sábado, 1 de dezembro de 2007

Cidinho sabia que não tinha dinheiro no caixa

Além de se envolver mais fortemente com o governo e com a as articulações da campanha à reeleição, Alcides Rodrigues terá uma preocupação a mais: a Lei de Responsabilidade Fiscal, que obriga todos os administradores públicos a não deixarem dívidas para os sucessores. Como Alcides fechará as contas dos quatro anos do segundo mandato dele e de Marconi, será responsável por entregar o Estado em ordem para o próximo governador.
Ainda que sem admitir problemas nas contas do Estado, os pepistas se mostrampreocupados quando o assunto vem à tona. Se nenhum partidário falou mal das condições com que o pepista assume o Estado, também não há quem elogie a situação. O prefeito de Rio Verde, Paulo Roberto Cunha (PP), é o único que admite abertamente que Alcides Rodrigues poderá ter problemas no final do ano. "O Estado não tem dinheiro", diz o prefeito. Questionado se isso seria fruto de algum gasto exagerado do ex-governador Marconi Perillo, Paulo Roberto desconversa: "A receita caiu no Brasil inteiro. Este é o maior problema. Todos os Estados terão problema", avalia.

Para Paulo Roberto, o governo de Alcides deve ser equilibrado, sem grandes gastos. "É Cidinho que terá de fechar o caixa", reforça o prefeito. Quando também foi questionado pela Tribuna se as contas de Goiás estariam em dia, Alcides Rodrigues olhou, pensou alguns segundos e respondeu: "A posição de estadistas prevê essas responsabilidades. E vou honrá-las." Mais não disse.

Se honrar responsabilidades for sinônimo de diminuição dos gastos, a reeleição de Alcides Rodrigues poderá enfrentar dificuldades. O novo governador terá de quebrar uma cadeia de eventos preocupantes: sem dinheiro não há obras; sem obras, não há inaugurações; sem inaugurações, não haverá a visibilidade que ele tanto almeja. Desta forma, o governador terá de se esforçar muito para conseguir levar governo e campanha no equilíbrio necessário.


A reportagem acima é assinada por Eduardo Sartorato com a colaboração de Vassil Oliveira publicada no jornal Tribuna do Planalto no dia 1º de abril de 2006. Como vemos, o governador de Goiás Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, tinha conhecimento dos problemas financeiros do estado. Não somente ele como seus aliados também. Vejam o que disse Paulo Roberto Cunha: “O Estado não tem dinheiro (...) É Cidinho que terá de fechar o caixa”. Nem vou comentar a resposta que Cidinho deu quando perguntado sobre o problema financeiro estadual.
Desde que assumiu o cargo, Cidinho sabia sim que o estado estava gordo, inchado, sem dinheiro para fazer nada. Mesmo sabendo disso ele quis comparar o seu Tempo Novo com o Tempo Velho de Maguito Vilela. Mesmo sabendo que o estado não tinha dinheiro, Cidinho fez promessas e mais promessas. Voltando à realidade percebemos que, por trás destas promessas, havia um estado paquidérmico pronto para romper a maquiagem propagandista do Tempo Novo a qualquer momento. E não é que apareceu?

Serra Dourada a R$1

Amanhã o Goiás joga todas as suas fichas contra o Internacional aqui em Goiânia, no Estádio Serra Dourada. Depois do que aconteceu no domingo passado no Estádio da Fonte Nova, os estádios brasileiros começaram a ser questionados se tinham realmente condições de sediar algum jogo da Copa do Mundo de 2014. O Sindicato da Arquitetura e Engenharia (Sindaeco) fez um estudo sobre as condições dos estádios e publicou os resultados na internet. Clique aqui e veja as conclusões do Sindaeco a respeito do Serra Dourada. Veja se o estádio pode mesmo receber um público grande (com ingresso a R$1 é esperado casa cheia) ou um evento da magnitude de uma Copa do Mundo.

Renan e o Dia Mundial de Combate a Aids

Hoje é o Dia Mundial de Combate a Aids. O uso da camisinha é o método mais eficaz para se proteger da doença. Pois é. Quero ver se hoje alguém vai lembrar de Renan Calheiros. Ué, o que o Renan tem a ver com o Dia Mundial de Combate a Aids? Tudo. Renan afundou o Senado brasileiro depois que a imprensa mostrou que o então presidente do Senado teve uma filha fora do casamento e que a pensão dada à mãe da criança (ou “a gestante” como dizia o Rei do Gado) era paga por um lobista. Foi o começo da crise que nós assistimos até hoje. Porém, no meio da crise, pouco se falou sobre um fato de suma importância, principalmente por causa do dia de hoje. Renan Calheiros, presidente do Senado, não usou camisinha. Isso mesmo! O presidente do Congresso Nacional deu um péssimo exemplo para a juventude. Ora, se o próprio presidente do Senado brasileiro não usa camisinha, para que usar? Uma das poucas pessoas que abordaram o tema foi Jô Soares numa entrevista à Veja. Renan pulou a cerca, não usou camisinha e nem se atentou ao fato de que “a gestante” também poderia fazer as suas estripulias. Afinal, no mundo de hoje, ninguém é de ninguém, não é mesmo?
Quero ver se no dia de hoje alguém irá lembrar que a crise do Senado teve início quando veio à tona a denúncia de que Renan Calheiros pediu uma ajudinha para um amigo lobista pagar a pensão para a “gestante”. Tudo porque Renan não usou camisinha. Uma coisa é certa: a camisinha tem muito mais credibilidade do que o presidente do Senado.

Tarso Genro, pede pra sair

Um ministro da Justiça não pode achar normal uma menina de 15 anos ficar na mesma cela com 20 homens. Um ministro da Justiça não pode achar normal que os presídios brasileiros estejam mais do que superlotados. Um ministro da Justiça não pode dizer que a violência no Brasil sempre foi assim. Tarso Genro é ministro da Justiça de Lula. Tarso Genro acha normal uma menina de 15 anos ficar na mesma cela com 20 homens. Tarso Genro acha normal a superlotação dos presídios brasileiros. Tarso Genro acha normal a violência crescer a cada dia no Brasil.
Como sempre a culpa cai no sistema que, por sua vez, foi assim desde a época em que Pedro Álvares Cabral trocou o primeiro espelho com o primeiro índio que aqui habitava. Na área política é a mesma coisa. O PT do Tarso Genro acha normal fazer caixa 2 porque todo mundo faz. Lula mesmo deu sinal verde para seus cupanheros infringirem a lei eleitoral e fazer o que sempre foi feito sistematicamente nestêpaiz.
Quando um ministro da Justiça acha normal as barbaridades que estão acontecendo pelo país afora é porque ele não dá conta de defender o nome que leva o seu ministério. Se o ministro não dá conta de proteger a Justiça fazendo que a lei seja cumprida resta-nos dizer: “Tarso Genro, pede pra sair”.

O dinheiro da TV Lula poderia ir pra saúde

Lula deseja muito a prorrogação da CPMF. Nos discursos dos últimos dois dias Lula sentenciou: ou está com ele ou é um sonegador de imposto. A CPMF é mais um imposto que vai engordar ainda mais os cofres lulistas para os próximos anos.
Originalmente o dinheiro arrecadado pela CPMF iria para a saúde. Basta dar uma olhadinha nos hospitais do nosso país para ver que o montante arrecadado não chega ao seu destino. A saúde pública no Brasil está na UTI e não conta com o dinheiro da CPMF para custear o tratamento médico intensivo.
Porém, no meio desta fome lulista por dinheiro público, o governo continua gastando uma enormidade. O próprio Lula disse que gastar é bom demais (quase que eu escrevi “é bom para o moral”). E Lula gasta... A TV pública é um exemplo de como este governo gasta mal o nosso dinheiro. Para que uma TV pública se o Brasil precisa de mais dinheiro para a própria saúde, para a educação, para o saneamento básico. Enfim, o Brasil precisa de dinheiro para crescer e sua grandeza sair do papel escrito, há muito anos, por muita gente. Só na escrita o Brasil é grande porque na realidade...
Lula criou sua televisão para que esta mostrasse da maneira petista como informar. Imagine como a TV Lula trataria o caso Renan Calheiros? Imagine da TV Lula mostrando na sua tela as denúncias contra a ONG muito amiga da senadora petista Idelli Salvati? É bem capaz dos lulistas colocarem na TV pública que foi Lula quem criou o Real, que Lula sempre foi defensor da CPMF e que Fernando Henrique Cardoso fez nada de bom nos oito anos de governo.
Vamos imitar o Lula e usar uma metáfora futebolística. Dunga disse durante o treino da seleção brasileira na Granja Comary, em Teresópolis – RJ, na preparação para as duas partidas entre Peru e Uruguai, que não tinha tempo para treinar. O comentarista do canal ESPN – Brasil Mauro Cezar Pereira bateu na tecla de que daria muito tempo sim para a seleção brasileira treinar. Só faltava planejamento que incluísse as mudanças de clima que ocorrem com freqüência na região serrana do Rio de Janeiro. Saindo do futebol e voltando para a política. Lula diz que não tem dinheiro suficiente para o Bolsa Família, para a educação e, é claro, para o PAC e as ramificações que Lula fez deste programa que segue o destino do “Fome Zero”: só propaganda. Basta ao governo saber planejar, cortar gastos com cupanheros que, a cada dia mais, mamam nas tetas do estado. Lula também poderia acabar com a TV Pública. No noticiário de hoje já vemos os problemas que ela já está causando. Lula quer uma TV só para si porque ele e ou lulistas bolivarianos acreditam naquela tese absurda de que a Rede Globo teve alguma influência na decisão da disputa presidencial do ano passado ter ido para o segundo turno. (Eu falei na campanha do ano passado, mas, desta vez, vou poupar o caro leitor dos meus comentários a respeito da participação de Geraldo Alckmin na campanha tucana). Lula quer uma TV pública que diga: “Grobo, é assim ki nóis ké”.
Quando a TV Lula entrar no ar vamos lembrar que, o dinheiro que sustenta tudo isso aí, poderia ser revertido para a saúde, educação, transportes, saneamento básico.

Perdendo as estribeiras

Editorial do Estado de São Paulo

Nunca antes no seu governo o presidente Lula encontrou tanta resistência no Congresso a algo que considera vital para os seus interesses, como agora no caso da prorrogação da CPMF até 2011. O Planalto, ao contrário do que afirma todos os dias o presidente, não tem garantidos os 49 votos de que necessita, em duas rodadas, para a aprovação da respectiva emenda constitucional. Isso explica, primeiro, o verdadeiro terrorismo de Estado a que se lançou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ameaçando com um "ajuste irracional" do gasto público se o imposto do cheque não passar no escrutínio inicial marcado para a próxima quinta-feira. Outro espantalho agitado pelo governo é o de que, sem a CPMF, "será preciso mudar a política monetária" - eufemismo do senador Aloizio Mercadante para designar a interrupção da tendência de baixa da taxa de juros (como se, para o bem ou para o mal, o Banco Central obedecesse a comandos do Planalto).O receio da derrota explica também, mas não justifica, as mais recentes manifestações públicas de Lula, incompatíveis com a sua função. Claro que não é a primeira e nem será a última vez que ele rebaixa o cargo com surtos de apoplexia, quase sempre acompanhados do seu complemento: a apoteose mental. Mas agora, com o risco do fracasso subindo-lhe à cabeça, se divorciou por completo do respeito elementar, se não aos adversários - como mandam as regras do jogo democrático -, à própria verdade histórica. Perplexos com sua expressão iracunda nos telejornais da quinta-feira, muitos telespectadores talvez não tenham notado as distorções da verdade que cometeu em pelo menos duas passagens de sua fala, ao comemorar o término da restauração de um trecho de 8 quilômetros da BR-259, em Colatina, Espírito Santo. De uma feita o seu alvo foi o Democratas (DEM). De outra, o ex-presidente Fernando Henrique.Prosseguindo com a série de ataques ao partido que se recusa a negociar seu voto, iniciada nas entrevistas desta semana a emissoras de televisão, chamando-o pelo antigo nome, PFL, primeiro Lula disse que o partido se opõe ao imposto porque não vai precisar dele, já que jamais chegará ao governo, para em seguida insinuar que tem parte com a sonegação. "Quem tem medo da CPMF é quem sonega imposto", trovejou. É certo que o imposto do cheque é insonegável, mas, se o combate à burla tributária fosse o verdadeiro objetivo do governo para manter o imposto, bastaria reduzir a sua alíquota do atual 0,38% para um valor meramente simbólico, 0,01% por exemplo, que o resultado seria rigorosamente o mesmo, em termos de identificação de sonegadores. Assim, a prorrogação da contribuição passaria tranqüilamente com votos de todos os partidos, inclusive os do Democratas. Mas não é disso que se trata, e sim de facilitar o esbanjamento de recursos públicos. O que Lula não entende é que, depois que a coerência doutrinária do Partido dos Trabalhadores foi para a lata de lixo, o antigo PFL é o único partido coerente e fiel ao seu programa neste país do mensalão. A raivosa reação de Lula ao partido que vai votar contra o governo é idêntica à de seu amigo Chávez contra os venezuelanos que vão votar "não" à sua constituição fascista. Mas pior do que a agressão ao ex-PFL foi a história que inventou sobre o ex-governador Vitor Buaiz, "o meu grande companheiro que comeu neste Estado (Espírito Santo) o pão que o diabo amassou... acreditando que o presidente Fernando Henrique Cardoso iria ajudá-lo, e não ajudou". Na verdade, o diabo que amassou o "pão" que ele comeu naquela ocasião não foi o presidente Fernando Henrique, mas sim o Partido dos Trabalhadores.Buaiz, o primeiro governador petista, eleito em 1994, foi expulso do partido por fazer um governo desatrelado dos seus velhos dogmas, o que incluía manter relações fluentes com o governo Fernando Henrique. O desapreço de Lula pela verdade dos fatos, que qualquer pessoa interessada pode conferir sem problema, tem no seu desenfreado triunfalismo o complemento do gênero "pior que a emenda". Almoçando em Vitória, na sede do governo, ele alcançou um novo patamar em matéria de autocelebração. Agora ele simplesmente profetizou que, "melhor que este Natal, só o que (sic) nasceu Jesus Cristo". A prosseguir nessa euforia, não tardará a propor que os brasileiros passem a comemorar o Natal no dia 27 de outubro, sua data natalícia.

Governo estuda ampliar acesso a dados protegidos por sigilo

Por Sônia Filgueiras
no Estado de São Paulo

A Advocacia-Geral da União (AGU) finaliza um parecer que amplia o acesso a dados sigilosos por órgãos de investigação, como o Ministério Público Federal, as promotorias estaduais, a Controladoria-Geral da União (CGU), a Polícia Federal e o Tribunal de Contas da União (TCU). O estudo defende a interpretação de que a legislação permite a órgãos da administração acesso direto, sem autorização prévia da Justiça, como é exigido hoje, a dados cadastrais bancários e telefônicos - nome, filiação, endereço, número de telefone fixo e celular, nome do banco e número da agência onde o investigado tem conta bancária -, desde que com procedimento de investigação aberto.A proposta restaura, ainda, o acesso direto dos procuradores da República a informações cobertas pelo sigilo fiscal de pessoas sob investigação formal. Este acesso foi bloqueado há pouco mais de um mês por um parecer da Procuradoria da Fazenda Nacional que, em direção contrária ao entendimento da AGU, deu interpretação restritiva às normas do sigilo fiscal.Hoje, para ter acesso a dados fiscais sigilosos, os integrantes do Ministério Público dependem de autorização da Justiça.O advogado-geral da União, José Antônio Tofolli, anunciou ontem, na 5ª reunião anual da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (Enccla), que pretende concluir e submeter o texto final em dezembro ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O objetivo é que Lula endosse o parecer, elevando seu status. Com a chancela, o texto teria efeito vinculante: todos os órgãos da administração pública federal, bem como empresas concessionárias, seriam obrigadas a segui-lo, até a Receita Federal e a Procuradoria da Fazenda. Mas o texto, mesmo oficializado, poderá ser contestado na Justiça.Autoridades dedicadas ao combate à lavagem de dinheiro aplaudiram a medida, considerada importante avanço. "A AGU vai mostrar que é possível avançar dentro do quadro atual", disse o ministro-chefe da CGU, Jorge Hage. "O parecer é importante e fundamental. O sigilo no Brasil se tornou um biombo de proteção a criminosos."O procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, defendeu a medida. "A proteção que a Constituição confere à intimidade e ao sigilo não pode acobertar crimes. O cidadão de bem não precisa de sigilo." Segundo ele, há uma interpretação equivocada da legislação."Sigilo fiscal é para a proteção de quem age dentro da lei. Não é um escudo para a criminalidade", disse o ministro da Justiça, Tarso Genro. Ele cobrou uma revisão das leis existentes, uma das metas aprovadas na Enccla. A Receita, no entanto, é contrária à proposta. Teme o vazamento das informações.O parecer deve propor que o sigilo seja transferido ao órgão que tiver acesso às informações, que continuarão reservadas. O funcionário que as receber será responsável pela manutenção do segredo.Tofolli não revelou o conteúdo do parecer, mas o texto técnico que o embasará - um estudo de quase 300 páginas sobre o alcance das leis complementares 104/2001, sobre sigilo fiscal, e 105/2001, sobre sigilo bancário, entre outras normas - circulou informalmente entre os participantes do Enccla. Até 5 de dezembro, AGU receberá sugestões de entidades e juristas.
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Papa ataca Marx e laicismo da ciência

Por Fábio Chiossi
na Folha de São Paulo

Em sua segunda encíclica, "Spe salvi" ("Salvos pela esperança"), publicada ontem no Vaticano, o papa Bento 16 desenvolve a idéia de que a salvação dos homens se dá por meio da esperança, mas da esperança "verdadeira", aquela advinda do conhecimento de Deus.A encíclica é o documento com que os papas tornam públicas suas reflexões e diretrizes sobre a doutrina católica."Chegar a conhecer Deus, o verdadeiro Deus: isso significa receber esperança", afirma Bento 16 na introdução do texto, que tem ainda mais oito capítulos, todos distribuídos em 29 páginas na versão em português. "O homem precisa de Deus", afirma o papa.Partindo desse princípio, o papa alemão aponta como um equívoco o depósito da esperança pela humanidade no progresso da ciência e em sistemas políticos. Portanto critica os filósofos Francis Bacon (1603-1618) e Karl Marx (1818-1883).O papa entende que o pensamento de Bacon é o de que a ciência dará luz a um mundo "novo, o reino do homem". E que esse vaticínio falhou.O depósito da esperança por um mundo novo transfere-se então à política, e Bento 16 faz referência a Karl Marx, que já ganhara menção na sua primeira encíclica, "Deus caritas est" ("Deus é amor"), de 2006. "Com vigor de linguagem e de pensamento, [Marx] procurou iniciar este novo passo (...), como supunha, definitivo rumo à salvação." Mas, segue Bento 16, Marx errou, "pois pensava que, uma vez colocada em ordem a economia, tudo se arranjaria". E, depois da Revolução Russa, diz, veio um "uma destruição desoladora".
Fé e razão
Bento 16 afirma que o erro da interpretação dessas correntes de pensamento como redentoras está na desconsideração da liberdade do homem. O homem é livre "para o bem e para o mal", argumenta o sumo pontífice, demonstrando como Santo Agostinho é referência de seu pensamento.A fim de guiar a liberdade do homem para a ação boa, ele dispõe da razão, é verdade. Mas a razão, para o papa, não é desvinculada da fé, por isso a ciência e a política não são capazes de proporcionar os meios da redenção humana e, logo, o ateísmo é condenável. A razão precisa da fé para ser completa, diz Ratzinger em "Spe salvi".O papa reafirma, então, que a salvação está em Deus. E diz, também não pela primeira vez, que Jesus Cristo não foi um revolucionário, "um Spartacus", mas representa "algo totalmente diferente: um encontro com o Deus vivo".Na parte final de sua encíclica, Bento 16 fala de quatro modos de exercitar e praticar a esperança. São eles a oração, "o primeiro e essencial lugar de aprendizagem da esperança", a ação, o sofrimento, ou sacrifício, e o Juízo Final, quando haverá "a ressurreição da carne" e será feita "justiça".

Presidente da TVE se afasta após criação da TV pública

Por Elvira Lobato
na Folha de São Paulo

Descontente com os rumos tomados na criação da TV Brasil, a jornalista Beth Carmona deixou a presidência da Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), que administra a TVE. A diretora-geral, Rosa Crescente, também deixou a emissora.O conselho de administração da Acerp aceitou o pedido de afastamento de Carmona e nomeou o jornalista Arnaldo Cesar Jacob, que integra a equipe da implantação da nova TV, para sucedê-la. Jacob foi editor-executivo do jornal ""O Dia".À Folha Carmona criticou a fusão da Radiobras com a TVE na formação da nova TV pública. ""Como a Radiobrás e a Acerp têm, cada uma, cerca de 1.200 funcionários, acharam que juntar as duas estruturas resultará em uma instituição com o dobro de força. Mas não é assim. A Radiobrás não tem tradição de televisão."Ela disse que um dos motivos que a levaram a se afastar é a incerteza em relação aos funcionários. O contrato entre a Acerp e a União, para gestão da TVE e da Rádio MEC, termina neste mês. A medida provisória que criou a TV Brasil prevê que a empresa absorverá as funções (contratos e obrigações) da Acerp, que desapareceria em três anos. Carmona diz que lhe foi assegurado que não haverá demissão em massa.

Oposição diz que Constituinte é passo para 3º mandato

Por Andreza Matais
na Folha de São Paulo

A oposição considerou ontem a proposta do PT de convocar uma Constituinte destinada a discutir a reforma política como o "primeiro passo" para viabilizar o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.Preocupado com a repercussão da iniciativa na votação da CPMF, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), desdenhou da idéia. "Uns discutem a bomba atômica, outros o império, outros o disco voador, cada um tem seu tema predileto. Não é possível que maduro como é o país, a classe política e a própria imprensa, isso prospere. Essa discussão está na Venezuela e a Venezuela é bastante diferente do Brasil", disse Jucá.O PT anunciou que começa a recolher assinaturas neste domingo, durante congresso do partido, para a proposta de realização de um plebiscito em 31 de janeiro de 2009 destinado a saber se a sociedade é a favor da Constituinte específica "para promover uma reforma constitucional no título 4º da Constituição".A Folha revelou ontem que a reeleição para cargos majoritários está incluída nos pontos que o PT propõe discutir, o que, para a oposição, abre caminho para se ampliar a renovação do mandato."É um passo a frente que o PT dá no sentido de avançar na tese do terceiro mandato. O partido está saindo da inibição para a ousadia e o incentivo vem do Palácio do Planalto", disse o líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN).Para o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), a iniciativa do PT "reforça a tese de que eles não devem ter o auxílio da CPMF". Conforme o líder, o partido do governo tenta buscar apoio popular para mudar a regra da reeleição, o que é um erro porque "o povo não se adapta a democracia constituída". Como exemplo, o senador citou que, se consultado, "o povo apoiaria a pena de morte e o linchamento".O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, acusou o governo de trabalhar pela prorrogação da CPMF por mais quatro anos para garantir o terceiro mandato a Lula e considerou a proposta de Constituinte como prova disso. Ele lembrou que no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso o imposto do cheque era renovada por um, dois anos, e que agora "Lula pede logo quatro anos" de CPMF garantidos.

Ministério Público decide denunciar Rondeau ao STJ

Por Andréa Michael
na Folha de São Paulo

O Ministério Público Federal vai denunciar ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) o ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau, sob acusação de prática de crimes relacionados à Operação Navalha, segundo a Folha apurou com três pessoas que tiveram acesso à denúncia.A Navalha tornou público, em maio, um esquema de fraude em licitações públicas viabilizado por meio da empreiteira Gautama, de Zuleido Veras.A denúncia será apresentada ao tribunal na próxima semana pelas subprocuradoras Lindôra Araújo e Célia Regina.O inquérito tramita no STJ, sob a presidência da ministra Eliana Calmon, porque entre os investigados e prováveis denunciados está o governador Jackson Lago (PDT-MA), que tem direito a foro especial.Pesa contra Rondeau a acusação de que teria recebido R$ 100 mil como propina, em pagamento pela aprovação de aditamentos em um contrato da Cepisa, a estatal de energia do Piauí. A transação teria beneficiado a Gautama.Segundo a Polícia Federal, houve a intermediação de Ivo Costa, assessor especial do então ministro. Costa foi um dos 47 presos pela PF em maio.Em entrevista à Folha ontem pela manhã, a subprocuradora Lindôra disse que a denúncia, peça formal da acusação em processo penal, está em fase final de revisão, na qual serão feitos ajustes "de português". "Hoje [ontem] é praticamente impossível [apresentar a denúncia]. Mas você pode, com certeza, dizer que faremos isso na próxima semana."Lindôra não foi taxativa quanto à inclusão de Rondeau no rol dos acusados. Diante de tal pergunta, afirmou que "provavelmente" o incluirá entre os que serão denunciados.Para oferecer denúncia à Justiça, basta ao Ministério Público firmar a convicção, com base nos fatos investigados, de que houve prática de algum crime e existência de indícios -não necessariamente provas- de autoria sobre determinada pessoa investigada.Lindôra confirmou à Folha que ambos os requisitos se apresentam em relação a Rondeau como resultado do inquérito da PF que resultou na Operação Navalha.Escutas telefônicas, filmagens dentro do ministério e documentos apreendidos pela PF sustentam a convicção das subprocuradoras quanto ao envolvimento de Rondeau nas irregularidades apuradas.Na agenda do tesoureiro da Gautama, Gil Carvalho dos Santos, existem anotações que associam a cifra de "120" à inscrição "ministro BSB" em 6 de março deste ano. Os diálogos gravados pela PF com autorização judicial captaram as tratativas para sacar dinheiro em espécie destinado ao pagamento, a ser feito em Brasília.Segundo a investigação, o suposto pagamento teria sido feito sete dias depois da anotação.

"A crença na 'cultura da periferia' é coisa de gente com miolo mole" por Reinaldo Azevedo

E não é que o pensamento social moreno resolveu inventar? Num rasgo de criatividade, deu à luz uma jabuticaba teórica que chamarei aqui de Antropologia da Maldade. O seu objeto de estudo – ou de culto – são os índios bororos que moram nos morros do Rio. Ou os nhambiquaras do Capão Redondo, em São Paulo. Ou os caetés da periferia de Vitória. Ou os tupiniquins de qualquer aglomerado pobre do Brasil. A exemplo de boa parte das idéias inúteis que circulam no país, os antropólogos da maldade estão nos cursos de humanidades e ciências sociais das nossas universidades, mas também se espalham pelas redações e chegam à televisão. Ocupam ainda posições de estado. Sua sacerdotisa midiática é a atriz Regina "Casebre". A cada vez que ela proclama que "a periferia é o centro" – ou o contrário, sei lá –, somos remetidos imediatamente aos versos do inglês Auden (1907-1973): "And the crack in the tea-cup opens / A lane to the land of the dead". A fenda na xícara de chá abre uma vereda para a terra dos mortos.
Sei que pôr Auden e Regina Casé num mesmo parágrafo pode parecer certo exagero. Comentando esses mesmos versos num texto da década de 70, o jornalista Paulo Francis (1930-1997) observou que a xícara de chá representava a velha ordem do Império Britânico e de suas classes dominantes. Trincada a xícara – um mundo, então, que desaparecia –, abriu-se caminho para as tragédias das duas grandes guerras. Nossa "xícara" é outra. Não chegamos a ter uma "aristocracia", mas já tivemos algumas ambições. O certo é que a Antropologia da Maldade decidiu fazer da barbárie uma civilização.
Um antropólogo da maldade não acredita ser possível ensinar matemática ou a poesia de Camões e Manuel Bandeira ao morro ou à periferia, mas está certo de que o morro e a periferia é que têm de ensinar funk e rap aos "imperialistas" e aos "playboys", já que se trataria da expressão de um novo sistema de valores. É como se aquela "civilização" já não fosse a nossa. Perguntaram certa feita ao antropólogo francês Lévi-Strauss (na verdade, nascido em Bruxelas) se ele havia se identificado com os índios que estudara. "De modo nenhum!", respondeu. Os nossos antropólogos da maldade não chegam exatamente a se identificar com a "civilização" do morro e da periferia, mas têm por ela um respeito basbaque e reverencial. Lutam para preservá-la da nefasta influência da cultura central, esta nossa – vocês sabem, corroída pelo materialismo, pelo capitalismo e por um moralismo de fachada.
Que coisa formidável! Estamos diante da defesa de uma nova forma de apartheid, um dos refúgios do "pensamento" da esquerda contemporânea. Se a tentativa de ver a "cultura da periferia" como um sistema com valores próprios é só coisa de gente de miolo mole, uma banalidade, essa visão "preservacionista" da civilização da miséria pode assumir uma face cruel quando o assunto é, por exemplo, segurança pública. A polícia, segundo os antropólogos da maldade, estaria proibida de subir o morro sem o prévio consentimento da "comunidade", ou isso caracterizaria uma "invasão". A disposição de enfrentar o crime, que seqüestra as áreas pobres das cidades, é encarada como um ato de guerra, uma hostilidade a um país estrangeiro. E os mortos nos confrontos – exceção feita aos policiais, os "soldados invasores" – serão sempre vítimas inocentes do país agressor.
Lévi-Strauss poderia ensinar a essa gente que os costumes e hábitos de superfície das sociedades – e, pois, também dos morros e das periferias – são manifestações de estruturas de poder. Parecem-me indecentes os protestos de artistas contra a ação da polícia no Rio em contraste com o seu silêncio então cúmplice diante do fato de que os soldados do tráfico matam livre e impunemente nas favelas. A estupidez reacionária desses progressistas chega ao ponto de considerar que isso é coisa "lá deles", da "outra cultura", "matéria da autodeterminação dos povos". Será que devemos reagir ao assassinato dos nossos pobres com o mesmo distanciamento antropológico com que reagimos ao infanticídio entre os ianomâmis?
É improvável que Lévi-Strauss retorne ao Brasil, repetindo a façanha de 1934, quando veio dar aula na Universidade de São Paulo. Agora com 99 anos, completados neste 28 de novembro, é compreensível que tenha outras prioridades. Se o fizesse, talvez aproveitasse para adensar ainda mais a sua obra-marco, Antropologia Estrutural, ou, então, entre a melancolia e o escárnio, perceberia que fez muito bem em esculhambar o país em Tristes Trópicos, obra de 1955 com apontamentos sobre comunidades indígenas brasileiras e notas sobre a nossa cultura urbana. Sobrou até para os universitários, como não? Nos anos 30, eles demonstravam certo desprezo pelos livros de referência, preferindo os resumos. Sua curiosidade intelectual se igualava a uma inquietação gastronômica, e o que parecia inteligência era só disputa por prestígio e vanglória...
Se voltasse, o quase centenário estudioso teria a chance de conhecer, então, esse novo saber. Por enquanto, ele está mais bem adaptado ao clima e à geografia do Rio, mas floresce também em São Paulo, uma cidade mais vetusta, razão por que os antropólogos da maldade, por aqui, costumam se esconder dentro de batinas – ainda que meramente simbólicas – e se entregam a folias físicas e metafísicas com seus "correrias" de estimação. Quando Lévi-Strauss conheceu os índios bororos e nhambiquaras (os de verdade), sabia estar lidando com civilizações que estavam em outro estágio do domínio da natureza, mesmo para os padrões do Brasil, que já lhe pareceu, à sua maneira, tão primitivo, com suas cidades que iam do nascimento à decadência sem conhecer o apogeu.
Ele jamais demonstrou qualquer simpatia pelos grupos que estudou. Constituíam o seu material de trabalho. Bastava-lhe identificar as estruturas, o conjunto de relações, que fazem com que as sociedades sejam o que são – à sua maneira, de fato, cada uma delas encerra um mundo completo e dinâmico. Assim, é perfeitamente possível supor que a cultura ianomâmi seja eficiente para... um ianomâmi. E só outro indivíduo do mesmo grupo é capaz de propor questões pertinentes que mudem a sua história. Veja como sou multiculturalista hoje em dia. Mas, confesso, no tempo de padre Anchieta, meu negócio era catequizar a bugrada.
Para os antropólogos da maldade, os morros e as periferias são civilizações independentes, com estruturas simbólicas definidas pelos indivíduos das tribos, e a postura progressista de um estudioso implica deixá-los entregues à sua própria dinâmica, à sua cultura, a seus valores. Mais do que isso: "eles" teriam algo a nos ensinar, assim como se supõe, ainda hoje, que os silvícolas – veja como sou antigo – podem nos abrir as portas da percepção para a generosidade, a convivência pacífica com a natureza, a igualdade, o associativismo... Poucos se dão conta de que ser índio pode ser chato, difícil e cruel. O Brasil adotou o "bom selvagem" de Rousseau (1712-1778) – o "suíço, castelão e vagabundo", como o chamou o poeta português Fernando Pessoa –, mas não deu a menor bola para as ironias do livro Cândido, de Voltaire (1694-1778), este, sim, um francês legítimo, que fez pouco caso da idéia de um homem em harmonia com a natureza.
A periferia e o morro não são o centro. Continuarão a ser o morro e a periferia, e seus "valores" particulares não são senão a manifestação de uma utopia regressiva de basbaques ideológicos que imaginam converter um dia a linguagem da violência em resistência política. Aquela gente não é o "outro". Aquela gente somos nós, só que "sem fé, sem lei e sem rei": sem esperança, sem estado e sem governo.
Mas você sabe: eu sou muito reacionário. Progressistas são os antropólogos da maldade, desbravadores das veredas que levam à terra dos mortos.

"O Brasil no pelotão dos desenvolvidos" por Roberto Pompeu de Toledo

De acordo com o último relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), divulgado na semana passada, o Brasil avançou para o primeiro dos três grupos em que se dividem os países segundo o índice de desenvolvimento humano (IDH). Deixamos o grupo intermediário, o dos países com "médio desenvolvimento humano", e passamos a integrar, ainda que em septuagésimo e último lugar, o honroso pelotão do "alto desenvolvimento humano". O feito vale ser cantado em versos:
De agora em diante, quando o assunto é ideagá,regozijemo-nos, irmãos: chegamos lá!
O IDH, criado pelo indiano Amartya Sen, Prêmio Nobel de Economia em 1998, é uma medida que combina riqueza com níveis de escolarização e expectativa de vida. A promoção do Brasil é atribuída por um lado ao crescimento da renda proporcionado pelo programa Bolsa Família e por outro pelo aumento da expectativa de vida, que passou dos 70,8 anos no relatório do ano passado para os 71,7 anos no de 2007. Com isso, atingimos 0,800, a pontuação mínima – numa escala de zero a 1 – para figurar entre os mais desenvolvidos. O Brasil, se o leitor se recorda, é aquele país em que, por ordem cronológica...
Segunda-feira 19: um turista italiano de 29 anos é morto em Ipanema ao tentar evitar que fosse roubado o cordão de ouro de seu pai. Terça 20: os jornais noticiam que uma menina, identificada como "L.", passou quase um mês dividindo a mesma cela de delegacia com mais de vinte homens, no Pará. Quinta 22: onze pessoas são presas, acusadas de pertencer à quadrilha que, apesar de trancafiado numa cadeia tida como "de segurança máxima", o notório Fernandinho Beira-Mar continuava a comandar. Sábado 24: o corpo de uma professora uruguaia, decapitado e com evidências de que sofrera estupro, é encontrado em Imbassaí, no litoral da Bahia. Domingo 25: uma arquibancada do superlotado Estádio da Fonte Nova, em Salvador, desaba, causando sete mortes e dezenas de feridos. Ainda bem que...
Tais probleminhas, um aqui, outro acolá,que são eles, diante de um alto ideagá?
Domingo 25, "dia internacional pela eliminação da violência contra a mulher": a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal, órgão da ONU) divulga relatório afirmando que três em cada dez mulheres brasileiras já foram vítimas de "violência extrema". Terça 27: um mendigo é queimado na região central de São Paulo. Tem 80% do corpo atingido e é internado em estado desesperador. Mesmo dia: o delegado-geral da polícia do Pará diz que a menina L., aquela trancafiada com os homens na delegacia, tem "alguma debilidade mental". A culpa seria portanto dela. Ainda na terça 27: a Fundação Getulio Vargas divulga estudo informando que 53% dos brasileiros não contam com saneamento básico nos locais em que moram. Ao ritmo em que avançam as obras no setor, a cobertura só será completada, segundo o estudo, no ano de 2122. Ainda bem que, para contrabalançar projeções tão pessimistas...
Aqui, segundo atesta nosso ideagá,vigora alto padrão de vida desde já.
Imagens fortes são geradas do Brasil para o mundo. A do corpo do italiano morto em Ipanema, estendido, coberto, no asfalto da Avenida Vieira Souto, enquanto a seu lado, sentado no meio-fio, o irmão o velava, a cabeça enterrada entre as mãos, alheio aos carros e às pessoas que passavam. A do Estádio da Fonte Nova dividido: uma parte comemorando a ascensão do time do Bahia à série B do Campeonato Brasileiro, aos pulos e gritos, no gramado, enquanto outra parte, aflita, zonza ou desesperada, se reunia em torno dos mortos e feridos. A da menina L. fotografada de costas, ao lado de um policial. Baixinha e miúda, ela não chega ao ombro do acompanhante. É uma criança. Um cínico poderia concluir:
Se o ideagá tão bem nos trata em sua prancheta,figure-se como anda o resto do planeta!
O governo da Bahia e o do Pará chegaram a conclusões coincidentes quanto aos desastres que os afligiam. O da Bahia decidiu implodir o estádio em que ocorreu a tragédia do domingo. O do Pará vai demolir a delegacia em que a menor L. esteve presa, trocando sexo por comida com os homenzarrões que lhe faziam companhia. Ainda bem que existe o IDH para lembrar-nos que integramos o pelotão dos países mais afortunados. Senão até poderíamos imaginar um "poemeto da solução final":
Vão pôr abaixo o Fonte Nova na Bahiae no Pará demolirão a delegacia.Uma consulta, sem maldade ou intenção vil:– Será que dava pra demolir o Brasil?

"Quando a liberdade faz puf" por Diogo Mainardi

Entre no YouTube. Digite: Lula É Minha Anta. Vai aparecer uma vinheta de catorze segundos anunciando meu livro. Ela foi encomendada por minha editora. É tudo muito simples e direto. Da esquerda para a direita, uma anta vem trotando estupidamente. Ela é uma imagem do passado, regressiva, arcaica – foi desenhada por um naturalista francês do século XVII. Surge na tela um letreiro grandiloqüente: "Chantagem, corrupção, intrigas e muita polêmica". A essa altura, meu livro cai do céu, como as Tábuas da Lei no Monte Sinai. O letreiro diz: "Os escândalos que sacudiram o país pela ótica de Diogo Mainardi. Já nas livrarias e nas listas dos mais vendidos". Fim.
Entre 15 e 19 de novembro, a vinheta foi exibida nas TVs dos aeroportos. Depois, inesperadamente, puf. Retiraram-na do ar. Tentei descobrir o motivo. Estou intrigado até agora. A empresa que administra a publicidade em Congonhas alegou que a Infraero proíbe qualquer tipo de propaganda de cunho político. Como é que é? Cunho político? No meu caso, trata-se simplesmente de propaganda de uma antologia de crônicas publicadas na maior revista do país. Não sou candidato a vereador. Não estamos em período eleitoral. Se a vinheta tivesse sido recusada logo de cara, quando foi apresentada pela primeira vez, me pareceria apenas um sinal de obtusidade. Um dos muitos sinais de obtusidade com os quais nos defrontamos todos os dias. Mas, sem querer espernear demais, o que aconteceu com meu livro foi bem pior: tem um cheirinho azedo de censura. Afinal, a vinheta foi veiculada regularmente por cinco dias. Até alguém tomar a iniciativa de proibi-la. Até alguém mandar cassá-la.
Quem? A empresa que administra a publicidade nos aeroportos assumiu a culpa por veicular a propaganda "proibida". Falta saber de onde partiu a ordem para retirá-la do ar. Talvez de um funcionário da Infraero. Talvez de um membro de quinto escalão do governo. Isso eu nunca vou conseguir descobrir. Só posso fazer conjecturas, todas elas levemente persecutórias.
O Brasil não é a Venezuela. Não estamos à beira de um golpe de estado. Em particular, Lula não é Hugo Chávez. Em vez de reprimir, como o saltimbanco bolivariano, Lula se especializou no conchavo, na barganha, na compra e venda. Além disso, de um ponto de vista puramente comercial, mais mesquinho, duvido que a ausência de publicidade nos aeroportos prejudique o desempenho do meu livro. Mas o episódio da vinheta publicitária tem um aspecto alarmante: é com esse tipo de mentalidade abrutalhada que se forma uma sociedade autoritária. O arbítrio não se manifesta apenas através dos gestos de seus tiranetes iletrados ou de seus pelegos rapinadores. Ele se manifesta também através da selvageria censória de seus sabujos e de seus peões. A liberdade, de um dia para o outro, pode fazer puf.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Lula já chamou bandido de terrorista

Abaixo vai um trecho do discurso proferido pelo Apedeuta no dia da sua segunda e, se Deus quiser, última posse. Era o dia primeiro de janeiro de 2007 e o país estava assustado com a brutalidade dos bandidos que atearam fogo num ônibus com passageiros a bordo matando várias pessoas, dias antes, no Rio de Janeiro. Leia o que o homi disse a respeito. É a mesma pessoa que disse hoje que bandido existe em todo lugar:
O que eu queria dizer para vocês, e quero aproveitar porque eu sei que o governador Sérgio Cabral está aqui, como também quero falar para os governadores de outros estados: eu vou discutir com o meu Ministro da Justiça, porque essa barbaridade que aconteceu no Rio de Janeiro não pode ser tratada como crime comum. Isso é terrorismo e tem que ser combatido com uma política forte e com uma mão forte do Estado brasileiro. Aí já extrapolou o banditismo convencional que nós conhecíamos. Quando um grupo de chefes, de dentro da cadeia, consegue dar ordens para fazer uma barbaridade daquelas, matando inocentes, eu quero dizer ao meu governo e aos governos estaduais: nós precisamos discutir profundamente, porque o que aconteceu no Rio de Janeiro foi uma prática terrorista das mais violentas que eu tenho visto neste País e, como tal, tem que ser combatida. Se tem uma coisa que nós precisamos garantir é o direito de homens livres e honestos, homens trabalhadores, saírem de casa de manhã e voltarem para casa à tarde com o sustento da sua família. Nós não podemos continuar permitindo a inquietação dentro de cada casa, a inquietação dentro de cada cidade ou de cada estado, e essa é uma tarefa que não é de um homem e não é de um partido, é de toda uma nação, de todos os estados e de todas as cidades.

Lula acha normal ter bandido em todo lugar

O Rio de Janeiro só aparecia nas páginas policiais. Não é normal, não é justo. Bandido tem em qualquer lugar, parece que tudo aqui está uma desgraceira. E não está. Lula disse isso hoje na sua visita à favela Pavãozinho, no Rio de Janeiro. Ele acha normal ter bandido em todo lugar. Ele acha normal os altos índices de violência que assolam não somente o Rio, mas o país inteiro. Nem parece aquele Lula do dia da sua segunda posse quando tratou a violência urbana como terrorismo (eu ainda vou colocar aqui no blog o trecho do discurso da segunda posse). Para quem acha normal a violência, para quem acha normal os bandidos soltos por aí atazanando a vida do cidadão que sofre, entre várias coisas, com a CPMF que Lula quer prorrogar, o Rio de Janeiro continua lindo.

Aproveitando a visita de Lula ao Rio de Janeiro...

Aproveitando que Lula está no Rio de Janeiro, nada melhor do que relembrar um vídeo que mostra o atual governador carioca Sérgio Cabral Filho opinando sobre o governo Lula.

A truculência de Chávez

Editorial do Estado de São Paulo

Percebem-se, de um só golpe, o desequilíbrio psicológico e a vocação ditatorial do coronel Hugo Chávez pela maneira como conduz os negócios da Venezuela. O rompimento de relações com o presidente Álvaro Uribe, da Colômbia, contém esses dois elementos de instabilidade. Durante dois ou três dias, Chávez dirigiu insultos pesados contra Uribe, que o dispensara da função de mediador entre o governo colombiano e as narcoguerrilhas das Farc. O que disse de menos insultuoso foi que Uribe é "um servil instrumento do império (...), um peão do império". Depois, convocou o embaixador venezuelano em Bogotá para consultas. Finalmente, declarou que não teria mais qualquer tipo de relacionamento com a Colômbia, enquanto Uribe fosse presidente. Mas isso não significa que tenha rompido relações diplomáticas com o país vizinho. Apenas não quer conversa com Álvaro Uribe. Esse comportamento não é novo. Repete o que fez em 2005, quando o então presidente Vicente Fox não gostou de sua interferência no processo eleitoral mexicano. Confrontado, reage não como chefe de Estado, mas como menino malcriado e cheio de vontades.Mas há lógica nessa loucura. Não erra quem associa os acessos de raiva de Chávez à resistência a seus planos de boa parte do eleitorado que, no domingo, decidirá se aceita ou não a Constituição fascista que ele escreveu para a (sua) Assembléia Nacional aprovar.Com o eleitorado dividido - as intenções de voto contra a Constituição, que superavam as a favor, agora, estão equilibradas -, Chávez joga tudo o que tem para não perder a eleição. E um dos truques mais velhos do mundo é criar um inimigo externo para promover a coesão em torno do "salvador da pátria" (e da Opep, e do mundo). Esse, aliás, é o comportamento-padrão do caudilho: ele não tem adversários políticos; tem inimigos, que precisa eliminar. Vive de criar conflitos - e quanto mais graves e ruidosos, melhor. E usa sem limites o poder discricionário que conquistou nesses oito anos na presidência. As pesquisas de opinião mostram que ele pode perder o referendo? Proíbe a divulgação. Uma emissora de televisão dá espaço à oposição? Avisa que a licença de funcionamento da rede não será renovada. Isso no varejo.No atacado, sua truculência vai muito além. A polícia se excede na repressão às manifestações estudantis, que estão mobilizando o eleitorado contra a Constituição. No início da semana, o presidente da Federação de Câmaras e Associações do Comércio e Produção (Fedecâmaras) assinou um comunicado pedindo que os venezuelanos se unissem para votar "não" à Constituição, que acaba com a livre iniciativa e a propriedade privada. A reação de Chávez foi curta e grossa: "Se o presidente da Fedecâmaras insistir em suas ameaças ao governo bolivariano, tiro-lhes todas as empresas que eles têm." Constitucionalmente, a partir de domingo, se o "sim" for vencedor.A Conferência Episcopal da Venezuela declarou que a nova Constituição é "anticristã" e concitou os católicos a votar contra ela no referendo. A resposta de Chávez aos líderes católicos: "Se continuarem dizendo essas coisas, vamos ter de fazer algo. É triste ver um padre na prisão, mas paciência tem limite." Em seguida, acusou os bispos de conspirar contra ele e de serem responsáveis pela morte de um militante bolivariano. Não estranha, portanto, que num relatório dirigido ao Vaticano sobre o relacionamento de Chávez com a Igreja, o cardeal hondurenho Oscar Rodríguez tenha afirmado que, na Venezuela, "certas pessoas não são mentalmente estáveis".Quem não concorda com o projeto ditatorial de Chávez é tachado de "traidor" e perseguido pelas milícias bolivarianas. Afinal, Chávez, além de ser a reencarnação de Bolívar, é a personificação do Estado. É com base nesse delírio que ele tem dirigido a campanha pelo "sim". A acreditar-se no que ele diz, o pleito de domingo não se destina a aprovar ou rejeitar a nova Constituição, mas é um plebiscito para mantê-lo ou tirá-lo do poder imediatamente - o que é mentira, pois seu mandato vai até 2013.Chávez pratica todas essas arbitrariedades, tendo por suporte legal apenas a famigerada Lei Habilitante. Imagine-se o que fará, como ele mesmo diz, "sempre no marco da Constituição que, a partir de domingo, será vermelhinha".

Presidente mente de forma cínica, diz DEM

Por Silvio Navarro
na Folha de São Paulo

A frase do presidente Luiz Inácio Lula da Silva gerou reação da Executiva do DEM, o principal crítico da prorrogação da cobrança da CPMF no Congresso. Em nota, o partido classificou a fala como "arrogante e autoritária" e disse que o presidente "mente de forma cínica"."Não é um presidente que mente de forma cínica e governa de costas para o país que vai definir o futuro do país ou o futuro do DEM", diz a nota.O DEM afirma ainda que a CPMF só interessa ao presidente Lula "porque interessa ao governo seguir gastando e ampliando a máquina pública para tentar transformar o Estado em filial do PT".O texto do DEM diz ainda que o presidente Lula "só se preocupa com a sua permanência no poder" e que "não defende valores éticos"."O futuro do povo brasileiro será definido pelo próprio povo que sonha com um governo livre da incompetência e da corrupção. E com um presidente que pense menos na perspectiva de seu poder pessoal e mais na perspectiva do país", afirma.A nota leva a assinatura do presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), e dos líderes do partido na Câmara, Onyx Lorenzoni (RS), e no Senado, José Agripino Maia (RN).O DEM possui 14 senadores e, junto com o PSDB, forma o bloco de oposição com 27 integrantes. Apesar de não ter fechado questão, o partido assegura que votará inteiro pela rejeição da CPMF e ameaça punir senadores que se alinhassem ao governo.Agripino afirmou ontem que a frase foi uma reação do presidente Lula "quando percebeu que não tem votos para aprovar a CPMF". Ele diz que a oposição já obteve apoio de seis senadores da base e que, tecnicamente, já tem votos para derrubar a CPMF no plenário na semana que vem.Rodrigo Maia afirmou que Lula "está à beira de um ataque de nervos".A CPMF é classificada na nota como um "imposto nocivo ao bolso do povo brasileiro e prejudicial ao desenvolvimento do país". Apesar da CPMF e da arrecadação recorde de impostos, o governo Lula levou à falência os serviços de saúde e de educação, as estradas, o sistema aéreo, sem falar na crise do abastecimento de energia elétrica por falta de investimentos."Segundo avaliação de parlamentares da sigla, a intenção do presidente com a frase teria sido insuflar as bases nos Estados para gerar pressão aos senadores que votarão contra a emenda.

Mangabeira diz que se excedeu "levado por paixão"

Da Folha de São Paulo

O ministro do Longo Prazo, Roberto Mangabeira Unger, fez ontem, em rede nacional de rádio, um mea-culpa em relação ao presidente Lula ao dizer que se excedeu "levado pela paixão" quando pediu seu impeachment, durante a crise do mensalão, em 2005."Fui um critico severo de determinados aspectos do primeiro governo do presidente Lula. Algumas dessas críticas eu me excedi levado pela paixão", afirmou o ministro. "Não foi fácil para o presidente fazer esse convite pra mim, e não foi fácil para mim aceitá-lo."

Projeto do PT abre brecha para rever mandato

Por Malu Delgado
na Folha de São Paulo

A proposta de Assembléia Constituinte exclusiva que o PT sugere criar abre brechas para que eventualmente se discuta uma reformulação completa do sistema político-eleitoral brasileiro, incluindo a questão do mandato presidencial - duração e reeleição.O texto do projeto de lei de iniciativa popular para realização de um plebiscito sobre a Constituinte, publicado ontem no site do PT, dá munição à oposição, que rechaça articulações para garantir um terceiro mandato ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.O projeto prevê a realização de um plebiscito em 31 de janeiro de 2009 para saber se a sociedade é a favor da Constituinte específica "para promover uma reforma constitucional no Título IV da Constituição". O Título IV da Constituição é amplíssimo, e trata "da organização dos poderes", "do poder legislativo" e "do Congresso Nacional". Entre esses capítulos está o artigo 77, modificado em 1997 pela emenda 16, a "emenda da reeleição".Ou seja, é aqui neste trecho que está definido que o mandato presidencial é de quatro anos e que "o Presidência da República, os governadores de Estado e Distrito Federal, os prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos, poderão ser reeleitos para um único período subseqüente".O PT vai começar a recolher assinaturas para apresentar o projeto do plebiscito da Constituinte no próximo domingo, quando realiza as eleições internas dos novos dirigentes. A tese petista para defender a Constituinte é que os atuais detentores de mandato - deputados e senadores - não têm e nem terão interesse em alterar as regras políticas e eleitorais vigentes que os beneficiam.O deputado federal Maurício Rands (PT-PE), encarregado pela direção do PT de elaborar o texto do projeto, afirmou que a convocação do plebiscito faz uma menção genérica, mas quando - e se - a Constituinte for criada serão especificados os temas que analisará."Primeiro o povo vai dizer se quer ou não a Constituinte. Se quiser, a Constituinte é que vai dizer o que ela vai votar", afirmou, negando que o texto abre brechas para dúvidas da oposição em relação às intenções do PT. "A oposição vai criar confusão com tudo o que fizermos. A sombra é o terceiro mandato. O povo quer o terceiro mandato. Mas nós não vamos fazer isso, nem se o povo quiser. Há regras do jogo que precisam ser respeitadas. Nós [o PT] não queremos o terceiro mandato e não faremos o que eles fizeram [a emenda da reeleição]", acrescentou Rands.O texto do projeto de iniciativa popular feito pelo PT tem quatro artigos. O segundo determina que, se for aprovado o plebiscito, os "meios de comunicação de massa cessionários de serviço público" vão ter que divulgar, gratuitamente, propaganda sobre a consulta popular nos 60 dias que antecederem a data da sua realização."O PT já adotou posição clara quando votou contra a reeleição. (...) O PT não está analisando, especulando, estudando sobre isso [terceiro mandato]", disse o presidente do PT, Ricardo Berzoini, à Folha.Para que um projeto popular tramite no Congresso é preciso recolher 1,2 milhão de assinaturas (o equivalente a 1% do eleitorado nacional) no mínimo cinco Estados, com 0,3% do eleitorado em cada um deles.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Ai, ai, meu bolso

Por Gabriela Guerreiro e Renata Giraldi
na Folha online

O Senado aprovou nesta quinta-feira o projeto de lei que regulamenta as centrais sindicais com o reconhecimento formal de que essas entidades poderão representar os trabalhadores --mas com a possibilidade de serem fiscalizadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União). Os senadores decidiram estender a fiscalização também para os empregadores, um dos itens considerados mais polêmicos do projeto.
Os senadores também alteraram o texto da Câmara dos Deputados e restabeleceram o imposto sindical. O texto aprovado na Câmara previa o fim da obrigatoriedade do pagamento do imposto sindical.
Para obter um acordo, o ministro Carlos Lupi (Trabalho) garantiu que em 90 dias o governo enviará uma proposta criando a "contribuição negocial coletiva" --espécie de novo imposto sindical que vai substituir o atual modelo.
Atualmente, os trabalhadores são obrigados a contribuir com o equivalente a um dia de salário para financiar as entidades sindicais. Isso representa 3,3% do salário mensal. A contribuição negocial deverá ter uma alíquota compulsória do salário mensal do trabalhador, mas seu percentual será definido em assembléia geral durante negociações de dissídio coletivo.
A contribuição vai reunir três tributos trabalhistas: imposto sindical, contribuição assistencial e contribuição confederativa.
Para aprovar a matéria de forma consensual, os três relatores da proposta --senadores Francisco Dornelles (PP-RJ), Lúcia Vânia (PSDB-GO) e Paulo Paim (PT-RS)-- fecharam um acordo com os partidos de oposição com o aval da base aliada do governo. Foram 15 dias de intensas negociações até que o texto comum fosse elaborado.
Sindicalistas encheram as galerias e a tribuna de honra do plenário esta tarde para pressionar os senadores a aprovarem a matéria. O presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), havia sugerido aos dirigentes sindicais para fazer corpo-a-corpo em busca de apoio ao texto --pedido que foi atendido por mais de cem sindicalistas.

Votação

Com a mudança, o texto vai retornar para nova votação na Câmara. O presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), sinalizou nesta quinta-feira que o assunto só deverá entrar na pauta de votações em 2008.
A prioridade na Câmara, segundo o petista, é destrancar a pauta da Casa --obstruída por cinco medidas provisórias e um projeto com pedido de urgência constitucional.

Lula, CPMF, golpe e outras coisas

Do site Senadores na Mídia do dia 27.08.1999

Mônica Gugliano BRASÍLIA. No palanque montado na Esplanada dos Ministérios, diante dos milhares de manifestantes da marcha, os dirigentes de todos os partidos de oposição subiram o tom. E a palavra de ordem acabou sendo mesmo "Fora FHC". O presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que não tinha divergências com o presidente do PDT, Leonel Brizola, sobre a necessidade de o presidente Fernando Henrique Cardoso renunciar. Apenas não acreditava nessa possibilidade. - Só tenho uma discordância com Brizola. Renúncia é um gesto de grandeza. Só um grande homem tem essa grandeza. Fernando Henrique não tem. Ele é orgulhoso e prepotente - afirmou. Horas antes, no Congresso, Lula pediu a saída de Fernando Henrique do cargo: - Se Fernando Henrique avaliasse as pesquisas como negação à sua política e tivesse bom senso, quem sabe chegasse à conclusão de que sair é melhor. Mas se quer continuar levando o Brasil deste jeito... No discurso, Lula, dizendo estar emocionado, assinalou: - Estou duplamente gratificado, porque conseguimos dizer a Fernando Henrique e a sua corja que nunca mais ousem duvidar da capacidade de organização da sociedade brasileira. As pessoas não estão aqui por causa de um lanche de brinde, mas para recuperar a auto-estima e a dignidade. Lula reiterou que a marcha era apenas o começo, porque os protestos, a partir de agora, só vão aumentar e, cada vez, disse, serão maiores. - Como diz a torcida do Corinthians, vamos arrasar. Porque Fernando Henrique, se a corda apertar, viaja para Paris. Nós ficamos aqui comendo o pão que o diabo amassou. Esta pátria é nossa. Antes do discurso do petista, Brizola disse que não está disposto a aceitar a recomendação de que a oposição deve trabalhar com calma e serenidade. Segundo ele, isso não é possível porque a população que está com fome não pode mais esperar. Além disso, afirmou, Fernando Henrique ocupa a Presidência da República de maneira indevida. - Esse homem passou por cima da Constituição. Tramou, rasgou a Constituição. Foi eleito para um mandato, não lhe deram poder para mais um mandato, que ele conquistou com manobras vergonhosas e escandalosas. Enganou o povo, escondeu a crise. Não tem legitimidade, falhou e é responsável pela crise. Ao menos deveria praticar esse ato de patriotismo e renunciar. Brizola acrescentou que, se fosse preciso, os partidos de oposição estariam dispostos a juntar cinco, dez, 15 e até 20 milhões de assinaturas para que o presidente renuncie. E, com mais ou menos ênfase e até com a justificativa de que a reivindicação era de mudanças na política econômica, esse foi o discurso de todos. O presidente do PT, José Dirceu, seguiu essa linha. Disse, primeiro, que Fernando Henrique tentara intimidá-los afirmando que a manifestação era golpista. Em seguida, arrematou: - O grito do Brasil é de que ou Fernando Henrique muda de modelo econômico ou o Brasil vai mudar de governo. O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vicente Paulo da Silva, disse que o Governo é que levara um golpe porque afirmara que a manifestação seria pequena. - Viemos de bicicleta, a pé, de ônibus e até de jumento, o Governo é que levou esse golpe. E outro que também levou golpe foi Antônio Carlos Magalhães (presidente do Senado), que apostou na violência e nada aconteceu. Golpe mesmo é a CPMF. É o FMI que controla Malan (o ministro da Fazenda, Pedro Malan). Não podemos esperar. Quando Fernando Henrique quis a reeleição mudou a Constituição. Então também podemos mudá-la já para que ele saia - afirmou. Um dos principais dirigentes do MST, João Pedro Stédile disse que condiciona a permanência de Fernando Henrique à aplicação imediata de um programa econômico de emergência com quatro pontos: rompimento com o FMI, moratória da dívida interna, confisco de R$ 7 bilhões que teriam sido especulados pelos bancos na mudança da política cambial e suspensão do envio de dólares ao exterior. - Se Fernando Henrique não atender ficará isolado politicamente. A situação só vai piorar - disse Stédile.

Há 500 anos?

Lula acredita que o Brasil começou mesmo no dia 1º de janeiro de 2003, data da sua primeira posse. Antes disso nada valeu, nada existiu. Não é de hoje que Lula se refere ao DEMO (o antigo PFL) como o partido que governou o Brasil desde 1500. Eu gostaria muito de saber quem fundou o então PFL. Será que foi lá em Portugal e um integrante do partido veio junto com Pedro Álvares Cabral ou será que começou um pouco depois já na Terra da Santa Cruz? Será que Dom Pedro I brigou com o PFL e proclamou a independência ou o PFL apoiou e muito o grito dado às margens do Riacho do Ipiranga?
Lula está bravinho com o DEMO por causa da CPMF. É que o partido é contra a prorrogação do imposto do cheque. Lula quer mais dinheiro. Se alguém atrapalhar a ganância lulista de roubar dinheiro do povo pode ter certeza que será culpado de muitas coisas que aconteceram há 500 anos.
Quem vê Lula defendendo a CPMF com unhas e dentes, quem vê Lula dizendo que sem a CPMF ninguém governa, quem vê Lula dizendo que o dinheiro da CPMF vai para a saúde e para o Bolsa Família talvez não se lembre do que este mesmo Lula, este mesmo PT, este mesmo governo que hoje defende fervorosamente o imposto foi totalmente contra na época da sua criação. No próximo post vou colocar uma matéria que está no site Senadores na Mídia do dia 27 de agosto de 1999 e que, por si só, diz tudo.
Só mais um comentário. Se Lula liga o DEMO com os governos que passaram pelo país há 500 anos então nós podemos ligar Lula, o PT, os lulistas bolivarianos, enfim, toda a corja que apóia este governo com os crimes cometidos pela esquerda na ilha de Castro, na China de Mao e na União Soviética de Stálin, não é mesmo? Se o DEMO governou o Brasil desde a chegada de Pedro Álvares Cabral, este governo aplaude o sangue derramado pela esquerda num passado não muito distante.

Lula diz que só o DEM e os sonegadores são contrários à CPMF

Da Folha on line

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atacar duramente hoje o DEM --a quem chamou de PFL, antigo nome da legenda-- por tentar derrotar a votação da PEC (proposta de emenda constitucional) que prorroga a cobrança da CPMF até 2011. Lula disse que o DEM torce todos os dias para as coisas "não darem certo no país".
"Quem quer acabar [com a CPMF]? Além do PFL [atual DEM] que torce todo dia paras as coisas não darem certo nesse país porque eles governaram e não conseguiram fazer o que o país queria que fosse feito. Ficam agora com o discurso de que é muito imposto", disse Lula hoje no Espírito Santo, onde participa de uma série de inaugurações.
O presidente afirmou que além do DEM, os sonegadores têm medo da CPMF. "Quem tem medo da CPMF é que sonega imposto."
Segundo Lula, o dinheiro da CPMF beneficia a parte mais pobre da população. "Na verdade, o dinheiro da CPMF é para a saúde, para a aposentadoria de trabalhador rural e para o Bolsa Família. É pra isso quer serve a CPMF."
Lula já havia adotado esse tom ontem à noite em entrevistas para a Rede TV! e para o SBT. Para o SBT, Lula afirmou que somente o DEM e os sonegadores eram contrários à CPMF. "Tem dois setores radicalizados contra a CPMF: o PFL, que não tem nada a perder e não tem perspectiva de futuro; e tem alguns sonegadores. Os empresários sérios e os pagadores sérios sabem que o dinheiro da CPMF é um dinheiro bem empregado."
Na Rede TV!, Lula afirmou que o DEM é contra a CPMF porque não tem perspectiva de voltar ao poder. "Nós temos uma coisa no Congresso Nacional, que é seguinte: o PFL [atual DEM] tem toda a razão de estar radicalizado. É um partido que não tem perspectiva de poder, é um partido que tem apenas o governador do Distrito Federal, que é favorável à CPMF. [...] O PSDB governa dois dos Estados mais importantes do país [São Paulo e Minas Gerais], além disso governa o Rio Grande do Sul, governa a Paraíba. Os governadores são favoráveis à CPMF", disse para a Rede TV!.

Outro lado

A executiva nacional do DEM reagiu nesta quinta-feira à declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o partido não tem perspectiva de poder. Em nota oficial, o presidente e líderes do partido afirmam que Lula fez uma previsão que "não lhe pertence", além de desrespeitar a oposição de forma "arrogante a autoritária".
"Mais relevante que qualquer perspectiva de futuro para um líder e um partido político é representar as exigências e as necessidades da população e do país no tempo presente. A razão que leva o DEM a votar contra a prorrogação da CPMF é a certeza que este imposto é nocivo ao bolso do povo brasileiro e prejudicial ao desenvolvimento da economia", diz a nota.
O partido alega que a prorrogação da CPMF só interessa ao presidente Lula porque o governo pretende "seguir gastando o dinheiro das pessoas de forma perdulária e sem qualquer controle".
Em um tom agressivo, os democratas acusam Lula de "cinismo" ao afirmarem que o presidente mente ao país. "Não é um presidente da República que mente de forma cínica, que governa de costas para o país, que passa por cima dos compromissos assumidos, que não defende os valores éticos e que minou a confiança e a esperança das pessoas que vai definir o futuro do país ou o futuro do Democratas."
Na nota, a executiva do DEM ainda afirma que o povo brasileiro saberá eleger novos políticos para se "livrar da incompetência e da corrupção" que atingem o país nos dias de hoje. O partido considerou as palavras de Lula "insultosas, agressivas e desnecessárias ao presidente da República.

A demora é que incomoda

Os puxa saco do governo Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, aplaudem a reforma administrativa. É aquela máxima: “Agora vai!” Mas, não cobram, não questionam, não encostam na parede Cidinho e seu marqueteiro Jorcelino Braga pela demora no anúncio desta reforma. De janeiro à metade de novembro deste ano Cidinho prometia diversas vezes que anunciaria a reforma no outro dia. Sempre o anúncio era adiado. Quando, finalmente, foi anunciada a reforma que acabaria com a pindaíba goiana, ninguém mais se lembrou da demora do seu anúncio. Ninguém mais se lembrou que Cidinho tomou posse em 1º de abril de 2006 (não é mentira) e só anunciou e reforma administrativa que faria uma lipoaspiração no estado bolofofo mais de um ano depois. Muitos aplaudem as boas intenções da reforma. Outra máxima: “De boa intenção o inferno está cheio”. É a demora que incomoda. Será que incomoda o não cumprimento da promessa de que metade do secretariado de Cidinho seria formado por mulheres? Cadê a mulherada palpitando na reforma, mostrando como economizar aqui e acolá?

Ninguém sabia de nada

Ulisses Aesse escreve na sua coluna hoje no Diário da Manhã sobre a proposta de PX Silveira de mudar o nome do Centro Cultural Oscar Niemeyer, localizado na BR 153 saída para Bela Vista. Segundo Aesse, a lei fala que não se pode homenagear pessoas vivas colocando seus nomes em prédios públicos. Por isso PX quer mudar o nome do centro cultural. Ora, foi Marconi Perillo que fez a inauguração momentos antes de deixar o governo para disputar uma cadeira do Senado no ano passado. Quando souberam que o centro cultural se chamaria Oscar Niemeyer ninguém questionou com as autoridades que a lei proibia que pessoas vivas fossem homenageadas emprestando seus nomes para prédios públicos? Será que o José Nelton, o peemedebista mais crítico do Tempo Novo, não pensou em encher o saco do governo questionando isso? Sei lá. Aqui no Brasil, as autoridades não sabem de nada. Lula não sabia que seus cupanheros compravam deputados. Eduardo Azeredo não sabia que estavam arrecadando dinheiro para a sua campanha de forma irregular. Vai ver Marconi Perillo não sabia que não podia colocar o nome do arquiteto de Brasília (que está quase completando 100 anos) no centro cultural que mais parece um elefante branco.

Valerioduto destinou verbas a ex-assessor de secretário de Aécio

Por Thiago Guimarães
na Folha de São Paulo

Um ex-assessor do secretário de Desenvolvimento Regional e Política Urbana de Minas Gerais, Dilzon Melo (PTB), recebeu recursos do valerioduto tucano em 1998. João Manoel Rathsam foi beneficiário de R$ 15 mil de uma conta da SMPB Comunicação no banco BCN. O depósito foi feito em 22 de outubro daquele ano, a três dias do segundo turno das eleições.O valerioduto tucano foi um esquema de financiamento irregular -com recursos públicos desviados e doações privadas ilegais- da campanha à reeleição em 1998 do então governador mineiro e atual senador Eduardo Azeredo (PSDB).Na investigação da Polícia Federal, Rathsam afirmou ter sido procurado em sua casa "por duas pessoas que se diziam coordenadores regionais da campanha de Azeredo no sul de Minas". Essas pessoas pediram, disse o ex-assessor à PF, que ele desse prosseguimento à campanha de segundo turno de Azeredo em Varginha (310 km de BH). Afirmou ainda que ficou acertado que ele receberia R$ 15 mil para administrar a campanha do tucano na cidade.Rathsam foi funcionário de confiança no gabinete de Melo na Assembléia -o secretário é deputado estadual licenciado- por dez anos. Assumiu o posto em fevereiro de 1991 e se aposentou com proventos integrais em junho de 2001. O salário-base de sua função, assistente técnico, é R$ 1.915,33.Dilzon Melo, 63, assumiu uma secretaria do governador Aécio Neves (PSDB) neste ano. Administrador de empresas e empresário rural, foi prefeito de Varginha de 1983 a 1988 e é deputado estadual desde 1991.Outro assessor do líder de Aécio na Assembléia, Mauri Torres (PSDB), também foi beneficiário de recursos do valerioduto tucano em 1998.Naylor Andrade Vilela recebeu R$ 12 mil da SMPB, também em 22 de outubro. À PF ele disse que foi responsável pela campanha de Azeredo em Três Corações, Cambuquira e Conceição do Rio Verde e que o depósito foi feito pelo comitê central do tucano para pagamento de gastos de campanha. A reportagem procurou Naylor Vilela no gabinete da liderança do governo anteontem, e a informação foi que ele estava em serviço externo. Não houve resposta ao recado deixado.

Pesquisa mostra que PT não superou crise

Por Malu Delgado
na Folha de São Paulo

O PT escolherá no próximo domingo a nova direção partidária sob a sombra das crises políticas vividas entre 2004 e 2006, ainda que as candidaturas que representam as principais forças políticas da sigla hoje evitem discutir o tema em profundidade.Pesquisa realizada no 3º Congresso Nacional do PT em setembro com filiados, pela Fundação Perseu Abramo, comprova que a ferida permanece aberta. A Folha teve acesso a dados da pesquisa que o partido prefere não revelar.Foram entrevistados 775 dos 942 delegados que representaram o PT no Congresso Nacional em setembro. São dirigentes, eleitos, de todos os grupos políticos do partido. Entre eles, 60% disseram que a crise política vivida pelo PT não foi superada e 91% defenderam a candidatura própria em 2010.O quadro de insatisfação interna não se reflete diretamente na disputa pela presidência da sigla, com sete candidatos.A candidatura favorita é a do atual presidente, Ricardo Berzoini (SP), obrigado a se afastar, em 2006, do comando da campanha pela reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Berzoini era o coordenador geral de Lula e caiu assim que foi descoberto o esquema petista de compra de um dossiê contra políticos do PSDB. Teve de se afastar por quase três meses da presidência do PT.Os outros candidatos são os deputados federais Jilmar Tatto (SP) e José Eduardo Cardozo (SP) - prováveis rivais de Berzoini num segundo turno -, o secretário de Relações Internacionais, Valter Pomar, e ainda, como representantes de grupos minoritários à esquerda, Marcus Sokol, Gilney Viana e José Carlos Miranda.No início do debate para a sucessão do PT o presidente Lula apresentou seu candidato. Era Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência, que segurou um partido em frangalhos com o afastamento compulsório de Berzoini em 2006, inclusive com ameaça de derrota eleitoral. Mas Marco Aurélio não foi aceito por segmentos do chamado ex-Campo Majoritário, cujos representantes se desgastaram com as crises políticas. Havia um temor de excessivo rigor ético de Marco Aurélio em relação aos petistas que, por exemplo, se envolveram no mensalão.Sem Marco Aurélio, Lula não se expôs nem fez articulações, segundo os petistas, em favor Berzoini, com quem teve a relação esgarçada. Lula e seus principais aliados têm a certeza de que, se reeleito, Berzoini não dará as cartas para 2010.A nova direção assumirá ciente de que a militância petista não vai titubear e exigirá um nome à sucessão de Lula. E o PT sabe, também, que seu principal desafio será convencer o próprio Lula a se engajar numa candidatura petista, já que o presidente tem defendido abertamente a escolha de um nome negociado na base. Ou seja, não há sinais de que Lula dará gás aos arroubos petistas para 2010, sobretudo com a candidatura anunciada de Ciro Gomes (PSB-CE) e com o rumo incerto do governador Aécio Neves (PSDB-MG).A Folha entrevistou os quatro principais candidatos.

TV pública poderá sofrer manipulação, diz ministro

Por Fábio Zanini
na Folha de São Paulo

Em um debate sobre a nova TV pública, que tem estréia marcada para domingo, o ministro Franklin Martins (Comunicação Social) admitiu que ela poderá sofrer manipulação política, mas alfinetou as emissoras privadas, dizendo que elas também correm esse risco."Existe o risco de o governo manipular politicamente? Existe, mas não é só na TV pública. Existe também na TV comercial. Ou a gente acha que os interesses comerciais, políticos, partidários etc. nunca vão interferir na programação?", afirmou ele, numa audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara.Para reforçar seu argumento, Franklin disse que a sociedade não aceitará uma TV "chapa-branca", mas também não quer emissora privada "chapa-preta" -ou seja, aquelas que criticam demais o governo."A sociedade não tolerará uma TV pública chapa-branca. Às vezes a sociedade não tolera uma TV comercial que começa a ficar chapa-preta", disse, sem especificar a qual emissora se referia. Foi a insatisfação com a cobertura da TV Globo no episódio do dossiê contra tucanos, em 2006, que levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a propor a criação da TV pública.Ao defender o conselho curador da nova emissora, cujos 15 membros da sociedade civil foram nomeados nesta semana, Franklin recomendou que as TVs privadas sigam o exemplo."Seria muito bom se as grandes redes de TV comerciais adotassem modelos como esse: um conselho, personalidades independentes." O ministro disse que não escolheu os membros do conselho com base em experiência de TV. "A idéia não é ter pessoas que fazem TV, mas que vêem TV, que são capazes de ter um espírito crítico para o que é apresentado." Na audiência, diversos representantes de entidades e parlamentares criticaram o modo de escolha dos conselheiros, convidados por Lula.Franklin assegurou que eles se comportarão de maneira autônoma, como ocorre com os ministros do Supremo Tribunal Federal, que também são indicados pelo presidente."Quando vejo o nome das 15 pessoas, vejo personalidades independentes. Não acho que nenhuma dessas pessoas será um pau mandado do governo."O projeto da TV pública também foi questionado na audiência pelo modelo de financiamento. Paulo Ricardo Camargo, da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV), disse que seria um erro a emissora aceitar publicidade comercial. "A TV pública não deve ser emissora para veiculação de espaços publicitários."Franklin admitiu que não está satisfeito com o modelo em que os R$ 350 milhões de custo anual serão cobertos quase que totalmente pelo Orçamento.Ele e a diretora da empresa, Tereza Cruvinel, admitiram a possibilidade de usar o Fundo de Fiscalização das Telecomunicações, formado por taxas pagas por operadoras e gerido pela pasta das Comunicações.

CCJ do Senado aprova pedido para votar cassação de Renan

Por Sílvio Navarro
na Folha de São Paulo

A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprovou ontem, por 17 votos a 3, o envio ao plenário do parecer do senador Jefferson Péres (PDT-AM) que recomenda a cassação do mandato do presidente licenciado da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), por quebra de decoro parlamentar.Da lista de denúncias, esse é o terceiro processo, no qual Renan é acusado de usar "laranjas" para comprar rádios em Alagoas. Ele nega que tenha sido sócio das empresas.Na prática, a decisão da CCJ foi protocolar, já que a comissão analisou apenas se houve falhas constitucionais na tramitação do processo no Conselho de Ética. Renan enfrentará agora votação secreta no plenário, pela segunda vez, na próxima terça-feira. Desta vez, entretanto, a sessão será aberta.Nos bastidores, a avaliação na base do governo é que ele será novamente absolvido, inclusive, por margem maior do que a votação relativa à acusação de que se beneficiou de dinheiro de empreiteira para cobrir gastos particulares -foram 40 votos pela absolvição, 6 abstenções e apenas 35 votos pela cassação (o mínimo necessário para a cassação é de 41).Governistas afirmam, entretanto, que o gesto decisivo para selar seu futuro será a renúncia definitiva do cargo de presidente do Senado. Se isso ocorrer, avaliam, "já terá pago o preço".A oposição diz que o destino de Renan está nas mãos do PT, que tem 13 votos. "Depende de quantos votos o senador Mercadante conseguirá. Se Renan for absolvido, a imagem do Legislativo estará contaminada", afirmou o líder do DEM, José Agripino Maia (RN).Desgastado por ter declarado que se absteve de votar no caso Mônica Veloso, Aloizio Mercadante (PT-SP) apresentou uma declaração de voto sobre o mérito do processo apontando que votará pela cassação do peemedebista no plenário."Os elementos, juntos, dão condições de concluir sem qualquer dúvida que houve quebra de decoro parlamentar no negócio de radiodifusoras", disse o petista. "É uma decisão dura e dramática, mas o relatório [de Péres] é consistente."Segundo aliados do presidente licenciado, a intenção de Renan é comunicar que não voltará à presidência em discurso na sessão de terça. Ele disse acreditar que com esse gesto angariaria votos de última hora. Há um impasse, no entanto, sobre a data em que deixará o oficialmente o cargo. Isso porque o governo teme que o processo sucessório (que tem que ocorrer em até cinco dias úteis após a renúncia) prejudique a votação da CPMF, em dezembro.Nesse cenário, Renan só entregaria o cargo de vez no final do ano. O interino Tião Viana (PT-AC) seguiria à frente da Casa. Mas a oposição afirma que, se ele não deixar a cadeira imediatamente, não há garantia de que a abandonará.Os três senadores que votaram contra na CCJ são aliados de Renan -Almeida Lima (PMDB-SE), Gilvam Borges (PMDB-AP) e Epitácio Cafeteira (PTB-MA). Eles se queixaram de que houve infração à Constituição porque a votação no conselho deveria ser aberta.Em setembro, Lima havia tentado obter uma liminar, rechaçada pelo Supremo, para tornar a votação no conselho secreta. Além da denúncia das rádios e do caso Mônica Veloso, do qual foi absolvido, Renan responde a outro processo, sob acusação de integrar esquema de desvio de recursos de ministérios do PMDB.

Vila tá lá! Só falta o Goiás

O Vila Nova garantiu hoje o acesso à segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Já o Goiás quase carimbou o passaporte para a segundona hoje, depois da goleada que sofreu no jogo contra o Atlético Mineiro. O Goiás está com muita vontade de ser rebaixado. Quer encontrar seu rival na Série B do ano que vem.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Será que cai?

Goiás x Atlético – MG. Corinthians x Vasco da Gama. Goiás e Corinthians brigam hoje contra o rebaixamento. Será que o Goiás vai encontrar com Vila Nova e Atlético Goianiense na segunda divisão do ano que vem? Ou o Corinthians vai pagar os pecados da parceria com a MSI na Série B de 2008?

Não tem fiscalização

Vejam que interessante. Os sindicalistas querem manter a mamata do imposto sindical. Eles estão fazendo pressão no Senado para reverter a decisão da Câmara que acabava com a obrigatoriedade da cobrança do imposto sindical. Publiquei aqui algumas reportagens que saíram na imprensa mostrando que estes sindicalistas estão onde estão há muito tempo. Pior: o dinheiro arrecadado pelo imposto sindical não é fiscalizado. O trabalhador que entrega o equivalente a um dia trabalhado para essa gente e não sabe o que essa gente faz com o dinheiro. Na reportagem da Folha de São Paulo de hoje (publicada na íntegra no post abaixo) fala que o deputado Paulo Pereira (PDT), o Paulinho, presidente da Força Sindical estuda formas do trabalhador fiscalizar o dinheiro. É a constatação de que ninguém fora dos sindicatos sabe o que os sindicalistas fazem com o dinheiro arrecadado. Não tem fiscalização, mas tem a mamata que os sindicalistas querem manter a todo custo. Custo este pago com o dinheiro do trabalhador.

Efeito da euforia

Editorial do Estado de São Paulo

Quem leu nosso editorial de segunda-feira sobre o assunto não se surpreendeu com o descumprimento da promessa do presidente Lula de enviar até este fim de novembro ao Congresso o projeto da reforma tributária. Nele manifestamos nossas dúvidas de que uma promessa que ele já fez várias vezes, sem a preocupação de cumpri-la, seria cumprida agora. Aliás, não é apenas sobre questões tributárias que o presidente costuma dar o dito pelo não dito, com uma despreocupação que só se explica pelo estado de euforia em que vive. A remessa do projeto de reforma foi um dos torrões de açúcar que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ofereceu no começo do mês ao PSDB em troca dos votos de seus senadores em favor da prorrogação da CPMF. Mesmo depois que os tucanos deram por encerrados os entendimentos a respeito, o Planalto continuou com o teatro da reforma tributária. E, ainda na semana passada, num encontro com empresários em Santa Catarina, Lula assegurou que desta vez a sonhada mudança do sistema tributário começaria a se concretizar.Segundo a versão oficial, o presidente não tem culpa do recuo: os líderes da base governista é que o pediram, para não prejudicar a última etapa da tramitação - cujo desfecho parece cada vez mais incerto - da emenda da CPMF. Então quer dizer que só agora o Planalto se deu conta de que a chegada no Legislativo da proposta tributária poderia ampliar ainda mais a questão da CPMF? Ou não se trata de uma questão de sensibilidade política, mas de leviandade pura e simples? Afinal, com toda a incompetência que se possa atribuir ao titular da Fazenda, é impossível acreditar que ele, ou qualquer outro no alto escalão do Executivo, não soubesse, antes da promessa, que nenhum projeto do gênero poderia ser concebido a sério enquanto o destino da CPMF continuasse incerto.Agora, com a costumeira caradura, os companheiros invocam o obstáculo para justificar o papelão do presidente mau pagador de promessas. "A reforma tributária obviamente terá de levar em consideração se será feita com ou sem a CPMF", diz a líder do governo no Senado, Ideli Salvatti, com ar de quem descobriu a pólvora. À parte a admissão de que o presidente poderá, afinal, perder a maior batalha do segundo mandato, pelo menos mudou o disco. No seu primeiro comentário sobre o engavetamento da proposta, a senadora chegou a dizer que, tendo o PSDB rompido as negociações com o governo, nada mais natural que este desistisse da concessão oferecida. O que ela diz ou deixa de dizer só é relevante como indicador da permanente disposição do lulismo para embromar, tentando impedir que a opinião pública se fixe no fato inconteste de que, desde o seu primeiro dia em Brasília, Lula só cumpriu duas promessas: a de manter a política econômica do seu antecessor e a do Bolsa-Família.A ressalva vem a propósito das mirabolantes inovações que anuncia, fadadas ao fracasso. Exemplos dos mais eloqüentes disso é o abandono, revelado ontem neste jornal pela repórter Lisandra Paraguassú, de um projeto "revolucionário" anunciado pelo presidente em julho de 2004. Seria o controle eletrônico da freqüência escolar: cada unidade de ensino teria um leitor de cartão e de impressões digitais para registro da presença do aluno. Com a habitual despreocupação com a dificuldade de cumprir a promessa, ele prometeu um sistema que permitiria que "cada prefeito, governador e o próprio presidente, além do ministro da Educação, possam saber quantos freqüentaram a escola naquele dia". O que se pretendia, a rigor, era checar se os beneficiados pelo Bolsa-Família faziam jus à assistência, mantendo os filhos nas salas de aula.Deu tudo errado já no projeto piloto, lançado quase dois anos depois, e se verificou que o plano não tinha pé nem cabeça num país onde a maioria das escolas não tem computadores. Nesse meio tempo, sem alarde, o Ministério da Educação - que classificara a promessa de Lula como um "delírio" -, em parceria com os Estados, conseguiu que 80% dos estabelecimentos (ante 13% em 2004) repassassem regularmente informações sobre o comparecimento dos alunos. Mas, inebriado pela sua popularidade, Lula vai continuar prometendo, despreocupado com as possibilidades de cumprir.

IDH alto esconde desigualdade, dizem especialistas

Da Folha de São Paulo

Para especialistas consultados pela Folha, a linha que separa países de alto desenvolvimento humano (IDH igual ou superior 0,800) é uma marca arbitrária que oculta, no caso brasileiro, a desigualdade.O feito, no entanto, é uma oportunidade para acelerar a melhoria dos indicadores sociais caso o Brasil se compare apenas com os países que pertencem ao grupo do qual agora fazemos parte, com índices muito melhores que os nossos.Para o ex-presidente do IBGE no governo FHC Simon Schwartzman, os dados indicam um processo de melhoria gradativa e de longo prazo."Vão dizer que "nunca antes na história deste país" o IDH esteve tão alto e que, finalmente, entramos para os países de "alto desenvolvimento", como se fosse mais um trunfo do governo Lula. Na verdade, a linha divisória entre o alto e o médio desenvolvimento é arbitrária e o Brasil, último da lista, tem à frente vários países latino-americanos. É um resultado medíocre, mas que será comemorado com grande fanfarra."Kevin Watkins, diretor de desenvolvimento do Pnud, diz que a tendência de melhoria do Brasil é contínua ao longo do tempo, mas lembra que há países com PIB per capita menor que o brasileiro e que possuem resultados melhores em educação e saúde.Como exemplo, ele cita o Vietnã, país cujo PIB per capita é bem menor do que o brasileiro (3.071 dólares, ante 8.402). O país asiático, no entanto, tem expectativa de vida de 73,7 anos (a do Brasil é de 71,7) e 90,3% de sua população adulta está alfabetizada (enquanto no Brasil, são 88,6%).Flávio Comin, assessor do Pnud, lembra também que o IDH permite a comparação de rankings de desenvolvimento humano e do PIB per capita. No caso brasileiro, o país está três posições abaixo do que seu PIB permitiria, relação inversa a de outros países latino-americanos, como Cuba (43 posições acima), Uruguai (16 lugares), Chile (15), Argentina (nove) e México (sete)."São países que deram mais prioridade à dimensão social. O Brasil já está fazendo o mesmo, mas é preciso acelerar", diz o assessor do Pnud.Comin identificou no relatório cinco áreas em que o Brasil está muito defasado em relação aos demais países de alto desenvolvimento e que, por isso, podem apressar, no futuro, a melhoria do IDH: saneamento básico, pobreza, mortalidade infantil, mortalidade materna e desigualdade.Ele cita como exemplo o fato de, entre os 20% mais pobres, a mortalidade na infância ser de, até cinco anos, 83 mortes por 1.000 nascidos vivos. Entre os 20% mais ricos, a relação é de 29 a cada 1.000."A mortalidade entre os mais pobres ainda segue um padrão africano. Nesse e em outros indicadores, ainda estamos muito distantes dos países de maior desenvolvimento humano, mas o fato de estarmos agora simbolicamente nesse grupo faz com que tenhamos obrigação de acelerar nosso progresso social", diz ele.Na avaliação de Wanda Engel, ex-chefe da divisão de Desenvolvimento Social do Banco Interamericano de Desenvolvimento e ex-secretária de Assistência Social do governo FHC, é preciso continuar investindo em políticas destinadas prioritariamente aos municípios com menor IDH e à população mais pobre.

A cupanherada mete a mão no bolso do trabalhador

Da Folha de São Paulo

Pressionado pelas centrais sindicais, o Senado pode votar hoje ou amanhã, no plenário, o projeto que regulariza a situação das entidades, derrubando a emenda aprovada pela Câmara que aboliu o desconto obrigatório da contribuição sindical.Os três relatores do projeto nas comissões do Senado -Francisco Dornelles (PP-RJ), Lúcia Vânia (PSDB-GO) e Paulo Paim (PT-RS)- fecharam acordo para levar a votação direto ao plenário.Ontem, a votação foi adiada depois que Dornelles, que relata o projeto na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos), apresentou seu parecer, mas houve um pedido de "vista" coletivo.O adiamento foi articulado pelas centrais sindicais e pelo próprio Dornelles, que querem dar preferência à aprovação do relatório de Paim, relator na CAS (Comissão de Assuntos Econômicos), por ser a versão que mais agrada aos sindicatos, mantém o imposto sindical e evitar a fiscalização dos recursos pelo TCU (Tribunal de Contas da União).O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, que também é presidente da Força Sindical, disse que as centrais estudam formas de o dinheiro do imposto ser fiscalizado pelos próprios trabalhadores.

Para manter CPMF, governo libera meio bilhão em 23 dias

Por Silvio Navarro e Adriano Ceolini
na Folha de São Paulo

Correndo contra o calendário para conseguir aprovar a prorrogação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) no Senado, o governo destinou R$ 514,3 milhões em verbas federais para atender emendas parlamentares até a última sexta-feira, valor que representa quase o triplo (197%) do liberado em outubro. Senadores acusaram a Casa Civil de cooptar votos.O detalhamento do "empenho" (compromisso de gastos) das emendas parlamentares do Orçamento aponta ainda que R$ 207 milhões foram liberados só na semana passada, segundo dados do Siafi (sistema de acompanhamento de gastos da União) coletados pelo DEM.A primeira denúncia de que o governo estaria negociando com emendas partiu de Geraldo Mesquita (PMDB-AC), que integra o grupo dos "rebeldes" do PMDB cujos votos para aprovar a CPMF são considerados incertos. Ele relatou ter sido procurado pelo subchefe de Assuntos Parlamentares da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Marcos Lima, para negociar a liberação de emendas."Um funcionário do Planalto ligou várias vezes para o meu gabinete. Depois, insistiu e foi ao meu gabinete. Eu não lhe dei essa liberdade", diz Mesquita."É tão escandaloso, que até tenho dúvida se realmente ocorreu ou se o senador [Mesquita] interpretou mal", disse Jefferson Péres (PDT-AM).A Secretaria de Relações Institucionais negou, em nota, que tenha usado a liberação de emendas como "moeda de troca" e classificou as afirmações de Mesquita como resultantes de uma "falha de comunicação". "Em nenhum momento a liberação de emendas foi utilizada como moeda de troca."A nota diz que a secretaria lamenta a "falha de comunicação" no contato com o gabinete de Mesquita. "Como o próprio senador admitiu, não houve nenhuma conversa entre o senador e o dirigente da secretaria. O dirigente da secretaria foi recebido cordialmente no gabinete do parlamentar e, como foi informado que o senador estava satisfeito com relação a suas emendas, deixou as dependências imediatamente."A pedido do presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), o corregedor da Casa, Romeu Tuma (PTB-SP), disse que abrirá investigação."O governo tem de explicar que não estamos diante de um novo caso Waldomiro Diniz", diz o líder tucano, Arthur Virgílio (AM), referindo-se ao cargo de Lima, que já foi ocupado por Waldomiro. Para o líder do DEM, José Agripino (RN) "é a evidência do uso de dinheiro público para aprovar a CPMF".O campeão de emendas empenhadas em novembro é o PMDB, com R$ 25,4 milhões -R$ 18,5 milhões só na semana passada. Maior bancada (20 senadores), o partido é vital para a aprovação da CPMF. O PTB também obteve grande desempenho: dos R$ 6 milhões, em novembro, R$ 5 milhões foram liberados na semana passada.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

No final de 2006 pensava-se em reformar a Fonte Nova

Andei fazendo uma pesquisa na internet sobre o Estádio Fonte Nova na Bahia, palco da tragédia ocorrida no domingo último quando parte da arquibancada cedeu e vários torcedores caíram da altura de um prédio de cinco andares. Oito pessoas morreram.
Bobô é o diretor da Superintendência de Desportos do Estado da Bahia (Sudesba). Ele já foi jogador. Dizem por aí que foi um grande jogador. Só vi o finalzinho da sua carreira. Bobô tem um site na internet. Achei por acaso tentando encontrar alguma matéria que mostrasse o governador da Bahia Jaques Vagner se referindo à Fonte Nova antes da tragédia acontecer. Achei no site do Bobô uma notícia com o seguinte título: “Governo vai recuperar Fonte Nova visando Copa de 2014”. Sabe quando a notícia foi publicada no site do Bobô? Dia 14 de dezembro de 2006. Para ser mais preciso às 18:01. Abaixo publico a notícia:

Fonte: ecbahia
Salvador - Mas dessa vez não será um trabalho para prender as pedras soltas das arquibancadas, as infiltrações da estrutura, ou uma simples pintura. Em janeiro de 2007, o professor Nilton Vasconcelos Júnior, futuro secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do governo Jaques Wagner, dará o pontapé inicial para incluir o estádio da Fonte Nova e Salvador nos planos da Fifa como uma das cidades sedes da Copa do Mundo de Futebol de 2014, no Brasil. Na reunião, que deve acontecer no auditório do Banco do Brasil, na Piedade, o governador Jaques Wagner vai anunciar os nomes dos demais secretários do seu governo, e o professor Nilton Vasconcelos deve confirmar o nome do ex-jogador, técnico e dirigente do Bahia, Raimundo Nonato, o Bobô, como o novo diretor-superintendente da Sudesb – Superintendência de Desportos do Estado da Bahia, órgão diretamente responsável pela administração da Fonte Nova.
Amigo pessoal e membro do mesmo Partido, o PCB, do ministro dos Esportes, o baiano Orlando Silva, o novo secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte tem a certeza de que vai contar com o apoio decisivo do governo na recuperação não só da Fonte Nova, mas de outros equipamentos esportivos em todo o Estado, para a prática do esporte.
O próprio governador Jacques Wagner, na sua última viagem à Espanha, esteve com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que não só confirmou a inclusão de Salvador como cidade sede no Mundial de 2014, desde que a Fonte Nova seja recuperada, como garantiu a volta dos amistosos preparatórios e até a possibilidade da realização de um dos jogos da Fase Classificatória do Grupo Sul-Americano na Bahia.
Só que o novo governo da Bahia literalmente não vai “meter a mão no bolso” para recuperar a Fonte Nova. O professor Nilton Vasconcelos disse que já está trabalhando em alguns projetos da sua Secretaria, e que vai recorrer ao PPP - Programa de Parceria Público-Privada, procurar a iniciativa privada para agilizar os projetos da Secretaria.
“Temos encontros marcados pra definir prioridades no investimento do esporte na Bahia, até que ponto, que programação podemos fazer em que o Ministério possa nos ajudar. Nada ainda é conclusivo, não podemos pensar só no futebol, que é importante para a Bahia, para o Brasil, mas temos de pensar nos outros esportes. Este ano o Calendário Esportivo do Estado contou com 800 eventos, variados, e uma das nossas estratégias é o Gerenciamento do Espaço, a atração de capital privado para investimento de grande porte” ressaltou o secretário Nilton Vasconcelos.

Viram? Jaques Vagner sabia sim que o Estádio da Fonte Nova não precisava apenas de uma simples pintura. Era preciso muito mais. Jaques Vagner até esteve com o presidente da CBF Ricardo Teixeira numa viagem à Espanha. Ricardo Teixeira sabia da precariedade da Fonte Nova, tanto que a reforma do estádio era a condição exigida para que Salvador pudesse sediar algum jogo da Copa de 2014. Hoje, dois dias depois da tragédia e quase um ano após a publicação da reportagem, Jaques Vagner, Bobô e Ricardo Teixeira não sabiam de nada, não receberam nenhum relatório apontando as falhas do Estádio da Fonte Nova.
A reportagem publicada no site do Bobô começa assim: Mas dessa vez não será um trabalho para prender as pedras soltas das arquibancadas, as infiltrações da estrutura, ou uma simples pintura. Ironia do destino. Se Jaques Vagner tivesse prendido bem as pedras soltas da arquibancada, se ele tivesse acabado com as infiltrações da estrutura, com certeza o Bahia não teria perdido oito torcedores no domingo passado. Uma tragédia anunciada. As televisões buscam nos seus arquivos as matérias veiculadas nos seus programas esportivos que denunciavam as precárias condições do Estádio da Fonte Nova. E aí, caro leitor? Você acha que o Brasil tem condições de sediar a Copa do Mundo de 2014? Jaques Vagner, Bobô e Ricardo Teixeira poderiam responder esta pergunta. Poderiam. Eles não respondem porque não sabem de nada, ou só sabem que nada sabem. Ah, só mais uma coisa: Jaques Vagner disse na Folha online de hoje: Todos sabem da minha inclinação em implodir a Fonte Nova, isso foi dito diversas vezes antes da tragédia do domingo. Será que no encontro com Ricardo Teixeira na viagem à Espanha Jaques Vagner disse ao presidente da CBF a sua vontade de demolir a Fonte Nova? Será que o Jaques que defende a demolição do estádio hoje é o mesmo que iria reforma para fazer de Salvador uma das sedes da Copa de 2014?