no Jornal do Brasil
O cenário desenhado com crescimento de quase 30% no número de prefeituras governadas, na comparação com as eleições de 2004, trouxe para o PT, mais do que a conquista de 548 cidades, uma mudança profunda na geografia dos espaços de influência do partido. A legenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdeu redutos eleitorais tradicionais em cidades do Sul e Sudeste, sobretudo nas capitais, ao mesmo tempo em que conquistou espaços de partidos da oposição na região Nordeste. A estratégia de enfatizar o número do candidato, em detrimento da sigla, e colar a imagem dos competidores à do presidente Lula irritou militantes ditos "históricos", dizem especialistas. E contribuiu para o afastamento da classe média do eleitorado da legenda.
Nesse novo mapa de influência do PT, o exemplo mais dramático da perda de redutos aconteceu na capital paulista. A candidata petista à prefeitura da cidade de São Paulo viu seu eleitorado migrar quase que inteiramente para a periferia da cidade e antigos nichos petistas foram varridos pelo eleitorado do prefeito reeleito Gilberto Kassab (DEM).
É o caso da região da Capela do Socorro. O bairro é conhecido no meio político paulistano como "Tattolândia", em uma referência à enorme influência política da família do deputado federal Jilmar Tatto (PT).
Vindo do Paraná, o clã chegou ao bairro há 30 anos. Oito, dos nove irmãos de Jilmar, são filiados ao PT. Arselino Tatto tem assento na Câmara de Vereadores da cidade há cinco mandatos. Jair Tatto é secretário de Organização do diretório paulista do PT. Até 2008, a região era conhecida como uma fortaleza petista, mantida com base na presença constante da família no Legislativo municipal e no corpo-a-corpo diário. No segundo turno das eleições deste ano, aconteceu o impensável: 51% dos moradores da região – a 280ª zona eleitoral da capital paulista – votaram no democrata Gilberto Kassab para comandar a cidade por mais quatro anos.
Nesse novo mapa de influência do PT, o exemplo mais dramático da perda de redutos aconteceu na capital paulista. A candidata petista à prefeitura da cidade de São Paulo viu seu eleitorado migrar quase que inteiramente para a periferia da cidade e antigos nichos petistas foram varridos pelo eleitorado do prefeito reeleito Gilberto Kassab (DEM).
É o caso da região da Capela do Socorro. O bairro é conhecido no meio político paulistano como "Tattolândia", em uma referência à enorme influência política da família do deputado federal Jilmar Tatto (PT).
Vindo do Paraná, o clã chegou ao bairro há 30 anos. Oito, dos nove irmãos de Jilmar, são filiados ao PT. Arselino Tatto tem assento na Câmara de Vereadores da cidade há cinco mandatos. Jair Tatto é secretário de Organização do diretório paulista do PT. Até 2008, a região era conhecida como uma fortaleza petista, mantida com base na presença constante da família no Legislativo municipal e no corpo-a-corpo diário. No segundo turno das eleições deste ano, aconteceu o impensável: 51% dos moradores da região – a 280ª zona eleitoral da capital paulista – votaram no democrata Gilberto Kassab para comandar a cidade por mais quatro anos.
"Históricos" irritados
Situação semelhante aconteceu em Porto Alegre, onde o PT reinou soberano entre 1989, com a eleição de Olívio Dutra para a prefeitura da capital gaúcha e 2005, quando terminou o mandato do petista João Verle e José Fogaça (PMDB) assumiu o comando do Paço Municipal.
– A adoção de uma postura "light" pelo PT em todo o Estado prejudicou o desempenho do partido e, em Porto Alegre, a legenda obteve o pior resultado em toda sua história – analisa o professor de geografia humana da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Mário Leal Lahorgue.
Estudioso da atuação do PT na região Sul, Lahorgue lembra que a legenda já teve, em tempos passados, o poder de "eleger postes" em Porto Alegre.
– Não importava quem se candidatasse, todos apoiavam o PT na cidade. Neste ano, contudo, o partido resolveu descolar o nome da legenda dos candidatos em todo o Estado, inclusive na capital. A atitude irritou os petistas históricos, já contrariados com um PT mais centrista do que de esquerda. E mesmo os redutos mais tradicionais do petismo na cidade viraram as costas para a sigla, nas urnas.
Avanços no Nordeste
O cientista político da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Paulo Fábio Dantas Neto vê um movimento contrário da legenda no Nordeste, mesmo em capitais onde o PT foi derrotado, como Salvador, um tradicional reduto carlista. Em 2004, compara, o candidato petista à prefeitura da capital baiana, Nelson Pellegrino, obteve 21,67% dos votos e ficou de fora do segundo turno. Primeiro petista a ir para o segundo turno em Salvador, Walter Pinheiro chegou à casa dos 30% dos votos. Perdeu, mas alavancou uma bancada de 10 vereadores da coligação que sustentou a candidatura petista.
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