sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Algumas lembranças (Parte 2)

O petismo oposicionista apostava no “quanto pior, melhor”. A matéria abaixo saiu no Estado de São Paulo no dia 01 de fevereiro de 1999:

PT ameaça processar autoridades econômicas

O presidente nacional do PT, José Dirceu, avisou ao comando da frente das esquerdas - formada pelo PT, PDT, PSB, PCB e PC do B - que seu partido se prepara para processar autoridades do governo, entre elas provavelmente o ministro da Fazenda, Pedro Malan, por crime de responsabilidade. O motivo é a cláusula do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) que põe as reservas internacionais do Brasil sob monitoramento dos Estados Unidos, caso fiquem abaixo de US$ 20 bilhões. O discurso duro contra a equipe econômica foi visto, na reunião de sábado, como tentativa do PT de romper seu isolamento na frente, já que os outros partidos defenderam o confronto direto com o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso. Mais moderado, Dirceu disse que não apoiará propostas, como a de Tarso Genro, de antecipar as eleições presidenciais, por temer golpe da direita. Leonel Brizola (PDT), porém, avisou que continuará a defender a renúncia do presidente. Sem consenso, os líderes da esquerda resolveram lançar uma "Campanha de Salvação Nacional", com o Dia Nacional de Luta, que será marcado em reunião de entidades sindicais e populares no dia 8. Antes da reunião, Brizola encontrou-se, em seu apartamento, em Copacabana, com Miguel Arraes (PSB), para acertar uma estratégia que levasse o PT a uma posição mais radical contra Fernando Henrique. Agenda - Ontem líderes oposicionistas avaliavam que, mesmo sem tocar no assunto, teriam tornado inviável um novo encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente. A nova reunião ficara combinada quando Lula e Fernando Henrique se encontraram em dezembro, mas estava condicionada à apresentação, por Fernando Henrique, de uma agenda de assuntos a serem tratados. Na sexta-feira, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), em encontro com o presidente na inauguração das novas instalações da Rede Globo em São Paulo, insistiu na realização da reunião. Fernando Henrique disse que "providenciaria" a agenda. "Se essa reunião se realizar, teremos de repensar a aliança", disse um dirigente nacional do PDT. A atitude de Suplicy irritou Dirceu e outros líderes oposicionistas, que, para aceitar o diálogo, passaram a exigir que o presidente também se mostre disposto a mudar a economia. "Não vamos a encontro para tirar fotografia e apoiar a atual política econômica", afirmou o presidente do PT no sábado, quando destacou o "ridículo" da situação, já que a agenda fora prometida há mais de um mês. Lula não quis conversa com repórteres, mas ouviu de Brizola e Arraes "indiretas" sobre a impossibilidade de diálogo com o presidente e deu mostras de decepção com o último encontro. "O que mais me impressionou foi que Fernando Henrique acredita piamente em tudo que está fazendo", relatou Lula aos demais participantes da reunião de sábado. Ele contou que, na conversa no fim do ano passado, disse ao presidente que o acordo com o FMI "entregava" o monitoramento das reservas internacionais do Brasil aos Estados Unidos, caso caíssem demais. O presidente, de acordo com Lula, afirmou que isso nunca aconteceria e disse: "O capital internacional está prontinho para voltar." Lula falou pouco na reunião e deu sinais de estar entediado. Ele demonstrou pessimismo quanto à possibilidade de mudar politicamente a situação, por causa da desorganização da população e do desemprego crescente. Segundo ele, as mobilizações dos trabalhadores da Ford constituíram um fato novo, já que há muito não havia movimentação sindical de peso no ABC paulista. Interlocutor habitual do governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), Dirceu mostrou-se preocupado com o grau a que chegou a disposição do ex-presidente de enfrentar o governo federal e derrotar Fernando Henrique. O petista demonstrou preocupação com a possibilidade de Itamar se isolar, já que o governador de Minas parece ter ficado muito irritado com os demais governadores de oposição, que não o imitaram na iniciativa de decretar a moratória. "São seis governadores de oposição liderados pelo sétimo", brincou, durante a reunião, o deputado petista Arlindo Chinaglia (SP). Diferenças - Os líderes das esquerdas combinaram uma articulação com os demais governadores de oposição para não deixar Itamar isolado, já que ele tem mostrado que poderá tomar atitudes sozinho, sem esperar apoios. Ficou acertado que os dirigentes nacionais dos cinco partidos trabalharão próximos dos chefes do Executivo dos Estados que governam. Dirceu advertiu que é preciso respeitar as diferenças entre os governos e lembrou: "O Acre (de Jorge Viana, do PT) depende muito do governo federal."


Imagine se a gente ameaçasse a equipe econômica lulista pelo desdém perante a crise econômica. Eles são os bons. Golpistas somos nós.

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