quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O Brasil nunca ficou imune às crises mundiais

Por Ludmilla Totinick
no Jornal do Brasil

Na opinião dos especialistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Ibmec-RJ, o Brasil sofreu os impactos de todas as crises econômicas mundiais.
De acordo com Paulo Di Blasi, professor de Mercado de Capitais e Finanças Internacionais do Ibmec-RJ, as crises asiática e da Rússia, em 1998, causaram grandes prejuízos econômicos ao país.
– O Brasil sempre teve a dívida externa brasileira e a interna atreladas à moeda americana. Hoje, a dívida interna não é mais presa ao dólar e atualmente somos credores. Por isso, acredito que vamos ter outro comportamento em comparação com os anos anteriores – explicou Blasi.
O economista disse ainda acreditar que a situação atual permite ao país não sofrer fortes impactos da atual crise econômica que afeta os Estados Unidos.
Para o professor de economia da UFRJ Reinaldo Domingues, o país não ficou imune às crises mundiais, pois tem baixa capacidade de resistir às conjunturas externas desfavoráveis.
– Nos anos 30, Getúlio Vargas reagiu bem e adotou políticas eficientes. O mesmo não aconteceu nas crises de 70, 90, 2001 e 2002. O Brasil sempre mostrou que tem vulnerabilidade externa estrutural. Isso acontece devido à liberalização financeira e cambial adotadas pelo governo brasileiro – explicou Domingues.

Medidas

Segundo o professor, a criação de um correspondente bancário no país prejudica a economia nacional e favorece a especulação, de acordo com Domingues, um dos principais responsáveis pela crise da Malásia.
– A medida restringe a oferta de dólar no país e acaba criando um mercado de real fora do Brasil – ressaltou o professor.
O economista critica ainda o financiamento das empresas brasileiras no exterior, que não têm lógica global de atuação.
Outro motivo de preocupação para o professor da UFRJ são as reservas.
– A vulnerabilidade externa brasileira aumenta a cada dia. O passivo externo de curto prazo é de US$ 600 bilhões e, de longo prazo, é de US$ 900 bilhões. Se as pessoas decidirem vender os títulos do Tesouro Nacional e as ações, as reservas vão acabar rapidamente.

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