sábado, 2 de fevereiro de 2008

Só fala a verdade?

Roberto Balestra disse que o governador de Goiás Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, tem credibilidade junto ao povo porque fala a verdade. Será? Se compararmos os discursos de Cidinho na campanha eleitoral de 2006 e agora veremos uma grande diferença. Hoje, Cidinho fala em reforma. Em 2006, falava em continuidade das maravilhas do Tempo Novo. Cidinho não continuou estas maravilhas. Pior. Mostrou a falência do tempo que ele disse representar. Cidinho não fala a verdade, não tem credibilidade. Cidinho escondeu os cofres vazios durante a campanha eleitoral de 2006.

Franklinstein Martins e a censura

Franklin Martins não quer que o povo brasileiro saiba como e quanto a Presidência da República gasta o dinheiro público. A culpa não é do ministro que compra tapioca e paga com cartão corporativo. A culpa é do portal que divulgou os números da gastança. Franklinstein Martins quer a censura. Ninguém mais pode saber quanto Lula gastou no jantar, quanto o ministro gastou na compra da tapioca, quando o assessor gastou naquele shopping. Não! Franklinstein não quer saber disso. Tudo tem que ser escondido. Tudo tem que ser secreto. Que mania besta essa de querer bisbilhotar a vida dos políticos.
Fico eu aqui pensando se Franklinstein Martins ainda fosse um comentarista político o que ele diria dos gastos dos excelentíssimos. O hoje secretário de Imprensa escrevia colunas políticas para diversos jornais. Ele tinha um blog no IG. Foi neste blog que eu achei um artigo escrito por Franklinstein em 1999 no qual enumerava as crises do governo Fernando Henrique Cardoso num curto espaço de tempo. Era crise política atrás de crise política. Naquela época a imprensa não era golpista. Naquela época se algum ministro ou secretário mandasse censurar alguma matéria da imprensa logo era detonado, criticado, surrado em artigos publicados aqui e acolá. Na era lulista, fazer críticas ao governo virou um pecado. Paulo Henrique Amorim quer até que o Ministério Público fique de olho nos jornais. Já imaginou se algum cara do alto escalão mandasse o Ministério Público ficar de olho em Paulo Henrique Amorim nos tempos de FHC? Pois é...
Essa gente não quer que todo mundo veja a gastança dos escalões do governo Lula. Essa gente adora fazer tudo no escurinho, bem escondido. O secretário de Imprensa Franklinstein Martins quer a censura. Também, o que esperar de um ex-comentarista político que defendia a implantação da ditadura comunista nos anos 1960. É a prova de que o mundo muda, mas essa gente não muda. Eles querem é que as pessoas fiquem mudas. Mas terão trabalho para fazer isso. Muito trabalho.

O Foro de São Paulo em ação

O assessor top-top-top de Lula Marco Aurélio Garcia quer reorganizar o grupo de países formado em janeiro para colaborar na libertação de reféns que estão em poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). As Farc fazem parte do Foro de São Paulo, criado por Lula em 1990 e que reúne os principais movimentos de esquerda da América Latina. Marco Aurélio é o braço direito de Lula no foro. Se nós vemos pela imprensa o seu esforço em tentar manter as negociações com os terroristas das Farc é porque ele conhece muito bem e de longa data os terroristas das Farc. O Foro de São Paulo é uma realidade. A união do PT com as Farc é uma realidade. Só países como a Espanha e a França que caem como patinho nesta história de acordo humanitário proposto pelo assessor top-top-top do fundador do Foro de São Paulo. As Farc são criminosas. Os terroristas escondidos na selva colombiana seqüestram, matam e distribuem drogas para o Brasil através de Fernandinho Beira Mar. Isso mesmo, o maior traficante de drogas do país é amigo das Farc.
A França do playboy Sarkozy e a Espanha do Rei Juan Carlos estão caindo na conversa do assessor top-top-top do fundador do Foro de São Paulo. Estão ajudando traficantes colombianos. Estão colaborando com seqüestradores e assassinos. Enquanto isso, Sarkozy nem se interessa pelos seqüestrados na Venezuela. Nem ele e muito menos os outros governantes que apóiam a negociação com terroristas.

Brasil quer retomar mediação de reféns

Por Andrei Netto
no Estado de São Paulo

Brasil e França querem remontar o grupo de países que tentou intermediar, em dezembro, a libertação de Clara Rojas e Consuelo González, ex-reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). A revelação foi feita ontem, em Paris, pelo assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, após um encontro com representantes diplomáticos da França.O grupo, então formado por Brasil, Argentina e Cuba - além de França, Suíça e Espanha, negociadores oficiais -, e da Venezuela, interlocutor com os rebeldes, intermediou com o auxílio de organizações não-governamentais a libertação das reféns, em janeiro. Se reorganizado, o grupo promoveria um esforço internacional para conseguir um acordo humanitário capaz de garantir a libertação dos 44 reféns políticos mantidos pela guerrilha. Entre os seqüestrados está a ex-candidata presidencial colombiana Ingrid Betancourt.A reunião em que a iniciativa foi debatida aconteceu na tarde de ontem, no Quai Branly, o Ministério das Relações Exteriores da França. Após o encontro com Daniel Parfait, diretor de Américas do ministério e marido de Astrid Betancourt, irmã de Ingrid, Garcia destacou a urgência do resgate dos reféns. “Estamos diante de uma situação humanitária muito difícil. Ingrid não está em boas condições de saúde”, disse Garcia.A reunião dos países no esforço diplomático, porém, só acontecerá com a aprovação do presidente colombiano, Álvaro Uribe, e com o conhecimento de seu homólogo venezuelano, Hugo Chávez. Uma das funções do grupo será garantir o diálogo entre os dois presidentes, prejudicado pelo rompimento de relações em dezembro. Outro desafio será superar o novo impasse criado por Uribe. Desde o dia 26, as Forças Armadas colombianas têm ordem de localizar e cercar os acampamentos das Farc nos quais houver reféns, uma forma, segundo o governo, de pressionar pela libertação. Sem mencionar o assunto, Garcia elogiou o líder colombiano. “O presidente Uribe tem muita capacidade política.” Garcia destacou ainda a capacidade de negociação de países como Cuba e Argentina no impasse e disse que o Brasil nunca exerceu um papel de intermediário entre o governo colombiano e as Farc por não ter interlocutores com os guerrilheiros.Além do interesse humanitário, o governo brasileiro acredita que o eventual acordo de paz entre o governo e os guerrilheiros pode favorecer a integração da América Latina. “O problema dos reféns tem de ser resolvido para ajudar a integração sul-americana. O tema não ajuda e já criou um contencioso entre a Colômbia e a Venezuela”, estimou Garcia, lembrando que um acordo complexo foi feito entre o Exército Republicano Irlandês (IRA) e o governo britânico para pôr fim ao conflito. “Se o acordo humanitário continuar na Colômbia, podemos ter a esperança de chegar a um acordo de paz no futuro.”

Delúbio e Silvio foram responsáveis pelos repasses, diz Valério

Por Thiago Guimarães
na Folha de São Paulo

Interrogado ontem no processo do mensalão, o empresário Marcos Valério centralizou nos ex-dirigentes do PT Delúbio Soares (tesoureiro) e Silvio Pereira (secretário-geral) as responsabilidades dentro do partido pelos repasses de dinheiro a aliados. Porém, afirmou que Delúbio lhe disse várias vezes que toda a cúpula do PT tinha ciência dos fatos e que Pereira comentara com ele que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu sabia das operações. Valério disse que nunca conversou sobre empréstimos com o ex-presidente do PT José Genoino nem tratou do tema com Dirceu, cuja trajetória política disse "respeitar e admirar". O pivô do maior escândalo de corrupção do governo Lula, que responde por formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, afirmou que tratou apenas com Delúbio -a quem chamou de "amigo"- e Silvio Pereira sobre os R$ 55 milhões em empréstimos tomados por suas empresas e repassados a membros do PT, PL (atual PR), PTB e PP. Nas cinco horas iniciais do interrogatório, que começou às 14h, Valério não concretizou as ameaças veladas que fez durante o depoimento de Delúbio, quando seu advogado pediu que fossem registradas questões sobre supostas reuniões com o ex-ministro Antonio Palocci e visitas à Granja do Torto. Valério repetiu que o dinheiro repassado ao PT se originou de empréstimos nos bancos Rural e BMG e que os sacadores foram identificados e assinaram recibos. "Para nós, SMPB [sua agência], não existia crime. Estava tomando [empréstimos] no mercado privado, emprestando ao PT e identificando o recebedor na ponta." Caracterizado pela Procuradoria como "verdadeiro profissional do crime", Valério buscou blindar outros réus do caso, como suas ex-funcionárias Simone Vasconcelos e Geiza Dias, o advogado Rogério Tolentino e dirigentes do Banco Rural. Mas dividiu responsabilidades com os ex-sócios Cristiano Paz e Ramon Hollerbach. "A empresa [SMPB] era tocada a três mãos pelos sócios." Indagado pelo juiz Alexandre Buck sobre os interesses em financiar o PT, já que suas empresas não eram do ramo, disse que visava a "entrar na área de campanhas políticas". Valério usou o direito de ficar em silêncio quando questionado se empréstimo tomado por ele no Rural em 1998 -e pago em acordo judicial- teve como destino o PSDB. Disse que falará só no processo do caso. Ele se recusou a responder perguntas formuladas pelo Ministério Público Federal e por advogados dos outros réus. O interrogatório durou cerca de sete horas, e terminou por volta das 21h. O empresário confirmou ter intermediado encontros de dirigentes do Rural com Dirceu, isso porque tinha a conta publicitária do banco e era um pedido dos diretores. Disse que pediu, atendendo a Pereira, um emprego no BMG e financiamento imobiliário no Rural para Maria Ângela Saragoza, ex-mulher de Dirceu, mas os bancos não sabiam a relação dela com o ex-ministro. Valério negou ter ido a Portugal como emissário do PT para encontro com o presidente da Portugal Telecom -disse que a viagem foi em interesse da DNA.
Outro lado
O advogado de Dirceu, Daniel Dall'acqua, afirmou que Valério se contradisse ao dizer que Silvio Pereira lhe contara que o ex-ministro sabia dos empréstimos. Segundo o advogado, ele disse, em outro depoimento, que Delúbio lhe dera essa informação. O advogado de Valério, Marcelo Leonardo, negou ter havido contradição. O advogado Gustavo Badaró, que representa Pereira, disse que seu cliente já afirmara que nunca tratou dos empréstimos e que não teve nenhuma relação com a obtenção ou distribuição do dinheiro. A reportagem não conseguiu contato com o advogado de Delúbio.

Publicação em portal de gastos será investigada

Por Letícia Sander
na Folha de São Paulo

A Secretária de Imprensa da Presidência considerou "ato de transgressão que merece ser investigado" a publicação no Portal da Transparência do volume de gastos com a alimentação da Presidência. A publicação do Portal é feita pela CGU (Controladoria Geral da União).Os gastos, disponíveis no portal, foram publicados em reportagem da revista "Veja" desta semana. A revista mostrou que o assessor especial de atendimento ao gabinete pessoal do presidente da República José Henrique de Souza gastou, em 2007, R$ 115 mil com o cartão corporativo do governo em supermercados, açougues e lojas de bebida, para suprir despesas com alimentação do presidente.A discriminação dos gastos mostra que, do total, R$ 55,4 mil foram destinados a compras nos supermercados Pão de Açúcar. Outros R$ 23,8 mil foram pagos à casa de carnes Reisman, um açougue da capital. No Mercado La Palma, as despesas chegaram a R$ 14,8 mil. O cartão também registra despesa de R$ 2,4 mil na Wine Company, uma loja de vinhos.Os gastos referem-se a compras de alimentos para eventos não programados com antecedência que acontecem no Palácio da Alvorada e na Granja do Torto, como reuniões com governadores, por exemplo.Ao ser questionada oficialmente sobre o motivo das gastos, a Secretaria de Imprensa do Planalto disse que não se pronunciaria sobre o assunto, porque entende que estas informações afetam a segurança do presidente.Procurada pela Folha, a CGU afirmou que não se manifestaria sobre o "mérito" do caso.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

"Outros carnavais" por Roberto Pompeu de Toledo

Em 1890, dada a desanimação reinante, a imprensa carioca detectou, melancólica, que o carnaval estava desaparecendo. Olavo Bilac gostou da notícia. "O carnaval desaparece? Civilizamo-nos…", escreveu. O carnaval, para o poeta, era "não mais nem menos do que isto: a apoteose da prostituição, da embriaguez e do descaramento". Era a "glorificação anual do impudor". Mas, bem pesadas as coisas, Bilac concluía que não havia o que comemorar. O carnaval só desaparecia porque, a seu ver, aquilo que só se fazia durante três dias do ano passou a ser feito o tempo todo. "Agora, a prostituição cresce livremente, ao ar pleno, ao sol claro, como uma grande flor rutilante." Na Rua do Ouvidor, às 3 da tarde, "mulheres equívocas acotovelam as mulheres honestas, confundindo-se com elas, na mesma forma de toilettes, com as mesmas jóias, cercadas da mesma consideração, tratadas do mesmo modo nos jornais, sentando-se às mesmas mesas do Pascoal, tomando os mesmos refrescos". Assim sendo, para que carnaval?
A Raul Pompéia também não escapou o propalado desaparecimento do carnaval, naquele 1890. "Dirão que o tempo já passou; que o Rio de Janeiro era menino quando brincava de mascarado", escreveu. Mas o autor de O Ateneu achava triste que o carnaval, essa "alegria franca, uma vez por ano, com tempo marcado, como uma estação", desaparecesse: "Imaginem o que seria o mundo, se a primavera caísse em desuso. Imaginem a ansiedade das flores, inchando os troncos, o grito das corolas enclausuradas no cerne e pedindo ar (…) Imaginem a revolução de protesto do universo contra o próprio universo, a reação da lei natural contrariada (…) O carnaval suprimido é a mesma coisa, aproximadamente, que uma retenção de primavera".
Em 1892 surgiu a proposta de transferir o carnaval para junho. Raul Pompéia gostou: "O carnaval, a festa das agitadas alegrias, dos acabrunhadores atropelos das bacanais, não quadra absolutamente com o verão. Os dias da gargalhada não se acomodam na estação dos grandes calores. A elevada temperatura abate-nos o corpo e a alma (…) No tríduo carnavalesco se localizam os rega-bofes delirantes do amor, as tremendas desforras dos ímpetos normalmente sopitados da carne. Sejam consultados os competentes se há cousa mais insuportável que delírios de amor a quarenta graus centígrados".
Em 1894 falou-se outra vez da decadência do carnaval. Machado de Assis lastimou: "É crença minha que, no dia que deus Momo for de todo exilado deste mundo, o mundo acaba".
Em 1904 Bilac voltava a investir contra a sem-vergonhice. Citando Artur Azevedo, dizia que os préstitos das sociedades carnavalescas eram "revoltantes apoteoses do vício". Na sua própria opinião, eram "o triunfo insolente das hetairas". O poeta da Via Láctea concluía: "Creio que, de todas as cidades civilizadas, o Rio de Janeiro é a única que tolera essa vergonhosa exibição".
Em 1920, Lima Barreto dizia que o carnaval lhe causava "aborrecimento". Não pela habitual choradeira dos moralistas – "o ponto de vista de imoralidade e chulice pouco me preocupa" – mas pela pobreza das letras das marchinhas. O autor de Triste Fim de Policarpo Quaresma citava como exemplo Fala meu Louro, de Sinhô: "A Bahia não dá mais coco / pra botar na tapioca / pra fazer o bom mingau / pra embrulhar o carioca. / Papagaio louro (corrupacopapaco) / de bico dourado (corrupacopapaco) / tu que falavas tanto / qual a razão que vives calado?". A relação do papagaio com o resto, segundo Lima Barreto, "não se atina qual seja". As marchas o conduziam à conclusão "de não possuir o nosso povo, a nossa massa anônima, nenhuma inteligência e de faltar-lhe por completo o senso comum".
Em 1922 o mesmo autor voltava à carga, pelo mesmo motivo. Escreveu que as músicas dos blocos, ranchos e cordões pareciam "guinchos de símio e coaxar de rãs" e decretou: "O carnaval é hoje a festa mais estúpida do Brasil".
O sábado de carnaval de 1932 tal qual celebrado no Largo da Concórdia, bairro do Brás, em São Paulo, mereceu registro de Mário de Andrade. Formavam-se rodas de gente "aproveitando a escureza para dezenas de coisas proibidas". Portugueses e italianos eram maioria. Um italiano cantou um tango argentino com sotaque napolitano. Um mulato fantasiado de índia entoou em falsete a habanera de Carmen. Um português introduziu num "samba carioca da gema" uma quadrinha "do mais puro e antediluviano Portugal". A dança era homem com homem, quase sempre "português com português, se pisando". Tudo era "ritual, circunspecto e desolado", nas palavras do autor de Macunaíma, nesse carnaval à moda paulista.
O acesso às crônicas de Olavo Bilac e Lima Barreto foi facilitado por duas edições recentes, bem-cuidadas e com bons índices, respectivamente da Edusp/Imprensa Oficial/Unicamp (2006) e da Agir (2004). As de Machado de Assis e Raul Pompéia ainda precisam ser garimpadas em velhas edições. Os Filhos da Candinha, livro de crônicas de Mário de Andrade, acaba de ser lançado pela Agir, dentro de um projeto que promete reeditar toda a obra do autor.

"Fantasioso? Sórdido?" por Diogo Mainardi

No Natal de 2005, recebi documentos sobre um pagamento de 3,25 milhões de reais da Telecom Italia a Naji Nahas. Tudo ali era suspeito. Um: o pagamento fora efetuado em dinheiro vivo. Dois: o carro-forte entregara o dinheiro na sede da Telecom Italia, em vez de entregá-lo diretamente a Naji Nahas. Três: Naji Nahas faturara 263.000 reais a mais do que o previsto em seu contrato de consultoria.
Passei toda a papelada a VEJA, que publicou uma reportagem sobre o assunto, seguindo o rastro daqueles 3,25 milhões de reais. A reportagem, baseada em fontes da própria Telecom Italia, dizia que o dinheiro fora entregue a um diretor da empresa, Ludgero Pattaro. Ele o enfiara numa maleta e, acompanhado por guarda-costas, encaminhara-se ao hotel Renaissance, onde o repassara a um destinatário de identidade desconhecida. Numa coluna publicada ao lado da reportagem, contei os bastidores do acordo secreto entre a Telecom Italia e o lulismo, sugerindo que aquele dinheiro teria sido usado para azeitar o relacionamento da empresa com o poder político.
O presidente da Telecom Italia, Giorgio Della Seta, classificou as denúncias de VEJA como "absurdas, fantasiosas e sórdidas". Ele afirmou ignorar o que Ludgero Pattaro fazia no hotel Renaissance com uma maleta cheia de dinheiro. Naji Nahas também contestou a reportagem, declarando ter recebido regularmente em seu escritório o valor de 3,25 milhões de reais. O caso parecia morto. Eu parecia absurdo, fantasioso e sórdido.
No Natal de 2007, ocorreu uma reviravolta. Recebi de presente mais um documento. Ele consta do inquérito da magistratura milanesa contra a Telecom Italia e confirma integralmente o que VEJA publicou dois anos atrás. Trata-se de um depoimento de Marco Girardi, diretor financeiro da Telecom Italia no Brasil, realizado no dia 11 de novembro passado. Ele confessou o seguinte:
• Giorgio Della Seta, aquele das denúncias "absurdas, fantasiosas e sórdidas", amigo de Lula e de Marta Suplicy, mandou-o preparar um pacote com 1,3 milhão de dólares em dinheiro vivo.
• Um carro-forte fez a entrega de 3,25 milhões de reais na sede da Telecom Italia. Ali mesmo, um cambista trocou os reais por dólares.
• Os dólares foram entregues a Ludgero Pattaro, assessor direto de Giorgio Della Seta. Ele acondicionou o dinheiro em pacotes de diferentes valores, enfiou-o numa maleta e dirigiu-se ao hotel Renaissance, repassando-o a algumas pessoas que Marco Girardi nunca vira.
• Alguns dias depois, Giorgio Della Seta mandou o diretor financeiro entregar mais 406.000 reais a Ludgero Pattaro, para um pagamento análogo.
Mas a história é ainda mais enlameada. Outro diretor da Telecom Italia, Marco Bonera, admitiu em juízo ter transportado 300.000 dólares a Brasília, para recompensar um grupo de deputados federais. A leitura da confissão de Marco Girardi mostra que aqueles 300 000 dólares, adiantados pela Pirelli como "despesas de viagem", fazem parte da transação com Naji Nahas.
Até 2006, a Telecom Italia foi a grande aliada do lulismo na batalha pelo espólio da Brasil Telecom. Um espólio que está para ser cedido à Telemar, por meio de um decreto presidencial. Ludgero Pattaro, o homem da maleta cheia de dólares, é candidato a uma das vagas no conselho consultivo da Anatel, que analisará o negócio. Absurdo? Fantasioso? Sórdido? Sim, tudo isso.

Gente porca e nojenta

A ministra da Igualdade Racial Matilde Ribeiro pediu pra sair. Ela foi campeã no uso do cartão corporativo. Usou indevidamente. Segundo o governo, Matilde cometeu grave irregularidade. Quando o mensalão estourou em 2005, nós não vimos ninguém do governo dizer que Delúbio Soares, José Genoino, José Dirceu, Silvio Pereira, enfim, os mensaleiros que pegaram dinheiro das contas de Marcos Valério cometeram graves irregularidades. O que nós vimos foi um festival de hipocrisia e cinismo. Vimos os petistas dizendo que o mensalão sempre existiu, que na política todo mundo tem que enfiar a mão na merda mesmo. Lula foi carinhoso não só com os mensaleiros como os aloprados que compraram aquele dossiê anti-tucano dos Vedoin. Com Matilde Ribeiro, ministra que ninguém conhece cuja pasta ninguém sabe ao certo para que serve vira bode expiatório nesta história toda. Lula quer mostrar que, de agora em diante, não haverá mais “irregularidades”. Matilde deixou seus rastros. Os petistas que cometeram graves irregularidades e que não deixaram rastros acabaram recebendo o afago de Lula.
Não importa se o peixe é grande ou pequeno, a corrupção está disseminada pelo governo. Os pequenos são acusados de cometer graves irregularidades. Já os grandes são vítimas do ódio da imprensa e dos vícios do processo eleitoral. Neste governo não sobra ninguém. Que vergonha! Desde a Casa Civil até o Ministério da Igualdade Racial o dinheiro público é usado sem nenhum respeito à lei. Todo mundo, do alto ao baixo escalão do Planalto comete graves irregularidades. Que vergonha! Justamente o pessoal que passou boa parte da vida política prometendo que não faria o que estava sendo feito de errado com o dinheiro público. Gente porca e nojenta! Não adianta crucificar Matilde Ribeiro. Todos nós sabemos da promiscuidade e da falta de escrúpulos daqueles que estão no Palácio do Planalto e que ocupam os cargos na Esplanada dos Ministérios.

O deboche de Paulo Bernardo

É simplesmente vergonhoso ver o deboche de um ministro de Estado quando o dinheiro público é usado de forma indevida. O ministro do Planejamento Paulo Bernardo ironiza o fato da oposição pedir uma CPI para investigar o uso indevido dos cartões corporativos. Para o excelentíssimo, seria uma “CPI da Tapioca” numa alusão à compra de tapioca feita pelo ministro dos Esportes Orlando Silva que pagou sua comilança com cartão corporativo. Paulo Bernardo não quer que ministro explique o porquê do uso indevido do cartão. Ele não quer uma fiscalização séria sobre o uso do dinheiro público. É mais uma prova do deboche petista quando o assunto é desvio de dinheiro. Para que investigar se um ministro gastou R$ 8,30 comendo tapioca? Se essa gente acha normal desviar R$ 8,30 numa tapioca podem ter certeza que eles assinam embaixo desvios de milhões de reais do nosso dinheiro. Ora, se pode roubar R$ 8,30 para comer uma tapioca, pode-se muito bem roubar uns milhões aqui e acolá para comprar deputados, para pagar dívidas de campanha e até encher o bolso com dinheiro alheio. É simplesmente vergonhoso o deboche de Paulo Bernardo. É a corrupção rolando solta com a autorização do governo.

Negligência bovina

Editorial do Estado de São Paulo

O bife brasileiro está proibido na União Européia, para alegria dos criadores de gado irlandeses e de outros defensores do protecionismo. Não podem competir com a pecuária do Brasil, mas podem ser protegidos por barreiras comerciais. Se tiverem um mínimo de polidez, não deixarão de agradecer às autoridades brasileiras pela ajuda prestada. O governo federal tem dado e continua a dar, por seu desleixo, uma preciosa colaboração a todos os concorrentes interessados em deter o avanço da pecuária brasileira nos mercados estrangeiros. No ano passado, essas vendas proporcionaram US$ 1 bilhão de receita comercial. Esse dinheiro tem sido ganho graças ao trabalho de produtores modernos e competentes, mas não se deve esperar dos concorrentes estrangeiros o reconhecimento desse fato. A suspensão das importações foi anunciada oficialmente na quarta-feira pelo comissário de Saúde da União Européia, Markos Kyprianou. Foi a conseqüência previsível da combinação de dois fatores, a crescente pressão protecionista de produtores europeus, cada vez mais barulhentos em sua campanha contra a carne brasileira, e a persistente negligência das autoridades de Brasília. As pressões, queixas e críticas dos europeus repetiram-se durante meses. Autoridades da União Européia cobraram, insistentemente, providências brasileiras para o atendimento dos padrões de controle sanitário adotados pelo bloco. Pressionadas por entidades dos produtores e por seus porta-vozes políticos, essas autoridades evitaram, durante longo período, a adoção de medidas contra as importações do produto brasileiro. Deram tempo ao Ministério da Agricultura para responder de forma adequada e mostrar, pelo menos, um sério empenho na solução dos problemas. No Ministério, ninguém deu sinal de ter percebido a gravidade do problema. O Palácio do Planalto exibiu uma indiferença ainda maior, como se ninguém, nas proximidades do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fosse capaz de perceber o risco e de cobrar do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, uma séria informação sobre o tema. A negligência do governo brasileiro deixou às autoridades européias toda a iniciativa nesse jogo perigoso, onde os lances podem comprometer, facilmente, centenas de milhões de dólares. Aberto o espaço para o ataque europeu, representantes de Bruxelas definiram as condições para o Brasil atender à exigência de identificação de origem do gado abatido para exportação. Usando seus critérios, veterinários europeus calcularam em apenas 3% o número de fazendas capazes de atender aos seus padrões de controle sanitário. Só deixaram às autoridades de Brasília o trabalho de apresentar uma lista correspondente a essa porcentagem - cerca de 300 propriedades. O governo brasileiro apresentou, em partes, uma relação de 2.600 fazendas de vários Estados. As autoridades de Brasília alegaram não poder selecionar, de forma arbitrária, uma lista de apenas 300, num grande universo de propriedades em condições de cumprir a tarefa de rastreamento. A explicação é aceitável, mas, naquela ocasião, já era inútil diante da ofensiva européia. O governo brasileiro havia deixado o problema crescer até ficar fora de seu controle. Os protecionistas irlandeses puderam festejar. Segundo o presidente da Associação de Fazendeiros da Irlanda, Padraig Walshe, a União Européia, durante anos, deu ao Brasil a oportunidade de pôr em ordem seu sistema de controle. O Brasil, disse ele, não entendeu o recado. O interesse de Walshe, obviamente, não era ver o governo brasileiro fazer a sua parte e garantir o prosseguimento das exportações. Mas a negligência de Brasília ainda lhe deu a oportunidade de recitar uma lição de moral. Fora do governo, qualquer pessoa razoavelmente informada podia perceber o perigo de novas medidas protecionistas e a ameaça foi apontada várias vezes nesta página. O Estado publicou, há poucos dias, uma foto de um posto de fiscalização abandonado na divisa com o Paraguai. Passados mais de dois anos desde o último surto de aftosa em Mato Grosso do Sul, nada parece haver melhorado no sistema de controle sanitário. Novos problemas ainda podem vir por aí. A Organização Internacional de Saúde Animal prepara, segundo se informou em Paris, um relatório severo sobre o controle sanitário no Brasil. O documento dará novas armas aos protecionistas.

Valério depõe após recados enviados a PT

Por Thiago Guimarães
na Folha de São Paulo

O principal interrogatório do início da fase de instrução do processo dos 40 denunciados no escândalo do mensalão ocorre hoje, às 14h, em Belo Horizonte, sob a expectativa de qual será o comportamento do empresário Marcos Valério.Acusado pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, Valério fez na semana passada ameaças veladas aos demais envolvidos no episódio.No interrogatório do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o defensor de Valério perguntou se Delúbio participara de reunião com o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e se já freqüentara a Granja do Torto.Na avaliação de um procurador que participa dos interrogatórios, os recados de Valério foram os únicos desvios na estratégia de defesa que ele passou a adotar nesta fase do processo: a de assumir a responsabilidade por todos os fatos.Até a defesa preliminar, Valério chegou a atribuir responsabilidades a seus ex-sócios Cristiano Paz e Ramon Hollerbach e até a dirigentes do Banco Rural. Para o procurador, a mudança veio após o suposto operador do mensalão se recusar a fechar acordo de delação premiada com a Procuradoria.O início da instrução do processo do mensalão também evidenciou a articulação entre as defesas dos réus: os advogados dos réus não estão fazendo perguntas que possam prejudicar a defesa de outros acusados. O advogado de Valério, Marcelo Leonardo, por exemplo, tem feito perguntas a favor de todos os réus. Nas audiências que a Folha acompanhou em Minas, os contatos entre os advogados de defesa foram constantes.O advogado de Valério, Marcelo Leonardo, disse que a articulação entre os advogados dos réus é a "lógica natural da atuação da defesa no processo". Ele não quis comentar a avaliação da Procuradoria de que Valério age como bode expiatório -"sobre isso não vou emitir opinião antes de ele prestar declarações"- e não falou sobre as perguntas que fez a Delúbio.

Líder do DEM pede a expulsão de Lobão Filho

Na Folha de São Paulo

À revelia de outros parlamentares de seu próprio partido, o líder do DEM na Câmara, Onyx Lorenzoni (RS), ingressou ontem na Executiva Nacional da sigla com um pedido de expulsão contra Edison Lobão Filho (DEM-MA).Onyx diz que o novo senador tem diversas acusações e na suplência de "alguém [Edison Lobão] que traiu o partido". A iniciativa constrangeu José Agripino Maia (DEM-RN), líder do partido no Senado, pois tudo estava acertado para que Lobão Filho saísse amigavelmente."Disse para o novo senador que sua permanência não é conveniente nem para ele nem para nós e ele entendeu. As sinalizações de que ele vai deixar o DEM são claras. Eu sinceramente não entendi essa do Onyx", disse Agripino. "Se ele tivesse parado de negociar e se afastado do DEM antes eu não pediria sua expulsão, mas já está demorando até demais. Se não vai sair por bem, vai por mal", disse Onyx.

Ministros querem fim de imposto para arma

Por Iuri Dantas
na Folha de São Paulo

Os ministros Tarso Genro (Justiça) e Nelson Jobim (Defesa) defendem, em documento, o fim do imposto de exportação de armas e munições para auxiliar a indústria bélica nacional. Tarso e Jobim formalizaram o apoio ao lobby das armas em 21 de dezembro, ao assinar o Aviso nº 35/MD, encaminhado ao colega Miguel Jorge (Desenvolvimento).No documento, obtido pela Folha, os dois pedem a revogação do imposto de 150% sobre armas e munições vendidas pelo Brasil aos países da América do Sul e do Caribe -as vendas para Argentina, Chile e Equador não têm a taxa."Um grande esforço tem sido implementado para aumentar o volume das exportações, porém alguns óbices se interpõem a essa iniciativa, sendo um deles a resolução nº 17/Camex [Câmara de Comércio Exterior]", diz um trecho do documento.O texto vai além e culpa o Estatuto do Desarmamento pelas dificuldades da indústria de armas no mercado interno. "A base industrial de defesa necessita dessas empresas e a publicação da lei 10.826, de 22 de dezembro de 2003, restringiu ao máximo a venda interna, só restando a essas empresas a possibilidade de exportação."Embora assinado por dois atuantes ministros, o documento contempla o inverso do discurso do governo. Seis meses depois de receber a faixa presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva pregava a taxação do comércio internacional de armas para a criação de um fundo mundial de combate à fome.Mais: ao divulgar o Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, o governo citou a campanha do desarmamento como um dos fatores de redução das mortes por arma de fogo.A indústria faz campanha contra o imposto e diz que o Brasil perdeu as vendas para América Latina e Caribe, um mercado de US$ 12 milhões. "[Derrubar a taxa] É uma reivindicação há muito tempo, prejudica a atuação do Brasil", reclamou Ricardo Alfonsin, assessor jurídico da Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições. A organização também tenta derrubar o imposto na Justiça.O coordenador do programa de controle de armas do Viva Rio, Antonio Rangel, foi informado do assunto pela Folha. Ele telefonou ao Ministério da Justiça e foi informado que Genro seria contra a derrubada do imposto. "Não sei a posição do Jobim, mas a impressão é que ele está bastante desinformado. O risco é muito grande."Segundo o Viva Rio, a maioria absoluta das armas antes exportadas para os países vizinhos voltava para o Brasil clandestinamente.A reportagem procurou as assessorias dos ministérios da Defesa e da Justiça desde terça. A Justiça nada respondeu. A Defesa prometeu que se pronunciaria semana que vem.O item foi incluído na pauta da reunião da Camex na terça, mas foi retirado para análise técnica.

Governo muda as regras de cartões para coibir abusos

Por Lucas Ferraz
na Folha de São Paulo

Depois de três ministros terem usado irregularmente o cartão corporativo e da ameaça da oposição de instalar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), o governo anunciou ontem medidas para aperfeiçoar o seu uso e tentar evitar abusos. O objetivo das medidas é limitar saques de dinheiro.Ao mesmo tempo em que impõe limites na maneira de usar o cartão, o governo quer ampliar a utilização do mesmo e acabar com as chamadas contas "tipo B", quando o servidor recebe um dinheiro, o deposita em uma conta e paga as despesas com cheques, para depois apresentar nota dos gastos. A prática é pouco transparente e difícil de fiscalização, segundo o governo. O novo decreto deve ser assinado hoje pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.Os ministros Paulo Bernardo (Planejamento) e Jorge Hage (Controladoria Geral da União), responsáveis por apresentar as novas medidas, negaram que elas sejam uma resposta às irregularidades cometidas por ministros. Orlando Silva (Esporte) usou o cartão em uma tapiocaria em Brasília, enquanto Altemir Gregolin (Pesca) pagou despesa (de R$ 512,60) em uma churrascaria, também na capital federal. Já Matilde Ribeiro (Igualdade Racial) fez compras em um free shop. Matilde e Silva alegam que houve engano e já devolveram o dinheiro. Gregolin admitiu que poderá devolver o valor.Paulo Bernardo reagiu à criação de uma CPI para investigar as irregularidades, embora tenha ressaltado que a decisão caberá ao Congresso. "Não dá para criar uma CPI da tapioca e chamar um ministro para que explique por que gastou R$ 8,30 em uma tapiocaria."Segundo Hage, as medidas estavam sendo estudadas há alguns meses. "Queremos chegar a 100% do uso do cartão [em todo o governo], e acabar com a conta "tipo B'", disse. O cartão, afirmou, é mais transparente e fácil de fiscalizar.Segundo a CGU, foram gastos em 2007 R$ 78 milhões com os cartões. O Portal da Transparência, do mesmo órgão, informa um gasto de R$ 75,6 mi -enquanto a conta "tipo B" chegou a R$ 99,5 milhões.Entre as medidas anunciadas está a que vai limitar os saques de dinheiro em espécie -à exceção dos órgãos ligados à Presidência da República, à Polícia Federal, aos escritórios do Itamaraty no exterior e às pastas da Fazenda e Saúde, considerados estratégicos.Caso um ministério precise, ele poderá, se autorizado, sacar em dinheiro até 30% do total gasto -se for R$ 100 mil, por exemplo, o saque não pode exceder R$ 30 mil. Hoje não há limitação. "A idéia é reduzir ao mínimo os saques", disse Hage.O novo decreto proíbe a compra de passagens aéreas e o pagamento de diárias a servidores em viagem, presente na atual legislação. Esses gastos de servidores sairão do orçamento dos ministérios. Pela regra anterior, em casos emergenciais o cartão podia ser utilizado.Os ministros, contudo, continuarão a usar o cartão para despesas em viagens. No futuro, o governo pretende "estudar a revisão" do pagamento das despesas com alimentação, hospedagem e transporte dos ministros com o cartão corporativo."Não pode gastar com nada que não seja de interesse público", disse Jorge Hage. "Bom senso é o pressuposto de qualquer autoridade." Ele defendeu a criação de diárias para ministros em viagens pelo país, como ocorre no exterior, para que não seja necessário usar cartão.Indagado sobre a falta de clareza do decreto, que não explica, item por item, o que é ou não permitido gastar como cartão, Bernardo afirmou que fazer isso seria "ridículo". Ele também não soube precisar quantos novos cartões serão emitidos, em substituição às contas "tipo B". "Ainda não contei", ironizou.Os dois ministros evitaram comentar os gastos dos colegas. "Vai se aplicar a lei", disse Bernardo. Já Hage evitou comentar por que os gastos irregulares serão apurados pela CGU.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Clima amistoso?

Detesto clima amistoso em política. Quando isso está perto de acontecer é porque o que está errado continuará errado. O DEMO quer desfiliar Lobão Filho, mas sem prejudicá-lo, sem trazer problemas para ninguém. Ontem Lobinho tomou posse como senador na vaga deixada pelo pai que foi para o Ministério de Minas e Energia e criticou a posição do partido de mandá-lo embora. Além disso, nada de documentos que provassem a sua inocência das acusações que pesam sobre suas costas. Eu, que elogiei a atitude do DEMO em não aceitar Lobinho no seu quadro de filiados tendo em vista que seu pai agora é do governo, critico este clima amistoso que já está começando a se configurar. Daqui a pouco Lobinho vai para algum partido que apóie Lula e as acusações que pesam sobre suas costas serão esquecidas. Clima amistoso em política é abrir acordos para salvar os culpados.

Cidinho também quer ser esperto

Primeiro foi Marconi Perillo que tirou o corpo de fora na articulação da base aliada sobre as eleições de outubro. Ele já sabe o estrago que vai acontecer. Para não ser responsabilizado por nada, jogou a batata quente nas mãos do governador Alcides Rodrigues, o popular Cidinho. Marconi prefere atuar nos bastidores, mandando este ou aquele político fazer tal coisa que esteja de acordo com seus planos.
Ontem, Cidinho também decidiu tentar a mesma esperteza de Marconi e não tomar para si a coordenação para as eleições que logo virão. Ele disse que, na política, não se pode fazer nada sozinho. Só na política. Na reforma administrativa do seu governo, Jorcelino Braga faz tudo sozinho. Cidinho também não quer ser culpado pelo fracasso da base aliada nas eleições de outubro. Tenta ser esperto. Mais esperto que ele foi Marconi que tirou o corpo de fora mais cedo.

A culpa é da balança

Lula acha que esse negócio de desmatamento da Amazônia é intriga da oposição, é golpe da imprensa, é alguma força oculta contra o seu governo do “nunca antes na história destêpaiz”. Ele acha que a Amazônia está uma maravilha e se pesquisas mostram que a Amazônia está sendo devastada, Lula quer que a pesquisa seja investigada, que os números sejam revistos. É aquela velha história do gordo que sobe na balança. Quando ele vê que não emagreceu, a culpa não é dele que comeu muito, mas da balança que não sabe registrar o peso direito, que acrescenta uns números a mais onde não deveria. A culpa é sempre da balança e não do gordo. A culpa é sempre dos números e não do governo. Aliás, números só valem para Lula quando o beneficia. Se vai causar algum estrago, estragado mesmo estão as pesquisas que não sabem divulgar os números direitos.

UE recusa lista de 2,6 mil fazendas e suspende compra de carne do Brasil

Por Jamil Chade
no Estado de São Paulo

Por uma seqüência de negligências do governo brasileiro e confusão burocrática, a carne bovina nacional está suspensa do mercado europeu por tempo indeterminado. A União Européia (UE) não aceitou a lista de 2,6 mil fazendas apresentada pelo governo, que receberia o sinal verde para exportar carne ao principal mercado mundial. Uma nova missão da UE será enviada em 25 de fevereiro ao País, mas o Itamaraty já prevê a interrupção do comércio pelo menos por dois meses, mesmo que o problema não seja a qualidade da carne, e sim a incapacidade do País de seguir as recomendações dos importadores. Depois de dois anos de debates e de várias oportunidades dadas pelos europeus para que o Brasil colocasse seu sistema de rastreamento de gado em ordem, Bruxelas anunciou em dezembro que o País teria até hoje para enviar uma lista de propriedades que atendessem às exigências sanitárias da UE. Pelos cálculos dos veterinários europeus, apenas 3% das fazendas brasileiras poderiam estar nessas condições - cerca de 300 propriedades. Entre as exigências, constam a necessidade de comprovação de que o gado estava há mais de 40 dias na propriedade e mais de 90 dias em um Estado livre da febre aftosa. Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo já estão fora da lista por causa da aftosa detectada há dois anos. Mas o governo, sem coordenar a lista entre os Estados, enviou em partes a relação com as 2,6 mil fazendas. Só o Estado de Minas Gerais preparou uma lista de 1,3 mil e encaminhou ao governo federal no último sábado. A Europa se recusou a publicar a lista em seu diário oficial, embora a Comissão admita que não se trata de uma ameaça à saúde dos consumidores e, sim, de uma suspensão técnica. O governo já sabia há três dias que não havia garantias de que a exportação seria mantida. “Alertamos que, no momento, não há garantias de que a produção de carne fresca de bovinos, obtida de animais oriundos de fazendas constantes na referida lista, poderá ser exportada para aquele bloco econômico (UE)”, afirmou a Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura em carta obtida pelo Estado. O documento, que circulou internamente no governo, é datado de 28 de janeiro e assinado por Ari Crespim dos Anjos, do Ministério da Agricultura.
SITUAÇÃO PODE MUDAR
Irritada com a atitude do Brasil, a UE deixou claro ao governo, na noite de terça-feira,que a lista era inaceitável. Ontem, Bruxelas confirmou a suspensão em declaração à imprensa. O comissário de Saúde do bloco, Markos Kyprianou, que por meses apoiou os esforços do Brasil, perdeu a paciência. Diante da pressão de grupos privados europeus, principalmente da Irlanda, o comissário teve de ceder e aceitar a suspensão. “Consideramos cerca de 300 propriedades como autorizadas a exportar para a UE, com base em inspeções prévias”, disse Kyprianou. “Agora, não há uma lista de propriedades autorizadas e, neste momento, não há propriedades brasileiras autorizadas a exportar para a UE.” O comissário admite que a situação pode mudar “logo”. Mas deixou claro que, por enquanto, a suspensão está declarada. No Itamaraty, todo o discurso e reuniões no exterior para provar que a carne nacional era segura acabaram desacreditados pela falta de organização no Ministério da Agricultura e a confusão em torno das listas. O governo alegou que enviou uma lista oito vezes maior que a pedida pelos europeus diante do fato de que todas as fazendas cumpriam as exigências e, portanto, não poderia escolher entre elas. Na prática, o Brasil tentou jogar a responsabilidade da escolha das fazendas de volta aos europeus. Funcionários de alto escalão do governo ainda acreditavam que as ameaças da UE não passariam de blefe, já que o bloco precisaria da carne nacional para manter a inflação de alimentos em baixa. Ontem, a UE deixou claro que não ficará refém de nenhum fornecedor. Os brasileiros também não contavam que o produto poderá ser substituído por outros exportadores, como Uruguai e Austrália, além dos próprios europeus. Em Bruxelas, autoridades européias não disfarçam a decepção em relação à atitude do Brasil. Ministros, veterinários e setor privado brasileiro fizeram várias viagens a Bruxelas para tentar convencer os europeus de que a carne estava dentro dos padrões. Kyprianou, quando esteve no Brasil, foi recebido com um enorme churrasco. O que os brasileiros não sabiam era que o comissário é vegetariano.

Lula diz que devastação é 'alarde' e cobra investigação dos dados do Inpe

Por Rui Nogueira, José Maria Tomazela e Clarissa Oliveira
no Estado de São Paulo

Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizia em Brasília que houve 'alarde' na divulgação dos números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre desmatamento na Amazônia e que eles estão 'sob investigação', a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmava em Sinop (MT) que os dados mostrando aumento na devastação estão corretos.
Sem citar a ministra, Lula criticou o Ministério do Meio Ambiente e ONGs, afirmando que não se pode culpar a agropecuária, os produtores de soja e os sem-terra assentados pelo aumento do desmatamento. 'Não dá para culpar ninguém', afirmou ontem ao final de um almoço no Itamaraty. Na semana passada, Marina atribuiu a produtores rurais parte da responsabilidade do avanço do desmate - 3.233 km2 devastados nos últimos cinco meses de 2007. Ontem, Lula comparou a divulgação dos dados a um procedimento médico que, 'sem fazer a biópsia, encara um sinal na pele como se fosse câncer'. 'Você vai ao médico, você está com um tumorzinho e, em vez de fazer biópsia e saber como vai se tratar, já sai dizendo que tem câncer!' Mais tarde, em São Paulo, Lula disse que 'é como se você tivesse uma coceira e achasse que é uma doença grave'.Já Marina, em viagem a Sinop, após sobrevoar áreas desmatadas, defendeu o sistema Deter (que detecta desmatamentos em tempo real). 'Até agora as informações têm sido acertadas.' Segundo ela, 'o Deter sinaliza indícios de desmatamento' para que seja possível agir preventivamente. Lula disse ter pedido a Marina Silva que convide os governadores para reunião em Brasília, mas ainda sem data definida. Também mobilizou os ministérios do Meio Ambiente, Agricultura e Justiça para que visitem os locais com altos índices de desmatamento.A ministra esteve ontem com o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), produtor de soja e aliado do governo federal. Ele cobrou explicações sobre os números - o Estado aparece em 1º no ranking das cidades que mais devastaram. Em meio a uma entrevista da ministra, Maggi interrompeu-a para dizer que 'os dados de abril a setembro não estão corretos'. 'Preciso falar agora, senão vou ficar com o chapéu na mão', justificou. O governador disse à ministra que o próprio presidente do Inpe, Gilberto Câmara, reconheceu o erro.Reportagem publicada no domingo pelo Estado mostrou que os dados divulgados pelo Inpe em outubro estavam errados. Eles mostravam que a taxa de derrubada da floresta havia aumentado 8% nos meses de junho a setembro em comparação com mesmo período de 2006. Com relação somente a setembro, por exemplo, a estimativa foi reduzida de 1.424 km2 para 632 km2 desmatados - diferença de 55%. Os números foram revisados, segundo o diretor do Inpe, e corrigidos antes da divulgação da semana passada.Para Lula, o fato de que houve um aumento do desmatamento no último trimestre do ano passado não quer dizer que na conta do ano inteiro o desmatamento cresça. 'A questão é que a Amazônia não permite descuido', disse. Com base na área de 3.233 km2 devastados detectada pelo Deter, o Inpe projetou o desmatamento em cerca de 7 mil km2 no período. 'É preciso investigar. Mas todos que promoveram queimadas ilegais devem receber um duro processo, perder a propriedade', afirmou Lula. Ele disse ainda que 'vai comprar briga' com as ONGs se insistirem em ligar o crescimento da agricultura ao desmatamento. Para ele, os dados do IBGE mostram que a soja cresce 'sem precisar derrubar árvores'.Segundo Marina Silva, o que motivou a divulgação dos números na semana passada foi exatamente a informação de que a área desmatada em 2007 pode chegar aos 7 mil km2. 'É uma forma de alerta. O desmatamento caiu de 2005 para cá. Se perdemos essa batalha, será ruim para todos.'À tarde, em São Paulo, Lula admitiu que parte da tendência de alta do desmatamento pode estar relacionada a uma dificuldade do Ibama de realizar a fiscalização na Amazônia. 'É bem possível. Por isso acho que não cabe só ao Ibama fazer toda a fiscalização', disse. Ele destacou que o governo realizou um concurso para ampliar os quadros do órgão.
VISITA
Marina Silva voou por cerca de 1 hora a partir de Marcelândia, mais ao norte de Mato Grosso, na companhia dos ministros Tarso Genro (Justiça) e Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário). O governador Blairo Maggi juntou-se à comitiva em Marcelândia. A ministra não comentou a afirmação de Maggi de que a divulgação dos números pode ter sido causada por disputa por verbas. 'Neste momento, não adianta essa discussão.'

PF vê indício de quadrilha do PT nos Correios

Por Andréa Michael
na Folha de São Paulo

Ao investigar irregularidades ocorridas nos Correios, que levaram à denúncia do mensalão em 2005, a Polícia Federal não apenas confirma a existência de um esquema de captação de propina em favor do PTB como também sugere que há indícios de "possível atuação de uma quadrilha comandada por pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores, por intermédio de Eduardo Medeiros" - diretor do órgão indicado pelo PT.A PF vai apurar ainda se empresas como a montadora Fiat pagaram propinas em licitações. Por meio de sua assessoria de imprensa, a PF disse que não há confirmação sobre o suposto pagamento à Fiat, pois indícios estão sob investigação.O relatório final da PF sobre os Correios indicia oito pessoas pela prática de crimes -entre as quais o presidente do PTB, Roberto Jefferson, sob acusação de formação de quadrilha- e pede a abertura de dez novos inquéritos para averiguar outras suspeitas de ilegalidades.Os desdobramentos do caso foram requeridos em dezembro pelo delegado Daniel França, da Divisão de Repressão a Crimes Financeiros da PF.Ex-diretor de Tecnologia, Eduardo Medeiros disse à CPI dos Correios que foi indicado para o cargo pelo ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira. O que chamou a atenção da PF sobre Medeiros foram os depoimentos do ex-servidor Maurício Marinho e do empresário José Fortuna Neves.Marinho protagonizou o escândalo dos Correios, em maio de 2005, quando a revista "Veja" divulgou o conteúdo de fita de vídeo em que ele é flagrado descrevendo a empresários o esquema de arrecadação de propina ao PTB. A revista apresentou pontos do relatório final na edição desta semana.Marinho era subordinado a Antonio Osório Batista, diretor de Administração, que tinha como assessor Fernando Godoy, ambos indicados por Jefferson. Flagrado recebendo R$ 3.000 em propina, Marinho passou a colaborar com as investigações. O estouro do caso atingiu o PTB, e Jefferson denunciou o mensalão à Folha.Marinho disse em depoimento que recebera de Edilberto Petry, assessor do então diretor Medeiros, a incumbência de fazer uma proposta ao empresário Neves, na ocasião representante da Intermec.Chegou a rascunhar uma "saída honrosa": Neves seria desclassificado em licitação para compra de leitoras óticas. Em troca ganharia outra para fornecer outros equipamentos à estatal. Em depoimento, Neves confirmou a proposta, mas negou pagamento. Ele perdeu a licitação das leitoras ótica.A PF vai instaurar inquérito para apurar se a Fiat teria ou não contribuído para o esquema instalado nos Correios pelo PTB, conforme indícios surgidos em investigação na estatal concluída em dezembro de 2007. A montadora nega.A Fiat aparece em arquivo do computador de Fernando Godoy, assessor da Diretoria de Administração entre 2004 e 2005. Trata-se de uma planilha que relaciona, segundo interpretação da PF e do Ministério Público confirmada por depoimentos, o nome de empresas, objetos e valores de contratos firmados com a ECT, quantia estimada para propina e o montante que iria para o PTB.No caso da Fiat, conforme depoimento de Marinho, teria havido compra superfaturada de furgões. Os veículos teriam sido adquiridos por R$ 34 mil, quando poderiam ser comprados, segundo ele, ser adquiridos em Brasília por R$ 27,5 mil.Marinho afirmou que a propina seria de R$ 1.000 para cada um dos cerca de mil veículos adquiridos. A planilha de Godoy confirma o valor de propina de R$ 1 milhão associado ao nome da Fiat e a cifra de R$ 50 mil na coluna "agrem", que segundo investigação significa agremiação, no caso o PTB.Em outro inquérito o delegado Daniel França pretende investigar se a empresa Caviglia, produtora de móveis, fez pagamentos ilegais ao esquema.Planilhas apreendidas nos computadores de Godoy e Marinho são um dos mais fortes indícios do esquema instalado pelo PTB na estatal, diz a PF.

Senado fica sem luz, e Lobão Filho assume

Por Hudson Correa e Adriano Ceolin
na Folha de São Paulo

Edison Lobão Filho (DEM-MA) assumiu o cargo de senador sem apresentar documentos comprovando que não usou uma empregada doméstica como laranja para fugir de dívidas com impostos e o Banco do Nordeste. Lobão Filho assumiu a vaga do pai, Edison Lobão (PMDB-MA), nomeado ministro de Minas e Energia.Em três entrevistas à Folha, Lobão Filho disse que antes de tomar posse apresentaria os documentos: "Quero assumir limpo". Ele assumiu o cargo por volta das 17h no gabinete do presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), na presença do líder do PTB na Casa, Epitácio Cafeteira (MA).A posse ocorreu no gabinete de Garibaldi porque o Senado está em recesso -normalmente, os senadores assumem seus mandatos em sessões da Casa.Vinte minutos antes da posse, faltou energia e as luzes ficaram apagadas no gabinete de Garibaldi e em metade da sala de audiências. Quando Lobão Filho chegou não havia luz. Segundo servidores do Senado, houve uma sobrecarga de energia que gerou uma pane elétrica em parte do gabinete.Embora tenha tomado posse como senador do DEM, Lobão Filho anunciou que sairá do partido. Ele disse que recebeu convites para se filiar ao PR, PTB e PMDB, mas que ainda não se decidiu. Pelo PTB, foi Cafeteira quem fez o convite.Já pelo PMDB, a oferta partiu "do senador José Sarney e de outros dois senadores". Mas há resistências dentro do partido. Há cerca de um mês, a senadora Roseana Sarney prometeu que Lobão Filho se licenciaria para que o segundo suplente, Remi Ribeiro (PMDB-MA), ficasse com a vaga. Antes de assumir a pasta de Minas e Energia, Edison Lobão também chegou a declarar que seu filho não exerceria o mandato, abrindo espaço para Ribeiro.Ontem, integrantes da bancada mostraram preocupação com a posse repentina de Lobão Filho. Alguns senadores temem que o ingresso dele no partido desgaste o partido.Há duas semanas, surgiu a acusação de que Lobão Filho transferiu em 1998 ações de sua empresa, a Bemar Distribuidora de Bebidas, para uma empregada doméstica. Ela disse que não sabia da transferência. Segundo laudo da Polícia Federal, a empregada teve assinatura falsificada. A Bemar deve R$ 5,5 milhões ao Banco do Nordeste, por empréstimo tomado em 1997, quando Lobão Filho era sócio da empresa.Lobão Filho disse que a responsabilidade pela transferência das ações para a empregada doméstica foi de "seu verdadeiro sócio" na Bemar, o empresário Marco Antonio Pires Costa. O empresário confirmou a versão do senador.Segundo Lobão Filho, Costa assinou documento assumindo a responsabilidade pela fraude e pelas dívidas da Bemar. Esse documento, com a confissão de Costa, e mais certidões, comprovando o funcionamento legal da empresa, seriam apresentados antes da posse."Eu fiquei de apresentar os documentos primeiro ao meu partido. Só que o [presidente] do meu partido, deputado Rodrigo Maia, não está aqui e o senador José Agripino, também não. Vou aguardar a volta deles e vou apresentar os devidos esclarecimentos. Ao Senado, vou apresentar depois de apresentar ao meu partido", afirmou.

Bernardo propõe repactuação de acordos salariais

Na Folha de São Paulo

Na tentativa de conter a insatisfação dos servidores públicos e uma sucessão de greves no setor, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) propôs aos servidores uma repactuação dos acordos salariais negociados e que foram suspensos em decorrência do fim da CPMF.A proposta foi apresentada na noite de ontem a 29 categorias de servidores em reunião que durou mais de três horas.Ao término do encontro, os sindicalistas aceitaram retomar a questão em um novo encontro no dia 13 de fevereiro, após a conclusão do ajuste do Orçamento e da definição do corte de R$ 20 bilhões em despesas.

Não duvidem do Muricy

A TV Anhanguera resolveu transmitir o quebra canela do Campeonato Goiano. Então, tento acompanhar o jogo do São Paulo pela internet. Ouvi o jogo contra o Rio Claro pela Rádio Eldorado-ESPN na internet. Parece que o jogo foi duro, mas o São Paulo venceu por 3 a 1. Adriano marcou seu primeiro gol no Morumbi. Jorge Vagner e Hernanes fecharam a conta. Ainda bem. Ganhar é o que importa, como sempre fala Muricy Ramalho. Por falar nele, não duvidem dele. Quando todo mundo está desanimado com seu time ele começa a ganhar disparado e conquistar vários campeonatos. Não duvidem do Muricy Ramalho.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

TCU aprova realização de auditoria para investigar uso de cartões corporativos

Por Renata Giraldi
na Folha online

O TCU (Tribunal de Contas da União) aprovou nesta quarta-feira uma auditoria geral no uso de cartões corporativos por autoridades federais. A idéia é investigar se houve irregularidades envolvendo despesas, saques em espécie, além de saber como foram aplicados os recursos públicos.
A auditoria foi proposta pelo ministro do TCU Ubiratan Aguiar. "Temos permanentemente o trabalho realizado por auditorias técnicas destinadas a cada setor do governo. Mas o ideal é fazer uma auditoria mais ampla a partir do apresentado por essas [auditorias] técnicas", disse Aguiar à Folha Online.
Segundo o ministro, a auditoria ampla servirá para identificar se houve aumento excessivo na retirada em espécie com o cartão. Também indicará eventuais abusos utilizando os cartões e ainda como foi aplicado o dinheiro público.
Aguiar condenou as irregularidades que envolvem os cartões corporativos. Segundo ele, o cartão é um instrumento legal que foi criado para substituir a burocracia que existia. Antes do cartão, era exigido que o funcionário se submetesse um processo interno para autorizar o gasto toda vez que tivesse despesas de trabalho.
Porém, o ministro ressaltou que o uso de cartões corporativos é limitado a R$ 8.000 e exclusivamente para atividades de trabalho, sem exceção. "Nós temos de otimizar os recursos públicos. [Afinal] há obras que são essenciais e isso exige o bom uso [do erário]", disse Aguiar.

Denúncias

Segundo reportagem da Folha, os cartões do governo federal foram usados em 2007 para pagar despesas em loja de instrumentos musicais, veterinária, óticas, choperias, joalherias e free shop.
De acordo com o Portal da Transparência, site do próprio governo, só em 2007, o governo federal gastou R$ 75,6 milhões com cartões de crédito corporativo.
Na última segunda-feira, a Comissão de Ética Publica solicitou à CGU (Controladoria Geral da União) que investigasse a suspeita de uso irregular do cartão pela ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial). De acordo com dados levantados, Matilde teria gasto R$ 461,16 em um free shop.
A controladoria também irá investigar o ministro Altemir Gregolin (Pesca), que usou o cartão corporativo para pagar uma conta de R$ 512,60 em uma churrascaria em Brasília. Por meio de sua assessoria, ele informou que o cartão pagou um almoço de negócios: recebimento de uma comitiva pesqueira da China.
O ministro Orlando Silva (Esporte) também é suspeito de irregularidades. Ele usou o cartão corporativo para fazer compras em uma tapiocaria de Brasília, em maio passado.
No Congresso, há parlamentares que defendem a instauração de uma CPI para investigar o assunto.

Vai embora!

Mas esse Lobinho, hein? Ele não apresentou os documentos de defesa contra as acusações que pesam sobre suas costas. Preferiu atacar a cúpula do seu partido DEMO. Ora, se ele não está satisfeito, se ele não tem documentos que comprovam sua inocência, se ele está triste com a cúpula do partido, pegue seu banquinho e saia de mansinho. Vai embora, Lobinho!

Até o Giuliani?

Pô, até o Rudy Giuliani saiu do páreo na corrida rumo à Casa Branca? Ele vai apoiar a candidatura de John McCain. Mas eu também falei aqui. O planejamento da sua campanha concentrada só na Flórida era arriscado. Ele tentou e se deu mal. Eu não imaginava que ele fosse sair da corrida assim, sem esperar a Super Terça.

Aliança indigesta

No berço do mensalão vemos os petistas e tucanos armando uma aliança para as eleições municipais em Belo Horizonte. O PT e o PSDB já tiveram suas contas pagas por Marcos Valério. Realmente os dois partidos se merecem. Que se danem os dois! E se preparem para os ataques.

Eu falei

Ontem à noite, enquanto acompanhava o resultado da prévia republicana na Flórida eu disse o seguinte sobre John Edwards, candidato democrata: Fica aí o registro e o meu pedido para Edwards: “Pede pra sair!”, “Pede pra sair!”. Escrevi isso no post em que eu registrava a vitória de Hillary Clinton na Flórida mesmo o estado não mandando nenhum delegado para a convenção do partido. Registrei a vitória de Hillary sobre Barack Obama e, mais uma vez, o terceiro lugar de John Edwards. Leio agora nos sites da internet que ele pediu pra sair. Edwards não é mais candidato a nada. Talvez ele apóie Obama. Talvez seus admiradores não o sigam e apóiem Hillary. De agora em diante as coisas vão começando a tomar um rumo lá nos Estados Unidos. Calma que ainda tem a Super Terça. Edwards foi fraco. Não agüentou. Pediu pra sair.

Bagunça em Caldas Novas

O que estão fazendo com Caldas Novas não está escrito. Se já escreveram tem que escrever um pouco mais. Quando a gente pensa que a história acabou, que finalmente uma pessoa vai assumir a prefeitura, alguma irregularidade surge. Até neste momento, quando a cidade está empestada de cabos eleitorais pedindo votos para o futuro prefeito tampão.
Desde 2004 que a prefeitura da cidade não tem nenhum prefeito fixo. Enquanto isso os problemas se acumulam a cada dia. E olha que Caldas Novas é a principal cidade turística de Goiás. O que estes políticos sem vergonha estão fazendo não está escrito. E se escreveram, preparem a caneta ou o teclado do computador porque mais uma bagunça terá que ser escrita para completar esta história que só suja a cidade das águas quentes.

Venezuela vive nova crise de reféns

No Estado de São Paulo com agências internacionais

A população venezuelana acompanhou com apreensão uma outra crise de reféns. Desta vez, os seqüestradores não eram guerrilheiros colombianos, mas delinqüentes comuns. Armados com pistolas e pelo menos uma granada, quatro assaltantes mantiveram durante 25 horas mais de 30 pessoas retidas num banco na cidade de Itagracia de Orituco, no Estado de Guárico, a 100 quilômetros de Caracas. No meio da tarde de ontem, após acordo com a polícia, os seqüestradores libertaram a maioria dos reféns e fugiram numa ambulância, levando cinco voluntários como escudo. Duas horas depois, a ambulância foi interceptada pela polícia numa estrada, onde os criminosos soltaram os últimos reféns e se entregaram.
Imagens dramáticas dos reféns exibindo cartazes com pedidos de ajuda foram acompanhadas pela TV em todo o país. De manhã, seus parentes pediram a intervenção de Hugo Chávez. “Presidente, o senhor, que está atuando como mediador para a paz e a libertação dos reféns colombianos, ajude a salvar essas pessoas. Aqui é o seu povo que implora”, disse a uma rádio Brigiet de Goitia, mãe de um dos seqüestrados. Até o fim da tarde, Chávez não havia feito declarações sobre o caso. Uma grávida de 8 meses, uma criança de 10 anos e um bebê de colo estavam ente os reféns, segundo Enrique Cottin, presidente do Banco Provincial, uma filial do espanhol BBVA. O drama começou na segunda-feira à tarde, quando os assaltantes foram surpreendidos por um policial que entrou no banco para retirar dinheiro do caixa automático. Após uma troca de tiros, o banco foi cercado pelas forças de segurança. “Conseguimos trazer os parentes (dos assaltantes) a tempo para negociar com eles”, disse o governador de Guárico, Eduardo Manuitt. Ontem, depois que os criminosos ameaçaram começar a executar reféns em 20 minutos, as autoridades concordaram em deixá-los partir na ambulância, que acabou interceptada a leste de Caracas.O aumento da violência é uma das questões que hoje mais comprometem a popularidade do governo Chávez. Em 1998, ano em que ele foi eleito, 6.477 pessoas foram assassinadas no país. Em 2007, os homicídios passaram de 12 mil, de acordo com as fontes oficiais, e 387 pessoas foram seqüestradas. Há indícios, porém, de que a dimensão do problema seja ainda maior. Jornais e ONGs acusam o governo de mascarar os indicadores de criminalidade para não causar alarde. Mudanças na classificação dos crimes também contribuiriam, segundo esses meios, para ocultar o aumento da criminalidade. Hoje um “crime passional”, uma “morte ao resistir à prisão” e um “acerto de contas”, por exemplo, não são registrados como homicídio.

Bloqueio de recursos deve ser de pelo menos R$ 10 bi

Por Sérgio Gobetti e Vera Rosa
no Estado de São Paulo

O governo já começa a planejar o contingenciamento do Orçamento da União, que o Congresso se prepara para votar. O objetivo da equipe econômica é dar um sinal ao mercado de que mantém a disposição de cortar R$ 20 bilhões do Orçamento para compensar a perda de receita da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), mesmo que o Congresso doure a pílula, reduzindo a tesourada pela metade.Técnicos do governo já admitem extra-oficialmente que o bloqueio de recursos será de no mínimo R$ 10 bilhões, sem contar o que o próprio Congresso vai cortar n a votação da lei orçamentária. “Vamos manter os cortes em despesas de custeio e investimentos, mas preservaremos o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC)”, afirmou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.Em reunião realizada ontem com ministros que compõem a coordenação política do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que os parlamentares podem “até querer” cortar menos, mas terão de apresentar fontes de recursos para preservar a receita. Nos últimos dias, integrantes da Comissão Mista de Orçamento do Congresso vêm tentando inflar a estimativa de arrecadação de 2008 com esse objetivo: encontrar uma fórmula para cortar menos despesas.O próprio governo reconhece que a arrecadação deste ano deve superar em R$ 10 bilhões a inicialmente prevista. Mas as estimativas do Congresso indicam uma ampliação de aproximadamente R$ 23 bilhões.Embora a distribuição de cargos incomode o governo, foi o tema econômico que dominou a pauta da reunião da coordenação política, no Planalto. Ao fazer uma exposição sobre o impacto da crise dos Estados Unidos, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reiterou que a economia brasileira tem solidez. Admitiu, porém, que o País precisa “ficar atento” para não ser pego de surpresa num cenário internacional conturbado.
NÚMEROS
O relator do Orçamento, deputado José Pimentel (PT-CE), informou ontem que os estudos de cortes para compensar o fim da CPMF caminham para uma redução de R$ 4,4 bilhões em emendas coletivas (de bancadas e de comissões). É a metade dos R$ 8,8 bilhões que estavam reservados para emendas coletivas antes de o Senado derrubar a emenda que prorrogava a CPMF até 2011, em dezembro. Outros R$ 4,8 bilhões de emendas individuais de deputados e senadores serão mantidos.Pimentel disse que o porcentual do corte nas emendas ainda está em estudo e que aguarda a reestimativa de receita da União, a ser apresentada pelo senador Francisco Dornelles (PP-RJ). “É uma questão de contabilidade e vamos ter que fechar a conta. Trabalho com corte de R$ 20 bilhões”, afirmou o deputado, que apresentará um novo relatório em 12 de fevereiro, ao ser questionado sobre a possibilidade de a redução do Orçamento não ser tão grande e ficar em R$ 17 bilhões

Tarso manda PF interrogar ex-agente preso sobre Jango

Por Simone Iglesias
na Folha de São Paulo

O ministro Tarso Genro (Justiça) determinou ontem à Polícia Federal (PF) que interrogue o ex-agente do serviço de inteligência uruguaio Mario Neira Barreiro, preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (RS).Ele, que cumpre pena por tráfico de armas, roubo de carro-forte e falsidade ideológica, afirmou à Folha que espionou o presidente João Goulart (1918-1976) por quatro anos no exílio e que participou de operação que teria como objetivo matá-lo. Ele não mostrou provas sobre isso. Jango morreu em 6 de dezembro de 1976, oficialmente de ataque cardíaco.Para reforçar a investigação, o deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ) encaminhou ontem à Procuradoria Geral da República pedido para que Barreiro seja ouvido pelo Ministério Público Federal. A família Goulart já havia pedido à Procuradoria investigação sobre as declarações do uruguaio.Miro conversou por telefone com Tarso, que lhe informou da determinação à PF. À tarde, a orientação de Tarso chegou à Superintendência da Polícia Federal do RS. A assessoria da PF disse que o procedimento para colher o depoimento ainda não foi instaurado, o que ocorrerá nos próximos dias."A Procuradoria e a polícia podem verificar se o que o ex-agente fala tem fundamento", afirmou Teixeira.O colunista da Folha Carlos Heitor Cony, que esteve com Barreiro em 2002, afirmou que o relato feito à época, semelhante às declarações dadas pelo ex-agente este ano, lhe pareceu fantasioso, mas continha dados que faziam sentido.Cony e a jornalista Anna Lee entrevistaram Barreiro quando faziam pesquisa para o livro "O Beijo da Morte" (Objetiva, 2003). "Não acho que Geisel [presidente Ernesto Geisel] tenha dado o ordem [para matar Jango] pessoalmente, mas o aparelho da repressão do governo, do Geisel para baixo, fez muitas coisas", afirmou Cony.O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, disse ontem que a representação dos familiares de Goulart vai ser encaminhada para o Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul até o início de fevereiro. "De uma coisa tenho certeza, não é da competência do procurador-geral da República", disse.

DEM contesta aposentadoria para invasor

Por Felipe Seligman
na Folha de São Paulo

O DEM entrou ontem com uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra parecer da Consultoria Jurídica do Ministério da Previdência que garante cobertura previdenciária a sem-terra que trabalham em área invadida, seja ela pública ou privada. Segundo o documento, aprovado pelo ministro Luiz Marinho, eles podem usar o tempo de atividade rural para se aposentar.De acordo com a ação, o parecer "não prestigia a ordem constitucional em vigor" e, portanto, "o Poder Público e a sociedade não podem tolerar".Em resposta à ação do DEM, Marinho disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que o parecer é para "desburocratizar as ações do INSS, em sintonia com a Constituição Federal".

PF revê ações e diz que agora vai evitar execração e exageros

Por Andréa Michael
na Folha de São Paulo

Ao apresentar ontem pela primeira vez publicamente o novo manual de operações da Polícia Federal, o diretor do órgão, delegado Luiz Fernando Corrêa, disse que entre os principais focos dos procedimentos consolidados no documento estão melhorar a qualidade das provas colhidas, para garantir a condenação de criminosos pela Justiça, bem como evitar a "execração pública" de investigados com exposição à mídia.Questionado sobre possíveis mudanças no uso de algemas em presos e as críticas que teriam sido feitas a tal procedimento pelo presidente Lula, Corrêa respondeu: "O que indignou o presidente não foi o uso de algema, foi a exposição de presos e eventuais exageros que estavam ocorrendo".As críticas de Lula surgiram após o vazamento de escutas relacionadas à Operação Xeque-Mate, na qual o irmão do presidente Genival Inácio da Silva foi investigado sob suspeita de tráfico de influência.O uso de algemas, reafirmou Corrêa, "apresenta-se como regra de segurança da equipe policial, do custodiado e de terceiro". E vale para todo mundo.Quanto à preservação da imagem dos investigados, a recomendação, disse o delegado, será a entrada das viaturas com os presos pelas garagens das superintendências da PF.A elaboração do manual, que substitui o de 1986, foi feita em 2007, na gestão do antecessor de Corrêa, Paulo Lacerda, que hoje comanda a Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Procurado, ele não quis comentar os "eventuais exageros".Corrêa negou que haverá maior controle na divulgação de dados, diante da indicação, em apresentação de slides, de que operações serão coordenadas pelo "órgão central" da PF.Entre as novidades destaca-se a criação de um "núcleo de custódia". Formado por policiais, vai atender os advogados dos presos, numa tentativa de diminuir as críticas de que eles têm tido cerceado o acesso a seus clientes pela PF.

Mais dois ministros fizeram uso ilegal de cartão do governo

Por Lucas Ferraz
na Folha de São Paulo

A exemplo da ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial), os ministros Orlando Silva (Esporte) e Altemir Gregolin (Pesca) também cometeram irregularidades ao usar o cartão de crédito corporativo do governo federal. Os dois fizeram compras em Brasília, uma delas em uma tapiocaria. Nenhuma delas foi "emergencial", como diz decreto governamental que regulamenta o uso do cartão.Além dos gastos indevidos, análise feita pela Folha nos extratos dos ministros revela também despesas incompatíveis com suas agendas.Os três estão sendo investigados pela CGU (Controladoria Geral da União). É a primeira vez que órgão investiga ministros por suspeitas de utilização irregular de cartões.A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) solicitou ao ministro Jorge Hage investigações sobre os gastos de Matilde e Gregolin com cartões corporativos. A solicitação ocorreu depois que os dois ministros pediram à chefe da Casa Civil que fossem investigados. O procedimento é necessário porque as duas pastas estão diretamente vinculadas à Presidência. Hage recebeu também, no último dia 25, explicações de Orlando Silva.Por não haver precedentes dessa natureza, a CGU ainda não sabe informar a punição possível para esses casos.Segundo Hage, os ministros Gregolin e Matilde o procuraram dias atrás dizendo que iriam prestar esclarecimentos, mas até ontem ainda não tinham enviado documentos. Anteontem, a Comissão de Ética Pública pediu à CGU que investigue as compras de Matilde em um free shop (R$ 461,16).Orlando Silva usou o cartão corporativo para fazer compras em uma tapiocaria de Brasília, em maio passado. Apesar do valor (R$ 8,30), o gasto foi irregular, por contrariar as normas de uso do cartão. Questionado, ele apresentou o mesmo argumento de Matilde: a compra teria ocorrido por "engano" e o dinheiro teria sido ressarcido.A Folha tentou confirmar se Matilde e Silva devolveram o valor das compras ao Tesouro, mas não obteve resposta.Já Gregolin usou o cartão corporativo em uma churrascaria em Brasília. O ministro disse via assessoria que os R$ 512,60 se referem a um almoço, quando ele recebeu uma comitiva pesqueira da China.O ministro Hage, da CGU, afirmou à Folha que o gasto foi ilegal. Por meio de sua assessoria, disse que a despesa não poderia ter sido realizada -apesar de declarar que ela seria perfeitamente razoável, mas que há uma lacuna normativa a respeito. "Não há previsão na lei para esse tipo de gasto." O uso do cartão em Brasília, diz ele, é restrito a pequenos gastos, como serviços de manutenção e material de escritório.A Folha analisou os extratos dos cartões de Matilde Ribeiro, Altemir e Orlando, os três funcionários do primeiro escalão do governo que mais gastaram com cartão no último ano -respectivamente R$ 171,5 mil, R$ 22,6 mil e R$ 20,1 mil. A análise se refere exclusivamente a gastos com restaurantes.Os três ministros, juntos, pagaram despesas no ano passado em 158 restaurantes, lanchonetes, bares ou choperias. Figuram como estabelecimentos preferidos churrascarias, restaurantes de comidas árabes e italianas, além de choperias.A Folha enviou aos ministros três perguntas referentes a cada gasto de 2007: "Qual a agenda oficial do ministro no dia? O almoço/jantar foi para tratar de assunto oficial? Se foi oficial, quem participou?".As assessorias de Matilde e Silva não quiseram responder ponto a ponto. Disseram que as agendas estavam na internet. Já a assessoria de Gregolin relacionou os gastos à agenda.Das 26 despesas de Silva com restaurantes, há muitas com churrascarias. Como mostrou a Folha, ele gastou R$ 468,05 em um restaurante nos Jardins quando não tinha evento na agenda. Há ainda dois gastos em São Paulo, no mesmo dia, quando não havia atividade.Gregolin vai com freqüência a restaurantes italianos, principalmente em Santa Catarina, seu Estado natal. Em Chapecó, sua base política, estão registrados dez pagamentos.Nos extratos de Gregolin constam três despesas no Carnaval de 2007, que somam R$ 222,85, em restaurantes do Rio, todas na Quarta-Feira de Cinzas. Uma delas no Porcão, tradicional reduto VIP do Rio.O ministro disse que trabalhou no Carnaval do Rio: foi à Marquês de Sapucaí na companhia do ministro da Pesca da Noruega, que assistia a um desfile cujo tema era o bacalhau.Matilde também gastou no Carnaval: R$ 83,60 no Rio, e R$ 120,78 em Salvador. Os gastos são do mesmo dia: 21 de fevereiro, Quarta-Feira de Cinzas. A agenda de Matilde informa que ela participou de eventos nas duas cidades no Carnaval, porém no dia do gasto não havia atividade prevista.

John McCain vence

John McCain venceu a prévia republicana na Flórida. Ele obteve 36% dos votos. Em segundo lugar ficou Mitt Romney com 31%. Em terceiro lugar ficou Rudy Giuliani com 15%. Pertinho dele ficou Mike Huckabee com 13%. Quem diria que McCain voltaria com tudo. Quem diria que Giuliani perderia tanto num estado que ele investiu tanto.

As projeções

CNN, Fox, NBC e Associated Press já fazem as suas projeções. John McCain vence a prévia republicana na Flórida.

E ninguém acreditava no McCain

Quem diria que o velho veterano de guerra John McCain estaria liderando a prévia na Flórida. Quem diria que ele iria tão longe. Pois é. Faz pouco tempo que eu tento acompanhar as notícias lá dos Estados Unidos. Do pouco que eu tenho lido, McCain estava desacreditado quando saiu candidato à presidência. Os Republicanos devem estar impressionados. Eu também.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Numa disputa sem graça, Hillary vence

Está bem, fica aqui o registro. Mesmo não tendo delegados, a prévia dos Democratas na Flórida teve Hillary Clinton como vencedora com 49% dos votos. Em segundo aparece Barack Obama com 29% e em terceiro, como sempre, John Edwards com 15%. Pronto. Fica aí o registro e o meu pedido para Edwards: “Pede pra sair!”, “Pede pra sair!”.

Primeiros números

Vamos à prévia dos Republicanos na Flórida. Pelo visto a estratégia de Rudy Giuliani em focar apenas este estado não está surtindo efeito. Ele aparece em terceiro lugar com 15% tendo Mike Huckabee bufando no pescoço com 13%. Lá na frente, John McCain lidera com 34% e Mitt Romney está em segundo com 31%. Nada está definido. Nenhum dos três primeiros lugares está definido.

Os Democratas também têm prévia na Flórida

É mesmo! Tem prévia dos Democratas na Flórida. Mas o estado não terá delegados na convenção democrata. Assim não tem graça. A graça do jogo está do outro lado, do lado Republicano.

Hoje tem prévia Republicana

Vamos ver o que a Flórida vai nos mostrar hoje no lado Republicano. Será que Rudy Giuliani errou no seu planejamento e vai perder feio? Será que os outros candidatos vão acabar com o entusiasmo do velho combatente de guerra John McCain? É melhor aguardar do que acreditar nas pesquisas.

A Venezuela de Hugo Chávez

A imprensa internacional apoiou a operação liderada por Hugo Chávez juntamente com as Farc pela libertação de duas reféns. Pois é. O ditadorzinho venezuelano recebeu aplausos até do presidente francês Nicolas Sarkozy. Pouca gente falou que as Farc não eram essa doçura que muita gente acreditava. Pouca gente denunciava a relação das Farc, Hugo Chávez dentro do Foro de São Paulo juntamente com o PT. Foram poucas as vozes a criticar esta pantomima ridícula. Poucas vozes acusadas de direitistas, de golpistas, de não se interessarem pela vida das reféns que eram libertadas.
Pois é mais uma vez. Vejam a matéria publicada no site G1 e postada logo abaixo. Vejam que na Venezuela de Hugo Chávez o tratamento para com os reféns é diferente. Lá, no país controlado pelo ditadorzinho de araque, os seqüestros acontecem aos montes e não vemos a imprensa internacional cobrir e exigir a libertação dos mesmos. Será que, se os reféns fossem seqüestrados pelas Farc, Chávez faria de tudo, com a cobertura da imprensa internacional, para libertar os reféns? Este é o paraíso bolivariano que Chávez quer divulgar mundo a fora. Este é o paraíso, o país do socialismo do século XXI que os lulistas daqui tanto aplaudem. Eles podem continuar aplaudindo. Nós, as poucas vozes direitistas, golpistas e desumanas, continuaremos a criticar as pantomimas ridículas do ditadorzinho de araque e as suas relações sujas com as Farc dentro do Foro de São Paulo, criada por Lula em 1990.

Seqüestradores fogem de banco na Venezuela

Do site G1 com as agências Reuters e France Press

O grupo armado que estava mantendo cerca de 30 reféns em uma agência bancária na cidade de Orituco, na Venezuela, saiu do local em uma ambulância fornecida pelas autoridades. De acordo com autoridades locais, eles levaram junto duas mulheres e três homens que “se ofereceram voluntariamente” para acompanhá-los. “Chegamos a um acordo. Vamos deixar eles partirem”, disse o governador do Estado de Guarico, Eduardo Manuitt, ao jornal local El Nacional. Ele garantiu que não haverá perseguição policial aos seqüestradores. “Vamos recolher os reféns que foram com os assaltantes mais tarde”, afirmou.
Libertação
No início da tarde desta terça-feira (29), o grupo havia libertado uma das reféns. Segundo a imprensa local, um dos assaltantes, que se identificou apenas como Jorge, disse à refém liberta que aceita a presença de um padre e um médico dentro da agência, “para que vejam como estamos tratando bem essa gente”. Ele também afirmou que estão dispostos a libertar alguns dos reféns - uma mulher grávida e algumas crianças. Ao longo da noite de segunda-feira (28), os assaltantes libertaram seis pessoas – quatro mulheres e dois homens.
Os seqüestradores exigem uma ambulância para abandonar o local. Algumas horas atrás, a polícia entregou alimentos para os detidos dentro da agência. Ontem, quatro homens armados com pistolas e granadas tentaram roubar a agência do Banco Provincial de Altagracia, mas foram cercados pela polícia. Desde então o grupo, sitiado por dezenas de policiais, está mantendo como reféns os funcionários e os clientes que estavam no local no momento da ação. Segundo a imprensa local, entre os detidos estão uma mulher grávida e quatro crianças, entre eles um recém-nascido, além de três cidadãos espanhóis. Vários reféns apareceram na porta envidraçada do banco com cartazes pedindo ajuda para encerrar a situação.

Ainda bem que estão lavando roupa

Tem um grupo de parlamentares brasileiros que está retido na Antártida. Enquanto aguarda a melhoria do tempo para poder retornar ao Brasil, o grupo vai visitando as estações de pesquisas ali instaladas. O senador Renato Casagrande conversou, por telefone, com o pessoal da Folha online. Ele disse que os próprios parlamentares estão lavando suas próprias roupas. Ainda bem! Antes lavar roupa do que lavar dinheiro, não é mesmo?

Se o Lobinho for pro PTB...

Vai ser difícil o Edison Lobão Filho continuar no DEMO. Já recebeu algumas propostas de alguns partidos. Um deles é o PTB. O PTB de Roberto Jefferson. O PTB que abriu as portas para Fernando Collor de Melo. Se Lobinho for pra lá vai se sentir em casa, só gente boa, pessoas que não se parecem com o Lobão doido pra papar a Chapeuzinho Vermelho e a Vovozinha.

Tarso não tem mais nada pra fazer

Quando o ex-banqueiro falido Salvatore Cacciola foi preso em Mônaco, o ministro da Justiça Tarso Genro ficou todo empolgado querendo traze-lo de volta para o Brasil. Não sei se realmente foi, mas noticiaram que Tarso queria ir até Mônaco pegar o banqueiro. Com o passar do tempo, o caso Cacciola voltou para o fundo do baú. Não sabemos se Tarso Genro foi mesmo para Mônaco e se ele ficou vermelho de vergonha quando a justiça de lá questionou os documentos enviados daqui do Brasil cuja tradução não era lá das melhores. Vai ver, Tarso só queria aproveitar para fazer uma visita às belas paisagens de Mônaco. Do que adianta ver aquela beleza toda quando a Fórmula 1 passa por lá uma vez a cada ano? Tem que ir lá pessoalmente, conferir tudo “in loco”. Sei lá eu se Tarso conseguiu alguma evolução na tentativa de trazer Cacciola de volta para o Brasil.
Agora, depois que a Folha de São Paulo publicou no domingo uma entrevista com um ex-agente do serviço de inteligência do Uruguai que afirmou que o ex-presidente João Goulart teria sido assassinado, Tarso quer rever o caso. Ele não deve ter muita coisa para fazer. A Justiça no Brasil está uma maravilha, não temos violência e esse negócio de traficante tocar o terror nas favelas e a polícia não conseguir conter o avanço dos marginais é tudo conversa da imprensa. Como não tinha mais nada para fazer, Tarso resolveu averiguar se o ex-presidente foi ou não foi assassinado.
Realmente é duro não ter nada pra fazer. Enquanto as nossas fronteiras ficam livres para o tráfico, enquanto policiais despreparados sobem os morros para enfrentar bandidos, enquanto a nossa Justiça continua mais lenta do que tartaruga, Tarso Genro quer investigar se Jango foi ou não foi assassinado. Sugiro a ele que investigue também os assassinatos de Celso Daniel e Toninho do PT, dois ex-cupanheros de partido que foram assassinados (isso mesmo, assassinados, não foi uma teoria da conspiração) e que até hoje ninguém sabe quem matou e quem mandou matar. São dois exemplos para Tarso Genro deixar de lado estas teorias da conspiração estúpidas e passar a cuidar de fatos concretos, de coisas reais. Além de Celso Daniel e Toninho do PT, várias outras pessoas são assassinadas, assaltadas e que precisam urgentemente do trabalho da Justiça. E a pasta da Justiça está sob o comando de Tarso Genro, um cara que não tem muita coisa pra fazer e, por isso, que vai para Mônaco passar vergonha diante da Justiça de lá com documentos traduzidos porcamente só para trazer de volta um ex-banqueiro fujão e ainda acredita em teoria da conspiração. O resto é conversa da imprensa.

Realmente não tem oposição

A Prefeitura de Goiânia está analisando as propostas de quatro empresas que desejam participar da licitação do transporte coletivo. Poxa, mas eu pensava que esse negócio de transporte coletivo em Goiânia já tivesse sido resolvido há muito tempo atrás. Na campanha eleitoral de 2004, o então candidato Íris Rezende prometeu resolver todos os problemas do transporte coletivo nos seis primeiros meses de sua administração. Passaram os seis primeiros meses e nada de melhorias. Pior. Íris só deu uma reformada rápida nos terminais, pintando suas grades, aquele famoso “engana que eu gosto”. Comprou um bocado de ônibus que não resolveu o problema da superlotação e da demora nos pontos. Hoje, os jornais goianos mostram que a prefeitura ainda está analisando as propostas das empresas (que já circulam em Goiânia, não tem nenhuma empresa nova) para participarem da licitação do transporte coletivo. E eu que pensava que o super-Iris tinha resolvido todos os problemas do transporte coletivo de Goiânia nos seis primeiros meses da sua administração. Engana que eu gosto. Cadê a oposição? Não vi até agora. Constato que em todas as esferas do poder no Brasil não temos oposição.

Dinheiro para o mensalão

Editorial do Estado de São Paulo

De tudo que veio a público do depoimento à Justiça Federal do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, um trecho em especial desmoraliza definitivamente os argumentos petistas, explicitamente endossados pelo presidente Lula numa entrevista, para reduzir a um restrito crime eleitoral que todos os partidos cometem - o uso do caixa 2 - a compra sistemática de apoio político para o governo, envolvendo dinheiro público, que entrou para a história do lulismo como mensalão - aumentativo apropriado, aliás.No noticiário, o trecho de que se tratará logo adiante ficou obscurecido por ter Delúbio citado nominalmente 8 dos 21 integrantes da Executiva Nacional do partido que, em reunião, o incumbiram de “encontrar uma solução” para o problema de que “todo mundo sabia” no PT. À CPI dos Correios, em 2005, ele se limitara a mencionar “integrantes da Executiva”. O problema era a dívida de R$ 26 milhões, remanescente da campanha de 2002 em oito Estados, acrescida dos R$ 28 milhões que o PT precisava repassar a quatro partidos que haviam apoiado a candidatura Lula (PL, PTB, PMDB e PP), além de fazer caixa para as eleições municipais de 2004. A solução encontrada pelo tesoureiro foi se socorrer com o publicitário Marcos Valério, que entraria para a lista dos 40 processados pelo STF, como operador do mensalão, entre outros malfeitos. Depois que estourou o escândalo, ficou-se sabendo que Valério repassou clandestinamente aos endividados e aos políticos dos quais o lulismo queria ser credor a bagatela de R$ 55 milhões, alegadamente emprestados de bancos como o Rural e o BMG.À juíza Sílvia Maria Rocha, da 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo, que o interrogou na quinta-feira passada, Delúbio sustentou - eis a passagem crítica - que em reunião que teve com a Executiva do partido descartou a possibilidade de cobrir o rombo por meio de doações declaradas à Justiça Eleitoral. Ele disse que dessa reunião participaram petistas estrelados como o deputado José Genoino, à época presidente da agremiação, a atual ministra do Turismo, Marta Suplicy, e o senador Aloizio Mercadante, então líder do PT na Câmara, os quais, portanto, participaram do lançamento da “pedra inaugural” do esquema do mensalão.Naturalmente, essas coisas se fazem, mas jamais são admitidas. A explicação encontrada para a não contabilização dos recursos foi a de que os eventuais doadores exigiriam, em troca, benefícios na administração Lula. (Melhor só o que o ex-ministro José Dirceu diria à juíza no dia seguinte: “Minha influência no governo é zero, minha influência no PT é zero.”) A juíza Silvia Maria Rocha pôs em dúvida a versão de Delúbio. “Como explica então a aproximação com Marcos Valério? O que é que ele queria em troca, ou não ia querer nada; é o salvador da pátria?”O ex-tesoureiro não se perturbou; afinal, se não é o salvador da pátria, Valério sem dúvida fez o que pôde para salvar o PT. E por isso Delúbio se declara eternamente grato a ele, a quem teria procurado exclusivamente por iniciativa própria. Pena que “deu errado, porque veio a crise, todas as denúncias e nós não devolvemos o dinheiro a ele ainda”. De notar, além da louvável preocupação com o que certamente dará em calote, o “nós” de quem deixou de pertencer ao partido em outubro de 2005, quando a companheirada o expulsou.A reação petista ao abraço de afogados com que Delúbio engolfou expoentes da legenda - pela recusa a reabastecer os cofres de forma legal - é um modelo do memorável duplipensar do autor britânico George Orwell, em 1984: “O PT não analisará o conteúdo de cada depoimento isoladamente”, diz a sua nota, “preferindo aguardar o conjunto das declarações para conferir a consistência com os registros contábeis e atas de reuniões das instâncias partidárias.” Como se o partido, para edificação das futuras gerações de companheiros, deixasse documentado que, depois de conquistar o poder, uma de suas mais altas instâncias decisórias teria dado ao tesoureiro a ordem de resolver o intrincado problema de seus débitos da maneira que achasse melhor - desde que por debaixo do pano. Como disse o senador tucano Sérgio Guerra, “é óbvio que tudo aquilo não foi feito por uma única pessoa e sem autorização da direção partidária”.

Bush admite 'período de incerteza econômica', mas pede confiança

No Estado de São Paulo

Em seu último discurso sobre o Estado da União, o presidente George W. Bush procurou aliviar ontem as preocupações com a economia dos EUA. “Nossa economia está passando por um período de incerteza. À mesa das cozinhas por todo o nosso país, há preocupação sobre nosso futuro econômico”, admitiu ele no Congresso. Mas acrescentou: “No longo prazo, os americanos podem ter confiança em relação a nosso crescimento.”No discurso de pouco mais de 50 minutos, iniciado às 21h10 de ontem em Washington (0h10 de hoje em Brasília), Bush pediu que o Congresso torne permanentes os cortes de impostos promovidos em 2001 e 2003 e aprove rapidamente um pacote de US$ 150 bilhões anunciado na semana passada com o objetivo de evitar a recessão nos EUA - que sofrem com a alta do preço do petróleo e a crise das hipotecas. Em meio à corrida para as eleições presidenciais de novembro, Bush quer evitar ser culpado por um colapso econômico. Quando assumiu o cargo em 2001, ele herdou um país com superávit de US$ 236 bilhões. Seu sucessor herdará um Estado com déficit de US$ 3,5 trilhões. A renda média dos americanos, que cresceu US$ 6 mil de 1993 a 2001, caiu US$ 1 mil em 2007. Enfraquecido também pela guerra no Iraque, cada vez mais impopular, e enfrentando baixos índices de aprovação (cerca de 30%), Bush destacou que o reforço de tropas americanas iniciado em janeiro de 2007 no país do Golfo Pérsico deu resultado. “Nossos inimigos no Iraque têm sido duramente atingidos”, afirmou. “Alguns podem negar que o reforço esteja funcionando, mas entre os terroristas não há dúvida: a Al-Qaeda está batendo em retirada no Iraque, e esse inimigo será derrotado”, acrescentou, para os aplausos da bancada republicana.Bush reiterou a exigência de que o Irã abandone o enriquecimento de urânio e fez uma advertência direta “aos líderes” iranianos: “Saibam que os EUA enfrentarão quem quer que ameace as tropas americanas. Defenderemos nossos aliados e protegeremos nossos interesses vitais no Golfo.” Foi uma referência a um incidente ocorrido semanas atrás, quando, segundo os EUA, lanchas da guarda costeira iraniana teriam ameaçado navios americanos. Bush pediu ainda que o Congresso torne permanente um polêmico programa de espionagem interna que inclui a interceptação de telefonemas como parte do combate ao terrorismo.

Disputa política pára nomeação na Petrobras

Por Pedro Soares
na Folha de São Paulo

Indicado pelo PMDB para diretor da área Internacional da Petrobras, o engenheiro Jorge Zelada não foi confirmado ontem para o cargo em reunião do Conselho de Administração da estatal em razão da oposição ao seu nome por parte de setores do próprio PMDB e do PT.A expectativa era que ele fosse confirmado ontem pelo Conselho, que passou toda a tarde reunido na sede da empresa, no Rio. Mas o assunto nem sequer foi tratado durante a reunião. A Petrobras informou que questões relativas a mudanças na diretoria não entraram na pauta.A Folha apurou que o nome de Zelada sofre resistência de parte do PMDB do Senado, que controla o Ministério de Minas e Energia e deve ampliar sua influência no setor com indicações para diretorias da Eletrobrás e de suas subsidiárias.A indicação de Zelada também não foi consumada por causa da oposição de uma ala do PT, que comanda atualmente a diretoria internacional da Petrobras. O senador Delcídio Amaral (PT-MS), que indicou o atual diretor, Nestor Cerveró, ainda luta para mantê-lo.Apesar da resistência, a cúpula do PMDB dá como certa a nomeação de Zelada. Segundo dirigentes peemedebistas, a garantia de indicação já foi dada de viva voz por Lula.Zelada é um técnico de carreira da área de engenharia da estatal que, convenientemente, foi apadrinhado pela bancada do partido na Câmara -mais especificamente, pelos deputados mineiros. Isso ocorreu após a primeira opção do partido, João Augusto Fernandes, ex-diretor da BR Distribuidora nos anos 90, ter sido vetada pela Casa Civil.Sua indicação partiu do próprio Fernandes, que conseguiu que o PMDB abraçasse o nome de Zelada. Historicamente, ele não tem nenhuma vinculação com o partido.Segundo a Folha apurou, o PMDB considera que já fez uma concessão ao apresentar um segundo nome, e que um novo veto criaria uma crise séria. O partido espera que a confirmação de Zelada se dê até o final de fevereiro.Zelada, atualmente, ocupa o cargo de gerente-geral de empreendimentos de exploração e produção e transporte marítimo da diretoria de Serviços, cujo titular é Renato Duque, da cota do PT. O posto é o terceiro na hierarquia -abaixo do de diretor e do de gerente-executivo. O indicado do PMDB cuida de projetos de plataformas e outras embarcações.

Comissão pede que CGU investigue ministra

Por Letícia Sander
na Folha de São Paulo

Reunida ontem em Brasília, a Comissão de Ética Pública decidiu pedir à CGU (Controladoria-Geral da União) que investigue as compras feitas pela ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial) em um free shop com cartão corporativo do governo federal. "Chegamos à conclusão preliminar de que o assunto, ao menos em primeira instância, deve ser examinado pela CGU, pelas implicações potenciais que pode ter", afirmou o presidente da comissão, Marcílio Marques Moreira, acrescentando: "no caso dela, nós achamos que pode haver complicações legais e, ao contrário de nós, a CGU tem capacidade de investigação". Questionado especificamente se o caso pode configurar algo mais grave do que um problema ético, ele respondeu: "pode vir a ser". A Comissão de Ética não pediu, como fez em outros casos, explicações diretamente à ministra e preferiu transferir o caso à CGU mesmo depois que a própria ministra admitiu o "engano". Em outubro de 2007, a ministra pagou despesa de R$ 461,16 em um free shop. Alertada pelo ministério, ela reconheceu o "engano" e afirmou ter ressarcido o valor à União, três meses depois da compra. Ontem, Moreira evitou se posicionar a respeito das suspeitas envolvendo a ministra. Mas questionado, de forma genérica se seria antiético gastar dinheiro público para proveito próprio, ele afirmou: "Se é isso, é antiético". O deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP) começa hoje a recolher assinaturas para formar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o uso de cartões corporativos pelo governo federal. "Há um desvirtuamento do uso de cartões. Não há critérios objetivos para os fins a que servem os cartões, nem sobre quem fiscaliza", afirma.
Lupi
A Comissão de Ética está no centro de uma polêmica desde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ignorou, há mais de um mês, a recomendação para que o ministro Carlos Lupi (Trabalho) opte entre a presidência do PDT e o cargo público. O ministro continua ocupando os dois cargos. Ontem, o assunto não foi tratado na reunião, mas Moreira voltou a cobrar uma posição sobre o caso. "Estamos esperando uma decisão que se inspire na ética da administração pública", ele disse. O embate com Lupi pode colocar em jogo o futuro da comissão. Enquanto Lula não decide, o pedetista dá declarações quase semanais em que desafia a comissão e reitera que não deixará nenhum dos cargos. A Comissão também reiterou ontem os cuidados de autoridades federais ao aceitarem convites para camarotes no Carnaval. Moreira disse ver problemas éticos caso funcionários aceitarem convites de empresas privadas.