terça-feira, 21 de outubro de 2008

Judiciário prorroga a prisão de Marcos Valério por 81 dias

Por Lilian Christofoletti
na Folha de São Paulo

Um dia antes de ganhar a liberdade, o publicitário Marcos Valério de Souza, que é réu no caso do mensalão, viu a prisão temporária dele, de cinco dias, ser convertida pela Justiça em prisão preventiva, de 81 dias.Para evitar a transferência do publicitário de uma cela na Polícia Federal em São Paulo para uma cadeia estadual, que seria o caminho normal nesse caso, o advogado Marcelo Leonardo declarou ontem à Justiça que seu cliente corre risco de morte numa prisão comum, pois é réu no caso do mensalão, que passa até pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.Uma eventual transferência caberá à juíza federal Paula Mantovani, que decretou as prisões do publicitário e do sócio dele, Rogério Tolentino, que também seguirá detido.A ordem de detenção contra Marcos Valério não tem relação com o escândalo do mensalão -que apura suposto pagamento a parlamentares da base do governo federal.O publicitário foi preso durante a Operação Avalanche, da PF, sob a suspeita de ter "encomendado" um inquérito para prejudicar dois fiscais da Fazenda paulista. Segundo o procurador Roberto Dassiê, Marcos Valério agiu por ordem da Cervejaria Petrópolis, que foi multada em R$ 104 milhões -ambos refutam as acusações.A magistrada afirmou que a manutenção da prisão de Marcos Valério é importante porque a PF descobriu, por meio de escutas telefônicas que, um dia antes de a operação ser deflagrada, no dia 11, o publicitário havia sido alertado sobre a prisão decretada contra ele.Os diálogos interceptados, disse a magistrada, não deixam dúvida de que ele sabia da operação. Segundo a PF, horas antes da prisão, durante a madrugada, dois carros deixaram a casa do investigado."É bem provável que os automóveis foram até o local para dele retirar documentos ou outras evidências comprometedoras, não sendo razoável supor-se que tal saída, pela hora em que ocorreu, referia-se a assuntos rotineiros e sem importância", disse a juíza, para quem há inúmeros indícios da prática de crimes.Apesar de ser conhecido como publicitário, Marcos Valério não tem curso superior e não tem direito a cela especial.
Ameaças
No ofício enviado à Justiça e à PF, a defesa informou que familiares e pessoas próximas ao publicitário receberam recados com ameaças veladas "no sentido de que, se Marcos Valério for transferido para alguma unidade do sistema carcerário estadual, estará correndo sério risco de morte", pois "há pessoas interessadas no seu silêncio que podem, valendo-se da oportunidade, encomendar sua morte, numa típica ação de "queima de arquivo'".A defesa informa ser notório o fato de o publicitário responder a ação que envolve "direta e indiretamente pessoas e interesses de alta relevância política, quer em relação ao governo do presidente Lula, quer em relação aos partidos da base".

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