quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Fed surpreende e socorre AIG com US$ 85 bi

Na Folha de São Paulo

O Federal Reserve (o BC dos EUA) anunciou ontem uma injeção de cerca de US$ 85 bilhões na AIG (American International Group), a maior seguradora do mundo, que tentava desesperadamente levantar dinheiro nos mercados para evitar uma concordata que traria prejuízos a grande parte dos bancos americanos e abalaria ainda mais os mercados.Após não obter apoio dos principais bancos do país, as autoridades americanas decidiram encampar a AIG, assumindo a participação de 80% na seguradora em troca do empréstimo salvador.Com o socorro, os mercados globais podem ter um dia positivo hoje. As Bolsas asiáticas abriram em alta, após perdas pesadas ontem. Até o fechamento desta edição, Tóquio ganhava 1,8%, após perdas de 4,95% na véspera, e Coréia do Sul subia 3,5%, após recuo de 6,10% na segunda-feira.Só a perspectiva de ajuda à AIG motivou um pregão menos pessimista ontem, após um dos piores momentos das Bolsas internacionais desde a crise pós-11 de Setembro. A Bolsa de Nova York teve alta de 1,30% no índice Dow Jones.No Brasil, a Bovespa terminou o dia com alta de 1,68%. Já o dólar comercial seguiu seu rumo de alta e fechou a R$ 1,824, com ganho de 0,88%.O Fed desprezou o clamor de uma parte significativa do mercado e decidiu manter inalterado os juros em 2% ao ano, mas deixou aberta uma janela para "ações emergenciais" caso a crise se intensifique.
Sem apoio privado
Em reunião na tarde de ontem, executivos de grandes bancos e do Fed chegaram à conclusão de que um empréstimo emergencial de US$ 75 bilhões da banca provada não poderia ser finalizado a tempo de impedir a quebra da seguradora. A AIG faz apólices de seguro de crédito para a maior parte dos bancos e empresas do setor imobiliário americano.Ao anunciar o socorro ao AIG em sua página da internet às 21h (22h em Brasília), o Fed enfatizou que "o empréstimo segurado tem termos e condições elaborados para proteger os interesses do governo e dos contribuintes americanos".Foi uma ação diferente da vista nos últimos dias, quando o governo Bush decidiu não apoiar o Lehman Brothers após fracassar em sua tentativa de obter apoio do setor privado ao banco de investimentos, que quebrou na segunda-feira, agravando a turbulência.No Brasil, o presidente Lula afirmou que a crise global "será quase imperceptível" quando comparada a crises passadas. Já o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse à Folha que o financiamento da exploração do pré-sal pode ficar mais difícil se a crise financeira se prolongar.O país que mais sofreu ontem foi a Rússia, com queda de 17,4% na Bolsa de Moscou.

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