o nome e o partido dos digníssimos que, na calada da noite, enquanto o delegado maluquinho Protógenes Queiroz era homenageado, votaram a favor do aumento de salário, lógico, para eles.

Não acreditem neles

Eis que surgem os defensores dos fracos, dos oprimidos, dos pobres, dos sem isso e dos sem aquilo. Até na Polícia Federal esses corações bondosos estão presentes. Vejam a reação destas almas puras quanto a possível restrição nas escutas telefônicas em investigações da PF. Para eles, essa tentativa de acabar com o principal meio de investigação é uma manobra das elites. Isso mesmo, caro leitor. As elites estão com medo. Medo dos defensores dos fracos, dos oprimidos, dos pobres, dos sem isso e dos sem aquilo. Eles estão nem aí se a escuta telefônica que estão fazendo é ou não é legal. O que eles querem mesmo é ver a prisão de mais um rico aparecer no Jornal Nacional.
Quer dizer então que todo rico deve temer a Polícia Federal? Quer dizer que nestêpaiz não existem pessoas que ganham muito bem honestamente, respeitando as leis? A Polícia Federal nas mãos do Sr. Tarso Genro é isso: a defensora dos pobres contra os ricos. É a tal luta de classes. Eles acham bonito ver rico preso. É a esquerdopatia estragando a já estragada Banânia. Quem dera ver a Polícia Federal prendendo petralha flagrado com dinheiro sujo tentando comprar provas contra adversários. Quem dera ver lulista sendo preso por desvio de verbas. Apareceria no Jornal Nacional. Mas isso seria golpe. Tudo que aparece no Jornal Nacional que não é do agrado da petralhada é golpe. É o preconceito contra o metalúrgico que chegou à presidência do seu país.
Eu aprendi uma coisa dos tempos em que eu era da esquerda: não acredite naqueles que se julgam defensores dos fracos, dos oprimidos, dos pobres, dos sem isso e dos sem aquilo. Em nome da tal “revolução” ou “combate a corrupção” eles podem levar o que você levou anos para comprar honestamente, com o dinheiro que você conquistou trabalhando duramente ou ouvir suas conversas telefônicas sem autorização da Justiça. Para que Justiça se eles são e fazem a Justiça?

Novo livro do Tio Rei



Finalmente o livro O País dos Petralhas de Reinaldo Azevedo foi lançado. Lógico que eu vou comprar. Não sei se o livro já chegou aqui em Goiânia. Hoje vou lá no Flamboyant comprar algumas roupas com minha amiga-irmã Danielle e aproveito para ver se chegou o livro. Bem, vamos ficar com a resenha escrita por Diogo Mainardi publicada na Veja desta semana:
Um petralha indignado pergunta a Reinaldo Azevedo como ele consegue dormir em paz. Resposta:
– Com Stilnox.
E conclui:
– Por isso defendo os laboratórios, as patentes e a propriedade intelectual.
Esse é o resumo perfeito de O País dos Petralhas (Record; 337 páginas; 38 reais). O livro reúne os melhores textos de Reinaldo Azevedo sobre o petralhismo, publicados em seu blog em VEJA.com desde junho de 2006 e, antes disso, em sua coluna em O Globo. O que significa "petralha"? Um glossário, no fim do livro, esclarece: "Neologismo criado da fusão das palavras ‘petista’ e ‘metralha’ – dos Irmãos Metralha, sempre de olho na caixa-forte do Tio Patinhas. Um petralha defende o roubo social".
O roubo social é uma disciplina que, praticada pelos operadores do petralhismo entranhados no partido e no setor público, se baseia no – como dizer? – roubo. Pode ser o roubo para eleger um candidato, ou o roubo para enlamear um opositor, ou o roubo para encher as burras de dinheiro. Em geral, tudo isso junto. Para que um petralha possa roubar sem constrangimentos, ele precisa contar com a cumplicidade de outros petralhas, enfronhados na imprensa, na internet, nas salas de aula, nos gabinetes, nos tribunais, nas delegacias, nas rodas de samba. O papel deles é fazer a defesa teó-rica do banditismo, acobertando todos os crimes cometidos em nome do partido. Esta é a gangue que Reinaldo Azevedo combate: a gangue que violenta as idéias, que corrompe os conceitos, que brutaliza a verdade. Se o Brasil do PT é Patópolis, Reinaldo Azevedo só pode ser o nosso Mickey.
Ele, o camundongo sabido de Dois Córregos, é o melhor blogueiro do país. O termo blogueiro, para quem está acostumado só com a imprensa escrita, pode soar ligeiramente depreciativo. Corrigindo: Reinaldo Azevedo é o melhor articulista do país. É o único capaz de passar com desenvoltura de Robert Musil à egüinha Pocotó, de G.K. Chesterton a Marilena Chaui, de Ortega y Gasset a Marco Aurélio Garcia. Com 900 000 páginas lidas todos os meses, seu blog é também um dos mais populares da internet. O resultado é espantoso: se, num dia, ele indica um filme no Youtube, como aquele sobre a pancadaria da PF em Raposa Serra do Sol, no dia seguinte o filme já contabiliza 18 000 espectadores.
Para nossa sorte (eu, Diogo, sou uma das centenas de milhares de macacas-de-auditório de Reinaldo Azevedo, e entro no blog umas cinco vezes por dia, como a média de seus leitores), o melhor articulista do país é igualmente o mais compulsivo. Reinaldo Azevedo trabalha sem parar. Até a última quarta-feira, seu blog já publicara 14 943 artigos. Dois anos atrás, os médicos abriram uma tampa em seu cocuruto e arrancaram lá de dentro dois hemangiomas ósseos do tamanho de bolas de gude. Três dias depois, no quarto do hospital, ele já estava na frente do computador, fazendo chacota de seu aspecto de golfinho Flipper e de seus tumores benignos – o único produto benigno saído de sua cachola.
Reinaldo Azevedo costuma escrever seu primeiro artigo às 3 da tarde, quando acorda, e o último às 5 e meia da madrugada, quando toma seu comprimido de Stilnox e vai dormir. Ao petralha indignado: Reinaldo Azevedo nunca dorme em paz, ele dorme em guerra. Em guerra contra os petralhas indignados, contra os esquerdopatas, contra os tocadores de tuba, contra o Apedeuta (consulte o glossário de O País dos Petralhas). Isso lhe rende, todos os dias, centenas de mensagens ofensivas. Chamam-no de canceroso, de nazista, de Opus Dei. A primeira triagem dos comentários dos leitores, em que se eliminam todos os insultos, é feita por sua mulher. Ela se chama Lilian, mas os leitores do blog a conhecem como Dona Reinalda. Há também as Reinaldinhas, suas duas filhas, Maria Clara, de 13 anos, e Maria Luíza, de 11.
Apesar de estar sempre em guerra, Reinaldo Azevedo se considera "bastante convencional". O que isso quer dizer? Quer dizer que ele chama "crime de crime, ladrão de ladrão, bandido de bandido". E acrescenta: "No auge de minha esquisitice, defendo o cumprimento da lei". Essa é uma idéia repetida incessantemente ao longo do livro. Para ele, "a impunidade destrói qualquer chance de futuro. Se a lei é cumprida, entra-se numa espiral positiva de direitos e deveres". Por isso ele se bate pelas leis e pelas regras da democracia, da gramática, da lógica, dos bons costumes e da patente dos remédios. No país dos petralhas, o assombroso é ficar do lado da lei.

Só mais uma coisinha: se hoje eu sou um blogueiro que faz seus planos para ninguém devo isso a Reinaldo Azevedo.

"O bóson de Morales" por Diogo Mainardi

"Sem medo de ninguém, sem medo do império, hoje, diante do povo boliviano, declaro o senhor Goldberg persona non grata."
Foi assim que, na quarta-feira, Evo Morales anunciou a expulsão do embaixador dos Estados Unidos. Onde está Francis Fukuyama numa hora dessas? O caudilho andino é a prova irrefutável de que a História nunca chega ao fim. Ela é como a motocicleta de pilha do Surfista Prateado: bate no rodapé e volta.
No mesmo dia, em Genebra, entrou em funcionamento o LHC, o maior acelerador de partículas do mundo. A idéia dos cientistas europeus é reproduzir os acontecimentos do Big Bang. Evo Morales é uma espécie de Big Bang da política. Ele representa o choque de um próton da tribo aimará com outro próton do sindicato dos cocaleros, que colidem na velocidade de um trem de Cochabamba. O resultado desse extraordinário experimento antropológico é um retorno ao início dos tempos. O antiamericanismo é a matéria negra da América Latina. Seu estudo permitirá responder àquela pergunta primordial: de onde nós viemos? Nós viemos dali, do tiranete do charango, com sua farda de alpaca bordada e seu atavismo pré-colombiano.
No ano passado, em Chapare, seu principal reduto eleitoral, Evo Morales já havia demonstrado seu espírito intrépido, pronunciando, no idioma quíchua, a frase pela qual será eternamente recordado, mesmo depois de ser deposto e preso:
"Viva a coca, morte aos ianques!".
Os ianques, representados pelo senhor Goldberg, "um especialista em promover conflitos separatistas", todos os anos garantem 100 milhões de dólares de ajuda financeira à Bolívia. Evo Morales deve ter feito suas contas. E concluiu que a coca vale mais. Pelo menos para ele e para o seu bando.
O timoneiro venezuelano Hugo Chávez imediatamente apoiou a medida de Evo Morales, chamando os Estados Unidos de "império agressor e genocida". Ele disse também que os americanos planejam dar um novo golpe de estado na Venezuela, supostamente depois de matá-lo. O alerta de Hugo Chávez foi dado no mesmo dia em que os promotores de um tribunal de Miami apresentaram grampos demonstrando que ele, pessoalmente, fizera de tudo para acobertar o caso da maleta com 800 000 dólares. Alguém talvez ainda se lembre do episódio. Em agosto de 2007, uma maleta com 800 000 dólares foi apreendida num aeroporto argentino. De acordo com todas as testemunhas do caso, o dinheiro foi doado ilegalmente pela estatal venezuelana de petróleo, a PDVSA, à campanha presidencial de Cristina Kirchner. Hugo Chávez assegurou que o julgamento em Miami foi comprado por um grupo de empresários: "É tudo um show".
Sem medo de ninguém, sem medo do império, a América Latina continua a acelerar as partículas do atraso. É o bóson de Morales, o bóson de Chávez, o bóson de Kirchner, o bóson de Lula. Viva o bóson!

Acuado, Obama adota tom agressivo contra McCain

Por Daniel Bergamasco
na Folha de São Paulo

O candidato democrata à Casa Branca, Barack Obama, subiu o tom do discurso e agora responde ao rival John McCain no mesmo nível de agressividade, em uma campanha que tem sido chamada de "suja" com freqüência nos Estados Unidos.Depois de anúncios que editaram falas suas para parecer que usou sexismo na campanha contra a vice republicana, Sarah Palin, e que sua defesa de educação sexual nas escolas é imoral, Obama, que tem 47 anos, acusa McCain, 72, de antiquado em vídeo lançado ontem. A peça mostra imagens da década de 80, como disco de vinil, e McCain como senador na época, já com cabelos brancos.Diz o narrador: "1982. John McCain vai a Washington. As coisas mudaram nos últimos 26 anos, mas McCain não mudou. Ele admite que ainda não sabe como usar um computador. Não consegue mandar um e-mail. Ainda não entende a economia. E favorece novos cortes de impostos de US$ 200 bilhões para corporações, mas quase nada para a classe média. Depois de um presidente fora da realidade [cena mostra George W. Bush ao lado de McCain], nós simplesmente não podemos nos dar ao luxo de mais do mesmo."Em outro anúncio, Obama diz que "mudança" -palavra-chave de sua campanha adotada também pela chapa de McCain e Palin- não pode ser "apenas um slogan". No mesmo dia, em comício em New Hampshire, citou Abraham Lincoln contra os republicanos: "Se vocês continuarem mentindo sobre mim, terei de dizer a verdade sobre vocês."David Plouffe, seu gerente de campanha, foi mais claro: "Hoje é o primeiro dia do resto da campanha. Responderemos com velocidade e ferocidade aos ataques de John McCain e vamos comprar a briga, mas faremos isso nas grandes questões que interessam para o povo americano".Na nova estratégia, Obama intensifica no discurso as citações do apoio do presidente Bush -cuja impopularidade está na faixa dos 70%, segundo pesquisas- a McCain. "A boa notícia é que, em 53 dias, o nome de George W. Bush não estará na cédula. Mas não se confundam, as políticas de George W. Bush estarão na cédula."A guinada da campanha vem em um momento em que pesquisas continuam mostrando McCain à frente de Obama por margem sutil, que levam a projeção da preferência ao empate técnico. Mesmo sendo natural que após as convenções candidatos subam nas pesquisas, como aconteceu com o democrata, a extensão desse efeito é tratada como preocupante.
Esfera pessoal
A campanha McCain, por sua vez, diz em novo anúncio de TV que Obama é "desrespeitoso" com a vice republicana, Sarah Palin -que conferiu à chapa maior vantagem entre mulheres brancas, segundo pesquisas.O vídeo diz que Obama "desqualifica" a vice ao comentar que ela é uma mulher "bonita", além de dizer que ela "mente" e faz "o que a mandam" fazer. "Quão desrespeitoso!", diz a voz feminina que narra o vídeo.De olho nas eleitoras, McCain já acusara Obama de se referir a Palin ao dizer que, se você coloca "batom em um porco", ele continua a ser um porco. Ele falava da tentativa da chapa republicana de vender falsa "mudança", mas para a oposição isso foi uma referência a Sarah ter dito que a diferença entre uma supermãe e um pit-bull é o batom.

Crise chega à fronteira com o Brasil

Por Fred Raposo e Joana Duarte
no Jornal do Brasil

A crise política entre governo e grupos de oposição na Bolívia, que até ontem deixou pelo menos 14 mortos, chegou à fronteira brasileira na noite de quinta-feira, quando manifestantes bloquearam, com montes de areia, a ponte que liga o país a Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Em sua terceira semana de protestos – que levou o governo boliviano a declarar ontem estado de sítio no departamento de Pando, principal foco da desordem – o conflito causa prejuízo para a indústria brasileira na região desde o início da semana. Uma estrada que liga Puerto Suárez a Santa Cruz de La Sierra foi fechada segunda-feira, interrompendo o fluxo de mercadorias brasileiras. O prejuízo chegaria a R$ 9 milhões – mais de R$ 2 milhões por dia – segundo cálculo da Inspetoria da Receita Federal em Corumbá.
Os protestos que se espraiam pelo território boliviano – como bloqueio de estradas e ocupação de escritórios estatais – já causam esvaziamento de mercados e esgotam o combustível de postos de gasolina. Suprimento de alimentos, combustível e gás começam a faltar.
Brasileiros que moram na fronteira com a Bolívia contam que as maiores vítimas do bloqueio – previsto para ser suspenso depois de amanhã – são os próprios bolivianos, que consomem insumos alimentícios em Corumbá. Apenas alunos bolivianos que estudam nas escolas do município estão autorizados a passar.
Os brasileiros, por sua vez, reclamam que os produtos de exportação estão se acumulando nos depósitos das transportadoras.
– Estamos totalmente abarrotados – exclama Alison Araújo, um dos diretores do Armazém Geral Alfandegário de Mato Grosso do Sul (Agesa), cujo depósito fechado mede 8.500 metros quadrados, e o aberto, 30 mil metros quadrados. – Temos cerca de 80 caminhões repletos de mercadorias, prontos para serem descarregados.
Entre os itens armazenados, estão 10 máquinas de coletar soja, avaliadas em R$ 700 mil cada, além de 20 tratores, que chegam a custar até R$ 250 mil. Segundo Araújo, seriam necessários 200 vagões de trem para descarregar toda a mercadoria armazenada.
Marcelo Bittencourt, chefe substituto da Sessão de Controle Aduaneiro (Saana) em Corumbá, explica que, até o bloqueio da estrada entre Puerto Suárez a Santa Cruz, eram feitos, em média, 100 despachos por dia.
– Cerca de 90% das exportações que saem daqui vão para Santa Cruz. Está tudo parado – relata.
Segundo Bittencourt, a paralisação envolve rodovias, ferrovias e transporte por barcas, que levam desde minérios e polietileno até equipamentos agrícolas e papel. Ambos apontam que o bloqueio afeta principalmente os exportadores:
– O problema não é nem o gasto com aluguel dos depósitos, mas é que eles estão perdendo negócio.

Conflito boliviano contamina região e levanta onda anti-EUA

No Estado de São Paulo

A crise na Bolívia assumiu ontem proporções regionais. O conflito começou a se internacionalizar na quarta-feira, depois que o presidente boliviano, Evo Morales, acusou os EUA de ajudar a oposição do seu país e declarou persona non grata o embaixador americano em La Paz. O venezuelano Hugo Chávez fez o mesmo "em solidariedade" à Bolívia; e Honduras suspendeu a recepção das credenciais do novo representante americano no país. Em represália, os EUA resolveram ontem mandar de volta para casa o embaixador venezuelano em Washington. O boliviano também já está a caminho de La Paz. Brasil e Argentina - diretamente afetados pelos cortes no envio de gás boliviano - uniram-se a Colômbia e Chile para tentar mediar a crise entre o governo e a oposição boliviana, mas a intermediação foi rejeitada por Evo. Ao mesmo tempo, o Exército da Bolívia também rejeitou a "intromissão" de Chávez , que havia oferecido ajuda militar a grupos armados aliados a Evo. Todo o transbordamento da crise ocorre num momento delicado nas relações entre os EUA e seus vizinhos do sul. A Rússia quer estreitar os laços com Cuba e Venezuela e enviou aviões e navios para fazerem exercícios militares no Caribe. Dois bombardeiros chegaram na quarta-feira à base de Libertadores, na Venezuela. "É uma mensagem ao império", ameaçou Chávez.

Abadía delatou planos de Beira-Mar

Por Rui Nogueira e Bruno Tavares
no Estado de São Paulo

A extradição de Juan Carlos Ramírez Abadía, entregue à Justiça dos Estados Unidos no dia 23 de agosto, foi antecipada e precedida de um acordo em que o megatraficante colombiano se comprometeu a revelar supostos planos do traficante brasileiro Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, para tentar fugir do presídio de segurança máxima de Campo Grande (MS). O esquema veio à tona no início do mês passado, quando a Polícia Federal desencadeou a Operação X.Depois de ter sido achacado por agentes da Polícia Civil de São Paulo, Abadía temia ser morto e pediu que o governo brasileiro antecipasse sua extradição. "Um processo normal dura, em média, dois anos. O dele levou apenas cinco meses dentro do STF (Supremo Tribunal Federal). É óbvio que teve o dedo do Executivo nisso", comentou um policial.Abadía foi preso em São Paulo no início de agosto do ano passado e levado logo em seguida para o presídio federal de Campo Grande, o mesmo em que estava Beira-Mar. O colombiano revelou ao serviço de inteligência do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) que Beira-Mar preparava uma fuga mediante extorsão e seqüestro de parentes de autoridades das três esferas de governos - Legislativo, Executivo e Judiciário. "Toda a operação da PF foi montada com base nas informações repassadas pelo Abadía. Ele só foi denunciado para despistar", assegura a mesma fonte.Abadía começou a pedir pressa na extradição depois que, no dia 13 de abril, o presídio de Campo Grande ficou debaixo de um tiroteio por 15 minutos envolvendo um grupo armado e os agentes penitenciários. Os achaques a Abadía e toda a quadrilha dele levaram o Ministério da Justiça e concordar que para o Brasil era melhor extraditá-lo para os EUA.O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a extradição do colombiano, mas a intenção inicial do governo brasileiro era obrigá-lo a cumprir pelo menos parte da pena de 30 anos a que foi condenado no País por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Nos EUA, o traficante responde a processos por "múltiplos assassinatos". Também pesava a favor da permanência de Abadía a informação, dada por ele próprio, de que mantinha US$ 35 milhões escondidos no País. Diante das ameaças de morte e da revelação dos planos de Beira-Mar, parte da cúpula do Ministério da Justiça mudou o discurso, que era a favor do cumprimento da pena. No dia 20 de agosto, o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, anunciou que o ministro da Justiça, Tarso Genro, havia assinado as portarias de extradição e expulsão com base em um parecer de sua autoria sugerindo as duas medidas. Tuma era um dos assessores que, antes, defendia o cumprimento da punição no Brasil como "medida exemplar", mostrando que o Brasil podia e sabia prender, processar, julgar e manter presos chefões do crime organizado.No dia do anúncio da extradição, Tuma recusou desse discurso e disse que o combate ao crime organizado ganhava mais com o envio de Abadía para os EUA. "Aqui, ele cumpriria a pena e ficaria livre. Nos EUA, há um enorme rol de crimes, incluindo assassinatos, o que permite à polícia continuar as investigações. Ele pode vir a falar e a dar muitas informações, por meio de algum programa de delação premiada, e nós podemos nos beneficiar com detalhes sobre os negócios do traficante e seus parceiros no Brasil ainda desconhecidos."Na quinta-feira, em conversa com o Estado, em Brasília, o secretário Tuma Júnior disse que não houve acordo de nenhuma natureza com o traficante colombiano e que não agilizou o parecer dele para também apressar a extradição. Tuma havia dito, em 20 de agosto, que Abadía deveria sair do País num prazo entre "uma semana e dez dias", o tempo suficiente para que os EUA providenciassem a logística necessária para o transporte do traficante com segurança máxima. Menos de 48 horas depois do prognóstico do secretário, uma equipe do FBI (a polícia federal dos Estados Unidos) desceu com um jatinho em Campo Grande, pegou Abadía, fez escala em Manaus e entregou o traficante à Justiça de Nova York.

Megaoperações da PF ameaçadas

Por Vasconcelo Quadros
no Jornal do Brasil

Preocupados com a onda de restrições às escutas clandestinas legais, procuradores da República e policiais federais alertam para o risco de retrocesso no combate à corrupção e o desmantelamento de ferramentas jurídicas que têm permitido alcançar criminosos do colarinho branco. Eles acham que a legislação em discussão no Congresso engessa as investigações e pode levar a Polícia Federal a dar adeus às operações de impacto, que miram políticos, membros do judiciário e grandes empresários.
– Os países que decidiram enfrentar a corrupção se preocuparam em reforçar os instrumentos de combate e endurecer a legislação contra poderosos. O que está se vendo no Brasil é o contrário. Ninguém está incomodado com a lei que pune a clientela tradicional do Estado, que são os pobres – diz o procurador José Alfredo de Paula Silva.
Ele acha que por trás do insistente discurso do "estado policialesco" emplacado pelo ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), há um movimento orquestrado por parlamentares para desmobilizar a ação da Polícia Federal, inibir o Ministério Público e constranger os juízes federais que têm sido duros contra a corrupção.

Muitas prisões

Os números da Polícia Federal revelam que nunca se prendeu tanto e que o relevo mais significativo do crime aparece na relação promíscua entre entre empresários, políticos e agentes públicos: dos 9.451 presos pela Polícia Federal em 632 operações desencadeadas de 2003 até ontem, 1.388, ou o equivalente a 14,68%, são servidores públicos que, em troca de propina, caíram no conto da sereia das quadrilhas que rapinam o erário. Nesse cenário, a própria Polícia Federal ocupa um lugar de destaque com o expressivo número de 83 policiais presos por envolvimento com o crime.
A atuação dos órgãos de repressão ao crime sofreu uma brusca mudança nos últimos 20 anos, precisamente a partir da promulgação da Constituição de 1988, que deu mais poderes ao Ministério Público. A Polícia Federal, que se destacava mais pela repressão ao tráfico de drogas, mudou o foco em 2003 com a junção de duas ferramentas essenciais – o grampo telefônico e a prisão temporária – e uma forte estratégia de marketing na divulgação, chamada pelos políticos de vazamento e pirotecnia.
O primeiro ato dessa onda de restrição que visa enquadrar a máquina judiciária, avaliam os procuradores, foi a discussão que resultou na súmula baixada pelo STF restringindo o uso de algemas nos colarinho branco – uma decisão que historicamente esteve nas mãos do policial que atuam na linha de frente do combate ao crime e é quem tem a obrigação de avaliar quem deve ou não ser algemado. Depois, a revelação de uma conversa entre Mendes e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), abriu espaço parapropostas no Congresso limitando o uso do grampo telefônico e a criação de mecanismos de controle.
– Nada do que está em discussão restringe o grampo ilegal. A reação voltou-se para o que está sob controle – afirma o delegado Sandro Avelar, presidente da Associação Nacional dos Delegados Federais. – Caso vença a proposta em curso no Congresso, a Polícia Federal passará por um longo período de engessamento.
– Limitar o tempo de escuta a um ano é matar uma investigação – completa a procuradora Raquel Branquinho.
É consenso entre governo e Congresso que o período do grampo, que hoje funciona por "tempo indeterminado", seja autorizado para no máximo 360 dias. A Operação Satiagraha, a mais barulhenta, durou quatro anos até a Polícia Federal mandar para a cadeia o banqueiro Daniel Dantas. Pelo menos um terço das 632 operações dos últimos cinco anos duraram mais de um ano. As de grande porte como Navalha, Furacão e Xeque Mate, na média, um ano e meio.
– O grande problema é que que estão misturando grampo ilegal com escuta autorizada pela justiça. – alerta Branquinho.
Ela afirma que a restrição é uma reação da elite que, assustada com as ações da PF, pegou uma carona no peso das declarações do presidente do STF. Bruno Acioli, outro procurador especialistas no combate à corrupção, alerta que o que está em jogo é a resistência da classe política em mudar o sistema fisiológico que há décadas pauta a relação do poder com a iniciativa privada. Segundo ele, figuras como o banqueiro Daniel Dantas ou o deputado cassado Roberto Jefferson podem ser geniais operadores no desvio de recursos públicos, mas ambos serão apenas substituíveis enquanto perdurar na política a prática da fisiologia, porta de entrada da corrupção.
E não é pouco o que se desvia só no governo federal. Perícia divulgada esta semana pela própria PF em cima de 1.700 obras mostra que de R$ 110 bilhões investidos entre 2000 e meados de 2008, R$ 15,58 bilhões ou 13,6% do total escoaram pelo ralo da corrupção.

Mendes teme parceria Abin-PF

Por Fausto Macedo
no Estado de São Paulo

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, disse ontem em São Paulo que "tem medo" de episódios como a parceria entre a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no curso da Operação Satiagraha, que investiga suposto esquema de lavagem de dinheiro envolvendo o banqueiro Daniel Dantas. "Eu tenho muito medo de um estado de descontrole nessa área", declarou o ministro. "O episódio é um sintoma de que algo não vai bem nessa área, nessa integração que está carecendo de uma melhor institucionalização. É muito perigoso um descontrole numa área que é extremamente sensível e pode descambar para violações de direitos de forma sistêmica, sistemática."Na Operação Satiagraha, o delegado Protógenes Queiroz, que comandou a investigação, utilizou 52 agentes da Abin. O caso levou à queda do diretor-geral da agência, Paulo Lacerda. "É um número preocupante", observou o ministro ao se referir ao efetivo da Abin em uma operação da alçada exclusiva da PF. "Vi nos jornais que houve mais agentes da Abin do que da PF nessa operação. Eu acho que isso precisa ser realmente examinado. Temos de nos debruçar sobre isso. Realmente, é legal essa cooperação nesse nível de atuação? Não parece ser essa a atividade precípua a que se deve dedicar a Abin.""O que me preocupa mais nesse estado de coisas é essa cooperação quase num plano informal", insistiu o ministro. "Sem que se saiba como isso foi celebrado, pessoas (agentes da Abin) foram contactadas num nível quase informal, por telefone, e colocam uma estrutura expressiva da agência à disposição dessa operação. Acho estranho."O ministro voltou a alertar sobre o volume excessivo de interceptações telefônicas. "Ninguém está incólume a abusos que daí decorrem, vazamentos, chantagens. Daqui a pouco, no Brasil, alguém vai consultar o psiquiatra porque não foi alvo de grampo", ironizou. Mas afirmou não ter receio de ser grampeado. "Se tiver autorização judicial que o faça dentro dos parâmetros legais. Não tenho medo, trata-se de guardar a privacidade. No Estado de direito não há espaço para soberanos, quando a polícia afronta o Judiciário podemos estar vivendo uma distorção inadmissível."
FICHAS-SUJAS
Na quinta-feira à noite, numa aula de Direito Constitucional para consultores do Senado, em Brasília, Mendes justificou a decisão do Supremo de não proibir os candidatos fichas-sujas de disputar eleição, como defendia a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). O ministro disse que, se tivessem seguido a tese da AMB, ele e seus colegas seriam considerados "loucos". "Se embarcasse numa dessa, diriam: ?mas que bando de loucos são vocês?. Como aprovaram uma coisa dessas??", afirmou, justificando a rejeição por 9 votos a 2 da ação que pretendia barrar candidatos condenados na Justiça de primeira instância. O ministro citou o grande número de ações contra políticos com mandato executivo para justificar seu ponto de vista. "A última vez que conversei com Fernando Henrique, ele me falou que tinha 100 ações contra ele, ações populares, claro, porque você entra é contra o chefe (do Poder)."

Para advogados, participação da Abin pode ameaçar futuro da Satiagraha

Por Lilian Christofoletti e Frederico Vasconcelos
na Folha de São Paulo

Advogados criminalistas afirmaram ontem que a participação de agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na Operação Satiagraha, comandada pela Polícia Federal, poderá comprometer o futuro da investigação. Eles dizem que provas obtidas pelos agentes são suscetíveis de anulação porque a Abin não tem competência para investigar, atividade que cabe à Polícia Judiciária, no caso, à PF.A polêmica se agravou na última quarta-feira, depois que o diretor do Departamento de Contra-Inteligência da Abin, Paulo Maurício Fortunato Pinto, declarou à CPI dos Grampos que o delegado da PF Protógenes Queiroz, ex-chefe da Satiagraha, recrutou 52 agentes por quatro meses. Até então, a Abin só admitia "participação eventual" de seus servidores.A Satiagraha investiga supostos crimes financeiros atribuídos ao banqueiro Daniel Dantas, do Banco Opportunity, ao investidor Naji Nahas e ao ex-prefeito Celso Pitta, entre outros. Grosso modo, as provas se baseiam em escutas telefônicas, interceptações de e-mails e documentos apreendidos.Segundo advogados ouvidos pela Folha, o primeiro passo será definir a efetiva participação de cada um dos agentes da Abin na investigação.Após essa identificação, as provas obtidas pelos agentes externos deverão ser anuladas, pois são "absolutamente ilícitas", diz o criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira."O que o particular pode fazer é trazer a notícia [notícia-crime] para que seja feita a investigação. Nem o agente privado nem o público, como é o caso da Abin, pode fazer a investigação", afirma Mariz.O advogado Paulo José Iasz de Morais acrescenta que a nulidade independe do conteúdo do material. O problema estaria na origem da prova. "Esses agentes não têm fé pública para realizar o trabalho de investigação. A figura de um auxiliar é permitida, desde que constituído e nomeado pelo juiz."A quantidade de agentes da Abin que atuaram na Satiagraha também preocupa, diz Celso Vilardi. Para ele, se a declaração do diretor da agência for correta, o caso chegará enfraquecido às mãos do Ministério Público Federal, que é o órgão responsável pela acusação formal (denúncia) à Justiça. "Se forem 52 pessoas, não é absurdo pensar que a investigação da PF pode ter sido conduzida pelos agentes externos.""Abin não é polícia", diz Adriano Salles Vanni, que defende investigados na Satiagraha. "Não tenho dúvida de que [o uso de agente da Abin] contaminou a investigação inteira. Quem tem poder para investigar é a PF. A meu ver, é uma irregularidade insanável."Para Tales Castelo Branco, o uso de agentes externos cria um precedente "extremamente perigoso". "Traz para a investigação pessoas que não estão comprometidas com a função, não firmaram um termo de compromisso". A prova obtida, diz, vicia o procedimento e o torna nulo.
Juízes
Três juízes federais, que pediram anonimato, pois não querem opinar em investigação sigilosa, divergem sobre a questão de eventual nulidade das provas. A palavra final, dizem, será dos tribunais superiores.Para dois magistrados, o material obtido pelos agentes da Abin devem ser considerados nulos. Entendem que a autorização judicial para apuração foi dada à PF e ao Ministério Público e não pode ser delegada.O terceiro afirma que não anularia as provas, pois a investigação tinha autorização judicial. Diz ainda que consideraria as queixas de Protógenes, que reclamou a falta de apoio da cúpula da PF na investigação.

Kassab vai a 21%, contra 20% de Alckmin; Marta tem 37%

Por Catia Seabra
na Folha de São Paulo

Em trajetória ascendente, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) chegou a 21% das intenções de voto e está tecnicamente empatado com o tucano Geraldo Alckmin, que tem 20%, revela pesquisa Datafolha. Apesar do empate técnico, essa é a primeira vez que Kassab aparece numericamente à frente de Alckmin na corrida pela Prefeitura de São Paulo. Isolada na liderança, Marta Suplicy (PT) tem 37% da preferência.O ex-prefeito Paulo Maluf (PP) permanece com 8% das intenções. A pesquisa foi realizada nos dias 11 e 12. E a margem de erros é de três pontos percentuais, tanto para mais como para menos.Ainda segundo o Datafolha, Kassab subiu três pontos, passando de 18% para 21%, em uma semana. Alckmin oscilou dois pontos para baixo em comparação à pesquisa anterior, realizada nos dias 4 e 5. Marta, que estava com 40%, sofreu oscilação negativa de três pontos.O diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, chama atenção para a evolução dos números. No fim de julho -antes do início do horário eleitoral- Kassab tinha 11% da preferência. Alckmin, 32%. O prefeito registrou crescimento de 10 pontos desde o início da propaganda gratuita, enquanto Alckmin teve queda de 12 pontos."Alckmin e Kassab seguem trajetórias antagônicas. Kassab está numa curva ascendente e Alckmin, descendente", afirmou Paulino. O cenário, avalia, deverá acirrar a disputa no campo PSDB/ DEM.Ainda segundo Paulino, a taxa de rejeição é o indício da continuidade dessa curva.Há três semanas, Kassab sofria 32% de rejeição e estava empatado com Marta (31%). Naquela pesquisa, no fim de agosto, a rejeição a Kassab era 14 pontos maior do que a sofrida por Alckmin (18%). Hoje, a taxa de rejeição a Kassab é de 22%, 11 pontos atrás de Marta (33%) e cinco pontos a mais do que Alckmin (17%).Com Alckmin e Kassab tecnicamente empatados também aí, perde força o argumento de que o tucano seria o único capaz de derrotar Marta. Segundo a pesquisa, Kassab trilha trajetória ascendente também na espontânea, em que eleitores declaram o voto antes da apresentação dos nomes.Kassab, que tinha 7 pontos em julho, conta com 15% na espontânea. Alckmin perdeu 3 pontos na última semana e tem 12%, enquanto Marta passou de 30% para 28%.Foi entre os eleitores com nível superior de escolaridade e renda familiar superior a dez salários mínimos que Alckmin sofreu sua maior queda: 10 pontos. Entre os eleitores com nível de escolaridade superior, ele caiu de 33% para 23% em uma semana. Marta caiu cinco pontos, de 26% para 21%, e Kassab subiu de 23% para 29%.O tucano também perdeu 10 pontos entre os eleitores com renda superior a dez mínimos -de 35% para 25%- segmento em que Kassab engordou cinco pontos (de 28% para 33%). Marta permanece em 18%.Alckmin teve queda de 8 pontos entre eleitores com renda familiar mensal de cinco a dez mínimos, de 26% para 18%. Kassab passou de 24% para 28% nesse estrato.Apesar da tendência, Paulino lembra a divisão do eleitorado para afirmar: "Kassab tem mais chance, mas não descarto a chance de chegada de Alckmin ao segundo turno".

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Eles na TV

Não sei como Iris Rezende (PMDB) deu conta de falar sobre educação e saúde num programa só. Além de mostrar o que fez, ele prometeu mais. Continuo achando estranho o PT deixar o Iris falar tantas vezes que recebeu a cidade de um jeito em 2004 e a melhorou em menos de 4 anos. Será que os petralhas não estão acompanhando a propaganda do candidato deles?
Gilvane Felipe (PPS) quer ocupar os “espaços vazios” de Goiânia e criar casas para a população carente. E a propriedade privada? Quero ver se ele vai ter peito de enfrentar os donos dos lotes.
Já Martiniano Cavalcante (PSOL) dedicou todo o seu programa criticando a criação dos 14º e 15º salários dos vereadores. Quem apareceu mais foi o vereador Elias Vaz (candidato à reeleição). Sei não, mas esta aparição de Elias na propaganda do candidato a prefeito pode render prejuízos. Foi só elogiar um pouquinho a campanha de Martiniano para ele dar rata.
Sandy Júnior falou da sua vida dando destaque para a sua experiência no meio político. Mostrou os projetos de lei apresentados e os que foram aprovados. Os senadores Marconi Perillo e Lúcia Vânia, o governador Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, e o ex-deputado Barbosa Neto deram seus depoimentos pedindo votos para Sandy Júnior. Não convenceu. Eles aparecem só hoje? Por que não deram estes depoimentos no começo da campanha? Ah, a produção do programa de Sandy Júnior errou feio. Barbosa Neto não é do PSD e sim o PSB. E o PSD nem existe mais.

Lula, o achincalhador

Hoje comemora-se o dia do nascimento de Juscelino Kubitscheck. Em Brasília teve comemoração. Lula estava lá. E, é lógico, comparou seu governo ao do ex-presidente. Poderíamos deixar a fala troglodita de Lula de lado se ele não tocasse num ponto. Poucos políticos foram tão achincalhados, tão agredidos verbalmente, tão ofendidos como Juscelino Kubitschek. Entretanto, esse homem nunca levantou a voz nem perdeu a responsabilidade com o país. A história, como Deus escreve certo por linhas tortas, precisou de algumas décadas para fazer Justiça ao que representou Kubitschek para o nosso país. Ora, ora, vejam quem fala isso. Vocês acham que Lula era um santo quando era da oposição? Vocês acham que José Sarney, Fernando Collor de Melo, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso governaram estêpaiz sem receber nenhum ataque lulopetista? Ora essa, não venha o Apedeuta querer dar lição. Não venha ele querer dizer que JK foi achincalhado. Lula também achincalhou. Se ele acha injusto o que fizeram com Juscelino será que o Apedeuta teria coragem de pedir perdão pelos ataques injustos contra os ex-presidentes? Sim, eu poderia ter deixado Lula falar as babaquices de sempre. Mas vê-lo dizendo que JK foi o presidente mais achincalhado aí é demais. Lula, o achincalhador.

E ele foi homenageado aqui

Sempre leio o blog Imprensa Marrom do Gravataí Merengue (o link está aí do lado). Clicando aqui você encontra um post que explica como o delegado Protógenes Queiroz estragou a Operação Satiagraha. Como disse no post abaixo deste: QUERO QUE DANIEL DANTAS SEJA PRESO! QUERO QUE DANIEL DANTAS SE DANE! Mas forçar a barra como forçou o nosso ilustre “porta voz do povo oprimido” não dá. Quem está muito feliz com as cagadas do Protógenes é a defesa de Dantas.
E Protógenes, o cara que estragou a Operação Satiagraha foi homenageado aqui em Goiânia. Acho que a Câmara dos Vereadores tem que rever seus conceitos quando escolhe alguém para homenagear. Até Ricardo Teixeira já recebeu aplausos dos nossos vereadores.

Quero que Daniel Dantas se dane

Quero que Daniel Dantas fale tudo o que sabe. Quero que Daniel Dantes fale tudo o que ele fez durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Quero que Daniel Dantas conte o que ele estava fazendo durante o governo Lula. Quero que Daniel Dantas conte o motivo do ódio que os petralhas nutrem por ele. Quero que Daniel Dantas explique as espionagens contra inimigos. Quero que Daniel Dantas seja preso. Quero que Daniel Dantas se dane.

Jefferson e mais oito são denunciados por escândalo dos Correios

Por Andréa Michael e Larissa Guimarães
na Folha de São Paulo

O Ministério Público Federal denunciou à Justiça em Brasília o ex-deputado Roberto Jefferson, o ex-presidente dos Correios João Henrique Souza, o ex-diretor de Administração da empresa Antonio Osório, o ex-servidor da estatal Maurício Marinho e mais outras cinco pessoas. Jefferson foi denunciado por formação de quadrilha. Souza e Marinho, por corrupção passiva.A denúncia (acusação formal à Justiça) foi protocolada na segunda-feira, três anos e quatro meses depois de a revista "Veja" revelar que Marinho recebia propina em troca de manipulação de processos licitatórios dentro dos Correios. A fraude era para beneficiar o PTB, partido presidido por Jefferson e por meio do qual Osório chegou à diretoria e Marinho à chefia do Departamento de Compras e Contratações da estatal.A denúncia, apresentada na 10ª Vara da Justiça Federal, é assinada pelos procuradores Bruno Acioli, José Alfredo de Paulo e Raquel Branquinho. Segundo os procuradores, havia nos Correios uma "prática de corrupção generalizada".Estima-se que entre fevereiro de 2003 e junho de 2005 tenha havido o desvio de R$ 5 milhões pela quadrilha descrita na denúncia de 43 páginas.Ao comentar as indicações políticas, Acioli disse que Jefferson "é um gênio do crime", mas que no caso dos Correios ele herdou esquema de desvios de recursos públicos que existia havia mais de uma década.Na denúncia, os procuradores afirmam que "Roberto Jefferson era o líder da quadrilha, responsável por sua idealização e detentor do domínio funcional de suas atividades em benefício do PTB". Dizem ainda que o ex-deputado, cassado em decorrência do escândalo do mensalão, "repassava demandas financeiras e, assessorado pelo denunciado Roberto Garcia Salmeron, monitorava o desempenho do denunciado Antonio Osório em sua missão de arrecadar fundos para o PTB".Amigo de Jefferson e ex-presidente da Eletrobrás, Salmeron trabalhou por muitos anos nos Correios. Seria, segundo a denúncia, um consultor sobre como desviar recursos públicos nos contratos da empresa.A denúncia traz a reprodução de planilhas apreendidas nos computadores de Marinho, Osório e de um ex-assessor dele, Fernando Godoy, nas quais, segundo os procuradores, há registro de cobrança de propina sobre contratos dos Correios com fornecedores da estatal. Serão abertos ao menos 20 novos inquéritos para investigar os casos registrados nos documentos, que marcam cifras supostamente destinadas ao PTB e também aos próprios integrantes da quadrilha apontada pelo Ministério Público.O ex-presidente dos Correios João Henrique Souza foi denunciado porque teria usado a máquina pública para conseguir que uma fornecedora da estatal fizesse material de campanha para um correligionário.

O Chapolin não muda

Lembro que meses atrás vários jornais questionaram o “novo” comportamento do Chapolin da Venezuela. Ele parecia mais sereno. Chegou até a fazer as pazes com o Rei da Espanha que o mandara calar a boca. Mas, eis que Chapolin volta a sua carga contra os inimigos de sempre: os americanos. Chapolin disse que prendeu militares que estariam armando um golpe para matá-lo e tomar o poder. Outra vez Chapolin disse que os Estados Unidos estavam por trás desta trama. Como sempre os americanos. Como sempre os Estados Unidos. Como sempre George W. Bush. E como sempre Chapolin continua o mesmo falastrão, o mesmo bufão. Por isso, se algum dia você ler alguma reportagem falando que o Bufão de Caracas está mais de boa, mais light, duvide. Em breve ele falará que os Estados Unidos ainda desejam ardentemente explodir seu avião.

Choques deixam 8 mortos e Evo adverte que 'paciência tem limites'

Por Renata Miranda
no Estado de São Paulo

No dia mais violento da recente onda de protestos na Bolívia, pelo menos 8 partidários do presidente Evo Morales morreram e 34 ficaram feridos num confronto com opositores no Departamento (Estado) de Pando, no norte do país. O choque ocorreu quando os governistas, quase todos camponeses, tentaram romper um bloqueio de estrada promovido por partidários do governador do departamento, Leopoldo Fernández, feroz opositor de Evo. “Estamos falando de um verdadeiro massacre que tem como responsável o governador de Pando”, declarou o vice-ministro de Coordenação de Movimentos Sociais, Sacha Llorenti, ao confirmar a cifra de mortos. Segundo Llorenti, outros 30 camponeses foram levados pelos opositores a Cobija, capital departamental, e feitos “reféns” na sede do Comitê Cívico de Pando. Horas antes, Evo afirmou que seu governo defenderá a democracia sem responder à violência, mas advertiu que “paciência tem limites”.O aumento na violência ocorreu no mesmo dia em que a Bolívia suspendeu por mais de seis horas o envio de 50% das exportações de gás natural para o Brasil. A distribuição foi retomada após a empresa Transierra - responsável pelo gasoduto que transporta a maior parte do produto para o País - trocar uma válvula que havia sido fechada por grupos opositores. Por causa dos protestos, a distribuição de gás para a Argentina também foi prejudicada. A oposição também tentou sabotar o envio de gás para a região do Altiplano, incluindo La Paz. Mas, até a noite de ontem, nenhuma fonte independente podia confirmar se a tentativa tinha sido bem-sucedida.“O que começou como um ataque violento contra o Estado está se transformando em um violento conflito interno fomentado pelos governadores regionais”, afirmou o vice-ministro do Interior, Rubén Gamarra, referindo-se às mortes em Pando. Fontes da oposição, no entanto, atribuíram as mortes em Pando a partidários do governo de Evo. “Estamos sendo massacrados porque a selva amazônica se converteu em um santuário de guerrilheiros”, afirmou Ruddy Atiare, diretor nacional dos seringueiros de Pando, que faz oposição ao governo central. Num ato público em La Paz, Evo acusou os opositores de promoverem o “terrorismo” e de buscarem “uma resposta radical” por parte de La Paz.O ministro do Interior, Alfredo Rada, também acusou as regiões opositoras de utilizarem uma “estratégia golpista” ao tomarem diversos prédios públicos em Santa Cruz.O presidente do Comitê Pró-Santa Cruz, Blanco Marinkovic, afirmou que a oposição deve decidir nos próximos dias o que fará a respeito dos mais de dez prédios ocupados na cidade. Ele, porém, acusou o governo de infiltrar militares entre os grupos de opositores para provocar violência.Marinkovic também criticou a decisão do governo boliviano de expulsar o embaixador americano, Philip Goldberg, do país (ler abaixo). “Se a razão da expulsão foi ingerência, La Paz também terá de expulsar o embaixador venezuelano, pois a Venezuela é o país que mais se mete nos assuntos internos do país”, disse Marinkovic. “Não concordamos com as idéias que Evo herdou de Hugo Chávez”, afirmou em referência ao que chama de “idéias antiamericanas” defendidas pelo presidente venezuelano.Desde o começo da semana, o clima em Santa Cruz é de apreensão. Por temor da violência, escolas da cidade suspenderam as aulas ontem e hoje.

E quando tinha a CPMF era tudo uma maravilha?

Depois que eu li a reportagem no Jornal do Brasil postada logo abaixo fiquei pensando: “Será que, quando a CPMF existia, a saúde aqui no Brasil era uma maravilha?” Será que está faltando dinheiro? Bem, neste desgoverno dinheiro é o que não falta. O que precisa é direcionar a quantidade certa para o lugar certo e, é lógico, evitar que esta quantidade seja desviada aqui e acolá. Não adianta agora quererem chorar a ausência da CPMF. Ela já foi tarde. E não queiram fazer outro imposto. Que pressionem Lula ou Guido Mantega para liberar o cofre. E nós todos sabemos o quão gordo está o porquinho do Lula. Aliás, seria até interessante pedir para o Ministério da Saúde que fizesse um levantamento sobre o que foi investido na área com o dinheiro da CPMF. Aí nós veríamos que eles tiveram a grana na mão para evitar este rombo.

Saúde tem rombo de R$ 5,5 bilhões

Por Márcio Falcão
no Jornal do Brasil

A bancada da saúde na Câmara e o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conas) refizeram as contas do governo e avaliam que será preciso a liberação de um crédito suplementar de R$ 5,5 bilhões para o setor ter fôlego até o final do ano. Este é o tamanho do rombo que especialistas prevêem para dezembro e que pode levar a falta de repasses para o Sistema Único de Saúde (SUS). O governo, por outro lado, sustenta que não há problemas orçamentários.
O número leva em consideração os serviços e a demanda nos hospitais públicos por todo o país. Serão atingidos, especialmente, os atendimentos ambulatoriais. Há, ainda, previsão de falta de medicamentos para os tratamentos chamados "excepcionais" que assistem pacientes, por exemplo, com esclerose múltipla.
Outro problema identificado estaria no atendimento ao paciente com câncer. A falta de recursos pode prolongar a demora para o início da assistência, que em média está em 188 dias. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o câncer quando atacado nos primeiros 30 dias do diagnóstico tem chance de 95% de cura.
– A crise da saúde permanece - afirma o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), integrante da Frente Parlamentar da Saúde. – O governo é que finge não ver o caos que está por todo lado com a falta de dinheiro e para piorar a equipe econômica ainda não descobriu que saúde é prioridade.

Aumento de repasse

Parte do rombo, cerca de R$ 2,5 bilhões, é motivada pelo aumento, no ano passado, do repasse de recursos do Ministério da Saúde aos Estados para pagamento de procedimentos de alta e média complexidade, que envolve consultas especializadas, cirurgias, internações, entre outros.
Os repasses foram programados com recursos da extinta Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). A origem da falta de verba na saúde, indicam os especialistas consultados pelos deputados, começou com a ausência de uma reprogramação orçamentária com o fim do imposto do cheque.
No ano passado, o orçamento da Saúde foi de R$ 44 bilhões, sendo que desse total, mais de 35% (R$ 15,8 bilhões) tiveram origem na CPMF. O orçamento do ministério neste ano é de R$ 52,2 bilhões. Havia a programação de, até 2011, mais R$ 24 bilhões da CPMF, sendo apenas neste ano, R$ 6 bilhões.
Sem a contribuição, o governo, no entanto, engessou boa parte da ampliação que estava prevista para os próximos quatro anos e tem utilizado apenas os recursos disponíveis no caixa da Pasta, ou seja, o Orçamento, que é o montante do ano anterior mais a variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB).
– A arrecadação está indo bem, a economia está crescendo, não se justifica a falta de uma atenção especial para o setor – disse o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). – O governo precisa acordar antes que seja tarde.

Sensibilidade

A preocupação da bancada da saúde e dos secretários é que neste ano com o atraso na votação da Contribuição Social à Saúde (CSS) – novo imposto nos moldes da CPMF que aguarda votação de um último destaque na Câmara – o incremento para o setor depende da sensibilidade da equipe econômica. A CSS foi a solução encontrada pelo governo para segurar a regulamentação da Emenda 29, dispositivo que define repasses federais, estaduais e municipais para a saúde, e vinculava aplicação da verba da União na área em 10% da receita corrente bruta.
– O governo precisa sentar na mesa e discutir a situação com calma para ter a real idéia do que está acontecendo nos Estados – disse o secretário-executivo do Conas, Jurandir Frutuoso, ex-secretário da Saúde do Ceará. – Ao que tudo indica precisamos definir uma estratégia para evitar problemas no atendimento.

"Questão é saber se apoio da Abin à PF é legal", diz Mendes

Na Folha de São Paulo

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, disse ontem não importar quantos agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) participaram da Operação Satiagraha, comandada pela Polícia Federal e que teve como principal alvo o banqueiro Daniel Dantas."A questão básica é saber se essa cooperação [da Abin com a PF] é legal. Não gostaria de comentar esse assunto sem me deter sobre a legislação. Se houve prova ilícita, terá que ser excluída dos autos, mas não se pode falar em abstrato. É preciso aguardar a investigação da PF", disse Mendes, que participou ontem em Brasília de seminário sobre execução penal.Em depoimento anteontem na CPI dos Grampos, o diretor do Departamento de Contra-Inteligência da Abin, Paulo Maurício Fortunato Pinto, informou que 52 agentes do órgão atuaram por quatro meses na Operação Satiagraha, da PF. Até então, a Abin admitia só "colaboração" e "participação eventual" de seus servidores.Uma conversa de Mendes com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) foi grampeada ilegalmente e a suspeita é que agentes da Abin possam estar envolvidos.Na última terça, o CNJ decidiu criar central estatística de grampos e padronizar regras para que juízes autorizem interceptações telefônicas.Segundo Gilmar, existe "um clamor para a idéia de excepcionalidade da concessão desse tipo de interceptação" e que a própria aprovação da resolução pelo conselho vai causar "uma atitude de autocrítica em relação a esse tipo de prática".Mendes afirmou que não irá à CPI. "A orientação no tribunal é que não devemos comparecer à CPI. Entende-se que não é conveniente, tendo em vista os vários aspectos institucionais [envolvidos no caso]."

Lula afasta Lacerda de vez após 'empréstimo' de 52 arapongas à PF

Por Tânia Monteiro
no Estado de São Paulo

A revelação de que havia 52 agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)na Operação Satiagraha selou a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de retirar definitivamente o delegado Paulo Lacerda do comando da agência. Lacerda foi afastado temporariamente no dia 1º, depois da divulgação do grampo de uma conversa telefônica entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).Com Lacerda outros três integrantes da cúpula da Abin foram afastados: o vice José Milton Campana, o chefe do Departamento de Contra-Inteligência, Paulo Maurício Fortunato Pinto, e o assessor especial da presidência, Renato Porciúncula. O Estado apurou que, como Lacerda, nenhum dos três voltará ao posto que ocupava na Abin. O Palácio do Planalto está certo de que, além da polêmica das maletas de fazer varreduras e grampos - levantada pelo ministro Nelson Jobim (Defesa), na reunião da coordenação política, na semana passada -, a Operação Satiagraha era uma investigação mais de Lacerda do que do delegado que a comandava, Protógenes Queiroz. Afinal, enquanto a PF mobilizou 23 profissionais, entre delegados, agentes, escrivães e peritos, a Abin liberou 52 agentes para trabalhar com Protógenes.Os problemas políticos gerados pela Operação Satiagraha não afetarão, porém, o general Jorge Félix, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e o ministro da Justiça, Tarso Genro. Quando estourou o escândalo, Félix chegou a pôr o cargo à disposição, mas Lula descartou a possibilidade de sua saída. O diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, também estaria a salvo, apesar de ter revelado falta de controle sobre o que se passa no órgão que comanda.Além de Lacerda, as atenções do governo estão centradas em Protógenes. Por ter convocado Francisco Ambrósio do Nascimento para a Operação Satiagraha - um ex-agente do Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão de inteligência do regime militar -, o Planalto considera “liquidada” a carreira do delegado.Embora se queixe de falta de apoio da direção da PF, Protógenes teve a seu dispor, nos dez meses em que comandou a Satiagraha, uma equipe de tamanho considerável. Levantamento que a PF está fazendo, a pedido do Ministério Público, mostra que os recursos, equipamentos e pessoal mobilizado colocam a Satiagraha entre as cinco maiores ações dos últimos três anos.Isso inclui as três maiores operações do período: a Navalha, que prendeu 47 pessoas em maio de 2007 acusadas de fraude em licitações, corrupção e desvio de dinheiro público; a Furacão, que investigou um megaesquema de venda de liminares em favor de casas de bingos e caça-níqueis, e a Dilúvio, que desarticulou um esquema gigantesco de fraudes no comércio exterior. Nas três, foram mobilziados, na fase investigativa, entre 21 e 30 policiais.
FUTURO
A partir de agora, o futuro da Abin será discutido em novas bases. Segundo assessores palacianos, será feita uma análise do modelo da agência, que tem se envolvido em vários “incidentes políticos”. O governo vem tentando fazer mudanças, mas até agora nada foi efetivado.A primeira alteração foi com a nomeação do delegado da Polícia Civil de São Paulo Mauro Marcelo de Lima e Silva, que foi obrigado a pedir demissão do cargo depois ofender o Congresso por causa da convocação do agente da Abin Edgard Lange, na CPI dos Correios. Mauro Marcelo chamou os parlamentares de “bestas-feras em pleno picadeiro”. Lacerda, lembram auxiliares do presidente, levou para a agência atribuições que eram prerrogativas da PF. Ano passado, com a saída de Mauro Marcelo, o próprio Lula se convenceu de que não era uma boa idéia ter as duas organizações debaixo do mesmo guarda-chuva. Avaliou que a Abin deveria se manter como órgão de assessoramento direto do presidente.

Candidatos não vão a favelas no 1º dia de ação do Exército

Na Folha de São Paulo

O primeiro dia do "manto de segurança" formado por Exército e Marinha para assegurar o processo eleitoral em sete favelas do Rio foi tranqüilo e sem incidentes, mas não atraiu candidatos a vereador ou prefeito da cidade. Ou seja, não cumpriu o objetivo a que se propunha.Temendo repercussão negativa com eleitores, nenhum candidato fez campanha nas favelas ocupadas pelos 3.500 militares da Operação Guanabara.Para dificultar ainda mais, o Tribunal Regional Eleitoral vai exigir o agendamento de campanhas e comícios nas áreas ocupadas, sob a justificativa de evitar confusão.No início da operação, fiscais do TRE retiraram quatro caminhões cheios de propagandas irregulares de dentro das comunidades. Houve distribuição de cartilhas informativas sobre a inviolabilidade do voto.Segundo o porta-voz da operação militar, coronel André Luiz Novaes, o objetivo não é garantir a entrada de candidatos, mas assegurar os direitos políticos dos eleitores. "Os candidatos podem se aproveitar desse manto de segurança", disse. Ele negou que a mobilização tenha sido em vão. "Não temos controle de candidatos; a operação não está focada neles. Garantimos a segurança."Nenhum candidato foi visto pela reportagem nas favelas ocupadas. Muitos afirmam que não pretendem fazer campanha junto com o Exército em favelas, pois temem ser malvistos pelos eleitores destas áreas."Não vou entregar santinho a alguém que vai se sentir ameaçado no dia seguinte, quando o Exército sair", disse a vereadora Andrea Gouvêa Vieira (PSDB), candidata à reeleição.O vice-presidente do TRE, desembargador Alberto Motta Moraes, demonstrou irritação ao ouvir a reclamação de candidatos por meio da imprensa."Disponibilizamos a Polícia Militar para fazer campanha em favelas. Ninguém pediu. Ser impedido de fazer campanha por milícia, pelos traficantes é midiático; ser acompanhado pelo Exército é ruim. Tem muito jogo político."No primeiro dia de operação, como já esperado pelos militares, não houve resistência de traficantes. A ocupação foi pré-agendada e avisada, para diminuir a surpresa e as chances de eventuais confrontos.Moradores de Rio das Pedras, foco de milícia, consideraram a ocupação "desnecessária". "Não está incomodando, só assustando um pouco. Não tem necessidade. Em outros lugares violentos, com traficantes, não estão. Sempre me senti muito segura aqui. É aplicação de dinheiro que vai para o valão", disse Madalena Justino, 40, que disse desconhecer a existência de milícia lá.Para o porta-voz do Exército, "a população não está assustada". "Os soldados têm uma postura pacífica, não estão camuflados, as crianças estão brincando e convivendo com eles."O governador do Rio, Sérgio Cabral, pediu que as tropas fiquem. "Tudo o que vier para garantir maior liberdade para os cidadãos decidirem de maneira 100% livre os seus candidatos e para trazer segurança pública ao Rio é muito bem-vindo. Espero que possam contribuir para o processo das eleições. Quem sabe não se entusiasmam e continuam aqui ajudando a combater a violência?"

Pela 1ª vez, Lula é aprovado por todos segmentos sociais

Por Fernando Canzian
na Folha de São Paulo

Embalado por fortes resultados na economia e por grande exposição nacional na atual campanha eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quebrou o seu próprio recorde de avaliação positiva.Lula também acaba de obter, pela primeira vez, a aprovação da maioria absoluta da população brasileira em todos os segmentos sociais, econômicos e geográficos do país.Segundo pesquisa Datafolha finalizada ontem, 64% da população brasileira considera o governo Lula ótimo ou bom. O recorde anterior já colocava Lula na frente de todos os presidentes eleitos após a redemocratização -55% de aprovação registrados em março passado.O levantamento revela também que a popularidade de Lula acaba de vencer a resistência de segmentos socioeconômicos específicos que mantinham, entre eles, o índice de aprovação abaixo de 50%.Pela primeira vez, Lula tem o apoio da maioria no Sudeste, nas regiões metropolitanas, entre os que têm curso superior e entre os vivem em famílias com renda familiar mensal superior a dez salários mínimos.Entre a pesquisa realizada em março e agora, houve um salto a favor de Lula de 14 pontos percentuais entre os brasileiros mais ricos. Hoje, 57% dos que vivem em famílias que ganham R$ 4.150,00 ou mais por mês aprovam seu governo.Lula também conquistou pela primeira vez a maioria no Sudeste: 57% o aprovam, dez pontos acima da última pesquisa. Há alguns anos Lula também só tinha a maioria ao seu lado em regiões do interior. Agora, 57% dos moradores das regiões metropolitanas o aprovam.Por fim, Lula também venceu a barreira entre os mais escolarizados. Em março, 47% dos brasileiros com curso superior consideravam seu governo ótimo/bom. Agora, são 55%.Os resultados da pesquisa coincidem com a divulgação, anteontem, de um crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 6% no primeiro semestre do ano. Nesse bom resultado, houve uma significativa participação do consumo das famílias brasileiras, que cresceu 6,7% (a 19ª alta seguida) apoiado em aumentos da renda.A expressiva avaliação de Lula aparece também no momento em que a inflação começa a ceder depois de ter atingido um pico neste ano, há três meses.Coincide ainda com a participação pessoal ou do nome de Lula em várias campanhas municipais, além de grande exposição do presidente nos últimos dias por conta do início (ainda que simbólico) da produção de petróleo nas recém-descobertas reservas do pré-sal."A pesquisa mostra que Lula vem quebrando resistências, especialmente entre os principais segmentos da classe média, o que é muito significativo", afirma o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino.Na pesquisa, o Datafolha ouviu 2.981 pessoas maiores de 16 anos em 212 municípios do país entre os dias 8 e 11 de setembro. A margem de erro é de dois pontos, para mais ou menos.Além de ter ultrapassado barreiras, o levantamento revela que Lula também ampliou de maneira significativa o reforço à sua popularidade entre os que já o apoiavam.No Nordeste, por exemplo, região que sempre deu os melhores índices de popularidade a Lula, sua avaliação subiu mais sete pontos. Hoje, 3 entre cada 4 nordestinos o apóiam.Houve ainda um salto de oito pontos percentuais a favor do presidente entre os mais pobres, com renda familiar até cinco salários mínimos. Atualmente, 65% desses brasileiros avaliam Lula positivamente.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Tadinho dele

Enquanto Protógenes Queiroz era homenageado na Câmara de Vereadores de Goiânia, era votada e aprovada o aumento salário para vossas excelências. O vereador Clécio Alves (PMDB) diz que o vereador ganha pouco. É mesmo. Olhando a foto dele no Diário da Manhã de hoje fiquei com uma pena. Olha o rostinho dele. Rosto de quem sofre por receber um mísero salário.

O top-top-top é um fanfarrão

Por conta da explosão em um gasoduto na Bolívia, o Brasil receberá menos gás. O que esperar do desgoverno do Apedeuta? Isso mesmo. O governo é solidário com o Índio de Araque. Reação pior (toda reação dele é a pior possível) foi a do assessor top-top-top de Lula Marco Aurélio Garcia. Ao ser perguntado pela reportagem da Folha de São Paulo se a maior preocupação do governo nesta crise era política ou energética, o top-top-top disse a preocupação era o Brasil vencer a Bolívia no jogo pelas Eliminatórias da Copa. Viu que cara mais bem humorado? Viu que presença de espírito? Com crise na Bolívia e redução do envio de gás para cá e o top-top-top preocupado em ver o jogo da seleção.

Explosão reduz envio de gás ao Brasil e Evo denuncia 'golpismo'

Por Renata Miranda
no Estado de São Paulo

A explosão de um gasoduto na região do Chaco, no sul da Bolívia, afetou ontem o fornecimento de gás natural para o Brasil e aprofundou a crise entre setores da oposição e o governo do presidente Evo Morales. A estatal petrolífera boliviana YPFB informou ter sido obrigada a cortar cerca de 10% das exportações do produto para o Brasil por causa do incidente, que as autoridades bolivianas qualificaram de “atentado terrorista”.Desde a semana passada, grande parte da população dos departamentos opositores de Santa Cruz, Tarija, Beni, Pando e Chuquisaca ameaçavam cortar a distribuição do gás para o Brasil e para a Argentina.Embora tenha descartado a hipótese de decretar estado de sítio, Evo reagiu ontem declarando “persona non grata” o embaixador dos EUA no país, Philip Goldberg, e anunciou o envio de mais soldados e policiais para reforçar a segurança nas instalações de gás e petróleo. Segundo o governo boliviano, o diplomata tem conspirado com as oposições regionais para “dividir o país” e desestabilizar o regime. Goldberg se disse “surpreso com a inexplicável decisão”. O Departamento de Estado americano declarou que as acusações contra Goldberg são infundadas.
REPARAÇÃO DEMORADA
“A exportação de gás para o Brasil neste momento será reduzida em mais de 3 milhões de metros cúbicos por dia”, afirmou o presidente da YPFB, Santos Ramírez. Segundo a empresa, são enviados ao País diariamente 31 milhões de metros cúbicos de gás. Ramírez afirmou que a reparação do duto demorará cerca de 20 dias, acrescentando que as perdas totais devem superar US$ 100 milhões. A companhia Transierra informou ontem que o governo boliviano estuda usar outro gasoduto - operado pela empresa Transredes - para restabelecer o fornecimento de gás ao Brasil.Ramírez explicou que a válvula do gasoduto localizado a 50 quilômetros da cidade de Yacuiba, na fronteira com a Argentina, foi danificado após ter sido fechada à força pelos manifestantes. Com isso, a pressão causou a explosão da tubulação.No Departamento de Chuquisaca, em outro incidente, as operações no complexo gasífero de Vuelta Grande também foram suspensas com o objetivo de proteger suas instalações, depois que manifestantes fecharam as válvulas de bombeamento - o que prejudicou a exportação para a Argentina.Os manifestantes exigem a restituição de um imposto sobre o gás e o petróleo que antes era repassado para os governos dos departamentos bolivianos.O ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, ainda afirmou que a onda de protestos da oposição busca “sepultar a nacionalização” dos hidrocarbonetos decretada por Evo em 2006.O governo central acusa os grupos cívicos da rica região de Santa Cruz de incitar o confronto entre a população e os militares para criar uma espécie de “guerra civil”. Por isso, La Paz tem evitado uma resposta mais enérgica às manifestações.“Uma reação agressiva do governo de Evo agravaria ainda mais a situação”, afirmou o analista Fernando Mayorga, da Universidade Pública de Cochabamba. “Os protestos evidenciam a debilidade do Estado boliviano, que não tem capacidade para controlar metade do território nacional.”Ainda ontem, sindicatos agrários ligados ao governo de Evo anunciaram que bloquearão as rotas de acesso a Santa Cruz, o que poderia provocar uma crise de desabastecimento de alimentos e combustíveis na região.“A situação de ingovernabilidade é muito grave porque cada região tem uma capacidade diferente de convocação de protestos. Isso torna difícil que os opositores cheguem a um consenso de que devem negociar com o governo”, disse Mayorga.Confrontos em Santa Cruz e na cidade de Tarija deixaram dezenas de feridos; repartições públicos foram tomadas em Sucre; e o aeroporto de Beni, no noroeste, também foi fechado. Em todo o país, pelo menos uma dezena de prédios públicos foram tomados por manifestantes.O vice-governador de Santa Cruz, Roly Aguilera, afirmou ao Estado que o governo local teme perder o controle sobre as manifestações na região. “Estamos chegando a um ponto em que não será mais possível controlar as massas”, disse. Segundo ele, os protestos são uma “resposta do povo crucenho” à tentativa do governo de impor seus projetos.

Em sete favelas, contra os currais

Por Renata Victal
no Jornal do Brasil

Começa hoje o patrulhamento de homens das Forças Armadas em sete comunidades do Rio de Janeiro. A Operação Guanabara vai colocar ao menos 3.500 soldados nas ruas para garantir a segurança dos moradores, da imprensa e principalmente dos candidatos durante a campanha eleitoral. O objetivo é impedir que as comunidades continuem fechadas a campanhas de candidatos por conta do voto de cabresto de milicianos e traficantes. Veículos blindados e helicópteros também serão usados e as ordens são para atirar caso haja necessidade. Os candidatos que quiserem fazer campanha nesses locais deverão comunicar ao TRE no dia anterior. A operação só terminará no dia quatro de outubro, véspera do pleito.
O Exército ocupará, com apoio da Polícia Militar, as favelas Cidade de Deus, Gardênia Azul e Rio das Pedras, em Jacarepaguá, Zona Oeste. Já fuzileiros navais da Marinha estarão na Vila do João, Conjunto Esperança, Vila Pinheiros e Nova Holanda, no Complexo da Maré, na Zona Norte. Os homens ficarão em pontos específicos das favelas, por 24 horas, em sistema de rodízio, até sábado. No dia seguinte, as favelas Vila Aliança, Taquaral e Coréia (Zona Oeste) serão ocupadas. Outras 17 comunidades também receberão o apoio das tropas.

Rodízio de três dias

O rodízio de três dias em cada comunidade foi considerado satisfatório pelo comando do Exército para que os candidatos possam fazer campanha nesses locais. O esquema também teve o aval do TRE, que definiu os locais onde as Forças Armadas vão atuar.O pedido de tropas foi feito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e autorizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Presidente do TSE, o ministro Carlos Ayres Britto disse na terça-feira que já definiu como os militares deverão se portar durante a operação. O conteúdo das regras, no entanto, não foi divulgado pelo presidente do TSE. É sigiloso.
– Em cada comunidade, haverá presença de um juiz do TRE. Ele avaliará possíveis crimes eleitorais. Esse é o foco da operação – explicou o coronel André Luiz Novaes, responsável pela comunicação social da operação.
Segundo o coronel, as Forças Armadas não têm efetivo suficiente para ocupar as 27 comunidades e, por isso, as operações terão de ser itinerantes. Ele afirmou que os candidatos podem aproveitar a presença dos soldados para fazer campanha e que os militares poderão efetuar prisões em flagrante, se necessário, ou mesmo atirar já que o uso da força será feito "proporcionalmente ao que estiver ocorrendo". Os registros de ocorrência serão feito em delegacias comuns.
– Não é uma operação de segurança pública, de polícia. O Exército não vai estar presente nessas comunidades para garantir a segurança pública. Se um crime comum acontecer diante de um militar, ele deve, por obrigação, tomar as providências cabíveis, ou seja, prender em flagrante delito – afirmou o coronel Novaes. – O Exército estenderá um manto de segurança, mas o TRE fará a fiscalização eleitoral.
As chamadas regras de engajamento, que definem como os militares devem se portar, não foram reveladas por "questão de segurança". Mas, o coronel Novaes garantiu que a tropa foi bem treinada e descartou qualquer evento semelhante ao ocorrido no Morro da Providência, quando homens do Exército entregaram três moradores a traficantes do Morro da Mineira, de facção rival, que os mataram.
A operação será coordenada pelo general Rui Monarca da Silveira, subchefe do Estado Maior do Exército, e contará com o reforço da 4ª Brigada de Infantaria do Exército de Juiz de Fora, Minas Gerais. Os municípios de Caxias e São Gonçalo também receberão a tropa no esquema de rodízio de três dias. Já o município de Campos, no interior do Estado, contará com a presença do Exército durante todos os dias.
Ontem o TRE comunicou aos representantes dos partidos políticos, as orientações para campanha nas áreas ocupadas. Os partidos devem solicitar, por ofício, à presidência do tribunal, até as 18h do dia anterior, o acesso às áreas ocupadas. Caberá aos partidos distribuir os horários de campanha entre os candidatos. "Por questões de segurança e logística, os partidos terão de 12h às 18h para a campanha nas áreas ocupadas", diz nota do TRE. De acordo com o vice-presidente do TRE, Alberto Motta Moraes, o reforço na segurança dará tranqüilidade:
– A presença do Estado nessas regiões tem o objetivo de transmitir aos eleitores a segurança de que eles poderão ter confiança de que as eleições vão ocorrer normalmente.

Tráfico e milícia cobram até R$ 30 mil de candidatos

Por Raphael Gomide
na Folha de São Paulo

Traficantes e milicianos estabeleceram tabelas de pedágio para candidatos às eleições de outubro fazerem campanha nas favelas que controlam. O preço varia de R$ 10 mil (para pequenas comunidades) a R$ 30 mil (locais de médio porte).Sem pagar, os postulantes são proibidos de entrar nas localidades para pedir votos e pregar cartazes nas casas.Segundo relatos à Folha de dois candidatos a vereador (que não se identificaram temendo represálias), a prática ocorre nas favelas de São Carlos (Estácio, centro), Turano e Borel (Tijuca, zona norte), Tuiuti (São Cristóvão, norte), Dendê (Ilha do Governador, norte) e Terreirão (Recreio, oeste), dominadas pelo tráfico; e Guaporé (Brás de Pina, norte) e Barbante (Campo Grande, oeste), dominadas por milícias.A partir de hoje, tropas do Exército e da Marinha vão ocupar 27 comunidades identificadas pelo Tribunal Regional Eleitoral como "currais eleitorais". Das citadas acima, só a do Barbante está entre as que receberão o apoio militar. A presença dos soldados poderá permitir (por três dias) a circulação de candidatos nos locais.
Outros "serviços"
Segundo os candidatos, que disseram não ter pago o valor aos criminosos, o dinheiro é apenas um pedágio para o grupo que controla o lugar: qualquer outro "serviço" (como fixação de placas) é pago à parte.Um candidato revelou que em uma das comunidades ele chegou a ir um dia para fazer campanha, mas desistiu após ouvir do líder comunitário que o tráfico exigira o "arrego" [propina] para permitir a sua entrada. Ele já tinha acertado até a cooperação dos moradores, mas desistiu ao ouvir que ele teria de pagar R$ 15 mil.Outra exigência é que a mão-de-obra contratada para atuar na campanha, dentro e fora da favela, seja local. Portanto, é necessário pagar a trabalhadores da comunidade para fazer a propaganda, espalhar cartazes e acompanhar o candidato.Em uma espécie de tabela informal, o mercado eleitoral do Rio estabelece o valor de R$ 100 por semana por colaborador. O mesmo valor é cobrado para fixar uma faixa ou placa na casa de alguém.Motoristas também estão alugando até o vidro de trás dos carros para serem ocupados por adesivos perfurados com propaganda eleitoral, também ao custo de R$ 100.
"Gato placa"
Com carência de recursos, muitos candidatos ao cargo de vereador estão apelando para o que chamam de "gato placa".Eles pagam de R$ 50 a R$ 70 para responsáveis por tomar conta de placas de candidatos a prefeito ou a vereador de campanhas mais ricas vigiarem também o seu painel.Pela "tabela", os trabalhadores recebem em média R$ 100 por semana para cuidar das placas de candidatos. Com isso, o político economiza e não deixa a placa sem vigilância, o que é proibido e pode ser alvo de vandalismo.A expressão "gato placa" surgiu da adaptação do termo "gato", furto de energia elétrica, e ganhou força com a proliferação de "gato net", furto de sinal de televisão a cabo.

EUA enviaram 250 caixas de documentos

Por João Domingos
no Estado de São Paulo

O delegado Protógenes Queiroz revelou ontem em Goiânia que recebeu dos Estados Unidos tantos documentos sobre Daniel Dantas que foram necessárias 250 caixas para guardá-los. Os papéis, informou, foram enviados pela Justiça de Nova York e são todos relativos ao processo que investigou a participação do banqueiro na contratação da empresa Kroll, supostamente para espionar sócios em empresas telefônicas dentro e fora do Brasil.Protógenes, que chefiou a Operação Satiagraha, mas foi afastado sob suspeita de permitir interceptações telefônicas de autoridades sem autorização judicial, confirmou que o ex-araponga do Serviço Nacional de Informações (SNI) Francisco Ambrósio do Nascimento participou da operação como “colaborador eventual”. O delegado participou em Goiânia do lançamento de um movimento de combate à corrupção no País, capitaneado pelo PSOL.“Pedi (aos EUA) as conclusões do que haviam investigado e eles enviaram tantos documentos sobre a investigação, que foram necessárias 250 caixas para guardá-los. Contratei o Francisco Ambrósio como analista desses documentos. Existe um dispositivo legal que prevê a figura do colaborador eventual. Ele trabalhou, sob meu comando, cumprindo expediente na Polícia Federal, na análise destes documentos”, contou. “Mas não para fazer espionagem, e sim ajudar a catalogar e decifrar os documentos.”Protógenes acha que alguém, com outras finalidades, está explorando a participação de Ambrósio na Satiagraha. “Ele não teve ligação com as interceptações telefônicas. Nem acesso, porque estava em outro tipo de trabalho.” Os documentos da Justiça de Nova York teriam chegado à PF no fim do ano passado. Daí, a contratação do ex-araponga em janeiro.Protógenes disse ter informações “de fontes seguras” que a fotografia de Ambrósio que apareceu na capa da revista IstoÉ desta semana foi feita na portaria da Polícia Federal, pelo sistema de identificação dos visitantes. “Não digo que tem alguém da PF passando informações para o outro lado, só que tenho informação, de fonte segura, de que aquela foto é da portaria da Polícia Federal”, disse.
ALGEMAS
O delegado criticou o que chamou de “revisão nos métodos de trabalho” dos policiais, do Ministério Público e do Judiciário. “Que segurança jurídica nós temos hoje? Está sendo criada por uma minoria, uma casta privilegiada. Esses privilégios criam total insegurança, um total desrespeito ao cidadão.”Um dos problemas, segundo ele, é a súmula do Supremo Tribunal Federal (STF) que regulamentou o uso das algemas. “Como dar segurança aos cidadãos, se não podemos algemar? Estamos na contramão da história. Nos EUA algemam-se até os pés.” Em seguida, completou: “Chegou o momento em que temos de pensar qual caminho queremos, qual caminho a sociedade brasileira quer.”

Grampo faz a PF investigar a PF

Por Vasconcelo Quadros
no Jornal do Brasil

A Polícia Federal está investigando a si mesma para tentar demonstrar que o grampo no telefone do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, não partiu da corporação e pode, ao mesmo tempo, acabar livrando da mesma suspeita sua principal rival, a Agência Brasileita de Inteligência (Abin).
Os delegados Rômulo Berredo e Willian Morad foram, ontem, a São Paulo para ouvir policiais e cruzar dados dos registros de escutas telefônicas armazenas no sistema de grampo conhecido por Guardião com as ordens judiciais expedidas pelo juiz da 1ª Vara Criminal da Justiça Federal, Fausto de Sanctis, contra os alvos da Operação Satiagraha.
Os policiais também devem conversar com o magistrado e com procuradores da República responsáveis pelo controle interno da Polícia Federal, que apuram supostas irregularidades cometidas nas investigações desde a prisão do banqueiro Daniel Dantas. Levantamento preliminar aponta que até agora não há indícios da autoria e origem do grampo.
Mesmo assim, os delegados estão fazendo um pente fino nos atos do delegado Protógenes Queiroz, que chefiou a Satiagraha, para esclarecer a real participação de agentes da Abin e ou de outros órgãos durante as investigações.
Protógenes deverá ser ouvido formalmente para esclarecer suspeitas por ele levantados durante palestra proferida ontem na Câmara Municipal de Goiânia e em entrevistas: ele sugeriu que na investigação sobre a escuta que apanhou Mendes e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), a Polícia Federal está produzindo provas que favorecem Dantas, confirmou que o espião Francisco Ambrósio do Nascimento – que pertenceu aos quadros do Serviço Nacional de Informações (SNI) durante a ditadura militar – trabalhou com ele como "colaborador eventual" e desmentiu as versões apresentadas pelas revistas Veja e IstoÉ, apontando, respectivamente, que o espião é dos quadros da Abin e que a escuta se deu durante a Operação Satiagraha.
– Estão apurando a conduta dos investigadores e não dos investigados – afirmou o delegado.

Investigações

Protógenes teria teria usado verba secreta da Polícia Federal para pagar Ambrósio, procedimento que, ao lado da remuneração a informantes, faz parte da rotina das investigações e normalmente é respaldado por prestação de contas. Aposentado do serviço de informações da Aeronáutica, o agente teria feito um free-lancer com o delegado durante cerca de seis meses, mas não teria comandado os 52 funcionários cedidos pela Abin à Satiagraha.
No período em que trabalhou no SNI, Ambrósio atuava basicamente no Congresso colhendo informações que interessavam ao regime. O hábito de circular pelas duas Casas e em gabinetes de senadores e deputados, ele manteve nos últimos tempos, mas sem vínculo com a Abin. O papel do agente e o racha que envolve Protógenes e o comando da PF estão sendo explorados pelos advogados de Dantas para anular a Satiagraha.
O Senado aprovou ontem medidas que restringem o uso do grampo, a maior arma da polícia no combate à corrupção. A autorização judicial não poderá extrapolar a 360 dias e será renovável de dois em dois meses. Além disso, as pena para quem se envolver em escuta clandestina passa de quatro para cinco anos, a comercialização de equipamentos de grampo deverá ser proibida e o Ministério da Justiça deverá exercer controle sobre o que for fabricado e vendido no mercado que abastece os arapongas.

STF veta acesso da CPI a dados da Satiagraha

Por Maria Clara Cabral e Felipe Seligman
na Folha de São Paulo

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Cezar Peluso decidiu anteontem que a CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas não poderá ter acesso aos autos das operações Chacal e Satiagraha, ambas da Polícia Federal, que citam "no todo ou em parte" informações constantes nos discos rígidos do Banco Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas.A CPI aprovou, na semana passada, um requerimento decretando a quebra de sigilo das duas operações da PF, com a intenção de ter acesso à total documentação constante em seus autos. As duas investigações envolvem o Opportunity.Foi na primeira delas, a Chacal, que a PF apreendeu o disco rígido, que registra 33 mil operações financeiras internacionais, entre dezembro de 1992 e junho de 2004. Já a segunda -Satiagraha- levou à prisão Dantas, o ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta, e o megainvestidor Naji Nahas.Em agosto, a própria CPI havia aprovado dois outros requerimentos para que a 5ª Vara Criminal de São Paulo enviasse cópia dos autos de processos identificados da Operação Chacal e para a análise e cópia dos dados extraídos dos discos rígidos do Opportunity.Na ocasião, Peluso já havia decidido liminarmente pela suspensão de ambos os requerimentos, inicialmente por uma liminar, e, posteriormente, ao estender a validade da primeira decisão.Anteontem, em seu despacho, o ministro reafirmou: "Há risco fundado de que, com eventual acesso aos dados dos inquéritos ou dos processos oriundo daquelas duas operações policiais, em trâmite perante os juízos da 5ª e da 6ª Vara Criminais Federais de São Paulo, se viole o sigilo dos dados bancários de terceiros, objeto de transcrição ou reprodução em ambos os autos, violando ao mesmo tempo, a liminar e a extensão concedidas para proteger".Peluso também afirma que, caso as informações já tenham sido enviadas à CPI, caberá ao presidente e ao relator da Comissão "que lhe acautele e guarde as cópias, mantendo-lhes sobre sigilo". Ele julgou um pedido feito pelo próprio banco Opportunity.

Justiça bloqueia fundo de Dantas com R$ 535,8 mi

Por Lilian Christofoletti
na Folha de São Paulo

A Justiça Federal de São Paulo determinou o bloqueio de um fundo de investimento de R$ 535,8 milhões que pertencem ao banqueiro Daniel Dantas, investigado na Operação Satiagraha, e a outras quatro pessoas ligadas a ele.O pedido de seqüestro do valor partiu do procurador Rodrigo de Grandis, do Ministério Público Federal, que foi alertado pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) sobre operações do Grupo Opportunity, de Dantas, consideradas "irregulares no mercado financeiro".O fundo só ficou conhecido porque, há oito dias, Dantas transferiu a administração dos R$ 535,8 milhões aplicados no Opportunity Special Fundo de Investimento em Ações para a administradora BNY Mellon Serviços Financeiros -as duas empresas têm sede no mesmo prédio no Rio de Janeiro.Ao ser informada, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) repassou um comunicado ao Coaf -órgão de inteligência financeira do governo federal que integra o Ministério da Fazenda- classificando a operação de "atuação irregular no mercado financeiro".A aplicação pertence a Dantas, à irmã dele, Verônica, à mulher, Maria Alice, ao presidente do Opportunity, Dório Ferman, e ao administrador Norberto Aguiar Tomaz -todos, exceto Maria Alice, foram indiciados pela Polícia Federal sob a acusação de formação de quadrilha e de gestão fraudulenta na administração do Opportunity Fund, no paraíso fiscal das ilhas Cayman.O advogado Nélio Machado, que defende Dantas e o Opportunity, afirmou que o dinheiro tem origem declarada, limpa, e que a operação de transferência cumpriu todos os requisitos legais, foi inclusive anunciada em forma de comunicado em jornais de circulação nacional.
R$ 10 milhões
A determinação de seqüestro dos R$ 535,8 milhões foi dada pelo juiz federal Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Criminal de São Paulo, o mesmo que mandou Dantas duas vezes para a prisão -os mandados foram anulados pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes.A Justiça bloqueou ainda outros R$ 10 milhões depositados no dia 21 de julho em uma conta bancária da irmã de Dório Ferman, Beassy Schachnik, no banco Itaú, em Recife.No relatório, o Coaf informou que tal "movimentação foi considerada atípica com o seguinte enquadramento: retirada de quantia significativa de conta até então pouco movimentada ou de conta que acolheu depósito inusitado".O Ministério Público Federal quer conhecer a procedência dos R$ 535,8 milhões aplicados no fundo de investimento e dos R$ 10 milhões depositados na conta bancária no Recife.
Nova frente
Segundo o Ministério Público Federal, os R$ 535,8 milhões pela Justiça Federal bloqueados abrem uma nova frente de investigação do caso Satiagraha, que apura supostos crimes de gestão fraudulenta e de evasão de divisas atribuídos a Dantas e ao Grupo Opportunity.Os principais documentos que sustentam essa investigação são supostas transferências ilegais de fundos de investimento para paraísos fiscais.Segundo a Procuradoria, se ficar caracterizada uma eventual procedência ilícita do valor aplicado no fundo de investimento, o caso pode configurar crime de lavagem de dinheiro. Em situação de condenação, a Justiça poderá decretar a perda do montante em favor da União. Mas, se a origem legal for comprovada, o bloqueio cai."Essa movimentação financeira pode indicar a prática de crime de lavagem, abrindo uma nova frente do caso Satiagraha. É mais um delito que supostamente foi praticado pelo grupo", afirmou De Grandis.Na Justiça, Dantas é réu de um processo criminal por suposto oferecimento de US$ 1 milhão a um delegado da Polícia Federal para que o nome dele e de familiares fossem excluídos da investigação Satiagraha.O banqueiro nega ter qualquer participação nas negociações, gravadas pela PF, de tentativa de suborno do policial.

Acharam que ia ser fácil

Não assisti ao jogo da seleção ontem. Numa rápida olhada pelos sites, vejo que o time do Anão empatou com a Bolívia. Como é que é? Empatar com a Bolívia, lanterninha destas Eliminatórias? Depois do jogo contra o Chile lá em Santiago, muita gente imaginou que o Brasil fosse destroçar a Bolívia. Já que não peitamos os bolivianos quando o assunto é gás, quem sabe no futebol não damos um olé? Faltou gás.
O Anão sempre critica a imprensa esportiva. Daqui a pouco ele vai começar a chamá-la de golpista e que está montando um plano para tirá-lo do comando da seleção. Quando a imprensa golpista (ops, esportiva) fala bem da seleção, diz que o time achou seu rumo quando jogou contra os chilenos as coisas desandam. É certo que não teve nenhum clima de oba-oba, mas que muita gente imaginava que o Brasil golearia a lanterninha das Eliminatórias isso é verdade. E empatou. E empatou se marcar nenhum gol. Tem que ser que nem Bernardinho e Muricy Ramalho: Nada está bom. Tudo tem que melhorar. Se a gente acomoda acaba perdendo. Ou empatando com a lanterninha das Eliminatórias da Copa do Mundo.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Eles na TV

Se depender dos nossos candidatos tudo em Goiânia será informatizado. Eureka! Era isso que faltava! COMPUTADOR! Gilvane Felipe (PPS) disse que vai informatizar a área da saúde. Será montado um banco de dados contendo tudo sobre o paciente. Um banco de dados criativo e belo. Um sistema interligado criativo e belo.
Todos os candidatos falam nisso. Pronto! O computador vai salvar tudo desde o trânsito até a saúde.
Sandy Júnior (PP) mostrou a importância do computador na vida das pessoas, mas pisou na bola ao dizer que a máquina propicia o aprendizado. Não! O aluno não aprende porque acessa a internet ou digita um texto no word. O aluno aprende estudando, lendo, discutindo. O computador é apenas um instrumento. Sem ele, o aluno pode sim aprender. Basta ter na escola uma biblioteca de qualidade, com livros de qualidade. E Sandy Júnior ainda insiste em dizer que é possível levar internet gratuita para toda Goiânia, apesar de vários especialistas na área dizerem que não é bem assim.
Vejam vocês o que é a natureza. Em posts anteriores critiquei o teatrinho tosco do programa de Martiniano Cavalcante (PSOL), não é mesmo? O teatrinho hoje até que foi legal. Continuou não tendo graça nenhuma, mas mirou em duas promessas de Sandy Júnior: praia em Goiânia e a tal da “onda verde”. Martiniano está mais sorridente. Deixou de lado aquelas críticas ancestrais contra o capitalismo, a burguesia e o imperialismo norte americano.
E Iris Rezende falou sobre os parques ambientais. Mostrou as belezuras, os locais onde foram construídos (no centro e na periferia). Ah, é lógico! Iris fez e vai fazer muito mais. Só faltou o locutor dizer que Iris vai construir parques não somente em Goiânia, mas em todo o estado. Calma, né? A Prefeitura de Goiânia precisa acelerar urgentemente a reforma no Lago das Rosas. Faço minhas caminhadas lá e a poeira que sobe das obras não é brinquedo. Tempo seco e terra não combinam. E faz tempo que o lago está em reforma. Quase que eu não assisto ao horário eleitoral. Porém, assumi aqui o compromisso de comentar para os meus cinco leitores Eles na TV.

O golpe de Evo e um repúdio à violência

Já estou imaginando os bolivarianinhos jogando a culpa na direita boliviana por conta do caos que se espalhou na região. Veja nos sites de notícias ou pela televisão. Aí eu fiquei pensando: e se Evo Morales fosse um presidente “papagaio de Washington” e fizesse reformas que, segundo a brilhante esquerda, estaria contra a vontade popular? E se os bolivarianinhos tocassem o terror contra um presidente “papagaio de Washington”? Ah, lógico, não seria um caos e sim a manifestação do povo consciente da opressão do imperialismo norte americano.
Repudio a reação violenta da oposição na Bolívia. Creio que ainda existem meios para se dialogar com o governo, apesar do índio de araque querer minar estas possibilidades.
É preciso rever o que este índio maluco está fazendo lá. Hoje já explodiram um gasoduto que abastece o Brasil. Lógico que a esquerda patética vai jogar a culpa na oposição direitista raivosa. Esta é uma reação contra a tentativa de Evo Morales de rasgar a Constituição boliviana. Reitero: repudio a ação violenta da oposição. Ação esta que já está prejudicando o lado de cá da fronteira. Mas Lula é amigo do indiozinho maluco. É bem capaz de Apedeuta fazer alguma coisa para ajudar seu colega de Foro de São Paulo.

"Evo, o golpista"

Do Blog do Reinaldo Azevedo

A situação da Bolívia (ver posts abaixo) pode degenerar em guerra civil. É fácil, convencional e estúpido olhar para o país e acusar a, como é mesmo?, direita golpista. Coisa de energúmenos — que não leram os livros de referência sobre o assunto — ou de quem tem mesmo má-fé ideológica, pura e simplesmente: na dúvida, acuse a direita. A oposição boliviana age da melhor maneira? Acho que não. Mas ela criou a crise sozinha? Ora, tenham paciência!Desde o primeiro no dia no poder, Evo Morales não tem feito outra coisa que não assaltar a institucionalidade que o elegeu. Governos que desrespeitam as regras do jogo democrático ou degeneram em ditaduras ou acabam depostos — e, às vezes, por outras ditaduras. Um maluco como Hugo Chávez pode até ter uma longa permanência no poder. Mas, acreditem, aquilo não dará em boa coisa. Quantos foram os nossos analistas, com as respectivas cabeças ornadas por um belíssimo par de orelhas, que não viviam a indagar: “Oh, o que Chávez fez de antidemocrático? Ele sempre faz referendos e consultas populares”. Como se isso fosse garantia de democracia.Não creio que alguém ignore que se pode recorrer a instrumentos da democracia para solapar a própria democracia. Isso é tão corriqueiro no continente, hoje ou antes. Vejam o Brasil de 1964 se querem um exemplo da casa. A democracia foi para o brejo só porque havia uma elite golpista? Essa é a versão dos que imaginavam outros golpes: o populista — do próprio Jango — e o comunista, das esquerdas. Aquele governo foi deposto porque a desordem foi levada para dentro do poder pelo próprio presidente — e, claro, porque havia golpistas em excesso no Brasil: na direita, na esquerda e na Presidência da República. A democracia morreu por falta de quem a defendesse.Volto à Bolívia. Morales, que costumo chamar aqui de “índio de araque”, tentou mimetizar os métodos Chávez na Bolívia. Só que não com o mesmo sucesso — até porque os bolivianos viram o que aconteceu na Venezuela. Essa história de fazer referendo revogatório de mandato para reivindicar mais poder é também golpe, só que dado por intermédio de um arremedo legal. Um dos caminhos para a degeneração da institucionalidade é justamente essa “plebiscitização” da política. No Brasil, sabemos, há quem sonhe com isso.Desde o primeiro minuto de seu mandato — e, antes, já na campanha —, Evo Morales decidiu ser o presidente da Bolívia Ocidental, justamente onde se concentra a massa de miseráveis que ele pode manipular com seu discurso beligerante contra “os brancos” e contra “os ricos”. Mas a Bolívia Oriental, onde estão "os brancos e ricos", responde por boa parte da riqueza do país e rejeita os métodos escolhidos pelo presidente.A idéia de que a democracia é apenas o regime da maioria é estúpida — o fascismo, por exemplo, era um regime de maioria. A democracia compreende também o respeito à minoria. E isso nada tem a ver com “privilégios”. Gente como Evo Morales, Rafael Correa (Equador) e Chávez não entende o princípio. No Brasil, é bom que se diga, há facções do petismo que ainda não se conformaram com o fato de Lula, popular como é, estar limitado por uma Constituição e por leis.Eis aí. Tentativa de golpe da direita? E por que não se falar, então, em contragolpe? Espero que os opositores de Evo Morales renunciem à violência sem mudar o propósito de conter o aprendiz de ditador. Ele vai ter de negociar. Ou vem por aí um banho de sangue.