sábado, 25 de dezembro de 2010

O que seria isso?

No post abaixo comento uma reportagem que saiu hoje na Folha de São Paulo que mostra Franklinstein Martins destilando seu ódio contra a imprensa. Para o daqui uma semana ex-ministro da Comunicação Social, a imprensa brasileira é partidária, tem má vontade e faz uma dobradinha com a oposição.

Franklin já trabalhou nesta imprensa que tanto critica. Aliás, na época do governo Fernando Henrique Cardoso ele criticava o governo tucano. Naquela época a imprensa brasileira deveria ser uma beleza. Franklin tinha um blog. Fui lá agora recuperar um texto que ele escreveu para o Jornal de Brasília do dia 20/06/1999. Nele, Franklins enumerava as crises políticas que assolavam o governo FHC. O título do texto é "Nada como uma crise depois da outra":

Dei-me à pachorra de contar o número de crises que sacudiram, nos últimos meses, o governo e a base governista. Foram nada menos de 18 crises em sete meses. Os abalos começaram pouco tempo depois do segundo turno das eleições do ano passado. Vamos a eles:

1) No fim do ano, primeiras revelações do grampo no BNDES, que produziram a queda do ministro das Comunicações, Mendonça de Barros, e do presidente do banco, André Lara Resende. A base governista divide-se. Os tucanos defendem Mendonção, mas o PFL e o PMDB ajudam a abater aquele que estava marcado para ser o poderoso ministro da Produção;

2) Quase simultaneamente a sociedade toma conhecimento do dossiê Caymann, que logo se revela fajuto, sobre supostos depósitos feitos naquele paraíso fiscal pelos mais importantes nomes do tucanato, inclusive o presidente da República. O ex-prefeito Paulo Maluf e o ex-presidente Fernando Collor mexeram seus pauzinhos nos bastidores para promover a divulgação do papelório produzido em máquinas xerox;

3) O governo sofre humilhante derrota na Câmara dos Deputados, ao tentar empurrar goela abaixo dos deputados a cobrança da contribuição previdenciária dos inativos. O revés deixa claro que as dificuldades políticas para combater o déficit fiscal eram muito maiores do que se supunha;

4) Agudas disputas na base governista por causa da reforma ministerial. Fernando Henrique abre mão de seu projeto de organizar um Ministério da Produção forte e nomeia um primeiro escalão muito aquém das expectativas da sociedade. No dia da posse, faz um discurso pífio. Em compensação, Antônio Carlos Magalhães faz um discurso veemente. O contraste é evidente;

5) Mal começa janeiro, Itamar Franco tromba com a equipe econômica e decreta a moratória de Minas Gerais. A decisão repercute imediatamente nos mercados financeiros e precipita um devastador ataque especulativo contra o real. Começa a fuga de capitais;

6) O governo anuncia o fim do câmbio fixo e a saída de Gustavo Franco do Banco Central. Para o seu lugar, é nomeado Francisco Lopes, que implanta a banda endógena, que duraria poucos dias. Pânico no país e novos ataques contra o real, diante de um BC inerme. Trombada entre Lopes e o ministro da Fazenda, Pedro Malan.

7) Morte inglória da banda endógena e defenestração sumária de Lopes. Adoção do câmbio flutuante. O real despenca, o dólar vai a lua. Logo chegaria à cotação de R$ 2,15. O país mergulha na incerteza econômica e é aprovado a toque de caixa um novo pacote fiscal. Nomeação de Armínio Fraga, assessor do megainvestidor Gerge Soros, para o BC. Acordo com o FMI.

8) Os governadores de oposição enfrentam a equipe econômica e o governo central e conseguem adesões e simpatias entre os chefes dos executivos estaduais eleitos pelos partidos que dão sustentação a Fernando Henrique. Brasília é obrigada a fazer concessões.

9) Primeira grande trombada de ACM com o Judiciário. O presidente do Senado decidie instalar uma CPI para investigar irregularidades no Poder Judiciário. Faz sua aparição no cenário da grande política o novo presidente do PMDB, Jáder Barbalho. Dá um nó em ACM: seu partido só apoiaria a CPI proposta elo presidente do Senado se o PFL apoiar uma CPI para investigar o Banco Central. As duas CPI são instaladas sem que o Planalto mexa uma palha para evitá-las. Fernando Henrique está paralisado; o PSDB, perplexo; as oposições, atônitas.

10) Estoura o caso da ajuda do BC aos bancos Marka e FonteCindam. Surge o bilhete do banqueiro Salvatore Cacciola pedindo socorro a Francisco Lopes. Descobre-se que o ex-presidente do BC tem mais de um milhão de dólares numa conta bancária no exterior, aberta por um de seus sócios. Chico Lopes é convocado pela CPI, recusa-se a depor e é preso. O presidente Fernando Henrique continua paralisado.

11) O PFL faz sua convenção nacional e lança ACM para 2002. Na semana seguinte, o PSDB responde com grandes homenagens ao governador de São Paulo, Mário Covas. Na prática, mal começa o segundo mandato de FH, é dada a largada para a corrida presidencial, que só se realizará dentro de três anos. O ex-ministro Mendonça de Barros é eleito vice-presidente do PSDB. Reacende-se a polêmica entre "desenvolvimentistas" e "monetaristas", abortado no fim de 1998 pela divulgação das fitas obtidas através do grampo do BNDES;

12) Nova fornada de fitas do BNDES. Num dos trechos, André Lara Resende pede a FH que use seu poder para que o Banco do Brasil mantenha compromissos assumidos com um dos consórcios. O presidente atalha: "Sem dúvida". A oposição acusa o presidente de interferir no leilão, pede a instalação de uma CPI e fala em impeachment. A base governista, atuando unida pela primeira vez em meses, derrota a oposição. O presidente custa muito a falar para a sociedade.

13) Outra denúncia atinge o governo: vários ministros, a começar pelo chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho, são acusados de usar aviões da FAB em viagens de férias para Fernando de Noronha. Alguns deles decidem ressarcir a FAB pelas despesas; outros, recusam-se a fazê-lo;

14) Os ministros da Saúde, José Serra, e da Previdência, Waldeck Ornellas, brigam publicamente. O tucano acusa o pefelista de sadismo por ter cortado a isenção previdenciária de alguns hospitais conveniados com o Sistema Único de Saúde. Waldeck responde dizendo que Serra é egocêntrico e desagregador. ACM sai em socorro de Waldeck, Covas dá mão forte a Serra. O presidente só intervém depois que o leite está derramado;

15) O ministro da Justiça, Renan Calheiros, irritado com o veto do chefe da Casa Militar, general Alberto Cardoso, ao delegado que indicara para a direção-geral da Polícia Federal, expõe publicamente suas divergências com o militar. Deixa vazar que a Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, subordinada a Cardoso, estaria na raiz do grampo do BNDES. O PMDB sai em defesa de Renan, enquanto o Exército solta nota respaldando o general. Jáder Barbalho desafia publicamente FH, dizendo que a nomeação do diretor-geral da PF é prerrogativa do ministro da Justiça; o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima, vai mais longe: afirma que o presidente não cometeria a "sandice" de nomear alguém para o cargo sem consultar o partido. FH reage e paga para ver. Nomeia para a PF o delegado João Batista Campelo, um dos indicados pelo general Cardoso. O PMDB se curva, mas Renan insiste em deixar o ministério. É contido pelos seus companheiros, mas fica no cargo emburrado. De lá para cá, não perde uma oportunidade para mostrar seu desagrado com a situação. Fernando Henrique, apesar de irritado, engole o sapo;

16) ACM critica Temer porque este estaria trabalhando contra o parecer do relator da reforma do Judiciário, deputado Aloísio Nunes Ferreira. Dá a entender que Temer, como advogado, defende interesses corporativos. O presidente da Câmara diz que ACM é um curioso em matéria jurídica e diz que ele deveria esperar o projeto chegar no Senado para se pronunciar. Estoura uma briga feiísima entre os presidentes das duas casas do Congresso, com insinuações recíprocas de desonestidade. FH assiste de camarote;

17) O ex-padre José Antônio Monteiro acusa o delegado Campelo de tê-lo torturado em 1970, quando chefiava a PF do Maranhão. Campelo nega, mas, em pouco tempo, fica claro que Monteiro fora efetivamente torturado e que o delegado, direta ou indiretamente, fora responsável pelos suplícios inflingidos ao então religioso. Os partidos oposicionistas pedem a cabeça de Campelo e os governistas lavam as mãos. Fernando Henrique fica paralisado e demora uma eternidade para reagir. Reabre-se assim a crise da PF;

18) Irritado com decisão do ministro Sepúlveda Pertence, do STF, que concedeu liminar contra a decisão da CPI dos bancos que quebrou o sigilo bancário, fiscal e telefônico de Francisco Lopes, ACM acusa o Supremo de cometer um crime. O presidente do STF, Carlos Veloso, responde ao presidente do Senado, dizendo que divergências jurídicas não se resolvem com injúrias. ACM responde, Veloso retruca, ACM devolve, Veloso reage, num ciclo de notas e declarações que parece não ter fim.

Em suma, são 18 crises em sete meses. Até 20 dias atrás, a média era de uma crise nova a cada quinzena. Agora, o ritmo intensificou-se: a cada semana, temos uma ou duas crises novas. É impressionante. Registre-se que os três últimos conflitos da lista (a briga de ACM com Temer, o balança mas não cai de Campelo e a crise entre o Senado) ainda estão em pleno desenvolvimento.
Nunca se viu nada igual.

Recuperando o que foi escrito no começo do texto. Franklinstein Martins disse ontem que a imprensa brasileira é partidária, tem má vontade com governo e faz dobradinha com a oposição? Bem, com um texto desses publicado nesta mesma imprensa que o ministro critica podemos afirmar, sem sobra de dúvida, que Franklin mostra qual partido defende, tem má vontade com o governo Fernando Henrique Cardoso e faz uma dobradinha com a oposição petista. 

Franklin enumerou 18 crises em sete meses no governo Fernando Henrique Cardoso. Que imprensa partidária, de má vontade e aliada da oposição, hein?

O ódio de Franklinstein

Está na Folha de hoje:



Às vésperas de deixar o governo, o ministro Franklin Martins (Comunicação Social) voltou a fazer críticas à mídia brasileira.
Em entrevista ao site "Congresso em Foco", Franklin acusou a imprensa brasileira de ser "partidária", de ter "má vontade" com o governo e de fazer "dobradinha" com a oposição.
O ministro fez ataques aos grandes jornais-chamados por ele de "jornalões"-ao afirmar que esses veículos vivem hoje um "seriíssimo problema de credibilidade".
"Um grande número de leitores não acredita mais no que o jornal diz. (...) Muitas vezes os leitores perceberam que havia má vontade com o governo, desproporcional. E havia uma leniência com a oposição", afirmou.
Franklin disse que os jornais distorceram números favoráveis ao governo e vão terminar a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva "vendendo menos do que vendiam antes".

REGULAÇÃO DA MÍDIA
Ao falar sobre o projeto de regulação da mídia que vai encaminhar à presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), o ministro disse que a sociedade vai ser a "mais prejudicada" se ele não sair do papel.
"Há certas obrigações que devem ser contempladas. Isso se faz no mundo inteiro e ninguém nunca achou que é censura", disse Franklin.
A Folha revelou no início do mês uma minuta do projeto de regulação da mídia, elaborada por um grupo coordenado por Franklin, que prevê a criação de uma Agência Nacional de Comunicação.
O órgão teria poderes para multar empresas que veicularem programação considerada ofensiva, preconceituosa ou inadequada ao horário.
"Segundo o ministro, o projeto a ser enviado a Dilma vai incluir "pluralismo, equilíbrio e respeito à privacidade das pessoas".

Comentário
A cada declaração de Franklin Martins vai ficando cada vez mais nítida a vontade do ministro de Comunicação Social de Lula em censurar a imprensa. Se depender do Franklinstein os jornais só vão publicar coisas boas sobre o governo e arquivar denúncias e mentiras propaladas pelo Palácio do Planalto.
Franklinstein quer mostrar que só Lula é alvo da imprensa. Isso é uma mentira deslavada. José Sarney foi alvo da imprensa. Fernando Collor de Melo foi alvo da imprensa. Fernando Henrique Cardoso foi alvo da imprensa. Por que Lula não pode ser alvo da imprensa? Por que só os três últimos presidentes podem ser questionados pela imprensa e Lula não?
Ainda bem que Franklinstein Martins não vai continuar no governo de Dilma Rostock. O ódio dele contra a imprensa não tem limites. 

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Ex-governador Orestes Quércia morre aos 72 anos em São Paulo

Na Folha



O ex-governador de São Paulo Orestes Quércia (PMDB) morreu às 7h40 desta sexta-feira, aos 72 anos, vítima de um câncer na próstata. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, desde o dia 18 de novembro.
Quércia desistiu de concorrer ao Senado nas eleições de outubro por causa da doença. Durante o período eleitoral, passou 36 dias internado. Teve alta no dia 6 de outubro, um mês após renunciar à candidatura para senador. Leia mais aqui.

A culpa é do TCU

Pela última vez como presidente Lula esteve aqui em Goiás. Veio inaugurar um trecho da ferrovia Norte-Sul. Meses atrás, o Babalorixá disse que inauguraria a ferrovia que começou lá no governo Sarney, passou pelos governos dos Fernandos Collor e Henrique para chegar no governo Lula. Mais uma promessa lulista não cumprida. 

E Lula não se culpa por isso. Claro! Lula nunca tem culpa. Quem tem culpa são os outros. Lula culpou o Tribunal de Contas da União pela não conclusão da obra. Quem manda o TCU ficar fiscalizando obra? Quem manda o TCU mostrar que tem fraudes nas obras lulistas? Ao invés de atacar as ratazanas do dinheiro público, Lula prefere atacar o órgão que cumpre com a sua função.

Mais um governo terminando e outra vez a ferrovia Norte-Sul não tem fim. Pelas previsões de corte no fanfarrônico PAC, Dilma Rostock também não deve terminar esta obra. Vai ver a culpa é do TCU mesmo.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Lula, suas bobagens e o ódio

Lula não toma jeito nem no final do seu mandato. Hoje, ele disse que todos os mensaleiros são inocentes: 

Esse caso me lembra o linchamento de inocentes. Muita gente entra na onda, fica cega e surda para qualquer argumento contrário, e passa, vamos dizer, a jogar bosta na Geni

Afirmando isso, Lula reconhece a ilegalidade e ainda passa a mão na cabeça daqueles que pegaram dinheiro na cumbuca de Marcos Valério. O que fazer quando um presidente faltando oito dias para sair da Presidência resolve inocentar todos os envolvidos no maior escândalo do seu governo? Lula deixa para Dilma Rostock o Brasil da ilegalidade e da crença de que todo aliado do governo deve ser protegido mesmo que esteja envolvido  no maior de todos os escândalos.

Mas as bobagens lulistas não pararam por aí. Lula ainda desceu o sarrafo no DEM:

Esse partido, ou melhor, seu antecessor, o PFL, que não consegue se viabilizar nas urnas, em 2005 tentou o tapetão, o que é natural porque é um partido que tem a ditadura no seu DNA. É sempre assim, partido que não tem apoio do eleitorado, apela

O DEM tem a ditadura no seu DNA? Nunca vi nenhum democrata fazer algum louvor a algum ditador. O PT SIM FAZ LOUVORES AO DITADOR FIDEL CASTRO E SEU IRMÃO RAUL. O PT SIM TEM A DITADURA NO SEU DNA. Ou será que tem algum petista que detesta a ditadura de mais de 50 anos em Cuba?
Nunca vi nenhum democrata passar a mão na cabeça de colegas que receberam dinheiro sujo do esquema montado por José Roberto Arruda no Distrito Federal. Imagino a gritaria do PT se algum político do DEM afirmasse que Arruda foi vítima do PT e da imprensa golpista.

Lula não diz apenas bobagens. Ele prega o ódio. Pregou o ódio quando era oposicionista, prega o ódio como presidente. Não vou me assustar se a partir do dia 01 de janeiro de 2011 Lula destilar todo o seu ódio contra a oposição ao governo Dilma Rostock. 

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O protesto seletivo

Tinha um abestado que me visitava todos os dias. Deixava na área de comentários todo o seu ódio contra o que este humilde blogueiro escrevia. Ele sumiu. Vai ver arrumou algum serviço. Tomara! Pois bem, este meu fã vivia pegando no meu pé. Todos os dias ele dizia que eu só criticava Lula e não criticava os tucanos. Dizia que o meu protesto era seletivo. É mesmo? 

Acabo de ler na Folha online que 70 estudantes foram hoje para a frente do Congresso Nacional protestar contra o aumento abusivo do salário de vossas excelências. Se algum repórter mais curioso perguntasse para alguns destes setenta se se lembram em quem votaram para trabalhar naquele congresso nas eleições d eoutubro seria de muito valor. 

Não considero meu protesto seletivo. Critico Lula quando acho que Lula está errado. Assim como critico o PSDB quando acho que o PSDB está errado. Não critico este ou aquele só porque todo mundo critica este ou aquele. 

Outro repórter curioso poderia perguntar aonde estavam estes 70 quando o Congresso Nacional foi comprado por Lula via Delúbio Soares e Marcos Valério. Não me lembro da gritaria estudantil mirar o Palácio do Planalto. Protestar contra aumento salarial de parlamentares protestam. Protestar contra as barbaridades cometidas por Lula não protestam. Eis aí o protesto seletivo.