terça-feira, 25 de dezembro de 2007

É por isso que eu sou pessimista

Eu já desejei Feliz Natal. Como não estou muito inspirado para escrever textos natalinos preferi copiar e colar a bela mensagem Urbi et Orbi do Papa Bento XVI sobre o nascimento do Menino Deus. Prefiro e sinto mais inspiração para falar de políticos. Falar mal deles. Estamos em dezembro. O ano está acabando. Faltam sete dias para 2007 virar uma lembrança e 2008 uma realidade. Neste momento de final de ano a imprensa gosta muito de fazer retrospectivas. Antigamente as retrospectivas se restringiam apenas ao meio jornalístico. Com o advento dos famosos instantâneos, as celebridades também têm as suas retrospectivas. Ok, ok, Nelson Rubens! Vai você daí que eu fico por aqui.
Em janeiro de 2007 Lula, governadores, senadores e deputados tomaram posse. Alguns, assim como Lula, foram reeleitos e repetiram o cerimonial de 2003. Vamos relembrar o que essa gente asquerosa dizia quando tomava posse, felizes da vida, achando que aquele momento era o perdão de todas os roubos e vilanias praticados no mandato anterior? Vamos começar por Lula. Dias antes da sua segunda posse ocorreu no Rio de Janeiro uma série de ataques praticados por bandidos. Ônibus foram incendiados. Dentre estes havia passageiros dentro. Os bandidos não tiveram dó. Atearam fogo assim mesmo. Isso demonstra que bandido não é “assim como nós”. A violência do Rio de Janeiro foi abordada por Lula no seu discurso de posse. Dizia ele: O que eu queria dizer para vocês, e quero aproveitar porque eu sei que o governador Sérgio Cabral está aqui, como também quero falar para os governadores de outros estados: eu vou discutir com o meu Ministro da Justiça, porque essa barbaridade que aconteceu no Rio de Janeiro não pode ser tratada como crime comum. Isso é terrorismo e tem que ser combatido com uma política forte e com uma mão forte do Estado brasileiro. Aí já extrapolou o banditismo convencional que nós conhecíamos. Quando um grupo de chefes, de dentro da cadeia, consegue dar ordens para fazer uma barbaridade daquelas, matando inocentes, eu quero dizer ao meu governo e aos governos estaduais: nós precisamos discutir profundamente, porque o que aconteceu no Rio de Janeiro foi uma prática terrorista das mais violentas que eu tenho visto neste País e, como tal, tem que ser combatida.
Pois é. Lula dizia no dia 1º de janeiro de 2007 que a violência do Rio de Janeiro não era crime comum e sim terrorismo. Repare que Lula diz “eu vou discutir com o meu Ministro da Justiça”. O ministro que combateria o terrorismo nem tinha nome quando Lula tomou posse. Antes de 2007 começar já era sabido que o então ministro da Justiça Márcio Thomas Bastos não ficaria no cargo para o segundo mandato. Lula sabia disso tanto que nem mencionou seu nome no discurso. Quando tomou posse, Lula nem tirou a tradicional foto com os ministros. Tarso Genro assumiu a pasta da Justiça no dia 16 de março de 2007. Do dia 1º de janeiro até o dia 16 de março não sei o que Lula discutiu com o ministro da Justiça para acabar com o terrorismo no Rio de Janeiro. E nem sei se ele falou alguma coisa com Tarso depois da posse. Neste meio tempo, o Rio assistiria outra ação dos terroristas. O menino João Hélio de apenas 7 anos morreu depois de ter o corpo arrastado por sete quilômetros. Assaltantes roubaram o carro em que estava o menino. A mãe não conseguiu soltá-lo do cinto de segurança e, mesmo assim, os terroristas aceleraram e arrastaram o corpo da criança. Será que Lula se lembra que chamou de terrorismo as ações criminosas ocorridas poucos dias antes da sua segunda posse? Será que Lula se lembra da morte do menino João Hélio? Lula não fez nada para acabar com o terrorismo não somente no Rio de Janeiro, mas no Brasil inteiro. Os índices de assassinatos crescem a cada dia. No discurso só faltava vontade política para fazer o país andar. Na prática fica a incompetência de um governo sem rumo.
Vamos agora para Goiás. Vamos para o discurso de posse do governador Alcides Rodrigues, o popular Cidinho. Nele, Cidinho ressaltava a importância do seu antecessor Marconi Perillo: Assumimos com tranqüilidade a tarefa de levar adiante a tarefa do nosso antecessor, Marconi Perillo. Reconhecemos a importância de seu legado para Goiás. Com a mesma determinação e seriedade, mostraremos que também trabalharemos para ficar à altura. A liderança de Marconi Perillo foi decisiva para abrir as portas do futuro ao nosso Estado. Agora, com fé em Deus, vamos avançar ainda mais, enfrentando os obstáculos com muita obstinação. No discurso tudo é lindo e todo mundo fez tudo por todos. Na prática... Ah, na prática as coisas mudam. No começo do ano a relação Cidinho e Marconi era ótima. No final do ano já falam que os dois nem se falam mais. Um episódio recente demonstra isso. A revista Veja trouxe uma reportagem falando que o senador Marconi Perillo estaria sendo espionado a pedido da Polícia do Senado. Marconi foi avisado da espionagem pelo secretário de governo Fernando Cunha que, por sua vez, afirmou estar ali a pedido de Cidinho. Dias depois Cidinho negou tudo e Marconi, numa entrevista coletiva, disse acreditar sempre em Fernando Cunha. Quanto à Cidinho não sei como anda o grau de confiança de Marconi. Só sei que um dos legados marconistas foi a crise financeira que assola o estado.
Outro trecho do discurso de Cidinho: Aos deputados estaduais de todos os partidos reafirmamos a nossa disposição para o diálogo. Reiteramos que o Executivo não enviará nenhuma matéria para apreciação na Assembléia a não ser em sintonia exclusiva com os anseios da sociedade. O Governo e o Legislativo, no que depender da nossa vontade, estarão de braços dados, afastando as diferenças políticas para realizar o ideal comum da felicidade geral do nosso povo. No começo de 2007 Cidinho disse que o governo e o legislativo caminhariam de braços dados. No final do ano vemos o legislativo de quatro para o executivo. Cidinho anunciou sua reforma administrativa (com muito atraso, diga-se de passagem) e a Assembléia Legislativa deu carta branca para que o governador fizesse o que desse na telha para acabar com a falta de grana.
No jornal Tribuna do Planalto do dia 6 de janeiro de 2007 tem uma reportagem assinada por Thiago Marques com o título “Alcides e Marconi miram o futuro”. No primeiro parágrafo da reportagem está escrito: O governador Alcides Rodrigues (PP) e o senador eleito Marconi Perillo (PSDB) deflagraram uma operação na semana passada para eliminar possíveis focos de atrito nos dois principais partidos que integram o grupo que dá sustentação política ao Palácio das Esmeraldas e buscar o fortalecimento administrativo do governo, que organiza o caixa para novos investimentos, e político do Tempo Novo. O pensamento é um só: deixar de lado as questões pessoais e pensar no futuro do Estado. O que nós temos visto até agora é a briga entre marconistas e alcidistas, enquanto que o futuro do estado, bem, como eu mesmo já escrevi aqui, o lema do governo Alcides Rodrigues, o popular Cidinho, é “nunca deixe para amanhã o que você pode deixar pra depois de amanhã”.
É por isso que eu sou pessimista. É por isso que não acredito em políticos. É por isso que defendo que o político seja criticado, tenha as contas reviradas, seja encostado na parede a cada entrevista concedida. Viram como as coisas mudaram do começo para o fim deste ano? O ano que vem vai ser a mesma coisa. A única coisa que não muda mesmo é o meu pessimismo.

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