no Jornal Opção
Tudo continua como dantes na campanha eleitoral deste ano em Goiânia. O prefeito Iris Rezende permanece com enorme possibilidade de vencer as eleições já no primeiro turno. Mas... Há algo novo no ar. O programa de Sandes Júnior acertou em cheio com a criação de um boneco feio de doer, mas que é engraçado e que bate sem deixar marcas evidentes, o tal Zé Atento. Como não surgiram novas pesquisas, ficam valendo os porcentuais anteriores, mas esse Zé é uma surpresa tal como foi Nerso da Capitinga nas eleições de 1998. Se não houver algum tipo de forte reação por parte do programa de Iris, o céu de brigadeiro pode ganhar algumas nuvens pesadas. Se grandes o suficientes para tapar o sol do primeiro turno não há como saber. Sandes também acerta quando mostra suas caminhadas, embora permaneça mandando seus recados no programa diretamente do estúdio. O estúdio é bom, local tranqüilo, em que se pode gravar sem problemas de ruído, sem vento desalinhando os cabelos, com acústica perfeita, mas essas vantagens não escondem as desvantagens. A principal delas é mostrar o candidato distante, frio, sem emoção. Como Iris vem fazendo a mesma coisa, os efeitos acabam se igualando. Em relação aos programas de Martiniano e de Gilvane, pouca coisa a acrescentar. Martiniano melhorou o cenário, mas a evidente falta de dinheiro não tem como ser disfarçada. Durante a semana, ele repetiu quase totalmente um programa exibido antes. Um bom programa, com um discurso consistente, em que pedia a chance de ir para o segundo turno contra o prefeito Iris Rezende. Discursos assim ganham uma enorme compreensão por parte de quem assiste. E é exatamente esse o ponto mais negativo no programa de Gilvane Felipe. Quando ele diz peremptoriamente que na administração dele ("... na minha administração") tudo mais o que ele disser depois disso ficará contaminado pela falta de credibilidade. Simplesmente porque não existe nenhuma perspectiva real e palpável de que essa tal administração existirá. É um erro tão elementar que é até difícil entender porque não foi corrigido antes. Bastaria mudar a administração que não existe para a possibilidade. O velho "se eu for eleito" farei isso ou aquilo. Pronto. É simples e verdadeiro. Neste momento da campanha, o que está aí é a reeleição do prefeito Iris Rezende. Por enquanto, com amplas possibilidades de o jogo ser resolvido já no primeiro turno. Mas o programa do PMDB tem que mudar e mudar bastante, embora sem perder o foco. No meio da semana, por exemplo, o programa destacou os parques ambientais feitos na atual administração e a reforma e revitalização dos antigos. Tudo plasticamente muito bonito. E gelado. Populares deram declarações interessantes, pertinentes e as imagens foram bem escolhidas. Mas algo ali tornou tudo muito mecânico, técnico demais, sem emoção. Por que manter Iris dentro de um estúdio e não no meio do parque? Neste ponto, vale relembrar outras campanhas. Em 98 e 2002, as campanhas de Iris foram de gabinete. Claro que existem movimentações de rua, caminhadas e tal, mas a formatação dos programas foi o estúdio. Exatamente como está sendo feito agora. É fácil notar a diferença. Basta reparar os flashbacks exibidos. No programa do asfalto, apresentado recentemente, apareceu a promessa feita por Iris em 2004: no meio do povo, lá na poeira. Se fosse hoje, ele teria falado a mesma coisa, só que no estúdio. Isso reflete ao ponto de comprometer? Algumas vezes sim, noutras, não. Em 98, especialmente, foi dramático. Enquanto Iris falava do estúdio, Marconi Perillo aparecia arregaçando as mangas da camisa nas ruas. Não disfarçava nem as pequenas manchas de suor. E, naquela campanha, lá pelas tantas, surgiu o Nerso da Capitinga, o Zé Atento daquela época. Há uma máxima no marketing eleitoral de que candidato não bate diretamente. Bater por bater é realmente uma tremenda idiotice. Mas isso não impede uma crítica em tom indignado. No programa de Sandes, logo no início do horário eleitoral, foi ao ar uma denúncia pesada contra a falta de médico em um Cais. Sandes abordou o tema de dentro do seu escritório/estúdio. Será que o efeito não seria muito maior se ele tivesse falado do local? E, mais uma vez, invoca-se a memória: em 2004, seria de lá que Iris apresentaria sua proposta para a saúde. Enfim, Iris tem muita gordura para queimar. Sandes precisa ganhar densidade rapidamente. Ainda restam oito tentativas (programas eleitorais) de agora até a eleição. Quem acertar mais vezes o alvo pode se garantir melhor no dia 5 de outubro. Para Iris, o melhor seria que acabasse logo. Para Sandes, que fosse o dobro.
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