Não tenho acesso aos arquivos de outros jornais como o Estado de São Paulo e o Jornal do Brasil. Por isso peço a compreensão do leitor se eu me basear apenas no que a Folha de São Paulo noticiava antes e depois das eleições de Lula em 2002. No dia 28 de outubro de 2002 o Brasil estava em festa. Lula finalmente chegou lá. Com o discurso de mudança, o metalúrgico fora eleito presidente do Brasil. Na Folha do mesmo dia, Fernando Rodrigues escrevia:
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito ontem presidente da República. Inaugura um novo ciclo na política brasileira. A democracia é plena. Ele próprio é um novo Lula. "Eu mudei, o PT mudou, o Brasil mudou" foi sua emblemática frase-síntese durante a campanha.
A mudança é de atitude. Vigora no PT uma política mais porosa. Aceita-se quem é diferente. "O meu governo será um governo de paz, sem mágoas e sem rancores, e terá como marca registrada o entendimento e a negociação", tem prometido Lula.
Se vingar a promessa, será uma guinada maiúscula do PT. Eis o que disse Lula depois das suas três derrotas presidenciais:
Em 89: "Eu não perdi. O Brasil perdeu a oportunidade de ter alguém que tenha a verdade nos olhos. Sou oposição intransigente".
Em 94: "O PT não está procurando carniça [sobre participar do governo FHC]. Eu não vejo nenhuma possibilidade de uma pessoa que defende o que eu defendo participar de qualquer governo em aliança com o PFL, PTB e adjacências".
Em 98: "Seremos implacáveis. Fernando Henrique não se fez respeitar na campanha eleitoral e não tem condições morais de falar em pacto ou negociação".
É impossível predizer se o atalho tomado em direção ao centro fará do governo Lula apenas uma cópia avermelhada do que foi o de FHC.
Também é difícil precisar todas as razões que levaram tantos integrantes das elites antes criticadas pelo PT a apoiar Lula com tanto vigor neste início de século 21. Seria classificado de tolo quem vaticinasse há alguns anos que ACM, Sarney, Quércia e Maluf estariam a favor do presidenciável petista numa eleição.
Com ou sem a direita, não se deve julgar um governo que ainda não começou. Só será possível dar um veredicto sobre a administração Lula no futuro. Mas nunca foi tão atual a surrada frase de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, em "O Leopardo": "Se queremos que tudo permaneça como está, é preciso que tudo mude".
Podem ter certeza que a vitória de Barack Obama nos Estados Unidos encherá os editoriais dos jornais daqui e de lá com artigos mais ou menos parecidos com este de Fernando Rodrigues. Artigos louvando a mudança, o início de uma nova era na política norte americana. Tolos americanos que acreditam na mudança.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito ontem presidente da República. Inaugura um novo ciclo na política brasileira. A democracia é plena. Ele próprio é um novo Lula. "Eu mudei, o PT mudou, o Brasil mudou" foi sua emblemática frase-síntese durante a campanha.
A mudança é de atitude. Vigora no PT uma política mais porosa. Aceita-se quem é diferente. "O meu governo será um governo de paz, sem mágoas e sem rancores, e terá como marca registrada o entendimento e a negociação", tem prometido Lula.
Se vingar a promessa, será uma guinada maiúscula do PT. Eis o que disse Lula depois das suas três derrotas presidenciais:
Em 89: "Eu não perdi. O Brasil perdeu a oportunidade de ter alguém que tenha a verdade nos olhos. Sou oposição intransigente".
Em 94: "O PT não está procurando carniça [sobre participar do governo FHC]. Eu não vejo nenhuma possibilidade de uma pessoa que defende o que eu defendo participar de qualquer governo em aliança com o PFL, PTB e adjacências".
Em 98: "Seremos implacáveis. Fernando Henrique não se fez respeitar na campanha eleitoral e não tem condições morais de falar em pacto ou negociação".
É impossível predizer se o atalho tomado em direção ao centro fará do governo Lula apenas uma cópia avermelhada do que foi o de FHC.
Também é difícil precisar todas as razões que levaram tantos integrantes das elites antes criticadas pelo PT a apoiar Lula com tanto vigor neste início de século 21. Seria classificado de tolo quem vaticinasse há alguns anos que ACM, Sarney, Quércia e Maluf estariam a favor do presidenciável petista numa eleição.
Com ou sem a direita, não se deve julgar um governo que ainda não começou. Só será possível dar um veredicto sobre a administração Lula no futuro. Mas nunca foi tão atual a surrada frase de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, em "O Leopardo": "Se queremos que tudo permaneça como está, é preciso que tudo mude".
Podem ter certeza que a vitória de Barack Obama nos Estados Unidos encherá os editoriais dos jornais daqui e de lá com artigos mais ou menos parecidos com este de Fernando Rodrigues. Artigos louvando a mudança, o início de uma nova era na política norte americana. Tolos americanos que acreditam na mudança.
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