sábado, 3 de maio de 2008

"Um drama americano" por Roberto Pompeu de Toledo

A candidatura de Barack Obama propunha-se a superar a divisão entre negros e brancos na sociedade americana. Acabou trazendo a dicotomia negros/brancos para o coração da campanha presidencial. Propunha-se a reconciliar e unir. Ameaça exacerbar e desunir. No centro de tais desvios de rota, com potencial para destruir as pretensões do primeiro negro com chance de chegar à Presidência dos Estados Unidos, encontra-se o hoje famoso pastor Jeremiah Wright, antigo mestre e guia espiritual do candidato, e tão próximo dele que celebrou seu casamento e batizou-lhe os filhos. Eis uma história que, ao opor o pastor à sua ovelha, o mestre ao aluno, a figura paternal à figura filial, exibe um conflito de tons shakespearianos. Eis também uma história exemplar dessa singularidade americana que é a centralidade da religião na vida social e política do país.
Na semana passada, a relação Wright-Obama chegou ao ponto de ruptura. Numa entrevista em Washington, o pastor reiterou pontos de vista que, do aconchego de sua congregação, haviam escapado para a disputa eleitoral, como a afirmação de que o 11 de Setembro foi um castigo para os malfeitos praticados pelos EUA, ou que, em vez de cantar "Deus abençoe a América", o povo deveria cantar "Deus amaldiçoe a América". Wright é um reverendo à moda dos anos 60, em sua condenação intransigente dos brancos. Quando vídeos de suas pregações começaram a ser contrabandeados para o YouTube e spots na TV, Obama reagiu com grandeza. Num bonito discurso, disse que não podia condenar o reverendo mais do que podia condenar a avó branca que o criou por lhe ter confessado que tinha medo de cruzar com negros na rua. "Eu conheço o homem", disse de Wright. "O homem que encontrei há mais de vinte anos é o homem que ajudou a me introduzir na fé cristã, que me falou da obrigação de amar-nos uns aos outros, de cuidar dos doentes e de socorrer os pobres." Na semana passada Obama não conhecia mais o homem. Depois da entrevista do reverendo, convocou a imprensa para dizer-se indignado e condenar a pregação do pastor como "divisiva e destrutiva".
O atual presidente dos EUA, George W. Bush, inicia as reuniões com uma prece. A candidata Hillary Clinton retrata-se como fiel observante da fé metodista. Contra uma Europa cada vez mais atéia ou indiferente à religião, os EUA são a negação da tese de que, quanto mais prósperos e instruídos os países, menos lugar terá a fé em suas sociedades. Ao mesmo tempo, a religião divide os americanos. A hora mais segregada da vida no país, disse Obama naquele discurso, e repetiu Wright na entrevista, é o domingo de manhã. É hora de ir ao culto religioso, e nisso negros e brancos não se misturam. Já se misturam nas escolas, no trabalho e nos bairros; não na igreja. Na singular sociedade americana, pobre de quem não exibir seu amor a Deus, mas que o faça no lugar certo. Mesmo para um negro tão conciliador como Obama não haveria refúgio senão numa igreja de negros, e as igrejas de negros freqüentemente produzem os Wright.
Obama, mais que outros políticos, tinha razões para proclamar sua fé e exibir seu pastor ao eleitorado. Suspeitava-se que fosse um muçulmano enrustido. Muçulmanos foram seu pai e o padrasto, assim como as escolas que freqüentou na Indonésia, país em que passou parte da infância; se já era difícil ser negro e querer a Presidência, que dizer se fosse negro e muçulmano? O reverendo Wright desempenha papel decisivo na autobiografia que Obama escreveu, Dreams from My Father. O título de um sermão de Wright, The Audacity of Hope, foi repicado no título de outro livro do candidato. O pastor o acompanhou em aparições públicas, no início da carreira. Tais circunstâncias tornam mais dramático o rompimento. O pai de Obama divorciou-se da mãe quando ele tinha 2 anos e até morrer, quando ele tinha 20, foi alguém de quem só teve notícias distantes. O papel que ele atribui a Wright em sua vida está perto do de um pai substituto.
Obama disse que o que mais lhe doeu, na entrevista do pastor, foi a afirmação de que ele, Obama, adotava as posições que adota por cálculo político: "Isso me desrespeita e insulta o que tenho tentado nesta campanha". Wright afirmara que políticos, como Obama, agem sob o comando das sondagens e dos cálculos eleitorais. Já ele próprio, como pastor, obedece a um único comando, o de Deus. Wright é um espiroqueta que já cometeu a sandice de dizer que o governo americano espalhou o vírus da aids para contaminar os negros. Exibe a doença da megalomania e recai no pecado da soberba ao se declarar detentor da verdade contra as falsidades acomodatícias dos políticos. Mas essa sua declaração tem um mérito; ela ressalta o fosso entre o relativismo que rege o mundo da política e o absoluto em torno do qual se estrutura a religião. Misturar as duas coisas dá curto-circuito. A cultura política americana, ao permiti-lo, abre o flanco para acidentes fatais como a trombada entre Obama e seu antigo pastor, guia e pai de reserva.

"O que eles querem é imprensa nenhuma" por Reinaldo Azevedo

O caso Isabella virou metáfora. Em certos círculos, as notícias sobre o assassinato bárbaro da menina tornaram-se símbolo dos "exageros" cometidos pela "mídia" – empregam essa palavra em vez de "imprensa". Veremos por quê. Não por acaso, os críticos mais severos contam-se entre os esquerdistas em geral e os petistas em particular. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, resistiu em silêncio por longos 28 dias, mas não se conteve e comentou o assunto, com uma ponderação de aparente bom senso e falsa obviedade acaciana: "O que eu acho grave é que, mesmo que o casal seja inocente, eles já estão condenados. Eu acho que é preciso tomar um cuidado muito grande ao tratar essas questões, porque são vidas que estão em jogo, e vidas destruídas que dificilmente se recuperarão".
Há similaridade entre o que diz Lula sobre o pai e a madrasta, acusados do assassinato, e o que ele próprio já afirmou sobre os mensaleiros, os aloprados e a turma do dossiê da Casa Civil. Fiquemos numa entrevista famosa, concedida a Pedro Bial, no dia 1º de janeiro de 2006, no Fantástico: "Eu, Pedro, baseio a minha vida em achar que todo mundo é inocente até que se prove o contrário. Então, todo mundo merece a chance de ser inocente até que se investigue e se prove que ele é culpado". É preciso lembrar quem estava sendo carregado nesse andor da santidade legalista. Segundo o procurador-geral da República, são quarenta pilantras, muitos deles "quadrilheiros".
Sim, metáfora. As críticas ao trabalho da imprensa no caso Isabella carregam, não raro, o rancor e a má-fé dos que pretendem tratar a República como assunto privado, ao abrigo da curiosidade do "povo", visto como um bando de linchadores, e do escrutínio da opinião pública. Não me espanta esse viés demofóbico da esquerda, essa repulsa ao populacho. Para ela, povo bom é aquele organizado nos ditos "movimentos sociais", a aristocracia militante dos "sem-isso-e-sem-aquilo". Já essa gente sem causa, que cobra justiça nas ruas, o vulgo, merece é chicote. Compreende-se que a demofobia esquerdista tenha resultado, na história, em "democídio" – se me permitem o neologismo.
Estaria eu questionando o princípio da presunção de inocência, descoberto tardiamente pelo PT, só depois de ter chegado ao poder? Eu não! Sou aborrecidamente legalista, a tal ponto que a lei é, para mim, num ambiente democrático, o núcleo da distinção entre direita e esquerda. Esquerdista é quem acredita que a "legitimidade" de uma causa social, que é sempre a causa de um grupo, justifica a transgressão legal. Para um direitista, o desrespeito aos códigos democraticamente estabelecidos é inaceitável e resulta em mais injustiça. Volto ao ponto: a presunção de inocência, se ao abrigo da apuração jornalística e da livre circulação de informações, degenera em impunidade. No caso Isabella, a imprensa não inventou os incríveis treze minutos em que tudo teria acontecido nem "plantou" as marcas da rede na camiseta do pai ou a pegada de seu chinelo no lençol. O jornalismo também é inocente dos saques no Banco Rural, do depósito feito na conta de Duda Mendonça no exterior, da mala de dinheiro ilegal dos aloprados ou do dossiê feito pela Casa Civil.
Pobre povo! Se, dadas as informações, estivesse impedido de fazer certas deduções, mal conseguiria botar o nariz fora da porta sem ser atropelado. Precisamos atravessar a rua e vemos um carro a distância. O cérebro executa operações que cumprirão algumas leis da física, sejamos ou não colhidos pelo veículo. Mas não ocorre a ninguém declarar a rua território exclusivo dos físicos. E isso não implica dispensar o conhecimento especializado para distinguir o fato das falsas evidências. Seja na cobertura da morte de Isabella, seja na apuração dos desmandos dos petralhas, a imprensa cumpre o seu papel: informar.
Estranho seria um povo que não se comovesse ou não se indignasse. Volta e meia, em meu blog, lembro a frase do dramaturgo latino Terêncio (185 a.C.-159 a.C.): "Homo sum: humani nihil a me alienum puto" – "Sou homem; nada do que é humano me é estranho". Haverá adormecido em cada um de nós um infanticida em potencial, um corrupto, um demagogo, um autoritário? Tendemos a censurar com veemência aquilo que, no íntimo, tememos? É bem possível. Mais do que isso: é provável. Quando alguém nos xinga de "filho da outra", o que mais nos ofende? O agravo à nossa mãe ou a percepção primitiva de que, de fato, ela um dia nos traiu? Sou sensível a essa investigação, digamos, psicanalítica dos eventos. Mas também é fato que a maioria de nós aprendeu, felizmente, a reprimir a besta. E, por isso, numa manifestação que nada tem de patológico – ao contrário: é prova de saúde social –, queremos afastar do convívio os que cederam a seus demônios íntimos. Porque, de fato, eles nos ameaçam. Sem repressão, estaríamos nas cavernas. A moral complexa da civilização não perdoa a idade da pedra da nossa formação psíquica. Ainda bem!
A crítica ao comportamento do jornalismo no caso do infanticídio trai a repulsa a um dos aspectos mais virtuosos da democracia: a liberdade de informação. E só por isso, diga-se, emprega-se "mídia", um termo que já virou um fetiche, em vez de "imprensa". A palavra, do inglês "media", ganhou notoriedade nos anos 60. Mundo ocidental afora, os "revolucionários" das universidades resolveram desconstruir os "mass media", os "meios de comunicação de massa", entendidos como severos monstros da dominação ideológica, a serviço, claro, do hediondo capitalismo e da banalização das verdades superiores da humanidade. Para os maoístas de Paris ou para os pós-marxistas de Frankfurt – passando pela ditadura soviética –, a "media" era a expressão da falsa consciência, manipulando as massas e afastando-as de seus reais desígnios. Quais desígnios? Se os esquerdistas descobriram, mantiveram a coisa em sigilo. Ninguém sabe até hoje. Nota: cumpre lembrar que só os comunistas dos países livres se dedicaram à tarefa de desconstruir a "mídia". Os comunistas dos países comunistas estavam empenhados em censurá-la.
Não estou entre aqueles que querem fazer o mundo andar para trás. Boa parte das críticas ao jornalismo contribuiu para que ele aprimorasse seus instrumentos de apuração e reduzisse suas margens de erro, embora a patrulha esquerdopata tenha imprimido para sempre a sua marca politicamente correta na imprensa, sempre tão disposta a condescender com os oprimidos de manual, conforme reza a cartilha do marxismo chulé que empesta as faculdades.
Mas a minha condescendência não alcança a vigarice dos que, sob o pretexto de defender uma imprensa propositiva, menos sensacionalista e mais objetiva, pretendem, de fato, é tê-la sob o cabresto dos interesses do estado, do governo ou de um partido. Na década de 70, a ditadura militar proibiu as notícias sobre uma epidemia de meningite. Hoje, acusa-se a "mídia" de fazer estardalhaço com a dengue, com um acidente aéreo ou com o assassinato de uma menina. O ímpeto é o mesmo: a censura. Se não a aplicam, é porque não podem, não é porque não queiram.
Dada a impossibilidade, o poder e seus esbirros recorrem, então, à intimidação, apontando supostas contradições entre o interesse público e os interesses "da mídia", que passa a ser demonizada como um antro de conspiradores. Fingem querer uma imprensa melhor. O que eles querem é imprensa nenhuma. Que Isabella, sem metáfora, descanse em paz, livre de qualquer exploração oportunista, com seus assassinos na cadeia. A punição de homicidas e ladrões faz do mundo um lugar melhor. E faz de nós homens melhores. Porque estaremos dizendo a nós mesmos: "Somos diferentes deles". E nós somos.
Quanto aos exageros da liberdade de imprensa, vamos coibi-los. Com mais liberdade de imprensa.

"Eu sou BBB- Você é BBB-" por Diogo Mainardi

Gilberto Freyre chegou perto. Bem mais perto do que Caio Prado Júnior e Sérgio Buarque de Holanda. Em todas as suas obras, eles se dedicaram a interpretar o Brasil. Mais do que isso: eles se empenharam em definir o Brasil. E fracassaram. Quem finalmente realizou o feito foi a Standard & Poor’s. Seus analistas acabam de definir o Brasil como BBB-. O país cabe inteirinho nessa nota. Pode jogar fora aquela sua cópia surrada de Casa-Grande & Senzala. O debate nacional está encerrado. O Brasil é BBB-. Eu sou BBB-. Você é BBB-. Um dia, com certa dose de sorte, poderemos nos tornar BBB+.
Pelos critérios da Standard & Poor’s, o Brasil é um bom pagador. O fato de ser classificado como BBB- equivale a ter o próprio cadastro aprovado no crediário do Ponto Frio. Já dá para comprar um freezer a prazo no mercado financeiro mundial. Depois de obter o reconhecimento internacional, o Brasil foi tomado por uma onda de euforia. O assunto contaminou todos os debates. Um professor de medicina da Universidade Federal da Bahia declarou que o batuque do Olodum é um exemplo de primarismo musical. O presidente do Olodum reagiu comparando-o a Adolf Hitler, e acrescentou que o grupo, como o Brasil, tem sua "qualidade reconhecida internacionalmente". Isso significa que, numa hipotética Standard & Poor’s da música, o primarismo do Olodum estaria na categoria BBB-.
Se o risco de tomar um calote por aqui diminuiu, o risco de tomar um tiro na testa continuou igual. No mesmo dia em que os jornais comemoravam o BBB-, conferido pela Standard & Poor’s, O Globo publicou uma reportagem sobre os 18.000 cadáveres recolhidos todos os anos das ruas do estado do Rio de Janeiro. Em média, cada cadáver demora sete horas para ser recolhido pelo Corpo de Bombeiros. Esse também é um bom critério para classificar os países: o grau de naturalidade com que se relatam os horrores cotidianos. Em 23 de abril, O Globo deu a seguinte notícia, escondida numa página interna, num bloco de 7 por 7 centímetros:
"Parte do corpo de uma mulher foi queimada ontem em plena Avenida Brasil, na altura de Guadalupe. Segundo testemunhas, homens trouxeram o corpo da Favela da Eternit. A mulher teve cabeça, braços e pernas arrancados. O tronco, então, foi colocado dentro de pneus para que os bandidos ateassem fogo".
Depois disso, nada mais. A mulher esquartejada e incinerada sumiu do noticiário. Ninguém se espantou com sua morte. Ninguém tentou interpretá-la. Pode jogar fora seu Gilberto Freyre. Pode desmembrá-lo, colocá-lo dentro de pneus e atear-lhe fogo. O Brasil é ainda mais rudimentar do que ele supunha. Nosso primarismo é ainda mais bestificante. Aqui só resta um Olodum mental, um dum-dum-dum mental.

S&P cobra reformas e aperto fiscal

Por Carolina Ruhman
no Estado de São Paulo

Para continuar a subir na escala das notas de crédito de risco da agência de classificação de risco Standard & Poor?s, o Brasil precisará perseguir reformas econômicas que contribuam para a redução da dívida pública, afirmou ontem a diretora para ratings soberanos da agência, Lisa Schineller. Em uma entrevista concedida a analistas e jornalistas para falar sobre o status de grau de investimento concedido ao Brasil na quarta-feira, Lisa afirmou que, apesar da relação entre a dívida e o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil estar na casa dos 47%, sete pontos porcentuais acima do nível considerado ideal para um país com grau de investimento, o Brasil obteve a classificação em razão do aumento da confiança dos investidores "na capacidade e disposição do governo de reduzir esta dívida". A diretora da S&P?s defendeu políticas que reforcem um declínio na relação dívida/PIB, destacando que a recomposição dos gastos e a redução em algumas despesas poderiam levar a uma forte redução da dívida. "Seja uma reforma da Previdência Social, seja uma reforma mais profunda em direção a outros tipos de composição de gastos governamentais", citou. Lisa considerou "uma proposta forte" o projeto de reforma tributária que está sendo discutido no Congresso.. Em sua visão, a reforma "aumentaria a eficiência e as perspectivas econômicas" do País, contribuiria para diminuir a dívida e ainda poderia melhorar as perspectivas de investimentos no País.Pelas suas previsões, no entanto, o declínio na relação dívida/PIB será "muito lento". "A política fiscal brasileira é expansionista", disse, enfatizando que a expansão na arrecadação e o ambiente econômico têm facilitado as altas taxas de gastos. Ela reconheceu, contudo, que "políticas para estimular ainda mais o crescimento também podem contribuir para a redução da dívida como porcentual do PIB."Lisa reconheceu a "forte necessidade" de investimentos em infra-estrutura no País e destacou a importância da participação do setor privado para evitar o aumento do gasto público.
CRESCIMENTO LENTO
Para Lisa, a taxa de crescimento do Brasil está mais forte do que era até recentemente, mas o ritmo ainda é fraco quando comparado ao de outros países emergentes. "Nós acreditamos que claramente houve um aumento nos gastos, acompanhado de um aumento na arrecadação. Isso não é algo que simplesmente aconteceu nos últimos dois anos, isso tem sido uma tendência dos últimos dez anos e não é algo que deve mudar rapidamente", disse. A diretora da agência de ratings afirmou que prevê uma desaceleração no ritmo de crescimento da arrecadação e, se isso se confirmar, "o crescimento dos gastos também deve desacelerar". Ela ressaltou que este é um "componente chave que nós incluímos em nosso conceito de uma abordagem pragmática de política progressiva".

Ministro leva 5 assessores e sogros a feira de TV nos EUA

Por Daniel Castro
na Folha de São Paulo

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, levou a mulher, cinco assessores e os sogros a uma feira de televisão em Las Vegas (EUA), a NAB 2008, no mês passado. O ministro e os assessores tiveram suas despesas pagas pelo governo -foram R$ 83.500 em diárias e passagens. O governo enviou ainda um assessor técnico do Ministério do Desenvolvimento.O sogro, Silvério Galvão, e a sogra, Rhamanita Xavier, viajaram em um pacote promocional da Aesp (Associação das Emissoras de Rádio e Televisão de São Paulo), a "sucursal paulista" da Abert (a associação nacional dos radiodifusores).Os pacotes eram exclusivos para emissoras de rádio e custaram cada um entre R$ 2.700 e R$ 4.000, segundo a Aesp. O ministro e seus assessores gastaram em média R$ 14 mil cada um com diárias e passagens.O pacote da Aesp dava direito a passagens de classe econômica pela Delta Airlines e cinco diárias (de 13 a 17 de abril) no hotel e cassino Planet Hollywood. A Aesp divulgou que levou 353 pessoas à NAB 2008.Reservadamente, radiodifusores ouvidos pela Folha afirmam que a Aesp pagou passagens e estadias dos sogros de Hélio Costa, como uma compensação pelo fato de o ministro ter prestigiado eventos da entidade em Las Vegas.A Aesp negou que tenha pago as despesas de Rhamanita Xavier, mãe da mulher do ministro, Ana Carolina Xavier Costa, e de Silvério Galvão, padrasto dela. Confirmou apenas ter custeado as despesas de "12 ou 14" deputados federais, segundo seu presidente, Edilberto de Paula Ribeiro. Em nota, o ministério afirmou que as despesas de Rhamanita e Galvão foram custeadas pelo casal.Ribeiro admitiu que, embora os sogros de Hélio Costa não sejam radiodifusores, eles viajaram na quota de uma rádio de Minas Gerais (ele não informou qual). Segundo ele, cada emissora tem direito a quatro pacotes. "Alguma emissora os inscreveu", afirmou.A funcionária da agência de viagens (Advance) que negociou os pacotes da Aesp disse que só intermediou a operação e que não sabe quem pagou o quê. Ribeiro, da Aesp, sustenta que os sogros de Costa pagaram diretamente à entidade.Perguntado se teria como comprovar o pagamento das despesas por parte dos sogros, o presidente da Aesp afirmou: "Onde vocês querem chegar? Querem entrar na contabilidade de uma entidade de classe que tem 75 anos?"Ribeiro diz não ver nenhum problema ético em parentes do ministro das Comunicações tirarem proveito de benefícios de uma entidade de radiodifusores. "Eu, por exemplo, levei meu sogro e minha sogra também. É um direito meu. Tenho direito a quatro pacotes, estou pagando por isso."
Assessores
Quase toda a cúpula do ministério foi à NAB, promovida pela National Association of Broadcasters, a Abert dos EUA. Dos três secretários, apenas o executivo não foi. Viajaram os secretários de Telecomunicações (Roberto Pinto Martins) e de Comunicação Eletrônica (Zilda Beatriz Silva de Campos Abreu), o consultor jurídico (Marcelo Bechara), o diretor de outorgas (Carlos Alberto Freire Resende) e o assistente Edno Fernandes Aguiar.Radiodifusores ouvidos pela Folha dizem que Edno Aguiar foi visto em Las Vegas atuando como motorista dos sogros, que são pessoas idosas.

Lupi diz que não põe mão no fogo pelo "inocente" Paulinho

Por Janaina Lage
na Folha de São Paulo

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse ontem que "prejulga" a inocência do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, acusado de participar do esquema de desvio de parte dos empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). "Como ele nem réu é ainda, eu prejulgo a inocência."Apesar disso, ao ser questionado se colocaria a mão no fogo pelo colega de partido, Lupi replicou: "Mão no fogo qualquer um que coloca pode se queimar. Não coloco a mão no fogo em nenhum processo da minha vida cotidiana, até porque sei o que é a queimadura do fogo".O ministro afirmou que, após o evento para comemoração do dia 1º de Maio, conversou com Paulinho, que afirmou não ter nada a ver com o episódio e não saber do que é acusado.Na semana passada, a Polícia Federal deflagrou a Operação Santa Tereza, que investiga o desvio de parte dos recursos de empréstimos do BNDES para prefeituras e empresas.Relatórios da PF atribuem a Paulinho um plano para criar "um escândalo" que pudesse atingir o prefeito Gilberto Kassab (DEM-SP) e o então secretário municipal do Trabalho, Geraldo Vinholi (PDT-SP). Durante as comemorações do 1º de Maio, Paulinho disse saber "menos do que os jornalistas" sobre a investigação.Lupi evitou comentar diretamente o episódio. "Enquanto esse processo não tiver todo o trâmite, eu me nego a acusar quem quer que seja. Não sou tribunal de inquisição", disse.Para o ministro, o episódio não prejudica a representação dos trabalhadores no conselho de administração do BNDES. O advogado Ricardo Tosto, membro do conselho indicado pela Força, é acusado de usar o cargo para influenciar a liberação de empréstimos. "Também sou conselheiro do BNDES, não sei qual poder o conselheiro pode ter para fazer isso porque não mexe no dia-a-dia da administração do BNDES."
PDT
A Executiva Nacional do PDT vai convocar uma reunião na próxima semana para discutir as denúncias. O presidente nacional da legenda, deputado Vieira da Cunha (RS), disse que Paulinho será chamado a prestar esclarecimentos."É evidente que há uma situação incômoda", disse ele.O presidente do PDT disse que a reunião da executiva será fundamental para esclarecer parte das dúvidas e ouvir as explicações de Paulinho."Tenho certeza que o deputado Paulo Pereira vai querer falar sobre o assunto e nós estamos dispostos a ouvi-lo", afirmou Vieira da Cunha.Ele disse causar "estranheza" o fato de o ministro Tarso Genro (Justiça) negar que a operação tenha investigado parlamentares, enquanto há denúncias sendo publicadas na imprensa atribuídas à PF. "Queremos esclarecimentos sobre o que de fato ocorre."

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Tudo legal

Lula experimentou 17 bonés de pilotos da Stock Car que fizeram uma visita ao Palácio da Alvorada no dia de hoje. Ele lembrou da vez em que colocou um boné do MST na cabeça e do bafafá que deu depois. Será que agora [os jornalistas] vão ter argumento para me criticar? Claro que sim. É para criticar o presidente da República que coloca na cabeça um boné representativo de um grupo de pessoas que toca o terror nas áreas rurais Brasil a fora. Um grupo de pessoas que não é reconhecido pela legislação brasileira. Mas, como vemos, tudo é legal para Lula. É legal até apoiar quem é ilegal.

Como sempre Emir Sader estava errado

Estou lendo algumas reportagens publicadas pela Folha de São Paulo em 1994. Leio um artigo escrito por Emir Sader. O Plano Real, colocado em prática às vésperas das eleições, levava já no seu bojo a concepção instrumentalista, eleitoreira e irresponsável que as confissões do ex-ministro Ricupero explicitavam. A estabilização da moeda é impossível em alianças estreitas com todos os banqueiros, com os dois partidos que representam o próprio fisiologismo ao longo dos anos no Brasil, com uma política que multiplica a dívida interna e renegociou em condições desvantajosas para o país a dívida externa. Pois é. Como sempre Emir Sader estava errado.

Lula e o Plano Real

Lula sobre o Plano Real durante a campanha presidencial de 1994: Não acredito em plano econômico feito em época de eleição. Será que, sem o Plano Real, o presidente Lula poderia comemorar o grau de investimento recebido pelo Brasil nesta semana?

Blogger voltou

Uffffffaaa!!!
O Blogger resolveu trabalhar!

Meirelles pro governo de Goiás?



O Blogger continua parado e eu vou tocando a vida. Como é que é? O Blog do Josias de Sousa na Folha online fala que Henrique Meirelles quer ser candidato ao governo de Goiás em 2010? Imagino a disputa. Imagino Meirelles, Íris Rezende e Marconi Perillo brigando entre si pelas chaves do Palácio das Esmeraldas.
Mas nem tudo são flores. Em 2004 a revista Veja trouxe algumas denúncias contra o banqueiro central brasileiro. A capa da revista que denunciava Meirelles é esta aí acima. Será que ele já respondeu a cada uma das denúncias? Sei lá. Até 2010 tem muito chão pela frente e coisas podem surgir para apimentar ainda mais a próxima sucessão estadual.

O herói sem vergonha em Goiânia

Roberto Jefferson estará em Goiânia no dia 15 próximo. Vai dar uma palestra na OAB. Será que a petêzada vai fazer barulho na porta da sede da instituição? Será que vão defender Delúbio Soares? Daí eu lembro daquela música que o pessoal do Pânico na TV coloca de fundo quando encontra com o aprendiz de cantor: É ladrão que não acaba mais/ É ladrão que não acaba mais/ Você vê ladrão quando olha pra frente/ Você vê ladrão quando olha pra trás.

Blogger não atualizado

Vejo que os posts que mandei ontem e hoje estão registrados no Painel do Blogger, mas não aparece na visualização do blog. Vamos aguardar. Enquanto isso continuo escrevendo.

''Sindicalismo nunca dependeu tanto do Estado''

Por Roldão Arruda
no Estado de São Paulo

O pesquisador Ricardo Antunes, professor titular de sociologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), analisa questões relacionadas à organização dos trabalhadores desde os anos 70 e é um dos especialistas mais respeitados nessa área no Brasil. Para ele, o sindicalismo brasileiro atravessa um momento "triste", com uma dependência da máquina do Estado que não se via desde os tempos do getulismo - quando os sindicatos livres foram suprimidos. Segundo Antunes, o governo atrai a cúpula dos sindicatos, federações e também centrais sindicais com convites para cargos no governo e a manutenção do imposto sindical - que no passado foi condenado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligada ao PT. Ele chega a dizer que está ocorrendo um processo de estatização sindical, ou reestatização, já que repete a fórmula getulista.


O governo Lula conta com apoio de quase todas as centrais sindicais, incluindo a Força Sindical - ex-arquiinimiga do PT, o partido do presidente. Como o senhor vê isso?

Os dirigentes sindicais estão muito satisfeitos. Nos festejos do 1º de Maio, o governo teve palanque tanto na festa da CUT quanto na festa da Força. Isso configura o triste caminho que atravessamos: o da reaproximação entre o Estado e os sindicatos - cada vez mais servis e incapazes de organizar os trabalhadores de modo autônomo. Está em curso um processo de reestatização sindical no País. Desde o getulismo, as centrais sindicais nunca dependeram tanto do Estado para sobreviver quanto dependem agora.

Como ocorre na prática essa reestatização da qual o senhor fala?

De um lado o governo fortaleceu e ampliou o imposto sindical, estendendo-o até as centrais sindicais, que antes não participavam dessa bolada; e do outro ampliou a presença de líderes sindicais no aparelho do Estado. Hoje temos uma somatória significativa de ex-dirigentes sindicais em ministérios, secretarias, conselhos de empresas estatais e ex-estatais que foram privatizadas.

O senhor esperava que o imposto sindical fosse mantido e até ampliado, como aconteceu?

Quando Lula ganhou as eleições presidenciais foi possível supor que antigas bandeiras da CUT fossem, enfim, vingar. Entre elas estavam o fim do imposto sindical, o aumento do autonomia dos sindicatos e o maior distanciamento entre eles e o Estado. Mas ocorreu o contrário. A recente decisão do governo de incluir as centrais na divisão do bolo do imposto sindical, com uma fatia de 10%, seria inimaginável 15 anos atrás. O que se observa é que os recursos estatais - entre eles o FAT, o imposto sindical e outros - vão se tornando fundamentais para a manutenção da vida nas centrais sindicais. Ao invés de se ampliar a autonomia, ampliou-se a presença do Estado. Nos anos 90, quando surgiram, a CUT e a Força não dependiam do imposto sindical.

Qual a relação entre a situação atual e a ocorrida no governo de Getúlio Vargas?

Com o getulismo iniciou-se no Brasil um processo de sindicalismo de Estado, consolidado com a criação da CLT, em 1943. O processo tinha vários pilares, entre os quais a unicidade sindical: a categoria podia ter só um sindicato para representá-la. Era impossível, por exemplo, a existência de dois sindicatos dos metalúrgicos em São Paulo. Outro pilar foi o imposto sindical, obrigatório desde 1939. Embora seu nome seja contribuição sindical, trata-se de imposto - porque é compulsório e atinge todos os trabalhadores, sindicalizados ou não. Vale notar ainda que no getulismo só o Ministério do Trabalho podia autorizar o funcionamento de sindicatos. Com esse recurso o governo travou a ação das organizações mais combativas, que eram quase sempre anarcossindicalistas. Por fim, o sindicalismo tornou-se fortemente assistencialista - para suprir a ausência dos sindicatos mais combativos.

Mas isso mudou com a Constituição de 1988, não?

Sim. O enquadramento dos sindicatos pelo Ministério do Trabalho deixou de existir, o assistencialismo foi reduzido, mas a unicidade sindical e o imposto foram mantidos.

Voltando a Getúlio, o senhor não acha que ele também fez concessões aos trabalhadores?

Getúlio fez concessões, reprimiu e manipulou. À medida que a legislação trabalhista foi sendo estabelecida, com o salário mínimo, redução da jornada de trabalho, estabelecimento do descanso semanal, o getulismo definiu que só poderia ter acesso a esses direitos pessoas filiadas ao sindicato oficial - reconhecido pelo governo. Era mais um passo para reprimir os sindicatos independentes e combativos. Getúlio passou para a história como o pai dos pobres, mas na verdade foi a mãe dos ricos.

Lula também tem ligação forte com os mais pobres - como mostra o crescimento de sua popularidade.

O "ibope" do presidente sobe porque ele fala e os pobres entendem. Mas o governo dele é multiclassista. A cúpula sindical, depois que ganhou maior inserção estatal, lhe dá sustentação; e entre os setores do grande capital não tem nenhum descontente com a política econômica. Enfim, garante a boa vida dos ricos, garante espaço para as lideranças sindicais e aumenta sua base nas classes pobres.

São esses pobres que garantem sua popularidade?

Vale registrar a migração que houve no governo Lula em relação à sua base de sustentação. Ela foi transferida dos trabalhadores organizados, assalariados e funcionários públicos, para a classe trabalhadora mais pauperizada, que vive de trabalhos esporádicos, sub-remunerados, nos grotões do País. Migrou de uma classe politizada para outra que depende do Estado para obter uma ração mínima.

São 11 milhões de famílias.

Sim. São quase 60 milhões de pessoas que perceberam que a política assistencial do Lula é mais ampla que a dos governos anteriores. O governo de Getúlio tinha traços de semibonapartismo, carisma e a imagem de pai dos pobres. O atual governo também tem traços de semibonapartismo, combinados com certo messianismo.

Como se manifesta o semibonapartismo de Lula?

Embora tenha origem na classe trabalhadora, o governo Lula representa as classes dominantes. E representa plenamente, sem delas fazer parte. Isso ocorre em diversos momentos ao longo da história, quando os de cima recorrem a um governo alternativo para garantir a ordem, uma vez que enfrentam dificuldades para fazer isso por conta própria. No caso brasileiro, os que mais se aproximaram do bonapartismo foram Vargas, Jânio Quadros e, agora, Lula, que tem carisma, conta com apoio policlassista e cuida de preservar a ordem. Ele é um paladino da ordem.

Lula cria conselho do PMDB para evitar que partido fuja da base

Por Tânia Monteiro, Christiane Samarco e Rui Nogueira
no Estado de São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu criar uma espécie de conselho permanente do PMDB para consultas políticas regulares entre o Planalto e a cúpula partidária e para tentar, apesar das desavenças provocadas com a disputa pelas prefeituras, segurar os peemedebistas na base aliada.Depois do que ocorreu em São Paulo e do que está acontecendo em Salvador, Lula tem medo de que o PMDB fuja por completo da base nas eleições municipais de outubro e, por ser uma legenda de poderes regionais, não dê mais "cola político-eleitoral" nem para os governos estaduais nem para a sucessão presidencial de 2010.A primeira reunião informal do conselho do PMDB foi realizada na manhã de quarta-feira, no Planalto, em um encontro extra-agenda oficial. Estavam lá, além do presidente, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, que desembarcara em Brasília de madrugada, depois de uma viagem a Quito (Equador); o deputado Michel Temer (SP), presidente do PMDB; o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN); e o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira. Ficou acertado que o conselho peemedebista vai ser integrado por Temer, Jobim, Alves e o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (BA).Na reunião de anteontem, apesar de dizer o tempo todo que vai trabalhar por um candidato único da base aliada à sua sucessão, Lula sentiu, diante da sinceridade dos interlocutores peemedebistas, que essa tarefa política tem contornos de missão impossível.Em resposta às idéias gerais para alinhavar, desde já, um futuro político comum entre PMDB e PT, o presidente só ouviu más notícias, que podem ser resumidas em pelo menos três constatações.
PROJETO
Lula disse que era preciso pensar em um projeto nacional para incluir o PMDB e ouviu que isso é uma tarefa difícil de se concretizar porque o partido exige outro tipo de abordagem. O que os peemedebistas querem saber é o que o poder regional do PMDB ganha com a articulação política nacional. O presidente foi aconselhado a esquecer a idéia de que os poderes regionais do PMDB se submeteriam aos interesses de uma candidatura nacional.Ele também ouviu que o PT é um mau parceiro em matéria de alianças. Enquanto o PMDB apóia candidatos petistas em pelo menos oito capitais (Belém, Curitiba, Fortaleza, Maceió, Natal, Teresina, Vitória e Porto Velho), o PT, só com muito esforço, aceitou apoiar a candidatura de Iris Rezende (PMDB) na disputa à Prefeitura de Goiânia. A decisão petista a favor de Iris saiu por diferença de um voto numa convenção em que o placar final foi 116 a 115.Os peemedebistas ainda lembraram a Lula o que está acontecendo em Salvador, cidade onde o PT não apóia o candidato do PMDB e lançou quatro pré-candidatos petistas.
PT REGIONAL
Na opinião dos líderes do PMDB, o partido não pode, agora, fechar acordos para 2010 ainda que o presidente Lula se diga avalista dos acertos. O PMDB acredita que o PT pós-Lula guarda semelhança com a história do MDB depois da redemocratização, quando a frente partidária anti-regime militar se transformou em uma confederação de feudos regionais que nunca ganhou a Presidência da República em eleições diretas, mas é campeã nas eleições municipais, amealhando o maior número de prefeituras e vereadores Brasil afora.Segundo resumiu ao Estado uma das lideranças do PMDB que estiveram com o presidente, Lula e o lulismo são maiores do que o PT e o petismo. Assim, a máquina partidária petista quer se consolidar nas eleições municipais por saber que esse seria o antídoto contra a eventual perda do poder federal.O presidente Lula ficou preocupado com a desenvoltura com que o DEM, em São Paulo, abordou o ex-governador Orestes Quércia, que domina o PMDB regional, e o transformou em aliado preferencial do candidato à reeleição Gilberto Kassab (DEM). E mais incomodado ficou com as declarações posteriores de Quércia, dizendo que "o País precisa mudar o governo do PT" e hoje "só existe a alternativa Serra para derrotar o governo Lula". O PMDB do conselho minimiza essa situação e argumenta que "é uma coisa paulista".

"Sei menos do que a imprensa", diz deputado

Na Folha de São Paulo

O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, disse ontem saber "menos do que os jornalistas" sobre a investigação da Polícia Federal que atribui a ele um plano para tentar atingir o prefeito Gilberto Kassab (DEM-SP) e que detectou um suposto esquema para fraudar o BNDES."Eu pedi aos meus advogados para, assim que aparecesse meu nome nos jornais, eles fossem até a Polícia Federal. Infelizmente, não deram a eles o que deram a vocês. Tive de tirar fotografia das páginas, 39 no total. Nelas, o nome de Paulinho é citado uma vez e "PA" uma vez. Portanto, eu sei menos do que vocês sobre o caso."Essa foi uma das raras declarações de Paulinho sobre as investigações da Operação Santa Tereza, durante a festa da Força Sindical pelo 1º de Maio, na manhã de ontem, em São Paulo. Quase sempre, ao ser questionado pelos jornalistas, ele se negava a responder. "Não vou falar de coisas que eu não sei."Relatórios da PF entregues à Justiça descrevem as articulações de Paulinho para tramar "um escândalo" a fim de atingir Kassab, candidato à reeleição, e seu então secretário de Trabalho, Geraldo Vinholi -que deixou o cargo em 7 de março.A operação da PF começou, em dezembro passado, a investigar uma casa de prostituição na capital paulista e detectou um suposto esquema para desvio de recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).Questionado sobre Kassab, Paulinho respondeu: "Essa é uma invenção da Folha de S.Paulo". A Folha teve acesso às cerca de 850 páginas que formam o inquérito e que corre sob segredo de Justiça.
Desagravo
O evento da Força acabou se transformando em um ato de desagravo ao deputado e presidente da Força Sindical.O ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), foi o principal porta-voz da defesa de Paulinho: "O que há de fato até agora? Alguém ouviu falar de alguém que talvez seja o deputado Paulinho. Ouviu o quê? Qual é a prova? Temos que tomar cuidado para não virar um tribunal de inquisição, a gente, sem prova, sem documento, acusar pessoas. Por enquanto, é ilação. Tenho muito cuidado porque isso foi um processo da ditadura, dos regimes arbitrários". À tarde, no ato da CUT, disse: "Não é porque Paulinho é meu amigo, mas acho que, de qualquer forma, indícios são indícios, não são provas."Os deputados Aldo Rebelo (PC do B-SP) e Márcio França (PSB-SP) também afirmaram que não há provas contra Paulinho.

Em evento da Força, Marta é vaiada e defende Paulinho

Por José Alberto Bombig
na Folha de São Paulo

A ministra do Turismo, Marta Suplicy (PT), potencial candidata a prefeita de São Paulo, foi vaiada ontem, durante quase três minutos, na festa do 1º de Maio da Força Sindical, na zona norte da capital paulista.Cerca de 1,2 milhão de pessoas foram ao evento, segundo a organização. A Polícia Militar não divulgou estimativa de público. As vaias começaram quando, por volta das 11h30, Marta foi convidada pelo mestre-de-cerimônias, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT), o Paulinho, a discursar.A ministra, que já estava no imenso palco montado na praça Campo de Bagatelle, tentou saudar a multidão: "Bom dia, São Paulo. Primeiro quero agradecer ao presidente da Força Sindical por este convite para vir aqui hoje".Mas as vaias abafaram a voz da ministra, e ela passou a elogiar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "Nós temos hoje um salário mínimo 50% maior do que na época do [ex-presidente] FHC". Foi em vão. Os apupos continuaram.Paulinho, principal líder da central de trabalhadores responsável pela festa, interveio: "Companheiros, ela é convidada minha. Vocês têm que receber com muito carinho. Mesmo aqueles que não concordam, têm que receber. Aqui não sobem aqueles que são contra os trabalhadores. (...) Eu sei que quando é ex-prefeita, Marta, você agrada a alguns, mas não agrada a outros"."Estou aqui como ministra do presidente Lula. Estou aqui para defender o governo", respondeu Marta, que prosseguiu nos elogios por mais um minuto, sob vaias, até encerrar: "Viva a Força Sindical, viva o Brasil e viva o presidente Lula". Só então o público aplaudiu.No meio da multidão, houve cartazes improvisados que aludiam à frase "relaxa e goza" da ministra durante o caos aéreo.Questionada pelos jornalistas, a ex-prefeita (2000-2004) disse que interpretava as vaias como "democráticas". "Não [fiquei constrangida]. Um pequeno grupo vaiou. Muita gente aplaudiu. Não dá para ir a uma reunião desse porte e não ter algumas pessoas que vaiam. Isso você tem de saber antes de vir. É normal, é natural", disse.
Terreno hostil
Foi a primeira vez que Marta participou do 1º de Maio da Força, que sempre se notabilizou por shows populares, sorteios de prêmios e críticas ao governo Lula e ao PT.O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM), pré-candidatos, não foram ao evento, sendo que Kassab, segundo a Força, não foi convidado.O vereador José Américo Dias (PT) disse que a participação de Marta no ato da Força foi "um gesto" ao PDT de Paulinho, já que o partido da ministra ainda não fechou alianças para as eleições em São Paulo.A ministra também procurou afagar o pedetista, cujo nome integra relatório da Polícia Federal na Operação Santa Tereza: "Nem sei se são denúncias, para falar a verdade. Eu vim aqui a convite da Força Sindical, com muita honra".Para o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT), também presente ao evento, uma razão da vaia à ministra foi a rivalidade entre as centrais. Os petistas são ligados à CUT.À tarde, em ato da CUT, Marta não foi hostilizada pelo público, calculado, pela organização, em 500 mil pessoas nos quatro eventos. Como no da Força, a PM não fez estimativa.

Atualiza logo!!!

E o Blogger continua parado!

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Meu Blogger parou

Estou publicando posts e não estou vendo. O meu Blogger parou. O último post mostrado é de ontem. Já publiquei algumas coisas hoje.

Paulinho está livre

O presidente do PDT Carlos Lupi disse que o deputado do seu partido Paulo Pereira da Silva não pode ser condenado sem chance de defesa. Lupi comparou as acusações contra Paulinho a procedimentos usados pela ditadura militar.
Ora, ninguém está impedindo Paulo Pereira da Silva de se defender. Ele está livre. Pode acionar seus advogados. Na época da ditadura nem isso poderia ser feito.
É simplesmente ridícula a comparação de Lupi.

As Marconetes

Marconetes são as defensoras de Marconi Perillo. Tanto no meu antigo blog como neste tem a marca delas. Não apaguei. É só olhar no arquivo. Elas odeiam quem critica Marconi. Elas aparecem enfurecidas querendo retratação. É por isso que Marconi ficou tão popular aqui em Goiás. Ele passou oito anos no Palácio das Esmeraldas sem oposição. Sem contar as marconetes que defendiam o tal Tempo Novo.
Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, foi o sucessor de Marconi. Ele dizia na campanha eleitoral que continuaria as maravilhas que o Tempo Novo fez. Que nada! Como toda promessa de campanha isso não foi cumprido. Cidinho tomou posse dizendo que o estado estava quebrado, que não tinha dinheiro para nada, que era preciso fazer reforma... Ao invés das Marconetes mostrarem os números das maravilhas feitas por Marconi para Cidinho elas correm para cá, mostrarem para mim. Ora essa, se o estado está realmente esta maravilha que as Marconetes falam por que Cidinho falou em fazer reforma? Elas querem reviver o Tempo Novo. Hoje nós sabemos que este tempo era só maquiagem. Como estava enrugado o nosso estado... Bem que as Marconetes poderiam emprestar algum estojo de maquiagem para Cidinho.

Direto do túnel do tempo

Eu já tive alguns blog espalhados por aí. Tive um no portal Terra. Fui procurá-lo hoje. Sabia que eu tinha escrito alguma coisa sobre o Dia do Trabalho. Encontrei-o. O último post foi em outubro. Tinha dois comentários. Uma marconete e outro petralha. Deixei lá. Eles querem atenção. Coitados.
Mas voltando ao assunto. Achei um post publicado há um ano atrás. Falava da presença de Delúbio Soares na festa da CUT. Segue abaixo, direto do túnel do tempo:

Delúbio é o fantasminha camarada do PT. Quando menos se espera ele surge e assusta todos os petistas em volta. “Tirem ele daqui” gritam uns. “Pelo amor de Deus, não deixem que se aproxime do presidente Lula” sussurram os seguranças quando vêem aquele barrigudo, barbudo e cabeludo com um sorrisinho cínico, em algum evento que Lula esteja presente. Mas, Delúbio não assusta a imprensa. Jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos vão ao seu encontro em busca de alguma palavra, alguma declaração bombástica daquele que chamou para si todas as dores do dinheiro não contabilizado petista. “Sr. Delúbio, o José Dirceu te convidou para o aniversário dele?”. “O que o senhor tem a declarar sobre o mensalão?” “Está sentido com o PT?” Nenhuma resposta. Só aquele sorriso cínico mostrado ao Brasil durante o depoimento na CPI dos Correios em 2005. Aquele sorrisinho cínico de quem debocha da legislação brasileira. Aquele sorrisinho cínico de quem sabe que a impunidade impera. Aquele sorrisinho cínico de quem acerta uma profecia. A profecia de que o escândalo do mensalão se transformaria numa piada de salão. Hoje é feriado. Parece ironia, mas o dia em que se homenageia o trabalho o trabalhador não trabalha. Que isso. Que maldade minha. Trabalha sim. E os sindicalistas da CUT e da Força Sindical? Pó, não é pra qualquer um ficar em cima de um palco num calor da porra animando aquele bando de gente que está nem aí para as propostas da categoria e que só está ali por causa dos artistas e dos prêmios que serão sorteados. Isso dá trabalho. Então, no feriado do dia do trabalho, na festa que a CUT preparou, eis que ele aparece. Quem? O fantasminha camarada. Delúbio Soares foi até a festa dos cumpanheros dar aquele apoio. Foi bem recebido, claro. Petista nenhum erra. Lula não erra. Sindicalista nenhum erra. É tudo culpa da imprensa maldosa. E foi esta imprensa maldosa, que viu Delúbio no palco. Atrás do fantasma, jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos, sem medo de assombração, tentaram entrevista-lo. Só conseguiram aquele sorrisinho cínico. Aquele sorrisinho cínico de quem debocha da legislação brasileira. Aquele sorrisinho cínico de quem sabe que a impunidade impera. Aquele sorrisinho cínico de quem acerta uma profecia. A profecia de que o escândalo do mensalão se transformaria numa piada de salão. “Ah, eu já tenho esta imagem” disse um fotógrafo ao ver só o sorrisinho cínico de Delúbio. Não teria outra imagem do tesoureiro do caixa 2, do dinheiro não contabilizado, do amigão do Marcos Valério. Mas, os jornalistas não poderiam perder o dia. Mostrar a mesma coisa todo dia do trabalho em festa de sindicalista: críticas ao governo, juras de amor aos trabalhadores, sorteios de prêmios e cantores? Ali estava Arthur Henrique, presidente da CUT. “De novo?” pensou um jornalista que já tinha o tinha entrevistado três vezes: uma para o jornal que passa de manhã, outra ao vivo na hora do almoço e mais outra para passar no jornal da noite. Mas valeria a pena. A gente sabe que o ser humano se modifica quando vê objeto não identificado. Não um extra-terrestre mas um fantasma. Um fantasma chamado Delúbio Soares. Lá foram os jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos, mais uma vez, rodear Arthur Henrique. “Calma que está acabando! Calma que está acabando” pensava ele ao ver aquele monte de microfones na sua boca e aquelas câmeras com luzes que cegavam os olhos. Queria ir embora e terminar o feriado com a família. Ainda bem que é só uma vez por ano, né Arthur Henrique? “O senhor viu o Delúbio Soares?” foi a primeira pergunta feita. “Não é incômodo ter o ex-tesoureiro do PT numa festa da CUT?” e outras perguntas neste sentido só que com palavras diferentes. Arthur Henrique responde sereno porque sabia que, se mandasse aqueles jornalistas para a puta que os pariu poderia pegar mal e estragar a festa dos trabalhadores. Foi educado com a imprensa. Respondeu "Delúbio, assim como todos os ex-dirigentes que já passaram pela CUT, é sempre um companheiro bem-vindo nas comemorações ou movimentos realizados pela entidade" É por isso que Delúbio Soares é o fantasminha camarada do PT. Ele aparece de repente, anima todo mundo, trata todo mundo bem, sempre com aquele sorrisinho cínico e vai embora sem falar com a imprensa. Ele já carregou todas as dores do dinheiro não contabilizado. Os petistas que se virem e falem com a imprensa. Enquanto isso não se sabe quando será a próxima aparição do fantasminha camarada dono de um sorriso cínico. Aquele sorrisinho cínico de quem sabe que a impunidade impera. Aquele sorrisinho cínico de quem de quem acerta uma profecia. A profecia de que o escândalo do mensalão se transformaria numa piada de salão.

Não estou vendo

Meu Blogger parou. Estou publicando e não vejo nada na página. Quem sabe mais pra frente não aparece.

Tudo é permitido

Lula defendeu Jader Barbalho. Lula defendeu Renan Canalheiros. Lula defendeu Severino Cavalcante. Ontem foi a vez de Lula defender Cid Gomes, o governador do Ceará que levou a sogra e a esposa numa viagem oficial. Lula se solidarizou com ele. Desde 2003 que Lula se solidariza com políticos corruptos. Foi Lula quem recolocou Jader Barbalho como político influente no governo. Lula não sente nenhum constrangimento quando vê Paulo Maluf participando de algum evento no Palácio do Planalto. Lula passa a mão nos corruptos. Lula diz para todos os seus amigos que tudo é permitido. Sim, no país do lulismo tudo é permitido. É permitido até descumprir a lei, debochar do que diz as regras. Jader, Maluf, Severino e agora Cid não precisam prestar contas dos seus deslizes. Se o presidente se solidariza com eles para que prestar contas?

Decisões do STF aceleram pelo menos 800 processos

Por Luciana Nunes Leal
no Estado de São Paulo

O Supremo Tribunal Federal (STF) tomou duas decisões ontem que implicarão, de imediato, maior rapidez na solução de pelo menos 800 processos que aguardam julgamento na corte. Na primeira, o STF determinou que os reajustes de vantagens salariais não podem ser vinculados ao aumento do salário mínimo. Na segunda, os ministros mantiveram a possibilidade de militares terem vencimentos inferiores a um salário mínimo. Os dois casos foram os primeiros julgamentos em que os ministros aplicaram o instrumento da repercussão geral, que define os temas de interesse coletivo e estabelece que a decisão do STF deve ser repetida por todas as instâncias inferiores, nos processos equivalentes. Para reforçar as decisões, os ministros decidiram recorrer a outro instrumento da reforma do Judiciário que ajuda a desafogar o STF, a súmula vinculante. Ontem já foi editada a súmula sobre a proibição de indexação dos reajustes de vantagens salariais, como abonos e adicionais por insalubridade, ao salário mínimo. Uma súmula referente ao pagamento dos militares será editada até o fim da semana. A diferença entre a repercussão geral e a súmula vinculante é que a primeira dá ao ministro do STF a possibilidade de rejeitar o assunto em questão como de interesse social, econômico, político ou jurídico e devolvê-lo ao tribunal de origem. Ou seja, o STF nem julga o assunto e o devolve, aplicando, assim, um dique a inúmeras ações. Já a súmula é a edição de uma tese que resolve ao mesmo tempo uma série de processos semelhantes, mas que não passaram necessariamente pelo filtro da repercussão geral. O que os mecanismos têm em comum é o fato de que a decisão deve ser aplicada em qualquer processo pelos tribunais e que os temas julgados não voltam mais ao STF.
REAJUSTES
A regra sobre os reajustes das vantagens salariais valerá para servidores públicos e da iniciativa privada. Leis específicas que ferem a norma terão que ser modificadas. A origem desta nova súmula foi o julgamento de um recurso extraordinário de policiais militares de São Paulo que pediam alteração na lei estadual sobre o pagamento de adicional de insalubridade. Em vez da fixação com base no salário mínimo, eles pediam que o cálculo fosse feito a partir da remuneração paga a cada um. O pedido não foi atendido, mas o STF entendeu que era necessária a edição de uma súmula para deixar claro que os reajustes de qualquer salário não pode ser vinculado ao salário mínimo, o que significa fazer valer o artigo 7º, inciso 4 da Constituição Federal, que veda a vinculação do salário mínimo aos reajustes. Além de 600 processos que tratam de indexação de vantagens ao mínimo no Supremo, 2.500 processos semelhantes estão no Tribunal Superior do Trabalho (TST). A decisão vale para todos. O governo já anunciou que acabará com o pagamento de menos de um salário mínimo a militares, mas a súmula vinculante permitirá que, no futuro, a regra atual volte a valer, se for necessário. Duzentos processos sobre o tema estão no STF, que não soube informar quantas ações seguem em outras instâncias.

Marta e PT oferecem vaga de vice a Erundina

Por Vera Rosa
no Estado de São Paulo

Dirigentes do PT ofereceram à deputada Luiza Erundina (PSB-SP), na terça-feira, a vaga de candidata a vice na chapa que será liderada pela ministra do Turismo, Marta Suplicy, à Prefeitura de São Paulo. Embora a cúpula do PSB paulista prefira apoiar a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), Erundina não escondeu a satisfação com a sondagem. O pacote proposto prevê parcerias entre petistas e socialistas para as eleições municipais em Salvador, Natal, Manaus e Rio, além de uma força-tarefa para resolver o imbróglio em Belo Horizonte.O PSB também está de olho na cadeira que será deixada por Marta no Ministério do Turismo, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não autorizou a abertura da temporada de discussões sobre cargos. A negociação para a entrada de Erundina na chapa foi o principal tema de uma reunião realizada ontem entre o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), o senador Renato Casagrande (PSB-ES) e o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral. Mas nada foi fechado."É muito importante para a candidatura de Marta um acordo com o PSB e com a ex-prefeita Erundina, pois reconhecemos a qualidade da gestão dela em São Paulo", afirmou Berzoini. "Pedimos ao PT ajuda em Belo Horizonte para garantir a unidade das forças políticas", emendou Casagrande. Na prática, os socialistas esperam que o PT recue da decisão de proibir a aliança com os tucanos na capital mineira. O veto deixou o candidato do PSB, Márcio Lacerda, secretário de Desenvolvimento do governo Aécio Neves, em situação constrangedora."Não descartamos nenhum acordo, mas ainda há muito a conversar em São Paulo", contou Casagrande.Erundina foi eleita prefeita de São Paulo pelo PT, em 1989, mas rompeu com o partido há 11 anos e se filiou ao PSB. Na conversa com os petistas, a deputada deu sinais de que pode aceitar a dobradinha com Marta, desde que a negociação passe pelo crivo do chamado "Bloquinho", também integrado na Câmara pelo PDT e PC do B. Nesse grupo, o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) disse que não desistirá de concorrer à Prefeitura.Depois de levar uma rasteira do ex-governador Orestes Quércia (PMDB), que avalizará a candidatura à reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM), Marta corre contra o tempo para atrair outras siglas e garantir um tempo razoável no programa eleitoral de TV. "Estamos conversando com todos os partidos que não se coligaram, como o PSB, o PC do B e o PDT, porque é muito importante conseguirmos uma coligação grande", argumentou a ministra do Turismo, que deve deixar o cargo neste mês.Além da resistência do PSB paulista ao acordo, Erundina enfrenta divergências no próprio PT. Parte do grupo de Marta quer oferecer a vice a Marcos Cintra ou ao vereador Aurélio Miguel, ambos do PR.

País é promovido a grau de investimento

Por Denise Godoy e Sérgio Dávila
na Folha de São Paulo

Bem antes do que previam o governo e o mercado financeiro -e após anos de espera-, o Brasil conquistou o chamado grau de investimento. Concedida ontem pela agência Standard & Poor's, a classificação é uma espécie de "selo de qualidade": indica aos investidores que o país é um destino seguro para o dinheiro, pois teria condições de honrar suas dívidas.O efeito mais direto da mudança é o provável aumento, a partir de agora, do volume de recursos estrangeiros que entram no país, tanto para aplicações financeiras como para o setor produtivo. Alguns grandes fundos de pensão pelo mundo, por exemplo, seguem regra de só aplicar em países e empresas com esse "selo"."A elevação reflete uma combinação de fatores. Estamos olhando para a contínua melhora dos indicadores econômicos do país e os sinais de comprometimento do governo em seguir com esse processo", explicou à Folha Lisa Schineller, diretora de "ratings" soberanos da agência.Segundo ela, embora o Brasil continue exibindo alguns dos problemas que até o momento eram apontados como impeditivos para o grau de investimento, como os altos gastos do governo, pesaram mais na decisão o fato de a situação da economia estar progredindo e as perspectivas futuras."O endividamento público ainda é grande, maior do que o de outros países que obtiveram o grau de investimento antes, mas o perfil do débito melhorou. A situação fiscal não é perfeita, porém existe um pragmatismo na sua administração", afirmou Schineller. Contaram também o forte crescimento do PIB e a atuação do Banco Central para manter a inflação sob controle, de acordo com ela.Na escala da S&P, o país subiu um degrau. A nota da dívida de longo prazo em moeda estrangeira, a mais significativa, passou de "BB+" para "BBB-". O grau de investimento tem dez subdivisões, e, com a elevação, o Brasil alcançou o nível mais baixo dentro dessa categoria, ao lado de nações como a Índia e o Cazaquistão. No topo, que é o patamar "AAA", estão países como os EUA, o Reino Unido e a Dinamarca, considerados de risco baixíssimo.Dez empresas brasileiras também tiveram sua nota elevada pela S&P. Algumas, como o Itaú e o Bradesco, já tinham grau de investimento. O Banco do Brasil, o BNDES e a Eletrobrás passaram a detê-lo.A expectativa do próprio governo e do mercado era a de que a elevação do país viesse apenas no segundo semestre ou no começo de 2009.A S&P é a maior agência de classificação de risco, e espera-se que as outras duas grandes do setor logo repitam a medida tomada por ela. A Moody's Service ressaltou, ontem, que acompanha a situação fiscal do Brasil. Já a Fitch Ratings informou, por meio de comunicado distribuído à imprensa, que uma equipe de analistas está no Brasil neste momento para reavaliar a classificação do país. A promoção do país ocorre num momento em que a eficiência das agências é colocada em xeque no mundo devido às falhas na previsão da crise imobiliária e financeira nos EUA.
Reações
O governo comemorou a notícia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o país vive um "momento mágico". O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o Brasil entrou para o "clube" dos países "mais respeitados e sérios" do mundo. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ressaltou que a notícia "deve aumentar o fluxo de investimentos estrangeiros diretos ao longo do tempo".A reação do mercado foi de euforia. A Bovespa avançou 6,3%, maior alta desde 2002, e o dólar caiu 2,4% em relação ao real, cotado a R$ 1,664.A elevação foi recebida com surpresa por economistas. "Creio que a nota tenha sido concedida agora, em meio à crise global, porque o país mostrou que a sua economia tem condições de atravessar períodos difíceis sem entrar em recessão", comenta Marcela Meirelles, analista para a América Latina da administradora de recursos americana TCW.Por outro lado, alguns economistas ressaltam que a nova classificação pode trazer efeitos negativos. "Com a entrada de mais capital e a oferta de crédito em expansão, a taxa de câmbio, já apreciada, pode se valorizar ainda mais", afirma Ricardo Carneiro, professor da Unicamp. A questão fiscal é vista como crucial para que o Brasil mantenha o novo "selo".

Lula minimiza escândalo da sogra e faz afago a Cid Gomes

Por Fábio Gibu
na Folha de São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva provocou gargalhadas, aplausos e constrangimento, ontem em Maceió (AL), ao defender o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), das críticas que ele vem sofrendo por levar a mulher e a sogra a uma viagem ao exterior."Certamente se, em vez de sua sogra, você tivesse levado um empresário no avião, não teria tido problemas", disse Lula. A platéia, formada por convidados, aplaudiu. "Não estou dizendo que é certo levar sogra ou não, o que estou dizendo é que as pessoas [os jornalistas] precisam dar a informação e deixar o povo julgar."Prosseguindo na sua crítica à cobertura jornalística sobre o caso, o presidente voltou-se ao governador cearense e afirmou que não achava correto o Estado "aparecer cinco dias consecutivos na televisão por causa da sua sogra". A platéia riu."Tem coisa muito mais importante -não que a sogra não seja importante- que você faz e que nunca apareceu nacionalmente", declarou Lula, novamente sob risos e aplausos.Na mesa, os outros dez governadores, que acompanhavam o discurso ao lado de quatro ministros e autoridades locais, alternavam momentos de sorriso e sobriedade. Cid Gomes acompanhava sério o desagravo de Lula. Aos poucos, o presidente adotou um tom mais indignado e pediu coragem às pessoas que se sentem injustiçadas."Nós precisamos, de vez em quando, termos coragem de dizer algumas coisas que precisam ser ditas, porque senão a pessoa humilde não sabe que um avião alugado não é alugado por pessoa", afirmou. "Um avião é alugado por quilometragem, ele pode ter um passageiro ou pode ter dez, o preço é o mesmo", declarou."Quem já alugou avião aqui sabe disso. Você poderia ter levado a sua sogra como poderia ter me levado. O que eu acho estranho é que poder-se-ia ter dado a notícia: a sogra do governador viajou com ele. Não. Fazem disso uma tese", afirmou."Eu acho que isso não contribui com a política, porque na hora que as pessoas começam a denegrir a imagem do político, o que vem depois é pior do que o político. O que vem depois não é mais sadio", disse."Nós não podemos permitir que um companheiro da qualidade do Cid seja mostrado em nível nacional apenas porque atendeu a um pedido da mulher para levar a mãe da mulher. Portanto, a minha solidariedade companheiro. Eu sei o que é isso e você tem a minha solidariedade", afirmou.O governador do Ceará levou a sogra na viagem que fez a cinco países da Europa no período do Carnaval. O aluguel do jatinho custou ao Estado R$ 388 mil. Além dos dois, viajaram também a primeira-dama, um secretário de governo, um assessor e suas mulheres.Na segunda-feira, Cid disse que não cometeu ilegalidade. Para ele, a presença da sogra e das mulheres não encareceu a viagem porque as despesas locais foram pagas por elas. Mesmo assim, pediu desculpas "ao povo cearense" pela repercussão negativa da viagem. No Ceará, a oposição se mobilizou para criar CPI sobre o caso.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Difícil de acontecer

Para o jornal Hoje, o senador do demo Demóstenes Torres disse que a aliança da base aliada ao Palácio das Esmeraldas nas eleições de outubro poderia derrotar Íris Rezende. Será que ele ainda acredita na união da base? Não é de hoje que as rachaduras estão a mostra. Por mais que Marconi Perillo e Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, digam que tudo está bem, as brigas continuam. E você acha, nobre leitor, que Barbosa Neto e Raquel Teixeira vão deixar suas pré-candidaturas para apoiar um único nome para evitar que Íris seja reeleito nas próximas eleições?

"As coisas vão mal no Brasil com PT"

Esta foi uma das frases de Orestes Quércia durante a sua entrevista concedida à jornalista Mônica Bergamo e publicada hoje na Folha de São Paulo. Além de falar sobre as eleições de outubro em São Paulo, Quércia fala do governo Lula. Faz a mesma crítica que Roberto Jefferson fez quando denunciou o mensalão em 2005: o PT não cumpre acordos firmados. Além disso, o ex-governador paulista critica o PAC afirmando que é uma “junção de coisas já programadas”. E fala que a aliança PT-PMDB não está funcionando em nível nacional.
As declarações de Orestes Quércia merecem atenção. O Brasil só vai bem porque o mundo vai bem e Lula vai surfando na onda. A coalizão petista prometida logo após as eleições de 2006 não saiu do papel. É, minha gente, as declarações de Quércia merecem atenção. Se um líder do principal partido aliado do governo diz o que está na entrevista é porque as coisas não estão indo bem lá no Palácio do Planalto e isso já está azedando das alianças em nível regional. Basta ver que Quércia não coligou com o PT paulistano que, certamente, sairá com Dona Supla como candidata à Prefeitura de São Paulo. O PMDB paulista apoiará a candidatura do demo Gilberto Kassab a reeleição. Na entrevista, Quércia também disse que o único candidato a presidente capaz de derrotar o PT é José Serra. Parece que nem tudo são flores para o presidente mais popular destêpaiz.
Será que Lula está nos enganando? Ou Quércia quer mandar alguma mensagem para alguém? Não sei. Só sei que um importante líder do principal partido aliado de Lula disse que “as coisas vão mal no Brasil com PT”. Isso merece muita atenção.

Cartão custeou viagens de ministros a Estado de origem

Por Sônia Filgueiras
no Estado de São Paulo

Os gastos feitos com cartões corporativos mostram que ao menos cinco ministros e ex-ministros privilegiaram viagens financiadas pelos cofres públicos a seus Estados de origem, onde mantêm laços político-partidários e familiares, em especial nos finais de semana. É o caso dos ministros da Pesca, Altemir Gregolin, e da Agricultura, Reinhold Stephanes, e dos ex-ministros Olívio Dutra (Cidades), Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) e José Fritsch (antecessor de Gregolin). Os dados constam de levantamento feito pelo sub-relator de sistematização da CPI dos Cartões mista, Carlos Sampaio (PSDB-SP), sobre gastos discriminados por fim de semana com cartões.Despesas com viagens são cobertas pelo erário quando são motivadas pelo trabalho. Caso o ministro esteja em agenda oficial, não há restrição à data ou ao destino. Mas, para Sampaio, a coincidência precisa ser investigada. "É algo anormal", diz ele. É comum que ministros, em especial os mais ativos na vida política, retornem às suas bases eleitorais ou fiquem com suas famílias nos finais de semana, mas sem custo extra para o Tesouro. Pelas normas, o cartão só pode ser utilizado em deslocamentos a trabalho."É preciso verificar se não está havendo adaptação da agenda oficial a eventuais interesses pessoais ou políticos, distantes das prioridades do ministério'', avalia Sampaio.De acordo com o banco de dados do deputado, em 14 dos 33 finais de semana em que pagou despesas com o cartão fornecido pelo governo, o ex-ministro da Pesca José Fritsch (PT) estava em cidades de Santa Catarina, seu Estado natal. Fritsch comandou a pasta de janeiro de 2003 a março de 2006. O seu sucessor, Altemir Gregolin, também do PT de Santa Catarina, mostra perfil semelhante nos gastos com o cartão federal: em 11 finais de semana, há gastos realizados em estabelecimentos de Florianópolis, Criciúma e Chapecó. Em outros 18 finais de semana, as despesas foram feitas em estabelecimentos comerciais localizados em outros Estados, como Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e Maranhão.O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, pagou despesas com o cartão corporativo em apenas sete finais de semana (sábados ou domingos ou nesses dois dias) desde que assumiu o ministério, em março de 2007.Mas em todos os casos o ministro estava em Curitiba ou Londrina, cidades do Paraná, seu Estado de origem. No cartão oficial de Stephanes, não há registro de despesas em sábados e domingos em outros lugares do País.O ex-ministro das Cidades Olívio Dutra também concentra despesas com cartão no Rio Grande do Sul, Estado que já governou. Nesse caso, os gastos feitos também se estendem a dias úteis. Conforme os arquivos da CPI dos Cartões, em seis finais de semana há despesas do ex-ministro em cidades gaúchas como Caxias do Sul, São Borja e Cachoeirinha, além de Porto Alegre. Em outros cinco finais de semana, despesas são feitas em Teresina, Maceió, Rio de Janeiro, São Paulo e Manaus. Em dias úteis, o petista, que ocupou o cargo de janeiro de 2003 a julho de 2005, foi a cidades do Rio Grande do Sul em pelo menos outras 12 datas.No caso do ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Miguel Rossetto, também do PT do Rio Grande do Sul, há gastos em Porto Alegre em cinco finais de semana. Em outros nove casos, as despesas foram realizadas em outros Estados. Rossetto fez pelo menos mais dez viagens ao Rio Grande do Sul usando ao cartão durante a semana. Já a ex-ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, computou gastos com o cartão de pagamento do governo em estabelecimentos em São Paulo em pelo menos 24 finais de semana (sábados ou domingos ou nesses dois dias), onde ela construiu sua liderança no movimento negro. Em outros 27 finais de semana, as despesas foram pagas em estabelecimentos de outras partes do País.
FATURA DO FIM DE SEMANA
Despesas de ministros e ex-ministros em seus Estados de origem
Reinhold Stephanes
Ministro da Agricultura
O ministro pagou despesas com o cartão corporativo do governo federal em 7 finais de semana. Todos os gastos foram feitos em estabelecimentos comerciais que estão localizados em Curitiba ouLondrina, no Paraná, seu Estado de origem
Matilde Ribeiro
Ex-ministra da Igualdade Racial
Há despesas em ao menos 24 finais de semana em estabelecimentos de São Paulo, onde Matilde construiu sua liderança no movimento negro. Em outros 27 finais de semana, os gastos ocorreram em outras partes do País
Altemir Gregolin
Ministro da Pesca
O titular da pasta pagou despesas com o cartão em Santa Catarina, seu Estado natal, cobertas pelo erário em 11 finais de semana. Em outras 18 viagens realizadas nos finais de semana, os gastos foram feitos em estabelecimentos de outros Estados
Miguel Rossetto
Ex-ministro do Desenvolvimento Agrário
Em 5 finais de semana, usou o cartão em Porto Alegre, sua cidade-base. Em 9 casos, as despesas ocorreram em outros Estados. Rossetto fez ao menos mais 10 viagens ao Rio Grande do Sul usando cartão durante a semana.
José Fritsch
Ex-ministro da Pesca
Antecessor de Gregolin, usou o cartão em Santa Catarina nos finais desemana em 14 oportunidades, correspondentes a quase metade dos finaisde semana em que usou o benefício. Há gastos em outros Estados em 19 finais de semana
Olívio Dutra
Ex-ministro das Cidades
Em 6 finais de semana, há despesas em cidades gaúchas como Caxias do Sul, São Borja e Cachoeirinha, além de Porto Alegre. Em outros 5 finais de semana, gastos ocorreram em Maceió, Teresina, Rio de Janeiro, São Paulo e Manaus.

Assessor de Paulinho também queria fraudar ministério, suspeita PF

Por Rodrigo Pereira e Fausto Macedo
no Estado de São Paulo

A investigação da Operação Santa Tereza indica que, além do suposto desvio de verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o grupo capitaneado pelo ex-assessor do deputado Paulinho da Força (PDT-SP), João Pedro de Moura, também teria oferecido a municípios de cinco Estados a liberação de projetos no Ministério das Cidades, mediante pagamento de propina. Segundo a Polícia Federal, Moura dividia esse braço de atuação da organização criminosa com outro assessor parlamentar, José Brito de França, lotado no gabinete do deputado Roberto Santiago (PV-SP). França também foi grampeado pela PF e em seus diálogos com integrantes do grupo ele dá dicas de como conseguir aprovação de projetos e cita o diretor de Produção Habitacional da Secretaria Nacional de Habitação, Daniel Nolasco, como sendo seu facilitador no ministério. A PF relata conversa telefônica entre Brito e um dos presos durante a Operação Santa Tereza na manhã do dia 20 de fevereiro. Nela, Brito diz que irá a Brasília falar com o assessor direto de Nolasco. "Ele vai me dar todos os caminhos", disse Brito, de acordo com a investigação. "Essa secretaria é do PC do B. Fala sobre a Funasa. É uma grana que sai muito fácil, pois está dentro do saneamento básico (...). Como é prioridade do governo, a gente tem facilidade", orienta Brito, segundo a PF. As gravações mostram que Brito oferecia ainda alternativa para não envolver prefeituras, fazendo projetos em nome de organizações não-governamentais. "Dá para fazer 200 casas com gestão de ONG, sem a prefeitura", explica o assessor a um investidor do litoral paulista. Ele dá o preço para dois projetos de prefeituras no litoral: "Tem que liberar uns 12, 15 paus." Em outra conversa, um interlocutor identificado pela PF como Sérgio alerta Brito sobre os prazos dos projetos para 2008. "Diz que julho fecha por causa das contratações, ano eleitoral (...), Lei de Responsabilidade Fiscal, que não dá para ficar moscando."A Polícia Federal parou de monitorar as ligações feitas por Brito por não associá-lo ao esquema do BNDES ao longo das investigações da Operação Santa Tereza.
MAIS VISITAS
O relatório da PF mostra também que agentes filmaram o ex-assessor de Paulinho em duas oportunidades nos corredores da Câmara - e em ambas registraram Moura visitando os gabinetes do presidente da Força e do deputado Henrique Eduardo Alves (RN), líder do PMDB na Casa. As imagens foram produzidas nos dias 13 e 26 de fevereiro - sempre com uma mochila a tira colo. Nos grampos, os federais identificam o contato de Moura com sendo o líder do PMDB: é o chefe de gabinete Wellington Ferreira da Costa. Os encontros são marcados por um celular com prefixo 84, do Rio Grande do Norte, que seria de um homem identificado como "Parada". Às 16h57 do dia 26 de fevereiro, Moura liga de dentro da Câmara para esse número. "João Pedro diz estar com material para levar para o Wellington. Pergunta qual é o gabinete dele. Parada diz que é o 539 Anexo 4 no 5º andar (gabinete do deputado Henrique Alves)", detalha o relatório apresentado à Justiça.
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PT nacional deve decidir, diz presidente do TSE

Por Paulo Peixoto
na Folha de São Paulo

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Marco Aurélio Mello, disse ontem à Folha que, em tese, as decisões do diretório nacional do PT prevalecem sobre as decisões do diretório de Belo Horizonte, com base na emenda constitucional 52, de 2006. Assim sendo, deve vigorar a decisão da Executiva Nacional da sigla de vetar a aliança com o PSDB."Essa questão de apoiamento, de coligação, é um problema que a emenda constitucional deixou a cargo dos partidos. E evidentemente que acima dos diretórios municipal e estadual está o nacional. É um problema realmente que se resolve no âmbito do partido", afirmou.Segundo a cúpula nacional do PT, a decisão de proibir antecipadamente a coligação entre o prefeito Fernando Pimentel (PT) e o governador Aécio Neves (PSDB) em torno de Marcio Lacerda (PSB) foi baseada em resolução da direção nacional do partido.O diretório nacional determinou que alianças com partidos de fora da base do governo Lula em capitais e cidades com mais de 200 mil habitantes devem ser aprovadas pela Executiva Nacional. O diretório de BH, no entanto, se recusa a aceitar tal determinação.Pimentel ameaça ir à Justiça. Mas, para o presidente do TSE, essa questão está atrelada às políticas internas da sigla, e não a uma questão legal. Sendo um problema interno, disse Mello, o estatuto do partido é que pode dirimir dúvidas. A emenda 52 dá às siglas poder para "adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais (...), devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária".

Candidatura de Serra é a única opção para derrotar governo Lula

Por Monica Bergamo
na Folha de São Paulo
De patinho feio da política, no início dos anos 90, o ex-governador Orestes Quércia (PMDB-SP) se transformou, este ano, no cisne mais vistoso da eleição municipal em São Paulo. Disputado pelos principais candidatos e partidos, graças principalmente aos quatro minutos que o PMDB dispõe para os programas de TV da campanha eleitoral, Quércia acabou fechando com o prefeito Gilberto Kassab (DEM-SP).
E diz claramente que fez isso para fortalecer a candidatura de José Serra (PSDB-SP) à Presidência da República em 2010. "É preciso mudar o governo. E a única possibilidade que eu vejo hoje é de o Serra ganhar a eleição." Abaixo, os principais trechos da conversa que ele teve com a Folha, na segunda-feira, em seu escritório:

FOLHA - Por que Gilberto Kassab?
ORESTES QUÉRCIA - Basicamente, nós decidimos não apoiar o PT. As pessoas falam: "Ah, mas você é candidato a senador", e o Kassab me ofereceu [a vaga ao Senado numa chapa DEM-PMDB em 2010]. E o DEM, por sua vez, tinha interesse nos quatro minutos de televisão do PMDB na eleição. Tem essas questões. Mas sobretudo eu acho que o país precisa mudar o governo do PT. E hoje só existe uma alternativa para derrotar o governo do Lula, que é a candidatura do José Serra [a presidente da República em 2010].
Como a eleição municipal tem esse objetivo, de fortalecer uma candidatura [a presidente], eu decidi tomar uma posição que beneficiasse os democratas e a aliança deles com o Serra. É claro, eu sou favorável a que o PMDB tenha candidato à Presidência. Meu candidato é o Roberto Requião [governador do Paraná]. Mas ele tem muitas dúvidas.

FOLHA - Não é uma candidatura colocada de verdade.
QUÉRCIA - Não é. Por isso eu fico numa situação difícil. Eu acho que é preciso mudar o governo. E a única possibilidade que eu vejo hoje é de o Serra ganhar a eleição em 2010.

FOLHA - Mas para a candidatura do Serra é melhor a vitória do Kassab do que a de Geraldo Alckmin (PSDB-SP), que é do partido dele?
QUÉRCIA - O Kassab é do DEM, mas a administração dele é tucana. É mais lógico que ele seja candidato a prefeito.

FOLHA - O senhor acha que a vitória do Alckmin ajudaria o projeto presidencial do governador Aécio Neves (PSDB-MG) contra Serra?
QUÉRCIA - Como existe essa dúvida, e até por causa dela, o ideal seria que o Alckmin apoiasse a eleição do Kassab a prefeito e depois se candidatasse ao governo de São Paulo em 2010, numa chapa com Serra candidato à Presidência. Agora, se o Alckmin definir ser candidato, o ideal é não brigar com o Kassab. Nem com o Quércia. Li hoje no jornal que [partidários de Alckmin] vão brigar comigo por causa de desavenças antigas que tive com o Mario Covas.
Não tem nenhum cabimento isso. Eu sempre fui amigo do Covas. Eu cometi um erro: fui agressivo com ele [na campanha ao governo de SP, em 1990, Quércia chamou Covas de "bundão"]. Fui grosseiro. Infelizmente aconteceu. Me arrependo. Ele não merecia. Eu teria me desculpado se tivesse tido chance. O que vai fazer, né? Mas, até a semana passada, eles [alckmistas] queriam que eu apoiasse o Alckmin para prefeito. Como é que, de repente... As uvas estão verdes? Aliás, o primeiro que me ofereceu vaga para me candidatar ao Senado foi o Alckmin.

FOLHA - Como foram as conversas com o ex-governador?
QUÉRCIA - Foram em dezembro. E, há um mês, eu estive com o José Aníbal [deputado federal ligado a Alckmin], que é meu amigo. E falamos sobre a hipótese de apoio ao Alckmin.

FOLHA - O senhor conversou com Serra sobre o acordo com Kassab?
QUÉRCIA - Não, não. Eu só conversei com o Serra numa festa que a esposa dele deu e convidou a minha mulher. E conversei aqui, na porta do prédio [onde Quércia tem escritório]. O Serra de vez em quando usa o heliponto daqui.

FOLHA - Falaram sobre o quê?
QUÉRCIA - Nada que eu me lembre (risos). Foi uma conversa rápida.

FOLHA - O Aloysio Nunes Ferreira [secretário da Casa Civil de Serra] foi à sua casa.
QUÉRCIA - É. Isso aí eu não estou me lembrando também não (risos).

FOLHA - Por que esconder um diálogo com o Serra?
QUÉRCIA - Eu tive diálogo com o Kassab. E o Kassab não fala três palavras sem citar o Serra. Então, o acordo que nós fizemos com ele tem ligações com o Serra. Eu sei que tem.

FOLHA - E por que não apoiar uma alternativa tucana como Alckmin e Aécio Neves?
QUÉRCIA - Aécio, não. Aí, não. Como faz cinqüenta anos que Minas não tem presidente, e cem que São Paulo não tem, fico com São Paulo. Eu era amigo do Tancredo Neves, avô dele. Conheço o Aécio daquela época, respeito muito, é muito inteligente. Mas ele tem tempo ainda para ser presidente, né? A alternativa Serra é melhor.

FOLHA - E se o Aécio entrar no PMDB?
QUÉRCIA - Eu não acredito nisso. O PMDB é um partido muito dividido. Para ele, seria um risco muito grande.

FOLHA - De entrar no partido e não ser candidato?
QUÉRCIA - É. Ele jamais entraria, eu acho.

FOLHA - Mas, caso ele entre, o senhor o apoiaria para ser candidato à Presidência?
QUÉRCIA - Hoje, não.

FOLHA - O senhor diz que sua decisão de apoiar Kassab foi, basicamente, para derrotar o PT. Mas o senhor conversou com o partido sobre a candidatura de Marta Suplicy (PT-SP).
QUÉRCIA - Eu não podia dizer que eu não conversaria com eles. Eu tinha que conversar. A Marta esteve comigo aqui. Foi uma conversa boa. Mas sempre disse que era difícil, explicando essa questão a nível nacional.

FOLHA - As pessoas creditam sua decisão a uma mágoa antiga com o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que lançou um candidato ao Senado em 2006 contrariando um acordo e atrapalhado sua candidatura.
QUÉRCIA - Se disser que não levo isso em conta... Eu tenho que levar, uai! Até cheguei a fazer locação de dois imóveis para montar o comitê Lula/Quércia.
Que nunca foi montado. Tudo bem. Mas eu não tomaria uma decisão por causa disso. Eu tomei uma decisão política. O ideal é que o PT não ganhe a eleição em 2010. O governo tem que mudar porque eles não têm competência para governar. E é preocupante o PT ter essa hegemonia no país.

FOLHA - Por quê?
QUÉRCIA - É mensalão, problemas políticos, falta de cumprimento de compromissos.

FOLHA - O PT diz que o mensalão era caixa dois. O senhor também já admitiu que fez caixa dois.
QUÉRCIA - Uma coisa era, antigamente, fazer a campanha eleitoral. Era assim. Mas pagar mensalidade para deputado? Isso é um absurdo, isso eu nunca vi. Para você ver a cabeça do PT, o perigo que isso significa, né? Agora eles aprenderam que isso daí é um absurdo. Espero que não volte a acontecer. Mas as coisas vão mal no Brasil com o PT. O governo vai bem porque o mundo inteiro vai bem.
Então ele vai surfando numa onda. Mas o governo não consegue nem gastar o orçamento que tem para obras, infra-estrutura. E não consegue porque não há competência de administrar. O PAC é o orçamento normal que eles já tinham, e juntaram. Aliás, isso eles aprenderam com o Collor, que fazia um lançamento de coisas que já estavam programadas. E a aliança que o PT fez com o PMDB não está funcionando em nível nacional.

FOLHA - Por quê?
QUÉRCIA - O presidente Lula, quando ganhou a eleição em 2006, falou em fazer uma coalizão com o partido. Até aquele momento, ele só negociava com o José Sarney e com o Renan Calheiros. Participei até de uma conversa com ele em que estavam também o [deputado] Michel Temer (PMDB-SP) e o Moreira Franco (PMDB-RJ). E a coalizão não existiu. O que aconteceu? O PMDB não participa do processo da economia, do governo. Nada. Ficou correndo atrás de cargos, virou o partido que só pensa em cargo.
Até o Geddel [Veira Lima, ministro da Integração Nacional], que é do PMDB, foi indicado pelo governador da Bahia [Jaques Wagner, do PT]. O ministro José Gomes Temporão, da Saúde, foi indicado pelo Lula.

FOLHA - Não foi pelo governador do Rio, Sérgio Cabral, do PMDB?
QUÉRCIA - Ele indicou a pedido. O Lula disse: "Oh, indica aí que é bom". E ele indicou.

FOLHA - O senhor sempre criticou o governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, apoiado pelo PFL, hoje DEM, de "neoliberal". O senhor mudou? Ou eles mudaram?
QUÉRCIA - Eles fizeram o Plano Real e a coisa funcionou. Mas o Fernando Henrique deixou de fazer muito investimento porque ele não tinha aquele desprendimento. Como o Lula. Não é por acaso que o Serra sempre foi um crítico da economia do governo do qual ele participava. Ele achava que o país precisava ter um processo de crescimento. Ele tem uma postura de acordo com o que eu sempre defendi

terça-feira, 29 de abril de 2008

"Sobre a popularidade de Lula" por Diogo Mainardi

Como o site da revista Veja passou a publica na íntegra o podcast de Diogo Mainardi passarei a colocar aqui a sua edição mais recente. A publicada hoje é uma análise da popularidade de Lula. Diogo compara a popularidade do ex-presidente Bill Clinton com a de Lula. Clinton, em 1998 estava envolvido no escândalo da estagiária Mônia Lewinsky. Mesmo mentindo em juízo sua popularidade não foi afetada. O mesmo acontece com Lula: mesmo com os crimes cometidos no seu governo sua popularidade continua a cada pesquisa mais alta. Segue abaixo a íntegra do podcast. Para ouví-lo clique aqui.
Em janeiro de 1998, a dois anos e meio do fim do segundo mandato, o presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, tinha 73% de aprovação dos eleitores. Só para lembrar: duas semanas antes da realização da pesquisa, ele mentira em juízo, negando num tribunal que tivesse mantido relações sexuais com Monica Lewinsky. A mentira desencadeou um processo de impeachment contra ele, que durou até os primeiros meses de 1999. O que aconteceu com sua popularidade? Nada. Continuou lá em cima, no patamar dos 73%. Quando ele deixou o cargo, no final de 2000, sua aprovação ainda estava em 68%.
Lula é popular. Sua aprovação está beirando os clintonianos 70%. Criaram-se alguns mitos em torno disso. Primeiro mito: Lula é um caso inexplicável, atípico. Segundo mito: a oposição não deve fazer oposição, se seu objetivo é ganhar em 2010. Terceiro mito: Lula pode fazer o que bem entende e, se ele não se candidatar a um terceiro mandato, deveremos agradecer unicamente ao seu espírito democrático.
Três engodos. A popularidade de Clinton se manteve alta porque a economia americana, de 1997 até 2000, cresceu a uma taxa superior a 4% ao ano. É exatamente o que está acontecendo com Lula. O eleitorado é assim mesmo: maricas e reacionário. Isso não significa que a discussão sobre o país tenha de ficar paralisada. Pelo contrário. A estratégia dos republicanos foi bater cada vez mais forte em Clinton. Deu certo. Apesar de manter a popularidade, Clinton perdeu a capacidade de ditar a agenda política dos Estados Unidos, tornando-se progressivamente mais irrelevante. O tempo passou e, hoje em dia, ele é um peso morto até mesmo para a campanha de sua mulher.
Em minha
última coluna, tratei do caso do ministro da Pesca. Em 2006, num ato público, ele fez campanha eleitoral para Lula. O episódio é pequenininho, porque o ministro da Pesca é pequeninho (note que, cuidadosamente, evitei chamá-lo de "peixe pequeno"), mas é exemplar do que acontece nos cafundós do país. O abuso da máquina estatal corrompe a democracia, e o que surpreende, na verdade, é que a popularidade de Lula não seja ainda mais alta. O aspecto extraordinário do caso do ministro da Pesca é outro: ele foi filmado. Apresentei as imagens inéditas no portal da Veja. A ilegalidade de seu ato é indiscutível. A questão agora é saber se ele será punido ou não. Estou me lixando para o ministro da Pesca. Por mim, ele pode passar o resto da vida fazendo campanha eleitoral em Limoeiro do Ajuru. Aliás, é o que eu sinceramente desejo a ele. Mas o caso tem o poder de revelar o grau de esfarelamento institucional do Brasil. Há uma diferença entre aprovar um presidente e tornar-se cúmplice dos crimes cometidos durante seu governo. Essa é a diferença que está em jogo. A diferença entre o presente e o futuro. Entre um país de verdade e um país de mentira.

Alckimin balançando o coreto

Geraldo Alckmin está balançando o coreto com esta sua candidatura à Prefeitura de São Paulo. O líder do DEMO na Câmara Municipal de São Paulo Carlos Apolinário questionou a lealdade de Alckmin perante a aliança PSDB-DEMO. Já disse aqui e volto a repetir: depois da campanha presidencial de 2006 Alckmin deveria ser esquecido. Ele está abalando a candidatura de Gilberto Kassab à prefeitura paulistana. Pede pra sair, Alckimin!

Acabou?

Ué, será que ninguém mais vai falar das investigações da Polícia Federal que teria como alvo o governo Alcides Rodrigues, o popular Cidinho? Será que a notícia acabou?

Tarso, o golpista

Quem foi que lançou esta idéia de terceiro mandato para Lula? Não foi a oposição como falou Tarso Genro hoje. Foram os lulistas, os cupanheros da base aliada, o vice presidente da República que afirmaram o quão seria bom (para eles, né?) Lula disputar um terceiro mandato. Do jeito que as coisas estão, do jeito que as pesquisas mostram a popularidade de Lula, muitos puxa-saco lulista querem vê-lo outra vez disputando mais uma eleição presidencial em 2010.
É engraçado ver Tarso criticando a oposição por conta da discussão sobre um possível terceiro mandato para Lula. Em 1999, este mesmo Tarso Genro escreveu um artigo na Folha de São Paulo já pedindo o fim do governo Fernando Henrique Cardoso que mal tinha acabado de ser reeleito. São eles os golpistas. É Tarso, o golpista, que deseja ardentemente esta discussão sobre terceiro mandato.

Companheiros em confronto

Editorial do Estado de São Paulo

O PT de Belo Horizonte (BH) pagou para ver até onde o PT nacional será capaz de ir na seqüência da proibição que a comissão executiva do partido impôs semana passada à aliança, na capital mineira, com o PSDB do governador Aécio Neves. O acordo é pela candidatura do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Márcio Lacerda, do PSB, à sucessão do prefeito petista Fernando Pimentel. Domingo, o diretório municipal peitou a decisão, indicando um companheiro, o deputado estadual Roberto Carvalho, para vice de Lacerda, e abrindo fogo contra a cúpula partidária.O colegiado não se limitou a repudiar ''com indignação'' a negativa à coligação planejada a quatro mãos por Aécio e Pimentel. Documento aprovado no encontro atacou a executiva com palavras que poderiam figurar num manifesto de inimigos radicais do PT. O texto qualifica a proibição de ''postura autoritária, antidemocrática, sectária, preconcebida e predeterminada''. Fala ainda em ''orientação isolacionista'' e em ''tática eleitoral hegemonista e excludente''. E argumenta que o veto ''conflita com o desejo explícito da população e da base partidária''.Com efeito, não paira nenhuma dúvida sobre o apoio do eleitorado local à coligação que governador e prefeito articularam. Seja, como se sabe, porque a grande maioria aprova as administrações de um e outro, seja por entender que o entrosamento entre eles, à parte as siglas a que pertençam, é benéfico para a cidade. Já o apoio da base partidária vem de outro fato sabido: a liderança de Pimentel no PT de Belo Horizonte, que respaldaria o seu projeto de suceder a Aécio - com o aval deste. O governador, de seu lado, teria um trunfo na disputa com o seu colega paulista José Serra pela candidatura tucana ao Planalto e depois, se bem-sucedido, a imagem de arquiteto da união nacional no pós-Lula.Mas é precisamente esse o motivo por que a direção do PT resolveu não aceitar, ''em hipótese alguma'', o acerto em Minas. Em 2010, pela primeira vez, o partido não terá Lula para concorrer ao Planalto, a tomar ao pé da letra as suas juras cada vez mais freqüentes de que não buscará o terceiro mandato. Já não bastasse isso, é uma incógnita a capacidade do presidente de eleger o proverbial poste. E ele mesmo, aliás, acaba de pôr em dúvida as chances de quem seria a sua primeira escolha, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. ''Entre ser uma figura extraordinária para gerenciar e ser candidata à Presidência é outra conversa'', disse numa entrevista, dias atrás. ''Porque entra um ingrediente chamado política, que exige outras credenciais.''Nesse quadro, tem lógica o PT abominar a idéia de contribuir para o fortalecimento de um adversário potencial, ainda mais, como é o caso de Aécio, que trabalha para ser visto pela opinião pública como o construtor de pontes suprapartidárias visando ao interesse nacional. Se, em Belo Horizonte, a agremiação se unir a ele para sufragar prefeito um dos principais secretários do seu governo - embora de um terceiro partido, que por sua vez integra a base lulista -, com que roupa o presidenciável petista irá enfrentar o tucano, a vingar essa hipótese, no segundo maior colégio eleitoral do País? Nas contas do PT federal, perder este ano a prefeitura de BH com um candidato próprio e, presumivelmente, o governo estadual com Pimentel, ou outro nome, em 2010, é um preço aceitável para conter Aécio.Só que há outro custo em jogo. O PSB não deve aceitar passivamente que o PT prejudique a candidatura do seu correligionário Márcio Lacerda. Muito menos o padrinho dele, Ciro Gomes, que considerou o ato da direção petista ''inexplicável e incompreensível''. (Coerente com a sua insopitada aversão a São Paulo, ele aproveitou para atacar a ''arrogância paulista'' do PT.) Isso é um problema para os planos de Lula de unir toda a coalizão de governo ao redor do candidato que vier a patrocinar à própria sucessão. Daí os sinais aparentemente contraditórios que tem emitido diante do imbróglio. Ele mandou vazar que julgou ''uma burrice'' o veto à aliança com o seu quase-aliado Aécio. Mas é improvável que a decisão tenha saído à sua revelia ou contra a sua vontade.