quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Estrangeiro sai e bolsa perde 6,74%

Por Leonardo Modé
no Estado de São Paulo

O resgate da gigante de seguros AIG pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) foi insuficiente para acalmar os investidores. O temor de quebra em cascata de instituições financeiras americanas provocou mais um dia de pânico nos mercados ontem. No Brasil, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) caiu 6,74%, segunda maior desvalorização do ano em termos porcentuais. O dólar subiu 2,64%, para R$ 1,868, maior cotação em um ano. No exterior, o Índice Dow Jones da Bolsa de Nova York perdeu 4,06% (na menor pontuação desde novembro de 2005) e a bolsa eletrônica Nasdaq teve baixa de 4,94%. O Índice FTSE, da Bolsa de Londres, recuou 2,25% e o CAC-40, de Paris, 2,14%. Segundo analistas, estrangeiros estão saindo em peso do Brasil, o que também pressiona a taxa de câmbio. De janeiro até segunda-feira, dado mais recente disponível, o saldo de investimento externo na Bovespa estava negativo em R$ 17,2 bilhões. Somente em setembro, o déficit era de quase R$ 700 milhões. "Infelizmente, o processo de busca por liquidez é tão gigante que não dá para ter uma visão positiva para os mercados do Brasil e de outros países emergentes no curto prazo", afirmou o economista-chefe da Bradesco Corretora, Dalton Gardiman. Segundo ele, os investidores estão abandonando o País para cobrir prejuízos em outros mercados, notadamente nos EUA. Nesse ambiente, disse, vendem ativos sem levar em conta os fundamentos. "Diria que não se trata de uma liquidação, mas de uma liquefação de ativos."Outro movimento que chamou a atenção foi a maior alta da história do ouro em dólar na Bolsa Mercantil de Nova York. A onça-troy (31,1 gramas) subiu US$ 90. "É um movimento de insanidade, sintoma de descrédito", disse o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. "Afinal, para que serve o ouro?"Os especialistas avisam que a turbulência continuará forte até que termine a reorganização do sistema financeiro americano, que não tem prazo para acabar. "O lado bom é que os EUA estão tentando resolver em dias um processo que em outros países levou anos ou até décadas", disse Gardiman. Ontem, surgiram notícias - não confirmadas até o fechamento desta edição - relacionadas ao setor bancário dos EUA. O The New York Times informou que a Washington Mutual (WaMu), maior instituição de poupança dos EUA e líder no financiamento de hipotecas, se colocou em leilão. O Citigroup estaria interessado. Também conforme o NYT, o Morgan Stanley, segundo maior banco de investimentos americano, negocia fusão com o Wachovia, 9º do ranking no país. Se a transação se confirmar, só terá sobrado um grande banco de investimentos no país, o Goldman Sachs, cujas ações caíram ontem 13,92%. Os papéis da AIG despencaram 45,3%.

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