domingo, 19 de outubro de 2008

Que o Dia da Hipocrisia seja feriado

Lula disse que vai criar o Dia da Hipocrisia. Tomara que a data seja feriado!
Por Ranier Bragon e Nancy Dutra
na Folha de São Paulo

No último evento em São Paulo de apoio a Marta Suplicy (PT), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que a petista sobre preconceito "raivoso e rançoso" por parte da elite paulistana, e a defendeu em relação à polêmica propaganda que questionava a vida privada do prefeito Gilberto Kassab (DEM)."Ainda vou criar o dia da hipocrisia nesse país", disse Lula para uma platéia de cerca de 2.000 pessoas na Casa de Portugal, centro de São Paulo.Em toda a campanha, Lula esteve no palanque de Marta quatro vezes. Apesar disso, pesquisa Datafolha mostra que é de 16 pontos percentuais a diferença que separa Marta (37%) de Kassab (53%)."Temos que ter claro que essa mulher tem sido nesses últimos anos vítima de um preconceito raivoso e rançoso aqui na cidade de São Paulo", discursou Lula, para quem a elite considera "imperdoável" que ela tenha construído CEUs (Centro Educacional Unificado) na periferia e não em bairros ricos."Tem um bando de gente, uma minoria, mas influente, que não aceita que pelo teus próprios méritos você tenha as mesmas coisas que ela."Sobre a propaganda da campanha petista que pergunta se Kassab é casado ou tem filhos, Lula saiu em defesa de Marta."Tentaram passar a idéia de que essa mulher tem preconceito contra homossexualismo. Exatamente essa mulher que quando todos nós tínhamos preconceito ela já estava na TV Mulher [na TV Globo, nos anos 80] defendendo as minorias."Ele ironizou a repercussão do caso. "Ah, meu Deus do céu, se a imprensa me defendesse cada vez que fazem uma pergunta difamatória para mim. Ah, se ela me defendesse cada vez que alguém me pergunta: "Ô Lula, sabes falar inglês? Então não podes governar o Brasil". Ou "És casado, tens filho?" Ora, quem é que já não recebeu essa pergunta? Ainda vou criar o "dia da hipocrisia" neste país".Ele conclamou os militantes a saírem às ruas em busca de voto, mas fez crítica indireta ao programa eleitoral da aliada, considerado pelos eleitores ouvidos pelo Datafolha como o mais agressivo. "Não precisa falar mal do outro. Falem bem dela. Só se fala mal quando não tem algo melhor a apresentar."Marta discursou antes de Lula e voltou a falar em divisão da cidade, afirmando que Kassab representa o lado do "atraso".Vários integrantes da campanha atacaram Kassab e o governador José Serra (PSDB). O prefeito foi chamado de "autoritário" e "laranja de Serra". O deputado Jilmar Tatto citou o episódio em que Kassab se insurgiu contra um manifestante, aos gritos de "vagabundo".

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