sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A oposição petista não queria a reforma tributária

Voltamos mais no tempo. Vamos para 1998. A Tribuna da Imprensa registrava a cara feia que a oposição petista fazia à proposta de reforma tributária:

Se depender da oposição, não haverá a mobilização extraordinária do Congresso para votar as reformas tributária e fiscal este ano. Mesmo os oposicionistas mais moderados, como o deputado José Genoíno (PT-SP), rejeitam a proposta levantada pelos presidentes da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e do Senado, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA). "Votar uma reforma tributária em final de legislatura é uma temeridade", afirma Genoíno, lembrando que parte do Congresso será renovada no ano que vem. O deputado descarta também a possibilidade de se fazer uma reforma por etapas, começando pela desoneração da cadeia produtiva que, segundo o presidente da comissão especial da Câmara que discute a proposta de reforma tributária, Paulo Lustosa (PMDB-CE), seria consensual. "Não dá para fazer uma reforma tributária e fiscal a picadinho", sustenta Genoíno, argumentando que a desoneração da produção reduziria parte das receitas, abrindo um buraco nas contas de estados e municípios, que precisaria ser compensado para não haver perdas. "A reforma tributária é como as peças de um xadrez, não dá para mexer no consensual e deixar o que é mais complicado para depois, porque acaba em guerra", compara o deputado do PT. Em sua opinião, qualquer que seja o resultado da eleição, o presidente eleito deveria abrir um diálogo político com o Congresso, para viabilizar as reformas tributária, fiscal, política e partidária. "As duas reformas devem ser discutidas ao mesmo tempo, mas só depois de iniciada a próxima legislatura", propõe Genoíno. Para o senador José Eduardo Dutra (PT-SE), vice-líder do bloco de oposição no Senado, o Congresso deveria se reunir, mas não para discutir a votação das reformas. "Deveríamos fazer um esforço especial concentrado, para discutir a grave crise econômica que o País está enfrentando", afirma Dutra. Na opinião do senador, os principais integrantes da equipe econômica deveriam ser convocados para explicar ao Congresso a situação do País e que medidas pretendem tomar. "Não adianta falar em conversa com o governo, enquanto a atual política econômica não for modificada", justifica Dutra. "E eu não acredito em mudança de política sem alterar os integrantes da equipe econômica", afirma. "Falar de votação de reformas, nesse momento, não tem qualquer sentido". Irônico, Dutra diz que está disposto a iniciar a conversa com os governistas, com uma condição. "Basta que o presidente Fernando Henrique Cardoso desista de sua candidatura e se dedique a cuidar da economia do País", propõe. "Ele poderia lançar quem quisesse para seu lugar: Marco Maciel ou até mesmo o senador Antônio Carlos Magalhães", disse.

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