quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Lula já estuda reforma ministerial

Por Fernando Taquari Ribeiro
no Jornal do Brasil

O impasse entre PT e PMDB em torno da eleição para a presidência do Senado tem potencial para comprometer a aliança em nível nacional e a sucessão na Câmara, onde o deputado federal Michel Temer (PMDB-SP) surge como nome de consenso para as duas legendas. Preocupado com os desdobramentos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva articula para apaziguar os ânimos. Uma reforma ministerial pode ser uma das alternativas para diminuir o apetite dos peemedebistas, segundo um senador da base aliada.
Em conversas com aliados, Lu- la defende a candidatura do senador Tião Viana (PT-AC) à presidência do Senado e reconhece que a insistência do PMDB em ter candidato próprio poderá favorecer a oposição e rachar a base governista. Apesar da vontade, o partido ainda não definiu quem será o candidato. A ausência de um nome, aliás, é a principal crítica dos senadores do PT. A oposição, que também não sabe se terá candidato, admite apoiar uma eventual candidatura do senador José Sarney (PMDB-AP). No entanto, o ex-presidente não demonstra muito entusiasmo para assumir o cargo.
Para os peemedebistas, seria natural o partido ocupar a presidência do Senado, uma vez que tem a maior bancada na Casa (20). O presidente do Congresso também enxerga na proporcionalidade o direito do PMDB de ter candidato próprio.
Conhecido pela habilidade política, Tião Viana aposta num entendimento que respeite o princí- pio da alternância no poder.
– Tenho um bom diálogo com todos os partidos, inclusive, os de oposição. Por isso espero sensibilizar o PMDB a favor de um entendimento – afirma.
O petista, contudo, enfrenta a resistência da oposição e de alguns parlamentares ligados ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que não esconde o descontentamento com o fato de senadores petistas terem defendido seu afastamento do comando da Casa no ano passado, após denúncias de que teria utilizado dinheiro de uma empreiteira para pagar a pensão de sua filha com a jornalista Mônica Veloso.
Enquanto PT e PMDB divergem no Senado, deputados da base, insatisfeitos com a escolha de Temer, ameaçam a governabilidade do presidente Lula. Ciro Nogueira (PP-PI), por exemplo, garante que sua candidatura à presidência da Câmara é praticamente irreversível e não está sujeita a negociações.
– Chance zero de eu trocar a candidatura por um cargo de ministro como têm sido aventado. Até porque, se as eleições fossem hoje, eu seria o vitorioso – diz o deputado, que se lança em dezembro.
Ciro Nogueira aproveitou ainda para criticar seu provável adversário ao afirmar que Temer tem como principal objetivo, se eleito, fortalecer apenas o PMDB.
– Se vencer, será um super líder partidário. Além disso, ele quer trazer 2010 para agora. Por isso ora sinaliza para os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) e depois para o PT – argumenta o deputado, lembrando que dois tucanos são cotados para a corrida ao Planalto.
– Temer será provocado a decidir se fica com Serra ou Lula – complementa o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que também promete entrar na disputa pela Câmara Federal. – Estou costurando a viabilidade da minha candidatura. Vou no vácuo dos insatisfeitos, que estão em todos os partidos – acrescenta. Serraglio ressalta que só desistirá de pleitear o cargo se perceber que o correligionário está fortalecido no plenário.
Temer, por sua vez, garante que não está preocupado com as críticas. Também não acredita que a disputa no Senado possa interferir no resultado da Câmara.
– O PT têm dito que vai cumprir o acordo. Estou tranqüilo – destaca o peemedebista sobre o acerto feito com os petistas, em 2007, para eleger o deputado Arlindo Chinaglia.
O acordo previa o revezamento entre as duas legendas na presidência da Câmara.
– Estamos engajados na campanha de Michel Temer. A vitória dele servirá para trazer estabilidade ao governo, além de reforçar a aliança entre PT e PMDB para a sucessão do presidente Lula – afirma o líder do PT, Maurício Rands (PE). Segundo Rands, os dois partidos terão de achar um equilíbrio para evitar que a falta de consenso no Senado contamine a votação na Câmara.
Parte da oposição também caminha para apoiar Temer sob a justificativa de que vai obedecer os critérios de proporcionalidade.
– Esse foi o acordo partidário. Portanto, vamos apoiar o candidato oficial do PMDB, que é o Michel Temer – informa o líder do PSDB, deputado José Aníbal (SP). Já o DEM não opinou, pois considera cedo as discussões sobre eleições no Congresso.

Um comentário:

Ana Terra disse...

O Tarso Genro já deveria ter dançado há muito tempo se o Lula não tivesse rabo preso com ele. Não há outra explicação.

Isso só pra mencionar um dos muitos incompetentes no poder.