segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Frustrados com campanha, republicanos avistam derrota

Por Andrea Murta
na Folha de São Paulo

A três semanas da eleição de 4 de novembro nos EUA, políticos republicanos não escondem a crescente expectativa de uma derrota do senador John McCain, em meio ao que vêem como esforços inúteis e descoordenados da campanha do partido para influenciar a corrida presidencial."Há uma frustração real porque o tempo está se esgotando", afirmou Saul Anuzis, líder do Partido Republicano em Michigan -onde McCain já desistiu de fazer campanha devido a pesquisas desfavoráveis. "Nossa mensagem não está alcançando [o eleitorado], disse ao "New York Times.""Não conheço ninguém que esteja satisfeito [com a campanha de McCain]", completou o republicano Tommy Thompson, ex-governador do Wisconsin. Nesse Estado, McCain está atrás do rival, o democrata Barack Obama, por 8,8 pontos, segundo média colhida pelo site Real Clear Politics."Obama vai ganhar de lavada", afirmou a jornalistas Ed Rollins, republicano que dirigiu a campanha à reeleição do presidente Ronald Reagan (1981-1989) em 1984. Ele compara a situação de Obama com a de Reagan em 1980, quando o presidente venceu após conquistar 46 dos 50 Estados americanos. "Quando os eleitores ficaram confortáveis com a idéia de Reagan como presidente, o apoio veio em ondas. Barack está no mesmo ponto."McCain, porém, diz-se confiante. "Gostaria de lembrar a todos que analistas estiveram errados várias vezes", afirmou em ato em Iowa anteontem.
Em busca de direção
Na onda de pessimismo, os republicanos não conseguem decidir como revitalizar a campanha no tempo que falta. Conselheiros divergem entre focar o resto do período em um plano sobre a crise econômica ou mudar totalmente de assunto, já que Obama é considerado pelo eleitorado como mais hábil no tema. Alguns sugerem aprofundar as críticas a relações passadas do democrata, mas outros querem abandonar a tática. E há a disputa entre enviar mensagens sobre vários assuntos ou se concentrar em uma linha única."A campanha tem sido estúpida", disse ontem à TV Fox News William Kristol, comentarista neoconservador que apóia McCain. "Ficou patética, pois não há estratégia, estão esperneando para todos os lados. Insistem em coisas que não funcionam."Outra dúvida se relaciona à direção do esforço. Na Pensilvânia, apesar de estar quase 14 pontos atrás de Obama nas pesquisas, McCain não dá sinais de que diminuirá o investimento, que consome recursos que poderiam ser úteis em disputas mais apertadas, como Ohio.A chapa republicana gastou US$ 1,6 milhão em comerciais no Estado apenas na primeira semana de outubro. Sarah Palin, vice de McCain, fez comícios no Estado cinco vezes e planeja outro amanhã."Temos as nossas pesquisas particulares", defendeu-se Mark Salter, assessor de McCain. "A Pensilvânia parece muito melhor do que Michigan [Estado onde McCain abandonou a campanha]."

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