Por falar em Paulo Francis, a primeira lembrança que eu tenho dele é das suas crônicas no Bom Dia Brasil da Rede Globo. Desde pequeno acordava cedo. Achava muito engraçado o jeito dele falar. Quando ele morreu, em 1997, minha professora de Português Jussara escreveu no quadro uma frase do Francis: Quem lê sabe. Quem não lê será para sempre um servo. E está correto.
Li o seu livro Trinta anos esta noite. É uma lembrança do período em que os militares tomaram o poder. Leiam!
Paulo Francis faz falta por causa da sua inteligência, por causa do seu jeito único, por causa da polêmica. Vivemos a ditadura do politicamente correto (mandei um e-mail para o Euler de França Belém sobre isso). Você não pode discordar, dar sua opinião. Você tem que ser o bonzinho, que só recebe elogios e afagos. Tem que escrever o que a massa gosta. Tem que buscar aplausos. É por isso que Lula e Obama são tão venerados. Eles falam o que todo mundo quer ouvir. Aí fica fácil, né?
Há um tempo atrás eu me preocupava muito com o que os outros pensavam de mim. Cheguei até a ir numa psicóloga por causa disso. Hoje não ligo para o que os outros dizem sobre mim. Podem falar a vontade. As antas botocudas podem deixar seus rastros aqui. Sou eu que escolho o que vai para o lixo ou o que acho que deve ser respondido. Não tenham piedade de mim!
Como faz falta uma boa polêmica, uma boa discussão. Como faz falta a independência do indivíduo que pensa por si próprio e defende os seus argumentos e não de um partido ou de uma ideologia.
Saudades da minha infância e saudades das manhãs que eu assistia ao Bom Dia Brasil e achava muito engraçado Paulo Francis falando. Depois que cresci eu percebi que ele era muito mais do que aquela voz quase cantada. Sim, Paulo Francis faz falta. Espero dos poucos que restaram do pensamento livre (e não pensamento único) não desistam da batalha contra o politicamente correto. No país dos petralhas é melhor ser politicamente incorreto. Já que eles são os certos.
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