segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Presença dos militares não intimida traficantes

Por Fernanda Thurler
no Jornal do Brasil

Seguindo o rodízio de três dias da Operação Guanabara, 2 mil militares ocuparam ontem outras quatro comunidades: Vila Aliança, em Bangu; Taquaral, Coréia e Sapo, em Realengo. Em visita à segunda comunidade citada, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral em exercício, desembargador Alberto Motta Moraes, disse que fiscais que o acompanhavam viram quatro motoqueiros passarem, um deles com uma arma na cintura.
– Mesmo com a presença do Exército, eles (traficantes) continuam abusiva e excessivamente nas ruas. – admitiu o desembargador. – É terrível ver a situação de coação e medo a que estão submetidas essas pessoas. O terror em que elas vivem é permanente, a eleição simplesmente agrega um elemento a mais.
Algumas barricadas colocadas pelo tráfico para se proteger de possíveis invasões da polícia continuavam intactas.
– Retiramos aqueles obstáculos que atrapalhavam a nossa chegada nos pontos determinados pelo TRE. Atuamos naqueles lugares que a justiça eleitoral apontou como fundamentais para a realização da campanha – explicou o porta-voz do Comando Militar do Leste, tenente-coronel André Luiz Novaes, frisando que o Exército não tem poder de polícia. – Apenas usaremos a força, de uma forma gradativa e proporcional, nos casos em que as tropas se sentirem ameaçadas. Mas sempre com a atenção redobrada para que nenhum inocente seja vítima.
Motta Mores confirmou ainda que a presença das tropas pode se repetir no segundo turno:
– Já há uma posição do TRE para que peça a presença dos militares naquelas cidades onde o segundo turno for comprovado.
Os homens da Brigada de Infantaria Pára-quedista ficarão até terça-feira na Zona Oeste. A partir de quarta, os militares ocuparão as favelas da Rocinha e do Vidigal, na Zona Sul.
– Provavelmente, o efetivo será maior pela geografia e extensão das comunidades – adiantou o coronel Moraes.
De manhã, fiscais do TRE realizaram uma operação na Coréia e no Taquaral, de onde foram retirados mais de 600 quilos de propaganda eleitoral irregular. Desde o início da Operação Guanabara, já foram recolhidas quatro toneladas de material.

Chico critica tropas

O único candidato a prefeito a fazer campanha nos locais ocupados ontem pelo Exército foi o deputado federal Chico Alencar (PSOL). Ele garantiu que a visita não foi motivada pela presença militar:
– Eu nem sabia que eles iam ocupar aquela região. Não somos pára-quedistas, como eles, de cair numa comunidade. Nós temos um grupo de apoio na comunidade, e a nossa visita já estava planejada.
O candidato criticou ainda a presença das tropas. Para ele, soldados também precisam ajudar a justiça eleitoral no combate à propaganda irregular.
– Segurança não pode ter prazo de validade.

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