sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Tempos de transição na Casa

Por Marsílea Gombata
no Jornal do Brasil

Barack Obama começou seu novo trabalho como presidente dos Estados Unidos com uma agenda cheia porém nebulosa. Ocupado em articular o seu dream team – há rumores de que a Casa Branca e o novo presidente já tenham dado início à transição, a cargo de John D. Podesta, ex-chefe de Gabinete de Bill Clinton – Obama cogita incluir no rol de seus homens de confiança o senador democrata por Massachusetts John Kerry para secretário de Estado. Ao lado do senador derrotado por George Bush nas eleições de 2004, estariam, ainda, o ex-diplomata Richard Holbrooke, o senador republicano Chuck Hagel e o ex-senador democrata pela Geórgia, Sam Nunn.
Na primeira confirmação de sua equipe, ontem, Rahm Emanuel aceitou ser chefe da Casa Civil, na Casa Branca.
Nascido em Chicago, o amigo de Obama trabalhou na primeira campanha presidencial de Clinton e serviu como seu assessor, antes de concorrer ao Congresso. Emanuel foi eleito em 2002 e levou os democratas a alcançarem maioria no controle da Casa em 2006.
Ao posto de Conselheiro de Segurança Nacional, os ex-assessores de Clinton, James Steinberg e Susan Rice mostram-se como fortes candidatos ao posto.
É esperado que Obama traga para postos-chaves de seu governo tanto nomes democratas quanto republicanos – como os senadores Chuck Hagel e Dick Lugar.
Senador do Partido Republicano por Nebraska, Hagel é veterano do Vietnã e um feroz crítico da administração Bush em relação ao Iraque. Já Lugar, senador por Indiana, trabalhou com Obama no ano passado para expandir o programa contra armas de destruição em massa na extinta União Soviética.
Robert Gates, atual secretário de Defesa de George Bush, também está cogitado para a futura equipe de segurança nacional.
Um dos mais esperados nomes de seu time, no entanto, não foi divulgado ontem. A indicação do novo secretário do Tesouro americano é aguardada com ansiedade pelo mercado financeiro.
Seja quem assumir o cargo, terá de guiar com cautela um pacote econômico de salvação de US$ 700 bilhões, além de se armar com uma reforma regulatória essencial para prevenir uma crise como a atual. Nomes sobre a Secretaria do Tesouro incluem Timothy Geithner – como favorito – além de Lawrence Summers e Paul Volcker.
Geithner ajudou a supervisionar a aquisição do Bear Stearns pelo JPMorgan, além de ajudar no resgate da AIG e do Lehman Brothers. Foi nomeado presidente do Federal Reserve em Nova York, em novembro de 2003.
Summer tornou-se secretário do Tesouro em 1999 e foi economista chefe do Banco Mundial entre 1991 e 1993. Antes disso, lecionava economia em Harvard.
Ex-presidente do FED durante os governos Carter e Reagan, Volcker também trabalhou no setor privado como investidor e liderou a investigação no programa Oil for Food no Iraque.
Henry Paulson, atual secretário do Tesouro americano, sinalizou ontem que trabalhará junto a Obama com o intuito de promover uma transição sem grandes problemas.
Independentemente do escolhido, analistas alertam para erros que não deve cometer o próximo secretário do Tesouro.
– O primeiro deles é que não tome nenhuma decisão drástica – observa Roger Farmer, da Universidade da Califórnia. – E tudo o que decidirem e fizerem deverá ser explicado ao público com cautela. Assim, as medidas adotadas terão consentimento popular.
Para o especialista em política econômica Lee Ohanian, ignorar a necessidade de regulamentação financeira seria uma jogada fatal para o futuro secretário:
– É fundamental que desenvolva um programa de regulamentação dessas instituições, ao mesmo tempo em que esteja atento para permitir que essas participem das diretrizes do processo.
Obama reúne-se hoje com sua equipe econômica, em que estarão o multimilionário investidor Warren Buffett, o ex-secretário do Tesouro Robert Rubin, o presidente do Google, Eric Schmidt, além de Summers e Volcker.
Em Chicago, hoje, ainda, o novo presidente faz a sua primeira entrevista coletiva para a imprensa desde que foi eleito, na qual espera-se que fale sobre medidas contra a crise econômica que tomará em um primeiro momento.
Na segunda-feira, Obama vai a Washington com a família para uma visita à Casa Branca e um encontro com George Bush para discutir planos de transição.

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