sábado, 18 de dezembro de 2010

"Quem se elege pela oposição e se rende ao Planalto é só mais um colaboracionista" por Augusto Nunes

A falta que faz um Mário Covas, lamenta a oposição real sempre que a oposição oficial tira o governo para dançar. Nesse minueto à brasileira, repetido há oito anos, apenas um dos parceiros se curva diante do outro, que retribui as reverências com manifestações de arrogância e para a música para berrar insultos quando lhe dá na telha. Desde a ascensão de Lula ao poder, cabe ao PSDB o papel subalterno e ao PT o comando dos movimentos na pista. Assim será pelos próximos anos, avisou nesta semana a Carta de Maceió, redigida pelos oito governadores tucanos eleitos ou reeleitos em outubro.
Nessa versão 2010 do espetáculo da covardia, como observou Reinaldo Azevedo, não há um único parágrafo, uma só sílaba, sequer uma vírgula que impeça um Tarso Genro de subscrevê-lo. O palavrório nem procura camuflar a rendição sem luta, a traição aos eleitores que souberam só agora que a relação com o governo de Dilma Rousseff, se depender dos tucanos, será regida pelo signo do servilismo. “Um Estado como Alagoas, que concentra os piores indicadores sociais do país, não pode se dar ao luxo de brigar com o governo federal”, subordinou-se o anfitrião Teotônio Vilela Filho. “Nós dependemos, e muito, dos repasses de verbas e programas federais”.
Os convivas do sarau em Alagoas ainda não aprenderam que, segundo a Constituição, o Brasil é uma república federativa. Um governador não precisa prestar vassalagem ao poder central para receber o que lhe é devido, nem pode ser discriminado por critérios partidários. Um presidente da República que trata igualmente aliados e adversários não faz mais que a obrigação.
“Devemos buscar sempre o entendimento e a cooperação, na relação tanto com o governo federal como com os governos municipais”, recitaram em coro ─ e em nome de todos ─ o paulista Geraldo Alckmin e o paranaense Beto Richa. Previsivelmente, foram abençoados por outra frase equivocada do presidente do PSDB, Sérgio Guerra: “Fazer oposição não é papel dos governadores”.
Claro que é. Mais que isso: é um dever. Os eleitores que garantiram a vitória de cada um dos oito signatários da Carta de Maceió não escolheram um gerente regional, mas políticos incumbidos de administrar com altivez Estados cuja população é majoritariamente oposicionista. Se dessem maior importância à afinação com o Planalto, teriam optado por candidatos do PT. O convívio entre governantes filiados a partidos diferentes é regulamentado por normas constitucionais, regras protocolares e manuais de boas maneiras. Isso basta.
É natural que governantes de distintos partidos colaborem na lida com problemas comuns. Outra coisa é a capitulação antecipada e desonrosa. Quem se elege pela oposição e se oferece ao inimigo como colaborador voluntário é apenas colaboracionista. Os franceses sabem o que é isso desde a Segunda Guerra Mundial. Os governadores tucanos que já se ajoelham diante de Dilma Rousseff logo saberão.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Pelos 8 anos de silêncio, a UNE ganha um presentão do Lula

Segue um trecho do que está no Estadão online de hoje:


No apagar das luzes, o governo Luiz Inácio Lula da Silva autorizou o pagamento de uma bolada de R$ 44,6 milhões à União Nacional dos Estudantes (UNE), como reparação pelos danos causados à entidade durante a ditadura militar (1964-1985). A primeira parcela, de R$ 30 milhões, caiu na conta da entidade na sexta-feira, 17, mesmo, depositada pela Comissão da Anistia, escalada para saldar a conta. Os R$ 14,6 milhões restantes entrarão no orçamento de 2011. Leia mais aqui.

Este presentaço de Lula é uma contribuição pelos 8 anos que a UNE se calou diante escândalos e desastres do governo. A UNE se calou quando o Ministério da Educação cometeu erros bizonhos no Enem. É, pessoal! Para alguns, o silêncio vale R$ 44,6 milhões. 

Geração Mensalão

Dilma Rostock e Michel Temer estão sendo diplomados neste momento. Ela, presidente da República. Ele, vice-presidente. Imagino quantos esquerdistas estão comemorando. José Dirceu mesmo disse dias atrás que a chegada de Dilma ao poder era a chegada da Geração de 1968 ao poder. Geração de 1968? Sim, tem gente que acredita nesse bando de velhos que ainda se acham jovens. Nunca cresceram e nem dão pinta de que vão crescer.

Esta Geração de 1968 foi abordada outra vez pela imprensa quando Lula chegou ao poder. Chefiados por José Dirceu, os eternos guerrilheiros che-guevarianos, os eternos tropicalistas, aqueles que pichavam muros nas décadas de 1960 e 1970 estavam ocupando democraticamente (apesar deles nunca acreditarem que um dia chegariam ao poder pela democracia) o Palácio do Planalto. O mesmo palácio que um dia abrigou militares que perseguiam a Geração de 1968, naquele dia, era ocupado pelos sempre perseguidos. Muitos confetes caíram nas carecas dos sempre revolucionários. Muitos discursos apaixonados revivendo aqueles anos de chumbo. Aposto que José Dirceu tinha certeza que depois da chegada do torneiro mecânico ao poder o próximo seria ele, o primeiro líder estudantil. Mas...

A Geração de 1968 foi destruída em um único ano e por uma única pessoa: Roberto Jefferson. Ele, o malandrão da política brasileira que virou aliado de Lula, denunciou o esquema de corrupção que detonaria uma geração inteira. Foi caindo um a um: José Dirceu, Antônio Palocci, Silvio Pereira, Delúbio Soares...
Vimos que aqueles rebeldes cabeludos faziam as mesmas coisas que os seus inimigos. Vimos que aqueles que batiam no peito dizendo serem mais éticos que todos na política perderem a compostura. E quem denunciou tudo isso? Roberto Jefferson, o mesmo picareta que defendeu Fernando Collor de Melo quando este era acusado de se beneficiar de um esquema de corrupção e ser duramente criticado pela mesma Geração de 1968. Interessante, não? Os puros da política brasileira não se envergonharam em se aliar com picaretas, com pessoas cujo passado político não era dos melhores.

Veja Dilma Rostock e Michel Temer. O vice-presidente eleito representa o que há de mais podre no PMDB. Representa o PMDB do balcão de negócios que não pensa em resolver os problemas do Brasil e sim nos ministérios por onde correrão rios de dinheiro e potes de mel são encontrados atrás de todas as portas. A Geração de 1968 chega ao poder do lado do que há de mais podre na política. Dilma nem terminou de organizar seu ministério e nós vemos a cada edição dos jornais a fome por mais cargos no primeiro, segundo, terceiro escalões. 

Eu vou rir muito no dia 1º de janeiro de 2011. Vai ter muito jornalista narrando a posse da nova presidente e lembrando da Geração de 1968. Que geração é essa? Que são esses velhos que chegam ao poder de braços dados com raposas da política brasileira? Enquanto os bobalhões lembrarão da turminha que infernizou estêpaiz em 1968 eu vou vê-los como a Geração Mensalão. A geração de 1968 somada com o PMDB do Michel Temer. E esta mistura só pode dar em escândalo, crise política e paralisia nacional. O sonho acabou, amigos. Voltemos a dura realidade!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Aumentou o salário? Vai aumentar o trabalho?

A Câmara aprovou aumento salarial para parlamentares, presidente e vice-presidente. Beleza hein? Agora sim o Tiririca vai ajudar sua família. 
Quero saber se, aumentando o salário, os parlamentares, presidente e vice-presidente vão ter seus trabalhos aumentados. Quero ver essa galera que ganha bem remexer as cadeiras para fazer valer o quanto eles ganham. 

Lula não perde a deixa para criticar a imprensa

Disse Lula hoje: A imprensa vai receber isso aqui. Quero que todo mundo receba para eles perceberem o quanto eles perderam de cobrir coisa boa do governo. [...] Não é no Brasil é no mundo inteiro. Em qualquer país do mundo a imprensa ela cobre o que tem mais apelo à sociedade e, às vezes, o construir tem menos apelo que o destruir. O "isso aqui" que Lula se refere é a prestação de contas do seu governo. A cada fala de Lula sobre a imprensa devemos redobrar a defesa pela liberdade de imprensa e de expressão. Lula nunca perde a deixa para atacar a imprensa.
Lula termina o seu mandato com a crença de que imprensa boa é aquela que puxa o saco do governo, que solta rojão quando o presidente inaugura a maquete de uma obra. Franklin Martins tentou conter a imprensa, mas, ainda bem, não conseguiu.
Não devemos jamais nos esquecer do discurso de Dilma Rostock logo após as eleições deste ano. Ela falou um liberdade de imprensa. Vamos ver até quando este discurso vai durar. Se ela seguir fielmente os passos do seu criador precisamos triplicar a vigilância sobre a liberdade de imprensa.

Refundar?

Tem tucano querendo "refundar" o PSDB. Refundar? Não! O PSDB precisa fazer uma coisa que não fez desde 2003, quando deixou o Palácio do Planalto: ser oposição. Nestes oito anos de lulismo não vimos nenhuma posição oposicionista por parte do PSDB. O fim da CPMF foi um ato da oposição? Não! Teve apoio da oposição sim, mas teve governista rebelde que votou contra a prorrogação do famigerado imposto.
Não adianta nada querer refundar o partido, discutir o papel do PSDB no governo Dilma se os tucanos não aprenderem a ser oposição. Até hoje o partido não entendeu o recado de 44 milhões de brasileiros. Serão precisos 44 milhões de desenhos para os tucanos saberem o que deve ser feito?

Direceu sempre presente

Sempre quando perguntado se ainda exercia alguma influência no governo Lula, o ex-guerrilheiro José Dirceu fugia do assunto. Mas Lula hoje agradeceu as contribuições de Dirceu. Mesmo depois de chefiar a quadrilha que comandou o maior esquema de corrupção destêpaiz, Lula reconhece os feitos do seu "sempre ministro" José Dirceu. O ex-guerrilheiro sempre esteve presente no governo. Ele pode negar, mas Lula agradece.

"Paulistério" racha PT e faz favorito desistir da Câmara

Por Ana Flor e Valdo Cruz
na Folha



A bancada do PT aclamou ontem o atual vice-presidente da Câmara, Marco Maia (RS), como nome do partido para presidir a Casa a partir de fevereiro.
Um racha da legenda fez o favorito na disputa, Cândido Vaccarezza (SP), desistir da candidatura. Apesar da tentativa de demonstrar unidade ao fim do encontro, foi a primeira crise antes mesmo da posse da presidente eleita, Dilma Rousseff.
No final da noite, conforme era esperado, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) foi escolhido líder da bancada para o próximo ano.
A desistência de Vaccarezza, líder do governo na Câmara e preferido de Dilma, foi consequência da perda de apoio nas bases.
O racha interno começou com o descontentamento de deputados com o "paulistério" em formação -a supremacia de nomes do PT de São Paulo no novo ministério e no comando do partido.
Uma ala do PT mineiro, por exemplo, se diz ressentida com a composição -por ora, esse grupo só foi contemplado com o nome de Fernando Pimentel, indicado para o Desenvolvimento.
Informada da desistência, a equipe de Dilma tentou atuar para adiar a decisão, mas não pôde evitar a indicação de Maia como candidato do PT à presidência da Câmara a partir de fevereiro.
A avaliação entre os assessores de Dilma é que o deputado gaúcho pode "ganhar a indicação, mas corre sério risco de perder a eleição".
Isso porque ele não conta com o apoio dos principais líderes do partido, que teriam condições de costurar um acordo para assegurar sua eleição no plenário.
A situação atual se assemelha à de 2005, quando o PT também rachou e teve dois candidatos na disputa pelo comando da Câmara.
Na época, o "baixo clero" acabou aproveitando a situação para eleger o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE).
Cândido Vaccarezza era até hoje o franco favorito na disputa e contava com a simpatia do Planalto. A situação mudou com a desistência do terceiro candidato, Arlindo Chinaglia (SP), que decidiu apoiar Marco Maia.
O deputado gaúcho também arrebatou o apoio da segunda maior tendência do PT, a Mensagem ao Partido, a mesma do governador eleito Tarso Genro (RS).
A disputa pela indicação -o PT tem a preferência para indicar o próximo presidente da Câmara por ter o maior número de deputados- deixa a bancada rachada.
Causa também um problema dentro da maior corrente do PT, o Campo Majoritário. Tanto Vaccarezza quanto Maia são da CNB (Construindo um Novo Brasil).
Ontem, cerca de 18h, Vaccarezza ligou ao presidente do PT, José Eduardo Dutra, informando sua desistência.
Seu grupo havia feito as contas e chegou à conclusão de que não teria votos suficientes. Tentavam o adiamento da decisão, mas consideravam difícil de conseguir devido ao impasse.
A decisão do nome deveria ter acontecido ontem. Como os grupos viram que não haveria consenso, a reunião foi suspensa após 30 minutos.
"Candidatos pediram tempo para sair [da disputa]", disse Fernando Ferro (PE), líder da bancada, pela manhã.
Remarcada para as 17h, a plenária não ocorreu. Chinaglia anunciou a desistência antes disso.
Dutra, disse, ao final do encontro, que a surpresa na definição faz parte da história do PT. "Eu saio satisfeito de não ter tido votação."

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Pra gente não esquecer

Há quarenta e dois anos atrás o Brasil entrava no momento mais crítico da ditadura militar: a instalação do Ato Institucional número 5. Os militares mostravam que o regime iniciado no dia 31 de março de 1964 entraria no seu período mais duro. A censura se apoderou de todo jornalismo, de toda a cultura. Já não era mais permitido pensa livremente, expressar livremente, opinar livremente. Era o período mais negro da história destêpaiz.

É inacreditável que, 42 anos depois do AI-5 e 25 anos depois da redemocratização nós tenhamos que ouvir um ministro da Comunicação Social querendo pautar a imprensa, controlar o que sai no jornal, na revista, na internet. Apesar do Franklinstein Martins, que foi perseguido pelo AI-5, querer baixar a censura na imprensa, nunca devemos nos esquecer do que aconteceu no dia 13 de dezembro de 1968. É preciso lembrar desta insanidade para que nenhum outro insano faça as barbaridade feitas há 42 anos atrás.