sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Venezuela diz que resgate pode ocorrer até o domingo

Por Fabiano Maisonnave
na Folha de São Paulo

Um dia após ter recebido o aval da Colômbia, o governo venezuelano intensificou ontem a organização do resgate de três reféns em poder das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Embora a expectativa em Caracas seja a de que a missão deslanche ainda hoje, o governo Hugo Chávez advertiu que a operação pode atrasar até domingo.O vice-chanceler venezuelano para a América do Sul, Rodolfo Sanz, disse ontem à emissora estatal VTV que a operação ocorrerá "entre sexta [hoje] e domingo. "A idéia é que [os seqüestrados] recebam o Ano Novo com as suas famílias." Segundo ele, a hora do início do resgate "é competência e potestade exclusiva do comandante presidente Hugo Chávez".Ao longo do dia de ontem, os observadores internacionais começaram a chegar a Caracas para participar do resgate. O enviado brasileiro, o assessor internacional do presidente Lula, Marco Aurélio Garcia, aterrissou na capital venezuelana no final da tarde.Já o ex-presidente argentino Néstor Kirchner tinha a chegada prevista para o início da noite, no que será a sua primeira incumbência oficial desde que transferiu o poder à sua mulher, Cristina Fernández. Observadores dos governos de Equador, Cuba, França e Bolívia também deverão participar da missão de resgate.A missão, batizada de "operação transparência" por Chávez, será ainda acompanhada por um batalhão de repórteres escolhido pelo Ministério das Comunicações, reforçando o forte tom midiático dado pelo presidente venezuelano ao longo de sua participação nas negociações com as Farc.Todos devem ser levados de Caracas a um aeroporto próximo da fronteira colombiana. Dali, a missão partirá em helicópteros e aviões identificados com o símbolo da Cruz Vermelha Internacional -única exigência feita pelo governo colombiano- até a cidade de Villavicencio (100 km de Bogotá).Em seguida, haverá outra missão aérea para buscar os seqüestrados, que finalmente deverão ser levados ao território venezuelano.A decisão das Farc de libertar três reféns foi tornada pública no último dia 18, em gesto de "desagravo" ao presidente Chávez, cuja mediação nas negociações entre a guerrilha e Bogotá foi interrompida no mês passado pelo presidente colombiano, Álvaro Uribe. O fim abrupto provocou a mais grave crise diplomática entre os dois países dos últimos 20 anos.Os três reféns a ser liberados são Clara Rojas, assessora da ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, ambas seqüestradas em 2002, a ex-deputada Consuelo Gonzalez, levada um ano antes, e Emmanuel, de apenas 3 anos, nascido em cativeiro e filho de Rojas e de um membro das Farc.

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