quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Crise pode forçar Obama a ignorar AL

Por Cláudia Dantas
no Jornal do Brasil

Depois de enviar mensagem de felicitações a Barack Obama, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que vai cobrar do presidente eleito dos Estados Unidos a adoção de uma política "mais ativa", em relação à América Latina. Especialistas, no entanto, consideram que é cedo para tecer um olhar sobre a região, uma vez que Obama terá atribuições domésticas mais prementes para administrar. Mas alertam que uma política protecionista pode prejudicar a relação Estados Unidos com países emergentes.
Lula espera uma "política mais voltada para o desenvolvimento produtivo da região", e citou o Brasil como um parceiro importante.
– Eu não tenho dúvida nenhuma de que, da parte do Brasil, nós vamos continuar construindo essa parceria produtiva que nós temos nos EUA. E eu espero que ela possa melhorar com o governo Obama – destacou Lula.
José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), acredita que os Estados Unidos não adotarão a convencional política protecionista, mas serão bastante agressivos comercialmente, e tal medida poderá comprometer os planos brasileiros.
– Os Estados Unidos passarão a ser concorrentes diretos dos países latino-americanos, que conquistaram a independência às custas das commodities em alta – ressaltou. – Obama adotará medidas para gerar emprego e renda para as classes mais humildes que o elegeram.
Para Castro, o novo presidente americano herda um governo com elevadíssimo déficit comercial, dívida pública e altos índices de desemprego, e por isso os países emergentes vão sofrer.
O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportação (Apex-Brasil), Alessandro Teixeira, discorda. Teixeira acha que os Estados Unidos vão priorizar a política de reciprocidade com os países com os quais mantêm relações comerciais, além de se dedicarem à economia doméstica.
– É impossível aumentar renda sem depender de uma política comercial externa. Até que ponto essa política protecionista vai se sustentar? – quer saber Teixeira. – Tem de haver uma política de reciprocidade. Os americanos vendem e compram muito dos chineses. Se endurecerem, serão pressionados pela China também.
Para o presidente da Apex-Brasil, o Brasil aparece como um líder do continente latino-americano e um parceiro estratégico para os EUA.

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