sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Aqueles livros na estante

Como disse José Múcio: “É clima de natal!” E em clima de natal não se confessa. Confessar é coisa de Semana Santa e ainda está um pouco longe para isso. Mas, aproveito o clima natalino para fazer uma confissão. Sim, eu vi Lula na televisão ontem. Não vi o pronunciamento inteiro, mas vi sua cara. Minha mãe me chamou para ver. Se ela me chama eu vou. Votei em Lula nas eleições de 2002. Minha mãe sabe o quanto me arrependi por isso. Talvez ela tenha me chamado para me provocar. Quinta eu falei que não ia assistir ao pronunciamento de Lula. Pedi a vocês que fizessem o mesmo. Confesso que assisti. Tudo bem que não foi o discurso inteiro, mas vi a cara barbuda do “homi”. Pronto! Já confessei. Não preciso estender a mão à palmatória.
Li o pronunciamento na íntegra pela internet, como prometi no post. Lula fez um balanço do ano de 2007. Agradeceu todo mundo, até a oposição. Até a oposição? Há pouco tempo atrás Lula chamava o DEM de DEMO. Há poucos dias esse mesmo Lula disse que a oposição era a favor do “quanto pior, melhor”. Sei não. A oposição conseguiu uma boa vitória com o fim da CPMF. Lula agradecendo a oposição é certeza de que ele vai voltar a carga contra ela no ano que vem. Afinal, Lula faz o inverso de tudo aquilo que fala. Mas, como eu adoro guardar discursos de políticos, vou arquivar este e mostrar outra vez aqui no blog quando Lula criticar a oposição. No seu discurso de fim de ano Lula focalizou principalmente na inclusão social e na economia. Este Bolsa Família que Lula tanto elogiou ontem nada mais é do que a junção de programas sociais criados pelo governo anterior. A oposição burra não soube colocar isto na última campanha presidencial. A economia é a mesma coisa. Veja um post aí abaixo no qual comento a entrevista que o presidente do Banco Central Henrique Meirelles concedeu ao Diário da Manhã de ontem. Eu quero que alguém me diga que a equipe econômica de Lula segue alguma coisa que o PT defendia para a área quando era oposição. Não! Lula segue o que o governo Fernando Henrique Cardoso fazia e que ele e o PT criticavam bastante. Aliás, outra vez ataco a oposição burra. Nas eleições presidenciais de 2006 não vi Geraldo Alckmin esfregar na cara de Lula de que ele foi contra o Plano Real. Você sabia que Lula achava que o plano que acabou com a inflação era um “estelionato eleitoral”? Será que, se Lula falasse que não pagaria a dívida externa a nossa economia estaria assim, uma beleza? Lula estava empolgado. Falou até do meio ambiente. Só faltou dizer que um dos seus principais gurus nesta área é Fernando Collor de Melo que, por sua vez, dispensa apresentações. Além disso, neste ano, vimos o Ministério do Meio Ambiente não liberar licenças ambientais para obras do PAC. Foi o maior barulho e, até agora, não se sabe como andam estas obras. Por falar em obras, Lula disse que o PAC vai transformar o país num canteiro de obras. Ao ouvir isso, é bem capaz dos lobistas espertalhões já armarem seus esquemas com deputados e senadores para que verba pública seja liberada e mais esqueletos de prédios e viadutos que levam o nada ao lugar nenhum se espalhem por aí. Lula acredita que o Brasil vai avançar mais. A segurança, a saúde e a educação receberão bilhões de reais. Só vou comentar sobre a segurança por conta de um fato recente. Ontem, Marco Aurélio Garcia (aquele do top-top-top) foi até a Venezuela se encontrar com o ditadorzinho Hugo Chávez e ajudar nas negociações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) para que três reféns capturados pelos terroristas sejam libertados. As Farc tem haver com a violência no Brasil. O traficante Fernandinho Beira Mar mantinha relações com os terroristas colombianos. Mais de 70% da droga comercializada por ele vinha das matas da Colômbia. E mesmo assim, mesmo com a promessa de Lula de aumentar as verbas para a segurança, um assessor próximo vai negociar com essa gente. Sim, este governo é amigo dos terroristas assassinos que abastecem o tráfico. Lula sempre termina seu discurso com a mesma frase. Ele é o brasileiro mais satisfeito e o mais insatisfeito. Ele sempre é o mais. Ele sempre é o maior. A importância de Lula é tanta que, nos poucos instantes que o vi hoje, só prestei atenção naquela estante cheia de livros atrás dele. Lula sempre está de costas para os livros. Quando Lula for chutado do poder torço para que os livros permaneçam ali. Afinal, os governantes, mesmo aqueles que se acham mais e maiores, passam, mas os livros ficam. Isso me deixa muito feliz.

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