sábado, 15 de novembro de 2008

Não preciso dar satisfações

Antes, um texto de Olavo de Carvalho escrito no jornal O Globo do dia 2 de setembro de 2000 com o título “Antifascismo hitlerista”:

Por que os comunistas vivem chamando os outros de fascistas? Já vi esse rótulo colado nas figuras mais díspares: cristãos, liberais, conservadores, maçons, militares latino-americanos, anarquistas, social-democratas, muçulmanos - todo mundo. Nem judeus escapam: Menachem Begin e Arthur Koestler levaram essa carimbada umas dúzias de vezes.

De onde vem essa mania, essa necessidade compulsiva de dar a cada desavença, por mais mesquinha e estapafúrdia, o ar de um épico combate antifascista?

Detesto conjeturas psicológicas. Prefiro o método genético do velho Aristóteles. Em quase cem por cento dos casos, contar como as coisas começaram já basta para a plena elucidação de causas e motivos.

Até o princípio dos anos 30, os comunistas não ligavam muito para fascismo ou nazismo. Papai Stalin ensinava-lhes desde 1924 que esses movimentos eram apenas a radicalização suicida da ideologia capitalista, prenunciando o fim do império burguês e a vitória final do socialismo. "O nazismo, dizia-se, é o navio quebra-gelo da revolução." De repente, em 1933, partindo de Moscou sob o comando de Karl Radek, uma onda de antifascismo varreu a Europa sob a forma de livros, reportagens, congressos, passeatas, filmes, peças de teatro. Intelectuais independentes apareciam nos palanques ao lado dos poetas oficiais do Partido. Manifestos antinazistas traziam as assinaturas de estrelas do cinema.

Entre essas duas épocas, algo aconteceu. Adolf Hitler, eleito chanceler, preparava-se para grandes conquistas que requeriam o poder absoluto. Ansioso de eliminar concorrentes, e não podendo abusar do apoio recalcitrante do exército alemão, recorreu à ajuda da instituição que, no mundo, era a mais informada sobre movimentos subversivos: o serviço secreto soviético. A colaboração começou logo após a eleição de Hitler. Em troca da ajuda militar alemã, vital para o Exército Vermelho, Hitler era informado de cada passo de seus inimigos internos. O sucesso da "Noite das Longas Facas" de 1934 inspirou Stalin a fazer operação idêntica no Partido soviético: tal foi a origem do Grande Expurgo de 1936, no qual o serviço secreto alemão, já disciplinado por Hitler, retribuiu os favores soviéticos, descobrindo e forjando provas contra quem Stalin desejasse incriminar. O famoso pacto Ribentropp-Molotov foi somente a oficialização exterior de uma colaboração que já era bem ativa fazia pelo menos seis anos.

A onda mundial de histrionismo antifascista foi inventada por Karl Radek, em primeiro lugar, como vasta operação diversionista. No auge da campanha, ele escrevia a um amigo: "O que ali digo (contra o fascismo) é uma coisa. A realidade é bem outra. Ninguém nos daria o que a Alemanha nos dá. Quem imagina que vamos romper com a Alemanha é um idiota."

De Paris a Hollywood, idiotas pululavam entre os escritores e artistas. Arregimentá-los como "companheiros de viagem", criando a cultura do comunismo chique que até hoje dá o tom nos meios pedantes em países periféricos, foi o segundo objetivo da operação. Eram pessoas importantes, formadoras de opinião, que conservavam sua identidade exterior de independentes, ao mesmo tempo que serviam obedientemente ao comunismo porque suas vidas eram controladas através de suborno, envolvimento e chantagem. Um exemplo entre centenas: André Gide, que era homossexual, durante anos não teve um companheiro de cama que não fosse plantado ali pela espionagem soviética. Quando se recusou a colaborar, a sujeira colecionada nos arquivos despencou em cima dele. Por análogos procedimentos, a espionagem soviética colocou a seu serviço André Malraux, Ernest Hemingway, Sinclair Lewis, John dos Passos e muitos outros, como também atores e atrizes de Hollywood, que, além do glamour, garantiam para Moscou um regular fluxo de dólares, moeda indispensável nas operações internacionais. O controle dos intelectuais era feito diretamente por agentes soviéticos, em geral à margem dos partidos comunistas locais, que por isto foram pegos de surpresa pelo pacto de 1939.

A terceira finalidade do "antifascismo" foi recrutar espiões nas altas esferas intelectuais. Alguns dos mais célebres agentes soviéticos, como Kim Philby, Guy Burgess, Alger Hiss e Sir Anthony Blunt, entraram para o serviço por meio da campanha. Conforme o combinado com Hitler, nenhum dos então recrutados foi usado contra a Alemanha nazista, mas todos contra os governos antinazistas ocidentais.

Comunistas, espiões e "companheiros de viagem" carregam pesada culpa pela mais sórdida fraude já montada por uma parceria de tiranos. Em suas mais notórias expressões, toda a cultura antifascista da época, o espírito do Front Popular, matriz do antifascismo cabotino que ainda subsiste no Brasil, foi a colaboração consciente com uma farsa, sem a qual as tiranias de Hitler e Stalin não teriam sobrevivido a suas oposições internas; sem a qual portanto não teria havido nem Longas Facas, nem Grande Expurgo, nem Holocausto.

Neurose, dizia um sábio amigo meu, é uma mentira esquecida na qual você ainda acredita. A compulsão comunista de exibir antifascismo xingando os outros de fascistas revela o clássico ritual neurótico de exorcismo projetivo, no qual o doente se desidentifica artificialmente de suas culpas jogando-as sobre um bode expiatório. Nos velhos, é hipocrisia consciente. Nos jovens, é absorção simiesca de um sintoma ancestral que acaba por neurotizá-los retroativamente, fazendo deles os guardiães inconscientes de um segredo macabro.

Por isso, amigo, quando um comunista chamar você de fascista, não se rebaixe tentando explicar que não é. Ninguém neste mundo deve satisfações a um colaborador de Hitler.


Comento

Acordei hoje para atualizar o blog e vejo que um vagabundo deixou um comentário. Já joguei no lixo. No alto da sua majestosa sabedoria, ele disse que eu escrevi aqui que Hitler era esquerdista. Como é um majestoso sábio e eu um blogueiro insignificante fui procurar nos posts anteriores. Afinal, como o energúmeno mesmo diz, eu só escrevo bobagens.

Reli os meus escritos. Afirmei que Hitler estava mais para o lado dos comunistas assassinos comandados por Stálin (ou Papai Stálin, como escreveu Olavo no texto acima). Será que escrever isso é dizer que Hitler era esquerdista?

O vagabundo não lê o que está escrito e sim o que quer que esteja escrito no texto. Se o texto diz que Hitler estava do lado de Stálin, o vagabundo lê que Hitler era esquerdista.
Quero que Hitler, Stálin, Mao, Guevara, Pinochet e todos os ditadores sanguinários estejam ardendo no caldeirão do inferno. Só falta Fidel. Mas a hora dele vai chegar.

Não tenho vergonha das minhas influências. Não tenho vergonha de ser influenciado por pessoas de alto nível como Olavo de Carvalho, Reinaldo Azevedo e Diogo Mainardi. Já os esquerdistas parecem que sentem vergonha do acordo Hitler-Stálin. Para ficar em silêncio diante a união de dois sanguinários só mesmo enfiando a cabeça debaixo da terra.

O conceito do curso de História da Universidade Federal de Goiás é bom. Já o vagabundo acha que é péssimo por minha causa. O cara dá muita importância para a minha pessoa. Pode deixar que segunda feira farei um panelaço lá na Faculdade de Ciências Humanas e Filosofia gritando para todo mundo ouvir que, se o curso de História da UFG é ruim, o culpado sou eu.
Ele dá muita importância para bobagens. Deve ser doloroso acordar de manhã e verificar que o livro do seu inimigo está em 9º lugar entre os mais vendidos (isso mesmo, os mais vendidos!!!). Deve ser doloroso acordar de manhã e acessar um blog cheio de bobagens e ainda perder tempo lendo (ou melhor, não lendo) e deixando recados. Deve ser doloroso, mas para o vagabundo isto é acordar de bem com a vida. Tem gente que adora sofrer. O que eu posso fazer? Ora, continuar sendo o mesmo blogueiro insignificante, que faz seus planos para ninguém e que nunca defende ditaduras ou justifica assassinatos. Eu não sou da patota da dupla Hitler-Stálin, portanto, não devo satisfações para quem ainda acredita na esquerda.

O vagabundo pode entrar e mandar suas bobagens. Eu, a quem ele considera tão importante a ponto de destruir um curso de História, lerei com todo carinho seus escritos. Se quiser respondo, se não vai para a Cuba que o pariu.

Nenhum comentário: