quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Natal tem maior nº de mortes em 2 décadas

Por Vannildo Mendes
no Estado de São Paulo

Da zero hora de sábado a zero hora de ontem, foram registrados 2.561 acidentes nos 61 mil quilômetros de rodovias federais do País, com 1.870 feridos e 196 mortos - 51% acima do ano passado. Nas estradas, foi o Natal mais sangrento da história do País, desde que os indicadores começaram a ser medidos, há 20 anos. Em decorrência da crise aérea e do crescimento da frota, o movimento nas estradas federais foi 22% maior que o de 2006, conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF). O caso mais grave aconteceu no domingo, quando um ônibus que fazia transporte irregular de passageiros bateu de frente com uma carreta na BR-020, em São Desidério (BA), deixando 11 mortos e 23 feridos.Em mais de 70% dos acidentes, houve erro humano. Em 40% desses casos, foi constatada presença de álcool. “A grande vilã continua sendo a imprudência dos motoristas, combinada com excesso de velocidade e bebida”, disse o coordenador da Operação Natal, inspetor Alvarez Simões. Ele estima, com base em estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que no feriado prolongado o Brasil sofreu um prejuízo de R$ 111milhões apenas com mortos e feridosA PRF considera que o transporte da safra recorde de soja na mesma rota dos turistas, em direção ao mar, onde estão os portos, também pode ter contribuído para os números, além de chuvas, sobretudo nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, e da presença de um número expressivo de motoristas novatos. “Os condutores estão chegando às estradas muito mal preparados.” “O aumento no número de mortes é previsível, uma tragédia anunciada”, diz o consultor em engenharia de tráfego e transporte Horácio Augusto Figueiredo. “O brasileiro aceita as infrações de trânsito, acha normal ter mais carros e mais acidentes. É uma lógica suicida. É preciso mudar o quadro de fiscalização. A impunidade é total.”Simões destaca que, desta vez não dá para colocar a culpa na qualidade das rodovias, uma vez que a condição de trafegabilidade nos principais corredores melhorou significativamente, na comparação dos últimos 20 anos. Nas pistas ruins, houve menos acidentes e com menor gravidade. “A brutalidade dos casos revela que o motorista se preocupam mais com danos ao carro do que com a segurança dos familiares que vão dentro. E enfiam o pé quando a pista é boa.”

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